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1 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU EXAME FÍSICO DERMATOLOGIA Exame Físico Inspeção: Deve abranger todo o tegumento, inclusive cabelos, unhas e mucosas. A localização, topografia e distribuição da lesão são essenciais para o seu diagnóstico. Palpação: Verificar se há lesões sólidas, alteração de espessura, umidade, volume ou consistência da pele. Observar se a elasticidade, mobilidade e turgor da pele são compatíveis com a idade. Digitopressão ou Vitropressão: Pressiona-se a lesão com os dedos ou com um vidro, provocando isquemia local, isso permite distinguir o eritema da púrpura ou de outras manchas vermelhas. Compressão: Avaliar edemas, a compressão linear avalia se há dermografismo. Anamnese Perguntar ao paciente sobre a presença de sinais e sintomas subjetivos como prurido, ardor ou dor, atentando quanto a presença de fatores desencadeantes ou se é mais frequente em determinada hora do dia. É de fundamental importância saber a história da lesão, quando ela surgiu, se há fatores de melhora ou piora, se houve uso de alguma medicação tópica ou sistêmica, se houve exposição solar ou a outros agentes químicos e físicos. Os antecedentes médicos e familiares do paciente também são importantes, questionar quanto ao histórico de atopia, se há outros familiares com alguma desordem dermatológica. PELE Condições para um bom exame: Luminosidade da sala (natural ou artificial) Desnudamento da pele Conhecimento prévio de termos semiotécnicos Fatores investigados: Coloração Continuidade e Integridade Temperatura Umidade Textura Espessura Sensibilidade Elasticidade Mobilidade Turgor Lesões elementares 2 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Coloração Registrar a cor da pele. Nos indivíduos de cor pardo-claro e brancos a coloração normal é rósea-avermelhada indicam boa condição de higidez. Existe uma dificuldade em se avaliar indivíduos de pele negra. Principais alterações da coloração: Palidez: atenuação ou desaparecimento da cor rósea. Importante investigar toda a extensão da pele, inclusive as regiões palmo-plantares. o Pode ser generalizada: vasoconstrição generalizada em razão de estímulos neurogênicos e hormonais. Ex: devido a grandes emoções, sustos, choques, crises dolorosas, estados náuseos intensos, crises de feocromocitoma e estados sincopais de lipotimia. Redução real das hemácias – hemoglobina: última instância, estados anêmicos. o Pode ser localizada ou segmentar: áreas restritas. Mais comum: isquemia. o Avaliação Clínica: palpa-se o esterno com o dedo polegar durante alguns segundos, retira-se rapidamente e observa se a coloração rósea volta durante 1 segundo. Em casos de choque a coloração rósea volta lentamente. Vermelhidão ou eritrose: exagero da coloração rósea da pele e aumento da quantidade de sangue da rede vascular cutânea, podendo ocorrer vasodilatação. o Dois tipos: Generalizada: estados febris, indivíduos expostos ao sol, estados policitêmicos e entre outros. Localizada ou segmentar: caráter fugaz quando depende de fenômeno vasomotor ou caráter duradouro. o Vermelhidão pode estar associado aos 4 sinais cardinais: calor, dor, rubor e tumefação. Cianose: Cor azulada de pele e mucosas. Deve ser pesquisada no rosto, especialmente ao redor dos lábios, na ponta do nariz, lóbulo da orelha e extremidades das mãos e pés. Nos casos de cianose intensa todo o tegumento cutâneo deve ser obrigatoriamente investigado, adquirindo coloração azulada ou mesmo arroxeada. o Dois tipos: generalizada ou localizada/segmentar. o Classificada em 3 tipos: leve, moderada e grave não existe orientação esquemática de classificação. o 4 tipos fundamentais: Cianose central: insaturação arterial excessiva, permanecendo normal o consumo de oxigênio nos capilares. Diminuição da tensão de oxigênio no ar inspirado cianose de grandes altitudes. 3 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Hipoventilação pulmonar não existe ar suficiente para que a hematose ocorra, por obstrução de vias respiratórias, diminuição da expansibilidade toracopulmonar, aumento exagerado da FR ou diminuição da superfície respiratória. Hiperventilação excessiva. Shunt venoarterial: tetralogia de Falot. Cianose periférica: perda exagerada de oxigênio da rede capilar, devido a estase venosa ou diminuição orgânica do calibre dos vasos da microcirculação. Cianose mista: mecanismos da central e da periférica. Cianose por alteração da hemoglobina: alterações que impedem a fixação de oxigênio neste pigmento. O nível de instauração se eleva até valores capazes de causar cianose. Diferenciar cianose: Cianose segmentar sempre é periférica. Cianose universal pode ser periférica por alteração da hemoglobina ou por alteração pulmonar ou cardíaca. Oxigenoterapia é eficaz no tratamento de cianose central e mista, mas não influi na periférica. Cianose periférica diminui ou desaparece quando a área é aquecida. Cianose de unhas com calor nas mãos sugere cianose central. Icterícia: Coloração amarelada de pele, das mucosas visíveis e da esclerótica resultante do acúmulo de bilirrubina no sangue. Diferenciar de outras condições em que apenas a pele adquire coloração amarelada. Coloração é desde amarelo- clara até amarelo-esverdeada. o Principais causas: hepatite infecciosa, hepatopatia alcoólica, hepatopatia medicamentosa, obstrução de vias biliares extra-hepáticas, leptospirose, septicemias e algumas drogas nas quais ocorra hemólise. Albinismo: coloração branco-leite da pele em decorrência da síntese defeituosa de melanina. Pode afetar os olhos, a pele e os pelos (albinismo oculocutâneo), ou afetar apenas os olhos (albinismo ocular). o Mutação na produção de melanina, os melanócitos estão normais. Contrário ao vitiligo onde existe diminuição de melanócitos por produção de auto-anticorpos. Bronzeamento da pele: observados em pessoas de pele branca. Na maioria das vezes é artificial. Estado patológico: doença de Addison (muito associado à paracocodiocomicose) e hemocromatose por transtorno endócrino que altera o metabolismo da melanina (acúmulo de ferro que pode levar a quadros de diabetes e insuficiência hepática). 4 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Dermatografismo: Pode ser isolado ou acompanhado de urticária. Chamado de urticária factícia. Pele atritada coma unha ou objeto aparece uma linha vermelha ligeiramente elevada que permanece por 4 a 5min. Reação vasomotora. Fenômeno de Raynaud: fenômeno trifásico. Alteração cutânea que depende das pequenas artérias e arteríolas das extremidades e que resulta em alterações da coloração. Inicialmente observa-se palidez, em seguida a extremidade torna-se cianótica, episódio costuma culminar com vermelhidão da área (efeito rebote, pode causar parestesia). Fenômeno vasomotor. Muito associado a lúpus eritematoso sistêmico. o Doença secundária ao fenômeno de Raynaud pode não se manifestar. o Raynaud secundário a doenças principalmente à doenças reumatológicas: esclerodermia é a principal, sendo que ela pode ser cutânea localizada ou cutânea difusa. A cutânea localizada o fenômeno de Raynaud acontece antes. Já na cutânea difusa o fenômeno de Raynaud geralmente aparece junto a manifestação. Continuidade e Integridade Ocorre por erosão, ulceração, rágades ou fissuras. Umidade Inicia-se o exame através da inspeção, mas o método de palpação através da polpas dos dedos e palma dasmãos é considerado o mais valioso. Umidade normal: indivíduos hígidos. Umidade aumentada ou pele sudorenta: hipertireoidismo, em indivíduos normais ou associados à febre, ansiedade e doenças neoplásicas. Umidade diminuída ou pele seca: indivíduos idosos, mixedema, avitaminose A, desidratação, IRC, intoxicação por atropina, dermatopatias crônicas (esclerodermia e ictiose, que pode ser genética ou adquirida). o Dermatite atópica sempre recomendar antes a hidratação. Pele oleosa: dermatite seborreica e acne. Textura Avaliada deslizando as polpas digitais sobre a superfície cutânea. Textura normal: indivíduos hígidos. Pele lisa ou fina: observada em pessoas idosas, áreas edemaciadas e no hipertireoidismo. Pele áspera: indivíduos intempéries e que trabalham com atividades rudes, mixedema e dermatopatias crônicas. Pele enrugada: idosos, após emagrecimento rápido ou quando se elimina o edema. o Envelhecimento cronológico: pele lisa, atrófica e enrugada o Fotoenvelhecimento: áreas ficam expostas ao sol. Pele espessa e áspera. 5 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Espessura Para avaliar faz-se uma prega cutânea, usando o polegar e o indicador, não alcançar o tecido subcutâneo. Pinça-se a derme e a epiderme. Realizar a manobra em várias regiões, tais como antebraço, tórax e abdome. Espessura normal: indivíduos hígidos. Pele atrófica: alguma translucidez que permite visualização de rede venosa superficial. Costuma apresentar textura lisa. Comum em idosos, prematuros e dermatoses. Pele hipertrófica ou espessa: indivíduos que trabalham expostos ao sol. Fotoenvelhecimento, esclerodermia pode apresentar pele espessa. Temperatura Para avaliação usa-se a palpação com a face dorsal das mãos e dos dedos, comparando com o lado homólogo do segmento analisado. Em extremidades as variações de temperatura são mais acentuadas. Influenciada por temperatura do ambiente, emoções, sono, alimentos e etc. Adquirem significado semiológico especial diferenças de temperatura de regiões homólogas, por discrepância de até 2° podendo ser detectados pela palpação e indicam transtornos na irrigação sanguínea. Temperatura normal, aumentada, diminuída. Aumento de temperatura pode ser universal ou generalizado exteriorização cutânea do aumento da temperatura corporal (febre). A causa do aumento da temperatura em áreas restritas são processos inflamatórios. Ex: erisipela e abcessos. Hipodermia localizada ou segmentar pode ser devido a redução do fluxo sanguíneo em determinadas partes do corpo. Quase sempre frialdade aparece com palidez (geralmente por oclusão). A diminuição da temperatura pode ser generalizada. O registro é feito por termometria cutânea. Não é utilizado na clínica. Elasticidade e Mobilidade Elasticidade: propriedade do tegumento de se estender, quando tracionado. Para avaliação faz-se uma prega cutânea com o polegar e o indicador, fazendo tração, ao fim solta-se a pele. o Elasticidade normal: indivíduos hígidos. o Aumento de elasticidade ou pele hiperelástica: características semelhantes à borracha. Ao se fazer uma leve tração a pele se estende de 2 a 3 vezes mais que a pele normal. Ex: Ehlers-Danlos. o Diminuição da elasticidade ou pele hipoelástica: ao ser tracionada, a pele volta vagarosamente à posição primitiva. Observada em idosos, desnutridos e na desidratação. 6 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Mobilidade: capacidade de se movimentar sobre planos profundos subjacentes. Para avaliação pousa-se firmemente a palma da mão sobre a superfície que se quer examinar e movimenta a mão para todos os lados, fazendo-a deslizar sobre estruturas subjacentes. o Mobilidade normal: indivíduos hígidos, apresenta mobilidade sobre estruturas subjacentes profundas com as quais se relacionam. o Mobilidade diminuída ou ausente: não consegue deslizar a pele sobre estruturas vizinhas. Esclerodermia, elefantíase e processos cicatriciais. o Mobilidade aumentada: observada em pessoas idosas e na síndrome de Ehlers-Danlos. Turgor Avalia-se pinçando com o polegar e o indicador fazendo uma prega cutânea que abrange o tecido subcutâneo. Normal: sensação de pele suculenta, que ao ser solta, a prega se desfaz rapidamente. Indica condição normal de água, pele hidratada. Diminuída: pele murcha e lento desfazimento da prega. Indica desidratação. Sensibilidade Pede sempre o paciente para fechar os olhos. Sensibilidade dolorosa: o Hipoalgesia ou analgesia: ausência de dor ao contato com algo aquecido ou ao se ferir. o Hiperalgesia: toques suaves despertam nítidas dores. Neuropatias periféricas. o Pesquisa-se tocando a pele com a ponta de uma agulha. Sensação tátil: receptores corpúsculos de Meissener, Merkel e as terminações nervosas dos folículos pilosos. Fricciona levemente o local com uma mecha de algodão. o Em dermatologia pesquisa-se usando monofilamentos, por ser um teste mais reprodutível, que vai do mais fino ao mais grosso. Usa-se o equipamento perpendicular, sem resvalar e dobrando-se a metade do mesmo. O fio de nylon roxo e azul faz-se três toques. Se ele não sentiu o roxo, não é sinal clínico grave, a sensibilidade está normal. O lilás e os três tons de vermelho toca-se apenas 1 vez. A ausência de sensibilidade do lilás indica perda de sensibilidade protetora. A ausência de sensibilidade dos 3 tons de vermelho indicam ausência completa de sensibilidade (perda até mesmo na camada profunda). Sensibilidade térmica: os bulbos terminais de Krause (temperaturas frias) e Ruffini (temperaturas quentes). Pesquisa-se com 2 tubos de ensaios, um com água quente e outro com água fria ou com um chumaço de algodão seco e outro embebido em éter, que provocará a sensação de frio. 7 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Muito usada para pacientes com hanseníase (lesão dermatológica com alteração de sensibilidade). Constatado ausência medicar imediatamente, sem exames complementares. Ocorre na seguinte ordem: perda de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil. MUCOSAS Examinadas a olho nu. Conjuntivas oculares Mucosas labiobucal, lingual e gengival O método do exame é a inspeção acompanhado de manobras singelas que exponham as mucosas à visão do examinador. Indispensável boa iluminação, de preferência com luz natural complementar a uma pequena lanterna. Avaliação de coloração e umidade. Coloração Aspecto róseo-avermelhado decorrente da rede vascular. As alterações de coloração são desnudamento das mucosas, perda da cor róseo-avermelhada palidez de mucosas. Faz-se também avaliação quantitativa usando a escala de 1 a 4 cruzes. Mucosas descoradas (+): leve diminuição da cor normal. Mucosas descoradas (++++): desaparecimento da cor rósea. Mucosas descoradas são um achado semiológico de anemia, acompanhado de outros sinais e sintomas. Achados semiológicos não são suficientes para identificar o tipo de anemia. Mucosas hipercoradas: cor avermelhado-arroxeada, indicam aumento de hemácias na região, como ocorre em inflamações. Cianose: coloração azulada das mucosas. Icterícia: identificáveis no freio da língua e mucosa conjuntival. Leucoplasia: áreas esbranquiçadas nas mucosas, por espessamento do epitélio, diminuição da vascularização e/ou fibrose, esclerose da lâmina própria. Umidade Em condições normais mucosas são úmidas (hidratadas). Normal: brilho discreto. Secas: perdem o brilho, lábios e bocas ficam pardacentos, adquirem aspecto ressequido. FÂNEROS Compreendecabelo, pelos e unhas Tipo de implantação Distribuição Quantidade Coloração 8 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Brilho, espessura e consistência CABELOS Tipo de Implantação Varia de acordo com o sexo. Na mulher implantação mais baixa, enquanto nos homens mais alta e existem mais entradas nas laterais. Distribuição Uniforme e quando existem áreas sem pelos denominados alopecia, cujas causas são múltiplas. Uma alteração comum é a calvice que pode ser total ou parcial. Quantidade Com avançar da idade os cabelos tornam-se mais escassos. Coloração Varia com a etnia em função de características genéticas. As cores básicas são: pretos, castanhos, louros e ruivos. Modificações podem ser artificiais ou por enfermidades. Meninos desnutridos os cabelos se tornam ruivos. Outras características Cabelos podem perder o brilho, tornar-se quebradiços e secos. Alterações como estas ocorrem no mixedema, estados carenciais e várias afecções. PELOS Até a puberdade são finos, escassos e de cor castanho-clara ou mesmo amarelados. Com a ação hormonal os pelos adquirem características e distribuição do adulto, próprias do sexo. No homem aparecem barba, pelos nos troncos, pelos pubianos que formam um losango. Na mulher não aparece barba, nem pelos nos troncos e os pelos pubianos tem formato de triângulo de vértice invertido. Espessura, consistência e brilho ocorrem da mesma forma que nos cabelos. O principal achado clínico é hirsutismo e hipertricose. Hipertricose: aumento excessivo de pelos terminais, sexuais e bissexuais ou não sexuais, em relação ao indivíduo. Pode ser congênito ou adquirido, localizado ou difuso, também relacionado algumas vezes ao uso de medicamentos. Excesso de crescimento dos pelos não relacionados a hormônios androgênicos. Hirsutismo: aumento exagerado de pelos sexuais masculinos na mulher. Pode ser constitucional, idiopático ou androgênico. Reflete distúrbios ovarianos, de suprarrenal, hipófise, uso de medicamentos, como esteroides anabolizantes, hormônios androgênicos (testosterona) e progesterona. Alopecia: diminuição parcial ou total de pelos em determinada região do corpo. Pode ser de origem hereditária e hormonal como na alopecia hormonal, desconhecida como na alopecia ereata e secundária a processos inflamatórios, neoplásicos e uso de quimioterápicos. Pode ainda ser de origem nutricional ou metabólica como ocorre nas desnutrições, marasmos e kwashiorkor. A 9 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU madarose é a diminuição ou ausência de pelos do supercílio e é um sinal muito importante no diagnóstico de hanseníase virchowiana e dimorfa. Pelos em tonsura: pelos ficam curtos, quebradiços, acompanhados de descamação, lembrando tonsura de bispo. Sinal importante de micose no couro cabeludo. A pilosidade adulta pode ser precoce ou com atraso. Todas alterações costumam ser relacionadas à problemas endócrinos. A virilização é o hirsutismo associado ao aprofundamento da voz e aumento do clitóris. Pelos finos e em pequena quantidade no lábio superior, regiões genitais, intermamárias e periareolar, linha média abdominal, membros superiores e inferiores podem ser observadas em mulheres saudáveis. Referência espacial precisa ser feita à queda de pelos, especialmente axilares e pubianos. UNHAS Formadas de células queratinizadas que se originam na matriz, são constituídas de epiderme com as suas diversas camadas, exceto a granular. As alterações ungueais podem ser decorrentes de doenças primárias da unha ou secundárias a doenças sistêmicas. As seguintes características devem ser analisadas: • Forma ou configuração • Tipo de implantação • Espessura • Superfície • Consistência • Brilho • Coloração A unha normal forma um ângulo menor que 160°, apresenta apenas uma curvatura lateral nítida, a superfície é lisa, brilhante, tem cor róseo-avermelhada, a espessura e a consistência são firmes. No hipocratismo digital, o ângulo de implantação é de aproximadamente 180°. As unhas dos pés têm configuração variada. Quanto à coloração, podem ser pálidas (anêmicas), ou adquirir uma tonalidade azulada, ou seja, cianótica. A superfície pode tornar-se irregular, a espessura aumentar ou diminuir, o brilho pode desaparecer, e a consistência estar diminuída. Causas comuns cardiopatias, doenças pulmonares e cirrose. • A ocorrência de manchas brancas é comum em pessoas sadias e são chamadas leuconíquias. As unhas podem estar parcialmente descoladas do leito, denotando onicólise. São as unhas de Plummer, observadas no hipertireoidismo. • Unhas distróficas são espessadas, rugosas e de formato irregular. Frequentes em pessoas que trabalham descalças, sujeitas a repetidos traumatismos, em portadores de isquemia crônica dos membros inferiores ou de onicomicose. 10 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU • Alterações da forma podem ser notadas em estados carenciais, nefropatias crônicas, hepatopatias crônicas, psoríase e em pessoas que lidam com substâncias cáusticas (pedreiros, lavadeiras). Observar também as regiões que rodeiam as unhas, pois processos inflamatórios de origem micótica ocorrem com frequência. São as paroníquias, muito comuns nas pessoas que têm as mãos em constante contato com água (lavadeiras, cozinheiras). Por fim, deve-se observar se há sinais indicativos do hábito de roer unhas (onicofagia), que é indicativo de ansiedade. Alterações ungueais mais comuns: Onicodistrofia: unha se torna espessa, opaca, com deformidades longitudinais e transversais, com sulcos e elevações da lâmina. As causas mais comuns são onicomicose, distrofia traumática, psoríase, líquen plano e paroníquia crônica. Onicólise: descolamento da lâmina do leito ungueal. Unha se torna branca ou amarelada no local do descolamento. As principais causas são traumas e infecções bacterianas. Onicorrese: fragmentação em lâminas da borda livre da unha. A principal causa é microtraumatismo como ocorre em profissões como digitadores, lavadeiras, secretárias, uso de substâncias químicas, como detergentes, esmaltes, acetonas e entre outros. Unhas longas são mais predisponentes a onicólise e onicorrese. Onicogrifose (unha em gavião): aumento do comprimento e curvatura longitudinal da unha. A causa mais comum é o descuido ou impossibilidade de corte em doentes mentais. Hiperceratose subungueal: espessamento da lâmina ungueal por aumento de queratina e restos celulares sob a unha. A causa mais importante é a onicomicose. Ocorre também na psoríase ungueal e no líquen plano com acometimento da unha. Unha em telha: aumento da curvatura transversal da lâmina ungueal que pinça a pele sob a unha. As causas mais comuns são onicomicose, distrofia traumática, calçados apertados com salto alto e defeitos ortopédicos. Estrias longitudinais: elevações finais, retas e longitudinais na lâmina ungueal. Pode ser constitucional ou secundária a traumatismos ou cirurgias que atinjam a matriz ungueal. Distrofia canicular: elevação longitudinal geralmente única que ocorre na lâmina ungueal. A principal causa é a distrofia traumática da matriz. Unha em dedal: lâmina ungueal apresenta numerosas depressões puntiformes que se assemelham ao dedal das costureiras. Pode ocorrer na psoríase e no líquen plano. Melanoníquia estriada: faixa hipercrômicas, pigmentada, longitudinal que aparece no aparelho subungueal. Pode ser constitucional nos pacientes mulatos e negros, mas pode ser um importante sinal precoce de melanoma. O nevo melanocítico ocorrendo na matriz ou no leito unguealpode também causar o aparecimento de melanoníquia estriada. 11 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Coiloníquia: a lâmina ungueal se torna côncava, se assemelhando a uma colher. Pode ocorrer com desnutrição, anemia ferropriva grave, doenças coronarianas e na sífilis. LESÕES ELEMENTARES Denominam-se lesões elementares alterações no tegumento cutâneo determinadas por processos inflamatórios, degenerativos, circulatórios, neoplásicos, por distúrbios do metabolismo ou por defeitos de formação. Da combinação de lesões elementares surgem os sinais morfológicos que caracterizam síndromes e afecções. Classificadas em 6 grupos: o Alterações de cor o Elevações edematosas o Formações sólidas o Coleções líquidas o Alterações de espessura o Perdas e reparações ALTERAÇÕES DE COR Máculas ou Manchas: Alteração da cor da pele sem relevo ou depressão. Dois tipos: o Vásculo-sanguíneas: vasodilatação, vasoconstrição, extravasamento de hemácias ou má formações de vasos. o Pigmentares: aumento ou diminuição da melanina ou depósito de outros pigmentos. MÁCULAS VASCULO-SANGUÍNEAS Eritema: Mancha vermelha por vasodilatação. Transitória. Desaparece pela dígito ou vitropressão. Subdividido em: o Cianose: eritema arroxeado com diminuição da temperatura, congestão venosa passiva. o Rubor: eritema vermelho vivo com aumento da temperatura, vasodilatação arteriolar. Ocorre em processos inflamatórios agudos. Ex: Erisipela. o Enantema: mancha vermelha, eritematosa localizadas em mucosa. Ocorre em doenças exantemáticas da infância como por exemplo o sarampo. 12 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Eritema-rubor Cianose Enantema Eritema malar Exantema: Eritema disseminado, agudo e efêmero (dura poucos dias). Morbiliforme ou rubeoliforme: áreas de manchas entremeadas com pele sã. Escarlatiniforme: difuso e uniforme. Manifestação comum na rubéola, escarlatina e outras doenças exantemáticas da infância e erupções medicamentosas. Exantema Morbiliforme Sarampo 13 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Eritema figurado: Manchas eritematosas de bordas bem definidas, de formas e tamanhos variáveis. Assim denominados quando as manchas avermelhadas assumem formas de figuras, mapas, giros, anéis, círculos ou arcos concêntricos. Surge principalmente em erupções medicamentosas. Mancha Lívida: Cor plúmbea (chumbo claro), pálida a azulada, com diminuição da temperatura, por consequência a isquemia. Eritema Figurado Mácula Lívida Mancha angiomatosa: Cor vermelha permanente. Desaparece a vitropressão forte. Neoformação de capilares dérmicos. O exemplo típico é o hemangioma plano (nome em desuso), atualmente chamado de mancha vinho-do-porto ou mancha salmão. Mancha anêmica: Mancha branca permanente. Diminuição ou ausência de vasos dérmicos. 14 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Ocorre por exemplo no nevo anêmico por agenesia vascular. Purpúras: Mácula vermelho-purpúrica causada por extravasamento de hemácias na derme. Não desaparece a vitropressão. Inicialmente mais avermelhadas e posteriormente tornam-se marrom-claras. Subtipos: o Petéquia: até 1 cm e mais puntiformes. o Equimose: > 1 cm, são grandes manchas. o Víbice: em formato linear. Púrpuras - Equimose Equimose Petéquias Púrpura de Henoch-Schonlein Telangiectasia Mancha vermelha filamentar de trajeto sinuoso. 15 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Causada pela dilatação de vasos sanguíneos na derme. Às vezes possui um ponto central de onde partem vários vasos, chamados de aranhas vasculares. Eritrodermia Quando as manchas avermelhadas acometem toda a pele e são acompanhadas por descamação também generalizada. Ocorre nas erupções medicamentosas, linfomas cutâneos ou como parte de evolução de doenças eritemato-escamosas, como psoríase e dermatite seborreica. É comum surgir após corticoterapia intempestiva em pacientes portadores de dermatite atópica e outros eczemas. Paciente tem que estar com pelo menos 80% do corpo comprometido, sofre descamação furfurácea e tendência a ser universal. MÁCULAS PIGMENTARES OU DISCROMIAS Leucodermia: Mancha branca. Diminuição da melanina (nácar): hipocromia. Encontrada na hanseníase indeterminada. Ausência da melanina (marfim): acromia. Comumente encontrada no vitiligo. Para diferenciar hipocromia e acromia faz-se exame de luz de Wood, no qual a acromia se torna fluorescente. Acromia (Vitiligo) Hipocromia (Ptiríase Versicolor) 16 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Hipercromia Cor variável por aumento da melanina ou deposição de outros pigmentos. Tonalidade depende da quantidade de melanina, variando desde o castanho-claro ao castanho-escuro ao negro. Ocorre nos nevos melanocíticos, melanomas, efélides, mancha mongólica e entre outras. Melanodermias: manchas castanhas a pretas por aumento da melanina. Cor amarelada: pigmentos biliares (icterícia), caroteno (carotenodermia), lípides e amiloidose. Fármacos causam manchas hipercrômicas. 17 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Tatuagens Mancha artificial causada pela deposição de pigmentos artificiais, exógenos. A cor varia com o tipo de pigmento introduzido na pele. FORMAÇÕES SÓLIDAS Lesões elevadas de conteúdo sólido, resultado de processo inflamatório ou neoplásico, atingindo, isolada ou conjuntamente a epiderme, derme e hipoderme. Pápula Lesão sólida circunscrita, elevada, menor que 1cm de tamanho (entre 0,5 até 1cm). Lesão mais superficial. Não decorre de formações localizadas no subcutâneo. Pode ser única, ou múltipla, isolada ou confluente, formando então a placa. Processo patológico na epiderme e/ou derme. Placa Lesão sólida elevada, em platô, admite-se que tenha até 1 cm de altura, podendo ter vários centímetros de diâmetro. Surge por confluência de numerosas pápulas ou de lesões que já desde o início se apresentavam como placas, em plataforma. Processo patológico atinge normalmente a derme e/ou epiderme. 18 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Nódulo Massa sólida, palpável. Lesão sólida circunscrita, de 1 a 3cm de tamanho. Processo se localiza na epiderme e derme e/ou na hipoderme. Muitas vezes é mais palpável do que visível (principalmente quando é no subcutâneo). Tubérculo Pápula ou nódulo que evolui deixando cicatriz. Denominação em desuso. Nodosidade ou Tumor Formação sólida, circunscrita, saliente ou não, maior que 3 cm. Decorre principalmente de processos neoplásicos, benignos ou malignos. 19 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Goma Nódulo ou nodosidade que se liquefaz na porção central e quepode ulcerar, eliminando material necrótico. Exemplo claro ocorre na sífilis tardia e em alguns casos de micoses profundas (subcutânea). Ex: esporotricose. Verrucosidade Placa ou pápula com superfície áspera, porosa, dura, inelástica e amarelada por aumento da camada córnea (hiperceratose). • O exemplo de verrucosidade típica é a verruga vulgar e o nevo verrugoso. • PLECT: paracocodioicomicose, leishmaniose, esporotricose, cromomicose e tuberculose (caracterizam a síndrome verrugosa). Vegetação • Lesão sólida, pedunculada ou em couve-flor, branco avermelhada, que sangra facilmente (papilas dérmicas com vasos se insinuam – papilomatose). • Ocorre as custas de espessamento da camada de malpighi (acantose). • Crescimento exofítico. • Papilomatose e acantose. • Ocorre no condiloma acuminado gigante e no carcinoma espinocelular. 20 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU ELEVAÇÕES EDEMATOSAS Elevações circunscritas causadas por edema na derme ou hipoderme. Urtica: elevação efêmera, irregular na forma e extensão, de cor branco-rósea a vermelha, pruriginosa, por edema dérmico circunscrito, resultante de edema na derme e subcutâneo. Edema angioneurótico/de Quincke: área de edema circunscrito no subcutâneo fazendo saliência em superfície. Edema Angioneurótico COLEÇÕES LÍQUIDAS Lesões com conteúdo líquido, que pode ser serosidade, sangue ou pus. Vesícula • Elevação com conteúdo líquido (serosidade), circunscrita, apresentando até 1cm de tamanho. • Não precisa necessariamente ter base eritematosa. • Líquido inicialmente claro (seroso) pode se tornar turvo (purulento) ou hemorrágico. • Ocorrem geralmente agrupadas (muito agrupadas – herpertiforme). Um exemplo típico é o herpes simples (dermatite herpertiforme). 21 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Bolha ou Flictema • Elevação circunscrita de conteúdo líquido medindo mais que 1cm de diâmetro. • Conteúdo claro, seroso, turvo, purulento ou hemorrágico. • Pode assumir grandes proporções sobre o tegumento, nos pacientes com queimadura de segundo grau. • Exemplo: dermatoses bolhosas (epidermólise bolhosa), penfigóides, pênfigo folheacéo e outras. Pústula • Elevação circunscrita de até 1cm, contendo pus (neutrófilos) em seu interior. • Comum na manifestação cutânea bacteriana, principalmente estafilocócicos. • Foliculares (foliculite) X não foliculares (impetigo). • Exemplo: Acne, psoríase palmo-plantar. 22 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Abscesso • Coleção líquida que contém pus no seu interior e que contém mais de 1 cm. • Pode estar na derme e no subcutâneo, podendo ser elevada ou não e geralmente acompanhada de processos inflamatórios, como calor, dor e flutuação. • Pode também ser um abcesso frio. Hematoma • Lesão circunscrita, tamanho variável, proeminente ou não, por derrame de sangue na pele ou tecidos subjacentes. • Podendo ter conteúdo purulento. • Vermelho> roxo > verde-amarelado. ALTERAÇÕES DE ESPESSURA Ceratose Pele espessada, dura, inelástica e amarelada. Superfície eventualmente áspera por aumento da camada córnea. 23 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Hiperceratose Epidermolítica Liquenificação Espessamento da pele com acentuação dos sulcos e da cor própria. Aspecto quadriculado por aumento da camada espinhosa. Ocorre no eczema crônico ou no líquen simples crônico, onde há espessamento da epiderme causado por prurido continuado. Edema Aumento da espessura. Depressível. Cor da pele ou róseo-branco. Ocorre por extravasamento de plasma na derme e hipoderme. 24 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Infiltração Aumento da espessura e consistência da pele, com menor evidência dos sulcos e limites imprecisos. Eventualmente cor rósea. Ocorre por infiltrado celular na derme, às vezes, com edema e vasodilatação (eritema discreto). A pele muitas vezes se torna lisa e brilhante. Pela vitropressão geralmente observa-se o fundo amarelo ou cor de café-com- leite. Ex: hanseníase virchowiana e dimorfa evoluem frequentemente com lesões infiltradas. 25 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Esclerose Aumento da consistência da pele, que se torna lardácea ou coreácea. Pode haver espessamento ou afinamento da pele. Pregueamento difícil. Resulta de fibrose do colágeno. Pode acometer o subcutâneo e a epiderme subjacente pode-se tornar atrófica. A pele torna-se dura, inelástica, não depressível, com aspecto de couro de animal. Pode estar acompanhada de alteração da cor, com hiper ou hipocromia. Ocorre tipicamente na esclerodermia. Atrofia Diminuição da espessura da pele que se torna adelgaçada e pregueável, com perda de seus sulcos e elevações normais. Devido a redução do número e volume dos constituintes teciduais (afinamento da epiderme, derme ou subcutâneo). A estria é um tipo de atrofia linear da pele. 26 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU PERDAS E REPARAÇÕES Lesões oriundas da eliminação ou destruição patológicas e de reparações de tecidos cutâneos. Pode envolver a epiderme, a derme e o subcutâneo, músculos e estruturas mais profundas. Escama Perda de queratina proveniente da camada córnea. São lamínulas epidérmicas, de dimensões variáveis, que se desprendem da superfície cutânea. Podem ser pequenas (furfurácea ou micácea – se desprendem em flocos, grânulos finos) ou em retalhos maiores (laminar ou foliácea – quando se desprendem em lâminas). Crosta Concreção amarelo-clara, esverdeada ou vermelho escura que se forma em área de perda tecidual. Decorre do dessecamento do exsudato (serosidade, sangue ou pus na pele). A crosta é chamada melicérica (com aspecto de mel), quando há ressecamento de pus, crosta serosa, quando há ressecamento de soro, e crosta hemática ou hemorrágica, quando há ressecamento de sangue. 27 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Exulceração ou Erosão Perda superficial que atinge apenas a epiderme. Como a perda tecidual não atinge a junção dermoepidérmica a exulceração involui sem deixar cicatriz. • Escoriação = erosão linear causada por prurido ou trauma. Ulceração ou Úlcera Perda de pele que atinge geralmente a epiderme e a derme, mas podendo atingir também o subcutâneo e outros tecidos mais profundos. Involui sem cicatriz. Pode ser produzido por trauma ou necrose tecidual. Fissura ou Rágades: perda linear da epiderme e derme, que ocorre em orifícios naturais do corpo ou nas áreas de dobra ou prega de pele. Escara Perda de tecido que atinge estruturas mais profundas, como ossos e músculos. Geralmente por isquemia ou necrose da pele, secundária a alterações tróficas e circulatórias em pacientes acamados por períodos prolongados. 28 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Cicatriz Resulta da reparação de processo destrutivo da pele e associa atrofia, fibrose e discromia. Lesões de aspecto variável, sem sulcos, poros ou pelos. • Atrófica: fina e pregueada. • Críbrica: perfurada por pequenos orifícios. • Hipertrófica: nodular, elevada, com excessiva proliferação fibrosa. TERMOS DESIGNATIVOS Formas e contornos das lesões: • Anular: em anel. • Arcada: em arco.• Circinada: em círculo. • Corimbosa: em corimbo (lesão central e outras satélites). • Discóide: em forma de disco. • Espiralada: em forma de espiral. • Figurada: com borda elevada bem definida. • Geográfica: contorno irregular como mapa. • Gotada: em gotas. • Irisada: em círculos concêntricos. • Lenticular: como lentilhas. • Linear: em linhas. • Miliar: como grânulos de mílio. • Numular: em forma de moeda. • Pontuada: em pontos. • Serpinginosa: em linha ou contorno sinuoso. Tipo de erupção: Monomórfica: único tipo de lesão elementar. Ex.: Herpes simples (vesículas). Polimórfica: várias lesões elementares. Ex.: LES. Superfície rugosa, lisa, áspera • Bordas bem ou mal delimitadas, regulares ou irregulares. • Forma simétrica ou assimétrica. • Localização e número. 29 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Localizada: erupção em uma ou algumas regiões. Disseminada: erupção com lesões individualizadas em várias regiões cutâneas. Generalizada: erupção difusa e uniforme, atingindo várias regiões cutâneas. Universal: comprometimento total da pele, incluindo couro cabeludo. TÉCNICAS SEMIÓTICAS Curetagem metódica de Brocq: o Atrita-se com uma cureta de maneira lenta e pouco agressiva a superfície de uma lesão eritematoescamosa. o Diagnóstico de psoríase. o Inicialmente destacam-se escamas finas e esbranquiçadas: sinal da vela. Após retirada total das escamas, surge pontilhado hemorrágico: sinal de Auspitz ou do orvalho sanguíneo. Descolamento cutâneo: o Sinal de Nikolsky: Pressão com o dedo ou com objeto rombo na proximidade da lesão bolhosa promove o descolamento da pele, quando há acantólise. Classicamente encontrado nos pênfigos. o Sinal de Asboe-Hansen: Variante do sinal de Nikolsky. Aplicação vertical de pressão sobre a bolha. Sinal é positivo quando há aumento periférico da bolha, pelo descolamento da pele pelo líquido. Teste de urticação: o Sinal de Darrier: Atrito de uma pápula ou mácula causando a formação de uma lesão edematosa (urtica). o Decorre da liberação de histamina pela degranulação dos mastócitos com o atrito. o Patognomônico das mastocitoses. o Dermografismo: Atrito linear com objeto rombo ou mesmo a unha, provoca lesão edematosa linear com ou sem prurido. Diascopia ou vitropressão: o Pressiona-se firmemente a lesão com lâmina de vidro ou lupa, provocando isquemia. o Eritema (lesão desaparece) x Púrpura (cor permanece). o Nevo anêmico x Mancha hipocrômica: no nevo anêmico a borda da lesão e a pele normal ao redor mostram a mesma coloração pela compressão dos vasos. o Doenças granulomatosas (lupus vulgar, sarcoidose): cor de geléia de maçã. Luz de Wood: o Exame deve ser feito em ambiente escuro para verificação de fluorescência. o DiscromiasDiagnóstico e segmento de lesões discrômicas. Acromia (vitiligo e albinismo) = cor branco azulada. Hipocromia (nevo hipocrômico) = cor branco pálida. 30 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU Esclerose tuberosa: diagnóstico precoce das máculas hipocrômicas em formato de folha. o EritrasmaInfecção por C. minutissimum. Produção de porfirinas na pele: substância solúvel em água e eliminada pelas lavagens. Cor vermelho coral. o Infecção por Pseudomonas aeruginosa e Pseudomonas pyocyanea Produção de piocianina. Fluorescência verde amarelada. o Pitiríase versicolorFluorescência rósea-dourada. o Tinea capitis: Microsporum canis e M.audouini verde-azulado. Trichophyton não fluoresce. T. schoenleini amarelo-palha. o Melasma: Permite avaliar a profundidade da localização da melanina. Epidérmico (70%): mais escuro e mais evidente. Dérmico (10-15%): não acentua ou diminui. Misto (15-20%): áreas de atenuação e áreas de acentuação da cor. o Porfirias: Detecta as porfirinas: fluorescência rósea-alaranjada ou rósea- avermelhada. Porfiria cutânea tarda: fluorescência nas fezes e urina. Porfiria eritropoiética: fluorescência nas fezes, urina, líquido da bolha e dentes. Protoporfiria: fluorescência nas hemácias. Peniscopia: o Evidencia lesões inaparentes ou formas subclínicas de infecção por HPV. o Aplica-se gaze embebida em ácido acético 3 a 5% no pênis e aguarda-se 15 min. o No exame positivo observa-se áreas de mucosa esbranquiçada chamadas de áreas aceto-brancas. o 25% de falso positivos (epitélios com alteração de queratinização também se tornam brancos). Dermatoscopia: o Sinônimos: microscopia de superfície, dermoscopia, microscopia de epiluminescência. o Método auxiliar não invasivo, cuja principal indicação é o estabelecimento do diagnóstico das lesões pigmentadas da pele, visando diagnóstico precoce do melanoma cutâneo. o Melhora a acurácia do diagnóstico de melanoma. o Utiliza um aparelho óptico com aumento variável de 6 a 400 vezes. o Evidencia estruturas não visíveis a olho nu, localizadas abaixo do estrato córneo, que se correlacionam com os achados histopatológicos da lesão examinada. 31 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU o Reconhecimento destas estruturas é condição indispensável para interpretação do exame. Capilaroscopia periungueal: o Técnica de exploração não-invasiva da microcirculação cutânea digital. o Utiliza a mesma metodologia da dermatoscopia. o Avalia anomalias de morfologia e de densidade dos capilares e vênulas nas pregas periungueais e extravasamento de sangue desses vasos. o Alterações presentes em colagenoses, especialmente esclerodermia: dilatação capilar em formas localizadas, ausência de capilares em formas difusas. Pesquisa da sensibilidade: o Indispensável para o diagnóstico de hanseníase. o Instalação da hipo/anestesia segue a ordem: térmica, dolorosa e tátil. Avaliação da sensibilidade térmica: comparação com tubo de água fria e quente (em torno de 45°) ou algodão embebido em éter e algodão seco. o Avaliação da sensibilidade dolorosa: comparar ponta de lápis e ponta de agulha. o Avaliação da sensibilidade tátil: passar algodão levemente sobre a pele. o Estesiômetro: kits para testes de sensibilidade utilizando monofilamentos de Semmes-Weinstein. o Fazer os testes em áreas suspeitas e em áreas indenes. Provas farmacológicas: Prova da Histamina: o Coloca-se uma gota de solução de cloridrato de histamina a 1:1000, seguida de discreta puntura com agulha fina da pele sob a gota, evitando- se sangramento. o Deve ser realizada em área de pele suspeita e em pele sã. o Na pele sadia ocorre a tríplice resposta de Lewis. 1° Eritema por vasodilatação (após 20-40s). 2° Halo eritematoso reflexo ( após 1 a 2 min). 3° Urtica (após 2 a 3 min): transudação por aumento da permeabilidade vascular. o Eritema reflexo secundário é decorrente da vasodilatação por reflexo nervoso do axônio local: depende da integridade dos filetes neurais da pele. o Hanseníase: prova de histamina incompleta (falta a segunda fase). Resposta com variações individuais e regionais. o Difícil visualização em pele negra. Teste do fósforo: Na falta de histamina, pode-se obter a tríplice reação com a técnica de acender um fósforo, apagar, aguardar um segundo e tocar na pele. Pinçamento da pele ou picadas: Podem desencadear a tríplice reação por liberação de histamina por trauma. Prova da Pilocarpina: 32 SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA GABRIELA CARVALHO ABREU o Avalia sudorese. Injeção intradérmica de 0,1 ml de solução de pilocarpinaa 1%. o Após 2 minutos, surge a secreção sudoral. o Para melhorar a evidenciação, pode-se pincelar a área com tintura de iodo. Após secar, injeta-se a pilocarpina e em seguida polvilha-se com amido. Quando o suor molha o amido na presença de iodo, surge um pontilhado azul. o Teste deve ser feito em pele íntegra e doente. o Dependente da inervação autonômica íntegra. o Prova negativa nas lesões hansênicas. o Grande valor nos melanodérmicos, nos quais é difícil a visualização da tríplice resposta de Lewis à histamina. Prova do laço: o Teste de Rumpel-Leede. o Avalia a fragilidade vascular. o Indicado para diagnóstico de púpura vascular. o Inflar manguito por 5 min entre PAS e PAD. o Traça-se um círculo com 5 cm de diâmetro na região anterior do antebraço e contam-se as petéquias. o Aparecimento de mais de 5 petéquias é sinal de positividade, mostrando alteração vascular.
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