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Analise Pinoquio

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Análise: Pinóquio às avessas
O livro Pinóquio ás avessas, traz através de uma história infantil, uma reflexão acerca da relação escola-aprendizagem. O livro conta a estória de Felipe, um menino curioso e perguntador, que gosta muito de pássaros. O garoto começa a estudar esperando que na escola seria o lugar onde responderiam a suas perguntas, porém, aos poucos ele começa a perceber que não seria bem assim.
Na escola tradicional o ensino é transmitido pelo professor, este segue um roteiro de estudo determinado por alguém do governo. No livro, Felipe apresenta dificuldades em se adaptar na escola, já que não estava interessado em aprender o que ali era ensinado. A curiosidade de Felipe o trouxe pensamentos autônomos, contudo, a escola o tratava como uma “tábula rasa”, alguém que ainda não deteve nenhum conhecimento até então e, assim, ignorando suas diferenças e interesses individuas.
Rubem Alves, no personagem de Felipe, representa o lado curioso das crianças que estão começando a conhecer o mundo em que as cercam e depois demonstra como esse anseio pela descoberta vai morrendo, quando Felipe passa a entender que estava na escola para assimilar e repetir o que o professor ensinava, além de ter que seguir um cronograma de aprendizagem anual.
Embora o autor traga aspectos negativos do método tradicional, Rubem não nega a sua eficácia. Ele demonstra isso ao frisar que Felipe não só conseguiu se adaptar na escola, como também se tornou o melhor aluno da turma e conseguiu alcançar o objetivo de tanto esforço para aprender, se formar e ter uma carreira de sucesso.
É indiscutível que Rubem traz uma reflexão sobre a necessidade de mudanças no ensino das escolas brasileiras. Admirador da abordagem humanista, o autor de Pinóquio ás avessas disse em uma de suas entrevistas que o papel do professor não é ensinar coisas (português, matemática, historia, ...), e sim, ensinar a pensar e provocar a inteligência, ademais, deve ser respeitada a autenticidade da criança, visando a liberdade e autonomia de cada um. “Seria bom se, na escola, fosse como na corrida de Dodô. Cada um corre com uma velocidade diferente e, ao final, todos recebem prêmios”. (Alves, 2010. Pag. 34)
Vale ressaltar que esse livro também faz referência a abordagem comportamental. Como quando os pais de Felipe planejaram um futuro para sua vida. E como ele, de início, não consegue se adaptar na escola, seus pais o levaram ao psicólogo onde foi diagnosticado com distúrbio de atenção que é quando a atenção está no lugar que o coração deseja e não no lugar onde o professor manda.
Outra referência ao método comportamental é quando Felipe sonha que a escola é uma grande maquinha transformadora, onde as crianças entram como gente e saem como robôs idênticos.
Ao contrário de Pinóquio, que só vira gente de verdade quando vai para escola, o conto de Rubem Alves é apresentado assim, às avessas para provocar uma reflexão que suscite mudanças significativas em favor de uma educação verdadeira, edificante, que preserve na criança - no ser humano - a capacidade de sonhar, de criar, de transformar, de se realizar.

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