Buscar

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE SERVIDÃO USO HABITAÇÃO E ANTICRESE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

17
Sumário
1	 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2 	 Da Servidão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
3 	 Do Uso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
4 	 Da Habitação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10
5 	 Da Anticrese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
6 	 Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
 Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
 1 - Introdução
Este trabalho objetiva estudar os direitos reais sobre coisas alheias, suas peculiaridades, características e modo de extinção. O Código Civil brasileiro elenca o rol destes direitos “iura in rebus alienis” onde seu objeto não é coisa própria, mas coisa de propriedade de outra pessoa. Existem três classes de direitos reais sobre coisas alheias: os direitos reais de uso e fruição; os direitos reais de garantia e os direitos reais de aquisição. O artigo 1225 do Código Civil apresenta os direitos reais de uso e fruição subdivididos em cinco espécies: a superfície, as servidões, o usufruto, o uso e a habitação. 
Em comum estes direitos possuem oponibilidade erga omnes e o poder de sequela. Nos direitos reais sobre coisas alheias, de menor amplitude que o direito de propriedade, o titular fica privado de alguns dos poderes inerentes à propriedade, pois existem dois titulares sobre o mesmo bem, cada qual podendo exercer conforme as disposições legais a ele inerentes, os direitos compatíveis com o direto real compactuado. O presente trabalho irá abordar os temas de servidão, uso, habitação e anticrese, apresentando a partir de agora os traços de cada um destes direitos.
2 - DA SERVIDÃO 
Da Constituição das Servidões
Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Art. 1.379. O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião.
Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião será de vinte anos.
O direito real de servidão confere ao titular deste o uso e gozo, que podem ser elencadas em diversas situações, como na servidão de trânsito, de maneira que se torne uma propriedade imóvel sem saída publica útil a quem desta saída necessite. Como nas servidões administrativas que autorizam que o estado usufrua de imóvel alheio de modo a realizar obras ou serviços de interesse da coletividade como instalações de redes elétricas. A jurisprudência destaca que a servidão é deferida em virtude de não haver outra opção além do desfrute de terreno alheio.
A proteção processual das servidões dá-se por meio de ação confessória, indicada aos casos de reconhecimento de um direito real quando contestado por terceiros ou pelo proprietário do imóvel serviente que se nega a pretensa servidão requerida por proprietário vizinho. Nos casos de esbulho ou turbação são tuteladas por ações possessórias. Insta ressaltar que as servidões não se extinguem com o decurso de prazo, pois as mesmas indeterminadamente acompanham o destino da propriedade serviente.
Uma servidão é o direito de poder usar a propriedade de uma pessoa, com uma finalidade especifica. Tradicionalmente, é aplicado o termo servidão para conceituar dois proprietários adjacentes. O Titular do direito real de servidão tem o direito de usar a propriedade de seu vizinho para beneficiar sua terra adjacente. Um exemplo típico desta modalidade de servidão é o proprietário de determinado lote que cede que seu vizinho use uma parte especifica deste, para que possa ter acesso à propriedade vizinha. A servidão é um beneficio concedido ao titular deste direito, mas não deixa de ser um embaraço para o proprietário serviente. O beneficio concedido pela servidão não inclui o direito de usar a terra para obter lucros, nem negar o acesso ao proprietário. Por exemplo, uma servidão de acesso de uma fazenda, para uma chácara vizinha, não permite que o titular da servidão cultive colheitas nesta área, mas também não impede que o dono da fazenda cultive frutas ao longo da estrada de acesso, uma vez que estas não venham a prejudicar o proposito da servidão.
De maneira técnica a servidão pertence para a propriedade dominante, não exatamente para a pessoa que possui esta terra. A história trás que a terra do detentor era conhecida como “propriedade dominante” e a terra do vizinho era conhecida como “propriedade servis”. Diante disto a servidão sobrecarrega a propriedade servis em prol do vizinho que detém o titulo.
Grande parte das servidões são permanentes, e independem de pagamentos. Nem sempre o beneficiário de uma servidão é necessariamente um vizinho. Como nos casos de instalação de linhas elétricas de alta tensão, a servidão pode beneficiar o publico em geral. Diante destes objetivos modernos, os termos propriedade servis e propriedade dominante caíram em desuso, pois atualmente já não descrevem adequadamente os direitos e deveres criados pelas servidões.
As servidões são permitidas para diversas finalidades, como direito de passagem de tubos subterrâneos, linhas de serviços públicos, esgotos, redes de água, estradas, linhas férreas entre outras necessidades. Os artigos de 1.380 ao artigo 1.386 do código civil descrevem as condições para o exercício das servidões.
Para se estabelecer a servidão às pessoas que possuem a Propriedade dominante e a propriedade servis devem ser identificados e estabelecer um contrato. Além disso, deve ser especificado o uso ou proposito da servidão e, claro, deve ser assinado. O documento deve conter uma descrição dos limites ajustados para a servidão. 
 
Pode-se ainda se estabelecer uma servidão no tocante ao escoamento de água, de um imóvel para outro. A propriedade mais elevada é considerada a “Propriedade dominante" e a propriedade vizinha vazante, a "propriedade servis". Da mesma forma, o vizinho do imóvel jusante tem o direito de drenar naturalmente para outras terras adjacentes. Esta “servidão de passagem” é um direito real e recai sobre o direito de uso da coisa. A cadeia de servidões naturais continuam até a drenagem da água alcançar um lago ou rio. É necessária que esta drenagem tenha escoamento natural de uma propriedade a outra, de maneira uniforme e rotineira, como mero resultado de chuvas normais.
Existem limites e condições sobre os direitos de propriedade e acomodações de drenagem.  O proprietário da propriedade mais elevada não pode danificar ou desviar o fluxo de água de maneira a prejudicar a propriedade vizinha. A existência de uma drenagem natural deve se constituir independente da ação humana, bastando apenas ao homem os ajustes para tal drenagem. O proprietário dominante tem direito a drenar sua superfície respeitando o curso natural de água de sua terra sobre a propriedade vizinha e, se houver algum resultado, o dono servente deve suportar o dano. No entanto, ambos os proprietários dominantes e serventes devem exercer cuidados comuns no uso de seus bens para não ferir os direitos dos proprietários de terras vizinhos por bloqueio, desvio ou ainda aumentando ou diminuindo substancialmente o fluxo de água.
Canais artificiais podem também ser considerados cursos de água que criem uma servidão, através do direito de passagem. Esta servidão existe por causa de acordoentre proprietários das terras, através do qual uma vala é criada para suportar os canais que passam a constituir uma servidão permanente a favor da passagem para fins de drenagem. 
Os acordos são outra forma de proteger os direitos legais de todos os interessados. Acordos são especialmente importantes quando dois ou mais proprietários são envolvidos porque os direitos e obrigações pertinentes às partes são ajustados e, portanto, mal-entendidos são minimizados. Os acordos como servidões, devem ser assinados e devidamente registrados para garantir sua publicidade perante terceiros.
Os artigos de 1.387 a 1. 389 do código civil elencam as condições para extinção das servidões. A extinção da servidão pode ocorrer pelo cancelamento do registro. Pode ser pedida a extinção pelo dono do prédio serviente, nas situações em que o titular do prédio dominante houver renunciado à servidão, ou ainda quando tiver cessado, para o prédio dominante, a comodidade ou utilidade que determinava a servidão. Também quando o dono do prédio serviente resgatar a servidão, desde que haja acordo nesse sentido.
Existem ainda situações em que há a reunião das duas propriedades na mesma, deixando assim de ter utilidade à servidão. O não uso por 10 anos contínuos, também caracteriza fundamento para extinção da servidão.
3 - DO USO
Do Uso
Art. 1.412. O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quanto o exigirem as necessidades suas e de sua família.
§ 1.º Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário conforme a sua condição social e o lugar onde vivem.
§ 2.º As necessidades da família do usuário compreendem as de seu cônjuge, dos filhos solteiros e das pessoas de seu serviço doméstico.
Art. 1.413. São aplicáveis ao uso, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto.
O uso se resume em direito de uso sobre a coisa alheia, por meio do ius utendi. Trata-se de uma modalidade de usufruto, porém em menor espectro, pois não possui o ius fruendi. O agente que possui a faculdade de usar da coisa alheia é denominado usuário. 
Flávio Tartuce em sua obra Direito das Coisas doutrina: “O direito de uso recebe a denominação usufruto anão, usufruto reduzido ou restrito (arts. 1412 e 1413 do CC). Ao contrário do que possa parecer, o titular do direito de uso pode usar e também fruir, ou seja, receber os frutos que a coisa produz”.
No limite da necessidade da subsistência do usuário ou de sua família, atualmente o uso permite que seu titular perceba os frutos provindos do bem alheio. Em que pese os frutos extravagantes advindos daquele bem alheio, não lhe pertencerão, pois são garantidos ao legitimo proprietário do objeto do uso. Porém, nos primórdios da origem do termo romano, só se permitia ao titular o uso estrito, vedado aperceber-lhes os frutos.
O direito de uso possui uma característica mutável, pois pode sofrer um alargamento ou estreitamento conforme existam aumentos ou diminuições das necessidades pessoais do usuário e seus familiares. Para tanto devem-se avaliar a condição social do usuário e o lugar onde vive. Conforme elenca o legislador no art. 1.412 do Código Civil. Uma vez que a norma jurídica expressa necessidades pessoais, estão excluídas quaisquer outras necessidades.
O §2º do art. 1412 entende que fazem parte do núcleo familiar do usuário seu cônjuge, seus filhos solteiros e às pessoas de seu serviço doméstico. Porém deve-se considerar a visão mais moderna do Direito Civil - Constitucional, que considera o citado neste parágrafo como sendo um rol exemplificativo e não taxativo. Ademais, não se deve engessar este conceito a família padronizada, devendo ser aqui consideradas todas as formas de relações pautadas pela afetividade.
Importante ressaltar que o direito real de uso pode recair tanto sobre “res” móveis como imóveis, a doutrina majoritária entende que se for móvel, não poder ser fungível, nem consumível.
Entre os direitos do usuário, destaca-se a fruição e utilização da coisa com a finalidade de atender as necessidades do usuário e de sua família, não podendo da coisa perceber qualquer fruto. Por decorrência deste direito, pode o usuário praticar os atos imprescindíveis às suas necessidades e às de sua família, mas deve atentar-se de nunca comprometer a destinação e substância do bem. È permitido ao Usuário melhorar a coisa, efetuar benfeitorias, tal como administrar o bem em uso. Doutrina Venosa que: “No uso romano, a exemplo do usufruto, o usuário deveria prestar caução ao proprietário, como garantia de devolução”.
Considera-se ainda entre os deveres do usuário a conservação da coisa como se sua fosse. Uma vez prescrito o lapso temporal, caberá ao usuário, restituir a coisa a seu legitimo proprietário, em que pese se tratar apenas de mero detentor da posse direta. A posse precária do usuário, fora do período estipulado, acarretará como consequência sua responsabilidade por perdas e danos a que sua mora der causa.
O direito administrativo instituiu a modalidade de Concessão de Direito Real de Uso com previsão no Decreto-Lei nº 271/67, em seu art. 7º, devidamente modificado pela Lei nº 11.481/2007. Esta concessão de direito real de uso deve atender obrigatoriamente a fins específicos: de urbanização, aproveitamento sustentável das várzeas, de regularização fundiária de interesse social industrialização, edificação, cultivo de terra preservação das comunidades tradicionais e seus meios de subsistência ou outras modalidades de interesse social em áreas urbanas. O não atendimento do objeto especifico, acarreta em nulidade da concessão, uma vez que não atendendo a função elencada, configura desvio de finalidade.
O direito de uso é análogo ao direito de usufruto, mas menos amplo do que isso, porque o "usuário" tem apenas o uso da coisa, ele não tem o direito de tirar proveito dela financeiramente ou perceber os frutos, ao contrário do direito de concessão do usufruto, exceto na medida necessária para satisfazer as necessidades suas e de sua família.
Suas principais características são:
É um direito real porque está incluído expressamente no art. 1.412, 1413 do Código Civil .
Da mesma forma que o usufruto , o direito real de uso é sobre uma coisa de outra pessoa e gera uma relação direta e imediata entre o usuário e a coisa usada;
 O uso é um direito de duração limitada no tempo, não podendo perdurar pela vida do seu dono;
 É considerado um modo de desmembramento da propriedade porque os poderes que lhes são inerentes são separados, de modo que alguns são atribuídos ao usuário, e outros são reservados ao proprietário;
O titular do Uso adquire dois direitos:
 1) o de poder usar a coisa de acordo com o destino econômico e aplicações que correspondem à sua natureza; 
 2) poder extrair dela todos os frutos que possam ser necessários para satisfazer as suas necessidades e de sua família, desde que conservando inalterada a substância da coisa.
Pode ocorrer a extinção do direito de uso quando cessar o motivo que a originou, ou quando não mais se verificar a situação de necessidade do usuário. Da mesma forma considerasse extinto o instituto do uso se restar por resolvido o termo de duração estabelecido no ato constitutivo, exceto se o usuário vier a falecer antes. Por ser um direito real de natureza personalíssima, não admite transmissão. Por fim, extingue-se o direito real de uso, pela morte do usuário, advento do prazo final, perecimento do objeto, consolidação, renúncia e demais hipóteses relacionadas ao usufruto e elencadas pelo art. 1.410, CC.
4 - DA HABITAÇÃO
Da Habitação
Art. 1.414. Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua família.
Art. 1.415. Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa, qualquer delas que sozinha habite a casa não terá de pagar aluguel à outra, ou às outras, mas não as pode inibir de exercerem, querendo, o direito, que também lhes compete, de habitá-la.
Art.1.416. São aplicáveis à habitação, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto.
O direito de habitação embora considerado como o de menor amplitude, é uma das espécies de direitos reais de fruição. Tal consideração decorre, principalmente, da ideia de que este direito compreende tão somente a eventual habitação do beneficiário. Desta forma, com o exclusivo objetivo de moradia sua e de sua família, o direito de habitação limita o titular do ao uso do bem.
Trata- se de um direito personalíssimo, intransferível e de finalidade determinada. Ao possuidor deste direito não é permitido alugar, ceder, nem emprestar o imóvel, podendo apenas utilizar-se da coisa para o uso exclusivamente habitacional, de forma gratuita, em imóvel alheio, beneficio assegurado para o mínimo de sua subsistência.
O legislador define muito bem no artigo 1.414 do Código Civil o conceito de habitação, verificando-se que “quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o titular desse direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua família”. Restando configurada a destinação do imóvel para fins diversos ao de moradia, como fins comerciais ou industriais, o instituto de habitação torna-se nulo. Porém é possível admitir a utilização do imóvel para habitação coexistindo com atividade comercial ou industrial de maneira secundária. O fato de o imóvel destinar-se somente à habitação não impede que o habitador exerça atividade combinada com o direito de residência, como por exemplo, atividades de profissionais autônomos, ou revendedor de confecções. O direito real de habitação nada mais é que viver em instalações de propriedade de outra pessoa, ou em parte material desta, sem alterar a sua substância. 
Aplicam-se ao uso e a habitação, no que for compatível, e na vacância de leis especificas as disposições do usufruto, devido às semelhanças entre os institutos do direito real de uso e do direito real de habitação. A habitação era um direito que já existia no antigo direito romano como uma restrição sobre o domínio, na forma de servidão pessoal, como uma forma para remediar a falta de habitação causada pelo crescimento acelerado de Roma.
A única obrigação era que o que habitava não podia causar nenhum dano habitação e devolvê-la em boas condições quando terminasse a servidão, para o qual foi requerida. Na "habitatio" uma pessoa dava o poder à outra para habitar sua casa. Foi confundida com outras servidões, como usufruto ou uso, e alguns doutrinadores até chegaram a negar que fosse um direito real, alegando que a habitação possuía característica de direito de crédito ou pessoal. Já era considerado um direito inalienável.
Extingue-se a habitação pela morte do habitador. A legislação vigente não admite a habitação sucessiva, ou seja, o direito concedido ao habitador é personalíssimo, logo, intransferível. Leciona Venosa: “é direito temporário, tendo por limite máximo a vida do habitador”. Também se extingue a habitação quando decorrer o prazo fixado pelo proprietário do imóvel, estabelecido em seu ato constitutivo, devendo, tal condição estar expressamente disposta no contrato constitutivo. Clausulas resolutivas elencadas no ato principal, como por exemplo, a construção de imóvel próprio do habitador, também são formas de extinção do instituto, bem como a destruição do imóvel destinado a habitação, que também acarreta extinção do direito real em tela. O abandono do imóvel, ou a renuncia expressa ou tácita do habitador também constituem formas de extinção do instituto em comento.
5 - DA ANTICRESE
Art. 1.419. Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação.
Art. 1.420. Só aquele que pode alienar poderá empenhar hipoteca ou dar em anticrese; só os bens que se podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca.
§ 1o A propriedade superveniente torna eficaz, desde o registro, as garantias reais estabelecidas por quem não era dono.
§ 2o A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver.
Paulo Nader conceitua o instituto da Anticrese da seguinte forma: “(...) neste direito real de garantia o credor entra na posse do imóvel pertencente ao devedor ou a terceiro, assumindo o direito de perceber seus frutos e rendimentos, cujo valor será abatido nos juros da dívida e no capital”.
 Pela anticrese, a partir da administração dos bens dados em anticrese, o devedor cumpri parte de sua divida junto ao credor, que também pode gozar dos frutos e rendimentos de seu bem. Por meio da anticrese, é licito ao credor, reter um imóvel do devedor e receber como compensação da divida, seus frutos e rendimentos, com a finalidade de compensar o valor devido.
Dispõe o §1º do art. 1.506:
“§ 1o É permitido estipular que os frutos e rendimentos do imóvel sejam percebidos pelo credor à conta de juros, mas se o seu valor ultrapassar a taxa máxima permitida em lei para as operações financeiras, o remanescente será imputado ao capital.”
Logo, uma das características específicas da anticrese é de que os rendimentos provenientes do imóvel determinado têm como objetivo apenas a satisfação dos juros da dívida, porém o valor além dos juros será deduzido do total devido.
Conforme prevê o art. 1.427 do Código Civil: “Art. 1.427. Salvo cláusula expressa, o terceiro que presta garantia real por dívida alheia não fica obrigado a substituí-la, ou reforçá-la, quando, sem culpa sua, se perca, deteriore, ou desvalorize”.
Também é característica da anticrese a possibilidade de se estabelecer a figura do Garante, em que um terceiro dá um imóvel de sua propriedade em garantia, de dívida alheia.
Doutrina Washington de Barros Monteiro que nada impede que o devedor hipotecário dê o imóvel hipotecado em anticrese ao credor hipotecário, a fim de, com os rendimentos, amortizar a dívida e que o devedor anticrético hipoteque o imóvel anticrético ao credor anticrético. O direito de sequela do devedor sobre o bem, que pode retê-lo até que seja sanada a dívida, é outra característica. Entretanto o art. 1.423 do Código Civil estabelece um limite de 15 anos para a Anticrese, a partir do qual será extinta.
Uma das particularidades deste direito de sequela é que o Credor pode refutá-lo ao adquirente, ou seja, devido á garantia real da qual o credor é titular, pode este se opor ao adquirente quanto à obrigação de fornecer-lhe todos os frutos e rendimentos oriundos do imóvel. Mesmo em caso de transmissão causa mortis, ou ainda inter vivos, esta garantia se estende, isto quer dizer que, qualquer alteração na propriedade não extingue o direito adquirido pelo credor, inclusive pode esse direito ser oposto a outros credores e aos hipotecários do bem gravado da Anticrese.
O anticresista não possui preferência no pagamento do seu crédito com o valor alcançado com a execução, pois, a garantia que o credor tem recai apenas sobre os frutos e rendimentos do imóvel, não podendo ser alegada a preferência sobre a execução do bem em si.
Carlos Roberto Gonçalves doutrina sobre o instrumento que: “Embora conhecida há séculos, é pouco utilizada, recaindo a preferência, hodiernamente, sobre a hipoteca. Apresenta o inconveniente de retirar do devedor a posse e gozo do imóvel, transferindo-os para o credor. Este é obrigado, por sua conta, a colher os frutos e pagar-se, como mencionado, com o seu próprio esforço’’.
Há de se convir que, dificilmente alguém terá interesse em adquirir um imóvel de uso e gozo restrito ao credor do alienante, por tempo, ainda que curto. Este constrangimento dificulta a livre circulação do bem onerado por anticrese. Ademais, fere a garantia de novos créditos sob o bem, pois, uma vez o imóvel onerado, não será permitido subanticreses. A anticrese é um contrato pelo qual é dada ao credor como uma garantia de uma dívida uma propriedade do devedorpara que possa explorá-la e perceber seus frutos, e por sua vez, aplicá-las ao pagamento da obrigação adquirida. 
 	Principais características da anticrese:
É um verdadeiro contrato: é concluída com a entrega do imóvel, mas não concede qualquer direito do credor sobre a coisa, o direito é limitado exclusivamente a produzir bons frutos, e deles abater a divida.
É um contrato unilateral: só surgem obrigações para com o credor; também recai sobre o credor a obrigação de pagar contribuições e os impostos que pesam sobre o imóvel. Impõe ainda a obrigação de alocar os frutos, primeiro a juros, e em segundo liquidar a dívida de capital. 
É um contrato acessório: visa assegurar a obrigação primária de um contrato anterior.
É um contrato cumulativo: a partir do momento da sua constituição, as partes estão cientes das obrigações de cada um deles.
É um contrato de trato sucessivo: se prolonga no tempo para alcançar os objetivos económicos propostos pelas partes.
É um acordo de segurança: ele é considerado um contrato de segurança, porque atribuiu ao credor direito real sobre coisa alheia.
Produz efeitos puramente pessoais.
Sua finalidade é satisfazer uma pré- dívida existente.
 É elemento essencial para a existência da anticrese, como direito real que é, assim como os elementos comuns a outras espécies de contratos, a entrega efetiva da coisa. Também se exige para ser válida que seja acessório, pressupondo a existência de uma obrigação anterior válida. Surge da necessidade das partes em liquidar uma divida. 
 A anticrese como um contrato pressupõe a "entrega da coisa" subsidiariamente a uma obrigação principal. No tocante ao consentimento, a anticrese está sujeita às regras de direito comum, Exceto que seu proprietário entrega a coisa ao credor, para este faze-la produzir, melhorar. Tal instituto deve ser registrado no cartório que corresponde à localização da propriedade para que possa ser oposta a terceiros. A lei não prevê formalidades especiais para a celebração, mas o próprio registro é necessário para que a tenham efeito perante terceiros. O princípio geral e fundamental da questão é que os atos sujeitos à formalidade do registro têm efeito contra terceiros por qualquer razão.
Os artigos de 1.421 a 1.430 elencam as hipóteses e condições que cerceiam a anticrese. É facultada ao credor anticresista a obrigação de gerir o imóvel do devedor. Esta obrigação é subdividida em uma série de obrigações que o credor deve atender durante o período de execução do contrato. Também cabem ao credor as despesas operacionais da anticrese, assim como as contribuições oriundas da propriedade, além de reparos pertinentes aos frutos do imóvel.
Caso o credor anticresista, viole o papel de gestão imposto pela lei, seja através de exploração negligente da propriedade, pelo não pagamento das contribuições ou reparos acordados, seja por danos causados a propriedade estará sujeito a sanções e consequências jurídicas destes atos. Cabe ainda ao credor a responsabilidade de prestar contas depois de encerrada sua gestão administrativa, demostrando a real e efetiva redução do montante da divida que originou a anticrese. Esta responsabilidade é uma consequência da função de administrar coisa alheia. Como um resultado do direito sobre uma coisa alheia, o credor tem a obrigação de cuidar da propriedade que lhe foi entregue, podendo ainda intentar ações para defender-se contra terceiros, salvo os interditos. Resta ainda ao credor a obrigação de devolver a coisa, em caso de cessação do contrato por qualquer das formas de rescisão de contratos previstas.
Nos casos de conflito entre um credor hipotecário e o anticresista, deve- se considerar, que se a hipoteca é registrada antes do registo da anticrese, a execução do credor hipotecário extinguiu o direito do credor anticresista; mas se a anticrese foi gravada antes da hipoteca, o hipotecário deve respeitar o direito de anticresista.
Pode ser extinta a anticrese por diversas formas. Pela renuncia, bem como pelo decorrer do lapso temporal de 15 anos do registro da anticrese no cartório de imóveis, caracterizando decadência. Nos casos de perecimento do imóvel ou desapropriação do mesmo, extingue-se o instituto da anticrese, porém permanece a divida. Quando o credor não opuser seu direito de retenção diante de outros credores, embargando a terceiros, também pode ser extinta a anticrese. A forma mais tradicional de extinção ocorre pelo pagamento integral da divida, momento em que, após o cumprimento da obrigação pelo devedor, a posse do credor passa a ser injusta. 
6 - CONCLUSÃO:
Conclui-se com este estudo que o direito real é um instituto do direito das coisas, que concede a seu titular exercício de poderes sobre a coisa sob a qual recai o direito. Dentro estes direitos reais, existem os sobre coisas alheias, que é o caso da propriedade e os institutos aqui elencados. As características destes são por demais parecidas e o intuito deste estudo foi defini-las e conceitua-las cada uma a seu âmbito, campo, consequência e efeitos, bem como formas de extinção.
Ante todo o exposto, destaca-se a importância dos direitos reais sobre coisa alheia, independente da forma como seja constituído, quer seja por meio da servidão, do uso, da habitação, ou ainda pela anticrese. E sua evolução construída através de diversas transformações sofridas pelo Direito como um todo nos últimos tempos. 
Referências Bibliográficas:
BRASIL. Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002.[ Internet] Disponível em. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm Acesso em: 10. jun.2017.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro, volume 5: direito das coisas. 8ª ed. São Paulo: Saraiva 2013.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil, São Paulo, Saraiva, 1979, p. 390.
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil: direito das coisas. Rio de Janeiro: Forense, 2006. 1ª edição.
TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito das Coisas. 5 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2013. P. 324/375
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Direitos Reais. 13ª Ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2013.

Outros materiais