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Diretrizes para educação do paciente com diabetes mellitus

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257
2014-2015 Diretrizes SBD
Diretrizes para educação do paciente 
com diabetes mellitus
INTRoDUção
O diabetes mellitus (DM) é uma doença 
crônica que exige mudanças de hábi-
tos e desenvolvimento de comporta-
mentos especiais de autocuidado que 
deverão ser mantidos por toda a vida. 
A educação em diabetes é a principal 
ferramenta para a garantia desse auto-
cuidado, permitindo o autocontrole 
por parte do paciente.
A educação em diabetes deve se 
estender aos familiares e/ou cuidado-
res, para garantir o envolvimento da 
maioria das relações do paciente e pro-
mover a manutenção dos novos hábi-
tos e comportamentos adquiridos.
As Diretrizes da Sociedade Brasi-
leira de Diabetes (SBD) para a Educa-
ção em Diabetes têm como objetivo 
orientar os profissionais da saúde a 
incorporar e utilizar esta ferramenta 
em todas as suas práticas com pessoas 
com diabetes, considerando as especi-
ficidades de cada grupo de pacientes, 
bem como definir as condições míni-
mas e qualidade indispensáveis a um 
programa de educação, além de esti-
mular o desenvolvimento de progra-
mas educativos partindo de um currí-
culo baseado em evidências científicas.
DEFINIção E oBJETIVoS
A educação em diabetes, além de ser 
um processo contínuo de facilitação e 
acesso ao conhecimento, deve promo-
ver o desenvolvimento de habilidades 
necessárias para o autocuidado e para 
o gerenciamento do diabetes pelo 
próprio paciente e/ou familiar/cuida-
dor. A educação em diabetes evoluiu 
muito nos últimos anos e as técnicas 
atuais para o estímulo e treinamento 
do autocuidado utilizam um modelo 
mais focado no paciente, buscando 
promover mudanças de comporta-
mento mais positivas. Só podemos 
considerar a educação em diabetes 
efetiva se esta resultar em “mudanças 
e/ou aquisição de comportamentos”; 
caso contrário, estaremos somente 
transmitindo informações.
A educação em diabetes também 
pode ser a interface entre a prática clí-
nica e a pesquisa e deve incorporar as 
necessidades, os objetivos e as experiên-
cias de vida do indivíduo, levando em 
consideração as evidências científicas.
Os principais objetivos da educação 
em diabetes são:
•	 Reduzir as barreiras entre as pes-
soas com diabetes, seus familia-
res, as comunidades e os profis-
sionais da saúde.
•	 Promover a autonomia das pessoas 
com diabetes com relação aos seus 
hábitos no trato com a doença.
•	 Melhorar os resultados clínicos.
•	 Prevenir ou retardar o apareci-
mento do diabetes ou de suas 
complicações agudas e crônicas.
•	 Proporcionar qualidade de vida.
•	 Para o alcance desses objetivos, 
é preciso capacitar e motivar o 
indivíduo para as escolhas ade-
quadas ante as diversas situações, 
para que este desenvolva com-
portamentos de autocuidado e 
possa solucionar problemas mais 
comuns do seu dia a dia. 
•	 A capacitação e a motivação 
devem ser feitas por profissionais 
e equipes qualificadas em educa-
ção em diabetes.
•	 Evidências da efetividade da edu-
cação
EVIDÊNCIAS DA EFETIVIDADE 
DA EDUCAção Do PACIENTE 
CoM DIABETES
A educação é fundamental para o 
sucesso do manejo do diabetes (D).1-11
Para promover a educação do 
paciente, é necessário mais do que 
programas educativos estruturados. 
Os profissionais devem ser prepara-
dos para reconhecer as diferenças 
individuais dos pacientes e identificar 
suas necessidades, além de desen-
volver habilidades para comunicação 
e uso de diferentes estratégias didáti-
cas, considerando as especificidades 
da educação de adultos, já a partir do 
atendimento individual para, então, 
elaborar e implementar programas 
educativos (D).12
São essenciais a prática do trabalho 
em equipe interprofissional, e conside-
rar sempre o envolvimento dos pacien-
tes nas tomadas de decisão (D).13
258
Diretrizes SBD 2014-2015
Os programas educativos devem 
ser planejados e elaborados de acordo 
com a idade, o nível sociocultural, as 
necessidades identificadas e visar ao 
alcance de objetivos definidos previa-
mente. Esses objetivos devem ser defi-
nidos em conjunto com os pacientes 
e avaliados durante, ao final e após um 
período de tempo predeterminado, após 
retorno à rotina pelos mesmos (D).9,14
As evidências apontam para as 
vantagens de programas de educação 
em grupo, que apresentam a melhor 
relação custo-efetividade (A).15-17 No 
entanto, nos programas de educa-
ção para crianças e adolescentes, os 
melhores resultados são relativos aos 
efeitos psicossociais do que quanto ao 
controle glicêmico (A).18-21
Apesar da relação de custo-be-
nefício apontar para os programas de 
educação em grupo, o processo educa-
tivo mais individualizado garante esta-
belecer metas e prioridades para cada 
um dos pacientes e garante que cada 
paciente siga seu ritmo e seu tempo.
A educação em diabetes maximiza 
a efetividade do tratamento conven-
cional e facilita o manejo de novas 
tecnologias (incluindo automonitora-
mento de glicemia, análogos de insu-
lina e sistema de infusão contínua com 
insulina e monitorização contínua com 
glicose). Seus resultados se tornam 
mais efetivos se houver disponível uma 
estrutura de educação, e que os dife-
rentes processos de educação ocorram 
por intermédio de equipe multipro-
fissional preparada e trabalhando de 
forma interdisciplinar com interação, 
atenção e envolvimento das pessoas 
com diabetes e seus cuidadores em 
todas as etapas (D).2,4,5,7
A literatura mostra também a efe-
tividade da educação de adultos com 
diabetes tipo 2 (DM2) na melhora de 
seus resultados clínicos e na qualidade 
de vida avaliada a curto prazo (A).15,22-29 
Mas para isso os profissionais da saúde 
necessitam de treinamento especiali-
zado nas técnicas e nos princípios da 
prática de educação para promover o 
autocuidado e para implementar uma 
abordagem de mudança comporta-
mental com sucesso, considerando a 
complexidade do paciente com DM2, 
cujas doenças associadas à faixa etária 
e os hábitos de vida de muitos anos 
são mais complexos (C, D).30-32
Teorias e ferramentas para educação 
de adultos, bem como o uso de situações 
problematizadoras, são essenciais nos 
programas educativos (C, D).33-36
O conteúdo e a forma de desen-
volvimento de programas de educação 
estruturados necessitam de revisão 
periódica, considerando as mudanças 
na tecnologia e no manejo do diabe-
tes, a prática local e o acesso aos recur-
sos por parte dos pacientes (D).2,6,7,21
Intervenções de educação basea-
das em princípios teóricos e psicoe-
ducacionais que integrem a rotina de 
cuidados clínicos e técnicas cognitivas 
comportamentais têm se mostrado 
mais efetivas quando se utilizam novas 
tecnologias no cuidado do diabetes, 
como, p. ex., o uso de mensagens de 
texto pelo celular como veículo de 
motivação (A, C).18,21,37,38
A avaliação de um programa de 
educação e o acompanhamento indi-
vidualizado são essenciais e devem 
focar nos resultados obtidos, como a 
melhora da adaptação psicossocial, 
o alcance dos objetivos definidos em 
conjunto entre a equipe e o paciente 
para gerenciamento do diabetes, o 
impacto do controle glicêmico sobre 
a qualidade de vida e a prevenção das 
complicações (D).18-21
 A educação em diabetes deve, 
portanto, ser continuada, aprofundada 
e individualizada (D).39
Programas que incorporam estra-
tégias comportamentais e psicosso-
ciais têm demonstrado melhores resul-
tados (B, D).9-11,40-43
Estudos também demostram que 
programas dirigidos a faixas etárias 
específicas e adaptados à cultura das 
pessoas e/ou dos grupos envolvidos 
são os que apresentam os melhores 
resultados (C, D).12,40-42,44-47
Devemos ressaltar que todas as 
iniciativas baseadas em pesquisas (por 
exemplo, o estudo DAWN, Diabetes Atti-
tudes, Wishes and Needs, demonstram 
que podemos oferecer melhor qualidadede vida a pessoas com doenças crônicas, 
como diabetes, por meio do método de 
perguntar, ouvir e responder.48 Assim, 
podemos achar a chave da comunica-
ção e e auxiliar no desenvolvimento do 
autocuidado de pessoas portadoras de 
diabetes. Sabemos que as barreiras psi-
cossociais causam diversos problemas 
para um adequado controle glicêmico e 
prejudicam a iniciativa do autocuidado. 
Para realizar um método educativo efi-
ciente, devemos encontrar as ferramen-
tas ideais de comunicação e dar impor-
tância ao diálogo para obter excelência 
no tratamento multidisciplinar.
DIRETRIZES
As diretrizes contidas neste docu-
mento refletem os dados atuais 
baseados nas evidências científicas 
seguidas pela Comissão Consultiva da 
SBD dos Departamentos de Educação 
em Diabetes e de Psicologia.
Não se pretende que estas diretri-
zes de educação em diabetes sejam 
adotadas para a exclusão dos atuais 
padrões já desenvolvidos nos serviços 
regionais. Entretanto, estas podem 
ser incorporadas ou utilizadas como 
modelos para o desenvolvimento das 
próprias normas dos serviços.
Estas diretrizes também sugerem 
opções de indicadores para medir a 
qualidade da educação em diabetes.
Partindo das recomendações 
sugeridas pela Federação Internacio-
259
2014-2015 Diretrizes SBD
nal de Diabetes (IDF), entidade à qual 
a SBD é filiada, desde 2008 programas 
de educação são realizados para pro-
fissionais da saúde em todo o territó-
rio nacional. Estes programas foram 
elaborados com base no currículo de 
formação de Educadores em Diabetes 
da IDF, com as devidas adaptações à 
realidade brasileira e às especificida-
des regionais, em cada edição das dire-
trizes da SBD – diretrizes essas voltadas 
para a estruturação de programas de 
educação para o autocuidado da pes-
soa com diabetes e seus familiares –, 
assim como nos consensos para diag-
nóstico e tratamento da SBD, regular-
mente atualizados.
A seguir, os principais aspectos 
recomendados pela IDF para a garantia 
de uma educação de qualidade:
CURRÍCULo
O currículo e o conteúdo de programas 
educativos devem ser desenvolvidos de 
acordo com as necessidades da popu-
lação a ser atingida, para que, após sua 
implementação, os resultados possam 
ser analisados e acompanhados.
oRGANIZAção DoS SERVIçoS 
PARA PRoMoVER A EDUCAção 
EM DIABETES
A educação em diabetes deve ser parte 
integrante do cuidado com o paciente 
com diabetes. A instituição deve definir 
a sua população-alvo, levantar as neces-
sidades educacionais e, a partir disso, ela-
borar um planejamento que contemple 
os recursos necessários disponíveis para 
atender às necessidades identificadas.
A documentação da estrutura 
organizacional, sua missão e suas 
metas podem levar a uma oferta mais 
eficiente e eficaz de programas de 
educação. A partir disso é que serão 
delineados os canais de comunicação 
e identificados os comprometimen-
tos dos diferentes envolvidos na rea-
lização desses programas. Segundo 
a Comissão Conjunta de Acreditação 
de Organizações de Saúde (JCAHO), 
esse tipo de documentação é tão 
importante para as grandes institui-
ções de cuidados de saúde quanto 
para as pequenas. Os especialistas 
em negócios concordam que a docu-
mentação do processo de prestação 
de serviços é um fator crítico para a 
comunicação clara e fornece uma 
base sólida para a oferta de educação 
em diabetes de qualidade.
Para iniciar um programa de edu-
cação devem-se incluir indicadores 
que possam ser avaliados durante o 
desenvolvimento do programa, bem 
como após a realização do mesmo.
Indicadores sugeridos:
•	 Missão do programa.
•	 Estrutura organizacional.
•	 Orçamento específico e suficiente 
no plano financeiro.
•	 Fundos para a remuneração da 
equipe responsável.
•	 Equipe com tempo para oferecer 
a educação em diabetes.
•	 Acesso às ferramentas de ensino 
pelo grupo responsável.
•	 Responsabilidade da equipe.
CooRDENAção Do PRoGRAMA 
DE EDUCAção Do SERVIço
Um profissional deve ser responsável 
pela organização e administração do 
programa de educação para a garantia 
de que o processo ocorra em sua 
totalidade e os resultados possam ser 
atingidos. Cabe ao coordenador super-
visionar o planejamento, implementar 
e avaliar o programa.
Responsabilidades sugeridas ao 
coordenador:
•	 Organizar e administrar os servi-
ços de educação para o autocui-
dado dos pacientes e familiares.
•	 Estar treinado para o cuidado do 
diabetes e o estímulo ao autocui-
dado pelas pessoas com diabetes.
•	 Gerir pessoal e orçamento (se for 
o caso), que devem estar clara-
mente definidos.
•	 Estabelecer linhas de comunica-
ção e de autoridade.
•	 Alocar os recursos humanos com 
base nos melhores interesses das 
pessoas com diabetes e da prática 
profissional.
•	 Manter um ambiente de suporte 
às habilidades dos educadores e 
de prestação de serviços de alta 
qualidade (seguros, eficazes e éti-
cos).
•	 Manter controle sobre a educação 
continuada dos profissionais, os 
resultados dos programas de pacien-
tes e os registros das investigações.
ESPAço FÍSICo E EQUIPAMENTo
A qualidade e a disponibilidade de 
espaço físico e recursos educativos afe-
tam o aprendizado e são baseadas nas 
necessidades do indivíduo/comunidade.
a) O espaço físico e os recursos 
incluem:
•	 Privacidade e confidencialidade.
•	 Assentos confortáveis, iluminação 
e qualidade do ar.
•	 Ambiente seguro, livre de quais-
quer perigos.
•	 Salas de espera.
•	 Banheiros.
•	 Acessibilidade para pessoas com 
deficiência física.
•	 Ferramentas de ensino.
•	 Recursos audiovisuais adequados. 
b) A tecnologia de comunica-
ção e os equipamentos adequados 
para apoiar a equipe multiprofissional 
devem estar disponíveis e incluem:
•	 Sistemas eficazes de comunicação.
260
Diretrizes SBD 2014-2015
•	 Serviço telefônico e fax.
•	 Material de escritório e equipa-
mentos.
•	 Sistema de manutenção de registros.
•	 Acesso a computadores/internet.
CoMITÊ CoNSULTIVo
Um comitê consultivo garante que as 
opiniões e os valores de todas as partes 
interessadas estejam representados 
no planejamento e na finalização do 
programa de educação.
a) O comitê consultivo deve 
representar a população-alvo e a 
comunidade em geral e pode incluir:
•	 Uma pessoa com diabetes.
•	 O cuidador de uma criança com 
diabetes.
•	 Um líder comunitário.
•	 Um médico especialista/clínico.
•	 Um médico de cuidados primá-
rios/clínico.
•	 Um enfermeiro, de preferência 
com experiência em diabetes.
•	 Um nutricionista do programa de 
educação.
•	 Outros profissionais da saúde do 
serviço de apoio ao paciente com 
diabetes.
•	 Um líder de programas comunitá-
rios relevantes.
•	 Um membro da associação de 
diabetes local.
•	 Um representante dos trabalha-
dores na saúde local.
•	 Um professor da escola.
•	 Outros membros da equipe, con-
forme o caso.
b) O comitê deve ter as seguin-
tes responsabilidades:
•	 Preparar orientações escritas 
sobre os processos da comissão e 
traçar as suas responsabilidades.
•	 Rever anualmente o programa 
educativo com relação ao alcance 
de metas e resultados.
•	 Ter autoridade de fazer recomen-
dações para melhorias com base 
na avaliação dos resultados e na 
evolução das necessidades da 
comunidade e inovar na gestão 
do diabetes e da educação.
•	 Reunir-se pelo menos duas vezes 
por ano.
•	 Defender o apoio contínuo para o 
programa de educação dentro da 
instituição e de outras agências e 
organizações.
•	 Estabelecer ligações com as agên-
cias e organizações em que as 
decisões sobre os serviços de dia-
betes são feitas.
•	 Aprimorar conhecimentos e a 
troca de experiências profissionais.
PRoCESSo DE EDUCAção
Um programa de educação em dia-
betes deve iniciar com a capacitaçãodos profissionais da saúde envolvidos 
para o manejo do diabetes, pois esta 
é a melhor maneira de educar os 
pacientes nas diferentes fases da vida. 
O trabalho dos profissionais de saúde 
deve ser interdisciplinar.5
Deve-se dar preferência ao apren-
dizado ativo em todas as situações, 
sendo que o educador deve identificar 
as maiores necessidades do indivíduo 
e/ou grupo antes de iniciar o processo 
de educação.
A prática da educação em diabe-
tes deve integrar atendimento clínico, 
promoção de saúde, aconselhamento, 
manejo e pesquisa.
A educação pode ser feita por dife-
rentes profissionais da área da saúde 
em equipe que deve conter, no mínimo, 
um educador qualificado em diabetes.
O programa deve possuir o regis-
tro dos objetivos e a avaliação dos 
resultados obtidos, de acordo com as 
seguintes categorias:
•	 Imediatos: aumentar o conheci-
mento.
•	 Intermediários: desenvolver ati-
tudes que levem à mudança de 
comportamento.
•	 Pós-intermediários: melhora clí-
nica e metabólica.
•	 Longo prazo: melhora do estado 
de saúde e da qualidade de vida, 
reduzindo ou prevenindo as com-
plicações crônicas.
O processo deve ser contínuo, para 
atingir todas as categorias de resultados.
A avaliação deve incluir dados 
demográficos (idade, sexo), história 
médica relevante, conhecimento em 
diabetes, crenças e atitudes quanto à 
saúde pessoal, comportamentos, habi-
lidades para o aprendizado, nível cultu-
ral, limitações físicas existentes, suporte 
familiar e nível socioeconômico.
O registro adequado em formulá-
rios apropriados é útil para demonstrar 
a melhora da qualidade do serviço pres-
tado ao portador de diabetes, de acordo 
com as recomendações do Diabetes 
Quality Improvement Project (DQIP).49
Embora a educação seja necessária 
para atingir as metas em curto prazo, não 
é suficiente para sustentar o autocuidado 
com o diabetes ao longo da vida do indi-
víduo. Após seis meses da intervenção, a 
melhora inicial do controle metabólico e 
a mudança de comportamento em rela-
ção à doença poucas vezes se mantêm. 
Portanto, é necessário que seja plane-
jado o reforço contínuo das metas e dos 
objetivos do paciente por parte de toda 
a equipe de saúde envolvida na educa-
ção em diabetes.24
AVALIAção DoS RESULTADoS Do 
PRoCESSo DE EDUCAção
Mensurar a efetividade do processo 
de educação não é apenas avaliar 
o conhecimento do paciente sobre 
a doença, mas principalmente os 
resultados consequentes da educação, 
no que diz respeito à mudança com-
261
2014-2015 Diretrizes SBD
portamental e aos resultados clínicos 
adquiridos no controle da glicemia, do 
perfil lipídico e da pressão arterial.
Um currículo escrito a partir da ava-
liação de necessidades do indivíduo ou 
grupo irá determinar as áreas de conteúdo 
a serem trabalhados, bem como definir os 
critérios para o sucesso dos resultados da 
aprendizagem. Este currículo deve estar 
disponível a todos os envolvidos.
Uma avaliação individualizada, o 
desenvolvimento de um plano edu-
cacional e as reavaliações periódicas 
entre participante(s) e instrutor(es) 
irão dirigir a seleção de material edu-
cativo apropriado e as intervenções 
mais adequadas.
A eficácia e a qualidade do pro-
cesso educativo utilizado em um ser-
viço de saúde devem ser avaliadas 
anualmente, vinculadas a resultados, e 
esse processo deve ser revisto em fun-
ção dessa avaliação.
É essencial a utilização de um pro-
cesso de otimização contínua da quali-
dade para garantir a eficácia da expe-
riência do ensino ministrado e deter-
minar oportunidades de melhoria.
A satisfação com o serviço deve 
ser avaliada entre os participantes e 
as fontes de referência e revisada pelo 
coordenador e pelo comitê consultivo 
como parte do processo de avalia-
ção. Além disso, as medidas indicadas 
devem ser consideradas.
A Associação Americana de Edu-
cadores em Diabetes (AADE) sugere a 
aplicação de sete medidas de avalia-
ção comportamental para identificar a 
qualidade dos resultados obtidos com 
um programa de educação efetivo.50
Essas medidas foram adaptadas 
para utilização nos Cursos de Qualifica-
ção de Profissionais de Saúde em Edu-
cação em Diabetes, que é parte de um 
programa intitulado Educando Educa-
dores, desenvolvido no Brasil, em parce-
ria entre a Associação de Diabetes Juve-
nil (ADJ Diabetes Brasil) e a SBD, com 
o apoio da IDF-SACA (do inglês South 
America and Central América, região que 
abrange os países da America Central, 
do Sul e Caribe). A seguir, os sete com-
portamentos do autocuidado:
•	 Comer saudavelmente.
•	 Praticar atividade física.
•	 Vigiar as taxas.
•	 Tomar os medicamentos.
•	 Resolver problemas.
•	 Adaptar-se saudavelmente.
•	 Reduzir os riscos.
A AADE também estabelece 10 
padrões que devem ser considerados 
e adotados pelo Educador em Diabe-
tes para a garantia da educação do 
paciente para o autocuidado, as quais 
sugerimos que sejam considerados na 
estruturação dos programas de educa-
ção em diabetes.
QUADRo 1 Recomendações e conclusões finais
recomendação ou conclusão
Grau de 
recomendação 
A educação para adultos portadores de diabetes tipo 2 é efetiva 
para melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida avaliada 
em curto prazo
A
Educação para crianças e adolescentes com diabetes tem um 
benefício moderado no controle glicêmico com efeitos mais 
significativos nos resultados psicossociais
A
Os profissionais da saúde necessitam de treinamento 
especializado nas técnicas e nos princípios da prática de educação 
para promover o autocuidado e a mudança comportamental
C, D
O conteúdo e o modo de divulgação da educação necessitam de 
uma revisão periódica, de maneira que as mudanças na tecnologia 
e no manejo do diabetes estejam de acordo com a prática local
D
Intervenções baseadas no princípio psicoeducacional integrando 
a rotina de cuidados clínicos e técnicas cognitivas 
comportamentais, com novas tecnologias no cuidado do diabetes, 
tem se mostrado mais efetivas
A, C
Os programas apropriados para a idade e o nível cultural do 
paciente, assim como a educação em grupo, são efetivos
A
Educação é fundamental para o sucesso do manejo do diabetes D
Os resultados do programa de educação devem ser avaliados D
Para maximizar a efetividade do tratamento e o manejo com 
tecnologia avançada (inclusive automonitorização de glicemia, 
análogos de insulina e bomba com sistema de infusão contínua de 
insulina – SIC), é aconselhável que esteja disponível uma estrutura 
de educação para os portadores de diabetes e seus cuidadores
D
(A) Estudos experimentais e observacionais de melhor consistência; (B) Estudos experimentais e 
observacionais de menor consistência; (C) Relatos de casos – estudos não controlados; (D) Opinião 
desprovida de avaliação crítica, baseada em consenso, estudos fisiológicos ou modelos animais
262
Diretrizes SBD 2014-2015
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