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Rousseau X Maquiavel

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ 
 
KARINA SILVA DE SOUSA E NÚBIA ZAVARIZE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CORRUPÇÃO HUMANA NO ESTADO MODERNO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Biguaçu 
2016 
KARINA SILVA DE SOUSA E NÚBIA ZAVARIZE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CORRUPÇÃO HUMANA NO ESTADO MODERNO 
 
 
 
 
 
Paper apresentado para a disciplina 
de Ciência Política, no curso de 
Direito, na Universidade do Vale do 
Itajaí, Centro de Ciência Social e 
Jurídica. 
Prof. : Roberto Wohlke 
 
 
 
 
Biguaçu/SC 
2016 
 
 
A CORRUPÇÃO HUMANA NO ESTADO MODERNO 
 
Karina Silva de Sousa e Núbia Zavarize 
Prof.: Roberto Wolke 
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI 
Bacharelado em Direito – Ciência Política 
04/11/16 
 
 
RESUMO 
Este trabalho tem como finalidade observar e comparar a linha de raciocínio de 
dois grandes filósofos: Jean-Jacques Rousseau e Nicolau Maquiavel. Em vista 
disso, analisar através deste Paper suas divergências e aproximações, seguida 
contribuições para o possível compreendimento relacionado a corrupção dos 
indivíduos no Estado Moderno. 
Palavras-Chave: Filósofos; Corrupção; Estado Moderno. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 O presente Paper tem como objetivo traçar algumas semelhanças e 
diferenças entre dois pensadores que influenciaram a política moderna, em 
nível mundial. Referimo-nos a Maquiavel e Rousseau. O homem está 
corrompido! E isto é fato, tanto para o contratualista Rousseau quanto para 
Maquiavel. Diante dessa temática, visamos observar a corrupção no seu 
sentido amplo e estrito, não apenas na sua definição atual de corrupção política 
e seus escândalos. Tratando da corrupção com ênfase na corrupção humana, 
e também, no seu interior em termos individuais ou em sociedade como um 
todo do Estado Moderno. Em seu sentido amplo e estrito, seja em termos 
individuais ou em uma sociedade como um todo, com ênfase na corrupção 
humana. 
 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
Maquiavel: Nasceu em Florença (Itália) em 3 de maio de 1469. Localidade, no 
qual, era constituída de múltiplos Estados, com uma grande diversificação 
politica, econômica e cultura. Entretanto, havia épocas de tranquilidade, mas 
por conta dessa variedade, abria margens para os conflitos, ocasionando 
desordem, instabilidade e invasões. Foi nesse contexto conturbado que 
Maquiavel passou sua infância e adolescência. Este, não pertencia a uma 
família de ricos, contudo, seu pai, advogado, empenhou-se em transmitir uma 
educação clássica ao seu filho. Visto que, desde muito cedo, já dominava o 
latim. Aos 29 anos, Nicolau, passa a exercer um cargo de suma importância na 
vida pública. No entanto, suas atividades diplomáticas, foram interrompidas 
devido à retomada do poder pelos Médicis. No ano de 1512 “[…] Maquiavel foi 
demitido, proibido de abandonar o território florentino pelo espaço de um ano, e 
ficava-lhe vedado o acesso a qualquer prédio público.” (WELFFORT, 2001, p. 
15). O pior ocorreu no ano seguinte, quando este, foi suspeito de conspirar 
contra o governo dos Médicis. Por conta disso, sofreu uma série de punições 
como: condenado à prisão, torturado e pagar um valor alto de multa. No ano 
seguinte, Maquiavel consegue a libertação, mas é exilado e a partir disso passa 
a viver modestamente estudando os clássicos. Desses momentos que surgiram 
as obras de Nicolau: “O príncipe data dos anos de 1512 a 1513; o livro sobre A 
arte da guerra, de 1519 a 1520; e, por último, sua História de Florença, de 1520 
a 1525.” (WELFFORT, 2001, p. 16,17). Maquiavel buscando voltar ás funções 
públicas, dedica aos Médicis (os tiranos) o livro O príncipe, mas são insensíveis 
ao pedido, pois para estes, ele é republicano. Passa a ser encarregado pelo 
cardeal Júlio de Médicis para escrever sobre Florença, sua última obra. Por fim, 
após sete anos, ocorre a queda dos Médicis e a república é restaurada. Mas 
passa a ser visto pelos republicanos como uma pessoa ligada aos tiranos, já 
que dedicou e escreveu uma obra sobre sua cidade. Ademais, viu-se derrotada 
e esgotada. Sendo considerado inimigo da república. Vindo este, a adoecer e 
morrer em julho. (WELFFORT, 2001, p. 13-17) 
 Atualmente, é difícil falar em sociedade, sem se deparar com a 
corrupção humana. O filósofo Maquiavel, século XVI, rompe com o idealismo, 
ao encarar os fatos não apenas, pelas ideias de um mundo perfeito sem se 
basear na sociedade real. Segundo Oliveira (2010, p.18): “Maquiavel trata a 
política de forma realista, isto é, rejeita a metafísica e a teologia como 
referências pertinentes que norteiam a reflexão sobre o poder”. Com base 
nisso, Nicolau rejeita á moralidade cristã (privada) e redigi sobre um universo 
mais amplo, próprio à vida pública no geral. A divergência disso separa duas 
esferas da moral – a esfera pública e a esfera privada. Para Maquiavel o 
Estado tem que ser real, ou seja, analisar as coisas priorizando a realidade e 
visando o bem comum. Pode-se dar como exemplo no nosso tempo, um bem 
público se tornar privado. No entanto, se não vai favorecer ao bem comum, 
mas sim, principalmente a um grupo, um dono da instituição, isto origina um ato 
corruptível com a sociedade. 
 
 
A corrupção é definida claramente como a incapacidade de alguém 
dedicar suas energias ao bem comum e, paralelamente colocar os 
próprios interesses acima dos da comunidade […] como o efeito de 
uma polis mal ordenada, na qual o cidadão não tem sua 
independência garantida e está impedido de participar dos negócios 
públicos. (OLIVEIRA, 2010, p.30) 
 
 
 Diante disso, nem todas as pessoas são boas. Relata que estes devem 
ter a intenção de alcançar o bem comum e estão presentes da virtú, e que as 
autoridades, em vez de apresentarem leis visando a liberdade e o interesse 
coletivo, criam-na a favor de si próprio. Uma sociedade corrompida não 
reconhece os benefícios da liberdade. 
Somente o povo cheio de virtú, tendo em vista o bem comum é que pode fazer 
com que os interesses privados não se sobreponham aos interesses comuns. 
Sendo a corrupção, compreendida como a falta desse ato. 
 Diante de suas obras podemos pensar e buscar entender esse mal que 
tem na nossa sociedade. Segundo uma leitura comum, Maquiavel não entende 
o problema da corrupção do homem como algo moral e sim a formação étnica 
do cidadão que define a corrupção. 
 Mas temos outros pontos de vista como podemos observar segundo 
Oliveira (2010, p.18): “Este é um ponto sobre o qual há um conflito 
interpretativo: pela leitura mais convencional, Maquiavel não teria nenhuma 
preocupação com a ética; os argumentos de Berlin e Escorel, contrários a essa 
perspectiva, merecem consideração”. Dado a consideração dessa citação, 
prosseguem-se os fatos: 
 
 
Berlin (1982) argumenta que, ao opor as “leis da política” ao “bem e 
ao mal”, Maquiavel não contrasta duas esferas autônomas de ação, a 
política e a moral, mas sim a concepção ética como domínio 
valorativo referido à vida pública com uma outra, eminentemente 
privada, voltada para a regulação da vida pessoa, algo que não lhe 
interessa. Sua rejeição à moralidade cristã não se faz a partir de uma 
posição de amoralidade, mas sim por referência a um universo onde 
os homens estão interagindo com vistas a atingir finalidades públicas 
(Escorel, 1979, p.93) 
 
 
 Com relação a isso, os indivíduos a interagirem com vistas a finalidades 
públicas baseiam-se no conceito de bem comum. Ademais, no plano da moral, 
como fundamentação para a explicação da corrupção em Maquiavel, podemos 
dizer que esta ocorre nos cidadãos (a matéria), e quando essa matéria é 
corrompida transformamas coisas boas, em maléficas. Por fim, ao analisar o 
capítulo 17 do livro primeiro dos Discursos, percebemos que a moral esta 
ligada a corrupção, ao passo que, se os indivíduos se tornarem moralmente 
corruptos, o funcionamento, as leis deixam de ser boas, como podemos 
observar na citação abaixo: 
 
De onde se conclui que, quando a massa do povo é sadia, as 
desordens e os tumultos não chegam a ser daninhos: mas quando 
estão corrompida, mesmo as leis melhor ordenadas são impotentes – 
a menos que sejam manipuladas habilmente por uma personalidade 
vigorosa, respeitada pela sua autoridade, e que possa cortar o mal 
pela raiz. (MAQUIAVEL, 2010, p.74) 
 
 Com fundamentos nisso, não é a pessoa ser rica ou pobre que leva a 
corrupção. Segundo Maquiavel, é um problema quando se perde o sentido do 
bem comum. Ele vai pensar na corrupção no cidadão, pois é ele que tem a 
função politica de decidir o bem comum. Se uma instituição ela está a favor do 
bem comum ela não é corruptível. Podemos exemplificar isso no nosso tempo, 
um bem público se tornar privado, porque não vai favorecer ao bem comum, 
mas sim, principalmente a um grupo, um dono da instituição. Nota-se também 
que para Maquiavel as leis são muito rígidas, e se ela não caminha junto com o 
tempo ela também pode ser corruptível. Na medida em que toda a comunidade 
esta interligada e enraizada na moral, se esta for corrompida, tudo que se 
encontra nela, ordem, leis… dificilmente atingiram o bem comum. 
 Contudo, a forma para minimizar uma sociedade corrompida esta 
justamente na virtú do povo. No qual, agregado a sua união, pode-se assegurar 
a liberdade e evitar a corrupção. 
 
Jean-Jacques Rousseau: nasceu em Genebra no ano de 1712 e veio a 
falecer em 1778. Dotado de excepcionais qualidades de inteligência e 
imaginação, foi ele um dos maiores escritores e filósofos do seu tempo. Em 
suas obras, defende a ideia da volta da natureza, a excelência natural do 
homem, a necessidade do contrato social para garantir os direitos da 
coletividade. Seu estilo, apaixonado e eloquente, tornou-se um dos mais 
poderosos instrumentos de agitação e propaganda das ideias que haviam de 
constituir, mais tarde, o imenso cabedal teórico da Grande Revolução de 
1789-93. Ao lado de Diderot, D’Alembert e tantos outros nomes insignes que 
elevaram, naquela época, o pensamento cientifico e literário da Franca, foi 
Rousseau um dos mais preciosos colaboradores do movimento enciclopedista. 
Das suas numerosas obras, podem citar-se, dentre as mais notáveis: Júlia ou a 
Nova Heloisa (1761), romance epistolar, cheio de grande sentimentalidade e 
amor á natureza; O Contrato Social (1762), onde a vida social é considerada 
sobre a base de um contrato em que a cada contratante condiciona sua 
liberdade ao bem da comunidade, procurando proceder sempre de acordo com 
as aspirações da maioria; Emílio ou da Educação (1762), romance filosófico, no 
qual, partindo do principio de que o “homem é naturalmente bom e má 
educação dada pela sociedade, preconiza “uma educação negativa como a 
melhor, ou antes, como a única boa”; As Confissões, obra publicada após a 
morte do autor (1781-1788), e que é uma autobiografia sob todos os pontos de 
vistas notáveis. 
 
Contexto Histórico: 
 1718 - Têm início suas primeiras leituras. Leu obras de Bossuet, La 
Sueur, Plutarco, Ovídio, La Bruyére, Fontenelle, Moliére; 
 1722 - Rousseau permanece aos cuidados do pastor Lambercier em 
Bossey; 
 1731 - Converte-se ao catolicismo em Amnecy; 
 1743 - Escreve Dissertação sobre a música moderna; 
 1744 - Secretário do embaixador de Veneza. Encontra-se com Diderot; 
 1747 - Nascimento do primeiro filho, entregue a uma instituição de 
caridade. E assim feito com os outros quatro filhos; 
(...) 
● 1760 - Publicação de A nova Heloísa 
● 1762 - Publicação do Contrato Social e do Emílio. 
● 1770 - Ganha a vida como copiador de música e faz leituras públicas 
das Confissões; 
 
● 1778 – Morre em 02 de Julho, deixando inacabado os Devaneios. 
 
 Rousseau segue a linha dos designados contratualistas, mantendo-se 
como ideia básica o pacto social como um meio de legitimar o poder 
constituído. Apesar de vivenciar em uma época iluminista, o mesmo se dedica 
á obra intitulada “Emílio o Educação” onde defende a tese de que o homem 
nasce bom, no entanto, a sociedade o corrompe, porém, a sociedade é 
formada por homens, então quem os teria corrompido? Trata-se da ideia do 
“bom-selvagem”. Para Rousseau, nos primórdios de nossa existência, os 
homens viviam de forma natural, onde excepcionalmente se tinha vontade, mas 
que eram naturalmente satisfeitas. Com o passar do tempo e com o 
desenvolvimento da civilização teria os transformados em gananciosos. 
Criando uma desigualdade entre os homens e corrompendo a sua naturalidade 
humana e sua bondade. Mesmo julgando a civilização e apontando que os 
homens se aperfeiçoaram para o mal, ele se preocupou em “elaborar” um 
homem ideal, um modelo de sociedade, que se dará como base para a 
democracia moderna. Ele busca recuperar a naturalidade perdida pela 
corrupção traga pela sociedade. Para fundamentar esta ideia, ele tece um novo 
Contrato Social, onde os indivíduos cedem seus direitos em favor da 
comunidade. No qual cada cidadão, por ser membro de um povo, concorda em 
submeter-se sua vontade particular á vontade geral, sendo assim, o povo seria 
uma parte ativa e passiva, um pacto legitimo pautado na alienação da vontade 
particular como condição de igualde entre todos. Se não houver plena 
alienação, o cidadão ficará exposto ao domínio de outros. O pacto social dá ao 
corpo político um poder absoluto sobre todos os seus, e é este mesmo poder 
que, encaminhado pela vontade geral, tem o nome de soberania. A vontade 
geral e o interesse comum também são um ato de soberania e por isso é lei e 
que deve ser obedecido sendo um compromisso recíproco entre todos. O 
soberano é a pessoa pública e a pessoa moral, é o Estado Ativo, ele é como a 
porta voz de toda a vontade do povo. A soberania é indivisível pela mesma 
razão de ser inalienável, pois não pode nunca agir em interesse próprio ou para 
alguns. Para Rousseau: 
[...] a soberania, por ser apenas o exercício da vontade geral, não 
pode jamais se alienar, e que o Soberano que não é senão um ser 
coletivo, só pode ser representado por si mesmo. O poder pode ser 
transmitido, mas não à vontade. [...] (ROUSSEAU, Os Clássicos da 
Política, p. 226) 
 
 Seguindo a ideia de que o homem é naturalmente bom, e a sociedade é 
culpada por torna-lo mal, em sua obra O Contrato Social, é possível identificar 
o pensamento de constituir um Estado Ideal, desde que haja o consenso dos 
indivíduos, e por consequência o mesmo daria a possibilidade de devolver os 
direitos á todos, afastando da corrupção. Ele, no entanto, conseguiu aprimorar 
suas ideias referentes à busca do perfeito Estado, onde todos teriam o seu 
bem comum alcançado. Porém, para a criação do Estado, para Rousseau 
requer a participação direta dos cidadãos, esta participação ativa dos mesmos 
é se partirá da vontade geral, e é nesta vontade geral que será dado “vida” a 
este Estado. A participação ativa dos cidadãos tem como objetivo impedir a 
corrupção e a dissolução da sociedade, remetendo-se a soberania do povo. O 
Governo é como um funcionário do Soberano. 
 
[...] A força pública necessita de um agente próprio que a reúna e a 
ponha em ação segundo as diretrizes da vontade geral, que sirva à 
comunicação entre o Estado e o soberano, que de algum modo 
determine na pessoa pública o que no homem faz a união da alma 
com o corpo. Eis qual é no Estado, a razão do governo, confundia 
erroneamente como soberano, do qual não é senão o ministro. [...] 
(ROUSSEAU. Os Clássicos da Política p. 230). 
[...] O governo recebe do soberano as ordens que dá ao povo e, para 
o que Estado permaneça em bom equilíbrio, é preciso que, tudo 
compensado, haja igualdade entre o produto ou o poder do governo 
tomado em si mesmo, e o produto ou a potência dos cidadãos, que 
de um lado são soberanos e de outro, súditos. [...] (ROUSSEAU. Os 
Clássicos da Política p. 231). 
 
Rousseau afirma que a humanidade não está totalmente condenada a 
corrupção ou a desigualdade de sua própria natureza, na medida em que a 
sociedade é obra humana, podemos admitir que o homem é o culpado dos 
males que traz /faz pra si mesmo, mas por outro lado, por ser um filho da 
natureza, carrega consigo a inocência indestrutível. O próprio Rousseau afirma 
que a bondade e a maldade estariam presentes no ser e no agir dos homens. 
Segundo o autor. 
“Os homens são maus – uma experiência triste e contínua dispensa 
provas; no entanto, o homem é naturalmente bom – (...) o que, pois, 
poderá tê-lo depravado a esse ponto senão as mudanças 
sobrevindas em sua constituição, os progressos que fez e os 
conhecimentos que adquiriu?” (ROUSSEAU. Discurso sobre origem e 
os fundamentos da desigualdade entre os homens – 2ª parte). 
 
Com base nisto, a intervenção de Educador faz-se necessário, para que 
haja uma função de aliar a natureza humana, a cidadania e educação, 
elementos básicos do estado de natureza caracterizando-se uma sociedade 
civil. O Educador deverá ser dedicado, para que o “jovem” não seja tentado a 
se corromper. Um projeto ambicioso de sociedade, cuja meta principal estaria 
na contenção da corrupção. Mesmo vivendo em um ambiente similar ao 
estado de natureza, nessa nova etapa o homem inicia um lento, porém 
significativo, processo de corrupção ou desnaturação o processo de corrupção 
do homem natural foi motivado, também, pela intervenção de algum elemento 
externo que teria contribuído para que os indivíduos se rompessem com aquele 
tipo vida equilibrada entre o homem e a natureza. Ou seja, a bondade natural 
não cedeu lugar à corrupção humana de forma tão rápida. 
 No entanto, o progresso do homem quanto ao processo de 
desvirtuamento da sua natureza originária mostrou-se efeito. Nesse caso, o 
homem civilizado deve ser considerado um homem corrompido. Além do mais, 
o próprio homem corrompeu a si mesmo. Para que a introdução do homem na 
sociedade civil deixe de ser um potencial e torne-se realidade, fazem-se 
necessária o papel do Educador e, logo mais, do Legislador. Estes são partes 
que podem propiciar um adequado desenvolvimento da natureza humana. Vale 
deixar claro que a “reestruturação” humana não busca alterar a natureza 
humana, mas sim a sua condição. Assim, através da ação política e 
educacional é possível fazer frente ao atual estado de corrupção humana. Tal 
ação notadamente pressupõe o Educador e o Legislador. Esse Legislador e 
Educador não podem ignorar a natureza humana. 
 
 
3. COMPARATIVO 
 Ambos os sistemas e conceitos de Maquiavel e Rousseau são mais 
eficientes em suas determinadas particularidades: A vontade geral por vezes é 
autodestrutiva e ineficiente e por outro lado o governante é humano e, portanto, 
sempre há a possibilidade de ser corruptível a qualquer momento. Rousseau 
propõe a concepção de que o homem é bom por natureza. Em seu estado de 
natureza, o homem não obedece à lei convencional, porque não as possui, 
mas age de acordo com seus determinados instintos. Para ele, o Estado seria 
um conjunto de membros que formava todo o corpo politico e social. Os 
indivíduos têm suas vontades próprias, mas também fica clara a existência da 
vontade geral. Diferentemente de Maquiavel, onde o Estado tem que ser real, 
ou seja, é necessário examinar a realidade do jeito que a mesma é, e 
infelizmente, não como a gostaríamos que fosse. Acredita também que o 
Estado precisa passar por diversos ciclos de estabilidades e caos, desde que a 
ordem possa imperar. No Estado após alcançar a ordem, a própria ameaça de 
desordem é muito importante para o seu crescimento. No entanto, a ordem se 
faz necessária para a politica. Para Rousseau a República é todo Estado 
regido de leis, e até mesmo, por acreditar que a Monarquia possa se tornar 
Republica. Maquiavel por ser republicano acredita que quando uma instituição 
se torna “defeituosa” isso se tornará decorrente da falta de um poder absoluto, 
senhor absoluto do Estado. 
 A sociedade desta forma para Maquiavel é composta por duas forças 
opostas: uma que queira dominar e a outra que não quer se dominada. Tendo 
como necessidade a intervenção de um governante, que saiba ao mesmo 
tempo, manter o domínio e o respeito dos governados. Por conseguinte, 
Rousseau afirma que um legislador deve fazer as leis de acordo com o povo, 
determinando a pé, a igualdade e liberdade. Sem discordar disto, Maquiavel 
afirma que as boas leis, ou seja, aquelas que garantem a liberdade do individuo 
surge dos conflitos. Entretanto, a sua liberdade não resulta na desigualdade 
existente, no qual Rousseau destaque em seu livro. 
 Maquiavel apresenta três formas de republicas: As repúblicas 
apresentariam três formas: a aristocrática, na qual uma maioria de governados 
se encontra diante de uma minoria de governantes; a democrática em sentido 
restrito, em que uma minoria de governados se acha diante de uma maioria de 
governantes; e a democracia ampla, quando a coletividade se autogoverna, 
isto é, o Estado se confunde com o governo. Diferentemente de Rousseau que 
analisa três formas de governo: Na Democracia os cidadãos exercem o 
magistrado. Na Aristocracia existe mais cidadão comum que magistrados e na 
Monarquia, há apenas um magistrado. 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Este paper se sustenta nas contribuições dadas ao Estado moderno por 
Maquiavel e Rousseau. Vimos que o homem como obra de si, está voltado 
para o mal, está corrompido, segundo Rousseau. Não existe mais aquele 
homem bom por natureza, vimos também o significativo progresso da 
desigualdade entre eles, no sentido de distanciar o homem de si mesmo e até 
da própria natureza. Logo, o progresso do homem mostrou-se conjunto ao 
processo de desvirtuamento da sua natureza originária. Assim, a contribuição 
de Nicolau Maquiavel para o mundo é imensa e fantástica. Entretanto, em uma 
sociedade corrompida esta justamente na virtú do povo. No qual, agregado a 
sua união, pode-se assegurar a liberdade e evitar a corrupção. E é por essas 
contribuições que até hoje, e provavelmente para sempre, ele será reconhecido 
como um dos maiores pensadores da história do mundo. 
 
5. REFERÊNCIAS 
 
MAQUIAVEL. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. São Paulo: 
Martins Fontes, 2001. 
 
OLIVEIRA, Isabel de Assis Ribeiro. Teoria Política Moderna: Um introdução. 
Rio de Janeiro: editora UFRJ, 2010. (cap 1. O Príncipe e os Discursos de 
Maquiavel 
 
WEFFORT, Francisco C. Os clássicos da política.14. ed. São Paulo: Ática, 
2006. 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ. Elaboração de trabalhos acadêmicos 
científicos. Itajaí, 2011.

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