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COORDENADORA GERAL: CARMEN ELIZABETH KALINOWSKI DIRETORAS ACADÊMICAS: JUSSARA GUE MARTINI VANDA ELISA ANDRES FELLI PROENF | SAÚDE DO ADULTO | Porto Alegre | Ciclo 2 | Módulo 4 | 2007 PROENF PROGRAMAS DE ATUALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM SAÚDE DO ADULTO 4CICLO MÓDULO2 proenf-sa_0_Iniciais e sumario.pmd 26/8/2008, 10:433 Associação Brasileira de Enfermagem ABEn Nacional SGAN, Conjunto “B”. CEP: 70830-030 - Brasília, DF Tel (61) 3226-0653 E-mail: aben@nacional.org.br http://www.abennacional.org.br Artmed/Panamericana Editora Ltda. Avenida Jerônimo de Ornelas, 670. Bairro Santana 90040-340 – Porto Alegre, RS – Brasil Fone (51) 3025-2550 – Fax (51) 3025-2555 E-mail: info@sescad.com.br consultas@sescad.com.br http://www.sescad.com.br Os autores têm realizado todos os esforços para localizar e indicar os detentores dos direitos de autor das fontes do material utilizado. No entanto, se alguma omissão ocorreu, terão a maior satisfação de na primeira oportunidade reparar as falhas ocorridas. As ciências da saúde estão em permanente atualização. À medida que as novas pesquisas e a experiência ampliam nosso conhecimento, modificações são necessárias nas modalidades terapêuticas e nos tratamentos farmacológicos. Os autores desta obra verificaram toda a informação com fontes confiáveis para assegurar-se de que esta é completa e de acordo com os padrões aceitos no momento da publicação. No entanto, em vista da possibilidade de um erro humano ou de mudanças nas ciências da saúde, nem os autores, nem a editora ou qualquer outra pessoa envolvida na preparação da publicação deste trabalho garantem que a totalidade da informação aqui contida seja exata ou completa e não se responsabilizam por erros ou omissões ou por resultados obtidos do uso da informação. Aconselha-se aos leitores confirmá-la com outras fontes. Por exemplo, e em particular, recomenda-se aos leitores revisar o prospecto de cada fármaco que lanejam administrar para certificar-se de que a informação contida neste livro seja correta e não tenha produzido mudanças nas doses sugeridas ou nas contra-indicações da sua administração. Esta recomendação tem especial importância em relação a fármacos novos ou de pouco uso. Estimado leitor É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na web e outros), sem permissão expressa da Editora. Os inscritos aprovados na Avaliação de Ciclo do Programa de Atualização em Enfermagem (PROENF) receberão certificado de 180h/aula, outorgado pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) e pelo Sistema de Educação em Saúde Continuada a Distância (SESCAD) da Artmed/ Panamericana Editora, e créditos a serem contabilizados pela Comissão Nacional de Acreditação (CNA), para obtenção da recertificação (Certificado de Avaliação Profissional). proenf-sa_0_Iniciais e sumario.pmd 26/8/2008, 10:432 69 PR OE NF SA ÚDE DO AD ULT O SE SCA D Cynthia Regina Souza da Silva – Graduada em enfermagem pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Especialista em Saúde da Família pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Enfermeira e coordenadora da Unidade de oncologia clínica do Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON) Jacqueline Silva – Graduada em enfermagem pela UFSC. Especialista em Projetos Assistenciais pela Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (PEN/UFSC). Especialista em enfermagem obstétrica pela PEN/UFSC. Mestre em Assistência de Enfermagem pela PEN/UFSC. Enfermeira obstetra do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU/UFSC). Enfermeira da Central de Quimioterapia do CEPON. Docente da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) Juliana Coelho de Campos – Graduada em enfermagem pela UFSC. Especialista em Saúde Pública pela Faculdade Padre João Bagozzi, Curitiba/PR. Enfermeira do ambulatório de Radioterapia do CEPON Karin Kassulke Feuerschuette – Graduada em enfermagem pela UNISUL. Especialista em Administração Hospitalar pela UFSC. Enfermeira do ambulatório de Radioterapia do CEPON Luciana Martins da Rosa – Graduada em enfermagem pela UFSC. Especialista em Projetos Assistenciais pela PEN/UFSC. Especialista em enfermagem oncológica pela Sociedade Brasileira de Enfermagem Oncológica (SBEO). Mestre em enfermagem pela PEN/UFSC. Enfermeira e coordenadora de ensino do CEPON Maristela Jeci dos Santos – Graduada em enfermagem pela UFSC. Especialista em Gestão Hospitalar pela UNISUL. Especialista em enfermagem oncológica pela SBEO. Mestranda em enfermagem pela PEN/UFSC. Enfermeira do Serviço de Cuidados Paliativos do CEPON Silvana Romagna Marcelino – Graduada em Enfermagem pela UFSC. Especialista em Projetos Assistenciais na área de Cuidado Domiciliar. Mestre em Assistência de Enfermagem pela PEN/ UFSC. Doutoranda em Filosofia, Saúde e Sociedade pela PEN/UFSC. Enfermeira da Secretaria de Estado da Saúde (SES/SC). Docente da UNISUL Vera Radünz – Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista em Metodologia do Ensino e Assistência de Enfermagem pela UFSC. Especialista em Enfermagem Oncológica, pela Universidade da Califórnia (USA). Mestre em Enfermagem pela UFSC. Doutora em enfermagem pela UFSC. Pós-doutorado na Universidade de Alberta, Edmonton, Canadá. Docente do curso de graduação e pós-graduação em enfermagem da UFSC. CYNTHIA REGINA SOUZA DA SILVA JACQUELINE SILVA JULIANA COELHO DE CAMPOS KARIN KASSULKE FEUERSCHUETTE LUCIANA MARTINS DA ROSA MARISTELA JECI DOS SANTOS NEN NALÚ ALVES DAS MERCÊS SILVANA ROMAGNA MARCELINO VERA RADÜNZ NOÇÕES BÁSICAS DE ENFERMAGEM ONCOLÓGICA proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4569 70 NO ÇÕ ES BÁS ICA S D E E NFE RM AG EM ON CO LÓG ICA INTRODUÇÃO O câncer é caracterizado como uma doença crônica degenerativa, com evolução progressiva se não sofrer interferência. Trata-se não apenas de uma enfermidade, mas de um processo comum a um grupo heterogêneo de doenças que diferem em sua etiologia, freqüência e manifestações clínicas. As pesquisas já possibilitaram a identificação de, aproximadamente, cem tipos diferentes de câncer.1 Cada célula neoplásica apresenta aspectos morfológicos, bioquímicos, genéticos diferenciados da célula de origem. O processo em que uma célula normal se divide anomalamente chama- se carcinogênese. A evolução do câncer inclui várias fases, que dependem da velocidade do crescimento tumoral, do órgão sede do tumor, de fatores constitucionais da pessoa, de fatores ambientais, dentre outros. Os tumores podem ser detectados nas fases microscópicas, pré- clínica ou clínica. Geralmente, os tumores seguem um percurso biológico comum, iniciando pelo crescimento e invasão local, seguido pela invasão dos órgãos vizinhos e terminando com a disseminação regional e sistêmica. Essa evidência levou a União Internacional Contra o Câncer (UICC) a desenvolver um sistema de estadiamento dos tumores que tem como base a avaliação da dimensão do tumor primário (T), a extensão da disseminação em linfonodos regionais (N) e a presença ou não de metástases à distância (M), chamado sistema TNM de classificação dos tumores malignos. Para a aplicação do sistema TNM de classificação dos tumores malignos, na interpretação de cada fator, são analisadas as diversas variações que, para o tumor primitivo vão de T1 a T4, para o comprometimento linfático, de N0 a N3 e para as metástases a distância, de M0 a M1.2, 3 Atualmente, as modalidades de tratamento do câncer são: ■■■■■ cirurgia; ■■■■■ quimioterapia; ■■■■■ radioterapia; ■■■■■ bioterapia. A cirurgia, durante muito tempo, foi o único método de tratamento do câncer. Com o avanço das técnicas cirúrgicas e do conhecimento do mecanismo de disseminação, a ressecção dos tumoresem áreas extensas tornou-se possível, permitindo, em muitos casos, o controle e a cura da doença.4 Devido à problemática do câncer no Brasil, em 2005, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Atenção Oncológica, visando à promoção, à prevenção, ao diagnóstico, ao tratamento, à reabilitação e aos cuidados paliativos, a ser implantada em todo país. As estratégias e ações abrangem o controle do câncer na promoção da saúde, na detecção precoce, na assistência aos pacientes, na vigilância, na formação de recursos humanos, na comunicação e mobilização social, na pesquisa e na gestão do SUS.5 proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4570 71 PR OE NF SA ÚDE DO AD ULT O SE SCA DA Política Nacional de Atenção Oncológica vem ao encontro da necessidade do controle do câncer, devido ao aumento do número de casos no mundo e particularmente no Brasil. Há a previsão de que o número de mortes aumente em todo mundo e alcance os 9 milhões em 2015. A estimativa anual de novos casos de câncer, até 2020, será de 15 milhões de pessoas diagnosticadas.6 As estimativas do câncer no Brasil para o ano de 2008, apontam que ocorrerão 466.730 casos novos de câncer, sendo esperados 231.860, para o sexo masculino, e 234.870 para o sexo feminino.7, 8 O Ministério da Saúde estabeleceu uma rede de oncologia composta por Centro de Assistência de Alta complexidade em Oncologia (CACON), Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) e o Centro de Referência de Alta Complexidade em Oncologia, que são os CACON, que também atuam na elaboração de políticas de atenção oncológica. Para uma melhor compreensão, dividimos este capítulo em unidades, cada qual abordando uma questão da área oncológica.5 OBJETIVOS Ao término da leitura deste capítulo, espera-se que o leitor esteja apto a: ■■■■■ familiarizar-se com as noções básicas de tratamento do paciente oncológico; ■■■■■ reconhecer as vias de administração de drogas quimioterápicas e suas especificidades; ■■■■■ fornecer informações e orientações aos pacientes e seus familiares; ESQUEMA CONCEITUAL Noções básicas de enfermagem oncológica Noções básicas da terapêutica quimioterápica Fatos históricos sobre a quimioterapia Conceito de quimioterapia Classificação dos quimioterápicos Cuidados ocupacionais Vias de administração das drogas quimioterápicas Via oral Via intramuscular e subcutânea Via arterial Via intratecal Via intraperitoneal Via intrapleural Via intravesical Via endovenosa Reações adversas Noções básicas da terapêutica radioterápica Radioproteção Orientações para pacientes submetidos à radioterapia Principais efeitos da radioterapia Noções básicas em cuidados paliativos Principais vias de administração de medicamentos A hospitalização do paciente com câncer Cuidando do cuidador Conclusão Caso clínico proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4571 72 NO ÇÕ ES BÁS ICA S D E E NFE RM AG EM ON CO LÓG ICA NOÇÕES BÁSICAS DA TERAPÊUTICA QUIMIOTERÁPICA A quimioterapia representa uma das formas de tratamento para o câncer, socialmente, ainda é temida em função das reações adversas e pelas mudanças na estética corporal. Os enfermeiros que cuidam de pessoas com câncer precisam recorrer ao conhecimento de diversas abordagens terapêuticas para atender as necessidades de cuidados que surgem no transcorrer do tratamento. Este capítulo apresenta algumas noções básicas sobre quimioterapia, contribuindo para o cuidado da pessoa com câncer, sem a intenção de esgotar o tema, mas de estimular os profissionais a buscarem outras fontes de informação para o aprofundamento do conhecimento na área. FATOS HISTÓRICOS SOBRE A QUIMIOTERAPIA Os relatos históricos apontam que a quimioterapia iniciou no Egito e na Grécia, utilizando sais metálicos, tais como arsênico, chumbo, cobre e aço. No final do século XIX, entre 1865 e 1890, há evidências de tratamentos com o arsênico de potássio e com componentes bacterianos. No entanto, nenhuma dessas terapêuticas resultavam em respostas eficazes no combate ao câncer.1, 9 A hormonioterapia, no tratamento do câncer de próstata e de mama, iniciou por volta dos anos 1940. Outro marco importante do século XX foi a realização de pesquisas com roedores, que objetivavam verificar o potencial dos agentes quimioterápicos. Ainda no século XX, na Segunda Guerra Mundial, a exposição acidental de pessoas à mostarda nitrogenada (um gás) chamou a atenção de pesquisadores por ter esse acidente desencadeado mielodepressão nos contaminados pelo gás. Desde então, as pesquisas se intensificaram, e o crescimento tecnológico possibilitou o surgimento de drogas para o combate e o controle do câncer.1, 9 Na atualidade, outra forma de tratamento para o câncer é a bioterapia. Essa modalidade terapêutica não é classificada como quimioterapia, todavia, sua ação seletiva à célula neoplásica tem trazido resultados importantes, reduzindo as reações adversas ocasionadas pelos quimioterápicos. CONCEITO DE QUIMIOTERAPIA A quimioterapia é uma das terapêuticas de tratamento do câncer, sendo que as drogas utilizadas atuam de forma sistêmica no organismo e objetivam destruir as células neoplásicas. Para compreendermos a ação sistêmica da quimioterapia, é necessário relembrar a divisão celular. As células, para se dividirem, seguem uma seqüência de fases, conforme apresentadas na Figura 1. proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4572 73 PR OE NF SA ÚDE DO AD ULT O SE SCA D As fases da divisão celular, conforme mostra a Figura 1, são as seguintes: ■■■■■ fase G0 – corresponde ao período não-proliferativo celular (período de descanso); ■■■■■ fase G1 – corresponde ao início do processo de divisão celular, em que ocorre a síntese das proteínas necessárias à formação do DNA; ■■■■■ fase S – corresponde a síntese do DNA (duplicação do material genético); ■■■■■ fase G2 – corresponde a síntese do RNA e das proteínas necessárias ao processo de divisão celular; ■■■■■ fase M ou mitose – corresponde à conclusão do processo de duplicação celular (inclui as etapas de prófase, metáfase, anáfase e telófase). As drogas quimioterápicas agem nas fases da divisão celular. Quanto maior a atividade mitótica, maior será a ação ou toxicidade da droga quimioterápica sobre as células. Assim sendo, a ação sistêmica está diretamente relacionada ao poder da droga de atingir as células normais e neoplásicas em divisão celular no organismo. Existe um tropismo entre a droga quimioterápica e a célula neoplásica, ainda não explicado cientificamente. As células do folículo piloso, do epitélio de revestimento do trato gastrintestinal, do tecido hematopoiético e germinativo são exemplos de células normais que apresentam alta divisão celular e que também são atingidas pelas drogas quimioterápicas.9, 11, 12 Figura 1 – Fases da divisão celular. Fonte: Adaptada de Mafra e Rodrigues (2007).10 G0 Fase de repouso G1 Síntese protéica inicial S Síntese do DNA Metotrexate 5-Fluorouracil 6-Mercaptopurina Citosina arabinosida G2 Síntese de RNA INTERFASE MITOSE Prófase Vincristina VinblastinaMetáfaseAnáfase Telófase Adriamicina Actinomicina Bleomicina Mostarda nitrogenada Melfalan Ciclofosfamida Clorambucil proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4573 74 NO ÇÕ ES BÁS ICA S D E E NFE RM AG EM ON CO LÓG ICA Os quimioterápicos podem ser utilizados isoladamente ou em combinação, e os protocolos (esquemas) de tratamentos são estabelecidos internacionalmente. A dosagem das drogas segue normatização em miligramas por metro quadrado. Para tanto, é necessário o cálculo da superfície corporal do paciente em tratamento para prescrição da dosagem da droga. A indicação da quimioterapia podeser curativa ou paliativa. A forma curativa é a abordagem principal da terapêutica quimioterápica, objetivando a remissão completa da doença. A paliativa, apesar de não objetivar a cura, poderá possibilitar o controle do crescimento tumoral, redução da massa tumoral e dos sintomas oriundos do aparecimento do câncer, assim favorecendo a qualidade de vida. Além dessas indicações, a quimioterapia é indicada como terapêutica neo-adjuvante (administração do quimioterápico antes do tratamento principal, como, por exemplo, cirurgia), adjuvante (administração do quimioterápico depois do tratamento principal) e potencializadora (administração do quimioterápico simultaneamente à radioterapia).1,11,12 CLASSIFICAÇÃO DOS QUIMIOTERÁPICOS Os quimioterápicos são classificados de acordo com a ação celular e estrutura química, conforme o Quadro 1. Quanto à estrutura química, apresentamos apenas a classificação geral, pois cada classificação é composta por várias drogas. Atualmente, encontram-se no mercado mais de 100 drogas quimioterápicas.1,9,11,12 Quadro 1 CLASSIFICAÇÃO DOS QUIMIOTERÁPICOS PELA ESTRUTURA QUÍMICA DE AÇÃO CELULAR 1. Quais são os objetivos das indicações de quimioterapia? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 2. Quais são os cuidados fundamentais quando realizada a administração de quimioterápicos? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. Ação celular Drogas ciclo celular específicas – atuam em uma determinada fase da divisão celular. Drogas ciclo celular não-específicas – atuam em qualquer fase da divisão celular. Estrutura química Antimetabólitos Alcalóides Antibióticos antitumorais (agem em várias fases da divisão celular) Alquilantes Fonte: Serviço de cuidados paliativos - CEPON. proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4574 75 PR OE NF SA ÚDE DO AD ULT O SE SCA D3. Quais orientações devem ser dadas aos pacientes e familiares quando da administração de quimioterápicos? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. CUIDADOS OCUPACIONAIS O manejo das drogas quimioterápicas exige área física apropriada. O desenvolvimento tecnológico e o aperfeiçoamento dos equipamentos e da técnica de manipulação dos quimioterápicos favorecem a atuação profissional com segurança, apesar da presença de riscos ocupacionais. A manipulação das drogas quimioterápicas, por serem drogas carcinogênicas, mutagênicas, fetotóxicas e teratogênicas, possui padrões internacionais estabelecidos para garantir o cuidado necessário aos profissionais, desde o armazenamento até o descarte dos resíduos, bem como a qualquer outro indivíduo que esteja presente durante o desenvolvimento do processo. Na Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – RDC/ANVISA n° 50, de 21/02/200211 e 220, de 21/09/200411 – há as normatizações sobre a manipulação dos quimioterápicos. Ressaltaremos alguns pontos que consideramos essenciais. O preparo dos quimioterápicos deve ser realizado pelo farmacêutico em ambiente físico próprio a este fim, contendo área para paramentação, sala exclusiva para preparação dos quimioterápicos, com cabine de segurança biológica – classe II B2 – (câmara), área de estocagem dos quimioterápicos. A diluição das drogas deve ter rigor asséptico, de estabilidade e de identificação das drogas. A paramentação para diluição inclui gorro, máscara de carvão ativado, avental de mangas longas, dois pares de luva de látex e propés. O enfermeiro poderá assumir a diluição dos quimioterápicos na ausência do farmacêutico. A administração deve ser realizada preferencialmente por um enfermeiro ou supervisionada pelo mesmo. O profissional deve ter atenção com a higienização das mãos antes e após os procedimentos, deve utilizar equipamento de proteção individual (EPI), tais como avental de mangas longas, luva de látex. O uso de máscara é recomendado (não exigido), desde que seja de carvão ativado, máscaras descartáveis comuns não protegem os profissionais. A diluição deve seguir rigor técnico de balanceamento de pressão para evitar a formação de aerossóis. Gotejamentos e/ou derramamentos das drogas devem ser evitados desde a administração até o descarte do material. O local de descarte de todos os materiais que entraram em contato com os quimioterápicos deve ser exclusivo para este fim e os profissionais que irão recolhê-los devem ter ciência do conteúdo a ser transportado. A RDC 306 dispõe sobre o regulamento técnico para gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.12 proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4575 76 NO ÇÕ ES BÁS ICA S D E E NFE RM AG EM ON CO LÓG ICA Outro ponto importante são os cuidados com as excretas do paciente, durante as primeiras 72 horas após a administração da droga quimioterápica, pois as mesmas apresentam drogas ativas. Assim, cabe ao enfermeiro orientar o paciente e aos familiares para terem cuidados, tais como: ■■■■■ após a micção, evacuação ou vômitos a descarga do vaso sanitário deve ser acionada com a tampa fechada, duas vezes; ■■■■■ caso o vômito necessite ser limpo, como por exemplo no chão, devem ser utilizados panos ou papéis absorventes descartáveis que devem ser colocados em sacos plásticos exclusivos para este fim, amarrando-os antes do descarte. Nos ambientes hospitalares e ambulatoriais, os profissionais devem seguir os procedimentos estabelecidos na RDC 306. É indicada aos profissionais envolvidos na manipulação dos quimioterápicos a realização de exames semestrais para verificação da função renal, hepática, pulmonar, hemograma e plaquetas. Além disso, devem estar envolvidos em programas de educação permanente na área de enfermagem oncológica. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DAS DROGAS QUIMIOTERÁPICAS A administração dos quimioterápicos pode ser realizada por todas as vias de administração de medicamentos conhecidas na atualidade. No entanto, a via endovenosa é a mais utilizada. Os profissionais devem possuir conhecimento sobre a fisiopatologia do câncer, farmacologia das drogas quimioterápicas e outras drogas envolvidas nos esquemasterapêuticos. É de extrema importância o conhecimento sobre o preparo, administração e descarte dos quimioterápicos, conhecimento e habilidade no desenvolvimento das técnicas de administração de medicamentos e controle dos equipamentos, como bombas de infusão e carros de emergência. Além disto, é imprescindível o conhecimento sobre as reações adversas e complicações relacionadas ao tratamento e a patologia. Para os profissionais é fundamental: ■■■■■ identificar o paciente; ■■■■■ conferir prescrição; ■■■■■ verificar o estado físico, cognitivo e psicológico do paciente; ■■■■■ verificar as necessidades de cuidado ao paciente e familiares; ■■■■■ planejar cuidados às necessidades detectadas; ■■■■■ complementar orientações na evidência de dúvidas quanto ao tratamento, aos procedimentos e as reações adversas; ■■■■■ verificar exames; ■■■■■ ouvir sempre o paciente; ■■■■■ estar sempre atento a qualquer reação. Ressaltamos que a qualidade de vida do paciente poderá ser favorecida pela intervenção multiprofissional, sendo assim, é importante que o enfermeiro saiba reconhecer a necessidade de intervenção de outros profissionais da área da saúde, como assistente social, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico, nutricionista, odontólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional, dentre outros. proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4576 77 PR OE NF SA ÚDE DO AD ULT O SE SCA DOs cuidados específicos mais relevantes serão citados neste capítulo, conforme a via de administração. Lembramos que os cuidados básicos das técnicas de enfermagem são mantidos e por isto não serão citados. Via oral A utilização da via oral para a administração de quimioterápicos exige que o paciente esteja ciente do tratamento e colaborativo, sem dificuldades de deglutição e sem episódios de vômitos. No manuseio da droga, deve-se proteger a mão, através do uso de luvas ou por outro meio de barreira. Vias intramuscular e subcutânea Na utilização das vias intramuscular e subcutânea para a administração de quimioterápicos cabe ao enfermeiro identificar o melhor local para administração e realizar rodízio dos locais. A observação da massa muscular e subcutânea é essencial para definição do local de administração e da agulha a ser utilizada. É também recomendado não fazer fricção após a administração de quimioterápicos. A aplicação de compressas quentes ou frias no local da punção, após a administração das drogas quimioterápicas, não é recomendada. Via arterial Na utilização da via arterial para a administração de quimioterápicos, a droga é administrada através da implantação de cateteres temporários ou permanentes, sendo que esses permitem acesso direto na área de irrigação do tumor. Os cateteres temporários são implantados por médico e sua localização é verificada por métodos angiográficos. Os cuidados de enfermagem referem-se à instalação da droga em bomba de infusão e à avaliação do sítio de punção. Caso o cateter seja temporário, é necessário que o paciente seja orientado, quanto à necessidade de permanecer com o local da punção imobilizado para evitar o deslocamento da ponta do cateter. O pulso do membro puncionado deve ser verificado permanentemente. De acordo com tempo de administração da droga e as especificidades do paciente, poderá ser recomendado o cateterismo vesical de demora. Via intratecal Na utilização da via intratecal para a administração de quimioterápicos, a técnica de administração é realizada pelo médico, no entanto, cabe ao enfermeiro a orientação do paciente quanto ao procedimento, ao preparo do material, à imobilização do paciente, favorecendo a punção lombar. Após o procedimento, orientar e supervisionar o repouso em decúbito ventral ou dorsal, durante duas horas, e avaliar as reações adversas, como cefaléia, náuseas e vômitos, febre, rigidez da nuca, paresias, dor lombar, confusão, irritabilidade, vertigem, sonolência e convulsões. proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4577 78 NO ÇÕ ES BÁS ICA S D E E NFE RM AG EM ON CO LÓG ICA Via intraperitoneal A utilização da via intraperitoneal permite a administração da droga em uma cavidade, normalmente realizada através de cateter de curta permanência, como o “intracath” ou “jelco”, ou de longa permanência. O cateter é instalado pelo médico e possibilita o contato da droga em toda a extensão cavitária. Na utilização da via intraperitoneal, cabe ao enfermeiro a administração da droga e a supervisão da mudança de decúbito. O tempo de permanência e de drenagem da droga deve seguir a prescrição médica, tendo-se o cuidado para evitar derramamentos e para descartar apropriadamente os resíduos. Ressaltamos que, em muitos casos, há a necessidade da paracentese para drenagem do líquido ascítico antes da administração do quimioterápico. Via intrapleural Na utilização da via intrapleural, a administração da droga é realizada através de um cateter ou dreno pleural instalado pelo médico, sendo que o mesmo também prescreve o tempo de permanência da droga no espaço pleural. O enfermeiro deve orientar e supervisionar a permanência do paciente em decúbito lateral ou sentado com o dorso livre e os braços apoiados, alterando a posição a cada 15 minutos. Além disso, deve ter atenção com a possibilidade de oclusão do cateter o que impede a drenagem da droga. Ao fim da administração, a retirada da droga poderá ocorrer de forma espontânea ou por sucção. Durante todo o procedimento deve-se observar sinais de dor pleural, hipertermia, alterações da pressão arterial, da freqüência e do padrão respiratório.9 Via intravesical A utilização da via intra-vesical permite a administração de drogas quimioterápicas na bexiga, no entanto a principal droga utilizada por essa via para controle do câncer de bexiga é o bacilo Calmette- Guérin (Onco-BCG). Os cuidados de enfermagem devem seguir os cuidados preconizados para realização do cateterismo vesical de alívio. Todavia, alguns cuidados são específicos para esta técnica, tais como o esvaziamento da bexiga antes do procedimento. Ao término do cateterismo, infundir a medicação previamente diluída, em seguida injetar mais 10 mL de soro fisiológico e retirar a sonda de alívio (sugerimos o uso de sonda uretral nº 6). O paciente deve permanecer deitado fazendo mudança entre os decúbitos ventral, dorsal, lateral direito e esquerdo, a cada 15 minutos. Após a primeira hora, o paciente poderá ser liberado, mas deve permanecer por mais uma hora com o medicamento na bexiga. Depois desse período, o paciente deve urinar e tomar cerca de 2 litros de líquidos. Na presença de sangramento, dor, dificuldade para urinar, sinais e sintomas de resfriados o enfermeiro deverá comunicar ao médico. Proceder aos registros necessários e verificar se o paciente está realizando os cuidados orientados. Os sinais e sintomas de resfriado devem ser investigados, pois se tratando de aplicação de um bacilo vivo o mesmo poderá levar ao desenvolvimento de infecção. proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4578 79 PR OE NF SA ÚDE DO AD ULT O SE SCA DVia endovenosa As drogas quimioterápicas podem ser vesicantes (causam necrose tecidual quando extravasadas para fora do vaso) ou irritantes (causam dor e reações inflamatórias locais tanto no vaso ou quando extravasadas para fora do vaso). Quando utilizadas por via endovenosa, as drogas, de acordo com os protocolos, são administradas em bolo (3 mL da droga intercalando com a administração do soro) ou infusão contínua (pode variar de 15 minutos até 24 horas). Para punção do vaso periférico, o profissional deverá dar preferência para punções de distal para proximal nos membros superiores, evitando-se as articulações ou membros comprometidos por qualquer natureza. Durante a administração de drogas quimioterápicas, o local de punção deve ser observadopermanentemente e queixas de dor ou queimação devem ser valorizadas. A escolha dos dispositivos de punção depende da característica da droga a ser administrada e das condições venosas do paciente. Na oncologia, o uso de cateter totalmente implantável, semi-implantável ou cateter central de implantação periférica são indicados freqüentemente, exigindo do enfermeiro capacitação e domínio da técnica de punção. Reações adversas As reações adversas podem limitar o uso de alguns quimioterápicos. As reações podem ser imediatas ou tardias, agudas ou crônicas ou até mesmo cumulativas. Além das células que possuem rápida divisão celular, atingidas pela ação dos quimioterápicos, a função de alguns órgãos pode ser atingida (coração, pulmão, fígado, rim, bexiga, sistema nervoso central). Alterações metabólicas e anafiláticas também podem ocorrer. As reações mais comuns são: ■■■■■ náuseas; ■■■■■ vômitos; ■■■■■ alopecia; ■■■■■ toxicidade hematológica e dermatológica local. É importante esclarecer que as reações diferem de pessoa para pessoa e a intensidade e a duração são muito variáveis. Muitos pacientes não apresentam reações adversas, o “status” do paciente, a droga e dosagem e o tempo de tratamento estão diretamente relacionados a esse fato. As náuseas e vômitos são desencadeadas por estímulos ao sistema nervoso central. Esses estímulos são decorrentes da ação dos quimioterápicos que liberam neurotransmissores, como a serotonina, prostaglandina, histamina e neurocina-1. Por outro lado, o córtex cerebral também pode ser estimulado pelas associações que o paciente faz aos sinais, sons e odores relacionados ao ambiente da quimioterapia, assim desencadeando os vômitos antecipatórios. O manejo das náuseas e vômitos envolve prevenção, avaliação e tratamento do paciente. O tratamento constitui-se no emprego de drogas antagonistas da serotonina, análogos das benzamidas, glicocorticóides, benzodiazepínicos, butiferonas, canabinóides, antagonistas do receptor NK-1 ou antagonistas do receptor da substância P. Intervenções não-farmacológicas envolvendo o controle da ansiedade e dos medos, intervenções comportamentais, dietéticas e cuidados com o ambiente auxiliam o controle das náuseas e vômitos e em alguns casos evitam a utilização medicamentosa.9 proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4579 80 NO ÇÕ ES BÁS ICA S D E E NFE RM AG EM ON CO LÓG ICA A ação isolada ou em combinação de algumas drogas quimioterápicas sobre o folículo piloso podem causar a alopecia. Em geral, a queda apresenta-se mais no couro cabeludo, no entanto, ela pode se estender a todos os pêlos. O crescimento dos pêlos normalmente ocorre no primeiro mês após o término do tratamento. A toxicidade hematológica é fator dose-limitante aos protocolos quimioterápicos. Na mielodepressão, a leucopenia é a primeira alteração hematológica perceptível, na seqüência podem surgir a trombocitopenia e a anemia. Assim, cabe ao enfermeiro, estar atento aos resultados dos exames, avaliar rigorosamente sinais e sintomas de infecção, sangramento e anemia, ter rigor asséptico nas técnicas e estimular paciente e família para o autocuidado. A toxicidade dermatológica local caracteriza-se pelo extravasamento de drogas quimioterápicas para fora do vaso sangüíneo. Dessa forma, o principal cuidado de enfermagem é preventivo e deve ser realizado durante a punção venosa e administração das drogas. Se os cuidados preventivos não impediram o extravasamento, o cuidado principal torna-se então em extravasar o mínimo de droga possível, por isto uma equipe capacitada, com experiência e habilidade favorece a diminuição desta intercorrência. Diante de um extravasamento, o profissional deve parar a infusão, aspirar a droga extravasada e aplicar no local de punção o antídoto preconizado pelo serviço. Nos extravasamentos de drogas vesicantes, é necessário realizar compressas geladas por 48 horas (4 vezes ao dia), se a droga extravasada for um derivado da vinca a compressa deve ser quente, e manter curativo por cinco dias (cobertura também deve ser padronizada pelo serviço). Caso o local extravasado não apresente alterações locais, após cinco dias os curativos podem ser suspensos e se houver lesão os curativos devem continuar sendo realizados, mas com avaliação periódica para estabelecer a melhor cobertura. Em alguns casos, há a necessidade do tratamento cirúrgico das lesões. A ação educativa do enfermeiro em relação às reações adversas é importante para o desenvolvimento de habilidades para o autocuidado do paciente, determinando autonomia no universo individual e familiar resgatando a auto-estima e a dignidade humana. Cada indivíduo é único, possui crenças, valores e uma história própria que deve ser respeitada pelo enfermeiro. proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4580 81 PR OE NF SA ÚDE DO AD ULT O SE SCA D 4. Reflita e responda, colocando V (verdadeiro) ou F (falso) para as questões abaixo. ( ) A quimioterapia representa uma das formas de tratamento do câncer e so- cialmente ainda é temida pelas reações adversas e pelas mudanças na estética corporal. ( ) A terapêutica de tratamento do câncer, na qual a droga utilizada atua de forma direcionada, ou seja, específica no órgão acometido pela doença, objetivando destruir somente as células neoplásicas é conhecida como quimioterapia. ( ) O preparo dos quimioterápicos deve ser realizado pelo farmacêutico em área-física própria a este fim, que deve constituir-se de área para paramentação, sala exclusiva para preparação dos quimioterápicos, com cabine de segurança biológica – classe II B2 – (capela), área de estocagem dos quimioterápicos e técnicos especializados para manutenção dos equi- pamentos. ( ) A administração da quimioterapia requer cuidados comuns a todas as vias de administração, tais como identificar o paciente, conferir prescrição, veri- ficar o estado físico, cognitivo e psicológico do paciente, verificar as neces- sidades de cuidado ao paciente e familiares, planejar cuidados às necessi- dades detectadas, complementar orientações na evidência de dúvidas quan- to ao tratamento, aos procedimentos e às reações adversas, verificar exa- mes, ouvir sempre o paciente e estar sempre atento a qualquer reação. ( ) No que se refere à administração por via endovenosa, temos duas catego- rias de antineoplásicos: as drogas quimioterápicas podem ser irritantes (cau- sam necrose tecidual quando extravasadas para fora do vaso) ou vesicantes (causam dor e reações inflamatórias locais quando extravasadas para fora do vaso). ( ) As náuseas e vômitos são reações adversas da quimioterapia que também podem ser estimuladas por sinais, sons e odores desencadeando os ditos “vômitos antecipatórios”. O tratamento das náuseas e vômitos envolve pre- venção, avaliação e tratamento permanente do paciente. Intervenções não farmacológicas envolvendo o controle da ansiedade e dos medos, inter- venções comportamentais, dietéticas e cuidados com o ambiente auxiliam o controle das náuseas e vômitos e em alguns casos evitam a utilização medicamentosa. Resposta no final do capítulo proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4581 82 NO ÇÕ ES BÁS ICA S D E E NFE RM AG EM ON CO LÓG ICA 5. Relacionar as colunas, de acordo com as vias de administração dos quimioterápicos e os cuidados específicos necessários. Resposta ao final do capítulo 6. Por que a ação educativa do enfermeiro em relação às reações adversas é importante? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................................. NOÇÕES BÁSICAS DA TERAPÊUTICA RADIOTERÁPICA A radiação nuclear faz parte de nossa vida, a luz solar é uma fonte natural radioativa. Também está na areia da praia, na louça doméstica, nos alimentos, na televisão quando está ligada. Por ano, um ser humano absorve entre 110 milirem a 150 milirem de radiação de fontes diversas. Porém, com a descoberta dos raios X, por Röentgen, há 100 anos, e da radioatividade, por Curie e Becquerel, radioterapia isolada, combinada com cirurgia, com quimioterapia, ou com ambas, é uma modalidade curativa efetiva para muitas neoplasias malignas.13 ( 1 ) Via oral ( 2 ) Via intramuscular e subcutânea ( 3 ) Via arterial ( 4 ) Via intratecal ( 5 ) Via intraperitoneal ( 6 ) Via intrapleural ( 7 ) Via intravesical ( 8 ) Via endovenosa ( ) Os cuidados de enfermagem referem- se à instalação da droga em bomba de infusão e avaliação do sítio de punção. ( ) Alguns cuidados são específicos para essa técnica, tais como o esvaziamento da bexiga antes do procedimento. ( ) O paciente precisa estar ciente do tratamento e colaborativo, sem dificuldades de deglutição. ( ) É recomendado não fazer fricção após a administração de quimioterápicos. ( ) Após o procedimento, orientar e supervisionar o repouso em decúbito ventral ou dorsal, durante duas horas. ( ) Durante a administração, o local de punção deve ser observado permanentemente e queixas de dor ou queimação devem ser valorizadas. ( ) Em muitos casos, há a necessidade da paracentese para drenagem do líquido ascítico antes da administração do quimioterápico. ( ) Ao fim da administração, a retirada da droga poderá ocorrer de forma espontânea ou por sucção. proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4582 83 PR OE NF SA ÚDE DO AD ULT O SE SCA DO agente terapêutico empregado na radioterapia são as radiações ionizantes. Radiação é a propagação de energia através do espaço ou matéria. A interação da radiação ionizante com o meio biológico inicia-se como um processo físico e passa aos estágios físico-químico e biológico na manifestação de seus efeitos, como a morte celular, perda da função do órgão, mutagênese e carcinogênese.13 A ação da radiação pode provocar mudanças dentro das células, no caso de células que são compostas de pelo menos 70% de água. Resultam na quebra das moléculas de água, tendo como produtos principais os radicais livres, que são altamente reativos, provocando dano celular levando a sua morte. Outro alvo crítico das radiações ionizantes é o DNA. Imediatamente após a exposição à radiação, o DNA intracelular apresenta danos extensos, sendo estimado que para cada célula morta por radiação há aproximadamente 1.000 danos produzidos em bases dos filamentos do DNA. Nas células normais, muitos danos induzidos por radiação são reparados. A eficiência com que os mesmos são reparados é um fator importante para a determinação de radiossensibilidade.14 O objetivo da radioterapia é liberar uma dose precisamente calculada a um volume ou leito tumoral com o mínimo de danos às estruturas vizinhas sadias, resultando em erradicação do tumor, com melhoria da qualidade de vida e prolongamento da mesma. O uso terapêutico da radiação é um processo complexo que envolve algumas etapas pré-tratamento (simulação e planejamento), indispensáveis para o sucesso da técnica. A prescrição da radiação é baseada nos princípios de:15 ■■■■■ avaliação da extensão tumoral, através de exames clínicos e de imagem; ■■■■■ conhecimento das características específicas de cada tumor a ser tratado; ■■■■■ definição dos objetivos terapêuticos (adjuvante, exclusivo, curativo, paliativo); ■■■■■ avaliação periódica do paciente e seguimento do mesmo (resposta, tolerância, seqüelas agudas ou tardias. Há duas modalidades distintas de tratamento em radioterapia: a teleterapia e a braquiterapia. A teleterapia emprega feixes externos de radiação, geralmente raios gama, X ou elétrons. Os raios gama são liberados por máquinas chamadas popularmente de bombas de cobalto, já os raios X e elétrons são produzidos por aceleradores lineares de partículas. A teleterapia representa cerca de 80% dos tratamentos com radiação ionizante. Existem duas maneiras de se administrar externamente radiação a um paciente, a primeira e que exige menos recursos de tecnologia é a radioterapia convencional ou padrão, já a segunda que requer a utilização de tomografias, programas sofisticados de computação e modelagem do feixe de radiação, é conhecida como radioterapia conformacional tridimensional.14 Os campos de radiação são traçados em função da determinação da localização do tumor ou leito tumoral, normalmente uma área de tecido normal adjacente (margem de segurança) é incluída no campo de radiação. Esse processo é apoiado por métodos de imagem, desde uma radiografia simples de simulação, até a ressonância magnética. Vale dizer que não podemos esquecer de considerar a radiossensibilidade tumoral, a tolerância dos órgãos e tecidos vizinhos, as características físicas do feixe de radiação, a dose total e o melhor esquema de fracionamento para o caso.14 proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4583 84 NO ÇÕ ES BÁS ICA S D E E NFE RM AG EM ON CO LÓG ICA A radioterapia pode ser utilizada em caráter exclusivo, adjuvante, curativo e paliativo. Na radioterapia exclusiva, apenas esta modalidade terapêutica é empregada, devido a vários fatores, como radiossensibilidade tumoral, inoperabilidade, ausência de resposta à quimioterapia, etc. Na radioterapia adjuvante a radiação é associada a uma ou, mais comumente, a duas modalidades terapêuticas (cirurgia e quimioterapia), em que a ordem das três irá variar de acordo com cada caso. Esse modelo de tratamento vem sendo considerado a base da moderna oncologia, proporcionando ao paciente melhor chance de cura ao mesmo tempo em que evita cirurgias mutilantes. A radioterapia curativa é empregada com sucesso em tumores radiossensíveis e / ou em estados precoces, como é o caso dos carcinomas de pele, linfoma de Hodgkin (Ec-I sem sintoma B), carcinoma localizado da próstata, etc. A radioterapia paliativa tem por objetivo o alívio principalmente de queixas álgicas, como é o caso das metástases ósseas. Também perfeitamente utilizada em metástases cerebrais ou em tumores localmente avançados, em que o objetivo principal é o alívio sintomático e não mais a cura.14 A braquiterapia consiste no tratamento de tumores utilizando fontes de radiação ionizantes que são implantadas diretamente nos locais onde eles se desenvolvem. As formas destas fontes podem ser sementes de iodo-125, tubos de césio-137, fios de irídio-192. A braquiterapia pode ser utilizada para o tratamento de tumores do cérebro, pulmão, esôfago, próstata, além daqueles que podem se desenvolver no aparelho reprodutor feminino. Sua ação se limita à área próxima ao tumor, minimizando as doses às estruturas vizinhas. Pode ser utilizada como terapia exclusiva ou em associação terapêutica, dependendo do volume, tipo e localização do tumor. As associações terapêuticas mais comuns são com: ■■■■■ radioterapia externa; ■■■■■ cirurgia; ■■■■■ quimioterapia; ■■■■■ hormonioterapia. Para proceder à terapêutica é necessário posicionar as fontes radioativas de tratamento próximas ao volume de interesse, através de posicionamento de cateteres, agulhas, sondas, etc. Com isso, a área tumoral recebe doses maiores do que as estruturas circunjacentes, o que traduzirá um maior controle tumoral, minimizando as doses a estruturasanatômicas vizinhas sadias.13 Os efeitos da radiação no organismo demonstram que qualquer tecido englobado por um campo de radiação exibirá reações que irão depender de sua radiossensibilidade ou tolerância, bem como do esquema terapêutico empregado. O controle local pelas radiações depende do volume tumoral, da radiossensibilidade e da dose administrada, além de fatores inerentes à condição clínica do paciente.13 O tratamento com radiação deve ser fracionado para que as células normais recomponham-se (reparo) após cada fração. Efeitos agudos ou tardios observados com dose única podem ser reduzidos com o fracionamento. O fracionamento aumenta a diferença na taxa de recuperação entre células normais e tumorais, ocorrendo uma melhor oxigenação após cada fração.13 proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4584 85 PR OE NF SA ÚDE DO AD ULT O SE SCA DNem todas as células vivas têm a mesma sensibilidade à radiação. As células que têm mais atividade são mais sensíveis, assim são, por exemplo, as da pele, do revestimento intestinal ou dos órgãos hematopoiéticos. Há três categorias gerais para os efeitos resultantes da exposição às doses de radiação, genéticos, somáticos e in útero. Os efeitos genéticos são sofridos pelos descendentes da pessoa exposta e atingem especificamente as células sexuais masculinas e femininas, espermatozóides e óvulos. As mutações são transmitidas aos descendentes dos indivíduos expostos. Os efeitos somáticos são primariamente sofridos pelo indivíduo exposto. Sendo o câncer o resultado primário, diz-se muitas vezes efeito carcinogênico. Os efeitos somáticos (carcinogênicos) são de uma perspectiva ocupacional de risco. Os efeitos in útero ocorrem devido à exposição do feto à radiação. Os efeitos podem ser morte intra-uterina, retardamento no crescimento, desenvolvimento de anormalidades e desenvolvimento de câncer. Os efeitos intra-uterinos envolvem a produção de má formação em embriões em desenvolvimento. A má formação produzida não indica um efeito genético, pois quem está sendo exposto é o embrião e não as células reprodutivas dos pais. Os efeitos da exposição intrauterina dependerão do estágio de desenvolvimento fetal.13 RADIOPROTEÇÃO A proteção radiológica ou radioproteção consiste em um conjunto de padrões e métodos de proteção, tanto para seres humanos (paciente, público, trabalhador), quanto para o meio ambiente, pois possibilita a utilização benéfica da radiação ionizante. As normas de radioproteção são estabelecidas por organizações internacionais como a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP) e mais recentemente pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). No Brasil, as diretrizes básicas referentes à proteção radiológica estão relacionadas na norma estabelecida pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) NE – 3.01 Diretrizes Básicas de Radioproteção.7 A radioproteção possui três princípios básicos: justificação – quando houver atividade com exposição à radiação ionizante, deve-se justificá-la, levando-se em conta os benefícios advindos; otimização – toda exposição deve manter o nível mais baixo possível da radiação ionizante (proteção e segurança) e limitação da dose – as doses de radiação não devem ser superiores aos limites estabelecidos pelas normas de radioproteção de cada país.16 O limite de dose individual para o trabalhador da área de radiações ionizantes é 5OmSv/ ano e para o público em geral é de 1Msv/ano. Esse princípio não se aplica aos pacientes. A proteção radiológica dos trabalhadores ocupacionalmente expostos à radiação ionizante (raios X diagnósticos, medicina nuclear, radioterapia e odontologia) é essencial para minimizar o surgimento de efeitos deletérios das radiações. As formas de se reduzir a possível exposição dos trabalhadores são o tempo, a distância e a blindagem.16 proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4585 86 NO ÇÕ ES BÁS ICA S D E E NFE RM AG EM ON CO LÓG ICA A redução do tempo de exposição à radiação ao mínimo necessário para uma determinada técnica de exames é a maneira mais prática para se reduzir a exposição à radiação ionizante. Quanto à distância da fonte de radiação, quanto mais distante, menor a intensidade do feixe. Para garantir a blindagem individual para os pacientes e das áreas os equipamentos de proteção individual (EPI) são obrigatórios. Nos serviços de radiologia são indicados o uso de óculos Pb, protetor de tireóide, dosímetro TLD, dentre outros.16 O serviço de radioproteção deve desempenhar as atividades de controle de trabalhadores, controle de áreas, controle do meio ambiente e da população, controle de fontes de radiação de rejeitos, controle de equipamentos, treinamento de trabalhadores e registros de dados e preparação de relatórios. As atuações dos profissionais de enfermagem, que trabalham com radiação ionizante, estão descritas na Resolução COFEN- 211.16 ORIENTAÇÕES PARA PACIENTES SUBMETIDOS À RADIOTERAPIA Os pacientes que recebem tratamento com radiação convivem com os efeitos agudos e tardios dessa terapia, e também, com a ansiedade tratada pelo diagnóstico e tratamento. Intervir nos sintomas e auxiliar os pacientes na adaptação e convivência com a doença e terapêutica são os principais aspectos do trabalho do enfermeiro, no serviço de radioterapia. O enfermeiro identifica e cuida das reações usando esquemas e protocolos padronizados. No serviço de radioterapia, o enfermeiro desempenha alguns papéis que têm início na primeira consulta de enfermagem, em que se deve esclarecer o plano de tratamento para o paciente e sua família preparando-os para as etapas do tratamento. As reações apresentadas pelos tecidos durante ou após o término do tratamento são denominadas reações ou efeitos agudos. As reações, verificadas de meses a anos após a irradiação são chamadas de reações ou efeitos tardios.18 PRINCIPAIS EFEITOS DA RADIOTERAPIA Cada pessoa reage de forma diferente à radioterapia, sendo que a intensidade desses efeitos depende da dose do tratamento, da parte do corpo tratada, da extensão da área irradiada, do tipo de irradiação e do aparelho utilizado. Os efeitos indesejáveis mais freqüentes são o cansaço, a perda de apetite e as reações da pele. Aparecem geralmente na terceira semana de aplicação e desaparecem poucas semanas depois de terminado o tratamento. Há casos, porém, que podem durar mais tempo.18 Cansaço ou fadiga pode ser um grande fator de desconforto nos pacientes com câncer. A radioterapia causa graus variados de fadiga nos pacientes.13 Algumas reações da pele são normais e esperadas com a radioterapia. A resposta inicial da pele sob a radiação fracionada é atribuída ao aumento do fluxo sangüíneo nos capilares, que irá resultar no eritema. A pele da área irradiada costuma desenvolver o eritema após duas semanas de curso do tratamento. proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4586 87 PR OE NF SA ÚDE DO AD ULT O SE SCA DOs cuidados e as orientações levam em consideração a avaliação inicial e sistemática do paciente pelo enfermeiro. Quando o campo de tratamento envolver regiões como axila, virilha, períneo, área peri-retal e infra-mamária, a reação da pele pode ocorrer mesmo com baixa dose.13 Durante o tratamento, a pele irradiada necessitará ser protegida de qualquer fonte de irritação, trauma, fricção e agentes que possam provocar descamação. O ressecamento da pele (xerose) é caracterizado pela desidratação do extrato córneo e perda de água da camada superficial da pele. Uma ingestão de 3.000mL de líquidos, exceto se houver contra-indicação, é sugerida para os pacientes com pele seca. As orientações nos cuidados com a pele são: ■■■■■ lavar a área tratada com água morna e bolas de algodão, utilizando sabonete neutro; ■■■■■ secar a pele levemente e proteger do frio, calor e sol;■■■■■ usar roupas de algodão e evitar roupas justas; ■■■■■ não barbear a pele da área irradiada com lâmina para evitar lacerações, caso o paciente seja homem. Os cuidados com o eritema e a pele seca incluem uma fina camada de creme ou loção hidrossolúvel, sem perfume (ou creme adotado pelo serviço). Não devem ser aplicadas na pele as preparações à base de álcool (fenol ou mentol). A vaselina ou preparações hidrossolúveis são difíceis de serem removidas da pele (uma camada fina de vaselina pode resultar em um aumento da dose irradiada na pele). Algumas drogas e agentes quimioterápicos (fluorouracil, methotrexate), podem predispor à radiossensibilidade, sendo necessário estar atento durante o tratamento. Ao término da radioterapia, a pele recupera-se em algumas semanas. A pele irradiada torna-se mais sensível ao calor e ao frio, sendo necessário continuar a proteger a pele, evitando exposição direta ao sol e usando protetor solar com fator máximo de proteção, ao expor a área ao sol. A pele deve ser hidratada varias vezes ao dia com creme hidrossolúvel.13 Em caso de perda de apetite e dificuldade para ingerir, recomenda-se diminuir a quantidade de comida e aumentar o número de refeições. O paciente deve comer alimentos leves e variar o cardápio para melhorar o apetite. A nutricionista ajudará o paciente a manter o seu peso, seguindo uma dieta rica em proteínas e calorias. Em alguns casos, a saliva torna-se mais espessa e altera o sabor dos alimentos. A cafeína, frutas e sucos cítricos, alimentos picantes e em extremos na temperatura, como gelados e quentes, devem ser evitados. O álcool e o fumo devem ser reduzidos ao extremo. Os cuidados de enfermagem com a xerostomia envolvem conforto, alteração dos hábitos alimentares, freqüência de ingestão oral e prevenção da cárie dental. A saliva artificial é útil para o alívio da xerostomia. O paciente antes de iniciar a radioterapia, deve ser avaliado pelo dentista e deve submeter-se à profilaxia. proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4587 88 NO ÇÕ ES BÁS ICA S D E E NFE RM AG EM ON CO LÓG ICA Os cuidados com a boca são muito importantes para o paciente que recebe radioterapia na região da cabeça e pescoço. Geralmente, o programa completo de cuidados orais inclui escovação, bochechos, enxágüe, massagem e o uso de fita dental, quando não há riscos de sangramento. Após a escovação, o paciente deve enxaguar a cavidade oral com água bicarbonatada.13 A atuação do enfermeiro junto à clientela submetida à radioterapia é imprescindível, principalmente na ação educativa para evitar e minimizar complicações. Nesse capítulo, abordaremos aspectos da terapêutica paliativa. 7. As reações apresentadas pelos tecidos durante ou após o término do tratamento radioterápico são denominadas reações ou efeitos agudos. De acordo com a afirmação, determine, dentre as afirmações, quais estão corretas. I. Os efeitos indesejáveis mais freqüentes são o cansaço, a perda de apetite e as reações da pele. Aparecem, geralmente, na terceira semana de aplicação e desaparecem poucas semanas depois de terminado o tratamento. II. O cansaço ou fadiga pode ser um grande fator de desconforto nos pacientes em radioterapia. III. As reações da pele são normais e esperadas com a radioterapia. A resposta inicial da pele sob a radiação fracionada é atribuída ao aumento do fluxo sangüíneo nos capilares, que irá resultar no eritema. IV. Os cuidados com o eritema e a pele seca incluem uma fina camada de creme ou loção hidrossolúvel, sem perfume, as preparações a base de álcool (fenol ou mentol) e vaselina. V. Na perda de apetite e dificuldade para ingerir recomenda-se aumentar a quantidade de comida e diminuir o número de refeições. Assinale a alternativa que contém as afirmações corretas. A) I, III, V estão corretas. B) II, IV e V estão corretas. C) I, II e III estão corretas. D) III, IV e V estão corretas. Resposta no final do capítulo proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4588 89 PR OE NF SA ÚDE DO AD ULT O SE SCA D 8. Correlacione a coluna da direita com a da esquerda, levando-se em consideração a abordagem quimioterápica. 9. Os efeitos da radiação no organismo demonstram que qualquer tecido englobado por um campo de radiação exibirá reações que irão depender de sua radiossensibilidade ou tolerância, bem como do esquema terapêutico empregado. Baseando-se nessa afirmação, relacione a coluna da direita de acordo com a coluna da esquerda. Respostas ao final do capítulo ( A ) Abordagem educativa ( B ) Reações adversas da quimioterapia ( C )Via intravesical ( D )A forma paliativa ( ) Apesar de não objetivar a cura, pode possibilitar o controle do crescimento tumoral, redução da massa tumoral e dos sintomas oriundos do aparecimento do câncer, assim favorece a qualidade de vida e o aumento do tempo de vida. ( ) Permite a administração de drogas quimioterápicas na bexiga, no entanto a principal droga utilizada por esta via para controle do câncer de bexiga é o baciloCalmette-Guérin (BCG). ( ) Ocorrem náuseas e vômitos, alopecia, toxicidade hematológica e dermatológica local. ( ) O atendimento das necessidades, numa situação de diagnóstico de câncer e tratamento, deve ser pautado sempre no desenvolvimento de habilidades para o auto cuidado, o que determina certa autonomia, que resgata a auto estima e dignidade humana. ( 1 ) Efeito Genético ( 2 ) Efeito Somático ( 3 ) Efeito in útero ( ) Primariamente sofrido pelo indivíduo exposto e são de uma perspectiva ocupacional de risco. ( ) Retardamento no crescimento, desenvolvimento de anormalidades e desenvolvimento de câncer. Também envolvem a produção de má formação em embriões. ( ) Atingem especificamente as células sexuais masculinas e femininas, espermatozóides e óvulos. As mutações são transmitidas aos descendentes dos indivíduos expostos. proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4589 90 NO ÇÕ ES BÁS ICA S D E E NFE RM AG EM ON CO LÓG ICA 10. Quais atividades o serviço de radioproteção deve desempenhar? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 11. Quais são os principais aspectos do trabalho do enfermeiro, no serviço de radioterapia? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 12. Quais orientações devem ser dadas aos pacientes e familiares quando da administração de radioterapia? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................................. NOÇÕES BÁSICAS EM CUIDADOS PALIATIVOS O cuidado de enfermagem se estende a todas as idades, desde o nascimento até a morte e adequar-se às características de cada grupo, cultura ou região. A atenção ao paciente terminal tem adquirido nos últimos anos um papel primordial, o paciente volta a ser o principal protagonista dos cuidados, e o papel do profissional é oferecer condições para a melhoria da qualidade de vida, dentro de expectativas reais, com segurança e conforto.17 Os profissionais que desenvolvem atividades na área de cuidados paliativos procuram oferecer aos pacientes a possibilidade de viverem suas vidas independentes da quantidade de dias que lhes resta e ocupam-se em manter o controle de sintomas para promover o conforto e evitar o sofrimento físico.18 O acompanhamento de pessoas significativas ao paciente durante uma internação hospitalar é desejável e deve ser estimulado junto à família. O período de internação deverá ser aproveitado para articular o cuidado domiciliar. A permanência do paciente com câncer avançado em casa é possível quando a família demonstra interesse em cuidá-lo. Os períodos de internação curtos são mais bem aceitos pelos pacientes e promovem momentos de descanso para os familiares cuidadores. É interessante intercalar períodos em casa e no hospital, respeitando a escolha do paciente. Geralmente, ele sabe onde é o lugar mais apropriado para permanecer, onde se sente mais seguro.19 proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4590 91 PR OE NF SA ÚDE DO AD ULT O SE SCA DSegundo a Organização Mundial de Saúde,20 cuidados paliativos são o cuidado total, ativo, integral e humanizado ao indivíduo portador de uma doença progressiva e irreversível, com poucas chances de respostas ao tratamento curativo, sendo fundamental o controle da dor e de outros sintomas, através da prevenção e do alívio do sofrimento físico, psicológico, social e espiritual. Acontece a partir de uma equipe multiprofissional de forma interdisciplinar, incluindo ainda o cuidado à família e a atenção ao luto. Os objetivos dos cuidados paliativos são: ■■■■■ reafirmar a importância da vida, considerando a morte como um processo natural; ■■■■■ não utilizar medidas que prolonguem o sofrimento ou encurtem a vida, repudiando as futilidades diagnósticas e terapêuticas; ■■■■■ controlar a dor e outros sintomas; ■■■■■ integrar os aspectos clínicos, psicológicos, sociais e espirituais que possam influenciar a percepção e o controle dos sintomas; ■■■■■ implementar medidas que ajudem o paciente e a família a manterem o máximo de suas atividades de vida diárias; ■■■■■ favorecer uma morte digna, com o mínimo estresse possível, no local de escolha do paciente; ■■■■■ oferecer apoio no período do luto. Os principais sintomas dos pacientes em cuidados paliativos estão relacionados ao tipo, localização e disseminação da doença de base. Os sintomas são extremamente desagradáveis e limitantes. É importante preveni-los e manejá-los adequadamente, promovendo o conforto do paciente e o apoio à família. Os sintomas mais freqüentes dos pacientes em cuidados paliativos são:21 ■■■■■ dispnéia; ■■■■■ fadiga; ■■■■■ anorexia; ■■■■■ náuseas e vômitos; ■■■■■ constipação; ■■■■■ confusão mental; ■■■■■ ansiedade e agitação; ■■■■■ dor. Dispnéia é um dos sintomas mais presentes no fim da vida e causa estresse nos pacientes e cuidadores profissionais ou familiares. É indicado manter o ambiente tranqüilo e ventilado, o paciente sentado ou com a cabeceira da cama elevada. O cuidador deve transmitir tranqüilidade, confiança e controle da situação. Medicamentos e oxigenioterapia favorecem o restabelecimento do padrão respiratório. A fadiga, cansaço extremo, é o sintoma mais prevalente no fim da vida. A maioria dos pacientes apresenta um quadro de tristeza, limitações e diminuição da auto-estima. proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4591 92 NO ÇÕ ES BÁS ICA S D E E NFE RM AG EM ON CO LÓG ICA A anorexia, a falta de apetite, ou a recusa alimentar é um sintoma comum na clínica de cuidados paliativos, causa mais transtornos à família do que ao paciente. Para diminuir o conflito gerado por esse sintoma deve-se respeitar o desejo do paciente, especialmente se ele estiver lúcido. É necessário esclarecer ao cuidador que o paciente deixa de comer por causa da doença e não ficará mais doente pela falta de alimentos. O fracionamento da dieta e o oferecimento de alimentos saborosos e nutricionalmente mais completos poderá ser uma ajuda, desde que respeite as preferências do paciente. O uso de suplementos alimentares deve ser orientado por profissional capacitado. Medidas medicamentosas podem ser úteis quando indicadas e prescritas. Muitos pacientes apresentam náuseas sem vômitos. A causa mais freqüente de náuseas nestes pacientes é a constipação crônica, geralmente negligenciada. A constipação é um sintoma gerador de extremo desconforto, sua prevenção é fundamental. Os pacientes acamados e em uso de medicações opióides apresentam frequentemente (90%) esse sintoma. O uso regular de laxativos e emolientes de fezes é a regra para esses casos. Deve-se orientar e estimular, também, a ingesta hídrica e de alimentos ricos em fibras. Vale lembrar, que a utilização de medicamentos é necessária e não deve ser interrompida após a evacuação, a utilização de opióides requer o uso contínuo de laxativos. Confusão mental é freqüente na fase final da doença provocando um profundo impacto na família, não sendo desejável que leve consigo a lembrança do seu ente querido em estado de transtorno mental. A intervenção medicamentosa se faz necessária se esse estado põe em risco a integridade física do paciente ou dos cuidadores. As causas mais comuns são a desidratação e o acúmulo de metabólicos no organismo, especialmente em pacientes que utilizam opióides. Em caso de ansiedade e agitação, é necessário identificar e tentar corrigir (quando possível) situações como dor, retenção urinária, impactação fecal, ferida cutânea, transtorno de sono, hospitalizações (mudança de ambiente) e afastamento dos familiares. Esses fatores são potenciais geradores de ansiedade e agitação. Segundo a OMS,20 a dor acomete de 60% a 90% dos pacientes com doença avançada, constituindo- se em fator determinante de sofrimento, mesmo quando comparado à expectativa de morte. É multifatorial e multifocal. E, mais de 30% dos pacientes oncológicos em tratamento apresentam quadro álgico. É descrito que 85-95% da dor causada pelo câncer podem ser controlados e considera uma “emergência médica mundial”. Os tipos de dor são: ■■■■■ aguda; ■■■■■ crônica; ■■■■■ nociceptiva (visceral e somática); ■■■■■ neuropática. proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4592 93 PR OE NF SA ÚDE DO AD ULT O SE SCA DOs fatores desencadeantes dos quadros álgicos estão geralmente relacionados ao tumor, ao tratamento, ao paciente (doenças concomitantes que dificultam o uso de opióides, por exemplo), à prescrição médica (medicamentos prescritos somente como “se necessário”), à equipe de enfermagem e à legislação de cada país. Os princípios básicos preconizados pela OMS20 para o manejo da dor são: ■■■■■ utilizar a dose adequada; ■■■■■ titular a dose de maneira individual; ■■■■■ administrar os opióides de forma regular nas 24 horas; ■■■■■ administrar a dose de reforço; ■■■■■ prevenir efeitos colaterais; ■■■■■ usar a via oral preferencialmente; ■■■■■ reavaliar continuamente o paciente implementandoos esquemas analgésicos. A avaliação da dor e o registro sistemático e periódico de sua intensidade são fundamentais para que se acompanhe a evolução dos pacientes e se realize ajustes necessários ao tratamento.21 São informações de extrema importância para avaliação da dor: ■■■■■ início; ■■■■■ intensidade; ■■■■■ características; ■■■■■ duração, variação e ritmo; ■■■■■ impacto nas atividades de vida diárias; ■■■■■ maneira de expressar a dor (postura, expressões); ■■■■■ uso prévio de medicações ou intervenções não-medicamentosas; ■■■■■ idade e doenças concomitantes; ■■■■■ consumo de cigarro e/ou álcool. Hoje em dia, muitas instituições e serviços têm buscado capacitar suas equipes no sentido de implantarem a dor como o quinto sinal vital. Isso tem sido inclusive critério para a liberação de certificados de qualificação das instituições. Há na literatura várias escalas disponíveis para mensurar a intensidade da dor: escala visual analógica, numérica, descritiva, de carinhas, de copos, de frutas, de cores, de círculos, etc. O importante é que a escala adotada pelo serviço deve responder às características culturais da população a que vai ser aplicada, deve ser fácil de entender e de rápida aplicação.22 Para o manejo da dor é importante a valorização da queixa do paciente e as informações do cuidador; a atuação em equipe – Total Pain. Os esquemas analgésicos devem ser dinâmicos baseados em avaliações e reavaliações sistematizadas. Algumas modalidades de tratamento desencadeiam sintomas que devem ser orientados, prevenidos e tratados. O placebo é crime; a via oral é a via de escolha e não existe dose máxima analgésica. Existe uma dose para cada paciente a partir das titulações realizadas. Medidas não-farmacológicas, quando bem indicadas, auxiliam no tratamento da dor. proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4593 94 NO ÇÕ ES BÁS ICA S D E E NFE RM AG EM ON CO LÓG ICA 13. Assinale V para afirmativa verdadeira e F para afirmativa falsa, levando-se em consideração as intervenções no cuidado paliativo. ( ) O fracionamento da dieta e o oferecimento de alimentos saborosos e nutricionalmente mais completos poderá ser uma ajuda, desde que se respeite as preferências do paciente. ( ) A intervenção medicamentosa não se faz necessária no caso de risco à integridade física do paciente ou dos cuidadores. ( ) Medicamentos e oxigenioterapia favorecem o restabelecimento do padrão respiratório. ( ) O uso regular de laxativos e emolientes de fezes é a regra para pacientes que utilizam opióides. ( ) A via oral é a preferencial e é a recomendada pela OMS para a adminis- tração de medicamentos. ( ) A via SC não apresenta complicações. ( ) Existe uma dose padrão de opióides para todos os pacientes. Resposta no final do capítulo 14. Em que condições devem ocorrer os cuidados paliativos e o que, principalmente, deve ser observado? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 15. Levando-se em consideração os cuidados paliativos, o que deve ser considerado de extrema importância e quais são as pessoas que devem ser envolvidas no cuidado? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 16. O que é importante para o manejo da dor? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. proenf-sa_3_Enfermagem oncologica.pmd 25/8/2008, 18:4594 95 PR OE NF SA ÚDE DO AD ULT O SE SCA DPRINCIPAIS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS Considerando a espoliação causada por investigações diagnósticas, terapêuticas e a necessidade de restrição do paciente ao leito, a via endovenosa representa uma fonte de estresse para estes pacientes, seus familiares e a equipe de enfermagem. A via oral é a preferencial e é a recomendada pela OMS para a administração de medicamentos. Em alguns casos de náuseas, vômitos, disfagias, síndromes confusionais, obstrução intestinal é impossível manter a via oral. Nesses casos, a via subcutânea (SC) é uma alternativa eficaz, segura e simples. A via SC é o acesso parenteral que consiste na administração de fluídos no tecido subcutâneo. Seu pico de ação plasmática é de aproximadamente 20 minutos. O uso da via SC facilita a administração parenteral de medicamentos no domicílio. Atualmente, um número cada vez maior de medicamentos vem sendo biodisponibilizado para utilização por esta via. É indicada a escolha de escalpes de número 23G ou 25G para a punção do subcutâneo. Faz-se uma prega no subcutâneo, com o dedo indicador e polegar, para facilitar a acomodação da agulha no tecido (loja, sítio) subcutânea. O escalpe deve estar preenchido com a solução a ser administrada. Não há necessidade de heparinizar o cateter. Os locais de eleição para instalação do “sítio” SC são região infra-clavicular direito e esquerdo, região peri-umbilical, região coxa direita e esquerda (fáscia lateral) e região de giba. A administração por via subcutânea pode ser intermitente ou contínua. É intermitente quando utilizada na administração de volumes a intervalos de tempo regulares, porém, sem necessidade de manutenção contínua de infusão da solução. Pode ser puncionado e mantido um “sítio” SC ou realizada várias punções com agulha hipodérmica nos intervalos de tempo determinados. Os medicamentos usados nesta via não devem ser diluídos. Quando contínua, são puncionados um ou mais “sítios” SC, conforme necessidade, e administradas soluções em grandes volumes em tempo contínuo (500mL/24h). É usada tanto com medicamentos para controle de sintomas como para hidratação. Fatores como o volume de solução injetada, a concentração da medicação, fatores biológicos, a anatomia da região puncionada e o uso de enzimas (indicada nos paciente com caquexia severa) influenciam a absorção de fluidos no tecido subcutâneo. A desidratação e os distúrbios hidreletrolíticos podem causar confusão mental e agitação neuromuscular. A hidratação SC mantém a função renal adequada, permitindo melhor utilização dos analgésicos e drogas adjuvantes. A hidratação subcutânea, na maioria das vezes, melhora os quadros confusionais,