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AO JUÍZO DA 2ª VARA DE CÍVEL DA COMARCA DE FLORIANÓPOLIS - SC Por dependência do processo nº ... PEDRO DE CASTRO, nacionalidade..., estado civil ..., profissão ..., portador da cédula de identidade RG n°..., inscrito no CPF sob o n °..., endereço eletrônico ..., residente e domiciliado na rua..., nº ..., Florianópolis, Santa Catarina, vem por sua advogada, com endereço profissional na rua ..., nº ..., bairro..., cidade..., Estado..., que indica para os fins do artigo 77, inciso V do CPC, com fundamento no artigo 305 e seguintes do CPC, opor: EMBARGOS A EXECUÇÃO Pelo rito ESPECIAL (art. 914 CPC), em face da Instituição Financeira “Banco Quero seu Dinheiro S.A”, Pessoa Jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº ..., com sede à rua ..., nº ..., bairro ..., Rio de Janeiro, RJ, endereço eletrônico ..., pelas razões de fato e de direito que passa a expor. DOS FATOS O embargante em agosto de 2014 foi avalista de um título executivo extrajudicial, nota promissória em face do embargado. O título exprimia o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) e, que diante da mora da avalizada, informada em dezembro de 2014 pelo embargado ao embargante optou por quitar todo o valor do título em abril de 2015. Nos últimos dias o embargante foi surpreendido, em seu local de trabalho, por oficial de justiça que portava intimação de execução de título extrajudicial, no valor de R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais), proposta pelo embargado. Ocorre que o embargante em nenhum momento posterior a agosto de 2014 serviu de avalista ou sequer assinou algum título de crédito para si ou para avalizado neste ou em qualquer outro valor perante o embargado. Ao verificar os autos em dependência foi possível observar que o novo empréstimo de mútuo sequer tinha garantia e que na falta desta o embargado utilizou o título já quitado como garantia do novo empréstimo de mútuo. A intimação constava de penhora do seu único e exclusivo local de trabalho. DAS PRELIMINARES De acordo com o artigo 337, III do CPC há aqui uma incorreção no valor da causa visto que o réu JAMAIS contraiu dívida com o embargado e que quando foi avalista de terceiro fez questão de QUITAR todo e qualquer débito que pudesse ser questionado. Na forma do artigo 17 c/c o artigo 917, IV ambos do CPC há necessidade de interesse e legitimidade, em que pese o embargante não ter nenhum tipo de vínculo com o embargado não é legitimado para posar no pólo passivo da ação que esta corre em dependência e o objeto da execução é seu único e exclusivo local de trabalho do qual extrai o seu sustento e de sua família. DOS FUNDAMENTOS Muito bem explicado por Débora Maiuri Cruz temos um conceito de má-fé: “A expressão "má-fé" deriva do latim malefatius (mau destino, ou má- sorte), e é utilizada pelos juristas para exprimir tudo que se faz com maldade, com o total conhecimento do mal contido no ato executado ou do vício que pretende esconder. É enganar, fingir, passar a ideia de que certa coisa é legítima e perfeita sendo que não o é, e a parte tendo total conhecimento disso, leva a diante a mentira com essa chamada "má-fé". No mundo em que vivemos atualmente, a diminuição do número de estudiosos e intelectuais aumenta o número de mal intencionados, que apenas visando seus honorários ou o salário ao final do mês, utilizam das armas que possuem para obter vantagens e acabam por banalizar o Direito, desrespeitando as regras morais de conduta, buscando o resultado ao preço que for.” Depois dessa explicação da nobre operadora do direito pode-se concluir pela má fé objetiva do embargado ao anexar como documento de prova nos autos um título já quitado e de valor diferente daquele que é cobrado e juntamente com o mesmo há o contrato que versa sobre a ausência de garantia no empréstimo de mútuo. Ainda neste sentido, Gelson Amaro de Souza preleciona: “A litigância de má-fé deve ser considerada como aquela atitude tomada por alguma das partes ou por terceiro interveniente (assistente, amicus curiae, etc), que se posiciona contrariamente ao que seria a boa-fé. A relação do artigo 17 do CPC é um excelente instrumental de referência, mas não exaustivo, senão apenas exemplificativo. Anota DOTTI DORIA[2] que a litigância de má-fé caracteriza-se pelo agir em desconformidade com o dever jurídico de lealdade processual. A convivência entre seres humanos só poderá, pois, ser considerada bem constituída, fecunda e conforme a dignidade humana, quando fundada sobre a verdade, como adverte o Apóstolo: “Renunciais à mentira e falai a verdade cada um com o seu próximo”[3]. Para o eminente Professor THEODORO JUNIOR[4], o conceito de litigância de má-fé encontra-se assentado em nosso sistema normativo, sobre conceitos e noções genéricas e vagas, como sói acontecer com preceitos éticos em geral. Noções como ‘lealdade e boa-fé’, ‘resistência injustificada’, ‘procedimento temerário’ etc. não correspondem a normas precisas, mas regras principiológicas, que mais se apresentam como parâmetros, do que como comandos normativos. Também já se disse que o desrespeito ao dever de lealdade processual traduz-se em ilícito processual, o que por si só já configura a litigância de má-fé, a merecer a aplicação de sanções processuais[5]. Também, da má-fé do litigante resulta o dever de ressarcir ou reparar[6] os danos causados à parte prejudicada, nos termos dispostos no artigo 16 do CPC. Assim é que THEODORO JUNIOR[7] reconhece que para esse atentado, o órgão judicial está autorizado, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável a multa até vinte por cento do valor da causa. Em síntese, tudo que contrariar a boa-fé, é má-fé e, se isso se dá dentro do processo, caracteriza-se a litigância de má-fé, que deve ser punida. Enfim, qualquer comportamento da parte no sentido de dificultar ou retardar a aplicação da lei é litigância de má-fé[8].” É certo que o embargante só tomou conhecimento que o título havia sido utilizado para fundar a dívida ao ter acesso aos primeiros autos processuais, de forma que o mesmo ficou perplexo com tamanha capacidade de uma renomada instituição argüir, em falsidade, tal dívida. Por analogia ao artigo 1024 do Código Civil c/c o artigo 833, II do CPC o bem do embargante que serve como objeto de penhora é impenhorável por se tratar de imóvel utilizado para prover seus alimentos. Conforme é possível se observar nesta decisão: “PROCESSUAL CIVIL. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. MEDIDA CAUTELAR DE INDISPONIBILIDADE DE BENS. ART. 7º DA LEI 8.429/92. VIOLAÇÃO. DESNECESSIDADE DE INDIVIDUALIZAÇÃO DOS BENS. BENS IMPENHORÁVEIS. EXCLUSÃO. 1. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente, não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC. 2. Cuida- se, na origem, de Ação de Improbidade Administrativa proposta pelo Ministério Público Federal em razão da malversação no uso de recursos federais repassados ao Município pelo Fundef. 3. A decretação da indisponibilidade, que não se confunde com o sequestro, prescinde de individualização dos bens pelo Parquet. A exegese do art. 7º da Lei 8.429/1992, conferida pela jurisprudência do STJ, é de que a indisponibilidade pode alcançar tantos bens quantos necessários a garantir as consequências financeiras da prática de improbidade, mesmo os adquiridos anteriormente à conduta ilícita, excluídos os bens impenhoráveis assim definidos por lei, salvo quando estes tenham sido, comprovadamente, adquiridos tambémcom produto da empreitada ímproba, hipótese em que se resguarda apenas os essenciais à subsistência do indiciado/acusado. 4. No caso, o Tribunal de origem cassou a decisão de primeiro grau que deferira a indisponibilidade de bens não por considerar ausentes os requisitos para concessão da medida cautelar, mas por entender que o ato acautelatório deferido teria sido gravoso demais 5. O Tribunal a quo cassou a medida de indisponibilidade que recaía sobre os bens do recorrido unicamente por ela, equivocadamente, abranger recursos impenhoráveis. Assim, é patente a violação ao art. 7º da Lei 8.429/1992, pois não seria o caso de indeferir totalmente tal medida, mas apenas de restringir seu alcance ao montante necessário para garantir as consequências financeiras da prática da improbidade, com exclusão dos bens impenhoráveis. 6. Recurso especial parcialmente provido para determinar a indisponibilidade dos bens penhoráveis do recorrido no montante necessário à reparação do dano ao erário decorrente do ato ímprobo que lhe é imputado, excluídos, portanto, os proventos de aposentadoria da abrangência de tal Medida Cautelar.” (STJ - REsp: 1461892 BA 2014/0148586-8, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 17/03/2015, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 06/04/2015) Em outra decisão se observa que aquilo que está ligado ou objeto de trabalho é impenhorável: “AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. IMPENHORABILIDADE DE BENS IMPENHORÁVEIS. ART. 649, V, DO CPC. Descabida mostra-se a mera alegação de impenhorabilidade de bem que supostamente constitui instrumento de trabalho do executado. Necessária, pois, a efetiva comprovação do alegado. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA. (Agravo de Instrumento Nº 70056750987, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Walda Maria Melo Pierro, Julgado em 18/10/2013)” (TJ-RS - AI: 70056750987 RS, Relator: Walda Maria Melo Pierro, Data de Julgamento: 18/10/2013, Vigésima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 25/10/2013) DA TUTELA DE URGÊNCIA Na forma do artigo 300 c/c o art 919, §1º do CPC, verifica-se a possibilidade de Tutela de urgência evitando-se assim o dano e a possibilidade do resulta desta demanda não possuir utilidade ao processo. As decisões abaixo reforçam esse entendimento: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE EXECUÇÃO - EMBARGOS À EXECUÇÃO - EFEITO SUSPENSIVO - INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 919 DO CPC/2015 - MEDIDA EXCEPCIONAL - NECESSIDADE DE SE VERIFICAR CUMULATIVAMENTE OS REQUISITOS DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA E A GARANTIA SUFICIENTE DO JUÍZO - PRESENÇA - POSSIBILIDADE DA SUSPENSÃO DO FEITO EXECUTÓRIO - RECURSO PROVIDO. - De acordo com o artigo 919, § 1º do Código de Processo Civil, o juiz poderá, excepcionalmente, atribuir efeito suspensivo aos Embargos do devedor, "quando verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes". - Revela-se plausível o tema deduzido nos Embargos à Execução atinente ao pedido de alongamento da dívida exequenda, porquanto se trata de direito do devedor quando o inadimplemento tem como fonte a dificuldade na venda dos produtos plantados, a frustração de safras ou eventuais problemas no desenvolvimento das produções. - Caso seja reconhecido o direito à prorrogação dos débitos executados, a Ação de Execução restará prejudicada, razão pela qual a sua suspensão enquanto não decidida essa questão é medida que se impõe, sob pena de admitir que os requeridos sofram constrições patrimoniais sem que sequer esteja certa a exigibilidade das dívidas; causando-lhes danos e prejuízos graves ou até mesmo irreparáveis. - Estando garantidas as Cédulas Rurais exequendas por hipoteca gravada em favor da parte credora, também se reputa garantido o juízo para efeitos de suspensão da execução em razão da interposição de Embargos. - Deve ser deferida a atribuição de efeito suspensivo aos Embargos à Execução se presentes cumulativamente os pressupostos para a sua concessão. (TJ-MG - AI: 10000170456719001 MG, Relator: Mota e Silva, Data de Julgamento: 22/08/2017, Câmaras Cíveis / 18ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 22/08/2017) Ainda no mesmo sentido: “AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. EFEITO SUSPENSIVO DEFERIDO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS DO ART. 919, § 1º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. Nos termos do art. 919, § 1º do Novo Código de Processo Civil, o juiz poderá atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, relevantes os fundamentos, o prosseguimento da ação possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e, ainda, que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução, o que inocorre no caso. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO, COM BASE NO ARTIGO 932, IV E VIII, DO CPC E ARTIGO 169, XXXIX, DO REGIMENTO INTERNO DESTA CORTE. (Agravo de Instrumento Nº 70074650466, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liege Puricelli Pires, Julgado em 17/08/2017).” (TJ-RS - AI: 70074650466 RS, Relator: Liege Puricelli Pires, Data de Julgamento: 17/08/2017, Décima Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 18/08/2017) DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer: a) preliminarmente, indeferir o pedido de bloqueio de valores solicitado pelo Exeqüente, ora embargado. b) Que seja reconhecida ilegitimidade passiva do executado c) Que seja reconhecida a inexigibilidade do título apresentado pelo embargado com a conseqüente extinção da penhora existente e da execução pendente. d) Caso ultrapassado o pedido anterior requer desde já a desconstituição da penhora nos termos do artigo 917, II do CPC. e) A condenação do embargado as penalidade da litigância de má fé nos termos dos artigos 80, II e 81 ambos do CPC. f) Condenação do réu em custas processuais e nos honorários advocatícios na porcentagem de 20%. DAS PROVAS Requer a produção de provas, conforme artigo 369 do CPC, especialmente documental. DO VALOR DA CAUSA Dá-se à causa o valor de R$ 150.000,00 (Cento e cinqüenta mil reais) Espera deferimento. Local e data. Advogado (nome completo do advogado e sua assinatura). OAB/UF n.º... (sigla do Estado da Federação e número da OAB)
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