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O HOMO FABER EXILADO
(Duque e Galvão)
Do Homo Faber Ao Homem-Fábrica
	Desde que o Homem tomou consciência de si mesmo, ante ele se colocou, como seu grande desafio, o mundo exterior. Sob pena de parecer, viu-se obrigado a se adaptar a ele, ou a adaptá-lo a suas crescentes necessidades, para isso criando práticas e equipamentos adequados - e historiar esse processo criativo é escrever a própria História da Humanidade.
	Por via dos sentidos, chegam ao excepcionalmente volumoso e complexo cérebro-humano as impressões ambientais, nele decodificadas e recodificadas ao infinito, informando as reações do homem em relação ao meio. Base fisiológica e corporal do ato de criar e fazer pelo qual se define o Homo Faber, cérebro e mãos se conjugam: pelas mãos o indivíduo age sobre seu contexto material, pela linguagem se apropria do universo, sobre ele reflete, comunica sua visão das coisas, suas descobertas e invenções.
	Tudo isso, porém, requer controle de corpo e desenvolvimento da mente: o primeiro, fisiológico, exercido pelo sistema nervoso, e o segundo, psicológico e social, efetuado pela educação em todos os seus aspectos, desde a mais complexa formulação de lógica matemática até o adestramento no elementar manuseio de uma chave de fenda.
	Os meios de que dispõem os animais para enfrentar o mundo são estritamente corpóreos, e só em escassa medida transmissíveis, por imitação. Os do homem, ao contrário, permitem-lhe desenvolver equipamentos quase exclusivamente extra-corpóreos (afora as atividades cerebrais e o condicionamento físico), e majoritariamente transmissíveis ao resto da sociedade de modo consciente e sistemático, o que lhe faculta criar condições para sobreviver em qualquer meio, passando dias sob a calota polar em submarinos nucleares, ou semanas na estratosfera, em naves orbitais. Bastou-lhe, para isso, pagar o preço de criar, fabricar e aprender a usar seu instrumental. Assim, desde o fabrico das primeiras facas de pedra polida até o lançamento de uma nave interplanetária, tanto a educação em seu sentido mais amplo quanto um de seus aspectos mais específicos, o treinamento, se revelaram facetas vitais da evolução social.
	De geração em geração, a humanidade acumulou um acervo de impressões e observações, informações e experiências, erros e acertos cujo somatório constitui sua herança cultural.
	A necessidade de perenizar e aperfeiçoar essa herança implicava sua transmissão sistemática, gerando processos e sistemas educacionais fundados nos padrões culturais do grupo e legitimados por instituições tanto mais abrangentes e complexas quanto mais complexo e abrangente era o próprio grupo: primeiro, a Família; depois, a Igreja; a seguir, a Escola; e, finalmente, o Estado e outras formas organizacionais complexas.
	Milênios atrás, em tempos de caça difícil, a fome impede meia dúzia de desconfiados trogloditas a uma caçada em grupo. Um deles, mais atilado, traça a tática e dá os sinais. Morta e devorada a caça, estão de certa forma institucionalizados o trabalho e sua divisão, lançados os embriões de uma estrutura organizacional e iniciada a atuação dos líderes e administradores de nossos tempos. E, na medida em que uns orientam os outros sobre a postura a adotar nesta ou naquela situação de caça, ou os adestram para melhor usar a clava, estão surgindo, a nível social, a educação e o treinamento. O mais, desde então, é desenvolvimento.
	Usando para fins didáticos simplificações talvez um tanto excessivas, pode-se dizer que, considerado como “o potencial de mão-de-obra de uma sociedade”, ou seja, suas forças produtivas, o trabalho usa para o desempenho de seu papel elementos materiais como a terra, animais, metais, ferramentas, fontes energéticas, máquinas, etc., por isso mesmo designados meios de produção. A partir da estrutura de propriedade e manipulação desses meios de produção na sociedade, em cada etapa histórica, configura-se o seu modo de produção, que, em outras palavras, se funda no tipo de relacionamento ou relações de produção existentes entre o trabalho e os detentores dos meios de produção. E, se as relações de produção derivam da maneira de usar e usufruir dos equipamentos e práticas criados pelo homem para dominar o mundo exterior, segue-se que a evolução das relações de produção na sociedade humana constitui em última instância a própria história dessa sociedade, ao menos a de suas estruturas básicas.
	Em seus traços essenciais, nossa cultura deriva da européia ocidental, e nesse contexto evoluiu nossa história. Durante milênios, desde o surgimento da propriedade privada dos meios de produção, na mais remota antigüidade, o traço dominante nas relações de produção ocidentais foi o escravismo, ou seja, o emprego do trabalho escravo, ou afim disso, principalmente na agropecuária, extração mineral e comércio.
	As atividades artesanais, embriões da futura indústria, recorriam também ao escravismo na maioria das regiões e oficinas, fazendo-se a transmissão de experiências, o aprendizado do trabalho, de modo repetitivo e imitativo. Nas cidades maiores, porém, onde o proletariado urbano tinha como clientela as classes ricas, as oficinas de artesanato iam gradualmente apresentando sinais de maior sofisticação na divisão e especialização do trabalho, e, conseqüentemente, na transmissão de conhecimentos sobre ele, seus materiais, métodos e técnicas.
	Durante cerca de mil anos, entre a desagregação do Império Romano e a do Feudalismo, as relações de produção na Europa Ocidental evoluíram do escravismo puro e simples ao servilismo: abrandava-se a sujeição homem-homem, passando-se a outra, menos direta, transformadora do indivíduo em “servo da gleba”, do campo e de sua aldeia, virtual prisioneiro da terra em que vivia, consumindo quase tudo o que produzia, produzindo por suas próprias mãos quase tudo o que necessitava. Alguns mais aptos e melhor qualificados para o artesanato, eram atraídos para a produção daquilo de que necessitavam os senhores da terra e, mais tarde, abandonando esses auto-suficientes núcleos agropecuários, foram-se fixando em aldeias livres, depois em cidades, cada vez mais produzindo para o comércio local e externo. Iam-se configurando, então, novas relações de produção, em que um número crescente de pessoas (embora sempre minoritário em relação à sociedade como um todo) detinha os meios de produção: era a transição do modo de produção feudal para o pré-capitalista, na esfera de influência da cultura européia ocidental, já que a evolução era distinta nas áreas africanas e, sobretudo, asiáticas, predominando outros sistemas, tal como o chamado “modo de produção asiático”, cuja análise fugiria aos objetivos deste trabalho.
	A partir do século XI, a sociedade medieval européia sofreu profunda alterações. O renascimento do comércio e das cidades afetou e foi afetado pelas transformações do trabalho e das relações de produção. Daí até os séculos XVI e XVII a economia ampliou-se sucessivamente do restrito âmbito local ao regional, deste ao nacional (com a formação dos chamados Estados Nacionais Modernos) e ao internacional: do quase nenhum mercado e escassa circulação monetária da Idade Média, chega-se à economia do dinheiro e dos muitos mercados dos séculos XVII - XVIII, com base no crescimento agrícola, na exploração colonial da América - África - Ásia, na diversificação do artesanato, cada vez mais se diferenciando em indústria. E, naturalmente, um novo modo de produção pressupõe novas relações de produção e novos métodos de trabalho.
	Dado fundamental, neste período, para a compreensão da evolução do trabalho, é o fenômeno das Corporações de Ofícios: tecelões, ourives, barbeiros, pedreiros, etc., agrupados para regular e controlar o trabalho, garantir a transmissão de pai para filho, dos meios de produção e dos conhecimentos e técnicas de seu uso, bem como para assegurar-lhes o mercado de trabalho e os preços e/ou remuneração de seus produtos e serviços. Na fase inicial, a especialização do trabalho resumia-seà área - tecidos, por exemplo - e não a etapas - fiação, tecelagem, tintura, corte e costura, acabamento; assim, cada membro da corporação participava e se beneficiava de todas as etapas, desde a concepção inicial (criação de uma roupa com tais e quais características ) até sua comercialização, o que era propício ao desenvolvimento de uma visão conceptual do trabalho, ou seja, da criatividade em sua execução. Daí, faltavam uns poucos passos para a multiplicação e sofisticação das técnicas e da tecnologia e para a especialização do trabalho (à medida que mais e mais se firmava o capitalismo), incluindo uma transmissão sistemática dos conhecimentos a ele relativos.
	Também nesse sentido foram importantes as corporações, plasmando as concepções ocidentais sobre o trabalho como instituição social (e não simples atividade de indivíduos ou grupos para sua mera subsistência), a partir de sua hierarquizada estrutura de Mestres de Ofício, Artesãos ou Jornaleiros e Aprendizes - note-se, aqui, o treinamento específico para o trabalho, no próprio local de sua execução.
	O artesão era o operário qualificado que, levando suas ferramentas ou instrumentos de ofício (colher de pedreiro, navalhas, tesouras, agulhas, etc.), colhia experiências nas oficinas de vários mestres, ganhando como diarista, ou jornaleiro (designação ainda hoje usada, vinda de “jour”, dia e “journée”, jornada diária de trabalho em francês).
	Alguns artesãos mais experientes e qualificados, e cujas posses lhes permitiam adquirir oficinas e matéria-prima, tornavam-se mestres; mas esse título não lhes advinha do investimento de capital feito e sim de prova pública de competência, ao realizar diante dos demais mestres um trabalho perfeito (“obra-de-mestre”, “obra-prima” - em francês, “chef-d’oeuvre”), tornando-se então Mestre de Ofício ou Oficial - daí “oficial de barbeiro” ou “oficial de pedreiro”, como ainda hoje se diz, em contraposição ao que hoje seria um “servente de pedreiro”, mais ou menos o que, nas corporações era o aprendiz.
	Este, estreitamente ligado por laços profissionais e pessoais ao mestre, aprendia a trabalhar ficando a seu serviço por um período variável de três a sete anos, recebendo em troca do trabalho feito o treinamento para o futuro exercício daquele ofício como artesão; às vezes, o aprendiz até vivia na oficina.
	Note-se que, de início, resumia-se a oficina ao mestre e aprendizes. Depois, crescendo-se o número de profissionais qualificados e os preços das matérias-primas, das ferramentas e dos próprios pontos de trabalho, cresceu também o número dos artesãos forçados a trabalhar como assalariados, tanto mais que as corporações afunilavam o mercado, limitando o acesso ao grau de Mestre - os únicos que podiam dirigir oficinas. Na medida em que as corporações e suas oficinas passaram a produzir para o mercado, implantou-se o conceito de lucro, outrora banido pelo cristianismo medieval, e se vulgarizou a situação dos artesãos jornaleiros, abrindo-se à força o sistema corporativo para um crescente assalariamento, em que nem mais de suas ferramentas os artesãos eram donos (o que agravou com a adoção de máquinas), levando a relações de produção sucessivamente pré-capitalistas e capitalistas, com o crescente predomínio do capital sobre o trabalho.
	Principalmente a partir dos séculos XVII e XVIII, o capitalismo imprimiu à sociedade européia ocidental e às áreas sob sua influência cultural um novo padrão histórico em que já não bastava a produção: só a produtividade maximiza os lucros.
	Para isto, o caminho óbvio era enfatizar a indústria e nela extrair o máximo do trabalho humano. Não mais interessavam as oficinas tradicionais, nem havia tempo a perder treinando aprendizes. Tratava-se agora (século XVIII para XIX) de massas de trabalhadores concentrados em galpões e locais semelhantes - primeiro, manufaturas ainda meio rudimentares, mais tarde indústrias propriamente ditas.
	Eis a Revolução Industrial, introduzindo um novo conceito do homem como força de trabalho: anacroniza-se o artesão, surge o operário. Para enfrentar o desafio do mundo exterior o Homo Sapiens se descobrira e se fizera Homo Faber, o ser capaz de construir equipamentos e criar práticas que o armavam para dominar o meio ambiente. Fizera-se artesão e artífice, e vencera, de revolução em revolução no curso da História. Mas, vitoriosa a Revolução Industrial, eis o Homo Faber exilado, transformando em homem-fábrica: o operário despojado totalmente dos meios de produção, de qualquer liberdade criativa em seu trabalho, até mesmo desconhecedor do trabalho como um conjunto, já que apenas mecanicamente comparecia à fábrica, mediante um salário determinado, para executar a etapa do trabalho que lhe cabia, sem nada a ver com as etapas executadas pelos companheiros nem com os lucros que o produto acabado conferia aos detentores dos meios de produção.
	Obter produtividade industrial significava reduzir movimentos, simplificar etapas, economizar insumos: era a especialização cada vez maior do trabalho e sua racionalização até cronométrica, fenômenos típicos da Revolução Industrial do século XIX, que viriam a ser levados a extremos de quantificação pela Revolução Tecnológica do século XX.
	O modo capitalista de produção - ou o “modo industrial de produção”, como querem alguns amantes do eufemismo - demostrou-se assim essencialmente concentrador dos segmentos essenciais do sistema de produção nas mãos dos detentores dos meios de produção, cada vez mais minoritários. Conhecedor apenas de um aspecto ou uma pequena parte do produto final, ademais, o homem comum, responsável direto pela produção de bens e serviços, viu-se alijado da criação - e, obviamente, dos benefícios maiores da produção, já que o sistema definiu o salário como o quinhão do trabalho, reservando ao capital o quinhão majoritário dos lucros. Consumava-se o exílio do Homo Faber.
	Um corolário importante desta divisão, especialização e racionalização do trabalho foi o das novas condições restritivas de acesso do homem ao que hoje se denomina “mercado de trabalho” (designação, aliás, que bem configura a conceituação da força de trabalho como mercadoria a barganhar).
	De fato, desde o surto manufatureiro de fins do século XVIII e do século XIX, já não se tratava mais de lidar com ferramentas rudimentares, mas sim com máquinas cada vez mais complexas. Não se concebia mais gastar tempo e dinheiro com aprendizes, à moda antiga: quem quisesse trabalhar, que aprendesse na forma de subemprego com muito esforço e sub-remuneração. Já no século XIX, porém, começaram a ser sentidas as necessidades de treinamento para o trabalho, a nível institucional, começando embrionariamente a atuar, nos países mais industrializados, escolas e cursos ditos “profissionais”; por outro lado, como a mecanização da produção reduzira o emprego de mão-de-obra, barateando os custos e, portanto, aumentando os lucros, a conseqüência óbvia era o desemprego, tornando-se cada vez mais difícil para o homem comum obter trabalho para o seu sustento e da família.
	Colocava-se assim, de pronto, para os trabalhadores, em geral a necessidade de bem aprender seu trabalho para ganhar competitividade num mercado em que a concorrência era cada vez mais agressiva. Este é o primeiro grande momento do treinamento profissional, quando a iniciativa pertence aos próprios trabalhadores. Já no segundo momento a iniciativa partiria dos patrões, enfim apercebidos de que era mais lucrativo treinar seus empregados atuais, para deles obter melhor produção com maior produtividade, do que dispensá-los e admitir outros, num rodízio evidentemente prejudicial a todos os interessados.
	
	Realmente, de início, a busca da aprendizagem profissional era individual. Mais tarde, o Estado e alguns segmentos da iniciativa privada perceberam ser de seu interesse investir na formação de mão-de-obra, ou mesmo em algumas áreas econômicas básicas. Começou o Estado, assim, a investir no sistema educacional, estimulando-seigualmente os setores privados, com o tempo, a fazê-lo.
	Tal necessidade de Treinamento, porém, só encontrou eco real na medida em que os detentores dos meios de produção e das máquinas burocráticas estatais se deram conta do fato de que treinar os recursos humanos disponíveis significa, a partir das habilidades e conhecimentos já existentes, aperfeiçoá-los para incremento da produtividade, o que na empresa privada significa maiores lucros, e se reflete, na máquina estatal, em termos de maiores rendimentos sociais.
	A partir dessa tomada de consciência, iniciada na segunda metade do século passado e realmente desenvolvida em nosso século, começou efetivamente a tomar corpo a tendência empresarial aos investimentos na formação e desenvolvimento de recursos humanos.
ABORDAGENS ORGANIZACIONAIS DO TRABALHO E DO TREINAMENTO
	A transição entre o século anterior e este presenciou um explosivo crescimento das economias capitalistas. As empresas em geral, a administração pública, todos os setores da produção de bens e serviços chegaram a graus diversos de expansão e, em vários casos de gigantismo, que deixaram totalmente superados, por amadorísticos e empíricos, os métodos e técnicas tradicionais de administração. A complexibilidade crescente das novas organizações atuantes na economia e na sociedade exigia uma abordagem que aplicasse à administração os novos métodos científicos.
	Economistas clássicos, desde Adam Smith e David Ricardo, e vários outros após eles, já haviam estudado diversos princípios e sugestões para reformular a administração, os quais se multiplicaram nas últimas décadas do século XIX, principalmente quando começaram a pulular os primeiros conflitos mais graves resultantes da concentração e da concorrência indústrial e comercial, tanto internamente, em cada país, quanto a nível internacional. De fato, principalmente após 1870, configura-se um quadro geral de crise de crescimento do sistema capitalista, cujos diversos fatores se inter-potenciavam: insatisfações operárias, expressas nos movimentos sindicalistas; crescimento diversificado e desordenado das organizações econômicas; baixo rendimento das aplicações empresariais por inadequação administrativa; perda de controle da produção e comercialização por decisões mal formuladas e critérios empresariais empíricos e superados; intensa concorrência interna e internacional; altas dos preços das matérias-primas; etc.
	Impunha-se assim aos empresários reformular seus princípios administrativos - ou, em outros termos, impunha-se criar algo que fosse realmente uma Teoria da Administração.
	Durante todas essas décadas, à divisão e especialização do trabalho soma-se a sua racionalização, numa primeira fase expressa simplesmente por um rigoroso controle de trabalho: fixação rígida da jornada de trabalho; estabelecimento de metas mínimas de produção por jornada, coletivamente e, sobretudo, por operário; normas contra a distração (proibição de conversa, fumo, bebida) e os afastamentos do local de trabalho, etc. Todavia, era ainda relativamente pequena a interferência dos administradores e chefes imediatos na maneira pela qual cada operário realiza suas tarefas; a preocupação era fixá-las e verificar-lhes o resultado final, embora tendências a tais interferências já aparecessem.
	Na virada do século, porém, essas interferências já eram bem mais claras, aparecendo, por exemplo, na cronometragem de movimentos e etapas de trabalho, até chegar, mais tarde, ao estudo, planejamento e determinação, a nível organizacional, dos modos pelos quais as diversas tarefas deveriam ser executadas. Buscava-se, assim, o incremento da produção e da produtividade (embora ao preço da violência contra o indivíduo), através da aplicação de métodos da ciência moderna à Administração. Encontramo-nos, aí, com os trabalhos de Taylor e Fayol, as idéias de Ford e outros, diante da administração cientifica, também considerada por alguns autores como sendo, hoje, o que já se poderia chamar de “escola clássica da administração”.

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