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UNIVERSIDADE BRAZ CUBAS CURSO DE LICENCIATURA À PEDAGOGIA ELAINE CRISTINA MIGUEL DE ANDRADE - RGM 322 187 TRABALHO DE CURSO EAD SUZANO 2015 ELAINE CRISTINA MIGUEL DE ANDRADE - RGM 322 187 TRABALHO DE CURSO 1ª ETAPA Alfabetização e Letramento: Processos e Princípios Básicos Trabalho de Curso do Curso de Licenciatura à Pedagogia da UBC/EAD, para obtenção do grau de Pedagogo sob a supervisão da Profª Denise Almeida. EAD SUZANO 2015 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 4 1. PRESSUPOSTOS DE LEITURA E ESCRITA ..................................................................................... 5 2. CAMINHOS DA CONSTRUÇÃO DO SISTEMA DE ESCRITA ........................................................ 8 3. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA AQUISIÇÃO DA ESCRITA ................................................................... 9 4. CONCEITOS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ................................................................10 5. MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO ...................................................................................................12 6. A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES ...............................................................13 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................................15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................................................16 4 INTRODUÇÃO A presente pesquisa é a primeira etapa do trabalho de final curso de Graduação de Licenciatura à Pedagogia da Universidade Braz Cubas, e tem por objetivo realizar um referencial teórico da bibliografia indicada. Este documento será utilizado posteriormente para o cumprimento da segunda etapa deste trabalho, que será uma abordagem em um projeto pedagógico do tema escolhido frente à prática educativa desenvolvida em uma instituição do Ensino Básico de Educação Infantil. O tema da pesquisa e prática é “Alfabetização e Letramento: Processos e Princípios Básicos”. A bibliografia indicada conta com os seguintes livros: Linguagem escrita e alfabetização (FARACO, 2012), Alfabetização: propostas e práticas pedagógicas (MICOTTI, 2012) e Alfabetização e Letramento (SOARES, 2010). O trabalho foi organizado de maneira a selecionar os principais conhecimentos básicos que são necessários a priori ao professor alfabetizador, segundo a perspectiva destes teóricos. A pesquisa é permeada na intenção de responder a questão: Quais são os princípios e processos básicos da alfabetização e letramento, para que o educador desenvolva competências para alfabetizar letrando? Com base nesta premissa, o objetivo é eleger as características elementares para fundamentar a base da formação do professor alfabetizador. No primeiro capítulo uma síntese sobre os “Pressupostos de Leitura e Escrita”, enfatizando elementos que são importantes e relevantes acerca do ler e escrever, e que são necessários para a investigação da pesquisa e da prática. O segundo capítulo trata-se de um curto levantamento sobre “Os Caminhos da Construção do Sistema de Escrita”. No terceiro capítulo, um recorte acerca da base que o professor precisa dispor em seu repertório para a compreensão do processo alfabetizador, tendo como título “Os Princípios Básicos da Aquisição da Escrita”. O quarto capítulo foi reservado para dispor de forma clara, objetiva e resumida os “Conceitos de Alfabetização e Letramento”. Colocando em questão as diferenças e particularidades de cada conceito. O discernimento correto acerca destes conceitos é o princípio básico norteador para consolidar o avanço dos estudos acerca da aquisição da escrita alfabética, uma vez que o professor fará uso destes conhecimentos para eleger seus instrumentos de trabalho (métodos e materiais para trabalhar na alfabetização). O quinto capítulo, “Métodos de Alfabetização”, trás um levantamento com relação ao conceito e a utilização dos métodos pedagógicos, dentro das perspectivas dos autores mencionados. O 5 capítulo sexto pretende ser uma extensão do capítulo anterior, ligando todo o conteúdo discutido para “A Importância da Formação dos Professores”. Trazendo as observações realizadas pelos autores sobre a prática docente, uma questão que exige um olhar atencioso, pois é na formação que o professor deve construir todo seu aparato conceitual e teórico para o desenvolvimento de uma atividade mais pautada numa ciência prática e não em tentativas de alfabetizar. O conhecimento teórico não resume o trabalho do pesquisador, mas é fundamental para a existência de uma prática educativa confiante e uma ação reflexiva sobre os resultados. Por fim, as Considerações Finais e as Referências Bibliográficas composta neste trabalho de revisão de literatura. 1. PRESSUPOSTOS DE LEITURA E ESCRITA Ao estudar o tema “Alfabetização e Letramento: Princípios e Processos básicos”, a primeira questão importante a esclarecer é acerca dos conceitos de leitura e escrita. Segundo Micotti (2012, p. 11) o conceito de leitura varia conforme o conceito de escrita sofre suas variações. A compreensão destes conceitos se faz necessário, segundo a autora, no tocante a se ter uma compreensão dos posicionamentos distintos das tendências pedagógicas nos processos de alfabetização dentro de nossas escolas. Sendo assim, a primeira questão a nos guiar nesta pesquisa é: O que é leitura e escrita? A literatura apresentada nos remete a vários conceitos difundidos no meio educacional. Micotti (2012, p.11) faz referência de três enfoques de leitura apresentado por alguns pesquisadores, sendo eles os modelos ascendentes, descendentes e os interativos. São conceitos em que alguns autores colocam em perspectiva a língua falada em relação à língua escrita, ou seja, fazer correspondência entre som e a grafia, enquanto outros relacionam a leitura e a escrita á um processo ideovisual, em que é dado grande importância aos conhecimentos prévios do leitor, que os usa para formular hipóteses acerca do texto. O primeiro modelo, segundo Micotti (2012, p. 12), nomeado de ascendentes ou sequenciais, em que ler é como decifrar o código escrito de palavras desconhecidas e reconhecer palavras familiares. Portanto para o modelo ascendente, ler é reconstruir o enunciado verbal a fim de compreender a mensagem apreendendo o pensamento colocado no escrito. Entende a escrita como transcrição da língua oral, ou seja, para escrevermos necessitamos relacionar o código escrito com o código oral. 6 Segundo os modelos ascendentes, o leitor, diante do texto, focaliza os seus elementos em um processo sequencial. O comportamento do leitor é preso ao texto, na identificação de letras, de sílabas, de palavras e as decodificações dos sons que constituem pré-requisitos para a compreensão; para compreender é preciso analisar detalhadamente os sinais gráficos (MICOTTI, 2012, p. 12-13). Nos modelos descendentes ou simultâneos, o leitor tem uma participação maior no tocante a compreensão. Esse modelo considera que para a leitura, é necessário considerar os conhecimentos prévios que o leitor tem acerca de um texto, a fim que este possa formular suas hipóteses de leitura.A atividade é vista como ideovisual, pois considera que a observação que o leitor faz do texto o conduz a fazer assimilações para reconhecimento do código escrito. Neste modelo considera-se na leitura o processo de antecipação e de identificação, que é quando o leitor a partir de conhecimentos prévios antecipa hipóteses e faz verificações com relação o seu conhecimento e o texto escrito, atribuindo sentido ao texto. A leitura é vista como um equilíbrio entre os processos de identificar e verificar as antecipações realizadas durante a leitura. [...] Ler é questionar algo escrito como tal a partir de uma expectativa real (necessidade-prazer) numa verdadeira situação de vida (MICOTTI, 2012, p. 13). No modelo interativo, Micotti (2012, p.14) considera que algumas características dos dois modelos anteriores são consideradas relevantes para o processo de alfabetização, pois aponta que para alguns pensadores a decodificação e a compreensão são processos que caminham juntos e um depende do outro. O conceito de leitura, para o modelo interativo, varia conforme o peso que se coloca ao uso dos modelos ascendentes e descendentes. A autora coloca que no modelo interativo considera-se o processo de leitura como uma combinação inteligente entre os modelos ascendentes e descendentes. Numa análise mais ampla do enfoque de conceitos que alguns teóricos colocam sobre o processo de leitura e escrita, não se limitando em considerar a leitura como um processo de compreensão do código escrito ou tradução da escrita para a linguagem oral, Micotti (2012, p. 18) conclui que o processo de leitura é uma ferramenta para compreender o mundo, interpretando e criticando de forma ativa e construtiva uma mensagem de texto por meio de um processo dialógico e reflexivo, em que o leitor se apropria de sua experiência e do seu conhecimento adquirido acerca da linguagem e interage com as informações contidas no texto. 7 Por outro lado Soares (2010, p. 31) enfatiza que é extremamente importante que se faça a distinção entre os processos de leitura e escrita. Para a autora saber ler não necessariamente indica que um sujeito alfabetizado saiba escrever. Saber ler para a autora é: [...] um conjunto de habilidades e conhecimentos linguísticos e psicológicos, estendendo-se desde a habilidade de decodificar palavras escritas até a capacidade de compreender textos escritos. Não são categorias polares, mas complementares: ler é um processo de relacionamento entre símbolos escritos e unidades sonoras, e é também um processo de construção da interpretação de textos escritos (SOARES, 2010, p. 31). Com base nesta citação podemos verificar que Soares confirma as colocações que o modelo interativo propõe ao considerar que tanto os modelos ascendentes como os descendentes precisam ser considerados no processo de leitura e escrita. No entanto, escrever para a autora implica algumas peculiaridades a mais, tais como: [...] escrever é um processo de relacionamento entre unidades sonoras e símbolos escritos, e é também um processo de expressão de ideias e de organização do pensamento sob a forma escrita (SOARES, 2010, p. 32). Tanto a escrita como a leitura, é vista pela autora como processos que envolvem o desenvolvimento de várias habilidades que formam o indivíduo alfabetizado e letrado. Da habilidade de ler, Soares propõe que: [...] as habilidades e conhecimentos de leitura estende-se desde a habilidade de decodificar palavras escritas até a capacidade de integrar informações obtidas de diferentes tipos de textos (SOARES, 2010, p. 31). Da habilidade de escrever a autora faz a diferenciação da habilidade de ler colocando que: [...] as habilidades e conhecimentos de escrita estende-se desde a habilidade de simplesmente transcrever sons até a capacidade de comunicar-se adequadamente com um leitor em potencial (SOARES, 2010, p. 31). Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (1998, 69-70) a leitura deve ser um processo em que o leitor interage com o texto de maneira ativa e reflexiva, realizando interpretações a partir de seus conhecimentos prévios e de seus objetivos de leitura a fim de compreender o texto escrito e conseguir relacioná-lo a situações reais da vida. A aquisição das tecnologias de escrita e leitura deve servir de instrumentos para que o sujeito atue como cidadão consciente e participante ativo na sociedade. Com base nestes pressupostos acerca de leitura e escrita, temos o que se espera de um resultado de um leitor alfabetizado e letrado, ou seja, preparar um indivíduo que saiba fazer um bom uso das tecnologias da leitura e escrita. 8 No entanto, a próxima questão relevante a conduzir esta pesquisa é de que modo á escola e o educador irão promover o desenvolvimento destas habilidades no educando. Que caminhos traçar e que métodos pedagógicos fornecem melhor subsídio para que a alfabetização e o letramento sejam eficazes nos primeiros anos da educação básica do ciclo um? 2. CAMINHOS DA CONSTRUÇÃO DO SISTEMA DE ESCRITA O sistema de escrita é um instrumento desenvolvido ao longo da existência do homem para ampliar nossas relações, conhecimentos, sobrevivência, etc. Antes da escrita, o homem já organizava suas atividades e se comunicava através da oralidade e de símbolos. Portanto, a escrita veio a suprir necessidades de melhorias e avanços nas mais diversas atividades humanas e proporcionou um grande desenvolvimento, um dos grandes recursos que a escrita nos proporcionou é o registro da história e o registro de conhecimentos. Compreender o processo evolutivo da escrita na história nos permite fazer uma analogia de como a criança constrói seu conhecimento sobre a escrita. Faraco (2012, p. 63) referencia essa questão ao citar o que Vygostsky nomeou como pré-história da escrita na criança, em que são materializados através dos jogos, dos rabiscos, desenhos, etc. Essa correlação entre conceitos nos permite uma observação mais focada da real situação da criança e de sua relação com a compreensão da escrita. Com base nesta colocação, atentemo-nos ao que Faraco (2012, p. 55) apresenta como evolução do sistema de escrita, em que evidência os momentos de ruptura deste sistema, e façamos uma analogia ao observar as fases de desenvolvimento da escrita na criança. Dentro do processo evolutivo da escrita, num primeiro momento o homem reconhece que a escrita pode registrar fatos e a fala; e com isso passa a desenhar a linguagem, ou seja, transpor para uma superfície algo que precisasse registrar/comunicar. Nesta situação o objeto significava o que se pretendia dizer, podemos considerar as fases dos pictogramas. Mais adiante na história, ocorre mais uma modificação e temos o nascimento do sistema logográfico, sinais abstratos que davam significado as palavras sem precisar mais da mediação do desenho/objeto. Pensando na funcionalidade da língua e melhoria na comunicação o homem chega ao sistema silábico, em que cada signo gráfico representa uma sequência sonora, ou seja, a palavra poderia ser construída por segmentações representativas do som de qualquer signo 9 gráfico. Exemplo: a palavra pé poderia servir como prefixo para outras variações de palavras, como: pele, pedal, pedra, etc. Durante muito tempo, o sistema da escrita passa a usar concomitantemente o sistema logográfico junto com o sistema silábico, e o uso desta junção fundiu-se no que hoje conhecemos como sistema alfabético. O sistema alfabético não tem como estrutura as sílabas ou as palavras, como nos sistemas anteriores e sim é organizado por vogais e consoantes. Tem sua base fonológica na representaçãoabstrata da articulação da oralidade com a escrita; embora não se pode considerá-lo fonético, pois não representamos o som de cada letra separadamente e a pronúncia pode variar por diversos aspectos da língua. No obstante não é o papel desta pesquisa se aprofundar na história do sistema da escrita, mas sim observar estas características processuais da construção da escrita e levantar subsídios teóricos para relacionar a teoria e prática educativa com o intuito de prever ações e compreender o processo de alfabetização num aspecto global e plural da língua e suas funções. 3. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA AQUISIÇÃO DA ESCRITA Como percebemos no capítulo anterior, na construção do sistema da escrita estão implícitas diversas ambições do homem e a língua vem sofrendo inúmeras transformações ao longo de sua existência. A educação vem ao longo dos anos buscando inúmeros caminhos para fazer com que esse sistema de escrita seja uniformizado e do conhecimento de pelo menos grande parte da população de falantes da língua alfabética. Apesar de inúmeras pesquisas e avanços na área da educação, ainda contamos com um índice bastante alarmante de analfabetismo. Soares (2010, p. 14) aponta que o século XXI iniciou-se e os índices de analfabetismo ainda são alarmantes, e que apesar dos esforços para erradicar o analfabetismo, além de mantê-lo temos produzido analfabetos no Brasil. Como uma professora ativa na educação, Soares (2010, p. 14) orienta que só se é possível atingir algum resultado articulando todas as concepções e métodos pedagógicos a fim de alcançar êxito no processo alfabetizador. Como para compreender este fenômeno alfabetizar é amplo, plural e complexo, neste espaço fica destinado aos elementos básico do processo. Como citado no capítulo dois, o processo de construção da escrita é bastante similar com o processo evolutivo do sistema da escrita. Segue-se, portanto, por essa linha de raciocínio a fim de reunir neste trabalho um pequeno acervo de elementos necessários para 10 fundamentar os princípios e processos básicos de alfabetizar letrando para o professor em formação. Soares (2004, p. 15) considera que o processo alfabetizador deve ser analisado sob sua especificidade, apesar de algumas tendências pedagógicas argumentarem de que em alfabetização estaria compreendido o processo de letramento. No entanto, a autora acredita ser um equívoco ignorar as múltiplas características que o sujeito enfrenta ao construir sua escrita, tais como: [...] consciência fonológica e fonêmica, identificação das relações fonema-grafema, habilidades de codificação e decodificação da língua escrita, conhecimento e reconhecimento de processos de tradução da forma sonora da fala para a forma gráfica da escrita (SOARES, 2004, p. 15). O educador deve ter a consciência que esses conhecimentos são específicos do processo alfabetizador, e deve considera-los dentro das perspectivas psicológicas, psicolinguísticas, sociolinguísticas, e a linguística. Atrelando esses conhecimentos com as especificidades do letramento, evitando assim a desvalorização de um ou de outro. Há de se ter claro que cada um desses processos tem a sua especificidade e requerem métodos e abordagens diferentes, consequentemente o professor necessita dominar as diversas técnicas e métodos pedagógicos para usá-los de acordo com as necessidades do público-alvo. Entendendo aqui, que além da complexidade do processo de aquisição das habilidades técnicas da língua, lidamos com pessoas em diferentes contextos culturais, sociais, econômicos e comportamentos distintos e que aprendem de maneiras diferentes. Soares (2010, p. 18) afirma que a alfabetização demanda uma interação entre diversas áreas dos saber e compreender as abordagens das várias correntes pedagógicas viabiliza a reflexão critica dos processos complexos de se alfabetizar. Portanto, alfabetizar é um processo de natureza ampla e por isso requer instrumentos específicos para sua atuação. Em síntese, Soares (2004, p. 16) coloca que é necessário reconhecer que, a alfabetização tem suas especificidades, e que alfabetizar exige um contexto de letramento. Entender que a alfabetização e o letramento possuem diferentes dimensões e que cada um deles requerem metodologias diferentes, e por fim, entender que a formação do professor precisa estar atrelada com essas exigências do processo de alfabetização e letramento. 4. CONCEITOS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 11 Já ficou claro até aqui que é necessário fazer o uso de compreensão da linguagem escrita de modo reflexivo e consciente, e que as técnicas de aquisição da escrita é um fenômeno de natureza complexa. Caberá neste capítulo apresentar os conceitos de alfabetização e letramento, que fundidos, são as ferramentas que proporcionarão à aquisição da escrita e da leitura com todas as suas funções. Soares (2010, p. 15) ao discutir o conceito de alfabetização, chama à atenção para um enfoque importante do pensar em alfabetização, deve-se ter consciência de que a alfabetização tem estágios a serem seguidos. A autora argumenta que o processo de alfabetização deve ser dividido da seguinte maneira: processo de aquisição da língua (oral e escrita) e o processo de desenvolvimento da língua (oral e escrita). Sendo que no segundo caso, temos um processo contínuo, que não deve ser interrompido. Afinal nossa língua é dinâmica e viva, se transforma junto com o homem e a sociedade. Entende-se que a primeira fase da alfabetização inicia-se ainda na primeira infância e conclui-se quando a criança domina as habilidades da escrita e leitura. Toma-se, por isso, aqui, alfabetização em seu sentido próprio, específico: processo de aquisição do código escrito, das habilidades de leitura e escrita (SOARES, 2010, p. 15). O conceito de letramento, por outro lado designa-se pelo desenvolvimento das habilidades da escrita e da leitura no uso nas práticas sociais que envolvam a leitura e a escrita (Soares, 2004, p. 14). Não negligenciado aqui que, a primeira fase do processo da alfabetização, deve ser realizada num ambiente letrado. Mas, as especificidades da alfabetização devem ser consideradas e trabalhadas para o sucesso da aquisição das habilidades técnicas da escrita e da leitura. Deve-se admitir o letramento como necessário para a qualidade da aprendizagem da escrita e leitura como instrumento de reflexão, comunicação, social e aquisição de conhecimento. Trata-se da imersão das crianças na cultura escrita, com a participação dela em diferentes experiências do uso de diferentes tipos de gêneros textuais de material escrito. E esse processo não está restrito à escola, é um processo que deve ser parte do cotidiano da criança. Soares (2004, p. 15) propõe que o educador reconheça a especificidade dos dois conceitos para uma ação educativa que possa dar resultados positivos. A citação abaixo embora seja longa, resume bem o objetivo proposto para este capítulo: 12 [...] em primeiro lugar, a necessidade de reconhecimento da especificidade da alfabetização, entendida como processo de aquisição e apropriação do sistema da escrita, alfabético e ortográfico; em segundo lugar, e como decorrência, a importância de que a alfabetização se desenvolva num contexto de letramento – entendido este, no que se refere à etapa inicial da aprendizagem da escrita, como a participação em eventos variados de leitura e escrita, e o consequente desenvolvimento de habilidades de uso da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a língua escrita, e de atitudes positivas em relação a essas práticas; em terceiro lugar, o reconhecimento de que tanto a alfabetização quantoo letramento têm diferentes dimensões, ou facetas, a natureza de cada uma delas demanda metodologias diferente [...] (SOARES, 2004, p. 16). 5. MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO [...] método é a soma de ações baseadas em um conjunto coerentes de princípios ou de hipóteses psicológicas, linguísticas, pedagógicas que respondem à objetivos determinados (SOARES, 2010, p. 93). A afirmação de Soares, sobre a importância de metodologias para o processo de alfabetização, vai de encontro à proposta de Micotti (2012, p. 62) em que considera que apesar de considerado desnecessário pelas atuais concepções pedagógicas, os métodos, se adequado à realidade e as exigências do momento são instrumentos necessários para condução de um processo de alfabetização. Faz-se então necessário identificar os diversos métodos e suas aplicabilidades no processo de ensino aprendizagem, tanto das novas como das abordagens tradicionais. Além de que os estudos acerca dos métodos de alfabetização dão subsídios aos docentes quanto a sua orientação teórica dentro da prática pedagógica, os orientam a identificar e relacionar instrumentos que direcionem suas ações, desvinculando a prática educativa de elementos moldados de experiências próprias ou de terceiros. Ao fazer essa colocação Micotti (2012, p. 62) refere-se ao educador que reproduz uma prática baseada em sua experiência passada nos anos escolares ou com troca de experiências com outros profissionais. Essa prática perpetua assim os métodos tradicionais e limitam o processo de avanço de novas pesquisas educacionais, fazendo com que a teoria e a prática se mantenham distante da realidade. Dentro desta perspectiva é relevante compreender que devido as mudanças de paradigmas educacionais, o conceito de método tem sido estereotipado e sido negligenciado pelas novas concepções pedagógicas, uma vez que retratava a visão associacionista, a qual se tinha o método como um fator essencial no processo de alfabetização, acreditando que a criança precisava de estímulos externos para produzir respostas. Enquanto que na concepção 13 do construtivismo a criança passa de sujeito passivo para sujeito ativo, tornando-se produtora de seu próprio conhecimento, negando assim a necessidade de métodos. No entanto, somente o conhecimento acerca dos métodos tradicionais e as propostas pedagógicas construtivistas é que se poderá verificar se são eficazes ou se necessitam de uma intervenção, ou mesmo se não está usando conceitos tradicionais com títulos construtivistas. É preciso conhecer para poder avaliar determinado objeto. A fim de maior clareza para o conceito de método, Soares (2010, p. 93) fornece uma definição bastante pertinente para uma visão mais holística do ato de alfabetizar. Para a autora: “um método de alfabetização será, pois, o resultado da determinação de objetivos a atingir (que conceitos, habilidades, atitudes caracterização a pessoa alfabetizada?), da opção por certos paradigmas conceituais (psicológicos, linguísticos, pedagógico), da definição, enfim, de ações, procedimentos, técnicas, compatíveis com os objetivos visados e as opções teóricas assumidas”. Sendo assim, a formação do educador deve-se ater a estes requisitos necessários para uma prática mais consciente e eficaz dentro do processo de alfabetização. Pontua-se aqui a necessidade do educador em ampliar seus conhecimentos sobre as características/conceitos de cada tendência e propostas acerca dos métodos pedagógicos. Certamente, conforme afirma Soares (2010, p. 96) atualmente ainda temos uma grande urgência em fomentar as necessidades que a escola e o educador encontram no processo de alfabetizar e promover à criança uma condição social para um uso amplo da língua escrita. Para conclusão deste capítulo, uma reflexão que Magda Soares apresentou muito corajosamente num de seus artigos, compilados no livro Alfabetização e Letramento. [...] a dúvida que o “construtivismo” trouxe em relação à possibilidade de um método de alfabetização – é que esse paradigma se tornou hegemônico, tendo-se consequentemente desconsiderado a necessidade de sua complementação e integração com paradigmas linguísticos, já que a alfabetização não é somente um processo de conceitualização da escrita, que a psicogênese descreve e explica, mas é também, e simultaneamente, um processo de apropriação de um objeto linguístico – a língua escrita, objeto e processo que as ciências linguísticas descrevem e explicam (SOARES, 2010, p. 96). 6. A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES Conforme explorado nos capítulos anteriores, pode-se compreender a grande responsabilidade que a formação do professor determina para avanços no processo 14 alfabetizador dentro das escolas. No entanto, não é afirmar que a formação do professor é a causa do fracasso destes processos, pois seria cair no mesmo erro citado por Soares (2010, p. 14) quando defende que de nada adianta eleger culpados. Quando o que se precisa é aprofundar-se nas inúmeras facetas que o processo de aquisição da língua escrita trás intrínseco em toda a sua especificidade. Portanto a necessidade de uma base bem estruturada para a formação de professores seria sim, um dos objetivos para avanços no processo alfabetizador. Com relação a este tema, formação de professores, Micotti (2012, p. 163) aponta que grande parte de professores, quando questionados sobre o como aprenderam a alfabetizar, relatam terem aprendido com outros professores. E que na tomada de decisão de qual tendência pedagógica seguir, o que pesa é o aprendido de alguma experiência de um colega na prática e não o aprendido durante a formação. Essa situação remete o quanto à formação do educador não atende à necessidade da aprendizagem do professor das inúmeras facetas do processo de alfabetização e letramento. Torna-se evidente que, sem essa apropriação entre conhecimento teórico e prático, a educação se manterá em reproduzir de maneiras diferenciadas antigos fazeres pedagógicos, ou seja, dando outros títulos aos processos e métodos tradicionais e que, nossas crianças têm sido constantemente cobaias de teorias que não atendem o amplo processo alfabetizador. O aprendizado do processo de alfabetização, em geral, ocorre logo no início do exercício do magistério, pela reprodução de práticas pedagógicas, utilizadas por colegas mais experientes, que são incorporadas no fazer docente com poucos questionamentos sobre sua aplicação e suas implicações educacionais ou suas consequências para os aprendizes (MICOTTI, 2012, p. 166). Uma proposta para a melhoria na formação de professores seria propor reflexões das tradições, dos valores, das ações e dos modos de interação dos professores mais experientes com uma fundamentação nas ciências pedagógicas, psicológicas, sociológicas, etc. Provocar uma reflexão acerca da prática, dos efeitos das estruturas cognitivas, afetivas e emocionais das crianças frente ao ensino e a aprendizagem; ação essa que romperia com o vínculo vicioso da reprodução das práticas pedagógicas pelos futuros professores, que de acordo com levantamento da autora tendem a se ancorar na prática de colegas mais experientes (MICOTTI, 2012, p. 167). A proposta de Micotti não é uma crítica contundente da aprendizagem obtida da experiência da observação das práticas educativas de terceiros, mas uma crítica em que não se questionem essas práticas e a reproduzem sem conhecimento crítico e fundamentado 15 cientificamente dos efeitos que elas possam trazer na formação do educando. A autora frisa que cabe aos responsáveis pela organização de currículos e ementa de cursos de Pedagogia um equilíbrio entreestudos teóricos e práticos, levando o graduando a considerar criticamente todo o fazer pedagógico. No entanto, não se pode resumir a formação dos professores somente a questão de sua formação acadêmica institucionalizada, pois implicaria reduzir a ação educacional e negar a responsabilidade pessoal do indivíduo neste processo de formação. Deve-se eleger aqui, que o graduando vise uma formação continuada e um processo de leitura crítica e ativa durante todo o seu percurso profissional, de modo que o direcione na busca por compreensão de seu papel enquanto profissional e cidadão. São inúmeras as colocações que se poderia fazer acerca da formação de professores. Mas, o importante neste espaço é que fique claro que a pesquisa e a leitura crítica (de temas específicos ou gerais) do acervo educacional que hoje se tem acesso com maiores facilidades, são deveres do estudante. Que são essas ações que dão condições para uma formação pedagógica pautada num saber consciente, ativo e crítico. Faraco (2012, p. 104) pontua claramente essa necessidade quando se refere que todo professor tem o dever de ser uma pessoa letrada e dominante das técnicas da escrita. [...] nenhuma escola será letrada se seus professores não forem eles bem letrados. Impossível desenvolver nos alunos as práticas sociais de leitura e escrita sem que os professores sejam leitores maduros e pessoas que dominem a escrita com autonomia (FARACO, 2012, p. 104). Essa é uma autoanalise que todo graduando deve se fazer ao escolher exercer uma função profissional de âmbito social. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao finalizar esse pequeno compêndio acerca dos princípios e processos da alfabetização e letramento percebe-se que não dei conta dos inúmeros aspectos implícitos neste processo tão complexo. Apesar da consciência da grande abrangência do tema e de não ter atingido aqui toda a sua amplitude, não é frustrante o árduo trabalho de leitura e reflexão dispensado à pesquisa, pois me direcionaram a perceber quais serão meus próximos passos rumo à minha formação profissional dentro da área educacional e também evidenciou que tenho traçado um caminho sólido para o cumprimento desses objetivos. 16 A linha de pensamento que permeou a seleção dos temas aqui discutidos foi baseada na própria linha cronológica do sistema da escrita. A concepção de que a construção da escrita segue por uma linha analógica e não por intervalos sequenciados me direcionaram a ter a mesma ideia acerca de como devo construir o meu conhecimento acerca de alfabetizar. Partindo desta ideia organizei os temas a fim de uma compreensão mais centrada no saber cientifico e discutidos nos meios educacionais. Ás vezes, á uma indução em se fazer acreditar que o passado (o tradicional) deve ser rejeitado, por ser obsoleto. Porém, acredita-se que sem conhecer acerca do modo de fazer de nossos antepassados corremos os riscos de cometer os mesmo erros que poderiam ser evitados. Outra questão importante, que quando ignoramos um conhecimento não temos direito de critica-lo ou lhe fazer julgamentos. O processo de alfabetização e letramento é uma ciência que não é suficiente somente com os saberes pedagógico obtido nos cursos de pedagogia, exige-se uma maior abrangência de estudos e pesquisas. Autores das mais diversas áreas do saber evidenciam as características que modelam esse conceito em si. No entanto, não podemos fazer dele também um “bicho-de- sete-cabeça”, e entendê-lo como um processo natural e necessário a ser construído a quem escolhe exercer a função de alfabetizar e letrar. A eficácia e a avaliação desta pesquisa teórica se completarão a partir da consolidação da 2ª etapa do trabalho de curso. Em que os conceitos aqui levantados serão observados e avaliados na prática educativa no processo de Educação Básica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: Língua Portuguesa. Secretaria de Educação Fundamental: Brasília, 1997. FARACO, Carlos A. Linguagem escrita e Alfabetização. São Paulo: Contexto, 2012. MICOTTI, Maria C. de O. Alfabetização: propostas e práticas pedagógicas. São Paulo: Contexto, 2012. SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento. São Paulo: Contexto, 2010. SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, n.25, abr. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141324782004000100002&lng=pt &nrm=iso> Acesso em: 26 mar. 2015.
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