Buscar

U1 apostila

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 54 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 54 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 54 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

METODOLOGIA DO ENSINO: 
LITERATURA
CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD
Metodologia do Ensino: Literatura – Prof.ª Dra. Ana Cláudia da Silva
Olá! Meu nome é Ana Cláudia da Silva. Sou Doutora em Estudos 
Literários pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita 
Filho – Unesp - campus de Araraquara, Mestre em Letras, na área 
de concentração de Estudos Comparados de Literaturas de Língua 
Portuguesa e Especialista em Fundamentos Teóricos e Críticos da 
Literatura, também pela Universidade Estadual Paulista Júlio de 
Mesquita Filho – Unesp - campus de Araraquara. Minha formação 
inicial é de Bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo; anos 
depois, fiz a complementação dos estudos pedagógicos – Programa 
Especial de Formação Pedagógica em Letras, pelo Claretiano, na 
modalidade EaD. Já atuei como docente de disciplinas da área de Literatura: literaturas 
portuguesa, brasileira e infanto-juvenil e como coordenadora de cursos de Letras, 
presenciais e a distância, no Claretiano. Minha área de pesquisa são as Literaturas Africanas 
de Língua Portuguesa, especialmente a obra do escritor moçambicano Mia Couto. Sou 
autora do livro Ciranda de escritas, em coautoria com a Profa. Dra. Susana Ramos Ventura, 
com a qual produzi outros materiais didáticos para o curso de Letras – EaD do Claretiano: 
Teoria da Literatura III e Literaturas de Língua Portuguesa V. Tenho refletido durante anos 
sobre o ensino de literatura, tanto a partir de minha própria experiência docente, como 
a partir da vivência como coordenadora de cursos de formação de professores. Minhas 
paixões são duas: os Estudos Literários e a Educação. Gosto também de artesanato, 
que faço nas (poucas!) horas de folga: patchwork, fuxicos, bordados e costura. Desejo a 
todos bons estudos, e que esta disciplina possa contribuir efetivamente para a formação 
profissional de cada um.
e-mail: anaclsv@uol.com.br
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
METODOLOGIA DO ENSINO: 
LITERATURA
Ana Cláudia da Silva
Batatais
Claretiano
2013
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
© Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013 
800.071 1 S71m 
 
 Silva, Ana Cláudia da 
 Metodologia do ensino: Literatura / Ana Cláudia da Silva – Batatais, SP : 
 Claretiano, 2013. 
 130 p. 
 
 ISBN: 978-85-8377-084-8 
 
 1. Literatura. 2. Texto. 3. Métodos. 4. Ensino. 5. Educação. I. Metodologia do 
 ensino: Literatura. 
 
 
 
 
 
 
 CDD 800.071 1 
 
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação 
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos 
Carolina de Andrade Baviera
Cátia Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza
Patrícia Alves Veronez Montera
Rita Cristina Bartolomeu 
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Bibliotecária 
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
Revisão
Cecília Beatriz Alves Teixeira
Felipe Aleixo
Filipi Andrade de Deus Silveira
Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Rodrigo Ferreira Daverni
Sônia Galindo Melo
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa 
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai 
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi 
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer 
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na 
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do 
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Claretiano - Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
SUMÁRIO
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO .......................................................................... 10
3 GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................. 23
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 30
UniDADE 1 – LITERATURA E DIREITOS HUMANOS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 31
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 31
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 31
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 33
5 O DIREITO À LITERATURA ................................................................................ 38
6 LITERATURA, "SONHO ACORDADO DAS CIVILIZAÇÕES" ............................... 43
7 LITERATURA É CONTEÚDO E FORMA ............................................................. 45
8 LITERATURA HUMANIZA .................................................................................. 47
9 TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................ 49
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 50
11 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 52
12 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 52
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 53
UniDADE 2 – O TEXTO LITERÁRIO NA SALA DE AULA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 55
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 55
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 56
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 57
5 TEXTO NÃO É PRETEXTO .................................................................................. 58
6 QUANDO O TEXTO SE TORNA PRETEXTO ....................................................... 61
7 TEXTO E CONTEXTO ......................................................................................... 72
8 TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................ 77
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 78
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 79
11 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 80
12 REFERÊNCIAS BBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 80
UniDADE 3 – TEXTOS DIDÁTICOS, DIDATIZADOS E PARADIDÁTICOS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 83
2 CONTEÚDOS .....................................................................................................84
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 84
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 85
5 TEXTOS DIDÁTICOS........................................................................................... 86
6 TEXTOS DIDATIZADOS ...................................................................................... 91
7 TEXTOS PARADIDÁTICOS ................................................................................. 94
8 TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................ 98
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 99
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 101
11 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 101
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 102
UniDADE 4 – A LITERATURA NA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 103
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 103
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 104
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 104
5 PERÍODO COLOniAL (1500 – 1821) .................................................................. 105
6 BRASiL iMPÉRiO (1822 – 1888) ........................................................................ 106
7 PRiMEiRA E SEGUnDA REPÚBLiCAS (1889-1936) .......................................... 109
8 LDB n. 4024 (1961) E LDB n. 5692 (1971) ........................................................ 111
9 LDB n. 9.394 (1996) ........................................................................................... 113
10 OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS .............................................. 116
11 TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................ 125
12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 126
13 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 127
14 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 127
15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 129
CRC
Caderno de 
Referência de 
Conteúdo
Ementa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O texto literário. Literatura e direitos humanos. A leitura literária: texto, contexto e 
pretexto. Textos didáticos, didatizados e paradidáticos. A literatura na legislação 
educacional. Literatura e outras linguagens.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Este Caderno de Referência de Conteúdo, Metodologia do Ensi-
no: Literatura, refere-se aos caminhos possíveis para o ensino da lite-
ratura na educação básica.
Desde há muitos anos, o ensino de literatura tem sido pau-
tado pela historiografia: estudam-se, em Literatura, os chamados 
períodos literários, com seus respectivos estilos de época, seus 
autores fundamentais, canônicos – isto é, "obrigatórios" para o co-
nhecimento daquele período – e suas obras capitais.
Contudo, de alguns anos para cá, o ensino da literatura vem 
recebendo outras orientações. Conforme os Parâmetros Curricula-
© Metodologia do Ensino: Literatura8
res Nacionais (PCNs), toda a educação básica é voltada para a for-
mação do cidadão na leitura e na escrita, bem como na preparação 
para o mundo do trabalho. 
O conhecimento da literatura, nesse contexto, permanece 
nos currículos como uma forma de entender a cultura brasileira, 
como expressão da cultura do nosso país. Embora o conhecimento 
dos estilos de época seja ainda exigido nos exames vestibulares, 
ele é preterido pela interpretação e leitura dos textos literários, 
objetivando a formação do leitor.
Neste Caderno de Referência de Conteúdo, trabalharemos 
com quatro unidades. 
Na primeira unidade, intitulada "Literatura e direitos humanos", 
refletiremos, a partir das ideias do sociólogo e crítico literário Antonio 
Candido, sobre o poder que tem a literatura de humanização, isto é, 
de tornar o homem mais apto para conviver consigo mesmo e com 
os outros. A visão que Candido tem da literatura nos faz descobrir um 
sentido mais profundo para o ensino dela nas escolas.
Em seguida, na segunda unidade, trataremos do texto lite-
rário na sala de aula, refletindo, com a professora Marisa Lajolo, 
alguns aspectos que incidem sobre o trato que se dá aos textos 
escolares, concentrados usualmente nos livros didáticos. Com ela, 
passaremos a refletir sobre procedimentos comuns no ensino de 
literatura que se pratica hoje nas salas de aula. 
A Unidade 3 é uma continuação desse percurso. nela vamos 
abordar a presença de textos didáticos, didatizados e paradidáti-
cos na escola. Nossas reflexões terão por base os resultados obti-
dos na pesquisa "A Circulação de Textos na Escola", realizada, há 
alguns anos, por pesquisadores da Universidade de São Paulo, me-
diante a observação e análise crítica dos textos que circulavam no 
ambiente escolar.
Na última unidade, trataremos da legislação educacional, 
acompanhando, com o professor William Roberto Cereja, algumas 
9
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
das transformações pelas quais passou o ensino da literatura des-
de a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), 
em 1961, até os dias de hoje.
Esperamos, ao final deste percurso, ter permitido a você 
pensar o ensino de literatura a partir de referenciais diferenciados, 
tais como o sociológico, o didático e o legal. Conhecê-los, porém, 
é apenas uma parte da sua formação como professor de literatura. 
É o que julgamos mais importante para refletirmos juntos, mas de 
modo nenhum esgota a questão do ensino da literatura.
É fundamental para sua formação, por exemplo, uma deter-
minação autodidática, de aprender por si só, de buscar soluções e 
materiais de apoio além deste que ora lhe oferecemos.
Procure consultar, na medida do possível, a bibliografia in-
dicada em cada unidade; nela, você descobrirá outros aspectos 
do ensino escolar da literatura que talvez mobilizem mais a sua 
atenção do que aqueles que aqui abordamos e que, insistimos, são 
apenas uma parcela do conhecimento que podemos adquirir refle-
tindo sobre a nossa prática e aprendendo com as análises tecidas 
por outros pesquisadores.
Lembre-se de que todo bom professor é um ótimo leitor. Se 
você não tem o hábito da leitura, comece a cultivá-lo desde já. Afi-
nal, é pela leitura que a literatura melhor se dá a conhecer; você 
pode ler inúmeros compêndios de crítica literária e ser um expert 
nas informações sobre os autores com que trabalhará na sala de 
aula, mas nada disso substitui seu contato pessoal com a obra dos 
autores. Este deve ser o tipo preferencial de leitura para você, a 
partir de agora, se quiser tornar-se um professor de literatura que 
faça alguma diferença na vida de seus educandos.
Afinal, ler é mais que prazer: é um compromisso de cidadania.
© Metodologia do Ensino: Literatura10
2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO
Abordagem Geral
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estu-
dado neste Caderno de Referência de Conteúdo. Aqui, você entrará 
em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma 
breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões 
no estudode cada unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral 
visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a partir do 
qual você possa construir um referencial teórico com base sólida 
– científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profis-
são, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabi-
lidade social. 
O ensino de literatura, tradicionalmente, tem sido pautado 
pela História da Literatura. Isso implica no estudo do cânone lite-
rário, isto é, dos autores considerados fundamentais em cada pe-
ríodo literário e de suas principais obras. Entretanto, nos últimos 
anos, o ensino da literatura tem recebido uma orientação diversa. 
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (conhecidos como PCNs), 
observamos que toda a educação básica tem como objetivo pri-
mordial a formação da pessoa, especialmente do cidadão, na lei-
tura e na escrita, assim como sua preparação para ingressar de for-
ma competente e responsável no mundo do trabalho. O estudo da 
literatura, dentro desse contexto, tem permanecido como discipli-
na nos currículos escolares como forma privilegiada de conhecer 
e entender melhor a cultura do nosso país, o Brasil; a literatura é, 
antes de outras coisas, uma expressão cultural da nação que a pro-
duz. Sabemos que o conhecimento dos estilos desenvolvidos em 
cada período literário ainda permanece como uma das exigências 
dos exames de ingresso no ensino superior; contudo, ele vem sen-
do substituído pelo trabalho com o texto propriamente dito, isto 
11
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
é, pela leitura, análise e interpretação dos textos literários, tendo 
como objetivo formar o leitor consciente.
Segundo Houaiss (2002), metodologia é o "ramo da lógica 
que se ocupa dos métodos das diferentes ciências"; é também a 
"parte de uma ciência que estuda os métodos aos quais ela pró-
pria recorre". Metodologia é, portanto, o estudo dos métodos. 
E método – o que vem a ser?
Ainda conforme Antônio Houaiss (2002), método é, de for-
ma geral, o "procedimento, técnica ou meio de fazer alguma coisa, 
esp. de acordo com um plano". 
Uma metodologia é, portanto, o estudo ou conhecimento 
do caminho pelo qual se chega a realizar algo. Estamos, portanto, 
nesta disciplina, atrás do caminho que conduz ao ensino da litera-
tura. No nosso caso, trata-se do estudo do caminho a percorrer no 
ensino de literatura.
Na primeira unidade, procuraremos entender como a lite-
ratura contribui para a formação do homem integral, a partir das 
ideias de Antonio Candido. Para ele, 
[...] pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer 
que aquilo que consideramos indispensável por anos é também in-
dispensável para o próximo. Esta me parece a essência do proble-
ma, inclusive no plano estritamente individual, pois é necessário 
um grande esforço de educação e auto-educação a fim de reco-
nhecermos sinceramente este postulado. Na verdade, a tendência 
mais funda é achar que os nossos direitos são mais urgentes que os 
do próximo (CAnDiDO, 1995, p. 239).
Candido considera que a literatura é um direito fundamen-
tal da pessoa. Para justificar sua argumentação, ele recorre aos 
conceitos de "bens compressíveis" e "bens incompressíveis", do 
sociólogo francês padre Louis-Joseph Lebret, que classifica como 
incompressíveis aqueles bens essenciais, garantidos no texto 
constitucional, tais como saúde, trabalho, educação, alimentação, 
moradia etc. Bens compressíveis, por sua vez, são aqueles que po-
dem ser diminuídos ou até mesmo suprimidos: cosméticos, perfu-
mes, roupas e brinquedos extras etc. 
© Metodologia do Ensino: Literatura12
O fato é que os critérios de incompressibilidade são variá-
veis, e mudam de uma cultura para outra e de uma época para 
outra. Experimente questionar pessoas que se distanciem de você 
por uma ou duas gerações sobre quais são, para elas, os bens in-
dispensáveis para a vida, e você certamente obterá respostas di-
ferentes das que você daria a essa mesma pergunta. Pessoas de 
classes economicamente distintas podem ter também respostas 
divergentes para essa pergunta.
Candido defende a posição de que os bens incompressíveis 
incluem os bens que favorecem não apenas a existência corporal, 
mas também a integridade espiritual do homem.
Segundo Antonio Candido, todos os povos sempre produzi-
ram literatura – entendida dessa forma ampla. "Não há povo e não 
há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de 
entrar em contato com alguma espécie de fabulação" (CANDIDO, 
1995, p. 242), de criação literária. Mesmo quando dorme, o ho-
mem cria, inventa: o próprio sonho é uma projeção inventiva, na 
qual a pessoa que dorme projeta, inconscientemente, elementos 
que depois traduz em histórias.
Partindo desta constatação científica, Antonio Candido (1995, 
p. 243) faz uma comparação: "[...] assim como não há equilíbrio psí-
quico sem o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social 
sem a literatura." Para o crítico, a literatura é o "sonho acordado 
das civilizações" (idem, p. 242), fator fundamental e indispensável 
de humanização, até mesmo porque sua atuação no ser humano 
acontece em grande parte de forma subconsciente ou inconsciente.
Ora, a literatura é composta de conteúdo e de forma. O po-
der humanizador da literatura, segundo o crítico e sociólogo, está, 
pois, na conjunção dessas três facetas:
• Construção: todo texto literário é um objeto construído, 
um conjunto de palavras ordenadas pelo seu produtor. 
Essa ordem dada pelo autor favorece nossa própria orga-
nização mental e de sentimentos; com isso, nossa visão 
de mundo fica mais organizada também.
13
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
• Expressão: mais do que simples arranjo ordenado de pa-
lavras, a literatura é uma forma de expressão – expressa 
os valores e a visão de mundo do seu autor e do seu con-
texto de produção.
• Conhecimento: a literatura apresenta níveis de conheci-
mento intencionais, isto é, propostos pelo autor e assimi-
lados pelo leitor, e níveis de conhecimento que o leitor 
incorpora "difusa e inconscientemente", para lembrar as 
palavras do autor. Estes se referem à organização mental 
e emocional que a ordem do texto literário permite e que 
não percebemos conscientemente durante a leitura.
Na segunda unidade, veremos como o texto literário é traba-
lhado na sala de aula. 
Em sua obra Leitura em crise na escola: as alternativas do 
professor (1991), Marisa Lajolo questiona o uso que se faz, na es-
cola, do texto literário. Ela lembra que a literatura, por sua nature-
za, é feita somente para a leitura:
O texto não é pretexto para nada. Ou melhor, não deve ser. Um tex-
to existe apenas na medida em que se constitui ponto de encontro 
entre dois sujeitos: o que escreve e o que lê; escritor e leitor, reu-
nidos pelo ato radicalmente solitário da leitura, contrapartida do 
igualmente solitário ato de escritura (LAJOLO, 1991, p. 52).
Para Lajolo, o texto literário, ao ser inserido no contexto es-
colar, deixa de ser interessante. Isso ocorre porque na escola o 
texto costuma ser lido não em si mesmo, mas como pretexto para 
outras aprendizagens, que não a do texto propriamente dito. Mes-
mo quando é "literariamente" estudado, o texto é desmontado, 
fragmentado, submetido a uma análise que, se o professor não for 
suficientemente hábil, pode não conduzir a uma interpretação que 
amplie a leitura do texto.
Quando a presença do texto literário na escola se torna pre-
texto para outras aprendizagens, é possível que o professor en-
frente alguns problemas, tais como:
© Metodologia do Ensino: Literatura14
1) O texto é exemplo de comportamento, atitudes e valores.
2) O texto é pretexto para aumento de vocabulário.
3) O texto é exemplo da norma culta.
4) O texto é pretexto de valorização da linguagemcontem-
porânea.
5) O texto é pretexto para exercícios de interpretação da 
leitura.
6) O texto é pretexto para a produção de textos.
7) O texto é pretexto para o ensino da história da literatura.
A autora quer chamar a atenção sobre o fato de que o texto, 
na escola, é frequentemente tomado como forma de aprender ou-
tras coisas que não o texto em si; com isso, perde-se, muitas vezes, 
o que o texto tem de melhor, que é a sua capacidade humanizado-
ra, como apontara Antonio Candido.
Mas quais são os textos que chegam à escola? É o que vere-
mos na terceira unidade. 
Grande parte dos textos que circulam na escola são prove-
nientes dos livros didáticos; outros, do processo de didatização, em 
que o professor faz ele mesmo o recorte e leva o texto aos alunos. 
Há ainda os textos paradidáticos, que costumam acompanhar o en-
sino da língua portuguesa especialmente no ensino fundamental.
Com relação aos livros didáticos, pesquisadores da USP fa-
zem notar os seguintes problemas:
1) uma dissociação entre o discurso de apresentação do 
autor da coleção didática e a prática, isto é, esses livros 
apresentam um programa teórico que se contradiz nas 
atividades propostas;
2) geralmente, o manual didático não apresenta uma coe-
são interna à própria unidade, entre as unidades de um 
mesmo volume e entre uma série e outra de uma cole-
ção, em termos de gradação de dificuldades e de seleção 
de tópicos a serem estudados; a marca é a fragmentação 
ou a repetição de conteúdos de uma série para outra;
15
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
3) uma estrutura comum permeia todas as unidades que 
se abrem sempre com um texto, que é seguido pelo es-
tudo do vocabulário, questões de interpretação, estudos 
de gramática e, às vezes, produção de texto;
4) os livros didáticos são elaborados de forma a serem um 
material autossuficiente para o estudo de língua e lite-
ratura, pois não incitam a consulta de outros materiais 
(como dicionários, gramáticas, antologias, obras inte-
grais etc.);
5) nessa linha de autossuficiência, os textos são produzi-
dos ou adaptados pelos autores do manual com intuito 
facilitador, principalmente para as séries iniciais; para 
as mais avançadas são apresentados fragmentos (nem 
sempre os trechos mais significativos da obra do autor) 
que, muitas vezes, retirados inadequadamente do con-
texto original, prejudicam a interação aluno-leitor-texto;
6) a abordagem textual se marca pela "mesmice" dos ques-
tionários, que apresentam padrão comum a qualquer 
texto, ignorando as especificidades de tipo e gênero 
(adaptado de MiCHELETTi, 1997).
Diante dessas observações, você pode perguntar: então, 
qual a alternativa do professor, uma vez que a adoção de livros di-
dáticos, muitas vezes feita por um período demasiadamente longo 
e indireto, ainda é uma prática generalizada nas escolas?
É sempre bom lembrar o que já dizia Marisa Lajolo, na obra 
que mencionamos anteriormente (LAJOLO, 1991): é sempre pos-
sível fazer um bom trabalho a partir de qualquer texto. Para isso, 
o professor precisa desobrigar-se de seguir as instruções dos ma-
nuais didáticos que considerar inadequadas aos seus objetivos de 
ensino. Em seguida, o professor pode complementar o que é pro-
posto no livro didático pela seleção de outros textos que comple-
mentem e aprofundem esses mesmos objetivos.
Quanto aos paradidáticos, sabemos que sua produção edi-
torial responde pelo maior mercado de consumo de literatura do 
país. Dados de 1998 estimam que a venda desses títulos chega a 4 
© Metodologia do Ensino: Literatura16
milhões de exemplares por ano, movimentando o que correspon-
dia a um faturamento de 25 milhões de reais para as editoras.
Embora haja muitos títulos desprezíveis publicados sob o 
selo de paradidáticos, o fato é que essa literatura está presente 
em todas as escolas e sua leitura é incentivada largamente pelos 
professores.
O paradidático é especialmente presente nos projetos e 
currículos que trabalham com a interdisciplinaridade. Isso ocorre 
porque há uma vasta linha de paradidáticos voltados para outras 
áreas do conhecimento, como Ciências, Física, Matemática, His-
tória, Geografia etc. Nesse sentido, o trabalho conjunto entre os 
docentes de Língua Portuguesa e de outras áreas específicas pode 
trazer resultados mais eficientes para o aproveitamento da leitura 
– desde que esse trabalho seja realmente orientado, e não legado 
apenas ao estudante, como se este, autonomamente, fosse capaz 
de apreender todos os níveis de significação de uma obra contan-
do apenas com a sua própria leitura.
Na última unidade, você acompanhará as transformações 
sofridas no ensino da literatura ao longo do tempo, por meio das 
mudanças nas orientações legais para a formação do currículo.
Atualmente, são os Parâmetros Curriculares Nacionais – 
PCNs – que orientam o trabalho com a literatura. 
Para o ensino fundamental, os PCNs indicam o trabalho com 
diferentes gêneros textuais, alguns literários, outros não.
No ensino médio, o estudo da literatura inclui-se dentro da gran-
de área denominada "Linguagens, códigos e suas tecnologias". Nela, os 
conhecimentos são direcionados para a construção de competências, 
que são um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes.
Os PCNs, nas orientações específicas para a Língua Portu-
guesa, não dão ênfase ao ensino da literatura – o ensino da litera-
tura está subordinado à formação de competências na área da lin-
17
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
guagem e não é mais entendido como um componente curricular 
autônomo. Veja:
Ao ler este texto, muitos educadores poderão perguntar onde está 
a literatura, a gramática, a produção do texto escrito, as normas. 
Os conteúdos tradicionais foram incorporados por uma perspectiva 
maior, que é a linguagem, entendida como um espaço dialógico, 
em que os locutores se comunicam. Nesse sentido, todo conteúdo 
tem seu espaço de estudo, desde que possa colaborar para a obje-
tivação das competências em questão (BRASiL, 1998).
A literatura é entendida como um conjunto de textos que se 
relacionam entre si, cujo estudo tem o objetivo de contribuir para 
o conhecimento cultural do povo brasileiro. 
Muito embora as orientações curriculares oficiais sejam es-
sas, o fato é que os exames de ingresso ao ensino superior con-
tinuam exigindo, na sua maioria, uma lista de obras literárias de 
leitura obrigatória (diferente para cada instituição) e conhecimen-
tos que permitam contextualizar a produção literária na história da 
literatura brasileira.
O professor do ensino médio precisa, então, dar conta tanto 
das orientações nacionais quanto da demanda do mercado: a efi-
cácia do ensino médio de uma escola é frequentemente medida 
pela quantidade de alunos que consegue aprovar no vestibular – 
ou, mais contemporaneamente, pela nota que seus alunos obtêm 
no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. Estes, vale obser-
var, tratam a literatura de forma próxima ao que indicam os PCNs, 
indicando, pelo menos nesse aspecto, uma consonância entre a 
política educacional e as formas de avaliação.
É importante também lembrar que, atualmente, o ensino da 
literatura não se restringe mais aos bancos escolares. Há outros 
ambientes e instâncias da sociedade que têm tomado para si a 
tarefa de instigar à leitura e de proporcionar aos leitores, de forma 
geral, um conhecimento mais profundo da literatura. Veja, a se-
guir, alguns deles.
© Metodologia do Ensino: Literatura18
1) Feiras literárias. Têm crescido no país, nos últimos anos, 
a realização de feiras de literatura, sendo a mais famo-
sa delas a Festa Literária Internacional de Parati (FLIP). 
A FLIP costuma reunir, anualmente, escritores de várias 
nacionalidades, especialistas em literatura, teóricos, 
críticos, leitoresde modo geral e curiosos. A cada edi-
ção, os autores são convidados a proferirem palestras 
e a participarem de colóquios sobre temas importan-
tes para a literatura no século 21. no blog específico 
da FLIP – que você pode acessar no seguinte endereço: 
<http://www.flip.org.br> - você encontrará entrevistas 
com os autores, vídeos, posts, ilustrações e outras ma-
térias produzidas durante a intensa cobertura midiática 
que o evento recebe. A primeira edição do evento foi 
realizada em 2003, inserindo o nosso país no circuito dos 
principais festivais literários do mundo. Essa festa tem 
sido o que seu nome diz: uma festa, badalada pela mí-
dia e concorrida pelos brasileiros que amam a literatura. 
É um espaço importante para a veiculação da literatura 
nos dias atuais, em que o livro vem passando por modi-
ficações tão intensas.
2) Oficinas culturais. Associações culturais como o Serviço 
Social da Indústria (SESI) e o Serviço Social do Comércio 
(SESC) têm se mantido como espaços em que a literatu-
ra tem sempre um lugar importante. Movidos respecti-
vamente pelas verbas advindas dos setores industrial e 
comercial da sociedade brasileira, essas instâncias pro-
movem oficinas, encontros, rodas de leitura e outras 
atividades abertas ao grande público, geralmente dire-
cionadas por especialistas em literatura, com o objetivo 
de fomentar a leitura literária entre as pessoas que fre-
quentam essas instituições. Embora se tratem de encon-
tros promovidos fora do âmbito acadêmico, é possível 
encontrar nessas instâncias boas reflexões, que nos au-
xiliam a ampliar nosso conhecimento da literatura.
3) Bienal do Livro. Realizadas nos grandes centros urbanos, 
tais como Rio e São Paulo, a cada dois anos, essas expo-
sições reúnem um grande número de autores e editoras. 
Ali é possível entrarmos em contato com as novidades 
19
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
do mundo editorial, bem como ouvir palestras, frequen-
tar cursos rápidos de formação e assistir a colóquios com 
escritores. Constituem-se também em bons ambientes 
para o fomento da leitura literária, seja pela quantida-
de de livros em exposição num só lugar, seja pelos pre-
ços, que geralmente costumam ser convidativos nesses 
eventos.
4) Internet. O advento da internet tem sido decisivo para a 
divulgação da literatura. Esse instrumento revolucioná-
rio de transmissão de informações tem sido muito eficaz 
na difusão da literatura; a internet constitui-se, ao mes-
mo tempo, em excelente ferramenta de criação e de re-
flexão sobre a literatura. Ela nos oferece uma gama bas-
tante variada de opções no que diz respeito à literatura, 
e que passamos agora a elencar para você.
5) Bibliotecas virtuais. As bibliotecas virtuais, tais como a 
Domínio Público, têm sido excelentes lugares de divulga-
ção dos textos literários que já caíram em domínio públi-
co. Você sabe que, após cem anos decorridos da morte 
do autor, o texto passa a ser de domínio público, isto é, 
os direitos autorais deixam de ser propriedade particular 
das famílias dos autores e passam a integrar o patrimô-
nio nacional, sendo então sua divulgação e reprodução 
permitidas.
6) Livrarias e sebos. As livrarias virtuais prestam um ex-
celente serviço aos leitores. Por meio delas, é possível 
receber em casa livros que muitas vezes não consegui-
mos encontrar nas prateleiras das livrarias físicas. Com 
um volume de negócios cada vez maior, essas livrarias 
permitem ao leitor a aquisição de livros com maior con-
forto, praticidade e, muitas vezes, rapidez; a pesquisa 
de preços também fica facilitada pela possibilidade de 
consulta virtual aos catálogos das livrarias. Nesse que-
sito, vale sublinhar a presença dos sebos virtuais, isto é, 
de livrarias que comercializam livros usados. A Estante 
Virtual é uma ótima referência de prestação desse tipo 
de serviço.
7) Revistas literárias. As orientações mais recentes da Ca-
pes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de 
© Metodologia do Ensino: Literatura20
Nível Superior, órgão ligado ao Ministério da Educação 
(MEC) – para a avaliação dos periódicos acadêmicos edi-
tados pelas universidades e seus respectivos cursos de 
pós-graduação strictu senso (Mestrados e Doutorados) 
incluem como um quesito muito importante a veicula-
ção dos periódicos também na internet. Isso significa, na 
prática, que os leitores, pesquisadores e estudantes de 
literatura têm à sua disposição, nos sites dos principais 
programas de pós-graduação do país, uma vasta gama 
de artigos publicados pelos pesquisadores que integram 
as universidades. Estas, como você deve saber, têm se 
mantido como instâncias por excelência de produção de 
conhecimento científico; as publicações de seus pesqui-
sadores e professores são, por esse motivo, o que temos 
de mais atual nos estudos literários; vale a pena conferi-
-las; você pode começar lendo os conteúdos destas que 
indicamos na sequência:
• Estudos Avançados (Universidade de São Paulo - USP) 
- http://www.iea.usp.br/iea/revista/index.html.
• Via Atlântica (Universidade de São Paulo - USP) - 
http://www.fflch.usp.br/dlcv/posgraduacao/ecl/pu-
blicado.html.
• Itinerários (Universidade Estadual Paulista "Júlio de 
Mesquita Filho" - Unesp) - http://seer.fclar.unesp.br/
index.php/itinerarios.
• Estação Literária (Universidade Estadual de Londrina 
- UEL) - http://www.uel.br/pos/letras/EL/.
• Literatura e Sociedade / Magma (Universidade de 
São Paulo - USP) - http://www.fflch.usp.br/dtllc/re-
vistas.htm.
8) Blogs de novíssimos escritores. O advento de escrito-
res blogueiros tem sido cada vez maior nos círculos li-
terários. Há um grande número de escritores contem-
porâneos, novíssimos e de boa cepa, isto é, com textos 
instigantes, de boa qualidade literária, que você pode 
conferir nos blogs de seus escritores. Experimente con-
ferir estes três que indicamos:
21
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
• Daniel Galera - Amores Expressos - http://www.blog-
dodanielgalera.blogspot.com/.
• João Paulo Cuenca - http://oglobo.globo.com/blogs/
cuenca/.
• Clarah Averbuck - brasileira!preta - http://www.brazi-
leirapreta.blogspot.com/; Adios lounge – http://www.
adioslounge.blogspot.com/ e O mundo, o universo e 
tudo mais - http://clarahaverbuck.virgula.uol.com.br/.
9) Blogs de escritores veteranos. O leitor que não gosta de 
muitas experimentações no campo da produção literá-
ria, mais afeito aos escritores tradicionais, de mérito já 
reconhecido, podem encontrá-los também na internet. 
Tem crescido o número de escritores veteranos que vêm 
explorando a internet como ferramenta de criação. Veja, 
por exemplo, os sites que indicamos a seguir. Ali você 
encontrará mais um pouco daqueles autores que tanto 
gostamos de ver em nossas estantes e de folhear em 
nossas mãos:
• A casa de Rubem Alves - http://www.rubemalves.com.br/.
• Fabrício Carpinejar - http://www.carpinejar.com.br/.
• Casa Lygia Bojunga - http://www.casalygiabojunga.
com.br/portugues/.
• Mário Prata - http://www.marioprataonline.com.br/.
• Millôr Fernandes - http://www2.uol.com.br/millor/
index.htm.
• Paulo Coelho - http://www.paulocoelho.com.br/.
• Menalton Braff - http://menalton.blog.uol.com.br/.
• José Saramago - Outros Cadernos de Saramago - http://
caderno.josesaramago.org/.
Como você pode observar, o estudo da literatura não existe 
somente no ambiente escolar. A literatura é uma expressão cultu-
ral, muito antes de ser uma disciplina dos currículos escolares. É 
somente porque ela tem uma grande função social como elemen-
© Metodologia do Ensino: Literatura22
to da cultura de um povo que ela passa aos bancos escolares. Todo 
cidadão tem, pois, direito a estudá-la, como você verá ao longo 
deste Caderno de Referência de Conteúdo.
Durante nossos estudos, é essaa forma de veiculação da li-
teratura que vamos abordar mais detidamente: o ensino da litera-
tura no contexto das escolas de Educação Básica. Aprenderemos 
mais sobre como a legislação educacional brasileira vem abordan-
do o ensino da literatura e sobre as orientações que nos dão os es-
pecialistas para o desenvolvimento desse material. Você verá que, 
apesar de nossos esforços, não há receitas a serem seguidas. Em 
educação, nunca temos receitas. O que dá certo com uma turma 
não dá com a outra; o que funciona para um leitor não funciona 
para o seu vizinho. Isso ocorre porque os grupos de alunos com os 
quais lidamos diferem na exata proporção em que diferem seus 
membros: ou seja, sempre. Cada turma é uma, cada leitor é um 
universo particular; a soma de indivíduos num grupo que denomi-
namos classe ou turma implica na soma de repertórios de leituras 
(literárias e de mundo) muito diferentes entre si.
Ainda assim, conscientes de que o desafio é grande, espera-
mos que, ao final do estudo deste Caderno de Referência de Conteú-
do, você tenha tido a oportunidade de conhecer melhor as ques-
tões referentes ao ensino escolar da literatura e tenha refletido 
sobre os caminhos possíveis para trabalhar com o texto literário 
na sala de aula. 
É importante que você siga as orientações que são dadas no 
seu Caderno de Referência de Conteúdo. Elas têm o objetivo de 
dar a você parâmetros que o auxiliarão no processo de estudo, 
principalmente nesta modalidade a distância. A participação nas 
interatividades e a realização das leituras propostas também são 
fundamentais, pois com certeza ajudarão você a tornar-se um pro-
fessor de literatura mais consciente de sua atividade e, portanto, 
mais competente no exercício da profissão.
Bons estudos!
23
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
3. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um 
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de 
conhecimento dos temas tratados em Metodologia do Ensino: Lite-
ratura. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Conhecimento literário: a literatura apresenta níveis de 
conhecimento intencionais, isto é, propostos pelo autor 
e assimilados pelo leitor, e níveis de conhecimento que 
o leitor incorpora inconscientemente. Estes se referem à 
organização mental e emocional que a ordem do texto li-
terário permite e que não percebemos conscientemente 
durante a leitura.
2) Construção literária: todo texto literário é um objeto 
construído, um conjunto de palavras ordenadas pelo seu 
produtor. Essa ordem dada pelo autor favorece nossa 
própria organização mental e de sentimentos; com isso, 
nossa visão de mundo fica mais organizada também.
3) Conteúdo literário: aquilo que o autor efetivamente diz, 
somado aos significados que lhe podemos atribuir no 
processo de leitura.
4) Contexto: etimologicamente, indica aquilo que é tecido 
conjuntamente; em literatura aponta para as circunstân-
cias (históricas, políticas, sociais etc.) em que uma obra 
foi criada.
5) Didático: destinado ao ensino; que facilita a aprendizagem.
6) Didatização: processo pelo qual um objeto é transferido 
de seu contexto original para a sala de aula, para fins de 
ensino.
7) Enredo, intriga ou trama: organização das ações narra-
das de acordo com a lógica da obra. "Também distinta 
do conceito de fábula, que remete para a organização 
das ações de forma lógica, a intriga tem maior liberdade 
na ordenação das ações, conflitos, peripécias ou aventu-
ras que vivem as personagens de uma história narrada." 
(CEiA [199-?])
© Metodologia do Ensino: Literatura24
8) Ensino: ato, processo ou efeito de ensinar; ensinamen-
to, ensinança.
9) Fábula ou história: organização cronológica das ações 
narradas.
10) Forma literária: aspecto de constituição formal – o modo 
como ela se apresenta a nós; a forma é dada pelos elemen-
tos que constituem o texto, sejam eles externos ou internos.
11) Humanização: processo pelo qual o homem desenvolve 
em si qualidades que o tornam mais capaz de conviver 
com seus semelhantes.
12) Intertextualidade: diálogo entre textos; pode ser cons-
ciente ou não no momento da criação literária. Mani-
festa-se como um conjunto de referências, diretas ou 
indiretas, a obras de outros autores.
13) Literatura, para Antonio Candido: compreende "[...] todas 
as criações de toque poético, ficcional ou dramático em 
todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de 
cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, chiste, até 
as formas mais complexas e difíceis da produção escrita 
das grandes civilizações" (CAnDiDO, 1995, p. 242).
14) Metodologia: estudo ou conhecimento do caminho pelo 
qual se chega a realizar algo.
15) Paradidáticos: etimologicamente, significa aquilo que 
está ao lado do didático; no contexto desta obra, indica 
os livros de leitura complementar, que acompanham o 
processo de aprendizagem de determinados conceitos 
ou valores.
16) Pretexto: historicamente, significa tecer algo na frente 
de outra coisa; palavra de conotação negativa, tem hoje 
o sentido de alegação falsa, mentirosa.
17) Repertório de leituras: conjunto de leituras anteriores, 
que o leitor mobiliza durante o processo de leitura. Com-
preende tanto leituras de textos, como leituras de mun-
do, vivenciais.
18) Texto, para Marisa Lajolo: é "[...] o resultado, o produ-
to do ato de entrelaçar palavras, frases, parágrafos. [...] 
pode indicar tanto um conjunto de palavras quanto ain-
da um livro inteiro" (LAJOLO, 2008, p. 102).
25
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Esquema dos Conceitos-chave 
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais 
importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um 
Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você 
mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o 
seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o 
seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas 
próprias percepções. 
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos 
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre 
os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais com-
plexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na or-
denação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. 
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se 
que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque-
mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen-
to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos 
significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. 
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas 
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, 
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos 
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, 
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem 
pontos de ancoragem. 
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure 
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais 
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez 
© Metodologia do Ensino: Literatura26
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outrosserão também relembrados. 
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você 
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por 
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas 
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor-
nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe-
cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele-
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com 
o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do 
site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010). 
Veja, a seguir, o esquema de conceitos-chave de Metodolo-
gia do Ensino: Literatura.
27
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
 promove 
por meio 
de HUMANIZAÇÃO   
EXPRESSÃO 
CONTEÚDO 
CONHECIMENTO 
DIREITO DO CIDADÃO 
TEXTO 
é  FORMA + CONTEÚDO 
 
LITERATURA 
composta 
de 
 
ENSINO 
na escola, 
implica‐se
LEGISLAÇÃO 
EDUCACIONAL 
regula 
CONTEXTO  PRETEXTO 
definido 
pelo  é/não é
é estudada 
por meio de
na escola,  apresenta‐se como
 
DIDÁTICO 
 
DIDATIZADO 
 
PARADIDÁTICO 
para 
Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo de 
Metodologia do Ensino: Literatura. 
Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como disse-
mos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais importantes 
deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar entre os principais 
conceitos deste Caderno de Referência de Conteúdo e descobrir o ca-
minho para construir o seu processo de ensino-aprendizagem.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de 
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambiente 
virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles 
relacionados às atividades didático-pedagógicas realizadas presen-
© Metodologia do Ensino: Literatura28
cialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se 
da sua autonomia na construção de seu próprio conhecimento. 
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser 
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas. 
 Responder, discutir e comentar essas questões, bem como 
relacioná-las com a prática do ensino de Literatura pode ser uma 
forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re-
solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se 
preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, 
essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos 
e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. 
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus 
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Figuras (ilustrações, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no 
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos apresentados, pois relacionar aquilo que está no campo 
visual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. 
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida 
você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo 
de emancipação do ser humano. É importante que você se atente 
às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes 
29
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas 
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui-
lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se 
conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce-
bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele 
à maturidade. 
Você, como aluno do curso de Graduação na modalidade 
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. 
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor 
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades 
nas datas estipuladas. 
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em 
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você am-
plie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, 
discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às 
videoaulas. 
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os 
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos 
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, 
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na 
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando 
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
© Metodologia do Ensino: Literatura30
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua 
Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998.
CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: ______. Vários escritos. São Paulo: Duas 
Cidades, 1995. p. 235-263.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 
2002.
LAJOLO, Marisa. Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. Porto Alegre: 
Mercado Aberto, 1991.
MICHELETTI, Guaraciaba; BRANDÃO, Helena Nagamine (Orgs.). Aprender e ensinar com 
textos didáticos e paradidáticos. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2002.
1
EA
D
Literatura e Direitos 
Humanos
1. OBJETIVOS
• Refletir sobre os conceitos de metodologia, ensino e literatura. 
• Perceber a literatura como um direito de todo o cidadão. 
• Reconhecer as contribuições da leitura literária na forma-
ção do ser humano.
2. CONTEÚDOS
• Conceito de método, ensino e literatura. 
• Literatura como um direito humano inalienável. 
• Contribuições da literatura para a formação e humaniza-
ção do homem. 
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos explici-
tados no Glossário e suas ligações pelo Mapa Conceitual 
para o estudo de todas as unidades deste Caderno de 
© Metodologia do Ensino: Literatura32
Referência de Conteúdo. Isso poderá facilitar sua apren-
dizagem e seu desempenho.
2) Leia os livros da bibliografia indicada, para que você am-
plie seus horizontes teóricos. Compare-os com o Mate-
rial Didático e discuta a unidade com seus colegas e o 
tutor.
3) Antes de iniciar os estudos desta unidade, pode ser in-
teressante conhecer um pouco da biografia de Antonio 
Candido, cujo pensamento norteia o estudo desta uni-
dade.
Antonio Candido
Antonio Candido de Mello e Sousa nasceu aos 24 de julho de 1918, no Rio de 
Janeiro. Grande parte de sua infância, porém, foi vivida com a família em Poços 
de Caldas – MG.
Formado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo em 1941, Antonio 
Candido tornou-se o maior crítico literário brasileiro, cujas obras são conhecidas 
e debatidas em todo o território nacional e também no exterior.
Antonio Candido atuou também como jornalista, colaborando com jornais como 
Folha da Manhã e O Estado de São Paulo. 
Nos anos 40, juntamente com outros intelectuais como Décio de Almeida Prado, 
Paulo Emílio Salles Gomes, Alfredo Mesquita, FlorestanFernandes e Gilda de 
Moraes Rocha – sobrinha de Mário de Andrade e futura esposa de Candido – 
criou a revista literária Clima, tornando-se seu redator-chefe. O grupo que se 
reuniu em torno dessa revista deixou contribuições fundamentais no pensamento 
sobre a cultura brasileira, nos âmbitos do teatro, cinema, moda, política etc.
Em 1957, iniciou sua atividade docente como professor de Literatura Brasilei-
ra na Unesp de Assis. Dois anos depois, publicou a obra que lhe daria maior 
notoriedade: Formação da literatura brasileira: momentos decisivos (CANDIDO, 
1971).
Inaugurou, em 1961, a cadeira de Teoria Literária e Literatura Comparada da 
USP, na qual se formaram os principais nomes da crítica literária brasileira, tais 
como Davi Arrigucci Junior, Alfredo Bosi, João Alexandre Barbosa, Walnice No-
gueira Galvão e outros. 
Sempre alinhado com a esquerda marxista, Antonio Candido foi militante no Par-
tido Socialista Brasileiro e, em 1980, juntamente com Luiz Inácio da Silva, Sérgio 
Buarque de Hollanda e Florestan Fernandes, participou da fundação do Partido 
dos Trabalhadores. 
Seus artigos têm presença marcante nos estudos literários em todo o Brasil, 
devido à lucidez e profundidade com que trata a literatura, tanto na sua especi-
ficidade artística, quanto no diálogo que estabelece com a sociedade brasileira.
Conheça melhor Antonio Candido lendo uma reportagem especial sobre seus 90 anos, 
em: <http://www4.usp.br/index.php/especiais/14925-os-90-anos-de-antonio-candido-
-professor-da-fflch>. Acesso em: 16 out. 2011. 
33
Claretiano - Centro Universitário
© U1 – Literatura e Direitos Humanos
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Um dos poemas mais famosos de Carlos Drummond de An-
drade chama-se "Procura da poesia", do qual selecionamos um 
fragmento que convidamos você, agora, a ler:
[...]
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
[...]
(AnDRADE, 1994, p. 13-14)
Neste poema, inserido no volume intitulado A rosa do povo, 
Drummond convida o poeta iniciante a conviver com seus poemas 
antes de escrevê-los, isto é, a contemplar as palavras "em estado 
de dicionário". Esta expressão é muito cara para nós, não somente 
no âmbito da literatura, mas também para orientar nossos estudos 
em qualquer área do conhecimento.
Dizemos isso porque o caminho inicial mais seguro para co-
nhecermos algo é a observação atenta das palavras que utilizamos 
para defini-lo. Trata-se de um procedimento primário de pesquisa, 
para o qual nos habilitamos com uma boa consulta ao dicionário. 
Lá encontraremos as palavras com seus múltiplos significados, 
prontas para serem "colhidas" e utilizadas pelos falantes e escre-
ventes da língua.
© Metodologia do Ensino: Literatura34
Queremos, assim, iniciar nosso estudo de Metodologia do 
Ensino: Literatura aceitando o convite de Drummond e penetran-
do no reino das palavras que usamos para nomear esta disciplina. 
Para você refletir:
Você sabe o que é Metodologia?
E ensino, o que significa? É possível ensinar Literatura?
O termo Literatura, como você define?
Iniciamos, pois, pela definição – "em estado de dicionário" – 
de metodologia.
Segundo Houaiss (2009), metodologia é o "ramo da lógica 
que se ocupa dos métodos das diferentes ciências"; é também a 
"parte de uma ciência que estuda os métodos aos quais ela pró-
pria recorre". Metodologia é, portanto, o estudo dos métodos. 
E método – o que vem a ser?
Ainda conforme Antônio Houaiss (2009), método é, de for-
ma geral, o "procedimento, técnica ou meio de fazer alguma coisa, 
esp. de acordo com um plano". A etimologia da palavra, segundo 
o lexicologista Houaiss, é a seguinte:
Método: do grego metá, atrás, em seguida, através de, e ho-
dós, caminho.
Uma metodologia é, portanto, o estudo ou conhecimento do 
caminho pelo qual se chega a realizar algo. Estamos, portanto, nes-
ta disciplina, atrás do caminho que conduz ao ensino da literatura.
Mas o que vem a ser ensino? Vejamos a palavra em seu "es-
tado de dicionário":
• "Ensino: ato, processo ou efeito de ensinar; ensinamento, 
ensinança";
• "Ensinar: repassar ensinamentos sobre (algo) a; doutri-
nar, lecionar; transmitir (experiência prática) a; instruir 
(alguém) sobre";
35
Claretiano - Centro Universitário
© U1 – Literatura e Direitos Humanos
• "Ensinamento: conjunto de ideias a serem transmiti-
das; conjunto de conhecimentos a serem repassados" 
(HOUAiSS, 2009).
Um rápido exame dos elementos apresentados pelo dicio-
nário nos leva às seguintes questões: é possível repassar ou trans-
mitir ideias ou conhecimentos literários? A resposta mais óbvia é: 
NÃO! Vejamos o porquê.
Em primeiro lugar, conhecimentos são construídos por cada 
pessoa e não tomados de empréstimo a outras. O conhecimento 
que eu tenho sobre a literatura (ou sobre culinária, medicamentos, 
cinema, política etc.) foi construído a partir das minhas experiên-
cias de vida e do meu repertório de leituras; das interações entre 
a minha experiência e aquela que os autores apresentam em seus 
livros. O conhecimento não pode ser embalado num pacote e le-
gado a outrem. Não funciona assim, não é mesmo? Conhecimento 
se adquire, se constrói.
Mas qual seria, então, a tarefa do professor de literatura, se 
o conhecimento sobre ela nasce da sua experiência de leitor? 
Acreditamos que a tarefa do docente de literatura é funda-
mentalmente fazer a mediação entre o estudante e o conjunto 
de conhecimentos que a humanidade construiu, ao longo de sua 
história, sobre os fatos literários. O bom professor de literatura é 
aquele que consegue despertar nos educandos a curiosidade li-
terária, o interesse pelos livros, a paixão pela leitura, pela poesia, 
pela narrativa, pelo teatro.
Você pode objetar que o conjunto desses conhecimentos é 
infinito e que não é possível abarcá-los na totalidade. Certo, cer-
tíssimo. Mas, se você se propõe a ensinar literatura, deve ter uma 
experiência boa, profícua, de leitura – sua experiência, pessoal; 
esta deve ser tão importante para você que lhe suscita o desejo de 
partilhá-la com outras pessoas. Se você tem isso, pronto: já tem o 
essencial para trabalhar com a literatura na escola.
© Metodologia do Ensino: Literatura36
Agora vamos avançar mais um passo nesta nossa reflexão 
inicial, perguntando-nos: o que é literatura? O que nos diz o dicio-
nário – você sabe? Se não, confira a seguir todas as proposições 
que definem o termo "literatura":
Definições de literatura ––––––––––––––––––––––––––––––––
1 Rubrica: literatura.
uso estético da linguagem escrita; arte literária
Exemplo: tendências da literatura. 
2 Rubrica: literatura.
conjunto de obras literárias de reconhecido valor estético, pertencentes a um 
país, época, gênero etc.
Exemplo: literatura medieval 
3 Derivação: por analogia.
conjunto das obras científicas, filosóficas etc., sobre determinada matéria ou 
questão; bibliografia
Exemplos: literatura marxista; literatura farmacêutica 
4 ofício, trabalho do profissional de letras
5 conjunto de escritores, poetas etc. que atuam no mundo das letras
6 disciplina escolar composta de estudos literários
7 conjunto de instruções, boletim, folheto etc. destinados a propaganda ou escla-
recimentos sobre certos produtos
8 Uso: pejorativo.
fantasia, irrealidade, ficção
Exemplo: Tudo o que havia dito era pura literatura. 
(HOUAISS, 2009).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Observemos, pois, cada uma dessas definições.
A primeira forma possível de uso da palavra "literatura"re-
fere-se ao uso estético da linguagem, da palavra – é o que fazem 
os poetas com as palavras: constroem objetos artísticos, tais como 
contos, poemas, peças de teatro, romances, crônicas etc.
Literatura é também, segundo a definição 2, o conjunto de 
obras literárias de um país – literatura brasileira, literatura fran-
cesa, literatura caboverdiana etc. -, ou de uma época – literatura 
barroca, clássica, contemporânea etc. – ou, ainda, de um gênero 
– literatura afrobrasileira, infanto-juvenil, marginal etc.
37
Claretiano - Centro Universitário
© U1 – Literatura e Direitos Humanos
Literatura também designa o conjunto de obras sobre um 
dado assunto, conforme a definição 3, o que a faz sinônimo de 
bibliografia. 
Designa também o trabalho do profissional de Letras, segun-
do a quarta proposição de Houaiss – definição complexa, pois o 
que seja o profissional de Letras é algo que carece de definição. 
Seria o escritor, o editor, o crítico, o professor ou todos eles? Pare-
ce-nos que Houaiss considera apenas o escritor como profissional 
das letras, pois, a rigor, só ele (o escritor ou poeta) faz literatura. 
Contudo, todos os demais agentes que citamos são, também, pro-
fissionais das letras – cada um com seu papel, todos colaboram 
para a produção e circulação da literatura.
Mais estranha ainda é a quinta definição de Houaiss: acaso 
você já ouviu o termo literatura usado para designar o conjunto de 
escritores ou poetas? Eles são literatura ou produtores literários? 
Veja que as palavras "em estado de dicionário" devem ser interro-
gadas, inquiridas; seu uso em tal ou qual sentido depende de outros 
conhecimentos que o usuário deve mobilizar antes de empregá-la.
Talvez soe estranha a você, como também para nós, ainda, a 
definição número 7; como ela não traz exemplos, seu entendimen-
to nesse sentido fica prejudicado.
Contudo, o uso pejorativo da palavra "literatura", apontado 
na última proposição de Houaiss, é-nos familiar. Infelizmente, po-
demos dizer. O uso do termo "literatura" como sinônimo de irrea-
lidade e fantasia faz que todo o conjunto das produções literárias 
que a humanidade produziu e acumulou durante séculos seja me-
nosprezado em relação a outros conhecimentos produzidos pelo 
homem. Não é difícil nem raro encontrar quem pense que litera-
tura é perda de tempo, visto que se trata de realidades inventa-
das, ficcionais, que não existem de fato. Se os fatos referidos pelo 
romancista, por exemplo, não existiram realmente, se tudo o que 
está em um romance é invenção do autor, então por que perder 
tempo com isso? 
© Metodologia do Ensino: Literatura38
Esse preconceito nasce do desconhecimento do que seja lite-
ratura e das contribuições que esta traz ao desenvolvimento do ser 
humano. São tantas, e tão profundas, que sua fruição tornou-se um 
direito do ser humano.
Sim: desfrutar dos benefícios da literatura é um direito essen-
cial de todo cidadão. Quem defende essa proposição é o sociólogo e 
crítico literário Antonio Candido, como veremos na sequência.
5. O DIREITO À LITERATURA
no ano de 1988, Antonio Candido foi convidado para profe-
rir uma palestra em um curso organizado pela Comissão de Jus-
tiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, com o tema "Direitos 
humanos e literatura". Essa palestra deu origem ao ensaio deno-
minado "O direito à literatura", incluído no volume Vários escri-
tos (CAnDiDO, 1995). Embora escrito há mais de 20 anos, esse 
texto guarda algumas reflexões que consideramos essenciais na 
formação do professor de literatura. Nele, Candido desenvolve 
uma argumentação irrefutável sobre a contribuição da literatura 
na formação do homem. Vamos ler e comentar alguns fragmen-
tos desse texto, perseguindo os passos do autor no desenvolvi-
mento da tese de que a literatura constitui um direito humano 
inalienável.
Candido começa sua reflexão considerando o seguinte:
[...] em comparação a eras passadas chegamos a um máximo de 
racionalidade técnica e de domínio sobre a natureza. Isso permite 
imaginar a possibilidade de resolver grande número de problemas 
materiais do homem, quem sabe inclusive o da alimentação. No 
entanto, a irracionalidade do comportamento é também máxima, 
servida freqüentemente pelos mesmos meios que deveriam rea-
lizar os desígnios da racionalidade. Assim, [...] em certos países, 
como o Brasil, quanto mais cresce a riqueza, mais aumenta a péssi-
ma distribuição dos bens. Portanto, podemos dizer que os mesmos 
meios que permitem o progresso podem provocar a degradação da 
maioria (CAnDiDO, 1995, p. 235).
39
Claretiano - Centro Universitário
© U1 – Literatura e Direitos Humanos
Em sua lúcida colocação, Candido aponta um paradoxo do 
progresso científico: seria de se esperar que o movimento de cres-
cimento científico e tecnológico trouxesse aos homens em geral 
melhores condições de vida; o que se verifica, contudo, é que as 
novas aquisições da humanidade em termos de conhecimento e 
da aplicação deste ficam restritas a uma minoria privilegiada, per-
manecendo a grande massa nas mesmas condições degradadas 
em que se encontram desde há muito tempo. Para estas, o pro-
gresso científico não acrescenta praticamente nada.
Esta discussão liga-se a uma outra, na qual se contrapõem os 
conceitos de civilização e barbárie: o processo de civilização – con-
siderada aqui como o amplo processo de educação cultural que 
promove o adiantamento dos povos – deveria exterminar a barbá-
rie, ou seja, a condição de embrutecimento que antecede o estado 
civilizacional.
Contudo, nossa época, tal qual há vinte anos, conforme apon-
tava Candido, permanece profundamente marcada por desigualda-
des, as quais motivam inúmeros movimentos pelos direitos huma-
nos. Uma rápida olhada nos noticiários pode atestar essa condição.
Qual a relação desta reflexão com o ensino da literatura? Se 
esta for a sua indagação, neste momento, aguarde mais um pouco 
e você a verá respondida.
Apesar da constatação desalentadora, Candido aponta ou-
tros fatores que permitem recuperar a esperança na humanização 
do homem: 
1) atualmente, os meios materiais necessários para que al-
cancemos um estágio de mais civilidade existem; muitas 
coisas que antes eram utópicas hoje são possibilidades 
concretas – o desenvolvimento dos meios de comunica-
ção, por exemplo, são prova disso;
2) embora a barbárie continue crescendo, ela é cada vez mais 
repudiada, ou seja, causa vergonha e não é mais motivo de 
celebração, como em tempos remotos (em que os generais 
vitoriosos se vangloriavam de suas matanças);
© Metodologia do Ensino: Literatura40
3) o discurso sobre a pobreza e a desigualdade tem se mo-
dificado substancialmente: se antes a pobreza era "von-
tade de Deus", hoje ela incomoda, provocando desde 
sentimento de culpa até medo. Haja vista as ações le-
gais que procuram erradicar da nossa sociedade com-
portamentos preconceituosos com relação aos negros, 
homossexuais, mulheres etc. (CAnDiDO, 1995) 
Embora falte o empenho concreto, real, no sentido de promo-
ver a igualdade de direitos – outro paradoxo – não se pode ignorar 
as transformações nas consciências, o que é certamente um passo 
fundamental da transformação social em direção à equidade. 
Candido prossegue sua reflexão dando um segundo passo. 
Vejamos:
[...] pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer 
que aquilo que consideramos indispensável para nós é também in-
dispensável para o próximo. Esta me parece a essência do proble-
ma, inclusive no plano estritamente individual, pois é necessário 
um grande esforço de educação e auto-educação a fim de reco-
nhecermos sinceramente este postulado. Na verdade, a tendência 
mais funda é achar que os nossos direitos são mais urgentes que os 
do próximo (CAnDiDO, 1995, p. 239). 
É fácil enumerar os direitos do homem: saúde, educação, 
moradia, trabalho, justiça,associação etc. Para nós e para nossos 
semelhantes, estes são bens dos quais não se pode abrir mão. En-
tretanto, responda: a garantia dos direitos enumerados anterior-
mente é suficiente para sua felicidade? 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O Art. 6º. da Constituição brasileira, publicada em 1988, garantia como direitos 
sociais "[...] a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência 
social, a proteção à maternidade e à infância [e] a assistência aos desampara-
dos." (BRASIL, 1988). Em fevereiro de 2000, a moradia foi acrescentada a essa 
lista e, dez anos depois, outra emenda acrescentou também a alimentação como 
um direito social constitucionalmente garantido. 
Segundo notícia publicada na Folha de S. Paulo de 10 de julho de 2010 (GUER-
REIRO, 2010), há um movimento para que se inclua, no texto legal, a busca 
da felicidade como anterior a todos os direitos sociais. O texto constitucional 
passaria a vigorar assim: "São direitos sociais, essenciais à busca da felicidade, 
a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a 
41
Claretiano - Centro Universitário
© U1 – Literatura e Direitos Humanos
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma 
desta Constituição."
O psicanalista italiano Contardo Calligaris, radicado no Brasil, comenta:
É claro que, se eu dispuser de casa, emprego, assistência médica, seguran-
ça, terei mais tempo e energia para buscar minha felicidade. No entanto o 
respeito a esses direitos sociais básicos não garante a felicidade de ninguém; 
como se diz, ter comida e roupa lavada é bom e ajuda, mas não é condi-
ção suficiente nem absolutamente necessária para a busca da felicidade. 
Em suma, implico um pouco com o adjetivo "essencial" no texto da emenda, 
mas, fora isso, gosto da iniciativa porque, como a Declaração de Independência 
dos EUA, ela situa a busca da felicidade como um direito do indivíduo, anterior a 
todos os direitos sociais.
[...]
Em matéria de felicidade, os governos podem oferecer as melhores con-
dições possíveis para que cada indivíduo persiga seu projeto - por exem-
plo, como sugere a emenda constitucional proposta, garantindo a to-
dos os direitos sociais básicos. Mas o melhor governo é o que não pre-
fere nenhuma das diferentes felicidades que seus sujeitos procuram. 
Não é coisa simples. Nosso governo oferece uma isenção fiscal às igrejas, as 
quais, certamente, são cruciais na procura da felicidade de muitos. Mas as esco-
las de dança de salão ou os clubes sadomasoquistas também são significativos 
na busca da felicidade de vários cidadãos. Será que um governo deve favore-
cer a ideia de felicidade compartilhada pela maioria? Ou, então, será que deve 
apoiar a felicidade que teria uma mais "nobre" inspiração moral?
Antes de responder, considere: os governos totalitários (laicos ou religio-
sos) sempre "sabem" qual é a felicidade "certa" para seus sujeitos. Juram 
que eles querem o bem dos cidadãos e garantem a felicidade como um di-
reito social - claro, é a mesma felicidade para todos. É isso que você quer? 
Enfim, introduzir na Constituição Federal a busca da felicidade como direito do 
indivíduo, aquém e acima de todos os direitos sociais, é um gesto de liberdade, 
quase um ato de resistência (CALLIGARIS, 2010).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Podemos concluir que a busca da felicidade abrange os direi-
tos sociais garantidos, no Brasil, pela constituição; contudo, ser fe-
liz implica na satisfação de outras necessidades que podem variar 
de pessoa a pessoa!
À parte da discussão acerca da inserção ou não da busca da 
felicidade na constituição brasileira, retomemos a linha de pensa-
mento de Antonio Candido, que questiona: 
Elas [as pessoas] afirmam que o próximo tem direito, sem dúvida, a 
certos bens fundamentais [...]. Mas será que pensam que o seu se-
melhante pobre teria direito a ler Dostoievski ou ouvir os quartetos 
de Beethoven? (CAnDiDO, 1995, p. 239).
© Metodologia do Ensino: Literatura42
Para justificar sua argumentação, Candido recorre aos con-
ceitos de "bens compressíveis" e "bens incompressíveis", do soció-
logo francês, padre Louis-Joseph Lebret. 
Novamente o dicionário nos auxilia nessa distinção: "com-
pressível" é aquilo que pode ser comprimido, concentrado, reduzi-
do (de volume) (HOUAiSS, 2009). incompressível, por extensão, é 
aquilo que não pode ser reduzido. 
Lebret classifica como incompressíveis aqueles bens essen-
ciais, garantidos no texto constitucional – saúde, trabalho, educa-
ção, alimentação, moradia etc. Bens compressíveis, por sua vez, 
são aqueles que podem ser diminuído ou até mesmo suprimido: 
cosméticos, perfumes, roupas e brinquedos extras etc. 
Candido, porém, lembra que a fronteira entre essas duas ca-
tegorias nem sempre é fácil de delimitar, pois "[...] o valor de uma 
coisa depende em grande parte da necessidade relativa que temos 
dela." (CAnDiDO, 2009, p. 240).
O fato é que os critérios de incompressibilidade são variá-
veis, e mudam de uma cultura para outra e de uma época para 
outra. Experimente questionar pessoas que se distanciem de você 
por uma ou duas gerações sobre quais são, para elas, os bens in-
dispensáveis para a vida e você certamente obterá respostas di-
ferentes das que você daria a essa mesma pergunta. Pessoas de 
classes economicamente distintas podem ter também respostas 
divergentes para essa pergunta.
Candido defende a posição de que os bens incompressíveis 
incluem os bens que favorecem não apenas a existência corporal, 
mas também a integridade espiritual do homem:
[...] são bens incompressíveis não apenas os que asseguram sobre-
vivência física em níveis decentes, mas os que garantem a integri-
dade espiritual. São incompressível certamente a alimentação, a 
moradia, o vestuário, a instrução, a saúde, a liberdade individual, o 
amparo da justiça pública, a resistência à opressão etc.; e também 
o direito à crença, à opinião, ao lazer e, por que não, à arte e à 
literatura. 
43
Claretiano - Centro Universitário
© U1 – Literatura e Direitos Humanos
Mas a fruição da arte e da literatura estaria mesmo nesta catego-
ria? Como noutros casos, a resposta só pode ser dada se puder-
mos responder a uma questão prévia, isto é, elas só poderão ser 
consideradas bens incompressíveis segundo uma organização justa 
da sociedade se corresponderem a necessidades profundas do ser 
humano, a necessidades que não podem deixar de ser satisfeitas 
sob pena de desorganização pessoal, ou pelo menos de frustração 
mutiladora. A nossa questão básica, portanto, é saber se a literatu-
ra é uma necessidade deste tipo (CAnDiDO, 1995, p. 241).
Você pode ter achado estranho incluir a literatura entre os 
direitos humanos. Continuaremos seguindo o pensamento do crí-
tico, mas, antes, precisamos entender o que é que ele está cha-
mando de literatura!
6. LITERATURA, "SONHO ACORDADO DAS CIVILIZA-
ÇÕES"
Antonio Candido dá uma definição bastante abrangente do 
que seja literatura. Para ele, literatura compreende:
[...] todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em 
todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, 
desde o que chamamos folclore, lenda, chiste, até as formas mais 
complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações 
(CAnDiDO, 1995, p. 242). 
Observe que essa definição ampla de literatura considera 
como tal também as criações populares, da oralidade: desde que 
tenham um "toque poético, ficcional ou dramático". Candido alu-
de, nessa definição, aos três gêneros literários clássicos: a poesia, 
a ficção e o drama, que estão presentes também nas formas mais 
populares de criação com palavras.
Candido afirma que todos os povos sempre produziram lite-
ratura – entendida dessa forma ampla. "Não há povo e não há ho-
mem que possa viver sem

Continue navegando