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Resumo Civil II (Obrigações)

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Direito das Obrigações
Obrigação (ônus, responsabilidade) = vínculo.
Art.389 do CC – Responsabilidade Civil Contratual – Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. 
É um vínculo jurídico que confere ao credor o poder de exigir do devedor o cumprimento de certa prestação de natureza patrimonial. 
O Direito das Obrigações é o conjunto de normas que regulam esse vínculo. 
Elementos Essenciais: 
Sujeito – Credor e Devedor ou Accipieus e Solveus 
Vínculo – lei, contrato, título de crédito, atos unilaterais, atos ilícitos. 
Objeto (Prestação) – Imediato ou Mediato
					Vínculo
				Credor--------------Devedor
					Objeto
O vínculo é a fonte geradora de obrigação. 
As obrigações podem ser positivas (dar ou fazer) ou negativas (não fazer) 
Imediato – é a forma como a obrigação será cumprida (dar, fazer ou não fazer). Conduta que sempre ocorrerá. A obrigação imediata de dar pode ser na modalidade de entregar ou restituir. 
Mediata – relacionado com o imediato. Pergunta-se ao Imediato: dar/fazer/não fazer o que? Ex. Dar o que? Salgado. Fazer o que? Pintar a casa. Não fazer o que? Revelar informações privilegiadas. 
Em aula - Importante salientar que as obrigações não podem ser confundidas com o instituto da responsabilidade civil, pois uma delas decorrerá da violação ou não da outra para existir. A responsabilidade é a sombra da obrigação. 
Na palavra do professor Sérgio Cavaliere Filho, a responsabilidade também seria um tipo de obrigação, porém, sucessória que decorre da violação de uma obrigação originária.
A responsabilidade, por sua vez, poderá ser contratual (art.389) ou extracontratual (arts. 186,187, 927 – Atos ilícitos).
Obs. Nem todo ato ilícito causa dano, bem como nem todo dano causado é ilícito. Exs. Sinais vermelhos ultrapassados sem vítimas/188 – Legítima Defesa (excludente de ilicitude). 
O nosso ordenamento jurídico adotou um sistema dualista em relação as obrigações, posto que dá tratamento diferenciado para as obrigações patrimoniais pessoais e reais.
Patrimoniais Pessoais – Vincula pessoas. Patrimoniais Reais – Vincula pessoas à coisas (posse, condomínio).
PP – São relativas, interpartes. Compra e venda. PR – São absolutas, erga ominis. Contrato de compra e venda.
PP – Impossibilidade de exigir que outro entregue o bem que não acordou. PR – Poder exigir.
PP – Transitórias. Já iniciam om um fim pré-determinado. PR – Começa, mas sem tempo para acabar.
PP – Algumas não tem prazo como a conta de luz. PR – Perpétua, mas nem tanto. Venda e morte. 
Classificação das obrigações – 
Ex.: No dia 21/02/17, o aluno Marcelo compra na cantina da faculdade um lanche. Identifique o accipieus e selvus, objeto imediato e mediato e vínculo jurídico da relação. 
Para identificar a relação principal, logo o credor/devedor, ache o objeto mediato. 
 Credor/Accipeus – Marcelo 
Devedor/Selveus – Cantina
Vínculo – contrato (art.107) 
Objeto imediato – dar
Objeto mediato – o que? O lanche.
Os elementos listados anteriormente (accipeus, selveus, vínculo, objeto) são os intrínsecos, os internos que são obrigatórios. 
Existem ainda os elementos externos: o débito e a responsabilidade. 
Com os dois presentes a obrigação é perfeita. 
Só com a responsabilidade – Fiador. 
Só com o débito – Dívidas de aposta, jogos, prescritas, gorjeta. 
Classificações – 
Civil e Natural – Da exigibilidade da prestação. Civil possui todos os elementos (sujeito, vínculo e objeto). Natural falta a exigibilidade.
Perfeita e Imperfeita – Perfeita = Civil. Imperfeita = Natural 
Simples e Complexa – Tem relação com o número de sujeitos ou de prestações.
Cumulativas, alternativas, facultativas (relacionadas com o objeto) – 
A cumulativa envolve dois objetos. Carro e Moto, marcada pela conjectura e.
A alternativa envolve dois objetos, porém só um é de fato o objeto. Carro ou Moto, disjuntiva ou. 
A facultativa tem a aparência de complexidade, porém é simples. Faculdade exclusiva do devedor. João deve uma moto para Pedro, porém também possui um carro. Consignação, consórcio, locação fiduciária.
Fracionária, solidária e subsidiária (relacionadas com o sujeito) – 
Fracionária é a regra para todas as obrigações complexas. Cada qual responde segundo sua parte acordada.
Solidariedade (art.265), não é presumida, resulta apenas da lei.
Subsidiária. Benefício de ordem. Ex. o locatário é o primeiro na ordem para o pagamento. O fiador é o segundo. 
Divisíveis ou Indivisíveis – A possibilidade de dividir o objeto. 
Principais e Acessórias – Princípio da gravitação jurídica (a sorte do acessório segue o principal). Caso o contrato de locação acabe, acaba o de fiação também.
Meios e Resultados – Relacionados com a obrigação de fazer (positiva) e não fazer (negativas). Poder ser fungível ou não fungível. 
	Fungível – tanto faz quem realiza a obrigação.
	Infungível – Importa quem realiza a obrigação. 
É identificável por expressões como “o renomado artista...” “o famoso médico...”
Meios – Onde o profissional contratado não assume o resultado obtido, pois não depende exclusivamente dele. Ex. paciente morto por médico contratado que realizou todo os procedimentos corretamente, sem negligência. 
Resultado – O profissional assume o cumprimento do resultado. Ex. Cirurgião plástico em tratamento estético. Se o caso é reparação, a obrigação é fazer o melhor possível (corpo queimado). 
Execução Imediata, Diferida e Periódica – 
Imediata/Instantânea – Presente e em momento único. 
Diferida – Em momento único, porém no futuro. Pagar cheque. 
Periódica/Trato Sucessivo – Em momentos diversos e futuros. Construção.
Ex. Carlos e Alberto celebram o contrato de compra e venda com Túlio, visando a compra de uma lancha e dois remos, pelo valor de R$10.000,00. As partes aceitaram que a entrega seja feita 30 dias após o prazo. Classifique.
Civil.
Dar, na modalidade entregar.
Principal.
Complexa (Sujeito e Objeto).
Cumulativa (e).
Fracionária.
Execução diferida. 
Indivisível. 
Obrigação de dar coisa certa - 
Art. 233 – A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
Princípio da Gravitação Jurídica – acessórios acompanham o principal. 
Art. 234 – Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. 
Regras de inadimplemento da coisa certa, na modalidade entregar. 
Trabalha com perda sem culpa (1° parte do artigo) – resolve-se a obrigação.
Trabalha com perda com culpa (2° parte do artigo) – equivalente + PD (perdas e danos) (402 e 313).
Equivalente é o valor total da coisa. 
Perdas e Danos – Danos emergentes (atuais) e Lucro Cessante (projeção futura de lucro)
Só vai haver perdas e danos quando de fato haja prejuízo. 
Também cabem danos extrapatrimoniais (danos morais). Ex. Buffer – de 10.000 salgadinhos, entregou 1.000.
Art. 235 – Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. 
Em caso de deterioração (amasso, arranhão antes da tradição) sem culpa ou resolve a obrigação ou aceita com abatimento. 
Art. 236 – Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou outro caso, indenização das perdas e danos. 
No caso de deterioração com culpa: a) resolve a obrigação + perdas e danos ou b) aceita a coisa + perdas e danos.
Art. 237 – Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolvera obrigação. 
Em relação às benfeitorias necessárias (fios elétricos antigos que precisam ser trocados), acréscimos/melhoramentos (terrenos ribeirinhos, pneus carecas), frutos (vacas prenhas, plantações prontas para a colheita). 
Parágrafo Único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. 
Antes da tradição é do devedor, depois é do credor. 
A obrigação de dar pode ser de entregar ou restituir. 
O objeto pode ser certo ou incerto.
O objeto certo é determinado (quantidade, gênero e espécie).
O objeto incerto é determinável (quantidade e gênero).
Art. 238 – Se a obrigação for de restituir coisa certa, e está, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
A obrigação será resolvida.
Res peret domino (a coisa perece para o dono) 
Credor de despesas/aluguel.
Art. 239 – Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente + perdas e danos. 
O equivalente nesse caso pode ter sentido de: a) entregar valor eventualmente pago ou b) restituir valor da coisa. 
Perdas e danos vão além do valor da coisa. 
Art. 240 – Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal que se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o dispositivo no art.239.
Hipótese de deterioração com e sem culpa. 
Sem culpa – A obrigação se resolve e o credor recebe o objeto. 
Com culpa – 239 e Enunciado 15 da Jornada Civil do CJF também diz que serão aplicadas o dispositivo do art.236. 
Art. 241 e 242 – ex. propriedade ribeirinha. 
Obrigação de dar coisa incerta – 
art.243 – A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. 
A expressão coisa incerta indica que a obrigação tem objeto indeterminado, mas não totalmente, porque deve ser indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade, faltando apenas a sua qualidade.
Porém, vale ressaltar que a condição de coisa incerta é transitória, vigorando apenas até o momento da escolha ou concentração. Mas a quem compete o direito de escolha?
Art. 244 – Princípio da qualidade média – Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar coisa pior, nem é obrigado a prestar coisa melhor. 
A escolha só competirá ao credor se o contrato assim dispuser. Sendo omisso, a escolha pertencerá ao devedor. Deve, portanto, guardar o meio-termo entre as coisas de melhor e pior qualidade. Se a relação for de bem de consumo, sempre o melhor. Ex. Salgado. 
Art. 245 – Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente. 
Como já dito, a incerteza da coisa é transitória, permanecendo até o momento da escolha ou concentração. O ato unilateral de escolha denomina-se concentração, pois para que a obrigação se concentre em determinada coisa não basta a escolha, é necessário que ela se exteriorize pela entrega, pelo depósito em pagamento, pela constituição em mora ou por outro ato jurídico que importe a cientificação do credor. 
 
Art. 246 – Regras de inadimplemento – Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que ou força maior ou caso fortuito. 
Determinada a qualidade, a coisa torna-se certa. Antes da escolha, ela permanece indeterminada. 
Quando a coisa certa se perda por força maior ou caso fortuito, res perit domino, a coisa se perde para o dono e a obrigação é resolvida. Porém, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração, ainda que por força maior ou caso fortuito, se a coisa se perder antes da escolha, pois o gênero nunca perece (genus nunquam perit). 
Obrigação de Fazer – Pode ser conceituada como uma obrigação positiva pela qual o devedor se obriga ao cumprimento de uma tarefa, atribuição ou prestação de serviço. Pode ser observada na prática em situações como pitar um quadro, cumprir um pré-contrato, realizar transferência de titularidade junto a concessionária, de serviços públicos e nos contratos de prestação de serviços em geral. 
Quando for convencionado que o devedor cumpra pessoalmente a prestação, estaremos diante de obrigação de fazer infungível/imaterial/personalíssima. Neste caso, o devedor só se exonerará se ele próprio cumprir a prestação, executando o ato ou serviço prometido, pois ele foi contratado em razão de seus atributos pessoais. Ex. Cantor específico, famoso pintor ou cirurgião plástico.
Quando não há tal exigência expressa, nem se trata de ato ou serviço cuja execução dependa de qualidades pessoais do devedor, ou dos usos e costumes locais, podendo ser realizado por terceiro, diz-se que a obrigação de fazer é fungível/material/impessoal. Para que o fato seja prestado por terceiro é necessário que o credor o deseje, pois ele não é obrigado a aceitar de outrem a prestação, nessas hipóteses. 
Inadimplemento – 
Art. 247 – Infungíveis – Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível. 
A recusa voluntária induz culpa. A recusa ao cumprimento de obrigação de fazer infungível resolve-se, tradicionalmente, em perdas e danos, pois não se pode constranger fisicamente o devedor a executá-la. 
Art. 248 – Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos. 
Não só a recusa do devedor em executar a obrigação de fazer mas também a impossibilidade de cumpri-la acarretam o inadimplemento contratual. Neste caso, é preciso verificar se o fato tornou-se impossível sem culpa ou por culpa do obrigado. 
O ator que fica impedido de se apresentar em um determinado espetáculo por ter perdido a voz ou em razão de acidente a que não deu causa, ocorrido no trajeto para o teatro, sendo hospitalizado, não responde por perdas e danos. 
Responde, no entanto, o devedor pelos prejuízos acarretados ao outro contratante se a impossibilidade foi por ele criada, ao viajar para local distante, por exemplo, às vésperas da apresentação contratada. 
Art.249 – Fungíveis – Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor manda-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. 
Parágrafo Único – Em caso de urgência, pode o credor, independente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. 
Aula - Em relação ao art.249 vale ressaltar que na hipótese de seu caput a prestação de serviço contratado não é urgente, razão pela qual ainda que a obrigação seja fungível, a contratação de um terceiro pelo credor em razão da mora dependerá de autorização do juiz. Todavia, em seu parágrafo único, traz um das raras hipóteses de autotutela em nosso ordenamento, pois se a prestação tiver caráter de urgência, o credor poderá agir sem autorização do juiz ou do juízo, podendo futuramente cobrar os prejuízos advindos do inadimplemento. 
O caput refere-se a, por exemplo, uma pessoa que aluga um imóvel residencial e, no contrato, o locador se obriga a consertar as portas de um armário que estão soltas, mas não cumpre a promessa, pode o inquilino mandar fazer o serviço à custa do aluguel que terá que pagar. 
O Parágrafo Único serve como base para uma pessoa contratar um buffer às vésperas da festa, pois o que ela havia contratado negou-se a prestar o serviço e pedir todos seus equivalentes mais perdas e danos. 
Obrigação de Não Fazer – A obrigação de não fazer, ou negativa, impõem ao devedor um dever de abstenção: o de não praticar o ato que poderia livremente fazer, se não houvesse obrigado. 
Inadimplemento – 
Art. 250 – Sem Culpa – Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. 
Caso o descumprimento da obrigação de não fazer resulte de fato alheio à vontade do devedor, resolve-se a obrigação.Art. 251 – Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. 
Parágrafo Único – Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. 
Se o devedor realiza o ato, não cumprindo o dever de abstenção, pode o credor exigir que ele o desfaça, sob pena de ser desfeito à sua custa, além da indenização de perdas e danos. 
Ou o devedor desfaz pessoalmente o ato, respondendo também por perdas e danos, ou poderá vê-lo desfeito por terceiro, por determinação judicial, pagando ainda por perdas e danos. Em ambas as hipóteses sujeita-se ao pagamento de perdas e danos, como consequência do inadimplemento. Nada impede que o credor peça somente o pagamento destas, como na hipótese de alguém divulgar um segredo industrial que prometera não revelar. Feita a divulgação, não há como pretender a restituição das partes ao statu quo ante. 
Obrigações cumulativas – na modalidade especial de obrigação composta, denominada cumulativa ou conjuntiva, há uma pluralidade de prestações e todas devem ser solvidas, sem exclusão de qualquer delas, sob pena de se haver por não cumprida. As prestações estão ligadas pela partícula e. Ex. João tem que entregar ao Pedro um carro e uma moto. 
Obrigações alternativas – a obrigação composta com multiplicidade de objetos pode ser também alternativa ou disjuntiva, de maior complexidade que a anteriormente citada. Tem por conteúdo duas ou mais prestações, das quais uma somete será escolhida para o pagamento ao credor e liberação do devedor. Os objetos estão ligados pela disjuntiva ou. Ex. João tem que entregar ao Pedro um carro ou uma moto. 
 Dado em sala - Obrigação alternativa são aquelas obrigações complexas quanto ao objeto sendo certo que o devedor se exonera da obrigação entregando ao credor apenas uma das prestações. 
A alternativa pode existir entre uma obrigação de dar coisa certa ou incerta, certa ou de fazer. Entretanto a alternatividade desaparecerá quando da escolha da prestação que será objetivo de pagamento, sendo este ato sujeito ao devedor. 
Vale chamar atenção das regras de inadimplemento que deverão ser usadas nas obrigações alternativas, pois ela só será alternativa antes da escolha. Assim, após tal ato devemos verificar qual a nova modalidade de obrigação que surge e no caso de inadimplemento nesta fase, após a escolha, deveremos aplicar as regras correspondentes a atual modalidade de obrigação. 
Obrigação alternativa é a que compreende dois ou mais objetos e extingue-se com a prestação de apenas um. Existe obrigação alternativa quando se devem várias prestações, mas por convenção das partes, somente uma delas há de ser cumprida, mediante escolha do credor ou do devedor. Ex. a obrigação assumida pela seguradora de, em caso de sinistro, dar outro carro ao segurado ou mandar reparar o veículo danificado, como este preferir. 
Saliente-se, por fim, que as obrigações alternativas oferecem maiores perspectivas de cumprimento. Se, por exemplo, um dos objetos devidos parecer, não haverá extinção do liame obrigacional, subsistindo o débito quanto ao outros (CC, art. 253).
Art. 252 –Direito de escolha - Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
A obrigação alternativa só estará em condição de ser cumprida depois de definido o objeto a ser presado. Essa definição se dá pelo ato de escolha. Conferiu-se o direito de escolha ao devedor.
Para que a escolha caiba ao credor é necessário que o contrato assim o determine expressamente, embora não se exigem palavras sacramentais. O direito de opção transmite-se a herdeiro, quer pertença ai devedor, quer ao credor. 
§1° Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. 
O direito de escolha não é, todavia, irrestrito. Se se obriga a entregar duas sacas de café u duas sacas de arroz, por exemplo, não poderá compelir seu credor a receber uma saca de café e uma saca de arroz. O dispositivo legal estabelece a indivisibilidade do pagamento.
§2° Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. 
Quando, no entanto, a obrigação for de prestações periódicas, ocorre uma exceção. Poderá, assim, em um deles, entregar somente sacas de café, e no outro somente sacas de arroz, e assim sucessivamente.
§3° No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unanime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. 
§4° Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes. 
Podem as partes estipular que a escolha se faça pelo credor ou deferir a opção a terceiro, que atuará como mandatário comum. Se este não puder, caberá ao juiz a função.
Certificada a escolha, dá-se a concentração, ficando determinado, de modo definido, sem possiblidade de retração unilateral, o objeto da obrigação, tornando-a simples.
Art. 253 – Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra. 
Prevê-se, nesse caso, a hipótese da impossibilidade originária ou superveniente de uma das prestações, sem culpa das partes. 
Impossibilidade material decorrente de, por exemplo, o fato não ser mais fabricado que foram prometidas a serem entregue ou ser um imóvel que foi desapropriado. Nesse caso a obrigação concentra-se obrigatoriamente.
Impossibilidade jurídica, por ilícito de um dos objetos, torna toda a obrigação nula.
Se a impossibilidade de uma das prestações é superveniente e inexiste culpa do devedor, dá-se a concentração da dívida na outra. 
Art. 254 – Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos.
Isso porque, com o perecimento do primeiro objeto, concentrou-se o débito no último que pereceu.
Art. 255 – Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das, além da indenização por perdas e danos. 
Quando a escolha cabe ao credor, este pode exigir o valor de qualquer prestação, pois a escolha é sua, além de eventuais perdas e danos. 
Se somente uma das prestações se tornar impossível por culpa do devedor, cabendo ao credor a escolha, terá este direito de exigir ou a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos. Neste caso, o credor não é obrigado a ficar com o objeto remanescente, pois a escolha era sua. Pode dizer que pretendia escolher justo a que pereceu, exigindo seu valor, mais as perdas e danos.
Art. 256 – Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação. 
Obrigação facultativa – Trata-se de obrigação simples, em que é devida uma única prestação, ficando, porém, facultado ao devedor, e só a ele, exonerar-se mediante o cumprimento de prestação diversa e predeterminada. É obrigação com faculdade de substituição. A principal característica desse tipo de obrigação, e o que a diferencia da alternativa, é que caso um objeto pereça, o devedor fica inteiramente livre. A obrigação fica igualmente sem objeto.
Obrigações Divisíveis e Indivisíveis – 
A importância de saber se a prestação é divisível ou não consiste na possibilidade de pluralidade de credores e devedores, já que se a obrigação for simples em razão dos sujeitos e dos objetos, não tem o porquê falar de divisibilidade. 
Art. 257 – Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações,iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.
Nesse caso, cada credor só pode exigir a sua quota e cada devedor responde pela parte respectiva. A prestação é assim distribuída rateadamente, segundo a regra que as partes se satisfazem pela divisão. Todavia, sofre duas importantes exceções: a da indivisibilidade e da solidariedade. 
Art. 258 – A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis da divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. 
Bem divisível é o que se pode fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destina. Ex. partindo um relógio em duas partes, ele não marcará a hora.
Espécies de indivisibilidade – 
A mais frequente é a indivisibilidade natural, porque resulta da natureza do objeto, que não pode ser facionado sem prejuízo da sua substância ou do seu valor. Ex. Animal, relógio, documento, obra literária (ainda que em vários volumes). 
Na segunda hipótese, a indivisibilidade da prestação decorre da lei. O Estado impede a divisão da coisa, como sucede com dívidas de alimentos, áreas rurais de dimensões inferiores ao módulo regional, pequenos lotes urbanos, bem como certos direitos reais (servidão, penhor, hipoteca). 
Por vezes a indivisibilidade da obrigação decorre da vontade das partes. São obrigações cuja a prestação é perfeitamente fracionável, mas em que as partes, de comum acordo, afastam a possibilidade de cumprimento parcial. 
Efeitos da divisibilidade e da indivisibilidade da prestação – 
Cada devedor só deve a sua quota-parte. A insolvência de um não aumentará a quota dos demais. Havendo vários credores e um só devedor, cada credor receberá somente a sua parte. O código Civil diferencia a hipótese de serem múltiplos os credores e devedores. 
Art. 259 – Pluralidade de devedores - Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. 
Assim, quando a obrigação é indivisível e há pluralidade de devedores, “cada um será obrigado pela dívida toda”. Mas somente porque o objeto não pode ser dividido, sob a pena de perecer ou perder a sua substância.
Parágrafo Único – O devedor que, paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados. 
Nas relações dos devedores entre si, restabelece-se a igualdade entre os coobrigados em dívida indivisível pela regra legal: o que a paga, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros. O que satisfez a obrigação assume o lugar do credor satisfeito, para exigir dos outros a parte que lhe cabe.
O devedor, demandado por obrigação indivisível, não pode exigir que o credor acione conjuntamente todos os codevedores. 
Art. 260 – Pluralidade de credores - Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I – a todos conjuntamente; II – a um, dando este caução da ratificação dos outros credores. 
A rigor, nas obrigações divisíveis e nas indivisíveis cada devedor só deve a sua quota. Nas últimas, porém, pode ser compelido a cumpri-la por inteiro somente porque o objeto da prestação é indivisível, sob pena de alteração na sua substância, perecimento ou perda do valor econômico. 
Nada obsta, todavia, que se exonere o devedor pagando a dívida integralmente a um dos credores, desde que autorizado pelos demais, ou que, na falta dessa autorização, dê esse credor caução de ratificação dos demais credores.
Se um só dos credores receber sozinho o cavalo, mencionado no exemplo supra, poderá cada um dos demais exigir desse credor a parte que lhe competir, em dinheiro. Ex. Um cavalo que valha R$ 3.000,00, e três credores. Ficará o que recebeu, junto aos outros dois, ao pagamento a cada um deles, da soma de R$ 1.000,00. 
Em contrapartida, precisamente por não haver no caso uma obrigação solidária, o devedor que pretenda cumprir, antes de ser interpelado por qualquer dos credores, só ficará desonerado se entregar a prestação a todos os credores, ou se aquele a quem pagar lhe der caução de ratificação dos outros titulares. 
Art. 261 – Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. 
Em tal hipótese, ausente a disposição, quer a lei que o credor beneficiado pelo recebimento total reembolse os demais pelo valor de suas quotas. Se tal reembolso não puder ser efetuado in natura, em virtude da natureza da prestação, far-se-á em dinheiro, por estimação. 
Art. 262 – Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros, mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. 
Na hipótese versada no aludido dispositivo, se um dos credores remitir, isto é, perdoar a dívida, não ocorrerá a extinção da obrigação com relação aos demais credores. Ex. O objeto é dar um cabalo a três credores, sendo que um deles remite a dívida. Os outros dois exigem pagamento. O animal vale R$ 3.000,00, a quota do credor remitente é de R$ 1.000,00. Os outros dois somente poderão exigir a entrega daquele se pagarem R$ 1.000,00 ao devedor. 
Remir é dispor, e não pode dispor quem não é proprietário. 
Art. 263 – Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. 
Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos, em caso de perecimento com culpa do devedor. A obrigação que se resolve em perdas e danos passa a ser representada por importâncias em dinheiro, que são divisíveis. No lugar do objeto desaparecido o devedor entregará equivalente em dinheiro, mais perdas e danos, também em dinheiro. 
§1° Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. 
Sofrem todos, portanto, as consequências da mora coletiva.
§2° Se for de um só a culpa, ficarão exonerados ou outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. 
Como a culpa é meramente pessoal, se for de um só, somente ele ficará responsável pelo pagamento das perdas e danos, ficando exonerados dessa responsabilidade os demais, não culpados.
Obrigações Solidárias – 
As obrigações solidárias são aquelas onde o credor ou devedor, havendo pluralidade de sujeitos, poderá cobrar ou ser demandado sozinho pelo pagamento da sua totalidade da prestação ainda que não tenha direito a sua totalidade.
Nesta modalidade, independe se a prestação é indivisível ou indivisível, pois tal vínculo decorrerá da lei ou da vontade das partes (art. 265 do CC). 
Vale ressaltar que a solidariedade se posiciona na chamada Relação Externa. O fato da relação ser solidária possibilita a cobrança ou pagamento por apenas 1 dos sujeitos. Não significa dizer que este toma para si o crédito ou outro o débito total, vez que a Relação Interna entre credores e devedores é fracionária. 
Art. 264 – Conceito - Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. 
Art. 265 –Regra Geral - A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. 
Art. 266 – A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
Solidariedade Ativa – 
Art. 267 – Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro. 
Art. 268 – Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. 
Antes do julgamento, o devedor poderá pagar a qualquer devedor ou a todos. 
Art. 269 – O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. 
Pagamento parcial do devedor.
Art. 270 – Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir a receber aquota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. 
A regra desse artigo é muito importante, pois trata dos efeitos da morte de um dos credores solidários em relação a seus herdeiros. O primeiro efeito é a extinção da solidariedade que existia entre o credor falecido e o devedor. Seus herdeiros farão jus a quota parte correspondente a sua herança, porém, cada um só poderá cobrar sozinho sua quota parte, tendo em vista que a relação dos herdeiros com o devedor é facionária, então a única hipótese de cobrança integral da prestação por um herdeiro será em razão da indivisibilidade da prestação.
Art. 271 – Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. 
Remissão ao art. 263. Havendo perda da coisa com culpa do devedor, teremos uma alteração objetiva na relação obrigacional que, entretanto, não irá afetar a solidariedade existente entre credor e devedor.
Art. 272 – O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba. 
Na solidariedade existe também uma relação interna fracionária. 
Art. 273 – A um dos credores solidários não pode devedor opor a exceções pessoais oponíveis aos outros. 
As exceções são institutos processuais relacionados as formas ou as espécies de defesa do réu. Elas podem ser gerais ou pessoais e nas obrigações solidárias o devedor só poderá opor as exceções pessoais àquele que o vício guardar relação.
Podemos citar como exemplo de exceções gerais a prescrição, a nulidade da obrigação e o pagamento. Em relação a exceções pessoais podemos citar os vícios de vontade, a incapacidade ou qualquer outra situação jurídica que guarde relação com apenas um dos credores solidários. Por fim, convém dizer que caso julgamento seja contrário um dos credores solidários, esse resultado não atinge os demais. Entretanto, se favorável, será aproveitado por todos os outros. 
Solidariedade Passiva – 
Art. 275 – O credor tem direito a exigir e receber de um ou de algum dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. 
A solidariedade passiva importa no dever de qualquer dos devedores poder ser demandado sozinho ou individualmente pela dívida toda, sendo certo que, caso o credor opte por cobrar apenas um deles, não obtendo êxito integral na demanda, continuarão os outros devedores respondendo solidariamente. 
Parágrafo Único – Não importará renúncia da solidariedade a propositura da ação pelo credor contra um ou alguns devedores. 
Não cabe confundir a regra do referido parágrafo com a constante no 282, pois o primeiro traz regra de interpretação e a segunda decorre da manifestação de vontade do credor. 
Art. 276 – Se um dos devedores solidários deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar se não a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.
Os herdeiros não devem pagar o credo. Eles devem pagar ao outro devedor de forma solidária com a herençã, se esta não for suficiente, os herdeiros não deverão mexer em seu patrimônio.
Art. 277 – O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até a concorrência da quantia paga ou relevada. 
Art. 278 – Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipula entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes. 
Art. 279 – Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. 
Transmissão da Obrigação
Uma das funções da obrigação é a circulação de riqueza, sendo assim a relação obrigacional é passível de alteração na composição de seu elemento pessoal, sem que esse fato atinja a sua individualidade, de tal sorte que o vínculo subsistirá na sua identidade, apesar das modificações operadas pela sucessão singular ativa ou passiva.
O ato determinante dessa transmissão das obrigações denomina-se cessão, que vem a ser a transferência negocial, a título gratuito ou oneroso, de um direito, dever, ação. 
Espécies 
A transmissibilidade das várias posições obrigacionais pode decorrer, presentes os requisitos para a sua eficácia, de: 
Cessão de Crédito, pelo qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional. 
Cessão de Débito, que constitui negócio jurídico pelo qual o devedor transfere a outrem a sua posição na relação jurídica, sem acarretar criação de obrigação nova. 
Importante diferencia os referidos institutos da chamada Cessão de contrato (cessão de posição contratual), pois nesta hipótese são transferidos todos os direitos, bem como todas as obrigações relativas a posição no contrato que está sendo transferida ou transmitida. 
Cessão de Crédito 
Cessão de crédito é negócio jurídico bilateral, pelo qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional. Tem feição nitidamente contratual. O instituto em estudo pode configurar tanto alienação gratuita como onerosa. O terceiro, a quem o credor transfere sua posição na relação obrigacional, independentemente da anuência do devedor, é estranho ao negócio original. 
O credor que transfere seus direitos denomina-se cedente. O terceiro a quem são eles transmitidos, investindo-se na sua titularidade, é o cessionário. O outro personagem, devedor ou cedido, não participa necessariamente da cessão, porém deve a ele ser comunicado para que possa solver a obrigação ao legítimo detentor do crédito.
A cessão de crédito pode ser ainda pro soluto e pro solvendo. No primeiro caso, o cedente apenas garante a existência do crédito, sem responder, todavia, pela solvência do devedor. Na cessão pro solvendo, o cedente obriga-se a pagar se o devedor cedido for insolvente, ou seja, o cedente assume o risco da insolvência do devedor. 
 
Art. 286 – O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor, a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. 
A cessão de crédito pode ser feita de forma total ou parcial. Entretanto, nem todos os créditos poderão ser cedidos por força de sua própria natureza (Direitos da personalidade), por força de lei (Direitos a alimentos – art.1707) e Herança de pessoa viva (Pacto do Corvo – art. 426), bens penhorados (fraude contra credores).
Por convenção das partes se refere à clausula proibitiva.
Obrigações Fungíveis, ou seja, aquelas onde só o contratado pode exercer, também não pode ser transmitida. 
Também o cessionário deve ser pessoa no gozo de sua capacidade plena. 
Art. 287 – Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios. 
Princípio da Gravitação Jurídica. 
Art. 288 – É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do §1°. Do art. 654. 
A cessão de crédito, a princípio, gera efeitos apenas para as partes envolvidas. Desta forma, para que seus efeitos sejam estendidos a terceiros (credor do cedente) importante que o negócio seja feito por instrumento público ou em último caso por instrumento particular observadas as regras do art. 654
Ex.: A antecipação do 13° salário ou da restituição do imposto de renda, na realidade é uma cessão de crédito.
Assunção de Dívidas
Trata-se de negócio jurídico pelo qual o devedor transfere a outrem sua posição na relação jurídica. Segundo a doutrina, é um negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor, com anuência expressa do credor, transfere a um terceiro, que o substitui,os encargos obrigacionais, de modo que este assume sua posição na relação obrigacional, responsabilizando-se pela dívida, que subsiste com os seus acessórios.
A Assunção de dívida pode efetivar-se por dois modos: 
 Mediante contrato entre o terceiro e credor, sem a participação ou anuência do devedor;
Mediante acordo entre terceiro e o devedor, com a concordância do devedor. 
Para primeira hipótese é denominada expromissão, e a segunda, delegação. 
Expromissão: é o negócio jurídico pelo qual uma pessoa assume espontaneamente a dívida de outra. São partes desse contrato: a pessoa que se compromete a pagar, chamada expromitente, e o credor. O devedor originário não participa dessa estipulação. Ex.: Pai que assume a dívida do filho, independentemente da anuência deste. 
Distingue-se da delegação por esse aspecto: dispensa a intervenção do devedor originário. O expromitente não assume a dívida por ordem ou autorização do devedor, mas espontaneamente.
A expromissão pode ser liberatória ou cumulativa.
	A liberatória ocorre a integral sucessão no débito, pela substituição do devedor na relação obrigacional pelo expromitente, ficando exonerado o devedor primitivo. 
	A expromissão será cumulativa quando o expromitente ingressar na obrigação como novo devedor, ao lado do devedor primitivo, passando a ser devedor solidário, mediante declaração expressa nesse sentido (art.265), podendo o credor, nesse caso, reclamar o pagãmente de qualquer um deles.
 Delegação: configura-se a delegação como modo de assunção de dívida quando o devedor transfere a terceiro, com o consentimento do credor, o débito com este contraído. O devedor (delegante) transfere, delega o débito a terceiro (delegado), com o assentimento do credor (delegatório).
A delegação também pode ser liberatória ou cumulativa, conforme o devedor originário permaneça ou não vinculado. 
 
Art. 299 – É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. 
Na assunção de dívida o principal requisito para sua validade é o consentimento expresso do credor, diferentemente como ocorre na cessão de crédito onde se exige apenas a notificação do devedor. 
Parágrafo Único – Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se seu silêncio como recusa.
Interpretação do silêncio como não.
Art. 303 – O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento. 
Interpretação do silêncio como sim. 
Vale destacar que conforme já explicado o consentimento do credor deve ser expresso. No entretanto, o silêncio do credor notificado pode ser interpretado como concordância ou recusa dependendo se a hipótese guarda relação com o parágrafo único do 299 ou com o artigo 303 do CC.
Teoria do adimplemento e Pagamento direto e indireto 
As obrigações patrimoniais pessoais são transitórias, ou seja, mesmo que não possuam prazo determinado para seu fim como nas obrigações continuadas, o principal objetivo das partes envolvidas na relação é o seu fim. 
De modo geral as obrigações são extintas mediante o pagamento direto, ou seja, quando, com amparo dos artigos 313 e 314 do Código Civil, o devedor entrega ao credor a prestação devida no tempo e no modo que foram ajustados. Pagamento significa, pois, cumprimento ou adimplemento da obrigação.
Art. 313 – O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
Art. 314 – Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.
A quem deve pagar: 
Pessoa interessada
Terceiro não interessado
Art. 304 – Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração.
Só se considera interessado quem tem interesse jurídico na extinção da dívida, isto é, quem está vinculado ao contrato, como o fiador, o avalista, o solidariamente obrigado, o herdeiro, etc., quem pode ter seu patrimônio afetado caso não ocorra o pagamento.
O principal interessado na solução da dívida, a quem compte o dever de pagá-la, é o devedor. Mas os que se encontram em alguma das situações supramencionadas a ele são equiparados, pois têm interesse legítimo no cumprimento da obrigação. 
Assiste-lhes, pois, o direito de efetuar o pagamento, sub-rogando-se, nos do credor. A sub-rogação transfere-lhes todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo credor, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores. A recusa do credor em receber o pagamento oferecido pelo devedor ou por qualquer outro interessado lhes dá o direito de promover a consignação. 
Parágrafo Único – Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome à conta do devedor, salvo oposição deste. 
Podem fazê-lo, também, terceiros não interessados, que não tem interesse jurídico na solução da dívida, mas outra espécie de interesse, como o moral, por exemplo, o decorrente de amizade ou de relacionamento amoroso. 
Aqueles chamados de terceiros não interessados também poderão efetuar o pagamento, mas só terão direito ao reembolso se pagar em nome próprio, pois caso pague por conta do devedor não terá direito. 
Art. 306 – O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação.
Acrescente-se ainda que o terceiro não interessado não terá direito ao reembolso se pagar com desconhecimento ou oposição do devedor, caso este tenha meios de ilidir a cobrança (dívida já paga, prescrita, indevida, nula)
Daqueles a quem se deve pagar: 
Pagamento efetuado diretamente ao credor
Pagamento efetuado ao representado do credor
Validade do pagamento efetuado a terceiro que não o credor
Pagamento efetuado ao credor putativo
Art. 308 – O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.
A lei estabelece que o pagamento deve ser feito, em regra, ao credor, entretanto a lei flexibiliza que seja feito ao seu representante sob pena de só valer quando comprovado que se reverteu em seu proveito. Esse terceiro, seu representante, não pode ter relação nenhuma com a dívida e estar apenas autorizado a recebê-la. 
O pagamento deve ser feito, como foi dito, ao verdadeiro credor ou ao seu sucessor inter vivos ou causa mortis, ou a quem de direito os represente, sob pena de não valer.
Nem sempre, contudo, quem paga mal paga duas vezes, pois o retrotranscrito art. 308 do CC, na segunda parte, considera válido o pagamento feito a terceiro se for ratificado pelo credor, ou seja, se este confirmar o recebimento por via do referido terceiro ou fornecer recibo, ou, ainda, se o pagamento reverter em seu proveito. 
O proveito do credor pode ser direto, ex.: quando o terceiro que recebeu a prestação a tiver depositado em sua conta, e indireto, p. ex.: se a prestação devida pelo marido à mulher separada foi paga ao filho menor e se este, com referidos recursos, liquidou a anuidade de seu colégio (despesa que de outro modo deveria ser efetuada por sua mãe), esta beneficiou-se com o pagamento. 
Art. 309 – O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor.
O pagamento também poderá ser considerado como válido se realizado pelo chamado credor putativo, tal situação guarda relação com a teoria da aparência, o que significa dizer que o credor putativo é aquele que tem aparência de credor. 
Ex.: Carlos regulamente pagava seu alugue na imobiliária Esperança. Certo dia, recebeu um telefonema do locador cobrando o recebimentodos alugueis dos últimos 2 meses. O locatário, por sua vez, informou que os mesmos já haviam sido pagos na referida imobiliária como de costume. O credor então alegou que seu pagamento não seria válido, pois não estaria mais trabalhando com a imobiliária Esperança, mas sim com a Renascer. Caso o devedor não tivesse informado desta mudança, os pagamentos feitos a mobiliária Esperança seriam considerados válidos? 
Da prova do pagamento
Art. 319 – O devedor que paga tem o direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada. 
De modo geral, o pagamento se comprova com a quitação. É uma obrigação do credor fornecê-la ao devedor na efetivação do pagamento sob pena do devedor reter o pagamento até que o instrumento lhe seja fornecido. 
Art. 320 – A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. 
Esses são os requisitos que a quitação deve conter. Deverá ser dada, portanto, por escrito, público ou particular.
Parágrafo Único – Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.
Instituto que permite que o juiz possa, analisando as circunstâncias do caso concreto e a boa-fé do devedor ao não exigir o recibo, concluir ter havido pagamento e declarar extinta a obrigação. 
Art. 321 – Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido este, porá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido. 
Presunção de Pagamento
A exibição do recibo de quitação é o meio normal de comprovação do pagamento. O pagamento pode ser comprovado por circunstâncias que serão analisadas pelo juiz, mesmo não havendo o instrumento de quitação formalizado nas regras do art. 320 do CC. Como por exemplo, transferências bancarias, provas testemunhais, pagamento virtual, etc. 
Essa comprovação pode fazer-se, no entanto, em alguns casos, por meios diversos da quitação. O Código Civil estabelece, com efeito, três presunções, que facilitam essa prova, dispensando a quitação: 
a) quando a dívida é representada por título de crédito, que se encontra em posse do devedor;
Dispõe o art. 324 – A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento. Aduz o parágrafo único que, porém, ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta de pagamento. Extinta a dívida pelo pagamento, o título que a representava deve ser restituído ao devedor, que pode exigir sua entrega, salvo se nele existirem codevedores sem a obrigação extinta. 
b) quando o pagamento é feito em quotas sucessivas, existindo quitação da última; 
Art. 322 – Presunção de pagamento de contas periódicas – Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores. 
A quitação da última prestação estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores. Pressupõe-se aí a quitação feita sem ressalva, isto é, se não houver protesto ou declaração, em contrário, do credor.
Para evitar qualquer tipo de calote, como acontece em taxas de condomínios, por exemplo, costuma constar, nas contas de fornecimento de energia elétrica, declaração de que a quitação da última não faz presumir a quitação de débitos anteriores.
c) e quando há quitação do capital, sem reserva dos juros, que se presumem pagos.
Art. 323 – Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos. 
Como os juros não produzem rendimento, é de supor que o credor imputaria neles o pagamento parcial da dívida, e não no capital, que continuaria a render.
Art. 334 – A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento. 
Temos ainda a possibilidade de se reconhecer o pagamento de forma presumida nas situações em que a obrigação é representada no próprio título/instrumento.
Ex.: João assinou nota promissória como forma de garantir empréstimo realizado junto a Marcos. Caso, após o vencimento, as referidas notas promissórias estiverem na posse do devedor, mesmo sem quitação, o pagamento será considerado realizado, ainda que presumidamente (321).
Local de Pagamento
Para se efetuar o pagamento importa saber o local de cumprimento da obrigação. É nesse lugar que se têm de reunir, na data aprazada, as duas partes ou seus representantes: o devedor para efetuar a prestação, e o credor para receber. Nem o devedor poderá oferecer nem o credor exigir o cumprimento em lugar diverso. 
Art. 327 – Efetuar-se á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionares diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
Parágrafo Único – Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles. 
As partes podem, ao celebrar o contrato, escolher livremente o local em que a obrigação deverá ser cumprida. Se não o fizerem, nem a lei, ou se o contrário não dispuserem as circunstâncias, nem a natureza da obrigação, efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor. Neste caso, diz-se que a dívida é quérable, expressão traduzida como quesível, devendo o credor buscar, procurar o pagamento no domicílio daquele. Esse é a regra geral.
Quando se estipula, como local do cumprimento da obrigação, o domicílio do credor, diz-se que a dívida é portable (portável), pois o devedor deve levar e oferecer o pagamento neste local. 
Art. 328 – Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestação relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem.
Em se tratando de bens imóveis, a obrigação será cumprida no local em que se situar o referido bem. Prestações relativas a imóvel devem ser entendidas como execução de serviços, reparações, construções, etc..
Art. 329 – Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor. 
Em algumas circunstâncias, como na hipótese de motivo grave, poderá o devedor realizar o pagamento em local diverso do pactuado se tal fato não causar prejuízo considerável para o credor. 
Art. 330 – O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.
Fatos posteriores podem transformar em portável uma dívida quesível, ou vice-versa. É muito comum, em contratos de locação, estabelecer-se o domicílio de um dos contratantes como local de pagamento, e ocorrer tacitamente a posterior mudança em razão dos reiterados pagamento efetuados no domicílio do outro. Conhecida na doutrina como Supressio/Surrectio (Supressão/Surgimento). 
 
Se o contrato estabelecer mais de um lugar para o pagamento, caberá ao credor, e não ao devedor, escolher o que mais lhe aprouver. Compete ao credor cientificar o devedor, em tempo hábil, sob pena de o pagamento vir a ser validamente efetuado pelo devedor em qualquer dos lugares, à sua escolha. 
Tempo de Pagamento 
O tempo do pagamento normalmente é ajustado entre as partes e a obrigação somente pode ser exigida no seu vencimento (termo). No entanto, em algumas situações o tempo do pagamento poderá estar vinculado a realização de uma tarefa (encargo) ou acontecimento futuro e incerto (condição). 
Vale destacar que em algumas situações o credor poderá cobrar antecipadamente a obrigação sendo estas previstas no art. 333 do CC.
Art. 333 – Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código:
I – no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II – se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor; 
III – se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforça-las. 
ParágrafoÚnico – Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes. 
Poderá o credor antecipar o vencimento no caso de falência do devedor, caso os bens dados em garantia (penhor ou hipoteca) sejam penhorados por outro credor (vide art. 477 do CC), em razão da extinção ou insuficiência das garantias fidejussórias (garantias pessoais – fiador, avalista), ou mesmo se tratando de garantia real. 
Inadimplemento das obrigações 
O inadimplemento obrigacional se caracteriza pelo não cumprimento da obrigação, bem como em virtude do seu pagamento com atrasou ou de modo diverso do que foi pactuado pelas partes. Assim sendo, o inadimplemento pode ser relativo ou absoluto, onde temos como critério distintivo a possibilidade do devedor purgar a mora ou a inutilidade da prestação para o credor em razão da mora. 
Inadimplemento absoluto
Art. 389 – Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
O dispositivo trata do inadimplemento absoluto, que ocorre, como mencionado, quando a obrigação não foi cumprida nem poderá sê-lo de forma útil ao credor. 
Art. 390 – Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.
Se houver interesse do credor em que o devedor não reitere na conduta comissiva, nas obrigações constituídas por uma série de abstenções, poderá mover-lhe ação de cunho cominatório. A satisfação das perdas e danos tem por finalidade recompor a situação patrimonial da parte lesada pelo inadimplemento contratual. Por essa razão elas devem ser proporcionais ao prejuízo efetivamente sofrido. 
 
Art. 391 – Responsabilidade Patrimonial - Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. 
Nem sempre a prestação devida e não cumprida se converte em perdas e danos. Tal ocorre somente quando não é possível a execução direta da obrigação ou a restauração do objeto da prestação. Obtida a condenação do devedor ao pagamento das perdas e danos, e não satisfeito o pagamento, cabe a execução forçada, recaindo a penhora sobre os bens que integram o patrimônio do devedor. A responsabilidade civil é patrimonial.
Inadimplemento fortuito da obrigação (Caso fortuito e Força maior)
O inadimplemento definitivo da obrigação, em razão da impossibilidade ou inutilidade da prestação para o credor, pode decorrer de fato não imputável ao devedor. As circunstâncias determinantes da impossibilidade da prestação, sem culpa do devedor, podem ser provocadas por terceiros, pelo credor, pelo devedor sem culpa e decorrer de caso fortuito e força maior.
O caso fortuito e força maior constituem excludentes da responsabilidade civil, contratual ou extracontratual, pois rompem o nexo de causalidade.
Art. 393 – O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. 
Parágrafo Único – O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
É lícito às partes, como consta do texto, por cláusula expressa convencionar que a indenização será devida em qualquer hipótese de inadimplemento contratual, ainda que decorrente do fortuito ou força maior. 
O parágrafo único supratranscrito, como se observa, não faz distinção entre um e outro. Em geral, a expressão caso fortuito é empregada para designar fato ou ato alheio à vontade das partes, ligado ao comportamento humano ou ao funcionamento de máquinas ou ao risco da atividade ou da empresa, como greve, motim, guerra, queda de viaduto ou ponte, defeito oculto em mercadoria produzida etc. E força maior para os acontecimentos externos ou fenômenos naturais, como raio, tempestade, terremoto, fato do príncipe. 
Na lição da doutrina, exige-se, para a configuração do caso fortuito ou força maior, a presença dos seguintes requisitos: a) o fato deve ser necessário, não determinado por culpa do devedor, pois, se há culpa, não há caso fortuito; reciprocamente, se há caso fortuito, não pode haver culpa, na medida em que um exclui o outro; b) o fato deve ser superveniente e inevitável. Desse modo, se o contrato é celebrado durante a guerra, não pode o devedor alegar depois as dificuldades decorrentes dessa mesma guerra para furta-se às suas obrigações; c) o fato deve ser irresistível, fora do alcance do poder humano. 
Inadimplemento Substancial e mínimo – EN.361 CJF; RES 469577/SC; RES 607406/RS.
O inadimplemento mínimo faz parte da teoria do adimplemento substancial. De acordo com esta teoria, apesar de a obrigação contratualmente estabelecida não ter sido cumprida totalmente, se ela foi adimplida substancialmente (ou seja, se o inadimplemento foi mínimo), não pode haver a resolução contratual, com a perda de tudo que já foi realizado pelo devedor, porém, ele fica responsabilizado a prestar indenização ao credor.
Mora 
Mora é o retardamento ou o imperfeito cumprimento da obrigação. 
Art. 394 – Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebe-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou convenção estabelecer. 
Considera-se a mora, portanto, não só quando há retardamento, atraso no cumprimento da obrigação, mas também quando este se dá na data estipulada, mas de modo imperfeito, ou seja, em lugar ou forma diversa da convencionada ou estabelecida na lei. 
Art. 398 – Nas obrigações, provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou.
Nem sempre a mora deriva de descumprimento de convenção. Pode decorrer também de infração à lei, como na prática de ato ilícito. 
Espécies de mora
Há espécies de mora: a do devedor e a do credor. A primeira é denominada mora solvendi (mora de pagar) ou debitoris (morda do devedor). A segunda, mora accipiendi (mora de receber) ou creditoris (mora do credor). 
Mora do devedor 
Espécies – Configura-se mora do devedor quando se dá o descumprimento ou cumprimento imperfeito da obrigação por partes deste. Por causa a ele imputável. Pode ser de duas espécies: mora ex re e ex persona. 
Configura-se mora ex re quando o devedor nela incorre sem necessidade de qualquer ação por parte do credor, o que sucede:
Quando a prestação deve realizar-se em um termo prefixado e se trata de dívida portável. 
Nos débitos derivados de um ato ilícito extracontratual, a mora começa no momento mesmo da prática do ato, porque nesse mesmo instante nasce para o responsável o dever de restituir ou de reparar.
Art. 398 – Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou.
Quando o devedor houver declarado por escrito não pretender cumprir a prestação.
Não havendo termo, ou seja, data estipulada, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial (art. 397, parágrafo único). Trata-se de mora ex persona, que depende de providência do credor. 
 Ex.: Se o comodato foi celebrado por dois anos, vencido esse prazo o comodatário incorrerá em mora de pleno direito (ex re), ficando sujeito a ação de reintegração de posse, como esbulhador. Se, no entanto, não foi fixado prazo de duração do comodato, a mora do comodatário se configurará depois de interpelado ou notificado, pelo comodante, com o prazo de trinta dias (ex persona). Somente depois de vencido esse prazo será considerado esbulhador. 
Explicação em aula - A mora do devedor pode se configurar por uma determinação legal ou em razão do seu vencimento estar vinculado a um termo (mora ex ré). No entanto, algumas obrigações não possuem certeza em relação ao seu vencimento, por isso a mora do devedor não se operará de pleno direito necessitando para sua configuração da notificação do devedor (mora ex-persona). 
Mora do credor – Considera-se a mora do credor quando ele se recusa a receber o pagamento no tempo e lugar indicados no títuloconstitutivo da obrigação, exigindo-o por forma diferente ou pretendendo que a obrigação se cumpra de modo diverso. Decorrente ela, pois, de sua falta de cooperação com o devedor, para que o adimplemento possa ser feito do modo como a lei ou convecção estabelecer (CC, art. 394).
Se o credor injustificadamente omite a cooperação ou colaboração necessária de sua parte, se por exemplo não vai nem manda receber a prestação ou se recusa a recebe-la ou a passar recibo, a obrigação fica por satisfazer; verifica-se pois um atraso no cumprimento, mas tal atraso não é atribuível ao devedor e sim ao credor. É este que incorre em mora. A mora do credor não exonera o devedor.
Art. 400 – A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebe-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação. 
Conseguintemente, se o devedor não agir com dolo ante a mora do credor, isentar-se-á da responsabilidade pela conservação da coisa objeto do pagamento, ficando liberado dos juros e da pena convencional. O credor arcará com o ressarcimento das despesas decorrentes de sua conservação. 
Procede com dolo o devedor que, em face da mora do credor, deixa a coisa em abandono. Exige a lei que tenha um mínimo de cuidados com a sua conservação, pois lhe assegura o direito ao reembolso das despesas que efetuar. 
Purgação da mora
O art. 401 do Código Civil estabelece, em dois incisos, os modos pelos quais se dá a purgação da mora pelo devedor e pelo credo. A do devedor concretiza-se mediante a oferta da prestação atrasada mais os prejuízo decorrentes até o dia da oferta (Inciso I), como os juros moratório, a cláusula penal e outros eventualmente ocorridos. Por parte do credor, purga-se a mora oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data (inciso II). Deve o retardatário dispor-se a receber o pagamento, que antes recusara, e a ressarcir as despesas empregadas pelo devedor na conservação da coisa, bem como a responder por eventual oscilação do preço (CC, art. 400). 
Perdas e Danos 
O inadimplemento do contrato causa, em regra, dano ao contratante pontual. Este pode ser material, por atingir e diminuir o patrimônio do lesado, ou simplesmente moral, ou seja, sem repercussão na órbita financeira deste. O Código Civil ora usa a expressão dano, ora prejuízo, e ora perdas e danos. 
Art. 402 – “Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. 
Assim, o dano, em toda a sua extensão, há de abranger aquilo que efetivamente se perdeu e aquilo que se deixou de lucrar: o dano emergente o lucro cessante. 
Dano emergente é o efetivo prejuízo, a diminuição patrimonial sofrida pela vítima. É, por exemplo, o que o dono do veículo danificado por outrem desembolsa para consertá-lo, ou o adquirente de mercadoria defeituosa despende para sanar o problema. 
Lucro Cessante é a frustação da expectativa de lucro. É a perda de um ganho esperado. 
Ex.: se um ônibus, por exemplo, é abalroado culposamente, deve o causador do dano ressarcir todos os prejuízos efetivamente sofridos por seu proprietário, incluindo-se as despesas com os reparos do veículo (danos emergentes), bem como o que a empresa deixou de auferir no período em que permaneceu na oficina (lucro cessante). 
Com diretriz, o Código usa a expressão razoavelmente, ou seja, o que a vítima razoavelmente deixou de lucrar. Referido advérbio significa que se deve admitir que o credor haveria de lucrar aquilo que o bom-senso diz que lucraria, ou seja, aquilo que é razoável supor que lucraria. 
Dado em aula - As perdas e danos configuram-se no direito da vítima em receber uma indenização de natureza patrimonial em virtude de um ilícito contratual ou não. Esse dano quando tiver uma projeção imediata se chamará dano emergente, devendo a indenização ser integral. Caso o dano se projete para o futuro será chamado de lucro cessante e a reparação será pautada no princípio da razoabilidade. Ex.: Batida no táxi. 
Art. 403 – “Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. 
Trata-se de aplicação da teoria dos danos direto e imediatos. O devedor responde tão só pelos danos que se prendem a seu ato por vínculo de necessariedade, não pelos resultantes de causas estranhas ou remotas.
Aula - Da mesma forma que não existe perdas e danos sem ato ilícito, não haverá direito a indenização por dano hipotético (quase aconteceu), nos termos do artigo 403 do CC. O dano indenizável é aquele que já se efetivou ou que existe uma certeza de prejuízo futuro em razão das circunstâncias. 
Cláusula Penal 
Cláusula penal é obrigação acessória, pela qual se estipula pena ou multa destinada a evitar o inadimplemento da principal, ou o retardamento de seu cumprimento. É também denominada pena convencional ou multa contratual. 
A cláusula penal consiste, pois, em previsão, sempre adjeta a um contrato, de natureza acessória, estabelecida como reforço ao pacto obrigacional, com a finalidade de fixar previamente a liquidação de eventuais perdas e danos devidas por quem descumpri-lo. 
Art. 408 – Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora. 
Art. 409 – A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora.
Pode ser estipulada conjuntamente com a obrigação principal, ou em ato posterior, sob forma de adendo. Embora geralmente seja fixada em dinheiro, algumas vezes toma forma, como a entrega de uma coisa, a abstenção de um fato ou a perda de algum benefício, como, por exemplo, de um desconto. 
Função da cláusula penal 
A cláusula penal tem dupla função: a) atua como meio de coerção (intimidação), para compelir o devedor a cumprir a obrigação e, assim, não ter de pagá-la; e ainda b) como prefixação das perdas e danos (ressarcimento) devidos em razão do inadimplemento do contrato. 
Com a estipulação da cláusula penal, expressam os contratantes a intenção de livrar-se dos incômodos da comprovação dos prejuízos e de sua liquidação. A convenção que estabeleceu pressupõe a existência de prejuízo decorrente do inadimplemento e prefixa o seu valor. Desse modo, basta ao credor provar o inadimplemento, ficando dispensado da prova do prejuízo, para que tenha direito à multa. É o que proclama o art. 416: 
Art. 416 – Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo. 
Parágrafo Único – Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver feito, a pena vale como mínimo da indenização competindo ao credor provar o prejuízo excedente. 
O devedor não pode eximir-se de cumprir a cláusula penal, a pretexto de ser excessiva, pois o seu valor foi fixado de comum acordo, em quantia reputada suficiente para reparar eventual prejuízo decorrente de inadimplemento. Da mesma forma, não pode o credor pretender aumentar o seu valor, a pretexto de ser insuficiente. 
Valor da cláusula penal 
Simples alegação de que a cláusula penal é elevada não autoriza o juiz a reduzi-la. Entretanto, a sua redução pode ocorrer em dois casos: a) quando ultrapassar o limite legal; b) nas hipóteses do art. 413 do estatuto civil. 
Art. 413 – A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio. 
Nessahipótese, o valor da multa deve ser reduzido de forma equitativa pelo juiz, levando-se em consideração as circunstâncias do negócio. 
O limite legal da cláusula penal, mesmo sendo compensatória, é o valor da obrigação principal, que não pode ser excedido pelo estipulado naquela. Dispõem o 412: 
Art. 412 – O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal. 
Vale ressaltar que em relação ao valor, a Clausula Penal não pode exceder ao valor da obrigação principal.
Se tal acontecer, o juiz determinará a sua redução, não declarando a ineficácia da cláusula, mas somente do excesso. 
Espécies de cláusula penal 
A cláusula penal pode ser compensatória e moratória. 
É compensatória quando estipulada para a hipótese de total inadimplemento da obrigação (CC, art. 410). 
Por essa razão, em geral, é de valor elevado, igual ou quase igual ao da obrigação principal. 
É moratória quando destinada: a) assegurar o cumprimento de outra cláusula determinada; ou b) a evitar o retardamento, a mora (CC, art. 411). 
Muitas vezes o interesse do credor é assegurar a observância de alguma cláusula especial (referente a determinada característica da coisa, p. ex.)
Se a obrigação for cumprida, mas de forma diversa da convencionada (não observada a característica exigida), a cláusula penal estipulada para esse caso será moratória
Embora rara hipótese, um contrato pode conter três cláusulas penais de valores diferentes: uma, de valor elevado, para o caso de total inadimplemento da obrigação (compensatória); outra, para garantir o cumprimento de alguma cláusula especial, como, por exemplo, a cor ou o modelo do veículo adquirido (moratória); e autora, ainda, somente para evitar atraso (também moratória). 
Efeitos da distinção entre as duas espécies 
Art. 410 – Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor. 
O dispositivo proíbe a cumulação de pedidos. A alternativa que se abre para o credor é: a) pleitear a pena compensatória, correspondente à fixação antecipada dos eventuais prejuízos; o b) postular o ressarcimento das perdas e danos, arcando com o ônus de provar o prejuízo; ou, ainda, c) exigir o cumprimento da prestação. 
Não pode haver cumulação porque, em qualquer desses casos, o credor obtém integral ressarcimento, sem que ocorra o bis in idem. 
A expressão “a benefício do credor” significa que a escolha de uma das alternativas compete ao credor e não ao devedor. 
Art. 411 – Quando se estipula a cláusula penal para o caso de mora, ou sem segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal.
Como, neste caso, o valor da pena convencional costuma ser reduzido, o credor pode cobrá-la, cumulativamente, com a prestação não satisfeita. É bastante comum devedores atrasarem o pagamento de determinada prestação e serem posteriormente cobrados pelo credor, que exige o valor da multa contratual (em geral, no montante de 10 ou 20% do valor cobrado), mais o da prestação não paga. 
Verifica-se, assim, que a lei distingue entre a cláusula penal relativa ao inadimplemento e a clausula penal relativa à mora ou à violação de qualquer dever acessório de conduta. No primeiro caso (art. 410), a prestação incluída na cláusula penal não se soma à indenização estabelecida na lei O credor não pode exigir, ao mesmo tempo, mas pode optar livremente por uma conduta ou por outra. No segundo caso (411), o credor pode cumular a prestação fixada na cláusula penal com o pedido de execução forçada da prestação da dívida.
Assim por exemplo, se as partes convencionaram o pagamento de uma multa caso a contratada para dar um espetáculo não se apresente na data aprazada, a outra poderá optar entre a sanção cominada e a indenização pelos danos que comprovadamente tiver sofrido. Não poderá, todavia, cumular a multa convencional com a indenização legal, nos termos do art. 410 do CC.
Em aula - A principal diferença entre multa moratória e a compensatória é que na primeira é possível ao credor exigi-la juntamente com a obrigação, bem como cumular o pedido com eventuais perdas e danos. (411). 
No entanto, na hipótese de multa compensatória, o credor não será obrigado a provar o prejuízo, tendo direito de exigir a multa imediatamente ao inadimplemento absoluto, além disso, em regra, não poderá cobrar prejuízo excedente se tal possibilidade não estiver prevista no contrato. Em caso positivo, deverá comprovar o prejuízo excedente (416). 
Arras ou sinal 
Sinal ou arras é a quantia ou coisa entregue por um dos contratantes ao outro, como confirmação do acordo de vontades e princípios de pagamento. 
As arras constituem a importância em dinheiro ou a coisa dada por um contratante ao outro, por ocasião da conclusão do contrato, com o escopo de firmar a presunção de acordo final e tornar obrigatório o ajusta; ou ainda, excepcionalmente, com o propósito de assegurar, para cada um dos contratantes, o direito de arrependimento.
O sinal ou arras tem cabimento nos contratos bilaterais translativos do domínio, dos quais constitui pacto acessório. Não existe por si: depende do contrato principal. 
As arras são confirmatórias ou penitenciais. Sua principal função é confirmar o contrato, que se torna obrigatório após a sua entrega. Prova o acordo de vontades, não mais sendo lícito qualquer dos contratantes rescindi-lo unilateralmente. Quem o fizer, responderá por perdas e danos, nos termos dos arts. 418 e 419 do CC. 
Art. 418 – Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado.
 
A parte inocente pode conformar-se apenas com ficar com o sinal dado pelo outro, ou com o equivalente, ou pode, ainda pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização (art. 419).
Observa-se que as arras representam o mínimo de indenização, e que pode ser pleiteada a reparação integral do prejuízo. Não havendo nenhuma estipulação em contrário, as arras consideram-se confirmatórias.
Podem, contudo, as partes convencionar o direito de arrependimento. Neste caso, as arras denominam-se penitenciais, porque atuam como pena convencional, como sanção à parte que se valer dessa faculdade. Prescreve, com efeito, o art. 420: 
Art. 420 – Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mas o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar. 
Acordado o arrependimento, o contrato torna-se resolúvel, respondendo, porém, o que se arrepender, pelas perdas e danos prefixados modifcadamente pela lei: perda do sinal dado ou sua restituição em dobro. A duplicação é para que o inadimplente devolva o que recebeu e perca outro tanto.
Não se exige prova de prejuízo real. Por outro lado, não se admite a cobrança de outra verba, a título de perdas e danos, ainda que a parte inocente tenha sofrido prejuízo superior ao valor do sinal.
Sumula 412 do STF – No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento, a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui indenização maior, a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os encargos do processo.
O sinal constitui, pois, predeterminação das perdas e danos em favor do contratante inocente. A jurisprudência estabeleceu algumas hipótese em que

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