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Uma jornada para você se comunicar sem violência POR QUE EU DISSE ISSO? POR VIVIANE RIBEIRO Dedico esse livro às crianças que nós fomos. Que ele seja uma contribuição para curá-las. Sumário introdução COMO OBTER O MELHOR DESSE LIVRO rAÍZES: a HERANÇA QUE RECEBI SOLO: ONDE MEUS PÉS SE APOIAM TRONCO: o QUE DIZ MINHA VOZ INTERNA GALHOS: DO QUE PRECISO? FOLHAS: UM OLHAR SOBRE O OUTRO frutos: a herança que quero deixar semente: para gerar o novo PARA AMPLIAR MINHA VOZ ........................................................... .................................. ................... ........... ........... .................................. ........................... ....................... ........................ ................. 03 08 26 37 45 06 18 32 41 49 INTRODUÇÃO Se você precisa de respostas para perguntas desse tipo: “Por que eu disse isso quando queria dizer outra coisa?” “Por que eu me relaciono com os outros dessa forma?” “Quais caminhos posso percorrer para encontrar novas formas de me comunicar que sejam mais saudáveis e me ajudem a me conectar ao outro?” SEJA MUITO BEM-VINDO(A)! Eu escrevi esse livro especialmente para você, para te apoiar a entender a sua forma de se expressar durante os anos. Há alguns anos, muitos dos meus relacionamentos estavam conflitantes e cansativos. Eu estava passando por um des- gaste emocional imenso com isso, como você deve imaginar. Percebi que minha comunicação estava se tornando um canal de afastamento e não de conexão, como eu tanto queria. Mas nunca me ensinaram a fazer diferente. E mesmo eu sendo uma pessoa considerada muito amorosa a maior parte do tempo, quando eu estava num conflito percebia que eu não tinha muitas estratégias internas para dizer ao outro o que eu precisava e o que estava acontecen- do comigo, então eu só gritava a minha dor. E isso não a juda- va a cuidar dela. Muito pelo contrário, só a ampliava e ainda causava mais dor ao outro. 03 E como sempre gostei bastante de estudar, fui buscar a juda em algumas teorias para tentar sair daquela fase. Foi aí que encontrei o livro “Comunicação não-violenta”, do Marshall Rosemberg e alguns vídeos dele mesmo no Youtube. E foi um choque. E uma alegria, claro. E também um bálsamo. E uma esperança. Passei a ir a encontros, rodas de conversa e cursos sobre esse tema e tudo o que ouvia fazia realmente muito sentido. Con- segui colocar muitas coisas em prática em pouco tempo e já estava vendo resultados muito positivos nas minhas relações. Mas também fui percebendo que havia uma grande dificuldade de não voltar ao meu “padrão original”, vamos dizer assim. Afinal de contas, eu sentia que por muitos anos expressei e ouvi dos outros uma comunicação violenta, cheia de julgamentos, críticas e imposições, e quando os meus sentimentos ficavam mais em- baralhados, eu me percebia voltando a movimentar em mim aquela violência original. Era muito desgastante ficar lutando contra ela, quando na ver- dade eu só queria mesmo colocar em prática mais natural- mente o que eu havia lido, estudado, aprendido. Fui atrás, então, de buscar essa naturalidade. E, com isso, apro- fundei os meus estudos em comunicação e desenvolvimento humano. Com a ajuda de um metodologia biográfica, passei a investigar a origem, a razão e a função da violência que emergia quando eu me via num conflito, quando eu me sentia acuada, quando eu era atacada. E foi um choque. E uma alegria, claro. E também um bálsamo. E mais do que uma esperança, um caminho. 04 05 Entendi que de nada adiantaria eu tentar quebrar um paradig- ma tão grande sem que isso partisse de uma intensa busca in- terna sobre a origem de tudo. E foi a partir de um diálogo profundo com a minha própria história e individualidade que consegui dar um salto da teoria para a prática de uma comunicação amorosa e empática, que me conecta aos outros, ao invés de me afastar. Para que você também possa experimentar isso, criei uma metodologia que estou chamado aqui de “árvore relacional” que vai ajudar você a entender porque você diz o que diz, porque você ouve como ouve, porque você se relaciona com os outros dessa forma. Quando paramos para pensar nas nossas experiências de infân- cia, na educação que recebemos em casa e na escola, nas pes- soas que estiveram ao nosso redor e que nos serviram de mode- los, nos aproximamos de descobrir quais são os aprendizados que hoje regem a nossa forma de nos relacionarmos com os outros e, principalmente, nos aproximamos da descoberta de outros caminhos que possam fazer mais sentido para estabe- lecer conexões humanas, relações saudáveis. Boa jornada! Viviane Ribeiro, A autora. 06 como obter o melhor desse livro Será que hoje eu ainda me pego repetindo um padrão que aprendi quando criança, mesmo já tendo feito escolhas tão dife- rentes dos meus pais? Será que me defendo das mesmas coisas que eles se defendiam? Reajo ao mundo da mesma forma que eles? Para você obter a melhor experiência da leitura desse livro, tire alguns minutos para refletir sobre isso antes de iniciar o desen- volvimento da atividade principal que será a elaboração da sua árvore relacional, na qual você terá a oportunidade de observar e entender as origens e funções da forma como você se comuni- ca hoje. Perceba que é possível dialogar com o que você aprendeu desde a sua infância e que se esses aprendizados não fizerem mais sentido para você, é possível aprender novas coisas e deixar ir o velho, abrindo espaço para o novo. É importante entendermos que a forma como nos comunicamos tem uma função na nossa vida. Ela nos protege de algo, que na maioria das vezes sequer sabemos o que é. Então, se temo não ser respeitado, por exemplo, logo acesso os padrões que aprendi sobre o que preciso fazer para impor res- peito. Se tenho medo de me sentir exposto, logo me torno uma pessoa mais fechada para não precisar expor os meus senti- mentos. Se em algum momento fui traído, a minha fala se preenche de fúria quando imagino que alguém possa estar 07 novamente me colocando nesse papel que foi tão doloroso para mim ocupar. E por aí vai. Comece a já abrir espaço dentro de si para abordar essas questões, para ter um diálogo interno franco, saudável e po- tente. Tenha em mente que esse livro foi criado para conduzir você por uma atividade que o levará a refletir sobre o que nos propo- mos. Como em qualquer momento que exige reflexão, pedimos gen- tilmente que você se prepare. Isso significa dizer que escolher um local tranquilo e um horário em que você não será inter- rompido(a), é fundamental para o resgate de memórias aconte- cer de forma fluida e plena. Tenha sempre papel e caneta em mãos e coloque uma música tranquila, que favoreça o relaxamento. Para começar, quero que você desenhe uma grande árvore, com todas as suas partes. Ela vai representar a forma como as suas relações são estruturadas. A partir do próximo capítulo, vamos pensar no que cada parte dessa árvore representa no que diz respeito à forma como você se relaciona. Os próximos capítulos fazem parte do módulo 3 do meu curso de comunicação não-violenta com filhos. 09 RAÍZES: A HERANÇA QUE RECEBI Foque a sua atenção agora nas raízes da árvore que você de- senhou. Pensar nas suas raízes significa pensar na educação que re- cebeu em casa e na escola, nas interações que teve durante a sua infância, e no que, naturalmente, você foi aprendendo a partir dos exemplos que teve e da sua própria experiência sobre como deveria se relacionar consigo mesmo, com os outros e com o mundo. É necessário ressaltar que é bastante natural replicarmos o que aprendemos. Afinal de contas, é o que sabemosfazer. É o que nos foi passado, de geração em geração. Somos resultado de experiências coletivas, da educação que recebemos e somente a partir de um diálogo profundo e honesto com essa educação podemos nos perguntar se ela ainda nos serve, se faz sentido para nós ou se devemos buscar outros caminhos, outros conhecimentos para nos rela- cionarmos de forma mais saudável e não violenta. Para iniciar essa jornada rumo a um diálogo com a sua própria história, responda às perguntas potentes a seguir. 10 PERGUNTA POTENTE 1 Escreva o nome de três pessoas com as quais você conviveu e aprendeu coisas significativas na infância. Essas pessoas são aquelas que exerceram maior influência na sua infância. Certamente são pessoas que cuidaram de você em algum momento ou que lhe inspiravam muita admiração. PERGUNTA POTENTE 2 Como era o tom de voz das pessoas que você listou na pergunta 1? Entre em contato com as suas lembranças e pense no que o tom de voz dessas pessoas despertava em você. 1 2 3 11 Pense nos sentimentos e sensações que esse tom de voz estimulava. Por exemplo: o tom suave da sua mãe, que lhe transmitia calma quando você se machucava. Ou o tom mais irônico da sua tia que fazia você se sentir mal ou inadequado(a) algumas vezes. Ou ainda o tom de voz alto do seu pai que muitas vezes lhe transmitiu segurança, mas que também causava medo quando você fazia algo errado, por exemplo. PERGUNTA POTENTE 3 Como as pessoas que você listou na pergunta 1 viam o mundo? Quais medos sentiam? A que reagiam? Do que se protegiam? Responda a essa questão com bastante calma. Pense em cada traço da personalidade das pessoas que você listou. Faça um exercício de empatia e tente imaginar o que se passava com essas pessoas. Essa questão é importante para você entender como era a estrutura interna das pessoas que influenciavam você, quando criança. Muitas vezes, absorvemos seus medos, sua forma de ver o mundo, seus valores e se dar conta dessa influência é fundamental para começarmos a separar o que 12 hoje – sendo você a pessoa que é – faz sentido ser replicado ou não. PERGUNTA POTENTE 4 Quais histórias contavam a você? 13 Pense aqui não só em histórias infantis, daquelas que liam para você no livro colorido. Resgate também o que te contavam. Sobre o que conversavam com você? Pergunte para a sua criança interior. A proposta é analisar aqui como essas histórias impactaram você. PERGUNTA POTENTE 5 A quem você recorria quando tinha um problema? Certamente essa pessoa foi a maior influenciadora da sua infância, uma vez que pedimos a juda e conselhos a pessoas que acreditamos que sabem se proteger e podem nos a judar a nos proteger também. PERGUNTA POTENTE 6 O que escutava comumente essa pessoa dizer nessas situações? 14 Quais eram os conselhos que você recebia? Nessa parte, pense no seguinte: esses conselhos foram a contribuição dessa pessoa para que eu me fortalecesse e isso foi útil em determinada fase da minha vida. E agora? Ainda é? Quando você está resolvendo um problema ainda escuta internamente esses conselhos? Eles fazem sentido e contribuem para que você se sinta bem e tenha bons relacionamentos? Ou não? PERGUNTA POTENTE 7 Os adultos com os quais você convivia pediam para você tomar cuidado e se proteger de quê? Aqui cabe lembrar desde o “olhe para os dois lados ao atravessar a rua” até o “o mundo está cheio de gente má, tome cuidado”. Olhe bem para as frases que você resgatar e pense nas crenças que foram sendo criadas a partir delas. 15 PERGUNTA POTENTE 8 Com quem você mais gostava de conversar e por quê? Aqui você entra em contato com as suas afinidades. Geralmente, gostamos de conversar com pessoas que nos divertem, que pensam parecido com a gente em alguns aspectos, que dizem o que queremos ouvir... e por aí vai. Por que era tão bom conversar com essa pessoa? Pensar nisso aproxima você de descobrir quais costumam ser as suas necessidades numa relação. Por exemplo: se tenho necessidade de ser o centro das atenções, tendo a escolher me relacionar com pessoas mais introvertidas, que não entrem em competição comigo. Ou se tenho necessidade de estar no controle, tendo a escolher me relacionar com pessoas que têm dificuldade para tomar decisões. Ou ainda, se preciso estar sempre certo, tendo a escolher me relacionar com pessoas que têm dificuldade de argumentação ou subservientes. Quase sempre essa escolha não acontece de forma consciente, mas é interessante observarmos que se temos uma necessidade, há uma tendência a escolhermos nos relacionar com alguém que possa nos ajudar a ter ou manter aquilo de que precisamos tanto. 16 PERGUNTA POTENTE 9 Escreva três frases que você ouvia muito de pessoas próximas. Essas frases costumam dialogar com a forma como vamos compondo a nossa autoimagem e como passamos a enxergar os outros e o mundo. Por exemplo, uma criança que ouviu durante toda a sua infância que era feia tende a não se achar bonita quando adulta, mesmo todos ressaltando a sua beleza. Ou aquela que ouviu que homem não presta tende a construir essa imagem masculina e passa a se defender dessa crença, se for mulher ou a validar determinados comportamentos inadequados se for homem. Afinal de contas, se sou homem e nenhum homem presta, estou apenas fazendo o meu papel. 17 RESUMO Estabeleça uma relação entre o que ensinaram a você sobre si mesmo, o outro e o mundo e a forma como você se relaciona com essa tríade (você, o outro o mundo). Escreva sobre como esses aprendizados podem ter se transformado em crenças que te limitam e padrões destrutivos, que não lhe servem mais. Escreva também sobre o que foi positivo e te fortalece. 19 solo: onde meu pés se apoioam O solo da sua árvore relacional representa a forma como você se comunica, passando pelos três aspectos: • A forma como você compreende a si mesmo, o outro e o mundo. • A forma como expressa suas necessidades e limites. • A forma como resolve conflitos. PERGUNTA POTENTE 1 Suas palavras comumente são janelas ou paredes? Isso significa pensar se a forma como você se comunica ajuda você a permitir que o outro entenda o que vamos chamar aqui de seu Universo particular. Ou seja, se você consegue comumente mostrar para o outro quem você é, comunicar seus pensamentos, sentimentos, suas ideias, necessidades e limites. 20 Por exemplo, se alguém fala algo que te ofende você pode simplesmente abrir uma janela e dizer como se sentiu e o que espera que a pessoa faça (ou não faça!) ou... Você pode criar uma parede entre vocês fazendo uma cara feia e se fechando, imaginando que o outro precisa perceber que te ofendeu sem você dizer a ele que aquilo é algo que te ofende. Veja a diferença: Janela: - Quando você diz que sou preguiçosa, me sinto irritada. Preciso que você reconheça que faço o que está ao meu alcance nesse momento. Não gostaria de ouvir isso de novo porque me sinto mal. Aqui você está a judando o outro a entender o que se passa com você e como resolver aquela questão junto contigo. Parede: Um longo silêncio, precedido por um “você nem imagina mesmo porque eu estou emburrada? Faça-me o favor!” Aqui você está apenas se fechando. PERGUNTA POTENTE 2 Quais são as suas dificuldades atuais de conexão com o outro? 21 Aqui vale pensar no que te impede de se relacionar com os outros de forma plena. Tente pensar em medos, traumas, julgamentos e na sua própria percepção sobre si. Muitas vezes não conseguimos nos conectar com o outro porque não nos achamos bons o suficiente, por exemplo. PERGUNTA POTENTE 3 Como você imagina que precisa se comunicar para ser respeitado?Após responder, pense no seguinte: essa forma de comunicação gera conexão com o outro ou te desconecta? Se te conecta, maravilha. Se te desconecta, significa que você está utilizando uma estratégia que te afasta das pessoas e que mesmo que elas façam o que você quer, não significa que te respeitam, percebe? Aqui vale lembrar de tudo o que você resgatou lá nas suas raízes e pensar se você realmente gostaria de se comunicar dessa forma para ser respeitado ou se pode encontrar outras maneiras mais saudáveis e não violentas. Como você imagina que precisa se comunicar para ser uma pessoa querida e aceita pelos outros? 22 Sempre que você quer ser aceito num grupo, por exemplo, como fica a sua comunicação? Você consegue expressar quem realmente você é? Se não, vale pensar em como anda a sua auto aceitação e na razão de ser tão importante para você pertencer a esses grupos. PERGUNTA POTENTE 4 Como você costuma se comunicar para resolver problemas? Pense aqui na última vez que vivenciou um conflito. A forma como você se comunicou fez o outro se conectar ao seu pedido ou se desconectar de você? Por que imagina que isso aconteceu? PERGUNTA POTENTE 5 Você se sente compreendido quando expõe o que pensa? Quando não se sente compreendido, o que acontece? Analise se você está conseguindo ter clareza das suas necessidades e limites, por exemplo, e se consegue expressar isso nas suas relações, sempre que necessário. 23 pressar isso nas suas relações, sempre que necessário. PERGUNTA POTENTE 6 Você tem facilidade em compreender o outro? A empatia é fundamental aqui. Você se percebe como uma pessoa empática? E a sua escuta, como anda? PERGUNTA POTENTE 7 Como lida com críticas, julgamentos e ofensas? O que sente nesses momentos? É importante mapear o que você sente quando passa por uma situação em que é criticado, julgado ou ofendido. Esses sentimentos costumam nos mover para ações que não cuidam das nossas relações. Por exemplo, se alguém te critica e você fica com raiva, a tendência é que queira descontar essa sua raiva no outro, criticando ele também. Isso não cuida nem da raiva que foi sentida e nem da relação com o outro. É necessário se perguntar porque você está se sentindo daquela forma. O que aquela fala do outro despertou em você? Por que doeu tanto? Muitas vezes estamos reagindo a 24 lembranças dolorosas parecidas com aquela experiência presente. E o que poderia ter sido resolvido com uma conversa, vira algo muito maior, de difícil solução. PERGUNTA POTENTE 8 E quando é você a criticar, dar sugestões julgar e ofender? O que sente nesses momentos? Mapeie esses sentimentos levando em consideração o que você espera nesses momentos e o que leva você a se comunicar dessa forma. 25 RESUMO Com base nas respostas que deu, escreva como você avalia que as suas relações estão e o que você gostaria de fazer para torná-las melhores e mais saudáveis. Escreva também a relação que você vê entre a forma como você se relaciona hoje e alguma experiência que tenha sido traumática. 27 tronco: o que diz minha voz interna Nessa parte, o convite à reflexão gira em torno do que costuma alimentar, nutrir o seu diálogo interno. É importante pensar que dialogar com o outro também é dialogar com a nossa própria visão de mundo, com os nossos traumas, com os receios... e por aí vai. Quanto mais clareza obtemos desse diálogo interno, mais possibilidades ganhamos de resolvermos ou ressig- nificarmos essas questões e, com isso, melhorarmos nossas relações. PERGUNTA POTENTE 1 Qual é a sua visão atual do mundo e do ser humano? 28 Perceba que ao responder essa questão, você está evidenciando alguns dos julgamentos que você carrega sobre o mundo e sobre o outro. Quando nos comunicamos, tendemos a responder a esses julgamentos de alguma forma e isso gera desconexão, desentendimentos, dor. Por exemplo, se eu avalio o mundo como um local inseguro, há uma tendência a julgar as outras pessoas como perigosas e, dessa forma, levar para as minhas relações a noção de que preciso me proteger porque posso ser atacado(a) a qualquer instante. Ao identificar essa sua visão de mundo e do ser humano, a proposta é você dialogar com ela e racionalizar se realmente faz sentido analisar as coisas dessa forma. Além disso, verificar se há alguma questão que pode ser cuidada com auxílio de algum especialista, um psicólogo, por exemplo, para que você possa ressignificar algumas experiências. PERGUNTA POTENTE 2 Quais são os maiores traumas e dores que viveu? Essa questão complementa a primeira. Certamente a visão de mundo e do ser humano que você tem, estabelece relação com essas dores e traumas. Por exemplo, uma pessoa que foi traída tende a desconfiar dos outros enquanto não resolve os sentimentos e questões trazidas por essa experiência traumática. Após cuidar disso, ganha mais possibilidades de se libertar dessa experiência e seguir em frente. 29 PERGUNTA POTENTE 3 Como é o seu diálogo interno? Predominantemente de amor e compaixão ou de culpa e desvalorização? Aqui você irá analisar de maneira mais profunda a forma como tem se relacionado com você mesmo. PERGUNTA POTENTE 4 O que você não consegue aceitar em si mesmo? E no outro? Segundo pressupostos da comunicação não-violenta, quando não aceitamos algo em nós mesmos ou no outro entramos num estado de julgamento que gera desconexão e não contribui em nada para que possamos nos relacionar bem. Os princípios da comunicação não-violenta – que, inclusive é uma das bases desse livro – contribuem para que esses sentimentos possam ser identificados e nomeados. Recomendamos esse estudo. 30 A ideia é identificarmos essa não-aceitação e nos perguntarmos: eu não aceito isso por que preciso de quê? E entender que há uma necessidade sua que está camuflada ou mal comunicada. Ao descobrir isso, fica mais fácil comunicar essa necessidade ao outro ao invés de apenas se relacionar levando em consideração os julgamentos. PERGUNTA POTENTE 5 Qual é a sua postura física, mental e emocional ao escutar alguém? Ao se observar, tenderá a descobrir como anda a sua escuta, que é parte fundamental no processo de comunicação. Se você não consegue manter uma postura ativa física, mental e emocionalmente para ouvir o outro por estar se sentindo desconfortável com aquela relação ou por se perder em diálogos internos, é importante que se observe e tente praticar uma escuta ativa. Escutar ativamente significa estar pleno naquela relação, mantendo uma postura de atenção e compaixão. 31 RESUMO O que você observou no que diz respeito ao seu diálogo interno ao entrar em contato com essas questões que acabou de estudar? 03 33 galhos: do que preciso? Até o momento, nós olhamos para o passado e para o presente. Nos galhos, passamos a nos debruçar sobre o que esperamos do futuro. Isso significa dizer que vamos nos aprofundar um pouco mais na busca de suas necessidades e limites. Isso porque ter clareza sobre essas questões é fundamental para você não só entender como você chegou a se comunicar, a se relacionar da forma como você se relaciona hoje, mas também gera um movimento rumo a novos caminhos, mais saudáveis e felizes. PERGUNTA POTENTE 1 Do que você precisa atualmente para se sentir feliz e em paz em seus relacionamentos? A proposta aqui é pensar no que você precisa. Quais são as suas necessidades afetivas? Do que você não pode abrir mão para se sentir bem numa relação? 34 PERGUNTA POTENTE 2 Essas necessidades estão ligadas a quem? Na questão anterior, você listou as suasnecessidades para estar feliz e em paz nas suas relações. Quando pensa em tê-las atendidas, quais pessoas passam pela sua cabeça? Após listar essas pessoas, pense no seguinte: será que eu comuniquei a elas o que preciso? E siga para a próxima questão. PERGUNTA POTENTE 3 Como costuma comunicar necessidades como essas? Quando você se vê dizendo ao outro o que você precisa, como costuma ser? Nesse ponto, é importante pensar que é bastante comum associarmos afeto e interesse ao fato do outro entender o que se passa conosco e o que precisamos, mesmo sem falarmos, mesmo sem pedirmos. Aqui convidamos você a buscar outro caminho: o da comunicação autêntica, dizendo ao outro que necessidades são essas, de forma que ele possa escolher atendê-las ou não. 35 PERGUNTA POTENTE 4 Como imagina a sua vida no futuro se conseguir o que precisa? Essa questão tem o objetivo de mostrar a você como as suas relações podem mudar se você conseguir ter clareza sobre o que precisa e também sobre os seus limites. Comunicar essas necessidades e limites de forma clara e não-violenta é fundamental para chegar a esse futuro que imagina. 36 RESUMO Ao chegar até aqui, você já deve ter mais clareza sobre suas necessidades. Escreva livremente sobre elas, guiado (a) pela pergunta: “Do que eu preciso?” 38 folhas: um olhar sobre o outro Na parte das folhas, convidamos você a movimentar empatia pelas pessoas com as quais se relaciona. A empatia é a capacidade de nos colocarmos no lugar de outra pessoa e entendermos as razões de determinados comportamentos e atitudes, sem julgamentos. PERGUNTA POTENTE 1 Pense em 3 pessoas que você tem dificuldade de se relacionar. Do que essas pessoas precisam? Lembra que você também respondeu algo sobre as suas necessidades? Quando fez isso, deve ter percebido que quando não temos essas necessidades atendidas tendemos a nos comportar de forma a obtê-las e isso pode significar algumas atitudes desesperadas, violentas e inadequadas quando o objetivo é se conectar com o outro. 39 PERGUNTA POTENTE 2 O que você imagina que elas precisam comunicar a você? Se essas pessoas fossem fazer pedidos a você sobre si mesmas, fossem falar de suas dores e dificuldades num momento de vulnerabilidade, o que te diriam? Pensar nisso pode apontar alguns caminhos de conexão com essas pessoas por meio da empatia. PERGUNTA POTENTE 3 Como acolher as dores e necessidades delas sem ultrapassar os seus próprios limites? Pense que ao fazer isso, você derruba a tal parede e abre uma janela. Mas isso precisa ser feito sem você se violentar, ou seja sem ultrapassar os seus próprios limites. Ao acolher dores e necessidades dos outros, saíamos daquele padrão de reagirmos somente ao julgamento. 40 RESUMO Como a empatia pode ajudar você a se relacionar melhor com as pessoas? Escreva sobre isso. frutos: a herança que Quero deixar 42 Aqui vamos pensar nas suas competências e habilidades de se relacionar, levando em consideração que quanto mais você tiver clareza delas e movimentá-las, melhores as suas relações serão. PERGUNTA POTENTE 1 Pense em um episódio em que conseguiu lidar bem com um conflito. Quais estratégias usou? Que tal usar essas estratégias nas demais relações que estão difíceis para você? 43 PERGUNTA POTENTE 2 Como se sentiu no episódio da pergunta 1? Quando somos bem sucedidos, costumamos nos sentir bem. Relembre os sentimentos e sensações desse episódio e pense que você pode senti-los novamente. PERGUNTA POTENTE 3 Como as pessoas envolvidas reagiram? Perceba o seu impacto no outro quando adota estratégias não-violentas de resolução de conflitos. PERGUNTA POTENTE 4 O que você aprendeu com essa experiência? O que você pode fazer agora com esse aprendizado, então? 44 RESUMO O que você aprendeu sobre si mesmo? Escreva sobre isso. 46 semente: para gerar o novo Para finalizar a sua árvore, vamos pensar na semente. Essa semente não é a que germinou a sua árvore, mas sim a que está dentro dos frutos. Ou seja, trabalhando com a metáfora da árvore, ela é a origem das suas novas relações. Por essa razão as três perguntas potentes estão aqui para você encerrar essa descoberta pensando no que você preci- sa cuidar em si para conseguir se relacionar da forma que gostaria. PERGUNTA POTENTE 1 Qual é a dor maior que você carrega e precisa comunicar ao mundo? 47 PERGUNTA POTENTE 2 Qual é o grito que está preso na sua garganta? PERGUNTA POTENTE 3 Quais são os sentimentos e experiências que você precisa deixar ir para se comunicar de forma mais profunda e empática? Ao ter clareza sobre essas questões, separe-as numa tabela com 3 colunas. A primeira nomeada “coisas que posso cuidar”, a segunda “coisas que posso estudar”, a terceira “coisas que preciso de apoio profissional para realizar”. E... Cuide. Estude. Procure apoio. COISAS QUE POSSO CUIDAR COISAS QUE POSSO ESTUDAR COISAS QUE PRECISO DE APOIO PROFISSIONAL PARA REALIZAR TABELA 49 para ampliar minha voz Esse ebook foi criado para levar uma experiência que consid- ero transformadora sob muitos aspectos para o maior número de pessoas. Se você se beneficiou com essa experiência, quero pedir a sua a juda para que possamos alcançar mais pessoas. Como ajudar? Você pode me enviar um depoimento sobre o que achou do livro e quais benefícios ele trouxe para a sua vida. Assim, posso divulgar para outras pessoas e dar a elas mais um motivo para se permitirem ter acesso a esse conteúdo também. Você também pode postar no seu facebook o link de divulgação do ebook. Assim, mais pessoas saberão que ele existe. Você pode divulgar o minicurso gratuito de comunicação não-violenta com filhos que criei para todas as mães e pais que você conhecer. Com isso, elas poderão ter o primeiro contato com essa forma de se comunicar que nos conecta. O link é esse aqui: http://cnvpais.teapoio.com.br/ Se quiser falar comigo, me escreve! Meu e-mail é eu@teapoio.com.br Muito obrigada e até a próxima! Com carinho, Viviane Ribeiro. 1 2 3
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