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Hermenêutica - resumo dos módulos

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Hermenêutica – Aspectos Históricos¹
De origem grega, a Hermenêutica (hermeneuein) é tida como filosofia da interpretação, sendo associada ao deus grego Hermes, que traduzia tudo o que a mente humana não compreendesse, sendo chamado de deus-intérprete. 
Hermes traduzia as mensagens do mundo dos deuses para o mundo humano. Sua figura era tão marcante que foi atribuído a ele a descoberta da linguagem e da escrita, e sua função de mensageiro sugere, na origem da palavra hermenêutica, o processo de trazer para a compreensão algo que estivesse incompreensível. 
O deus grego Hermes era respeitado pelos demais como sendo aquele que descobriu o meio de compreensão humana no sentido de alcançar o significado das coisas e para transmiti-lo aos demais seres. Assim, Hermes seria um deus intérprete, considerado a entidade sobrenatural dotada de capacidade de traduzir, decifrar o incompreensível, ou seja, vinculava-se a sua figura a função de transmutação, de transformação de tudo aquilo que a compreensão humana não alcançava em algo que esta conseguisse compreender.
O termo hermenêutica possui alguns significados diferentes de acordo com o tempo, passando de “compreender o significado do mundo” até chegar “ a teoria científica da arte de interpretar”. 
Podemos considerar que a expressão latina ars interpretandi (a arte da interpretação), foi substituída na teologia protestante, pelo termo hermenêutica. Na Antiguidade grega, a hermenêutica relacionava-se com à gramática, à retórica e à dialética e sobretudo com o método alegórico, para permitir a conciliação da tradição (os mitos) com a consciência filosoficamente esclarecida. Estava voltada para a transmissão de uma mensagem, entendida muito mais como uma técnica, com a função de anunciar, esclarecer, traduzir algo que não estava claro. 
A exemplo de Platão, a hermenêutica estava em segundo plano, tendo em vista que as palavras estavam abaixo daó plano das ideias, sendo que apenas por intermédio destas é que se podia entender e conhecer a realidade. 
Já Aristóteles desenvolveu pensamento diferente e, em sua obra Peri hermeneias (da interpretação), fez relação entre os conceitos e a realidade, pois entendia que o processo do conhecimento se faz por meio de abstrações mentais daquilo que é adquirido por meio da experiência sensível. No entanto, em Aristóteles, a hermenêutica é apenas uma derivação da lógica, preocupada com a relação entre a linguagem e o pensamento.
Mais tarde, a arte da interpretação foi assumida por teólogos judeus, cristãos e islâmicos, além de ser aplicada a interpretação do Corpus iuris canonici na tradição da jurisprudência. Isso mostra que a hermenêutica, enquanto arte da interpretação, se tornava presente cada vez que a tradição entrava em crise, sobretudo na época da Reforma Protestante. Tanto que, inicialmente relacionada aos oráculos, a hermenêutica mantém sua estrita ligação com a interpretação de textos religiosos ao se relacionar com a Bíblia, sendo aplicada desde a época dos patriarcas do judaísmo, passando pela teologia medieval e a Reforma, até a teologia moderna. 
Se a palavra hermenêutica provém do âmbito teológico, também o problema objetivo da hermenêutica começou com as questões da interpretação da Escritura, havendo, inclusive, várias escolas e correntes da exegese bíblica no antigo judaísmo.
É certo que a hermenêutica é um tema essencial para a teria do conhecimento. Tudo que é apreendido e representando pelo sujeito cognoscente depende de práticas interpretativas. Como o mundo vem à consciência pela palavra, e a linguagem é já a primeira interpretação, a hermenêutica torna-se inseparável da própria vida humana.²
Por sua vez, os romanos passaram do conceito de hermenêutica para a interpretatio, principalmente devido ao trabalho dos prudentes, que não se contentavam em entender o texto da lei, mas buscavam compreender o seu significado nos efeitos práticos produzidos na vida das pessoas, formando a jurisprudência (juris prudente). 
No campo jurídico ela é usada para a interpretação fidedigna da ideia do autor para que seja adequada a norma ao fato ocorrido e assim proporcione uma responsável aplicação do Direito. Tendo em vista que a Hermenêutica Jurídica em lato sensu divide-se em interpretação, integração e aplicação do Direito. Dessa forma é imensurável a importância da Hermenêutica para todos os campos de atuação ressaltando o campo jurídico, para que possamos entender melhor o Direito e sua aplicação.
A forma de pensar tipicamente romana retorna ao centro dos estudos jurídicos a partir do resgate do Corpus Iuris Civilis interpretando-o de maneira analítica. Davam explicações sobre cada parágrafo dos textos clássicos, mas sem preocupar-se em relacioná-los com outras partes da obra. 
Com o surgimento dos Comentadores, estudiosos que passaram a interpretar o Direito Romano de forma mais livre, passou-se a buscar soluções para casos concretos alicerçados no conjunto da obra, e não apenas em partes específicas do texto romano. 
Faziam uma interpretação com base filosófica, associando o Direito à Ética e buscando integrá-lo a um valor fundamental, a Justiça. 
Mais tarde surgiu um o movimento de nome humanista que, baseado na racionalidade, que se iniciou com os Comentadores, foi reforçado não só pelo humanismo, mas também pelo iluminismo, com foco de estudo na razão. Essa concepção acabou por dar origem à hermenêutica contemporânea, de base essencialmente filosófica, cujo expoente primeiro foi o teólogo protestante Friedrich Schleiermacher, seguido por outros importantes filósofos, como Wilhelm Dilthey, Martin Heidegger e, principalmente, Hans-Georg Gadamer cuja obra Verdade e Método é referência no entendimento da hermenêutica como filosofia, que serão abordados no próximo módulo de estudo.
 
1. Texto adaptado da publicação História da Hermenêutica Jurídica de Maciel, José F. R. Carta Forense. 2008
2. Soares, M. Freire. Hermenêutica Jurídica. Coleção Saberes do Direito. São Paulo. Saraiva, 2013.
Hermenêutica – Aspectos Técnicos 
Podemos dizer que a hermenêutica jurídica relaciona-se com a ciência da interpretação da linguagem jurídica, a qual tem por objetivos sistematizar princípios e regras. Por sua vez a interpretação é um processo de definição do sentido e alcance das normas jurídicas. A interpretação ocorre com a subsunção do fato à norma de forma harmoniosa.
 
Interpretar é dar o verdadeiro significado da norma, é buscar o seu sentido e alcance.
 
De acordo com o artigo 5º da LINDB “Na aplicação da lei o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”.
 
Toda norma necessita ser interpretada, mesmo que seu conteúdo seja claro, não se aplicando, portanto, o princípio in claris cessat interpretatio, ou seja, quando a norma for clara prescinde-se de interpretação. Não se trata aqui de mera análise literal-gramatical.
 
A interpretação se ocupa de:
a) conferir a aplicabilidade da norma jurídica às relações sociais.
b) estender o sentido da norma às relações novas.
c) dar o alcance do preceito normativo para que corresponda às necessidades sociais.
d) garantir intersubjetividade, uma vez que o intérprete e o legislador dão sentido a um significado objetivamente válido.
 
A função do intérprete está em determinar o sentido exato e a extensão da forma normativa.
 
Espécies de Interpretação – a) quanto ao agente; b) quanto à natureza; c) quanto aos efeitos.
 
No que toca ao agente que interpreta a lei temos as seguintes formas de interpretação:
→  Pública : a) autêntica; b) judicial; c) administrativa; d) Casuística          
→  Privada: a) Jurisperito.
No que toca à natureza temos as seguintes formas de interpretação:
→ a) gramatical;
→ b) lógica    
→c) histórica
→d) sistemática
No que toca aos efeitos temos as seguintes formas de interpretação:
→ a) extensão: extensiva, declarativa e restritiva.
→ b) interpretação modificativa
→ c) interpretação ab-rogante
    
Interpretação Pública Autêntica
Podemos dizer que a interpretação públicaautêntica diz respeito a uma interpretação legislativa ou legal, ou seja, é aquela interpretação em que a própria lei tem o condão de revelar o significado de outra norma jurídica. este tipo de interpretação provém do próprio legislador, onde a norma interpretadora tem a mesma legitimação e o mesmo poder de incidência da norma interpretada.
Por ter força obrigatória este tipo de interpretação garante uma maior exatidão e incidência já que satisfaz a exigência formal da certeza do direito e garante uma uniformidade no tratamento jurídico das espécies de fato idênticas.
Pode ocorrer que até a entrada em vigência da nova lei interpretadora, a lei a ser interpretada gere efeitos discrepantes à orientaçãoainda não vigente.
Interpretação Pública Judicial
Podemos dizer que a interpretação pública judicial é aquela realizada pelos próprios órgãos do Poder Judiciário, ou seja, pelos magistrados e Tribunais. De acordo com o artigo 92 da CF/88, São órgãos do Poder Judiciário:
I - o Supremo Tribunal Federal.
I A - o Conselho Nacional de Justiça.
II - o Superior Tribunal de Justiça.
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais.
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho.
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais.
VI - os Tribunais e Juízes Militares.
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. 
O resultado deste tipo de interpretação são as orientações jurisprudenciais, que direcionam a interpretação da lei. Qualquer julgado, mesmo que não reiterado, constitui uma forma de interpretação judicial, já que a autoridade judicial interpretou a fonte do direito (lei) de uma determinada maneira.
Em sendo assim, surgem algumas questões:
a) a obscuridade, indecisão ou silência da lei não eximem a autoridade judiciária de decidir.
b) de acordo com o artigo 5 da CF/88, inciso XXXV " a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaçoa a direito.
c) via de regra a interpretação judicial vincula as partes da lide, salvo ações coletivas e súmulas vinculantes.
d) este tipo de interpretação pode seguir outro caminho que não o científico e/ou doutrinário.
Interpretação Pública Administrativa
Podemos dizer que a interpretação pública administrativa é aquela realizada pelos membros do Poder Executivo, ou ainda, pelos membros da Administração Pública. Como sabemos, o Poder Executivo desempenha funções típicas e atípicas, tendo como funções típicas a prática de atos de chefia de Estado, chefia de Governo e atos de administração.
A interpretação pública administrativa divide-se em duas categorias:
a) regulamentar - a interpretação está a cargo do administrador que o faz através da edição de decretos, portarias etc.
b) casuística - se dá pela resolução pelo administrador de determinada pendência administrativa ou determinado caso concreto.
Interpretação Pública Casuística
Podemos dizer que a interpretação pública casuística é aquela proveniente do direito consuetudinário, ou seja, a prática reiterada e constante de costumes tem o condão de estabelecer uma orientação interpretativa de uma determinada norma.
 
Interpretação Privada (jusperito)
Podemos dizer que a interpretação privada (jusperito) é também conhecida como interpretação doutrinária ou doutrinal, estando ligada ao direito científico. Materializa-se por meio de tratados, comentários, pareceres, preleções de todas as autoridades cultas do direito. Assim, a força de uma obra doutrinária não está vinculada à sua autoridade, mas sim ao seu conteúdo científico, especulativo e lógico envolvido na interpretação do direito.
É o que chamamos de communis opinio doctorum (opinião comum dos doutores). Este tipo de interpretação não tem a força obrigatória da interpretação pública autêntica, porém tem grande força na persuasão.
Interpretação Gramatical
Podemos dizer que a interpretação gramatical ou técnica gramatical (literal, semântica ou filológica) é aquela que busca o sentido literal do texto normativo. O intérprete busca primeiramente verificar o sentido dos vocábulos e a sua correspondência com a realidade que eles indicam ou designam.
São pressupostos da interpretação gramatical:
a) as palavras não podem ser examinadas isoladamente, sob pena de se romper com o contexto em que as mesmas se encontram. devem ser vistas como partes integrantes de um mesmo texto.
b) se a palavra analisada tiver um sentido comum distinto do sentido técnico, a que se priorizar o sentido técnico na medida em que o direito tem linguagem própria.
c) se houver incompatibilidade entre o sentido puramente gramatical e o sentido lógico na intrepretação, deve-se priorizar o sentido lógico e/ou contextual.
d) tendo o legislador aplicado à palavra um sentido comum e não técnico, este deve ser aplicado para adaptá-lo à realidade social.
e) o uso impróprio ou não preciso de palavras comuns ou técnicas deve conduzir o intérprete a reconstruir o preceito segundo a natureza da relação jurídica contemplada.
f) este tipo de interpretação diz respeito apenas a um primeiro momento do processo de interpretação e integração da norma ao caso concreto.
Segue jurisprudência selecionada sobre o assunto:
"Impossibilidade, na espécie, de se dar interpretação conforme à Constituição, pois essa técnica só é utilizável quando a norma impugnada admite, dentre as várias interpretações possíveis, uma que a compatibilize com a Carta Magna, e não quando o sentido da norma é unívoco, como sucede no caso presente. Quando, pela redação do texto no qual se inclui a parte da norma que é atacada como inconstitucional, não é possível suprimir dele qualquer expressão para alcançar essa parte, impõe-se a utilização da técnica de concessão da liminar para a suspensão da eficácia parcial do texto impugnado sem a redução de sua expressão literal, técnica essa que se inspira na razão de ser da declaração de inconstitucionalidade 'sem redução do texto' em decorrência de este imprimir 'interpretação conforme à Constituição'." (ADI 1.344-MC, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 18-12-95, DJ de 19-4-96).
"Competência originária por prerrogativa de função: cancelamento da Súmula 394: inclusão, no seu alcance, do foro privilegiado dos Prefeitos: nulidade do acórdão que, posteriormente ao cancelamento da Súmula 394, julgou originariamente processo penal contra ex-Prefeito, sem prejuízo da validade dos atos anteriores. O Supremo Tribunal, em 25-8-99, no Inq 687, cancelou a Súmula 394, preservada, contudo, a validade de atos praticados e decisões proferidas com base na orientação nela anteriormente consagrada (DJ9-9-99). À aplicação ao caso de nova orientação do Tribunal, não importa que a Súm. 394 não incluísse entre as suas referências normativas o art. 29, X, da Constituição, mas - conforme o ordenamento vigente ao tempo de sua edição - os preceitos da Carta Magna de 1946 e de leis ordinárias que então continham regras de outorga de competência penal originária por prerrogativa de função: a Súm. 394 jamais pretendeu interpretação literal das referidas normas de competência, que todas elas tinham por objeto o processamento e julgamento dos titulares dos cargos ou mandatos aludidos; a extensão ao ex-titular do foro pro prerrogativa da função já exercida, quando no exercício dela praticado o crime, sempre se justificou, na vig~encia mais que centenária da jurisprudência nela afirmada, à base de uma interpretação teleológica dos preceitos, correspondente (cf. voto vencido do relator, cópia anexa). Por isso, promulgada a Constituição de 1988 - que conferiu ao Tribunal de Justiça dos Estados a competência originária para julgar os Prefeitos (art. 27, X, originariamente, 27, VIII) - nada mais foi necessário a que se estendesse a orientação da Súm. 394 aos ex-Prefeitos, desde que o objeto da imputação fosse crime praticado no curso do madato. Se a Súmula 394, enquanto durou - e em razão da identidade dos fundamentos dos precedentes em que alicerçada - se aplicou à hipótese dos ex-Prefeitos, alcança-os igualmente o seu cancelamento, assim como a qualquer outro ex-titularde cargo ou mandato a que correspondesse o foto especial". (RE de 2-2-01). No mesmo sentido: HC 87.656, rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 14-3-06, DJ de 31-3-06.
Hermenêutica – Aspectos Técnicos 
Interpretação Lógica
Podemos dizer que na interpretação lógica o que se pretende realizar é uma interpretação que busque o sentido e o alcance da norma dentro do seu contexto, com base em três procedimentos diferentes:
a) Lógico-analítico.
b) Lógico-sistemático.
c) Lógico-jurídico.
Lógico-analítico - Ligado à apreensão de conceitos, produzindo um juízo (afirmação ou negação), por meio de uma proposição. Com base nisso  inicia-se um raciocínio no sentido da combinação de dois ou mais juízos, para dar origem a um silogismo. Busca-se a verdade das proposições, o seu real sentido dentro do contexto, com atribuição de um real significado à conjugação das proporsições.
Lógico-sistemático -  Configura-se como um processo comparativo, ou seja, introduz no texto elementos que podemos considerar estranhos, confrontando-se desta forma um texto com outro texto da própria lei em que está em exame, ou várias leis entre si do mesmo ramo do ordenamento, a fim de se estabelecer um entendimento. 
Lógico-jurídico - Este tipo de procedimento para análise e interpretação é aquele que investiga a razão da norma, ou seja, a ratio legis, levando-se em consideração seu contexo, tal como: o momento histórico em que foi criada, bem como a idéia de virtude normativa da norma (efetividade da norma). 
  
Interpretação Histórica
A interpretação que faz uso da técnica histórica tem por fim esclarecer e interpretar a norma mediante uma verdadeira reconstrução do seu conteúdo significativo de origem no momento em que a foi criada. Podemos dizer que é uma continuação dos processos de interpretação gramatical e lógica com possibilidade de dar um conhecimento mais contundente da ciência jurídica.
A interpretação histórica divide-se em:
a) Próxima;
b) Remota.
Histórica próxima - Faz menção ao momento em que a norma foi elaborada, as circunstâncias que precederam a elaboração da lei. Ex: Anteprojetos de lei etc.
Histórica remota - Pauta-se pela reconstrução do significado original da norma, ou seja, o momento em que o instituto surgiu no direito, analisando dados filosóficos, éticos, religiosos, sociológicos etc.
Abaixo jurisprudência seleconada sobre o tema:
"O direito constitucional positivo brasileiro, ao longo de sua evolução histórica, jamais autorizou - como a nova Constituição promulgada em 1988 também não o admite - o sistema de controle jurisdicional preventivo de constitucionalidade, em abstrato. Inexiste, desse modo, em nosso em nosso sistema jurídico, a possibilidade de fiscalização abstrata preventiva da legitimidade constitucional de meras proposições normativas pelo Supremo Tribunal Federal." (ADI 466, Rel. Min. celso de Mello, julgamento em 3-4-91, DJ de 10-5-91).
"No estado de direito democrático devem ser intrasigentemente respeitados os princípios que garantem a prevalência dos direitos humanos. (...) A ausência de prescrição nos crimes de racismo justifica-se como alerta grave para as gerações de hoje e de amanhã, para que se impeça a reinstauração de velhos e ultrapassados conceitos que a ciência jurídica e histórica não mais admitem." (HC 82.424, Rel. p/ p ac. Min. Maurício Correa, julgamento em 17-9-03, DJ de 19-3-04).
"A comunidade internacional , em 28 de julho de 1951, imbuída do propósito de consolidar e de valorizar o processo de afirmação histórica dos direitos fundamentais da pessoa humana, celebrou, no âmbito do Direito das Gentes, um pacto de alta significação ético-jurídica, destinado a conferir proteção real e efetiva àqueles, que, arbitrariamente perseguidos por razões de gênero, de orientação sexual e de ordem étnica, cultural, confessional ou ideológica, buscam, no Estado de refúgio, acesso ao amparo que lhes é negado, de modo abusivo e excludente, em seu Estado de origem. na verdade, a celebração da Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados - a que o Brasil aderiu em 1952 - resultou da necessidade de reafirmar o princípio de que todas as pessoas, sem qualquer distinção, devem gozar dos direitos básicos reconhecidos na Carta das Nações Unidas e proclamados na Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana. Esse estatuto internacional representou um notável esforço dos Povos e das Nações na busca solidária de soluções consensuais destinadas a superar antagonismos históricos e a neutralizar realidades opressivas que nagavam, muitas vezes, ao refugiado - vítima de preconceitos, da discriminação, do arbítrio e da intolerância - o acesso a uma prerrogativa básica, consistente no reconhecimento, em seu favor, do direito a ter direitos." (Ext 783-QO-QO, Rel. p/ o ac. Min. Ellen Gracie, voto do Min. Celso de Mello, julgamento em 28-11-01, DJ de 14-11-03).
Interpretação Sistemática
Podemos dizer que o nosso ordenamento jurídico é composto por um complexo de normas e diplomas legais que convivem harmonicamente. Há a supremacia das normas constitucionais em relação às demais normas (infraconstitucionais). Assim, a interpretação sistemática é aquela que procura examinar a norma, não mais no seu aspecto intrínseco, ou seja, interno, mas sim, a sua relação com as demais normas do ordenamento jurídico que compõe um sistema de normas positivas.
Exemplos:
Medida Provisória: sua inadmissibilidade em matéria penal - extraída pela doutrina consensual - da interpretação sistemática da Constituição - , não compreende a de normas penais benéficas, assim, as que abolem crimes ou lhes restringem o alcance, extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de isenção de pena ou de extinção de punibilidade. (RE 254.818, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 8-11-00, Dj de 19-12-02). (g.n)
Configura constrangimento ilegal a continuidade da persecução penal militar por fato já julgado pelo Juizado Especial de Pequenas Causas, com decisão penal definitiva. A decisão que declarou extinta a punibilidade em favor do Paciente, ainda que prolatada com suposto vício de incompetência de juízo, é susceptível de trânsito em julgado e produz efeitos. A adoção do princípio do ne bis in idem pelo ordenamento jurídico penal complementa os direitos e as garantias individuais previstos pela Constituição da República, cuja interpretação sistemática leva à conclusão de que o direito à liberdade, com apoio em coisa julgada material, prevalece sobre o dever estatal de acusar. Precedentes. (HC 86.606, Rel. Min. Carmen Lúcia, j. 22-5-07, Dj de 3-8-07). (g.n).
Interpretação Teleológica
 
Devido à importância, cabe-nos  destinar um módulo à interpretação teleológica e à interpretação sociológica, quanto aos meios (natureza) de interpretação. A interpretação teleológica, também conhecida como finalística é auela interpretação que busca alcançar a finalidade para a qual a norma foi criada. Portanto, busca-se com a interpretação uma destinação que atenda à obtenção do bem comum, respeitando-se os valores sociais a que se destina a norma.
O intérprete deverá ficar atento ao texto constitucional, no qual estão indicadas as finalidades precípuas do Estado Democrático de Direito, da ordem jurídica, social e política.
Exemplos:
"Procuradoria-Geral da República - Audição. O preceito inserto no § 1o do artigo 103 da Constituição Federal há de merecer interpretação teleológica. Visa ao conhecimento da matéria pelo Ministério Público, não implicando, necessariamente, seja-lhe enviado automaticamente todo e qualquer processo. O pronunciamento do Órgão pode ocorrer na assentada em que apreciado o recurso. Precedente: recurso extraordinário n. 177.137-2/RS, relatado pelo Ministro Carlos Velloso perante o Pleno, em 24 de maio de 1995." (AI 158.725 - AgR-ED, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 18-12-95, DJ de 8-3-96).
"Registro de candidatura ao Cargo de Prefeito. Eleições de 2004. Art. 14, § 7o da CF. Candidato separado de fato da filha do então prefeito. Sentença de divórcio proferida no curso do mandato do ex-sogro. Reconhecimentojudicial da separação de fato antes do período vedado. Interpretação teleológica da regra de inelegibilidade. A regra estabelecida no art. 14, § 7o da CF, iluminada pelos mais basilares princípios republicanos, visa obstar o monopólio do poder político por grupos hegemônicos ligados por laços familiares. Precedente. Havendo a sentença reconhecido a ocorrência da separação de fato em momento anterior ao início do mandato do ex-sogro do recorrente, não há se falar em perenização no poder da mesma família (...)." (RE 446.999, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 28-6-05, DJ de 9-9-05).
Interpretação Sociológica
Podemos dizer que a interpretação sociológica é aquela interpretação na visão do homem moderno, ou seja, é aquela que decorre do aprimoramento das ciências sociais, de modo que a regra pode ser compreendida nos contextos de sua aplicação, quais sejam o das relações sociais, de modo que o intérprete terá um elemento necessário a mais para considerar quando da apreciação dos casos concretos à aplicação da norma jurídica.
Exemplos:
"Fundamento do núcleo do pensamento do nacional-socialismo de que os judeus e os arianos formam raças distintas. os primeiros seriam raça inferior, nafasta e infecta, características suficientes para justificar a segregação e o extermínio: inconciabilidade com os padrões éticos e morais definidos na Carta Política do Brasil e do mundo contemporâneo, sob os quais se ergue e se harmoniza o estado democrático. Estigmas que por si só evidenciam crime de racismo. Concepção atentatória dos princípios nos quais se erige e se organiza a sociedade humana, baseada na respeitabilidade e dignidade do ser humano e de sua pacífica convivência no meio social. Condutas e evocações aéticas e imorais que implicam repulsiva ação estatal por se revestirem de densa intolerabilidade, de sorte a afrontar o ordenamento infraconstitucional e constitucional do País." (HC 82.424-QO, Rel. p/o ac. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 17-9-03, DJ de 19-3-04).
"Lei n. 8.624/93, que dispõe sobre o plebiscito destinado a definir a forma e o sistema de governo - Regulamentação do art. 2o do ADCT/88, alterado pela EC 02/92 - Impugnação a diversos artigos (arts. 4o, 5o e 6o) da referida  Lei n. 8.624/93 - Organização de frentes parlamentares, sob a forma de sociedade civil, destinadas a representar o parlamentarismo com Monarquia - Necessidade de registro dessas frentes parlamentares, perante a Mesa Diretora do Congresso Nacional, para efeito de acesso gratuito às emissoras de rádio e de televisão, para divulgação de suas mensagens doutrinárias ('direito de antena') - Alegação de que os preceitos legais impugnados teriam transgredido os postulados constitucionais do plurarismo político, da soberania popular, do sistema partidário, do direito de antena e da liberdade de associação - Suposta usurpação, pelo Congresso Nacional, da competência regulamentar outorgada ao Tribunal Superior Eleitoral - Considerações, feitas pelo relator originário (ministro Néri da Silveira), em torno de conceitos e de valores fundamentais, tais como a democracia, o direito de sufrágio, a participação política dos cidadãos, a essencialidade dos partidos políticos e a importância de seu papel no contexto do processo institucional, a relevância da comunicação de idéias e da propaganda doutrinária no contexto da sociedade democrática - Entendimento majoritário do Supremo Tribunal Federal no sentido da inocorrência das alegadas ofensas ao texto da Constituição da República". (ADI 839-MC, Rel. p/o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 17-2-93, DJ de 24-11-06).
"O processo de reforma agrária, em uma sociedade estruturada em bases democráticas, não pode ser implementado pelo uso arbitrário da força e pela prática de atos ilícitos de violação possessória, ainda que se cuide de imóveis alegadamente improdutivos, notadamente porque a Constituição da República - ao amparar o proprietário com a cláusula de garantia do direito de propriedade (CF, art. 5o, XXII) - proclama que 'ninguém será privado (...) de seus bens, sem o devido processo legal' (art. 5o, LIV).". (ADI 2.213 - MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 4-4-02, DJ de 23-4-04).
OBSERVAÇÃO: Para muitos autores a interpretação teleológica e/ou sociológica são vistas como uma única forma de interpretação, aquela que adapta a norma à sua realidade social, buscando os fins sociais e o bem comum.
Quanto aos efeitos temos as seguintes interpretações:
a) extensão: extensiva, restritiva e declarativa.
b) modificativa
c) ab-rogante
 
Interpretação Extensiva
Na interpretação extensiva o intérprete passa a concluir que a norma sob análise disse menos do que deveria dizer, ou seja, ele estende a sua aplicação para outras situações não mencionadas na norma em análise.
 
Interpretação Restritiva 
Na interpretação restritiva o intérprete passa atribuir à norma sob análise um alcance menor do que aquele previsto originariamente no texto.
 
Interpretação Declarativa
Na interpretação declarativa o intérprete dá à norma uma interpretação coincidente exatamente com  o seu texto, nem ampliando e nem reduzindo a sua aplicação.
 
Interpretação Modificativa
No que toca à interpretação modificativa, pode esta ser de duas espécies: modificativa atualizadora ou modificativa corretiva:
 
Interpretação Modificativa Atualizadora
Na interpretação modificativa atualizadorapodemos dizer que ela é um resultado da interpretação sociológica ou teleológica. Ocorre quando o intérprete se vê na necessidade de atualizar a norma diante de uma nova realidade que não foi prevista pelo legislador, quando da edição da norma.
 
Interpretação Modificativa Corretiva
Na interpretação modificativa corretiva podemos dizer que ela é resultado da interpretação sistemática. Ocorre quando duas normas estiverem em antinomia no ordenamento jurídico, a fim de evitar a exclusão de uma e aplicação de outra pela autoridade. O sentido de uma das normas é alterado a fim de que ela possa compatibilizar-se no ordenamento jurídico. 
 
Interpretação Ab-Rogante
Na interpretação ab-rogante podemos dizer que é aquela que se aplica quando o preceito normativo é mau construído e não se consegue aludir com clareza mínima as hipóteses que se pretende alcançar com a norma. Aplicável quando houver entre duas disposições legais uma contradição insanável, podendo-se eliminar uma das regras e aplicar a outra (ab-rogação simples), ou eliminar as duas e aplicar uma terceira (dupla ab-rogação).   
Hermenêutica: Aspecto Filosófico
Friedrich Schleiermacher
No Século XIX verificamos uma generalização do uso de hermenêutica no quadro dos saberes humanos. Schleiermacher foi considerado o pai da moderna hermenêutica com seu projeto de conceber uma hermenêutica geral como uma verdadeira arte de compreensão. Tomou seus estudos com base nas obras de Ast e Wolf, filólogos que se limitaram a desenvolver a metodologia hermenêutica, ou seja, processo de reconstrução do pensamento. Schleiermacher procurou a partir desta base sistematizar a hermenêutica, resgatando a filosofia transcendental, a ponto de preocupar-se com o seu caráter epistemológico. 
Schleiermacher formulou um sistema de Cânones interpretativos que permitem uma prática de desenvolvimento que proveio do afastamento gradual de um ponto de partida dogmático. Entre outras palavras, permitiu ao intérprete ignorar o conteúdo específico de uma obra em apreço, inserindo-o em um contexto para sua interpretação. 
A hermenêutica se relaciona com o agente social concreto e atuante no processo dialógico da compreensão, o que a torna uma arte da compreensão, que engloba todos os setores da expressão da cultura humana. Por força disto, a interpretação se orienta não somente para o texto, mas, sobretudo, para o diálogo com o seu autor, a fim de que o hermeneuta possa reencontrar a sua intenção originária.¹ 
Desta forma podemos depreender que para Schleiermacher, seria necessário abandonar a literalidade da interpretação gramatical, uma vez que o intérprete deve consideraras circunstâncias concretas que influenciaram a elaboração do texto, recriando assim a mente do autor de acordo com os influxos sociais que marcaram a sua existência.
Wilhelm Dilthey
Após a morte de Schleiermacher, a proposta de desenvolver uma hermenêutica geral um pouco se perdeu, quando o Filósofo Dilthey vislumbrou na hermenêutica o fundamento para as ciências humanas. A experiência concreta, histórica e viva passa a ser o ponto de partida e o ponto de chegada do conhecimento humano. 
Os meios necessários à compreensão do mundo histórico-social podem ser, dessa maneira, tirados da própria experiência psicológica, e a psicologia, deste ponto de vista, é a primeira e mais elementar das ciências do espírito. A experiência imediata e vivida na qualidade de realidade unitária (Erlebnis - Vivência; Experiência) seria o meio a permitir a apreensão da realidade histórica e humana sob suas formas concreta e viva.
Dilthey submete a uma análise rigorosa o conceito de Erlebnis. Dilthey propõe uma filosofia histórica e relativa que analise os comportamentos humanos e esclareça as estruturas do mundo no qual vive o homem contrapondo-se a uma metafísica que se pretende colocar como imagem compreensiva da realidade e a reduzir todos os aspetos da realidade a um único princípio absoluto.
Neste particular a historicidade é essencial ou constitutiva do homem e, em geral, do mundo humano. Em segundo lugar, na concepção de Dilthey, o mundo histórico é constituído por indivíduos que, enquanto "unidades psicofísicas vivas", são os elementos fundamentais da sociedade: é por isso que o objetivo das ciências do espírito é "o de reunir o singular e o individual na realidade histórico-social, de observar como as concordâncias (sociais) agem na formação do singular". Por isso, no domínio das ciências do espírito, a historiografia tem um carácter individualizante e tende a ver o universal no particular 
A Filosofia se torna uma das estruturas que constituem uma civilização e o trabalho do historiador seria precisamente captar as relações que, em uma sociedade, ligam as diferentes manifestações do mundo cultural. É sobre este postulado que se apoiam as principais obras históricas de Dilthey.  
Martin Heidegger
Para Heidegger eram considerados o seu método fenomenológico e hermenêutico. Ambos os conceitos estão relacionados a intenção de dirigir a atenção  para o trazer à luz daquilo que na maior parte das vezes se oculta naquilo que se mostra, mas que é precisamente o que se manifesta nisso que se mostra. 
Desta forma, o trabalho hermenêutico visa a interpretar o que se mostra pondo a lume isso que se manifesta aí mas que, no início e na maioria das vezes, não se deixava ver.
O método vai diretamente ao fenômeno, procedendo à sua análise, pondo a claro o modo como da sua manifestação. Neste sentido, a sua metodologia operava uma inflexão do ponto de vista, na medida em que o foco deveria ser desviado do dasein (ser-no-mundo) para o ser. Esta inflexão focaliza os modos de ser do ente, correspondendo a uma inversão da ontologia tradicional.
Além da sua relação com a fenomenologia, a influência de Heidegger foi igualmente importante para o existencialismo e desconstrucionismo. 
De acordo com Martin Heidegger, a hermenêutica não estaria inserida no quadro gnosiológico, como um problema de metodologia das ciências humanas. Não se trataria, como em Dilthey, de opor o ato de compreensão, próprio das ciências humanas, ao caminho da explicação, via metodológica das ciências naturais. A compreensão passa a ser visualizada não como um ato cognitivo de um sujeito dissociado do mundo, mas, isto sim, como um prolongamento essencial da existência humana. Compreender é um modo de estar, antes de configurar-se como um método científico.²
Hans-Georg Gadamer
Para Gadamer, a hermenêutica é uma teoria da compreensão em que o contexto histórico presente é sempre algo determinante na atividade interpretativa do objeto.
Na filosofia contemporânea, a hermenêutica é um dos temas polêmicos, uma vez que tradicionalmente a filosofia se ocupa com a descoberta das essências, entendendo-se aqui essência como verdade, como aquilo que pode ser cognoscível. Podemos dizer que Gadamer, em sua obra Verdade e Método, assegura que a hermenêutica não é um método para se chegar à verdade e que o problema hermenêutico não é, por sua vez, um problema de método. A hermenêutica não seria uma metodologia das ciências humanas, mas uma tentativa de compreender as ciências humanas.
Gadamer afirma que a compreensão das coisas e a correta interpretação não se restringe à ciência, mas à experiência humana, principalmente no que se refere ao fenômeno da linguagem como experiência humana de mundo. 
Assim, no que se refere à hermenêutica jurídica, Gadamer procurou descobrir a diferença entre o comportamento do historiador jurídico e do jurista diante de um texto, por exemplo. Seu interesse estava em saber se a diferença entre o interesse dogmático e o interesse histórico se constituía numa diferença unívoca. 
Conclui que há a seguinte diferença:
"O jurista toma o sentido da lei a partir de e em virtude de um determinado caso dado. O historiador jurídico, pelo contrário, não tem nenhum caso de que partir, mas procura determinar o sentido da lei na medida em que coloca construtivamente a totalidade do âmbito de aplicação da lei diante dos olhos. Somente no conjunto dessas aplicações torna-se concreto o sentido de uma lei".
Ciência da Hermenêutica Jurídica, Teoria Geral da Hermenêutica e Sistema Jurídico
A Interpretação Jurídica enquanto Atividade de Compreensão
Podemos dizer que a interpretação das normas jurídicas diante do caso concreto tem como intérpretes  os operadores do direito, dentre os quais estão os advogados doutrinadores e juízes, cabendo a estes últimos a concretização da jurisdição.
Jurisdição tem por definição o poder de dizer o direito, pois iuris = direito e dictio = dizer. Dessa forma, pode-se afirmar que a jurisdição é um meio de traduzir a norma aos interlocutores (jurisdicionados) diante dos fatos concretos. É aqui que a interpretação jurídica ocorre com maior relevância, como dito, no âmbito da jurisprudência.
Essa importância da interpretação jurisdicional decorre do princípio da inafastabilidade da jurisdição previsto no artigo 5, XXXV da CF/88. Trata-se de regra cogente direcionada ao Poder Judiciário, na busca por uma solução a todas as demandas, mesmo aquelas não regulamentadas pelo legislador. Daí porque, diz-se que a jurisdição, além de “dizer o direito”, “cria o direito”, tudo para não fugir do seu dever legal de sempre dar uma resposta às demandas e solucionando o caso concreto.
Por exemplo, tem-se as relações jurídicas entre homoafetivos no Brasil. A ausência de normas que regulamentem os direitos e deveres dos casais homossexuais, demandou do Judiciário, quando provocado, a se manifestar sobre o tema, interpretando o Direito e aplicando os métodos jurídicos disponíveis. É a jurisprudência brasileira quem hoje regulamenta as situações jurídicas dessas pessoas, de modo que as regulamentações sobre os direitos dos homossexuais decorrem do chamado “direito judicial”.
Assim sendo, se por um lado, é vedado ao Judiciário deixar sem resposta o caso concreto, por outro, onde não houver regulamentação legal, é dado aos juízes o poder de criar a regra jurídica para o caso concreto. Trata-se de um paradoxo, sem dúvidas. Mas tudo é resolvido por meio da hermenêutica jurídica.
Os tribunais criam além das normas individuais, como acima explicado, normas gerais quando as decisões do caso concreto tenham força vinculante. Neste sentido, a atividade se assemelha a atividade legiferante do Poder Legislativo e reforça o princípio da segurança jurídica. Hans Kelsen compartilha dessa idéia:
“A função criadora de Direito dos tribunais, que existe em todas as circunstâncias, surge com particular evidência quando um tribunal recebe competência para produzir também normas gerais através de decisões com força de precedentes”.
Assimsendo, o papel da jurisdição ao interpretar o Direito é mais relevante que o papel dos outros intérpretes justamente porque é capaz de preencher os “espaços vazios” deixados pelo legislador. Como será demonstrado abaixo, o papel dos outros intérpretes é fundamental para auxiliar a jurisdição a solucionar os casos concretos, como é o caso da interpretação doutrinária do direito. 
Doutrina vem do latim doctrina, que por sua vez decorre do verbo docere que significa lecionar ou ensinar. Para o direito, a doutrina significa fonte forma e não estatal (como é a lei) que se forma por um conjunto de obras (livros, artigos, resenhas, comentários etc) e pareceres (opinião fundamentada), que são produzidos por conceituados juristas. Não tem a doutrina força vinculante e obrigatória, mas contribui para a evolução dos sistemas jurídicos contemporâneos. Certo é que tanto o legislador quanto o juiz encontram nas mais diversas obras jurídicas elementos teóricos indispensáveis para o aperfeiçoamento da legislação e da jurisprudência. Neste particular, a doutrina oferece o que chamamos de argumento de autoridade.
Já a jurisprudência, é considerada uma fonte formal e estatal do direito. Concebemos jurisprudência como decisões reiteradas num mesmo sentido, capazes de criar um padrão normativo tendente a influenciar futuras decisões judiciais. 
Podemos citar exemplos de mudança jurisprudencial que demonstram o papel construtivo dos juízes brasileiros: reconhecimento do furto famélico, relativização da autonomia da vontade pela adoção da teoria da imprevisão, reconhecimento da sociedade de fato antes mesmo da regulamentação legislativa da união estável, guarda compartilhada, abandono afetivo antes mesmo da positivação no direito de família.
Texto adaptado da publicação A hermenêutica jurídica de Hans Kelsen em cotejo com a hermenêutica de Karl Larenz: a busca pela resposta correta de Roberto M  dos Santos. Âmbito Jurídico. 
Metodologia da Ciência da Hermenêutica Jurídica
Dogmática x Zetética 
 
Podemos dizer que a dogmática jurídica é o método de observar, de analisar e de atuar perante o Direito segundo orientações por casos concretos ocorridos anteriormente. Há, ainda, a possibilidade de a orientação ser fundamentada em valores e princípios gerais do Direito. 
 
Preocupa-se, portanto, a dogmática, em orientar a ação e possibilitar uma decisão, sempre fundada em premissas previamente estabelecidas, pressupostos válidos conforme a lógica, a experiência concreta ou os valores fundamentais do Direito. 
A dogmática pretende instaurar uma sociedade juridicamente segura, retirando parte da área de decisão do operador do Direito, que deve agir de maneira a respeitar os limites do que foi imposto pela legislação. A interpretação do jurista, desta maneira, se submete à norma em vigor, sem questioná-la. 
Na concepção de Miguel Reale, a interpretação dogmática do jurista é o momento máximo de aplicação da Ciência do Direito, é “quando o jurista se eleva ao plano teórico dos princípios e conceitos gerais indispensáveis à interpretação, construção e sistematização dos preceitos e institutos de que se compõe".
 
A dogmática jurídica adota uma postura não-problemática em face a seus pressupostos e a adoção de uma função voltada para a decidibilidade dos casos concretos. Desta forma, o saber jurídico-dogmático pretende alcançar a estabilidade social, conferindo segurança jurídica, pois condiciona a solução dos conflitos de forma a causar a menor perturbação social possível.
 
Na dogmática há certa padronização da resposta jurídica ao ocorrer determinado fato jurídico. Desta forma o estado-juiz transmite confiança à sociedade de que existe resposta e de que maneira ela ocorre após determinado fato jurídico. 
 
A dogmática indica ao operador do Direito algumas soluções possíveis para determinado conflito, desta forma, orienta a ação dentro dos limites estabelecidos pela norma em vigor para a interpretação do operante. 
 
Podemos falar que existe uma “legitimação” das decisões através da institucionalização dos poderes do Estado, que criam e aplicam a legislação, sem retirar a interpretação necessária para cada caso concreto, servindo como guia do jurista perante o litígio. 
 
Já a a Teoria Zetética do Direito pode ser entendida pela oposição à Teoria dogmática do Direito, onde determinados conceitos e fatos são simplesmente aceitos como dogmas. Em oposição, a zetética coloca o questionamento como posição fundamental, o que significa que qualquer paradigma pode ser investigado e indagado. Qualquer premissa tida como certa pela dogmática pode ser reavaliada, alterada e até desconstituída pelo ponto de vista zetético.
A palavra "zetética" possui sua origem no grego zetein que significa perquirir, enquanto "dogmática" origina também do grego dokein, ou seja, doutrinar. No Brasil, a teoria zetética foi postulada por Tércio Sampaio Ferraz Júnior, com base na obra do jusfilósofo alemão Theodor Viehweg.
Outra distinção entre as teorias dogmática e zetética pode ser encontrada em sua função desempenhada, enquanto a visão dogmática busca a formação de opiniões, a zetética procura se relacionar com a investigação e com a dissolução, através do questionamento, das opiniões já formadas.
É também característica da teoria zetética a extrapolação das fontes usualmente reconhecidas do direito, as formais (leis, jurisprudência, súmulas), utilizando fontes secundárias como Sociologia, História, Geopolítica, etc Desta forma, muitos consideram esta visão como mais ampla e completa do que as teorias tradicionais, entendendo como origem das normas e como perpétua fonte de seu conteúdo a sociedade que as mesmas visam regular. 
A teoria zetética do Direito tem como fundamento o questionamento de pressupostos, a dúvida, o processo de fundamentação, justificação e questionamento, promovendo a quebra de dogmas. O zetético é a dissolução das opiniões, a especulação explícita e infinita. Preocupa-se com o questionamento dos significados, perquirindo o que é e não o que deve ser.
 
Assim, para facilitar o entendimento da correlação funcional entre a dogmática jurídica e a teoria zetética do Direito, é necessário que se explicite as diferenciações básicas.
 
A dogmática procura a ação, enquanto à zetética importa a especulação. A zetética não tem reserva em perquirir, sentir dúvida, já a dogmática almeja respostas. A zetética se faz de questionamentos infinitos, a dogmática tem finitude. A zetética é informativa; a dogmática, por sua vez, além de informativa, é diretiva.
 
Assim sendo, o que deve fazer o intérprete é descobrir quais são os valores protegidos no texto que traduz o comando legal, explorando as possibilidades gramaticais, bem como o que pode haver nas entrelinhas, conhecendo bem, primeiramente, a lei antes de aplicá-la ao caso concreto. 
O sentido do mais zetético, menos dogmático é no sentido de que os operadores do direito abram espaço a pensar nas situações sociais aonde cada assunto, cada norma, cada conceito irá se encaixar.
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Schiefler G. H. C. Breve introdução ao estudo da dogmática jurídica.
Duarte, Ícaro de Souza. Mais zetética, menos dogmática. A Hermenêutica como pressuposto para uma melhor formação dos alunos. 
A Hermenêutica e a Interpretação do Direito
1. Interpretação do Direito e as Cláusulas Gerais
Podemos observar um corrente uso de cláusulas geral como técnica legislativa para a conformação dos princípios aplicados ao processo e a tutela de direitos dos cidadãos. 
Segundo Soares, citando Alberto Jorge Junior (2004, p. 123) pode-se dizer que as cláusulas gerais funcionam no interior dos sistemas jurídicos, mormente os codificados como elementos de conexão entre as normas rígidas e a necessidade de mudança de conteúdo de determinados valores, em meio a um ambiente social em transformação, operando, dentro de certos limites, a adaptação do sistema jurídico às novas exigências na interpretação desses valores.
Desta forma podemos dizerque, a técnica legislativa das cláusulas gerais vem abrindo a possibilidade da inserção no diploma legal de pautas de valoração oriundas do substrato social, possibilitando aos juízes e à doutrina, com frequência se socorrer de conceitos integradores como ética, boa-fé, dignidade, solidariedade, razoabilidade, probidade, equidade, interesse público, bem comum entre outros.
2. Interpretação do Direito e as Máximas da Experiência
Trata-se de recurso tradicional de controle da atividade jurisdicional, prevista no NCPC no artigo 375 que dispõe: O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o exame pericial. 
Claramente esta experiência deve levar em consideração o homem médio, que está inserido em determinada cultura e momento histórico. Nestes casos o juiz poderá socorrer-se do senso comum, valendo-se de conhecimentos que devem estar fundados naquilo que comumente ocorre na sociedade, sendo fruto do comumente acontece. 
Cabe lembrar que as regras de experiência não se confundem com os fatos notórios que independem de prova, conforme previsto no artigo 374 do NCPC que dispõe:
Art. 374.  Não dependem de prova os fatos:
I - notórios;
[...]
Tal entendimento se dá porque as máximas de experiência resultam de observações de um indivíduo sobre vários fatos que tiveram a mesma relação de causa e efeito, enquanto que o fato notório não é uma repetição de vários fatos, mas sim, a certeza de um acontecimento.
Segundo Soares “O hermeneuta não pode assim, desprezar as regras /máximas de experiência ao proferir uma dada decisão, devendo, ao valorizar a apreciar as provas dos autos, servir-se daquilo que comumente acontece na vida social”.
3. Interpretação do Direito e o fenômeno da Discricionariedade
Podemos dizer que discricionário está ligado ao poder que as autoridades constituídas possuem de agir com certa liberdade. Por exemplo, no campo do Direito Administrativo, o ato discricionário comportaria um juízo subjetivo, situado no campo da conveniência e oportunidade do administrador, alcançando os motivos e o objeto da providência administrativa (Soares, 2010, p. 116).
No tocante ao campo jurisdicional, há renomados doutrinadores que entendem que o ato de julgar será sempre vinculado e nunca discricionário, já que existe apena uma solução jurídica para determinado caso concreto. Não obstante este entendimento, nos parece mais plausível a corrente que entende quer o ato de julgar não deixa de ser uma atividade discricionária.
“Ao magistrado cabe optar pela melhor interpretação do texto legal, tendo em vista a realização de seus valores e fins, figurando tal opção hermenêutica como o resultado do exercício de um poder discricionário”. (Soares, 2010, p. 119).
Certamente o legislador não poderia antever todos os fatos para discipliná-los à luz das normas jurídicas, sendo certo que a previsão abstrata da lei tem a intenção clara de que seja aplicada a melhor, mais justa e adequada interpretação ao caso concreto, dando margem à discricionariedade que não se pode confundir com arbitrariedade.
4. Interpretação do Direito e a Jurisprudência
Podemos entender o termo jurisprudência como sendo uma fonte do Direito por intermédio da reiteração de julgados num mesmo sentido, capazes de criar um padrão normativo que poderá influenciar futuras decisões. 
Tem importante papel a jurisprudência porque comporta o preenchimento de lacunas do ordenamento jurídico. 
Conforme preceitua Soares citando Eros Grau “... a norma jurídica é produzida para ser aplicada a um caso concreto. Essa aplicação se dá mediante a formulação de uma decisão judicial, uma sentença, que expressa a norma de decisão. Este, que está autorizado a ir além da interpretação tão somente como produção das normas jurídicas, para delas extrair normas de decisão, é aquele que Kelsen chama de intérprete autêntico: o juiz”. (2010, p. 122-123).
Desta forma podemos observar a consagração do poder normativo da Justiça do Trabalho, a uniformização da jurisprudência, súmulas comuns dos Tribunais Superiores, inclusive do STF, bem como a positivação constitucional da súmula vinculante. Aqui um particular sobre a súmula vinculante que além de dirimir uma controvérsia, estabelece um precedente com força vinculante, a fim de assegura que casos futuros análogos sejam decididos da mesma forma.
Para Soares “O juiz, quando interpreta o Direito, jamais é neutro. Ele está revelando o seu conjunto de valores, que serve de inspiração na descoberta da regra ou princípio jurídico adequado ao caso concreto. “ (2010, p. 125).
 
Soares, Ricardo M. F. Hermenêutica e interpretação jurídica.São Paulo: Saraiva, 2010.
Modos de Integração do Direito
Podemos dizer que a integração do direito é um processo de preenchimento das lacunas das leis, a fim de que se possa dar sempre uma resposta jurídica aquele que procura o judiciário (jurisdicionado). Quando ocorre uma auto-integração, podemos dizer que é o aproveitamento de elementos do próprio ordenamento jurídico. Já a heterointegração é a aplicação das normas que não participam da legislação, como as regras estrangeiras.
No Brasil, de acordo com o artigo 4º da LINDB temos:
Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
O referido artigo de lei nos traz as formas de integração, quais sejam: a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito. 
Vamos ver cada um:
1. Analogia 
É o processo no qual o julgador aplica a um caso não previsto aquilo que o legislador prévio definiu para outro semelhante em igualdade de razões – Paradigma.
Espécies de Analogia
Analogia legis: consiste na aplicação de uma regra jurídica existente a caso semelhante, não previsto pelo legislador. 
Analogia juris: sugere um processo mais amplo, porque não encontrando regra jurídica que regulamente caso semelhante, ao julgador se permite com suporte em diversas regras jurídicas, disciplinadoras de um instituto semelhante, descobrir o preceito aplicável ao caso não previsto, pela combinação de muitos outros. 
Fundamentos da Analogia
- A necessidade de o legislador dar harmonia e coerência ao sistema jurídico;
- Os princípios do direito natural também dão fundamento a analogia, pois estabelecem que deve ser dado igual tratamento para as situações semelhantes impedindo a injustiça. 
2. Princípios Gerais do Direito
São postulados que norteiam o ordenamento jurídico. São enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico em sua aplicação e integração ou mesmo para a elaboração de novas normas. Representam a manifestação do próprio espírito de uma legislação.
Funções dos Princípios Gerais do Direito
- Informadora, ou seja, servem de inspiração ao legislador e de fundamento para o ordenamento jurídico;
- Normativa, atuando como fonte supletiva, na ausência da lei, nesse caso constituindo meio de integração do direito. Os princípios gerais de direito têm grande importância no preenchimento das lacunas da lei, em face de seu caráter normativo à falta de lei ou costume aplicável ao caso concreto; 
- Interpretadora, para orientar o intérprete ou o julgador.
3. Costumes
Enquanto fontes do direito, os costumes tratam de comportamentos reiterados dos quais podemos extrair normas. Essas normas podem ser secundum legem, praeter legem e contra legem. No segundo caso, quando o costume não é previsto pela lei nem por ela proibido, pode ser utilizado enquanto mecanismo de preenchimento da lacuna, permitindo ao juiz redigir uma sentença em conformidade com ele.
Na ausência de lei, assim, o juiz pode constatar que a própria sociedade estabeleceu um critério para regular o fato, repetindo-o ao longo do tempo e tomando consciência de sua obrigatoriedade. Utilizará tal critério para julgar o caso.

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