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MATERIAL DE APOIO D. FAMÍLIA 2016.1 até Divórcio 1457917923 (1)

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MATERIAL DE APOIO 
 DIREITO CIVIL - FAMÍLIA – 2016.1 
TURMAS: 5º PERÍODO 
Orientadora: Vera Carmem de Avila Dutra,MsC 
 
HomoafetivoDE ACORDO COM A LEI 13.146/15 – ESTATUTO DA 
PESSOA DEFICIENTE – CF/88 - NCPC - LRP 
 
DA FAMÍLIA: DOS DIREITOS PESSOAIS 
 
Direito de família são o complexo das normas, que 
regulam a celebração do casamento, sua validade e os 
efeitos, que dele resultam, as relações pessoais e 
econômicas da sociedade conjugal, a dissolução desta, 
as relações entre pais e filhos, o vínculo de parentesco e 
os institutos complementares da tutela e da curatela. 
(1937:6)1 
 
A T E N Ç Ã O - LEITURA ATENTA O CÓDIGO CIVIL 
 
O nosso estudo tem início com a subdivisão do direito de família em partes 
distintas: 
 
I- o casamento propriamente dito; 
II- as relações de parentesco; 
III- dos direitos patrimoniais no casamento; 
IV- da filiação; 
V- da adoção, da tutela e da curatela; 
VI- da união estável e da 
VII- dissolução da sociedade conjugal 
 
 
1 BEVILÁQUA, Clóvis. in Venosa. Direito civil: direito de família. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2003, v. VI, p. 23. 
 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
2 
 O objetivo desse estudo é analisar os princípios que regem as relações da 
família nas suas relações com as pessoas bem como sobre os bens. Visa resguardar 
os interesses criando normas para protegê-la em todos os seus segmentos. 
 
A idéia de família mudou muito nos nossos dias das fortes 
raízes patriarcais hoje vivemos a família compartilhada 
quebrando-se o tabu apesar de ainda existirem forças 
reacionárias. O papel da mulher é mais ativo. “O sustento do 
lar é provido por ambos; o papel ativa e passiva se revezam”. 
Em outras palavras, ora manda o homem, ora manda a 
mulher. Depende do assunto e do momento... Observa-se o 
revezamento dos papéis. 2 
 
Na visão do citado autor, o Brasil alavancou a CONSTITUCIONALIZAÇÃO 
DO DIREITO CIVIL, via família com a CF/88 a qual considerou a entidade familiar 
como à célula de todo tratamento da à família em geral, desvinculando-a do 
casamento e admitindo a união estável, regulamentando-a, respectivamente em 94 
e 96. 
Destarte toda visão moderna da família o legislador constitucional deu 
apenas uma roupagem nova em velhos institutos e quis, na realidade, prestigiar a 
formação da família que ao final do relacionamento pudesse atingir o casamento 
alicerçando-a. 
Na realidade seja a união livre (união estável/ concubinato) ou a legalizada, 
dentro das solenidades legais (o casamento), sempre de um homem e uma mulher, 
tendo filhos ou não se constituí na família vislumbrada. 
Trouxe a família monoparental ou unilateral e a regulamentou. 
Afastou o “pátrio poder” trazendo a figura do “poder familiar” e 
determinando que o casal irá exercer conjuntamente a “chefia da família” afastando 
definitivamente o patriarcalismo e a supremacia do pai provedor. 
Legitimou todos os filhos afastando a figura do “bastardo”. 
 
 
2 FIÚZA, César. Novo Código Civil: curso completo. 5 ed. rev. e atual. Belo Horizonte: Del Rey, 2003, p. 953-954. 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
3 
I. DO CASAMENTO PROPRIAMENTE DITO 
 
 Desde os primórdios da civilização, a união entre o homem e a mulher e 
vem sofrendo profundas transformações, não só dentro dos aspectos jurídicos bem 
como morais e até mesmo sob influência religiosa, criando novas formas de 
convívio comunitário, até os tempos modernos – como temos hoje consolidada a 
união estável. 
Em Roma celebrava-se o casamento pela confarreatio (casamento religioso 
da classe patrícia), que se desfazia pela disffarreatio (divórcio), pela coemptio 
(compra fictícia da mulher) e pelo usus (aquisição de mulher pela posse), uma 
espécie de usucapião. Posteriormente chegou-se ao matrimônio livre, até que os 
princípios religiosos da Renascença, adotados pelo Concílio de Tentro, que durou 
23 anos (1545 a 1568) transferiram para a Igreja a instituição matrimonial, daí 
surgindo à indissolubilidade do vínculo. 
Ainda no Direito Romano se conceituava o casamento como consortium 
omines vitae, muito embora também admitisse o divórcio. 
No Brasil, antes da Proclamação da República, vigiam os mesmos 
princípios. Um Decreto de 1827 adotou o casamento católico, misto e acatólico. 
Finalmente pelo Decreto 181, de 24.01.1890, em conseqüência da Proclamação 
da República com a virtual separação entre a Igreja e o Estado foi instituído entre 
nós o casamento civil. 
O Art. 175 da CFR 69, que estabelecia a indissolubilidade do vínculo, foi 
alterado pela EC. nº 9, de 1977, instituindo o DIVÓRCIO NO BRASIL, 
regulamentado pela LEI 6.515 de 26.12.1977 e mantido pelo atual CC/02. Quanto 
à lei, foi pelo CC/02 derrogada, em parte, mantida apenas quanto ao seu aspecto 
processual. Discutindo-se hoje sua força em decorrência da EC. 66/10. 
 
CONCEITO: “é a união legal entre um homem e uma mulher, com o primordial 
objetivo de constituir família”. Hoje superado pela identidade de gênero devemos 
entender como família formada por “homens e ou mulheres”. 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
4 
 
Esta união será aquela realizada com os requisitos exigidos legalmente 
conformes estatui o CC/02 e a LRP e realizar-se-á entre um homem e uma mulher 
uma vez que o casamento entre pessoas do mesmo sexo ainda não é permitido no 
nosso País . E todo aquele casamento realizado sem as formalidades previstas nas 
normas pertinentes, entre pessoas do mesmo sexo e sem o consentimento dos 
noivos é INEXISTENTE. 
 
CASAMENTO = FAMÍLIA LEGÍTIMA – art. 229 CF/88; 
 
UNIÃO ESTÁVEL = FAMÍLIA NATURAL – art. 226 § 3º CF/88; 
 
Recentemente estendida em histórica decisão do STF às Uniões 
Homoafetivas com a ressalva de não regulamentação dos direitos decorrentes 
dessas medidas ex.: possibilidade de conversão em casamento, dentro outros. Seria 
em tese uma alteração do Art. 1723 do CC/02. 
 
FAMÍLIA MONOPARENTAL = FORMADA POR SOMENTE UM DOS PAIS E SEUS 
FILHOS – art. 226 § 4º. CF/88 e, 
 
FAMÍLIA CIVIL = advinda da “Adoção”. 
 
PRINCÍPIO QUE REGEM O CASAMENTO: 
 
1. Livre consentimento – manifestação própria da vontade; 
2. Inexistência de termo ou condição para o ato; 
3. Monogamia; 
4. Fidelidade recíproca e plena comunhão de vida. 
 
 
 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
5 
NATUREZA JURÍDICA DO CASAMENTO 
 
a) CORRENTE INDIVIDUALISTA = de acordo com essa concepção clássica 
seus adeptos entendem-no como uma RELAÇÃO CONTRATUAL, oriunda 
de um acordo de vontades própria dos contratos em geral. 
b) CORRENTE INSTITUCIONAL = ou supra-individualista é uma 
INSTITUIÇÃO SOCIAL a ela aderindo os nubentes, “é meio de comunhão, 
em princípio permanente, de duas vidas, para satisfação das suas 
necessidades personalíssimas”.3 
c) CORRENTE ECLÉTICA AU MISTA = uma fusão das duas primeiras 
configurando uma forma especial de contrato, próprio do direito de 
família, com adesão dos nubentes a uma instituição previamente 
organizada um estado matrimonial. 
 
 MODELOS DE CASAMENTO 
 
Arts. 1511 e segs. do CC/02: 
 
I. CASAMENTO CIVIL 
II. CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS 
III. CASAMENTO MERAMENTE RELIGIOSO. 
 
I. CASAMENTO CIVIL: 
 
Como já falamos anteriormente ele foi instituído, no Brasil, pelo Dec. 
181/1890 e persiste até os dias de hoje com asalterações advindas do progresso 
legislativo e das necessidades sociais de adequação de sua visão. 
 
3 LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil: família e sucessões. 2 ed. São Paulo: RT, 2003, v. 5 - p. 56. 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
6 
Esta modalidade confessa ao ato a característica ser o casamento válido 
independente de qualquer outro ato religioso desde que seguido os rigorosos 
critérios de publicidade e solenidade que veremos em momento. Próprio. 
Ele será realizado em Cartório - de Registro Civil das Pessoas Naturais – ou 
em outro local válido, previamente agendado no Processo de Habilitação. 
Não prescinde de confirmação. E requer habilitação prévia. 
 
II. CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS: 
 
 Para que tenha validade é preciso o cumprimento de algumas condições 
básicas. 
 São elas: 
 
1. HABILITAÇÃO PRÉVIA e SOLENIDADES - cumprimentos dos 
mesmos requisitos do casamento civil; 
2. CONFIRMAÇÃO: registro do casamento realizado no templo 
religioso no Cartório de Registro Civil competente no prazo de 90 
dias a contar da celebração do ato. 
 
 Se os interessados não promoverem o registro dentro do prazo acima a 
habilitação perderá sua eficácia (art. 1532) devendo os interessados para requerer 
sua validade submeter-se a nova habilitação, conforme art. 1525 e segs. do CC/02. 
c/c Art. 1516 § 3º. Nesse interregno, se não impedido ou se disponível ao 
casamento, estará vivendo em união estável. 
 
 
 
 
 
 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
7 
 III – CASAMENTO MERAMENTE RELIGIOSO: 
 
 Muito tempo depois da promulgação 4da LRP e, a entrada em vigor da 
CFR/88 (art. 226, §2º) e agora, de forma expressa, com o CC/02, houve o 
reconhecimento da validade do casamento religioso. 
 Entretanto é necessário o cumprimento de certos requisitos estabelecido no 
CC quanto à habilitação: 
 - será realizado no templo religioso, sem prévia habilitação e, os 
interessados requererão seu registro no Cartório, no prazo de 90 (noventa) dias, 
sob pena de ser ato inexistente, relação de união estável e/ou concubinária. 
 Assim, sendo a habilitação ato posterior ao casamento religioso, o oficial do 
Cartório, a pedido dos nubentes, fará publicação dos editais. Confirmada a 
inexistência de impedimentos, fará o registro, de acordo com a prova do ato e os 
dados constantes do processo. Quando registrado produzirá os mesmos efeitos do 
casamento civil a contar da data da sua celebração. 
 
IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS – ART 1.521 CC/02 
 
Esses impedimentos caracterizam-se por criar obstáculos, de forma plena, 
para a realização do casamento que se confirmados sem que estes sejam 
observados, acarretará NULIDADE de pleno direito do mesmo. 
De acordo com o CC/02 são os mesmos em número de sete (VII), 
enumerados taxativamente. 
 
O Código de 1916 enumerava-os no sue art. 183, I a XVI, 
como: a) ABSOLUTAMENTE DIRIMENTES ou DIRIMENTES 
PÚBLICOS = Art. 183, I a VII, eram de ordem pública, sua 
transgressão acarretava a NULIDADE ABSOLUTA do ato; 
b) RELATIVAMENTE DIRIMENTES ou DIRIMENTES 
PRIVADOS = Art. 183, VIII a XII, sua transgressão pode 
acarretava a sua ANULABILIDADE, pois prejudicavam os 
 
4 ASSEF, Tatiana C. M. Direito de família e das sucessões. São Paulo: Habbra, 2004. 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
8 
interesses dos nubentes e só a esses interessava decretá-los 
ou não; 
c) MERAMENTE DIRIMENTES, PROIBITIVOS ou 
PRECATÓRIOS = Art. 183, XIII a XVI, sua transgressão não 
invalidava mas tornava-o IRREGULAR, punindo seu infrator. 
Só eram considerados se opostos tempestivamente e 
redundavam em punição ao infrator. 
 
A nova visão do art. 1521, afasta essa divisão e, sua transgressão acarreta 
a NULIDADE, visam preservar a raça, a moral, impedindo o casamento entre 
parentes consangüíneos, pessoas já casadas, etc. 
Tem finalidades muitas vezes finalidades eugênicas, preservando a 
procriação saudável e os princípios morais com o intuito de impedir os casamentos 
entre parentes consangüíneos, naturais, por afinidade e adoção, mantendo a 
monogamia, não permitindo os casamentos dos já casados e evitando as uniões 
com raízes em crimes, 
 Subdividem-se em resultantes de três categorias: 
 
1. Por parentesco – entre ascendentes e descendentes e parentes até o 3º 
grau – inc. I e IV; por afinidade – abrangendo os afins em linha reta – inc. 
II e por adoção – inc. III e V; 
2. De casamento anterior (de vínculo) – inc. VI; 
3. De crime- inc. VII e VIII. 
 
a) CONSANGÜINIDADE = O CC/02 impede as “núpcias 
incestuosas”, - o casamento entre parentes próximos pode gerar fetos 
defeituosos daí falar-se em preocupação com a eugenia. Não importando trata-
se de descendente havido do matrimônio ou não. Já os da adoção, que 
redundam em parentesco “civil”, são pautados nos princípios da “moralidade”. 
 
Os irmãos são parentes colaterais em 2º grau porque 
descendem de um tronco comum, e não um do outro e porque a 
contagem é feita subindo de um deles até o tronco comum (um 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
9 
grau) e descendo pela outra linha, até encontrar outro irmão 
(mais um grau) os impedimentos atingem os irmãos havidos ou 
não do casamento, sejam germanos (que tenham os mesmos 
pais) ou unilaterais (monoparentais); tios e sobrinhos são 
parentes colaterais de 3º grau – impedidos também de casar-se, 
mas o dec. 3.200/41 vem, permitir tal casamento, desde que os 
nubentes se submetam ao crivo do judiciário após exame pré-
nupcial de eugenia. Os primos podem casar-se, porque são 
colaterais de 4º grau.5 
 
b) AFINIDADE: parentesco por AFINIDADE é aquele que liga um 
cônjuge aos parentes do outro cônjuge e a contagem dos graus se dá da mesma 
forma, semelhantemente ao dos parentes consangüíneos – resultam do 
casamento. E esta proibição existe somente na LINHA RETA – DISSOLVIDO O 
CASAMENTO OS AFINS EM LINHA RETA PERMANECEM IMPEDIDOS DE 
CASAR-SE, POIS EM LINHA RETA O PARENTESCO NÃO SE EXTINGUE COM 
A DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO QUE A GEROU (“SOGRA É SOGRA PARA 
SEMPRE”). 
 JÁ NA LINHA COLATERAL NÃO CONSTITUI IMPEDIMENTO – 
QUANDO O INCISO FALA EM LEGÍTIMO OU ILEGÍTIMO quer referir-se que o 
VIÚVO, por exemplo, não pode casar-se com a enteada, seja esta legítima ou 
ilegítima de sua mãe. Mas poderá casar-se o CONCUBINO e a filha da sua EX-
CONCUBINA, PORQUE SÓ OS CASAMENTOS LEGAIS, VÁLIDOS GERAM A 
AFINIDADE E A UNIÃO ESTÁVEL FORMADA SEM IMPEDIMENTOS. 
 
c) ADOÇÃO: razões de ordem moral, respeito, confiança. Uma vez 
que a “adoção imita a família” mesmo com a dissolução do vínculo não 
desaparece o impedimento muito embora esta não seja uma posição pacífica 
tem prevalecido à doutrina que sustenta o impedimento – pois o filho encontra-
se em posição de IRMÃOS. 
 
 
5 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: família. 13 ed. São Paulo: Atlas, 2011. 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
10 
d) CASAMENTO ANTERIOR: prestigia a MONOGAMIA, predomina 
nos países cristãos. Tal impedimento só desaparece após a DISSOLUÇÃO DO 
VÍNCULO ANTERIOR PELA MORTE, ANULAÇÃO OU DIVÓRCIO – casamento 
RELIGIOSO anterior, como INEXISTELEGALMENTE, não gera impedimento. 
 
e) DECORRENTES DE CRIME: impedimentum criminis. Se houve 
condenação criminal e posterior divórcio, não podem os adúlteros unir-se em 
matrimônio. Somente o crime DOLOSO cria o impedimento – uma vez que no 
CULPOSO não à intenção de eliminar um cônjuge para casar com o outro. – 
“CONJUNGICÍDIO” – exige CONDENAÇÃO. SE FOR EXTINTA A PUNIBILIDADE 
OU SE FOR ABSOLVIDO INEXISTE O IMPEDIMENTO. 
A análise dos impedimentos gera a necessidade de antecipar o estudo do 
“PARENTESCO” e é o que a partir de agora faremos. 
 
 DAS CAUSAS SUSPENSIVAS 
 
 Que não impedem o casamento, não acarreta nulidade apenas ensejam a 
imposição de algumas restrições, sanções aos que não observarem as 
determinações legais do art. 1523 do CC/02. 
 Visam proteger filhos do casamento anterior e também a confusão de 
patrimônios. 
 Sendo assim a viúva, ou a que teve anulado o seu casamento, deve 
comprovar a inexistência de gravidez ou aguardar um prazo para convolar novas 
núpcias. Ou os viúvos devem partilhar os bens do casamento anterior para depois 
convolar novas núpcias. 
 Existe a prerrogativa, de solicitarem ao Juiz autorização para casarem sob 
o regime da separação obrigatória de bens (regime legal) nos termos do art. 1641 
inc. I do CC/02. Após regularização das causas suspensivas pode reverter o regime 
nos termos do art. 1639 CC/02. 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
11 
 É óbvio que a intenção do legislador foi protetiva dos filhos menores e do 
patrimônio. 
 
DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO 
 
Arts. 1525 a 1532 CC/02 - arts. 67 e segs. LRP (nº 6.015/73) 
 
O casamento é extremamente formal seguindo a um verdadeiro ritual a 
exigir uma série de solenidades. 
 
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS: 
 
- Certidão de Nascimento ou prova equivalente 
- Prova do domicílio (art. 7º da LICC), etc. ENUMERADOS NO ART. 
1.525 CC/02 e na LRP. 
 
Tal processo de habilitação dá-se perante o OFICIAL DO CARTÓRIO DO 
REGISTRO CIVIL – art. 1.526 CC/02 com o intuito de verificar/investigar a 
inexistência de IMPEDIMENTOS à realização do matrimônio e dar PUBLICIDADE a 
sua realização – tudo se processando no CARTÓRIO DO DOMICÍLIO DOS 
NUBENTES – se domiciliados em locais diversos os EDITAIS serão publicados em 
ambos a seguir: 
 
- afixar PROCLAMAS em locais visíveis do Cartório 
- publicar na imprensa local, se houver 
- dar vistas ao MP 
- o MP pode requerer documentos 
- se o MP impugnar o pedido caberá ao JUIZ decidi-la – SEM 
RECURSO – LRP art. 67 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
12 
- após 15 DIAS a contar da AFIXAÇÃO DO EDITAL (e não da 
publicação no jornal) libera-se a certidão que habilita ao casamento (o oficial) 
devendo ser a mesma utilizada nos próximos 90 (noventa) dias contados da data da 
certificação, sob pena de DECADÊNCIA 
- vencido o prazo far-se-á necessária nova habilitação – pois pode 
ter surgido algum impedimento. 
- havendo URGÊNCIA esta publicação pode ser dispensada pelo 
JUIZ – a lei não define se que tipo de necessidade caracteriza esta urgência – LRP – 
art. 69 e no caso de casamento nuncupativo. 
 
“O processo de habilitação tem a finalidade de comprovar que 
os nubentes cumprem os requisitos estabelecidos pela lei para 
o casamento. Devem ter capacidade (1.517 a 1.520), e não 
podem estar incluídos em qualquer hipótese de impedimento 
(1.521) ou causa suspensiva (1.523). Tem primordial 
importância à idade para o casamento não por ser necessário o 
suprimento da idade pelo Juiz, ou autorização dos pais ou 
tutores e, ainda para maiores de 60 anos altera o regime de 
bens para o legal da separação absoluta.”6 
 
Para a CELEBRAÇÃO do casamento uma série de solenidades devem ser 
observada para sua habilitação e posterior realização partindo-se dos: 
 
 OPOSIÇÃO DOS IMPEDIMENTOS: 
 
Para Orlando Gomes7, “é ato pelo qual alguém leva ao conhecimento do juiz 
a existência de determinado impedimento ao matrimônio de duas pessoas 
habilitadas a contraí-lo ou que, para esse fim, estejam se habilitando”. 
Tais impedimentos deverão opostos por escritos, instruídos com provas – a 
habilitação ou celebração será imediatamente suspensa e só prosseguirão depois 
de julgados. Podem por qualquer pessoa legitimada, quer quanto às causas 
 
6 FIUZA, Ricardo (coord.). Novo Código Civil comentado. 1ª ed. 8ª tiragem. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 1323-1324. 
7 GOMES, Orlando. Direito de família. 14 ed. ver. e atual. por Humberto Theodoro Júnior. Rio de Janeiro: Forense, 
2002. 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
13 
impeditivas, quanto suspensivas, até o momento da celebração, desde que 
provados. E devem ser invocados pelas autoridades do casamento. 
 Invocar falsamente quaisquer impedimentos pode redundar em ações civis 
ou criminais e perdas e danos, opostas pelos prejudicados. Como se vê a sua 
oposição é rigorosa. 
 
DA CELEBRAÇÃO E VALIDADE DO CASAMENTO 
 
O ato de celebração é por demais complexo iniciando com o processo de 
habilitação para fechar o ciclo com o assentamento do seu registro em livro 
próprio, em atos contínuos, conjuntos para ter uma celebração validade. Deve-se 
ressaltar que a habilitação e a celebração são institutos inconfundíveis, tendo o 
primeiro passo o caráter de ato preparatório do segundo que o sucede. 
Assim o casamento é um ATO SOLENE, cuja celebração deve seguir os 
rigores legais. 
 No MOMENTO DA CELEBRAÇÃO se ausentes as SOLENIDADES exigidas, 
por serem de ORDEM PÚBLICA, tornam o ATO INEXISTENTE (os quais têm 
efeitos de NULO) – a tradicional pergunta a ambos os NUBENTES se persistem no 
propósito de casar-se deve ser PESSOAL e VERBAL, manifestada em separado por 
cada um deles – devendo ser, necessariamente inequívoco, claro por um mero 
“SIM” ou um “GESTOS DE ASSENTIMENTO” – NÃO VALENDO, neste caso o 
“SILÊNCIO” – como ocorre nos contratos em geral ou em outras facetas do direito, 
como consentimento tácito – sendo imediatamente suspensa à sessão se um dos 
nubentes calarem-se ou recusar-se a confirmar a intenção de casar-se (art. 1514) – 
NÃO CABENDO RETRATAÇÃO NO MESMO DIA, para caso mesmo de mero 
gracejo – considerada NULIDADE VIRTUAL pois contraria norma expressa de lei e 
sendo somente irretratável a partir da declaração do celebrante, acarreta portanto 
a SUSPENSÃO DA SOLENIDADE. 
Sendo, ainda, imprescindível para sua validade: 
 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
14 
a) PUBLICIDADE: portas abertas – seja no Cartório ou outro local; 
luz acessa – se à noite. Esta publicidade é essencial, sob pena de 
ser impugnado por clandestinidade; 
b) TESTEMUNHAS: presenciais, parentes ou não dos nubentes. Em 
nº de 2 (duas) se durante o dia e sem restrições de não poderem 
assinar, ler,à noite, etc. quando dobra para nº de 4 (quatro) – no 
casamento nuncupativo esse nº sob para 6 (seis); 
c) AUTORIDADE COMPETENTE8: juiz de paz ou juiz de direito ou 
no caso do nuncupativo as pessoas não impedidas. O celebrante, 
estando presentes os nubentes ou seus procuradores (munidos 
da procuração com poderes especiais), as testemunhas, o oficial 
do Registro, iniciará a celebração do casamento, perguntando 
aos nubentes se ali estão de livre e espontânea vontade para 
calar-se. Diante da afirmativa que: SIM – QUERO, etc., declarará 
efetuado o casamento proferindo as palavras textuais implícitasno Art. 1535 in fine: 
 
“DE ACORDO COM A VONTADE QUE AMBOS ACABAIS DE 
AFIRMAR PERANTE MIM, DE VOS RECEBERDES POR 
MARIDO E MULHER, EU, EM NOME DA LEI, VOS DECLARO 
CASADOS”. 
 
Nesse momento, efetivamente, considera-se formalizado o casamento. 
Assim, para validade do casamento não basta à presença e vontade dos nubentes 
mas também da autoridade competente. 
 E, para ser válido, deve preencher algumas exigências, para sua existência 
jurídica. 
 
8 BRASIL. Lei nº 13.454 DE 12/01/2000 – Publicada no DOFMG – 13/01/2000 a pag. 4 coluna. 2 que “Dispõe sobre a 
Justiça de Paz”. Lei estadual promulgado pelo Governador Itamar Franco para regulamentar à carreira, em Minas Gerais, 
do Juiz de Paz. Entretanto tal lei não prosperou mas tem existência jurídica. 
 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
15 
 Desse modo, a AUTORIDADE competente para celebração é o JUIZ DE 
PAZ, na falta deste é o JUIZ DE CASAMENTOS ou o JUIZ DE DIREITO incumbido 
para tal ato segundo a localidade aonde este irá se realizar – a Lei de Organização 
Judiciária do Estado é que designará, sendo prevista uma lista com dois suplentes 
também nomeados e, somente estes poderão substituir o juiz titular– é uma função 
não remunerada. No caso de impedimento ou falta do Oficial do Registro este será 
substituído por um ESCRIVÃO AD HOC – ou seja, nomeado pelo presidente do ato 
e se em caso de urgência faltando o LIVRO DE REGISTRO lavrar-se-á TERMO 
AVULSO. O art. 173 da LRP trata do LIVRO DE REGISTROS – 0 assento do 
casamento neste é um ato de PUBLICIDADE servindo como MEIO DE PROVA da 
realização da cerimônia e a declaração do REGIME DE BENS – devendo assinar a 
mulher e/ou o homem com o nome que fez opção – se mantiverem ou não o de 
solteiros. 
A esses requisitos Venosa9 junta dois outros, também imprescindíveis: 
 
1. Sexo diferente (diversidade) homem e mulher 
2. Capacidade ou seja Consentimento dos nubentes 
 
De acordo com a visão doutrinária e a legislativamente o casamento, dentro 
do Direito Brasileiro é alicerçado como um : ato, absolutamente, formal, o mais 
solene, hoje dos negócios jurídicos, plurilateral (por exigir vontades que se 
contrapõem), celebrado intuito personae (baseado na confiança e laços afetivos do 
casal); dissolúvel (pode ser desfeito), realizado entre pessoas de sexos diferentes (o 
legislador pátrio ainda não consagra o casamento entre pessoas de um mesmo sexo 
e, alicerçado no disposto na CFR 88 mantém-se a posição de considerá-lo 
verossímil se realizado entre “homem e mulher” livres para a união).10 
 
 
 
9 Op cit. 
10 FIUZA, César. ob. citada p. 956. 
 
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16 
 CASAMENTO “HOMOAFETIVO” 
 
Pelo nosso ordenamento, não podemos considerar o casamento entre 
pessoas do mesmo sexo ressalte-se a decisão do STF quanto a União Estável a 
estes estendida. Resolução 175 CNJ em Anexo. 
 
DO QUEM CALA NÃO CONSENTE (art. 1514) 
 
Não pode haver silêncio mas, manifestação expressa. 
 
E, CAPACIDADE PARA TANTO – NÃO SE PODE CONFUNDIR: 
 
“IMPEDIMENTO COM INCAPACIDADE CIVIL” 
 
O “incapaz” não pode casar ou depende de requisitos de representação ou 
suprimento judicial e, quanto ao impedimento não pode casar com aquela pessoa, 
daquela forma – mas poderá casar-se com outra pessoa ou de outra forma. Logo 
não se pode confundir CAPACIDADE CIVIL com CAPACIDADE NÚBIL, esta última 
reporta-se ou aos IMPEDIMENTOS ou as atuais causas suspensivas. 
Faltando qualquer desses requisitos o ato é INEXISTENTE. Logo devem ser 
observados sob pena de NULIDADE; praticado com qualquer infração é ANULÁVEL 
ou sofrerá RESTRIÇÕES. 
Faltando esses requisitos o casamento será inexistente (diferente do nulo 
que fere norma de ordem pública). 
 Nesse caso nenhuma ação será proposta. 
 Ensina-nos Caio Mário: 
 
O ato nulo ou anulável, embora defeituoso, existe. Apenas deixa 
de produzir efeito, por não se integrar na sistemática da lei. Já o 
inexistente não é ato, é mera aparência de ato. Falta-lhe um 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
17 
pressuposto material, a constituição. Nisso reside à distinção, 
neste último é mera inexistência jurídica.11 
 
 
DA CAPACIDADE DOS NUBENTES E DAS CONDIÇÕES DO CASAMENTO: 
 
Para validade do casamento são requisitos: Idade núbil; capacidade sexual; 
consentimento íntegro; desimpedimento dos nubentes. 
 
IDADE NUPCIAL OU NÚBIL (art. 1517/1520 CC/02): 
 
= 16 anos completos autorizados pelos pais ou representantes legais 
(assistentes), na ausência dessa autorização dos pais/tutores. Na divergência de 
autorização, para os pais, pode haver o suprimento judicial arts. 1519 c/c 1631 e 
se par. único. Essa autorização pode ser revogada por PAIS ou TUTORES até a 
celebração do casamento com redação no art. 1518 (Lei 13.146/15). 
 Para o menor abaixo da idade núbil só com suprimento judicial, casamento 
anulável por força do art. 1550, I. No art. 1520 reporta a menor grávida e a 
situação daquele que a engravidou casar-se para livrar de pena criminal. 
Assim, excepcionalmente será admitido o casamento de menores abaixo da 
idade núbil (16 anos), para evitar a imposição de pena criminal, ou em caso de 
gravidez. 
A idade núbil para ambos 
 
HOMENS E MULHERES – será aos 16 anos completos – mas 
autorizados pelos pais, tutores ou curadores e, havendo divergência 
entre os representantes legais poderão recorrer ao Juiz para 
suprimento judicial (vide par. único do art. 1631 CC/02). 
 
Essa autorização poderá ser revogada até o momento da celebração. 
 
11 PEREIRA, Caio M. da S.Instituições de direito civil.: família. 25 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010. v VI. 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
18 
Confirmada a autorização pelos representantes ou pelo suprimento, cessará 
para o nubente a incapacidade. 
 A lei fala em idade mínima sendo omissa quanto à máxima – permite o 
suprimento da idade desde que o regime seja o da separação obrigatória de bens. 
Se o casamento realizar sem o suprimento será ANULÁVEL no prazo de 06 MESES 
(180 dias) há contar o dia em que o menor completar a idade mínima se a ação for 
movida por ele e, se for movida pelo representante da data do matrimônio ou em 
caso de morte desse pelos seus herdeiros. Por problema de idade, no entanto, não 
se anulará casamento resultante de gravidez – prevalecendo o regime da separação 
obrigatória de bens. (art. 1641) 
 
CASAMENTO NUNCUPATIVO 
 
 A expressão nuncupativos vem do latim e designa ato jurídico feito 
oralmente e não por escrito, verbal12. 
 É um casamento realizado in esgrimes, uma situação especial de 
CASAMENTO NUNCUPATIVO, que na urgência é realizado perante 06 
TESTEMUNHAS por falta de tempo de aguardar-se o juiz ou seus suplentes, pelo 
eminente risco de vida (art. 1540). 
 O casamento será realizado perante 06 (seis) testemunhas, com as quais 
os nubentes NÃO TENHAM PARENTESCO EM LINHA REAL OU COLATERAL ATÉ O 
2º GRAU. Realizado o casamento, as testemunhas deverão comparecer perante a 
autoridade judicial mais próxima, pedindo que lhes tome a termo as declarações de 
que o enfermo as convocou por sua livre e espontânea vontade; que ele corria 
perigo de vida,mas aparentava lucidez; e que, em suas presenças, declararam os 
nubentes à intenção de receberem-se mutuamente por marido e mulher13. 
 O juiz verificando o preenchimentos dos requisitos para habilitação, ouvido 
o Ministério Público e os interessados proferirá decisão. Caso reconheça esse 
 
12 ASSEF. Ob cit. p. 11. 
13 LISBOA, R. S. Manual de direito civil: direito de família e sucessões. 3 ed. São Paulo: RT., 2004. 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
19 
casamento como válido sua sentença será levada a Registro competente e seus 
efeitos retroagirão à data da celebração do ato. 
 Caso o cônjuge enfermo restabeleça e possa ratificar, no prazo acima, o ato, 
irá pessoalmente perante a autoridade competente. 
 
CASAMENTO POR PROCURAÇÃO 
 
 O casamento pode realizar-se mediante PROCURAÇÃO outorgada tanto 
pelo homem como pela mulher, com PODERES ESPECIAIS – ART. 1542 CC – 
lavrada por instrumento público – se ambos não puderem comparecer devem ser 
nomeados PROCURADORES DIFERENTES porque há obrigação legal de cada 
mandatário para com o interesses daquele que lhe outorgou os poderes para tanto 
– uma vez revogada a procuração ou tornada caduca pela morte do representado 
tem-se por INEXISTENTE por falta de consentimento – se o casamento foi 
celebrado com ignorância de tais circunstâncias por parte do mandatário ou do 
outro contraente – não se aplicando neste caso os princípios gerais do mandato – 
uma vez que o consentimento deve ser atual e não o manifestado meramente no 
momento da outorga da procuração poderá redundar na ANULABILIDADE do 
casamento nos termos do art. 1550, inc. V do CC/02. 
 Fique esclarecido que no casamento em iminente risco de vida só o 
nubente que não estiver nesse estado poderá fazer-se representar por procuração. 
 Essa procuração terá eficácia de 90 (noventa) dias e só se revoga por 
instrumento público. 
 
CASAMENTO EM CASO DE MOLÉSTIA GRAVE 
 
 Como uma das exceções abertas pelo legislador quanto as FORMALIDADES 
(solenidades) exigidas quanto à validade dum casamento 
 Nesse caso, Art. 1539 CC/02, pressupões ter havido habilitação anterior 
para o casamento com a expedição da respectiva certidão mas como o noivo(a) está 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
20 
impedido de locomover-se o juiz vai até ele num hospital, em casa, etc. juntamente 
com o Oficial do Cartório observadas às demais regularidades – se à noite com a 
presença de 04 testemunhas, se durante o dia, apenas 02 bastam. Podem , no 
entanto, ser dispensadas certas publicidades da habilitação ou mesmo esta ser 
posterior, equiparando a situação do nuncupativo. 
 
DAS PROVAS DO CASAMENTO 
Arts. 1543 a 1547 CC/02 
 
 Prova-se o estado de casado por dois meios: 
 
 
a) CERTIDÃO DO REGISTRO: conforme previsto no art. 1543 trata-se do sistema 
da prova pré-constituída podendo no entanto de acordo com o seu § único ser 
provado por outros meios – em caso de incêndio no Cartório, fraude, devendo-
se, nesse caso fazer-se à prova do fato – satisfaz-se por testemunhas, registros 
de passaporte, certidão dos filhos, etc. O meio próprio, hábil, para declarar a 
existência do casamento através de uma AÇÃO DECLARATÓRIA e a inscrição da 
sentença no registro será o meio hábil para produzir os efeitos necessários como 
prova legal do casamento. 
 
b) CASAMENTO REALIZADO NO EXTERIOR: Para o casamento realizado fora do 
Brasil o princípio é da LEX LOCI – local da celebração – com o documento 
autenticado segundo as regras do consulado – se já celebrado perante essa 
autoridade a certidão exarada será o documento hábil, nos termos do art. 1544 
ao entrar no Brasil, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias deverá ser levado a 
Registro no Cartório de Registro Civil do último domicílio, se este não houve no 
1º Ofício da Capital do Estado aonde vierem a estabelecer. 
 
 
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21 
 Nos termos do art. 7º, § 2º da LICC podem se casar, perante autoridade 
consular, pessoas da mesma nacionalidade, diversa da brasileira, podendo 
brasileiros convolar núpcias no exterior perante cônsul brasileiro (LICC art. 18) 
desde que observada à lei local, devendo, nesse caso proceder-se ao assento no 
Brasil nos termos acima, como também estatui o art. 32 da Lei 6015/73 (LRP).14 
 
c) POSSE DO ESTADO DE CASADOS: tal situação de more uxório só pode ser 
levantado pelos filhos e se mortos ambos os cônjuges – pode ser alegada em vida 
quando o casamento for impugnado – mas se houver dúvida entre as provas pró 
e contra a celebração na dúvida deve prevalecer in dúbio pro matrimonio . (art. 
1545) 
 A sentença nesses casos é declaratória retroagindo desde a data que ficou 
provada a relação matrimonial art. 1546 CC/02. 
 
ANTECIPAÇÃO DO TEMA: 
 
DO PARENTESCO NO DIREITO DE FAMÍLIA 
Arts. 1591 a 1595 CC/02 
 
 Dentro da história moderna do Direito vamos encontrar a formação da 
família ora por vínculos consangüíneos ora por vínculos de afinidade – gerando o 
parentesco que no sentido etimológico estaria ligado unicamente aos laços 
sangüíneos, mas analogicamente aplica-se aos por afinidade e num sentido lato ao 
chamado civil, por adoção. 
 Nas reminiscências do passado quando ainda havia uma forte 
preponderância da distinção e da importância do papel masculino na sociedade e, 
mormente, na família, havia uma classificação que estabelecia uma distinção entre: 
 AGNAÇÃO = parentes consangüíneos do lado MASCULINO 
 
14 GIANULO, Wilson. Novo Código Civil: explicado e aplicado ao processo. São Paulo: Jurídica Brasileira, 2003. p. 
1807. 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
22 
 COGNAÇÃO = parentes consangüíneos do lado FEMININO 
 AFINIDADE = aquele parentesco gerado entre um dos cônjuges e os 
 parentes do outro cônjuge 
 CIVIL = resultante da adoção 
 
 Estabelecendo-se inicialmente as relações de parentescos entre pais e filhos 
vejamos, a distinção entre irmãos: 
 
A - GERMANOS OU BILATERAIS = filhos do mesmo pai e mesma mãe – 
casados ou não 
B - UNILATERAIS {CONSANGÜÍNEOS – quando o pai é comum a 
ambos e a mãe não {UTERINOS – quando a mãe é comum a ambos e os 
pais diferentes. 
 (É A CHAMADA = FAMÍLIA MONOPARENTAL) 
 
 O parentesco estabelece-se em linhas, ou seja: 
 
A – LINHA RETA = única, infinita - sem limites de graus e, indissolúvel; 
B – LINHA COLATERAL = limitado pelo Direito Civil atual até o 4º grau na 
linha colateral, por consangüinidade e, até o 2º na linha colateral por 
afinidade. 
 
 A principal fonte do parentesco é o nascimento – fato jurídico – embora não 
seja a única porque também pode originar-se de um ato jurídico: o casamento, a 
adoção, a família natural. 
 Classificando-se em 03 categorias: 
 
1º- CONSANGÜÍNEO = entre pessoas do mesmo sangue, por força do 
casamento ou não, mas geradas a partir de um mesmo TROCO COMUM; 
 
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23 
2º- POR AFINIDADE = decorrente do casamento os parentes do 
marido/mulher serão também parentes ou vice-versa 
3º- CIVIL = decorrente da adoção 
 
 A 8.560/92 derrogou a visão do parentescolegítimo ou ilegítimo 
dependendo de seu fato gerador fosse o casamento – ex.: se os pais não eram 
casados os filhos eram considerados ilegítimos, tendo tal distinção sido 
expressamente abolida pela citada lei o que pretendeu o legislador foi adequar à 
legislação civil à nova realidade prevista no ART. 227 § 6º da CFR. 88 o mesmo 
fazendo em relação ao filho adotivo quando o termo “meramente” desaparece a fim 
de não se discriminar quer seja a 1ª quer seja a 2ª categoria de filiação – são 
simplesmente “parentes”, aplicando-se, assim, a todos os filhos sejam naturais, 
reconhecidos ou adotados, todos os parâmetros emergentes do parentesco. 
 Para se estabelecer dentro das linhas de parentesco à distância entre os que 
a ela estão ligados seja em L. RETA, seja em L. COLATERAL a medida utilizada é 
estabelecida em GRAUS (de parentesco) como a “forma de medir o parentesco de 
uma pessoa em relação à outra, usando-se a regra do art. 1594 do CC/02, 
desenvolvendo-se dentro dos seguintes exemplos de raciocínio: 
 
EX.: GRAU DE PARENTESCO ENTRE VOCÊ, O FILHO DE SEU TIO (PRIMO), 
IRMÃO DE SEU PAI15 
 
2º - Da união de seu AVÔ e AVÓ 3º entre VOCÊ e seu 
 nasceu seu PAI e seu TIO. Seu TIO, o parentesco é de 3º 
 AVÔ é seu parente em 2º. No nessa geração não está o 
 seu AVÔ surge a LINHA COLATERAL. seu PRIMO, FILHO de seu 
 ⋅ TIO descendo irá encontrá-lo 
1º – Seu PAI é a 1ª geração ligada 
 a VOCÊ corresponde ao 1º de o filho de seu TIO, seu 
 
15 ALBERGARIA, R. Dos filhos havidos fora do casamento. São Paulo, RT, 1996. 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
24 
 parentesco. Seu tio não nasceu PRIMO é seu parente em 4º 
 de seu PAI. O tronco comum está 
 no seu AVÔ suba até ele. 
 ⋅ 
0 – VOCÊ É O PONTO DE PARTIDA 
 seu 1º ascendente é seu PAI – 
 suba até ele 
 
 
(A CAPACIDADE DE “SUCEDER VAI ATÉ O 4º GRAU” – se não houver 
descendentes, ascendentes ou cônjuge sobrevivente – a afinidade em linha reta não 
se extingue somente na linha colateral.) 
 ASSIM “CONTAM-SE NA LINHA RETA OS GRAUS DE PARENTESCO PELO 
NÚMERO DE GERAÇÕES E, NA COLATERAL, DA MESMA FORMA, SUBINDO, 
PORÉM, DE UM DOS PARENTES ATÉ O ASCENDENTE COMUM E, DESCENDO, 
DEPOS, ATÉ ENCONTRAR O OUTRO PARENTE” 
 A afinidade é a relação que liga um cônjuge aos parentes do outro cônjuge 
– entre os afins em linha reta estão o sogro, o genro, o padrasto, o enteado, e na 
linha colateral, o cunhado. 
 
IMPORTANTE RELEMBRAR= O PARENTESCO POR A AFINIDADE NA LINHA 
RETA NÃO SE EXTINGUE COM A DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO QUE O 
ORIGINOU. O QUE IMPEDE CASAMENTO ENTRE SOGRO/NORA; 
GENRO/SOGRA, etc. 
 
ESQUEMA 
 
RELAÇÕES DE FAMÍLIA { vínculo de parentesco, afinidade e civil 
PARENTESCO { legítimo, ilegítimo, natural, civil 
TIPOS { linha reta e colateral 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
25 
GRAUS { mesmo tronco até o 4º colateral e infinito em linha reta 
 
INVALIDADES E CASAMENTO PUTATIVO 
 
Podemos dizer que outra modalidade de casamento: o PUTATIVO mas, 
para chegarmos a putatividade é necessária analisar as invalidades do casamento. 
Para entrar no campo das INVALIDADES é interessante recordar as regras 
básicas da distinção entre NULIDADE ABSOLUTA (ATO NULO) E NULIDADE 
RELATIVA (ATO ANULÁVEL): 
 
NULIDADES ABSOLUTAS NULIDADES RELATIVAS 
1. de ordem pública – 1521/1548 II 1. de interesse pessoal (art.1550) 
2. argüida por qualquer interessado, 
pelo MP o Juiz de oficio se restar 
provado - art. 168 /1549 
2. só poderá ser alegada pelos 
prejudicados ou seus representante – 
art. 177 
3. não sana, não supre, não ratifica, 
não convalida (1521, IV – exceção) 
3. sana, supre, ratifica, convalida (ex.: 
art. 1555, 1559) 
4. não pode ser suprida pelo Juiz, 
exceção 1521, IV. 
4. pode ser suprida pelo Juiz de officio. 
5. não sofre o decurso do tempo 5. sofre o decurso do tempo 
decadencial (ex. 1560). 
 
 
DA INVALIDADE DO CASAMENTO 
 
 O casamento pode ser: INEXISTENTE; NULO; ANULÁVEL 
 Numa forma ampla as três decorrem do gênero CASAMENTO INEFICAZ, do 
qual são espécies. 
 O legislador tratou desse assunto, de forma taxativa, nos dispositivos 1548 
ao 1564 do CC/02, prevendo, inclusive, suas conseqüências. 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
26 
 O casamento é um fato social logo ele não interessa somente aos nubentes 
mas pode ter reflexos na sociedade subordinando-se a regras obrigacionais e 
patrimoniais. Dessa forma as nulidades no casamento não se confundem 
totalmente com as nulidades relativas aos atos e negócios jurídicos em geral: não 
há nulidades virtuais mas só expressa ou textuais. 
 
a) CASAMENTO INEXISTENTE: para que um casamento exista mister se faz à 
presença dos requisitos que são essenciais a sua realização, ou seja: sexo 
diferente, consentimento e celebração com as formalidades legais. Logo, ”UM 
CASAMENTO PODE EXISTIR e NÃO SER VÁLIDO – TER SOMENTE A 
APARÊNCIA DE CASAMENTO”. (teoria do ato inexistente não absorvida pelo CC 
mas hoje plenamente admissível no campo dos fatos jurídicos) – não está sujeito 
a PRECRIÇÃO OU DECADÊNCIA – muito embora “o nada” não exija forma para 
se desfazer necessário não haverá interposição da competente ação competente 
para declarar a nulidade e, ATENÇÃO – NÃO SERÁ CASO DE “CASAMENTO 
PUTATIVO” MAS DE INEXISTENTE. O casamento inexistente, ao contrário do 
nulo ou anulável, não prescinde de declaração de invalidade por sentença 
judicial. 
 
b) CASAMENTO INVÁLIDO QUE PODE SER ‘NULO OU ANULÁVEL – de acordo 
com o grau do interesse atingido. 
 
- NO CASAMENTO NULO = AÇÃO PRÓPRIA – “DECLARATÓRIA DE NULIDADE” = 
com efeitos ex tunc retroagindo à data da celebração – não se podendo confundir 
esse efeito se o casamento for PUTATIVO em razão da BOA-FÉ de um dos 
cônjuges, pois quanto a esse se modifica o efeito validando os atos 
anteriormente ocorridos. 
 
- NO CASAMENTO ANULÁVEL = AÇÃO PRÓPRIA = DECLARATÓRIA DE 
ANULABILIDADE ou ANULATÓRIA, efeitos ex nunc – esse efeito irretroativo foi/é 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
27 
sustentado por juristas de renome como Orlando Gomes e Maria Helena Diniz, 
já contrariamente, igualmente renomados, sustenta/ sustentaram PONTES DE 
MIRANDA, CLÓVIS BEVILÁQUA, etc. 
 
 Qualquer das duas são “AÇÕES DE ESTADO” que versam sobre 
“DIREITOS INDISPONÍVEIS” – sendo sempre OBRIGATÓRIA à presença do 
“MINISTÉRIO PÚBLICO” não mais necessária à presença do “CURADOR DO 
VÍNCULO”. 
 Ambos sujeitam-se ao DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO – com reexame ex 
oficio. Com prazo DECADENCIAL para sua propositura. 
 
I – QUANTO AO CASAMENTO NULO – Art. 1548 Inc. I = por DOENÇAS 
MENTAIS GRAVE, foi revogado pela Lei 13.146/15. Hoje a absoluta 
incapacidade somente com a transgressão aos IMPEDIMENTOS do art. 1521 
CC/02. O casamento enquanto não declarado nulo produz efeito quanto aos 
DEVERES CONJUGAIS e ao REGIME DE BENS – como o efeito da sentença é de 
declarar NULO DESDE A SUA CELEBRAÇÃO – ex tunc - uma vez decretada à 
nulidade o casamento não produzirá efeitos – só aproveitam aos interesses de filhos 
– mas bens que haviam se comunicado retornam ao estado anterior – ao antigo 
dono – não tendo validade o PACTO ANTENUPCIAL porventura celebrado. QUANTO 
A LEGITIMIDADE para propora ação consta do ART. 1549 CC – qualquer 
interessado com legítimo interesse econômico ou moral e o Ministério Público ou o 
Juiz de oficio. 
 
II – QUANTO AO CASAMENTO ANULÁVEL : Ao contrário da NULIDADES do 
casamento que atingem, de modo direto, os princípios que regem a estrutura da 
sociedade a ANULABILIDADE deste diz respeito apenas aos interesses 
particulares dos sujeitos envolvidos, conferindo-se a estes a faculdade de 
requerer, invocar ou não a anulabilidade do ato. Porque este casamento não 
representa ameaça a ordem jurídica e com o decurso do tempo ele convalecerá. As 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
28 
hipóteses de anulabilidade começam a ser invocadas no ART. 1550 CC/02. O 
Inciso IV desse artigo 1550 foi alterado pela Lei 13.156/15 o p. único 
tornou-se o § 1º e foi acrescentado o § 2º de casamento nulo (1548, I – 
revogado) passou a anulável o casamento com deficiências. 
Trata dos menores que não completaram a idade núbil para casar-se como 
anulabilidade mas ressalva que não se anulará em razão de gravidez (1551), 
visando proteger a família. 
A legitimidade para propor essa ação, no prazo de 180 dias, será: do menor 
ao atingir a capacidade; do representante da data da celebração; dos herdeiros 
necessários a contar da data da morte do incapaz. 
Também será anulável por vício da vontade nos termos doas arts. 1556 e 
1558 em caso de erro essencial contra a pessoa do outro e coação, neste último 
caso, afastando a figura do temor reverencial do art. 153 do CC/02. 
Quanto ao art. 1557 ele é taxativo e, somente nos casos nele previstos 
poder-se-ia invocar o erro. Venosa e outros autores expressamente afastam a figura 
do dolo pois, por norma de ordem pública prepondera o vício do erro – o enganado 
é que tem legitimidade para mover a anulabilidade. Após a Lei 13.146/15 o Art. 
1557 teve seu Inc. III alterado tendo nova redação e Inciso IV revogado – com 
isso houve reflexo no art. 1559 tirando a ressalva do inc. IV por sua 
revogação. 
O casamento por coação que, sob a égide do CC/16 estava enquadrado no 
revogado art. 100 não conduzia a anulabilidade. Entretanto hoje, pelo art. 1558, 
absorvendo a tese de Sílvio Rodrigues16 afastou o temor reverencial e admitiu a 
anulabilidade. 
Entretanto há a ressalva do art. 1559 que prevê, salvo nos casos dos 
incisos III do art. 1557 a coabitação com convivência com o vício afasta a 
anulabilidade. 
 
16 RODRIGUES, Silvio. Instituições de direito civil: família. São Paulo: Saraiva, 2003. v.7. 
 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
29 
Pelo art. 1560 os prazos vão de 180 dias a 04 anos, prazo decadencial, para 
correr atrás das anulabilidades. 
O casamento produzirá todos os efeitos enquanto não anulado por sentença 
transitada em julgado – podendo ser convalidado caso não seja interposta a AÇÃO 
ANULATÓRIA dentro do prazo que citados que reafirmo: são de DECADÊNCIA e 
MUITO BREVES – cabe somente a PARTE INTERESSADA sua interposição 
(LEGITIMIDADE ATIVA) – Desfaz o casamento como se nunca tivesse existido – 
entretanto há quem sustente efeitos, como já vimos, ex nunc à sentença 
 
DO CASAMENTO PUTATIVO 
Art. 1561 CC/02 
 
 Constitui também forma válida de casamento, reconhecido legalmente : o 
casamento putativo, desde que presentes os requisitos essenciais para tal 
validade. 
 
 Mas podemos afirmar que o casamento ou é VÁLIDO ou é INEFICAZ – este 
último seria o gênero do qual são a espécie a INEXISTÊNCIA, A NULIDADE E A 
ANULABILIDADE. 
 Muito embora NULO ou mesmo ANULÁVEL, se contraído de BOA-FÉ por 
um ou ambos os cônjuges – art. 1561 CC/02 – produz efeitos de matrimônio válido 
para o cônjuge de boa-fé. A boa – fé significa, por exemplo, a ignorância da 
existência de impedimentos à união conjugal. O ônus da prova cabe a quem alega – 
pode decorrer de ERRO (defeito do ato) – Na sentença o juiz pode declarar a 
putatividade de ofício ou a requerimento das partes – se a sentença for omissa pode 
ser objeto de embargos de declaração. Os efeitos desse casamento são de VÁLIDO. 
Um casamento por coação pode também ser considerado putativo. Os efeitos da 
sentença prolatada quanto a essa espécie de casamento são ex nunc, pois jamais 
afetará os direitos já adquiridos – já os efeitos do casamento são ex tunc pois muito 
embora dissolvido (como no divórcio) produziu efeitos enquanto vigiu – cessando 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
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apenas para o futuro. Operando para os cônjuges como dito acima efeitos de 
casamento válido – produzem efeitos quanto à emancipação, regime de bens, etc. 
em relação àquele que era inocente ou estava de boa-fé. Quanto a alimentos há 
divergência, não é matéria tranqüila, uns entendem que se estendem para o futuro 
outros que cessa – no STF, maioria para a manutenção para o cônjuge de boa-fé 
que dele necessitar. Quanto aos filhos hoje já não pairam dúvidas, após a CFR. 88 
seus direitos estão totalmente assegurados. 
 
DOS EFEITOS JURÍDICOS DO CASAMENTO 
 
A expressão comunhão plena pressupõe a reciprocidade entre os consortes 
para assistência, moral, espiritual, financeiras mútuas, bem como auxílio para 
perseguir os interesses comuns. 
Assim o legislador impõe certos deveres matrimoniais que devem ser 
seguidos sob pena de dar assas a dissolução da sociedade conjugal. Com o 
casamento existe a isonomia entre os cônjuges; fidelidade recíproca; vida em 
comum não sendo exigível que seja more uxória; mútua assistência e sustento 
guardam e educação dos filhos e consideração mútuos. 
Regras advindas da própria CF/88 (229) e recepcionadas pelo CC/02 (1568). 
Em sendo o casamento realizado no estrangeiro em consulados, embaixadas 
sob a égide da legislação pátria em retornando ao Brasil para aqui fixar domicílio o 
que primeiro chegar deverá, no prazo de 180 dias, providenciar o registro do 
mesmo no cartório do domicílio para onde forem ou no Cartório do 1º Ofício de 
Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado onde forem residir. 
 
DIREÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL 
 
Será exercida com mútua colaboração sempre no interesse do casal e dos 
filhos (1567) Direitos e deveres iguais (isonomia conjugal). Na divergência pode-se 
recorrer ao judiciário. No impedimento de um deles na administração o outro 
 
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administrará com autonomia: lugar remoto; encarcerado por mais de 180 dias; 
interditado; enfermo. 
DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL 
 
“Ante o advento da Emenda Constitucional nº 66/2010 (PEC 
do Divórcio), que alterou o art. 226, §6º da Constituição 
Federal, uma série de dúvidas foram suscitadas a respeito da 
sua devida interpretação. Isto porque o novo texto 
constitucional possui redação que enseja duvidosas 
interpretações acerca do seu real alcance. Em princípio, 
massificou-se – inclusive pela mídia –, que o resultado 
interpretativo teria provocado o fim dos prazos outrora exigidos 
para o pedido de divórcio, bem como, causado o fim da 
separação judicial. Outras correntes surgiram, entendendo que 
os prazos foram eliminados, porém a separação subsistia, ou, 
ainda, que a Emenda não teria provocado qualquer alteração 
no regramento infraconstitucional. Destarte, urge um estudo 
aprofundado do tema, tendo em vista a carência de trabalhos 
nesse sentido e a premente necessidade da imediata aplicação 
prática do novo dispositivo nos Tribunais, Cartórios e Varas de 
Família”. (Adalberto BorgesFilho) 
 
Antes e Pós Edição da EC/66, de 14 de julho de 2010: 
 
As modalidades que põem termo ao casamento nos termos do art. 1571 do 
CC/02. 
O casamento era indissolúvel até o advento da Emenda Constitucional nº 1 
de 1969 que passou a considerá-lo dissolúvel mas consolidado pela EC nº 09 de 
1977 admitindo o divórcio por uma única vez, após 3 anos de união. 
 
Art. 175. A família é constituída pelo casamento e terá 
direito à proteção dos Poderes Públicos. 
 § 1º O casamento é indissolúvel. 
§ 1º - O casamento somente poderá ser dissolvido, 
nos casos expressos em lei, desde que haja prévia 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
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separação judicial por mais de três anos; (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 9. de 1977) 
Com o advento da Lei 6.515/77 – LEI DO DIVÓRCIO passou a ser admitido 
segundo o interesse das partes envolvidas. 
Até a entrada em vigor no CC/02 em 11.01.2003 as separações e divórcios 
eram regulados por esta norma. 
Outrossim não se pode confundir o término da sociedade conjugal que se 
dá com a separação judicial e a extinção do vínculo que só se opera pela MORTE, 
DIVÓRCIO, NULIDADE ou ANULABILIDADE ou na PRESUNÇÃO DA MORTE NA 
AUSÊNCIA APÓS A SUCESSÂO DEFINITIVA. 
 
DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL NO NOVO CÓDIGO CIVIL 
 
Com o advento da Lei do Divórcio (Lei 6.515/1977) e desde a entrada em 
vigor do novo Código Civil, o legislador elencou as hipóteses para o término da 
sociedade conjugal, quais sejam: morte de um dos consortes, nulidade ou anulação 
do casamento; separação judicial; e divórcio. 
 
No NCPC art. 731 a 733. 
 
Cumpre ressaltar que o término da sociedade conjugal não se confunde 
com a extinção do vínculo entre os consortes como referido acima, o art. 1.571, §1º, 
estabelece que: “O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges 
ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao 
ausente”. 
 
MORTE DE UM DOS CONSORTES 
 
A morte de um dos consortes é a hipótese mais objetiva de dissolução da 
sociedade conjugal. Pela própria impossibilidade fática de manutenção do 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
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casamento, a morte extingue tanto o vínculo quanto à sociedade conjugal em si 
mesma. 
Com a extinção do vínculo e da sociedade conjugal, o cônjuge supérstite 
poderá convolar novas núpcias, obedecidas às causas suspensivas descritas nos 
incisos I e II do art. 1.523 do novo Código Civil, ou seja: 
 
a. o viúvo ou a viúva que tiverem filhos com o cônjuge falecido não deverão 
casar enquanto não fizerem o inventário dos bens do casal e derem a partilha 
aos herdeiros, salvo se provarem a inexistência de prejuízo para a prole; e 
b. a viúva não deverá casar em até 10 (dez) meses a contar do começo da 
viuvez, salvo se provar a inexistência de gravidez ou o nascimento do filho na 
fluência desse prazo. 
 
NULIDADE OU ANULABILIDADE DO CASAMENTO 
 
 Termina a sociedade conjugal pela nulidade ou anulação do casamento. 
Conforme já dito em capítulo anterior, as nulidades do casamento assentam-se na 
violação de princípios de ordem pública, acarretando a invalidade do ato. Por outro 
lado, a anulação consiste no vício de consentimento de um dos nubentes, quando o 
vínculo entre eles formou-se de maneira defeituosa. 
 Desse modo, caberá a propositura de ações competentes para o 
reconhecimento das causas que culminarão com o término da sociedade conjugal e 
as conseqüências dela advindas. 
 
A SEPARAÇÃO JUDICIAL O NOVO CPC TRAZ EM SEU CONTEÚDO O DIREITO 
DOS CÔNJUGES DE UTILIZÁ-LA SEM QUE SEJA REQUISITO PRÉVIO PARA O 
DIVÓRCIO 
 
SEPARAÇÃO JUDICIAL 
 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
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 A polêmica de seu ressurgimento opcional no NCPC17: 
 
O IBDFAM também tentou impedir a inclusão do instituto da separação 
judicial no Novo CPC, inicialmente, considerada extinta pelo Senado, no 
PLS 166/2010. Após, receptada na Câmara dos Deputados, e mantida no 
texto sancionado. 
 
Para o jurista Rolf Madaleno, o texto é contraditório ao propor medidas em 
prol da celeridade dos processos judiciais ao mesmo tempo em que retoma 
a separação judicial. “É contraditório, na medida em que retoma o instituto 
da separação nas duas versões, consensual e litigiosa. Permitindo - em 
tese, porque na prática a separação judicial litigiosa é inviável - se o 
demandado reconvir rediscutir a culpa. Se existe todo um esforço para a 
conciliação, um bom começo seria manter sepultada a separação judicial”, 
disse. 
 
A separação caiu em desuso desde a promulgação da Emenda 
Constitucional nº 66, em 2010. Proposta pelo Instituto, a EC suprimiu prazos 
desnecessário e facilitou o Divórcio. No entanto, o texto final do novo CPC 
incluiu a separação judicial como uma “opção” para os casais. 
 
Quando a separação judicial acabou, também acabou a discussão da culpa 
pelo fim da conjugal idade. Isto significou acabar com as brigas e os longos 
e sofridos processos judiciais onde se ficava procurando um culpado pelo 
fim do casamento. O próprio Estado - Juiz acabava estimulando e 
sustentando os degradantes processos de separação judicial litigiosa. 
 
Além disso, este instituto era usado como pretexto para uma suposta 
“preservação” da família, o casal tinha um tempo exigido por lei para se 
requerer o divórcio (um ano da sentença que decretou a separação judicial 
ou dois anos da separação de fato). 
 
Apesar da força normativa constitucional e do entendimento majoritário da 
doutrina e da jurisprudência de que não existe mais a separação judicial, 
aplicando-se o divórcio direto sem exigência de prazos e discussão de 
causas, formou-se uma corrente conservadora contrária à Emenda 
Constitucional nº 66/2010. Esta corrente assevera que a separação judicial 
co-existe com o divórcio direto sem exigência de prazos. Teoria incorporada 
no novo CPC. 
 
 “A ressurreição do instituto da separação judicial em minha opinião é 
natimorta, pois colide com a Emenda Constitucional 66/2010, que autoriza 
requerer o divórcio a qualquer tempo. Logo, se um pedir a separação 
judicial ou outro, em reconvenção feita na própria contestação, requerer o 
divórcio, que é mais abrangente e inviabiliza o processamento da 
separação. Portanto, na prática só haverá separação judicial litigiosa se 
 
17 MADALENO, Rolf. Disponível em: http://www.ibdfam.org.br/noticias/ 5571/Novo+C%C3%B3digo+de +Processo+ 
Civil+%C3%A9+sancionado. Acesso em: 06.mar.2016. 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
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ambos os cônjuges assim desejarem, terá de ser sempre uma coisa de dois, 
nunca uma coisa de um dos cônjuges. E se for julgada a separação judicial 
jamais poderá ser convertida em divórcio, porque não existe a figura da 
conversão, portanto, precisarão promover o divórcio diretamente”, aponta o 
advogado. 
 
 Arts. 731 a 733 do NCPC. 
 A separação judicial dissolve a sociedade conjugal, deixando intacto o 
vínculo matrimonial, de modo que é vedado a quaisquer dos cônjuges a convolação 
de novo casamento enquanto não estiverem divorciados. 
 O ordenamento jurídico pátrio não admite a separação judicial por ato 
unilateral, mas tão-somente por meio de acordo de vontades de ambos os consortes 
(separação consensual) ou pela existência de uma causa legal que enseje a 
propositura da ação de separação litigiosa, que pressupõe uma decisão judicial. 
 A sentença proferidaem ação de separação judicial, embora não ponha termo 
ao vínculo propriamente dito, gera alguns efeitos para os cônjuges, tais como: 
 
a. implica a separação de corpos e conseqüente extinção dos deveres de 
coabitação e de fidelidade recíproca; e 
b. decide sobre a partilha de bens, em conformidade com o regime adotado 
pelos consortes. 
 
Denomina-se separação judicial o gênero sob o qual se encontram 
albergadas as espécies: separação consensual, separação litigiosa e separação 
cautelar. Vejamos. 
 
SEPARAÇÃO LITIGIOSA 
 
 É aquela que resulta de sentença proferida em ação proposta por um dos 
consortes contra o outro, provando-se a ocorrência de fato que importe em violação 
aos deveres do casamento e a insuportabilidade da manutenção da vida em 
comum. 
 
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 Podem caracterizar a impossibilidade da manutenção da vida em comum. 
a. adultério (manutenção de relações sexuais extraconjugais); 
b. tentativa de morte; 
c. sevícia (atos de crueldade ferina, maus-tratos) ou injúria grave; 
d. abandono voluntário do lar conjugal por 1 (um) ano contínuo; 
e. condenação por crime infamante; 
f. conduta desonrosa; ou 
g. quaisquer outros fatos, apresentados ao juiz, desde que verificada a 
veracidade das alegações e a impossibilidade de manutenção da vida em 
comum. 
 A ação de separação litigiosa obedecerá ao rito ordinário e, devido ao seu 
caráter personalíssimo, poderá ser proposta unicamente pelo cônjuge que não lhe 
deu causa, salvo nos casos de incapacidade do cônjuge inocente, quando então 
será este representado pelo seu curador, ascendente ou irmão. Em qualquer caso, 
será obrigatória a interveniência do Ministério Público. 
A ação de separação judicial litigiosa poderá ser precedida de ação de 
separação cautelar, não sendo, contudo, obrigatória à propositura desta antes 
daquela. 
O cônjuge poderá ainda requerer a separação judicial litigiosa quando o 
outro estiver acometido de doença mental grave, manifestada após o casamento e 
desde que essa enfermidade torne inviável a manutenção da vida conjugal. 
(Para tal caso a lei exige que, após o decurso de 2 (dois) anos, a cura da 
doença mental tenha sido reconhecida improvável – (dúvidas sobre prazos diante 
da EC. 66/10). 
Reverterá ao cônjuge enfermo, que não houver pedido a separação judicial, o 
remanescente dos bens que levou para o casamento, assim como a meação 
daqueles adquiridos na constância da sociedade conjugal, se o regime de bens 
adotados o permitir. 
 
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Exceto nesses casos, poderá o cônjuge requerer a separação judicial 
provando a ruptura da vida em comum há mais de 1 (um) anos e a impossibilidade 
de sua reconstituição. (dúvidas sobre prazos diante da EC. 66/10). 
Entre as conseqüências da ação de separação judicial litigiosa está a 
proibição da manutenção do nome de família pelo cônjuge culpado. Sendo assim, 
perderá ele o direito de usar o sobrenome do outro, desde que expressamente 
requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração não acarretar: 
 
a. evidente prejuízo para sua identificação; 
b. manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da 
união dissolvida; 
c. qualquer outro dano grave reconhecido na decisão judicial. 
 
Por outro lado, o cônjuge inocente também poderá renunciar ao direito de 
utilizar o sobrenome de seu consorte, culpado na ação de separação litigiosa. 
 
SEPARAÇÃO CONSENSUAL 
 
Esta espécie de separação judicial, também conhecida pelo nome de 
separação por mútuo consentimento, dispensa a motivação dos consortes para a 
extinção da sociedade conjugal, porém há de ser homologada pelo juiz para ter 
eficácia. 
A separação consensual pode ocorrer tanto por livre iniciativa dos 
consortes, que, em comum acordo, peticionam à autoridade judiciária requerendo a 
extinção da sociedade conjugal, como também no curso da ação de separação 
litigiosa, quando a parte contrária, na tentativa de conciliação, aquiesce sobre o 
pedido formulado pelo autor, ou seja, concorda com a separação por ser 
insustentável a manutenção da vida em comum. 
Orlando Gomes esclarece que “a separação consensual, como negócio 
jurídico bilateral, tem como fim precípuo legalizar a conveniência dos cônjuges da 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
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dissolução da sociedade conjugal, tanto na ordem pessoal como na patrimonial. É 
fonte de direitos e obrigações unitariamente entrosados numa situação jurídica 
indivisível e inalterável, no conteúdo, pela vontade das partes”. 
Conforme se vê, a separação consensual é um concurso de vontades que 
depende, para sua eficácia no mundo jurídico, de homologação judicial. A 
legitimidade para requerer a separação consensual é exclusiva dos cônjuges, desde 
que comprovado que estejam casados há mais de 1 (um) ano (dúvidas sobre prazos 
diante da EC. 66/10). 
A sentença que homologar a separação consensual porá fim ao regime 
matrimonial e decidirá sobre a partilha dos bens comuns, se houver. A partilha 
seguirá a intenção dos cônjuges, conforme exposto na peça exordial da ação de 
separação, cumprindo ao juiz verificar se não há infração à lei ou prejuízo 
injustificado a uma das partes. 
No art. 1574, parágrafo único, ressalte-se que: “O juiz pode recusar a 
homologação e não decretar a separação judicial se apurar que a convenção não 
preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de um dos cônjuges”. 
Ocorrendo separação consensual, os cônjuges poderão optar por manter ou 
não o sobrenome do outro. 
 
SEPARAÇÃO CAUTELAR DE CORPOS 
 
A separação cautelar de corpos art. 1562, como o próprio nome diz, 
consiste na ação cautelar preparatória para a ação de separação propriamente dita. 
É regida pelo Código de Processo Civil e consiste na determinação pelo magistrado, 
a pedido da parte interessada, de tutela de urgência nos termos do art. 300 NCPC 
são medidas acautelatórias com a finalidade de garantir o resultado útil da ação 
principal. 
Por exemplo, caso os consortes agridam-se fisicamente, o magistrado 
poderá determinar a separação de corpos antes mesmo da ação de separação 
 
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judicial propriamente dita, já que a separação cautelar consiste na suspensão 
autorizada do dever de coabitação. 
Uma vez obtida a separação de corpos na ação cautelar, o cônjuge deverá propor a 
ação principal no prazo de 30 (trinta) dias, nos termos do art. 308 e seguintes do 
NCPC. sob pena da perda da eficácia da medida cautelar que deferiu a suspensão 
do dever de coabitação entre o casal. 
 
RECONCILIAÇÃO 
 
 Estabelece o art. 1.577 que: “Seja qual for à causa da separação judicial e o 
modo como está se faça, é lícito aos cônjuges restabelecer, a todo tempo, a sociedade 
conjugal, por ato regular em juízo”. 
 Note-se que o legislador estabeleceu que a sociedade conjugal pudesse ser 
restabelecida pelos cônjuges, a qualquer tempo, enquanto não houver sido 
decretado o divórcio. Contudo, necessário se faz que o pedido de reconciliação seja 
formalizado nos autos da própria ação de separação e reduzido a termo pelo 
magistrado. Se a separação judicial já houver sido convertida em divórcio, e 
supondo-se que os consortes tenham a intenção de unirem-se novamente, deverão 
fazê-lo por meio de novo casamento, não sendo possível a reconciliação nesta 
hipótese. 
A reconciliação põe termo à separação, restabelecendo-sea sociedade 
conjugal nos moldes em que fora inicialmente constituída, ou seja, restauram-se os 
deveres recíprocos, o regime de bens etc. 
O direito de terceiros, adquirido antes e durante o estado de separados, não 
será prejudicado pela reconciliação, não importando qual seja o regime de bens 
adotado pelos consortes. 
 
 
 
 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
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DIVÓRCIO DIRETO – EFEITOS EC. 66/10 
 
 Inicialmente havíamos dito que o casamento válido só se dissolve pela 
morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, de modo que estes dois institutos 
tratam especificamente do término da sociedade conjugal e da extinção do vínculo 
entre os cônjuges. 
O divórcio independe HOJE da comprovação de que os cônjuges 
encontram-se separados de fato há mais de 2 (dois) anos, como também poderia 
advir de uma conversão de separação judicial em divórcio, após 1 (um) ano a contar 
do trânsito em julgado da sentença que houver decretado a separação judicial ou 
da decisão concessiva da medida cautelar de separação de corpos. Esses prazos 
contidos no derrogado Art. 1580 do CC/02 desapareceram diante do texto atual do 
§ 6º do Art. 226 da CFR/88. 
A legitimidade tanto para requerer o divórcio direto como a conversão da 
separação em divórcio será exclusiva dos cônjuges, salvo se o cônjuge for incapaz 
para propor a ação ou defender-se, quando então será representado por seu 
curador, ascendente ou irmão. 
 A ação de divórcio será promovida por um ou por ambos os cônjuges. Se 
requerida por apenas um deles, o outro será chamado para contestá-la, e a matéria 
defesa estará restrito ao não cumprimento do decurso do prazo ou ao 
descumprimento das obrigações assumidas pelo requerente na separação judicial. 
 O pedido de conversão da separação em divórcio não poderá ser negado 
pelo magistrado se cumpridas as formalidades legais. Será competente para julgá-
lo o Juízo que houver decidido sobre a separação judicial (conversão de separação 
em divórcio) ou o domicílio do guardião (divórcio direto), em conformidade com o 
art. 53, I, do NCPC. 
 A conversão da separação litigiosa em divórcio será decretada por sentença, 
sem que conste expressa menção da causa que a determinou. 
 A sentença proferida em ação de divórcio tem natureza HOMOLOGATÓRIA, 
decretando a dissolução do vínculo matrimonial e fazendo cessar para os consortes 
 
DIAS, Maria Berenice Dias – Manual do direito das famílias. 9 ed. São Paulo, RT, 2014. 
 
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todos os deveres matrimoniais. Uma vez transitada em julgado à sentença de 
divórcio, para que produza seus regulares efeitos, deverá ser levada a registro, 
fazendo-se a averbação à margem do assento de casamento. 
 Vale lembrar que o divórcio não modificará os direito e deveres dos pais em 
relação aos filhos, assim como novo casamento de qualquer um deles não poderá 
importar restrições aos direitos e deveres em relação os filhos. 
 O legislador apresenta uma particularidade interessante: o divórcio poderá 
ser concedido sem que haja prévia partilha dos bens. Mas nesse caso – é nosso 
entendimento -, os consortes não deverão contrair novas núpcias até que não se 
decida sobre a partilha dos bens. 
 Por fim, se o divórcio não estiver, caberá às partes decidir quanto à 
manutenção ou não do nome de família por um ou por outro. 
 Os Tribunais têm decidido pelo DIVÓRCIO DIRETO nos termos da EC. 
66/10 sem qualquer decurso de prazo e aqueles que por ventura continuam 
adeptos da separação prévia o Juiz consulta sobre a conversão e em seguida 
extingue o processo sem julgamento do mérito.

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