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Sistema Cardiovascular Ruminantes

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Semiologia e Afecções do Sistema Cardiovascular de Ruminantes
Doenças primariamente cardíacas são raras em ruminantes, pois normalmente são doenças de animais mais velhos, e é muito difícil um bovino chegar à velhice (de leite vai até uns 7-8 anos, depois abate). O foco é nas doenças do sangue, que não são primárias do coração, mas tem reflexo no sistema cardiovascular. 
A
• Anatomia
M
PO coração normalmente é “em pé”, onde a auscultação é feita “em pirâmide”: 
M
A
PEm ruminantes o coração é tombado pra frente, e 60% a esquerda do animal, fazendo com que a auscultação fique:
É muito difícil perceber se a auscultação está em foco aórtico, mitral ou pulmonar, a menos que tenha alguma alteração, como um sopro, por exemplo. Em animais sadios normalmente não se percebe.
• Semiologia do Sistema Cardiovascular
É utilizada a auscultação, inspeção, palpação e percussão.
Na inspeção pode-se observar mucosas, inchaços/edemas. Na palpação se nota pulso e edemas.
• Inspeção/palpação – Doenças cardiovasculares têm por característica formar edemas – Edema de Ganacha: ocorre muito em situações de haemoncose (parasita Haemonchus), pois o parasita diminui a viscosidade do sangue, levando a edema; Edema de Barbela; Anasarca; Ascite. *Edema é indicador de doença cardiovascular, pois começa a extravasar líquidos. 
• Palpação – Pode-se fazer a Prova Pulso Jugular positivo(+) – é possível enxergar a jugular “pulando”, como depois de alguém correr. O animal apresenta a o pulso jugular positivo em repouso, e é um indicador de doença cardiovascular quando aparece junto com os edemas.
• Palpação – Prova de Garrote positivo(+) – sempre é um sinal de doença cardiovascular. Fisiologicamente, o fluxo de sangue na jugular é da cabeça para o coração, e quando garroteia a jugular, deve entumecer (dilatar) apenas a região anterior ao garrote (na direção da cabeça). Na prova de garrote, se faz o garrote na jugular, e essa dilatação ocorre tanto anterior quanto posteriormente ao garrote, mostrando que há um refluxo de alguma válvula acontecendo, e, além disso, também pode haver pulso do coração pra cabeça, o que não é o fisiológico na jugular.
• Palpação de pulso arterial – pode-se palpar o pulso em 4 regiões: artéria maxilar externa e artéria mediana são as mais difíceis; artéria coccígea (no rabo), e artéria safena são as mais fáceis, ou de melhor acesso. *Na coccígea também coleta sangue.
• Na percussão, é possível localizar o coração, pois apresenta um som submaciço (som de órgãos preenchidos por água) – o coração fica numa região “abaixo” do pulmão: vai percutindo todo o pulmão, que possui som claro, quando chega a região do coração, o som muda pra submaciçi (submacicez cardíaca). Além disso, outra forma de tentar localizar a altura do coração: traça uma linha imaginária na articulação úmero-rádio-ulnar, e outra na escápulo-umeral (limitando altura), o coração fica entre o 2° e o 6° espaço intercostal. 
Prova de Hiperalgesia: Percussão dolorosa – animal sente dor a percussão, mostrando que há um processo inflamatório no coração, e o animal reage a dor.
Alteração na viscosidade do sangue.
Mudança de velocidade do sangue.
Causa prejuízos a circulação.
Qualquer doença relacionada à circulação.
Anasarca
, ascite, hidrotórax, hidropericárdio, etc.
Extravasamento de líquidos para o interstício.
Para diferenciar se o edema está ligado ao sistema cardiovascular, ou a inflamações – pode-se puncionar o edema, coletar o material/coleção líquida, e mandar pra análise laboratorial. Porém, não é feito a campo. TABELA DE DIFERENÇAS LABORATORIAS NO SLIDE. 
Na prática pode-se medir a densidade do material com um refratômetro. Ou simplesmente coletar o líquido, observar se está límpido, e deixar descansando: se coagular é inflamatório, se não coagular deve ser de origem cardiovascular. Além disso, edemas circulatórios são frios e indolores, enquanto edemas inflamatórios são quentes e dolorosos. 
DOENÇAS
• Tristeza Parasitária Bovina 
A Tristeza Parasitária Bovina é um complexo (como a diarreia neonatal), causada pela Babesia e Anaplasma juntos – é uma hemoparasitose causa por protozoários (dois tipos de Babesia) e uma rickettsia (Anaplasma), ambos parasitas de eritrócitos.
A maioria dos animais são portadores dos agentes (90%), mas não quer dizer que apresentem a doença. A doença se manifesta em 3 situações: (1)Na primeira vez que o animal entra em contato com o parasita; (2)Quando o animal fica muito tempo sem contato com o parasita (propriedades muito limpas/livres de carrapatos); (3)Quando o animal se encontra debilitado por qualquer outro fator. **Algumas propriedades deixam o bezerro ter logo um primeiro contato com carrapatos, pra evitar que fique doente depois.
• Sintomas – ocorre uma anemia hemolítica (pela Babesia), e outra imunomediada (pelo Anaplasma) – a imunomediada “marca” a hemácia contaminada, pra ser retirada da circulação. Portanto, ocorre dois mecanismos de anemia ao mesmo tempo.
O animal vai apresentar – anemia: mucosas hipocoradas ou ictéricas (liberação de bilirrubina pela hemólise), e hemoglobinúria (pela hemoglobina também liberada na hemólise), os dois são sinais da Babesia; Edema, apatia, hiporexia, taquicardia, taquipneia; Picos febris no início da manhã e final da tarde, causados pela Babesia (como em equinos); Quando a quantidade de Babesia bovis está alta, o animal pode apresentar sinais neurológicos, pois essa Babesia tem tropismo pelo sistema nervoso. Causa coagulação intravascular disseminada (CID), que leva a lesões/alterações nervosas e morte.
• Diagnóstico – pode ser feito o exame de pesquisa de hematozoário em sangue periférico (fase febril) ou ELISA. Os exames dão muito falso negativo, e o tratamento vai ser o mesmo de qualquer forma, portanto normalmente nem pede exame. 
• Diagnóstico Diferencial pra Tristeza – Tripanossomose bovina: possui as mesmas características da tristeza parasitária bovina; o agente é o Trypanossoma vivax, transmitido por moscas; é muito mais agressivo, pois o tratamento utilizado na tristeza parasitária bovina não é muito eficiente nessa situação, deve ser utilizado um medicamento específico que não é vendido no Brasil. É uma doença que causa muita morte, por isso não se perpetua (mata todos os hospedeiros). 
Qualquer doença hemolítica pode ser diagnóstico diferencial para Tristeza Parasitária Bovina – como, por exemplo, a hemoglobinúria bacilar.
• Tratamento (nesse caso tem que saber os nomes dos medicamentos). Associação de:
Tetraciclina (para o Anaplasma) – uma dose a cada 72h, 3 aplicações no máximo. Faz a primeira, se não resolver faz de novo 72h depois, e pode fazer a terceira após 72h; nunca mais que três, e normalmente resolve na primeira.
Diaminazine aceturato (pra Babesia) – dose única.
Também pode-se utilizar Dipropionato de imidocarb (como em equinos), porém este causa convulsões em bovinos com Babesia bovis (piora o quadro neurológico causado pela Babesia bovis), portanto não é indicado, apenas em última opção.
Fazer transfusão sanguínea, pra anemia (sangue total) – hematócrito abaixo de 15 em bovinos, animal normalmente morre. E tratamento suporte, com antitérmico nos picos febris: dipirona. 
• Protocolo de Premonização – se faz em situações em que se leva um animal de uma zona livre de tristeza parasitária bovina, pra uma zona contaminada. Animal livre da doença, nunca teve contato com os agentes é levado pra região contaminada; pega sangue de um animal portador dos agentes, e inocula no músculo do animal livre da doença, fazendo a doença aparecer de forma proposital e controlada (não espera a doença acontecer sozinha). Deve-se acompanhar a temperatura desse animal, mensurando de manhã e a tarde – o tratamento deve ser feito no 1° pico febril, por isso é uma doença “controlada”. Caso o animal não apresente o pico febril depois de 3 dias da inoculação, é sinal de falha do protocolo, deve-se fazer novamente. Assim, o animal vira portador da doença, e já tem resposta imunológica contra esses agentes.

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