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Scheila Maria 2017 NEFROESCLEROSE HIPERTENSIVA INTRODUÇÃO Nefroesclerose hipertensiva é o termo aplicado à lesão decorrente do efeito da HAS sobre os rins, afetando particularmente as pequenas artérias (arqueadas e interlobulares), as arteríolas aferentes os glomérulos. Cursa com espessamento arteriolar associado com hipertrofia das células musculares da camada media Existem dois tipos de NH Nefrose esclerose benigna Nefrose esclerose maligna EUA e EUROPA – a NH é a primeira causa de rim terminal nos negros, e nos brancos é a segunda. BRASIL – A NH é a primeira causa de rim terminal (porque os diabéticos morrem antes da fase terminal dos rins) Complicação relativamente rara da hipertensão arterial, ocorrendo em < 2% dos pacientes após 5 anos de acompanhamento A taxa de progressão da IR é extremamente lenta na nefroesclerose benigna PATOGÊNESE Devido a HAS, as arteríolas renais e sofrem um processo de aterosclerose, com obstrução do fluxo sanguíneo para os glomérulos e túbulos intersticiais. Isto gera uma isquemia culminando com a lesão renal A lesão glomerular da NH não é o evento inicial, mas sim secundário ao acometimento arteriolar. NEFROSEESCLEROSE BENIGNA PA elevada em longo prazo lesa diretamente as artérias e arteríolas renais (lesão endotelial principalmente). Ocorre por: 1) Hipertrofia da camada média e espessamento da íntima das pequenas artérias renais (arqueadas e interlobulares) – resposta inicialmente adaptativa para poupar os glomérulos do aumento pressórico OBS: quando exagerada, a redução do lúmen das pequenas artérias renais contribui para o processo de isquemia glomerular. 2) ou por arteriosclerose hialina, com deposição de material hialino derivado de proteínas plasmáticas e lipídios, na parede das arteríolas aferentes, com redução progressiva do lúmen e isquemia glomerular satélite Estes dois eventos causam o estreitamento da luz das arteríolas, levando a isquemia. A isquemia glomerular leva a glomeruloesclerose focal global (focal: alguns glomérulos; global: o glomérulo inteiro) que, por sua vez, provoca a perda do néfrons. Histologicamente pode ser por solidificação (todo tufo é homogeneamente envolvido) ou por obsolescência (quando o tufo é retraído e o restante da capsula de Bowmam é preenchida por material hialino) Os glomérulos remanescentes cursam com hiperfluxo, ficando hipertrofiados, levando a uma nova lesão: uma GEFS. A GEFS apesar de ser lesão secundaria à NH contribui significativamente para progressão da proteinúria e da IR. A lesão túbulo intersticial contém um componente inflamatório, e um atrófico. Obs: os glomérulos com esclerose segmentar encontram-se hipertrofiados pelo Hiperfluxo, enquanto aqueles com esclerose global estão atrofiados NEFROESCLEROSE MALIGNA Existe a síndrome da hipertensão maligna – quando a PA chega a valores de 200x120 Esta síndrome cursa com retinopatia hipertensiva, EAP, encefalopatia hipertensiva e nefroesclerose maligna. Na NEM existem dois tipos de lesão observados na macroscópica Necrose fibrinóide – depósito de material eosinofílico composto por fibrina, e às vezes leucócitos Arterioesclerose hiperplásica – a intima se espessa devido à proliferação concêntrica de células musculares lisas entre colágeno (lesão em bulbo de cebola) Aspectos macroscópicos – rim em picada de pulga (aumentados e com muitas petéquias corticais decorrentes da rotura de pequenos vasos). Glomeroesclerose isquêmica necrosante A IR rapidamente progressiva se instala pela acentuada isquemia glomerular difusa, provocando síndrome urêmica grave e necessidade de diálise. Os glomérulos apresentam uma glomerulonefrite necrosante, trombose intracapilar e infiltração neutrofílica. Isto explica a hematúria, proteinúria (podendo ser nefrótica) e cilindros hemáticos e leucocitários. A trombose capilar contribui para degradação mecânica das hemácias gerando anemia microangiopática Isquemia glomerular estimula liberação de renina, aumentando angiotensina II e aldosterona aumento da pressão (ciclo vicioso). Hipocalemia em conjunto com alcalose metabólica devido à elevação da aldosterona (hiperaldosteronismo); com o tempo, o indivíduo desenvolve uma acidose hipercalêmica pela síndrome urêmica. Se não tratada a NEM evolui para rim terminal irreversível em semanas a meses. QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO Nefroesclerose benigna O diagnóstico da NEB é feito em hipertensos de longas datas com elevação da creatinina sérica que apresentam alguns dos critérios a seguir: Retinopatia grau 1 ou 2 Hipertrofia de VE Proteinúria de até 1,5g/dia (normal é 500mg/dia) Leve redução do tamanho renal Insuficiência renal paulatina Deve-se excluir diagnósticos como doenças renais primárias A proteinúria pode cursar >1,5 em 40%, e faixa nefrótica em 20% Investigar pacientes de risco de estenose da artéria renal. Revascularização renal??? Nefroesclerose maligna. Paciente com hipertensão grave (PAD > 120mmHg), associada a: IR Proteinúria acentuada (>4 em 30%) Hematúria (podendo ser macro) Lesões retinianas (grau 3 ou 4) Cilindros hemáticos, piocitários e granulosos Encefalopatia hipertensiva Anemia hemolítica microangiopática TRATAMENTO Benigna Controle pressórico – anti-hipertensivos ex. tiazídicos Anti-proteinúricos: IECA ou BRA. Meta pressórica abaixo de 130x80 ObS: IECA e BRA induzem vasodilatação preferencial da arteríola eferente, diminuem a pressão intraglomerular e a proteinúria; dessa forma, previnem ou atrasam os rins terminais. No entanto não é aconselhado o uso concomitante para potencializar o efeito, pois um bloqueio radical do SRAA levaria a uma queda acentuada na TFG e hipercalemia. Maligna É considerada uma emergência hipertensiva, e o tratamento se faz com o controle pressórico. Deve-se primeiramente reduzir a PAD no máximo 25% nas primeiras 2-6 horas – a droga de escolha é o Nitroprussiato de sódio Depois reduzir para pressão alvo (130x80) em 2-3 meses. Uma queda abrupta da PAD pode provocar uma isquemia cerebral, miocárdica ou renal, pois numa crise hipertensiva a auto regulação do fluxo sanguíneo encontra-se prejudicada, não ocorrendo a vasodilatação compensatória para manter um fluxo. Na segunda fase fazer o desmame com medicamentos orais como IECAs, com cuidado para evitar a estenose bilateral de artéria renal Durante o tto inicial, mesmo respeitando a redução progressiva da PA, há uma piora discreta da função renal, devido a uma piora transitória de isquemia glomerular. Isto ocorre porque as arteríolas aferentes ainda estão obstruídas, necessitando de alta PA para manter a perfusão dos glomérulos. Deve-se manter o tratamento antihipertensivo; após alguns dias, a função renal começará a melhorar efetivamente, já que a lesão arteriolar (necrose fibrinoide) vai desaparecendo. Biópsia renal contraindicada pelo risco de sangramento
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