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Civil I

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Civil I 
 Pessoa Jurídica
Denominam-se pessoas jurídicas os entes formados pela coletividade de bens ou de pessoas a quem a lei atribui personalidade jurídica, com o objetivo de que seja atingida uma determinada finalidade autorizada ou não proibida por Lei (ou seja, lícita). Em outras palavras, para que a coletividade possa agir como uma unidade, o ordenamento jurídico confere uma personalidade própria, que não deve ser confundida com a personalidade de cada um de seus integrantes. 
Quando o agrupamento é de pessoas, afrma-se que a pessoa jurídica é intersubjetiva, podendo assumir a forma de uma associação ou de uma sociedade. Quando é resultado do agrupamento de bens, a pessoa jurídica é patrimonial, sendo denominada fundação. Excepcionalmente, o ordenamento jurídico também confere personalidade a entidades sem coletividade.
É pacífico o entendimento na atualidade de que as pessoas jurídicas devem ser classificadas como sujeitos de direito, justamente por seres entes dotados de capacidade e personalidade jurídica própria. Entretanto, por muito tempo não houve consenso com relação à natureza jurídica das pessoas jurídicas. No passado, não foram poucos os autores que negaram a qualidade de sujeito de direito à pessoa jurídica. 
Considerava a pessoa jurídica uma forma especial de patrimônio (mera forma de condomínio ou propriedade coletiva), em que as decisões eram tomadas pelos seus proprietários de forma coletiva.
Paulatinamente, as teorias negativistas da pessoa jurídica foram sendo rebatidas e hoje a posição majoritária é no sentido de que as pessoas jurídicas têm personalidade jurídica própria. Contudo, os autores divergem sobre a tese que fundamentara a personalidade. Dentre as diversas teorias afirmativistas da pessoa jurídica, destacam-se as seguintes:
a) Teoria da equiparação: baseia-se na ideia de que a pessoa jurídica é um patrimônio que recebe do ordenamento jurídico, por equiparação, o mesmo tratamento dispensado às pessoas naturais (seres humanos). Por tratar bens como sujeitos de direitos, essa teoria é muito criticada pela doutrina, havendo até mesmo quem entenda que pertença ao grupo das teorias negativistas da pessoa jurídica. Dentre os defensores dessa teoria, destacam-se Windscheid e Brinz.
b) Teoria da ficção legal: para essa teoria, a pessoa jurídica é uma mera abstração legal, isto é, uma criação artificial do legislador. A crítica recai sobre o fato de que esta teoria reconhece apenas a existência ideal da pessoa jurídica, negando sua existência real e colocando a lei como força criativa, e não como uma força confirmativa da personalidade jurídica. Além disso, se a personalidade das pessoas jurídicas é fruto de ficção, fictício será o direito que dela deriva. O desenvolvimento da teoria de ficção legal é atribuído a Savigny, sendo defendida também por Orlando Gomes. Importante salientar a existência de outra teoria, decorrente dela, que defende que a personalidade da pessoa jurídica é resultado de invenção dos estudiosos do direito (teoria da ficção doutrinária). Trata-se de posicionamento pouco difundido, e que é alvo das mesmas críticas acima mencionadas.
c) Teoria da realidade objetiva: a teoria da realidade objetiva, também conhecida como teoria da realidade orgânica, teoria orgânica ou teoria organicionista, defende exatamente o oposto da teoria da ficção legal. As pessoas jurídicas são, portanto, entes de existência real (detentoras de identidade organizacional própria), cuja personalidade jurídica independe do reconhecimento legal. Reconhece-se a dimensão sociológica das pessoas jurídicas ao considerá-las um organismo social vivo.
d) Teoria da realidade técnica: mesclando as ideias das teorias anteriores, a teoria da realidade técnica defende que a personalidade da pessoa jurídica é resultado de sua existência real aliada à sua existência ideal. Reconhece, desta feita, a importância da dimensão social e legal das pessoas jurídicas, sem ignorar o lado fictício da pessoa jurídica (criação legal). Assim sendo, a personalidade jurídica seria conferida pela lei a qualquer agrupamento suscetível de ter uma vontade própria e de defender seus próprios interesses.
Defende essa posição Caio Mário da Silva Pereira. Para que a pessoa jurídica possa ser constituída de forma válida, são exigidos diversos requisitos. Importante observar que a doutrina está longe de chegar a um consenso com relação ao tema. Contudo, entendemos que os principais pressupostos gerais são: a vontade humana criadora; a coletividade de pessoas ou de bens; e a finalidade lícita. E diz-se “gerais” porque, além destes, deverão ser observados outros exigidos pela lei, a depender do tipo específico de pessoa jurídica que será constituída. A título de exemplo podemos citar: a elaboração do estatuto ou contrato social; a inscrição do ato constitutivo; a autorização prévia do Poder Executivo exigido em hipóteses excepcionais (p. ex.: instituições bancárias e seguradoras) etc.
1º Requisito: vontade humana criadora
A vontade humana criadora é sempre um requisito essencial para a constituição da pessoa jurídica formada, não importando se é composta pela coletividade de pessoas ou de bens. Nas pessoas jurídicas intersubjetivas, há uma conversão de vontades de todos os participantes do grupo para que os fins comuns sejam alcançados. Nas pessoas jurídicas patrimoniais, o fundador manifesta a sua vontade para que a coletividade de bens adquira personalidade jurídica (vontade heterônoma). A vontade humana criadora deve ser manifestada de forma livre e consciente por pessoa capaz ou devidamente representada.
2º Requisito: coletividade de pessoas ou bens
A coletividade de pessoas (nas sociedades e nas associações) ou a coletividade de bens (nas fundações) é a base estrutural da pessoa jurídica. Excepcionalmente, o ordenamento jurídico confere personalidade jurídica a entes despidos de coletividade, como ocorre com a Eireli (EmpresaIndividual de Responsabilidade Limitada).
3º Requisito: finalidade lícita (liceidade)
Uma pessoa jurídica sempre será constituída com o fim de alcançar uma finalidade específica, seja lucrativa (p. ex.: sociedade) ou não (p. ex.: associação filantrópica, educativa, recreativa, política, religiosa etc.).
Qualquer que seja esse objetivo, certo é que não poderá estar desconforme o ordenamento jurídico, devendo respeitar a lei, a moral, a ordem pública e os bons costumes.
Caso tenha sido constituída com finalidade lícita e durante sua existência se desvirtuado, o Ministério Público poderá requerer sua dissolução. Cite-se como exemplo, aqui, o episódio envolvendo algumas torcidas organizadas de clubes de futebol do Estado de SP.
Já se estudou que, no que concerne às pessoas naturais, todos os seres humanos são dotados de personalidade jurídica e, por isso, podem titularizar relações jurídicas. O mesmo ocorre com as pessoas jurídicas: assim como a lei confere personalidade jurídica às pessoas naturais, também a confere às pessoas jurídicas, permitindo que sejam titulares de direitos e deveres. Daí resulta que as pessoas jurídicas também são detentoras de capacidade jurídica, podendo praticar diversos atos da vida civil, como, por exemplo, celebrar contratos, adquirir bens móveis e imóveis, receber herança etc. Contudo, não se pode afirmar que as pessoas jurídicas podem praticar todos os atos da vida civil, pois alguns são reservados aos seres humanos, como a adoção, o casamento, a celebração de testamento etc.
As pessoas jurídicas de direito público são normalmente constituídas por lei e, desta forma, adquirem personalidade no exato momento em que a lei instituidora entrar em vigor. Excepcionalmente, a lei assume papel secundário, autorizando que o chefe do Poder Executivo (municipal, estadual ou federal) crie uma pessoa jurídica por força de decreto, adquirindo personalidade a partir da vigência deste. Além da criação por força de lei e por força de decreto, as pessoas jurídicas também podem serconstituídas por meio da promulgação de uma nova constituição, de um fato histórico ou de um tratado internacional.
Vale lembrar que os tratados internacionais são normalmente utilizados para a criação de pessoas jurídicas de direito público externo – ONU, OIT, OMS etc.
O legislador brasileiro adotou como regra o sistema das disposições normativas ao exigir a observância de determinados requisitos legais, dentre eles o registro (a inscrição) do ato constitutivo. De acordo com o art. 45 do Código Civil, a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo. Antes da análise detalhada do registro de cada uma das pessoas jurídicas, devemos verificar cada um dos sistemas que tratam da existência das pessoas jurídicas:
Sistema da livre formação: foi o sistema adotado no Brasil até setembro de 1983, contudo era atacado por diversas críticas. Defende que a existência da pessoa jurídica tem início a partir da simples manifestação de vontade dos membros que a compõem, bastando, assim, a elaboração do ato constitutivo. Ao dispensar o registro do ato, não oferece qualquer segurança para as pessoas que contratam com a pessoa jurídica.
Sistema do reconhecimento: defende que a pessoa jurídica somente existe a partir do momento em que o Estado a reconhece, mediante um decreto de reconhecimento. Esse sistema, que tem suas origens no direito romano, ainda é adotado na Itália, França e Portugal.
Sistema das disposições normativas: sistema atualmente adotado no Brasil, representa uma posição intermediária entre os dois anteriores, ao estabelecer que a existência da pessoa jurídica não depende do reconhecimento ou da autorização estatal, mas do cumprimento de certos requisitos legais (p. ex.: o registro). Em situações excepcionais, exige-se no nosso país prévia autorização do Estado para criação da pessoa jurídica (p. ex.: instituições financeiras).
 Bens
Coisas e Bens: alguns autores fazem distinção entre as duas.
Coisa: Todos os objetos que existem na natureza.
Bens: São coisas suscetíveis de apropriação e tem valor econômico. No ramo Jurídico o termo usado é o de BENS. 
- Classificação dos Bens: Imóveis ou Móveis
- Classificação dos Imóveis:
Imóveis: Não podem ser transportados, sem deterioração ou destruição.
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local;
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se reempregarem.
°Por natureza: O solo e a superfície, e tudo que nele for incorporado, o subsolo e tudo que nele foi incorporado.
As árvores são Imóveis, apesar de estarem em movimento provocado pelo vento; As pedras preciosas em um território, só qual estejam incorporadas no solo, caso sejam retiradas já serão móveis.
° Por acessão Industrial ou Artificial: A incorporação ocorre por intervenção humana, não podendo o homem remover sem destruir ou deteriorar. 
Ex: O homem que constrói uma casa (Intervenção humana).
Ex: As plantações, se uma arvore for incorporada naturalmente, ela é considerada imóvel por natureza. Mas se o homem for o responsável pela incorporação, a árvore será considerada um imóvel por acessão Industrial ou Artificial.
° Por acessão física intelectual: São bens Moveis que foram Imobilizados pelo proprietário para exploração industrial, aformoseamento e comodidade.
Ex: O ar-condicionado na fabrica é móvel, quando vai para a loja continua sendo móvel, mas a partir do momento em que algum individuo o compra e o coloca na parede ele vira um bem Imóvel.
Ex: As Luminárias e os Moveis de Casa, foram imobilizados apesar de poderem se movimentar por intervenção humana. Pela Natureza é um bem móvel, só que acabou sendo um bem Imóvel.
° Por determinação Legal: 
 - Sucessão Aberta: é a herança do individuo, podendo ser moveis ou imóveis (casa, fazenda, dinheiro, joias). Por determinação legal a Justiça diz que, apesar de ter bens moveis todos são imóveis, pois é herança. 
 - Direitos reias sobre os bens imóveis: temos o exemplo da Propriedade, que é um direito real sobe um bem imóvel, tanto a coisa como a propriedade é imóvel. 
 - Uso Fruto: Um individuo possui um apartamento que recebeu de herança de sua mãe que morreu, no entanto seu pai ainda estar vivo, e mora neste apartamento. Ou seja, o direito de propriedade é do (a) filho (a), mas o Pai possui Uso e fruto, pois não mora de aluguel. Este caso pode ser estabelecido para qualquer pessoa, não somente para a família.
Moveis: Podem ser transportados, sem deterioração ou destruição. Possui mobilidade.
 - Possui Força Própria: Animais.
 - Possui Força Alheia: Carros.
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.
- Classificação dos Móveis:
°Por Natureza: Animais, carros. Consideram-se bens móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. 
° Por antecipação: São bens imóveis que são mobilizados pela atividade humana, por exemplo, uma fruta que esta em uma arvore, ela é considerada imóvel, mas a partir do momento que o homem a retira da árvore ela vira um bem Móvel. Outro exemplo seria as arvores retiradas por completo do solo, sem a destruir, e a colocando em outro local; Os tijolos de um Murro que ao cair não são recolocados no murro, mas se forem reutilizados seja dito como imóveis. 
São os bens incorporados ao solo, mas com a intenção de separá-los oportunamente e convertê-los em móveis,  por exemplo, as árvores destinadas ao corte e/ou os frutos ainda não colhidos.
° Por determinação Legal: Energia com Valor econômico, elétrica, eólica.
Direitos reais sobre bens moveis: propriedade de um carro, é móvel, se o mesmo for móvel.
Direitos pessoais de caráter patrimonial: Direitos autorais por determinação legal é móvel.
São bens incorpóreos ou imateriais que adquirem a qualidade de bens móveis por expressa previsão em lei.
Estes bens estão enumerados no art. 83, a saber:
i) as energias que tenham valor econômico; 
ii) os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; 
iii) os direitos pessoais de caráter patrimonial e as ações correspondentes (ex.: créditos, direito de autor, etc.).
 Bens, Acessórios, Principal.
Bem principal: Tem existência própria; É aquele que tem existência, autônoma e independente. Ex: a sala de aula é um bem principal.
Acessório: a sua existência depende de um bem principal. ( os objetos, ar, mesa, quadro, são os acessórios).
Sempre se compara as duas coisas.
Tipos de bem acessórios: 
1 Frutos, são coisas retiradas periodicamente do bem principal, mantendo a sua integridade.
 - ex: as frutas (acessórios) produzidas na arvore ( bem principal). Com a retirada da fruta, permanece a arvore.
 - ex: fabricas que produzem produtos, classificadas como fruto, retirada do bem principal e não a prejudica.
 - ex: aluguel de uma casa; o pagamento do aluguel é umacessório, ou seja, periodicamente o individuo ira receber o pagamento, a casa é um bem principal.
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
2 Produtos, são bens retirados da coisa principal, mas que desfalcam ou deterioram a coisa principal.
 - ex: Pedras Preciosas (bem acessório) em relação ao subsolo (bem principal)
 - ex: Petróleo (bem acessório), em relação ao subsolo.
 - ex: Cereais (bem acessório) de uma colheita, o território seria o bem principal, quando á a retirada do cereal, o solo se deteriora.
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
3 Pertenças, são bens acessórios destinados a servir o outro bem, para a comodidade, uso, serviço, ou aformoseamento ( para enfeitar). O individuo irá colocar o bem acessório no bem principal, pois não faz parte dele.
 - ex: Um trator (bem acessório), usado em uma fazenda ( bem principal) para ajudar.
 
4 Benfeitoria, toda espécie de despesa ou obra que se realiza com o objetivo de evitar a deterioração, aumentar o uso, ou dar mais comodidade ao bem principal.
 - ex: reforma de uma casa, com despesa e obra. A casa já existe, só que terá uma obra com finalidade e objetivo.
Tipos de benfeitoria 
1 Benfeitoria necessária: São essenciais para evitar a deterioração do bem principal. Ex: Piscina em uma escola de Natação. 
2 Benfeitoria úteis: aumentam ou facilitam a coisa, a tornando mais útil. Para melhor, ampliar a coisa.
 - ex: Reformar para construção de outro quarto.
 - ex: aumento de uma janela, para aumento da luminosidade.
3 Benfeitoria Voluntaria ou de mero delito: despesa totalmente desnecessária, apenas para se deleitar
 - ex: varanda gunner, não é útil e nem necessária. 
Fatos Jurídicos
 - Fatos: todo ocorrência que tem relevância ou não para o Direito.
 °Relevantes: fatos jurídicos. Ex: chuva com prejuízo.
 °Irrelevantes: Fatos ajurídicos. Ex: uma chuva qualquer.
- Classificação:
 
° Fatos naturais: 
 - Ordinários = são fatos jurídicos naturais comuns, não depende da vontade do homem. Ex: nascimento; morrer; maioridade. Já estão descritos na Lei.
 - Extraordinários = não é um fato comum.
 Nesses casos de força, não caberá responsabilidade civil.
 - Força maior: é um fato imprevisível, e decorre da natureza. Ex: um raio cai um carro A, que com o susto acaba batendo no carro B, logo a pessoa que estava no carro B morre. A não teve culpa, ocorreu por força maior. Um fato independente, A não teve culpa da morte de B.
 - Força Fortuito: fato é previsível, mais irresistível. Eu posso prever um fato, mas não consigo resistir. Ex: Um assalto no ônibus, a vitima neste caso quer uma indenização do roubo pela empresa dos ônibus, logo não foi culpa da empresa de ônibus.
° Fatos humanos:
 É toda conduta humana que gera consequências jurídicas. Encontra-se a participação da vontade do homem.
Podem ser...
 - Lícitos: são os fatos praticados de acordo com a lei.
 Tipos: 1 ato jurídico estrito senso = o conteúdo e as consequências do ato então previstas na lei.
Ex: Reconhecimento de um filho, já possui na lei as consequências deste assunto, podendo ser herdeiro, ter o nome e sobrenome do pai.
 2 Negocio Jurídico = conteúdo do ato é permitido por lei. O conteúdo e as consequências são estabelecidas pelas partes.
Ex: Todos os contratos. A lei permite os contratos, e nos estabelecemos regras e consequências.
 3 Ato fato Jurídico = não importa a intenção da pessoa, tendo relevância apenas os efeitos e os atos que ela produziu.
Ex: Se o individuo encontrar um tesouro, tendo ele procurado ou não. Pois para o Ordenamento Jurídico só importa o ato e as consequências. Não importa a intenção da pessoa, o que importa é que tem que ser coisa de ninguém para ter para si. 
 - Ilícitos: são aqueles praticados contra o ordenamento jurídico. Contrário ao ordenamento jurídico e a lei. 
 Negócios Jurídicos 
- Elementos Constitutivos
- Elementos Existenciais:
 °Partes = tem que ter pelo menos duas partes envolvidas. Ou seja pessoas, menos o testamento só pode ser uma única pessoa. 
 
 ° Vontade = os 2 ou mais tem que concordar para não ter declaração de vontade.
É permitido por lei, e livre, não podendo ser coagido a fazer por exemplo um contato, assim será invalido. Só é valido se não tiver vícios. 
 
 °Objetivo = Contrato de compra e venda. O objeto é comprado ou vendido; prestação de serviço que é o objeto; Contrato de doação, objeto é aquele que esta sendo doado.
Tem que ser licito, permitido pela lei. Ex: contrato de prostituição não pode; e nem contrato de escravidão. 
Tem que ser possível, ou seja, possível de ocorrer, ex: contrato para construção de uma ponde para a lua.
 Determinado: especificado, as partes tem que identificar o objeto/ Determinável: existe algumas que não especificam o que estar no contrato por completo, só depois da compra. 
Ex: uma casa que estar para sorteio, diz-se a cor, o jeito, e a rua, só não é dito qual a casa especifica, por neste mesmo lugar, á 3 casas iguais; 
Ex: Sacas de feijão, no contrato determina a quantidade e o gênero, mas não o tipo, só que na entrega será dito.
 
 ° Forma = como elas vão fazer o negocio jurídico. Podendo ser escrito, oral (maior parte pela lei) ou tacita (Loja, farmácias americanas do qual o individuo entra, compra e paga os produtos sem falar com ninguém).
 Determinado por lei: determinados contratos tem que ser escrito, os imóveis por exemplo é o que tem que ser mais especifico, para ter tal validade.
Ex: compra e venda de imóveis; aluguel, etc... 
30 vezes o salários mínimo, se estiver abaixo o contrato é feito escrito (pelas partes) e com registro. Mas se estiver Acima, tem que ser escrita, pública (escrito nos livros do cartório, o registro apenas passara a limpo no cartório, quem fará esse processo é um funcionário do cartório), e ter registro.
- Validade: o contrato tem que existir e ser valido.
 As partes tem que ser capazes = capacidade de direito (nascimento com vida, pode exercer direitos). Para ser considerado capaz, tem que, apesar de ser absolutamente incapaz tem que ser representado, e Relativamente incapaz, tem que ser assistido.
Obs: Na falta de um desses elementos o contrato é nulo. A pessoa ode entrar com uma ação de declaração inexistente. 
 Elementos Acidentais
Condição: é uma cláusula inserida nos contratos por vontade dos contratados subordinados a eficácia dos negócios jurídicos a um evento futuro e incerto. (É elemento acidental que, derivando da vontade das partes, faz o negócio depender de evento futuro e incerto (CC, 121). Os efeitos do ato poderão ou não ocorrer. Subordina o começo ou o fim dos respectivos efeitos do negócio à verificação, ou não verificação, de um evento futuro e incerto. Só pode derivar da vontade das partes no negócio, ou do disponente, no negócio jurídico unilateral (testamento). Sem a condição o negócio existe, é válido, mas ineficaz. Implementada a condição o negócio passa a ter eficácia).
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
 -Suspensiva: o contrato é firmado, porém sua eficácia é suspensiva até a condição se realizar. 
(A venda feita a contento – negócio só se reputa perfeito e acabado quando o possível comprador se manifesta pela vontade de adquirir o bem e m caso de contento, satisfação – entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seuagrado).
 Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sobcondição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.
 - Resolutiva: Subordina a ineficácia do negócio a um evento futuro e incerto. Enquanto na suspensiva, fica dependendo que o negócio jurídico tenha vida, na resolutiva, depende que o negócio jurídico cesse de tê-lo, isto é, a condição resolutiva é aquela que quando verificada, põe fim a eficácia do negócio jurídico.
(O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias).
Termo: as partes estipulam o dia certo para iniciar e findar o contrato. As partes estipulam uma cláusula determinando o evento futuro certo. (É a cláusula que subordina a eficácia do negócio jurídico a um evento futuro e certo. Pode ter como unidade a hora, o dia, o mês ou o ano o qual se subordina). 
Também se classifica em suspensivo e resolutivo, certo ou incerto:
Termo Inicial: Fixa o momento em que a eficácia do negócio jurídico deve começar. Clausulas determina inicio. Ex: aluguel.
Termo Final: Determina a data de cessação dos efeitos do ato negocial, extinguindo as suas obrigações; Clausulas que determina o fim.
Prazo: Intervalo de tempo, entre o termo inicial e final.
Encargo: uma das partes estipulam um obrigação ( para a parte beneficiada) do outro contratante.
O contrato só terá validade com o cumprimento da obrigação.
Ex: Vou doar um terreno para o município, porem ele tem que fazer nesse terreno sua creche.
(Consiste na prática de uma liberalidade subordinada a um ônus. É uma cláusula a atos de liberdade intervivos ou mortis causa, ou seja, uma pessoa realiza a doação de um bem para outra, mas imputa ao donatário um encargo a ser cumprido. Em regra, é identificada pelas expressões “para quê”, “a fim de que”, “com a obrigação de”. Tem a finalidade de dar relevância ou eficácia jurídica aos interesses pessoais do autor da liberalidade. Caso não haja o cumprimento: - O doador pode pedir revogação dessa liberalidade;
- Pode exigir o cumprimento /execução desse encargo. Em regra, o modo ou encargo não tem condição resolutiva ou suspensiva, pois não depende de um futuro incerto e nem de evento futuro e certo). 
 Vícios do consentimento 
Vicio: vontade que pode ir contra o ordenamento.
Prazo de renovação, é de 4 anos; se houver vicio em um contrato é passível de validade.
Nos vícios da vontade o prejudicado é um dos contratantes, pois há manifestação da vontade sem corresponder com o seu íntimo e verdadeiro querer. Já os vícios sociais consubstanciam-se em atos contrários à boa fé ou à lei, prejudicando terceiro. São vícios da vontade: o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo e a lesão; e vícios sociais: a fraude contra credores e a simulação.
 °erro: a pessoa se engana; é a falsa noção ou engano ( pessoa prejudicada) sobre a pessoa contratante, sobre o objeto do contrato ou um direito.Obs: erro substancial= erro de calculo, erro de digitação, são capazes de invalidar o contrato.
(neste ninguém induz o sujeito a erro, é ele quem tem na realidade uma noção falsa sobre determinado objeto. Esta falsa noção é o que chamamos de ignorância, ou seja, o completo desconhecimento acerca de determinado objeto. O erro é dividido em: acidental erro sobre qualidade secundária da pessoa ou objeto, que não vicia o ato jurídico, pois não incide sobre a declaração de vontade; essencial ou substancial refere-se à natureza do próprio ato e incide sobre as circunstâncias e os aspectos principais do negócio jurídico; este erro enseja a anulação do negócio, vez que se desconhecido o negócio não teria sido realizado).
Ex: 1 - Faço um contrato com a banda Beatles, pensando que eram os oficiais, porem não eram os oficiais e sim os cover, tenho portando até 4 anos para anular o contrato.
2- vou a uma loja e compro um colar pensando ser ouro, depois de um tempo, descubro que era latão.
3- alugo uma casa, depois de um tempo o proprietário pede para assinar um documento, porem, não era para renovar o aluguel e sim outro contrato mudando o prazo de pagamento e eu assinei sem mi dar conta.
 
 °Dolo: é o meio empregado para enganar alguém. Ocorre dolo quando o sujeito é induzido por outra pessoa a erro.
Intenção de prejudicar o outro contratante.
Ex: vendedora diz que o colara é de ouro, porém ela sabia que não era.
 °Coação: (Ameaça) é o constrangimento a uma determinada pessoa, feita por meio de ameaça com intuito de que ela pratique um negócio jurídico contra sua vontade. A ameaça pode ser física (absoluta) ou moral (compulsiva).
Pressão física ou moral, obrigando o contratante a fazer um negocio jurídico que não lhe interessa. Pode ser ao próprio contratante, pessoa da família ou a um bem.
 - Prazo de 4 anos para anular o contrato; ação de nulidade 4anos da cessação da coação.
Obs: não constitui coação; Não é considerado coação: 
 - exercício regulador de um direito: Um individuo estar devendo alguém, só que ao cobrar esse individuo, ele o ameaça e constrange o individuo a paga-lo, não invalida o contratante. O individuo pode entrar na justiça com reparação de danos, e não de anulação do contrato.
 - temor reverencial: Um individuo faz um contrato com medo do seu pai, mas não houve ameaça do pai.
 °Estado de perigo: é quando alguém, premido de necessidade de se salvar ou a outra pessoa de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. O juiz pode também decidir que ocorreu estado de perigo com relação à pessoa não pertencente à família do declarante. No estado de perigo o declarante não errou, não foi induzida a erro ou coagida, mas, pelas circunstâncias do caso concreto, foi obrigada a celebrar um negócio extremamente desfavorável. É necessário que a pessoa que se beneficiou do ato saiba da situação desesperadora da outra pessoa.
( Necessidade de salvar a vida). A maior diferença entre fraude contra credores e estado de perigo, esta quanto aos efeitos que eles produzem, enquanto a fraude contra credores é absolutamente nula, o estado de perigo é anulável. Isto por que, estado de perigo é um vício de vontade, ou seja há um descompasso entre o íntimo querer do agente e sua declaração, justamente o contrário acontece na fraude contra credores, a vontade manifestada corresponde exatamente ao seu desejo.
Além das diferenças de efeitos, temos também diferenças nos elementos constitutivos, na fraude contra credores temos dois elementos constitutivos, a) objetivo, o eventos damni, “ou seja, a própria insolvência, que constitui o ato prejudicial ao credor; e o b) subjetivo, consilium fraudis, que é a má-fé do devedor, a consciência de prejudicar terceiros.”
Como elementos constitutivos do estado de perigo, temos; a) situação de necessidade, b) iminência de dano atual e grave, c) nexo de causalidade, d) incidência de ameaça de dano sobre a pessoa do próprio declarante ou de sua família, e) conhecimento de perigo pela parte.
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
        Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundoas circunstâncias.
Note que o raciocínio parece com a coação: a coação não é pessoal, mas pode estar na figura do coacto ou a pessoas de sua família ou o patrimônio. Mesmo raciocínio aqui. Questão de prova, subjetiva: diferenciar estado de perigo de coação. O estado de perigo é para salvar-se, enquanto a coação é psicológica e resistível.
Acabamos os vícios de consentimento. Na sequencia, vamos falar sobre os vícios sociais.
 °Lesão: ocorre quando determinada pessoa, sobpremente necessidade ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestadamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Caracteriza-se por um abuso praticado em situação de desigualdade, evidenciando-se um aproveitamento indevido na celebração de um negócio jurídico.
A lesão é um defeito do negócio jurídico que é incluída na categoria dos vícios de consentimento. Já a fraude contra credores é incluída na categoria dos vícios sociais.
Na lesão, há hipótese de desconformidade entre a vontade real e a declarada, ou há ignorância de uma das partes e uso de má-fé pela outra. Quanto à fraude, a vontade corresponde do desejo de uma das partes, mas exteriorizada, com a intenção de prejudicar terceiros, que por sua vez são os credores.
No contrato em que se constata lesão, há uma distorção provocada pelo aproveitamento oneroso da necessidade e/ou da inexperiência alheia; neste caso, a parte que sofreu danos exacerbados é chamada de lesionado. Na fraude, o devedor desfalca, maliciosamente ou não, o seu patrimônio a ponto de não garantir mais o pagamento de todas as dívidas; neste caso, ele se torna insolvente ao prejudicar o credor. A fraude só se caracteriza diante da insolvência da do devedor.
Para ser constatar a lesão, a lei exige que seja provado o dolo de aproveitamento da outra parte. Para constatar a fraude, ela exige também a comprovação de diminuição do patrimônio para eliminação da garantia do credor, como ato ou como má-fé.
Existem tipos de lesões e tipos de fraude. A lesão objetiva consiste naquela em que se é manifestada a desproporção entre as prestações geradoras de luro exagerado, enquanto na fraude objetiva a própria insolvência constitui o ato prejudicial ao credor. A lesão subjetiva é aquela que ocorre pela inexperiência ou necessidade do lesado. Já a subjetiva é aquela em que consiste conluio fraudulento.
Como tópico final, a lesão ocorre somente em transmissões onerosas, o que difere da fraude, que ocorre em outros tipos de transmissões, como a remissão de dívidas.
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
        § 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
       § 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
A idéia presente é a do combate à usura e ao enriquecimento ilícito. Lesão é, assim, “o prejuízo resultante da desproporção existente entre as prestações de um determinado negócio jurídico em face do abuso da inexperiência, necessidade econômica ou leviandade de um dos declarantes” – definição de Rodolfo Pamplona. Note que o doutrinador incluiu a leviandade como elemento presente naquele que ludibria o outro.
Como identificar um vício negocial? Colocando-nos na posição de vítima. Ao perguntarmos se há dolo num problema, é só se colocar na posição do agente. Pode ser também no lugar do agente de má-fé. A lesão implicará na assunção de prestações manifestamente desproporcionais. Agiota: aquele que empresta dinheiro a juros extorsivos. Vejamos uma situação: alguém quer um empréstimo de R$ 1.000,00. O que dar em garantia? Um carro. Por mais “palha” que seja o automóvel, ele certamente vale mais de mil reais. Estamos diante de uma prestação manifestamente desproporcional. Então, pela definição que vimos, essa prestação se dará por causa de inexperiência, necessidade ou leviandade de um declarante. Agora veja: se for ameaça de vida, não estaremos diante de uma lesão, mas de um estado de perigo. Quais as necessidades aqui, no vício da lesão? As mais comuns. Lembrem-se que aqui a questão é patrimonial.
Imagine agora um casal de jovens em que o namorado, de menor renda que a namorada, deseja agradá-la a todo o momento, ainda que esta não faça questão de tanta pompa nem exija nada. Ainda assim, mesmo que não induzido por ela, ele se sente na obrigação de fazê-lo. Assim, ele contrai empréstimo de um agiota para poder comprar à namorada um anel de brilhantes. O que ele tinha em mente é que o dinheiro conseguido com o agiota era fácil. Como ele agiu com inexperiência, podemos dizer que houve lesão.
Agora, como podemos falar se a pessoa é inexperiente ou experiente? Idade, nível de instrução, tempo conclusão do ensino médio, e inúmeros outros critérios. Um homem de 45 anos certamente tem mais experiência do que um jovem que acaba de concluir o ensino médio numa escola particular. Mas e se ele tem 45 anos e acaba, ele mesmo, de concluir o ensino médio via educação de jovens e adultos (vulgo supletivo)? Agora é bem diferente. O parâmetro, como já sabemos, deve ser o homem médio. Um analfabeto pode ser rico, como um fazendeiro que herdara a terra do pai. Ao mesmo tempo podemos estar diante de um PhD, mas que seja um “pé-rapado”. Então, o critério do dinheiro, em absoluto, não conta. Também podemos estar diante de alguém completamente fora da realidade, como o adepto da “terapia do cartão de crédito.” Tudo isso deve ser levado em consideração. Lesão, portanto, é um vício fácil de acontecer, mas difícil de provar. Vamos, então, voltar ao Art. 157 e prestar atenção aos parágrafos.
§ 1º: imagine que somos possuidores de um condomínio irregular. Ele vale entre R$ 80 e 100 mil. Um cidadão nos chega e oferece R$ 95.000,00 em dinheiro. Sem coação, com contrato de cessão de direitos (já que não se pode ter escritura pública para condomínios irregulares). Só que ocorre um problema: da noite para o dia, o governo resolve regularizar o terreno, o que faz quadruplicar seu valor. Pergunta-se: poderíamos entender isso como lesão? Não; pelo entendimento do § 1º, ao tempo da realização do negócio, o valor não era desproporcional, portanto não houve lesão, apenas puro azar.
E se o comprador tivesse informação de dentro, de forma que ele soubesse que o terreno estaria para ser regularizado em breve? Seria enriquecimento ilícito? Sim. Note as prestações desproporcionais. Também poderia ser caso omissão dolosa, mas se encaixa mais ainda no caso de acumulação de patrimônio. É que, diante das circunstâncias, as características mais presentes são de lesão, portanto classificamos como lesão.
§ 2º: O que está por trás desta norma é o princípio da conservação dos negócios jurídicos. Digamos que vendi um apartamento de R$ 500 mil por R$ 300mil. Depois, eu caio na real e busco a anulação do negócio. O comprador poderá dizer: “não se apoquente, eu me comprometo a fazer o depósito da diferença.” Isso conservará o negócio. O mesmo para a transação de uma fazenda, que tem frutos por colher e o dono não levou isso em consideração ao estipular o preço para a venda. Neste caso, é possível que se acorde sobre a deixar a produção para o ex-dono, como forma de compensação. Assim, o negócio também é preservado.
Pergunta-se: o sujeito é obrigado a aceitar esse acordo? Sim. É o princípio da conservação dos negócios jurídicos. Ele aparece no erro, no dolo e agora na lesão. Pelo artigo, basta que a parte favorecida ofereça a compensação.
Houve casos de construtoras que dispunham da seguinte forma em seus contratos de compra e venda: “o atraso ou não-pagamento de três prestações consecutivas, ou cinco alternadas, implicarão desistência da compra sem retorno de nenhuma quantia já paga.” Coloque-se na posição de vítima. Seria justo perder tudo que já se pagou? Como a resposta deve ser “não”, a lesão está caracterizada, pois.
Anatocismoé outro nome para a usura: cobrança de juros sobre juros. Veremos isso em Direito Tributário, numa espécie de bis in idem.
Para que haja caracterização da lesão, devemos ver: desproporcionalidade da prestação, que é o elemento material, e a premente necessidade da vítima, inexperiência, ou leviandade do agente com a vontade de se aproveitar, que são os elementos subjetivos.
Questão da magistratura: faça a diferenciação entre o vício da lesão e a chamada teoria da imprevisão. Para diagnosticar a lesão, veja o § 1º do Art. 157. A pessoa, no ato da celebração, já tem condições de saber que o negócio teria um disparate muito grande. É diferente da teoria da imprevisão, que trabalha com circunstâncias que são imprevisíveis.
Teria condições o comprador do carro de saber o que aconteceria? Temos um princípio que trata sobre o equilíbrio contratual. É nessa situação que entra a teoria da imprevisão: o Judiciário intervém na relação jurídica e determina um reequilíbrio. Esta intervenção também se baseia no princípio da conservação dos negócios jurídicos. Note que a teoria da imprevisão não permite a anulação do negócio, enquanto a lesão sim. Na imprevisão só se permite uma revisão.
 °Fraude contra credores: é o negócio realizado para prejudicar o credor, que torna o devedor insolvente.
São os vícios que afetam a segurança nas relações sociais. Não atuam sobre vontade, como é o caso dos vícios de consentimento. Eles são em número de dois: um deles é a fraude contra credores, que o Código dispõe claramente. A simulação não aparece em lugar nenhum a não ser no Art. 167, que trata dos negócios nulos. A simulação é mais fácil de entender, então vamos deixar para depois. Vamos começar com a fraude contra credores. 
Mais uma vez, coloque-se na posição de vítima, no caso, de credor. Imaginem que Estevam solicita a Sônia um empréstimo. Ela, que o conhece bem, prontamente concede R$ 2.000,00, e nem se dá ao trabalho de perguntar para que Estevam queria o dinheiro. Depois de dois meses Sônia vê que Estevam está dirigindo o carro do ano, passeando de lancha, jogando golfe e se alimentando em caros restaurantes. Ele é um homem de negócios (que Sônia imaginava estar passando por uma má fase), portanto também costuma contrair outros empréstimos. Seus credores cobram e ele, de pronto, paga suas dívidas, inclusive algumas maiores que os dois mil reais. Mas “se esquece” de Sônia. Está evidente que Estevam tem condições de pagar o empréstimo, ainda que com os juros, e não o fez. Está configurada a fraude contra credor.
Credores são todos aqueles que têm direitos. O Código Civil deve proteger esses direitos, sob pena de se voltar ao estado de natureza: se não há garantias, as pessoas buscarão o cumprimento das obrigações "no porrete." A fraude contra credores é, então, a tentativa ou a prática de lesar os credores. O raciocínio é bem fácil: tenho um credor, e logicamente tenho conhecimento da dívida, e, antes ou durante o processo de cobrança, começo a dilapidar meu patrimônio, na tentativa de reduzir a minha insolvência. O que é isso? Entenda, didaticamente, como falência da pessoa natural. Não se esqueça que, tecnicamente, esse termo não existe. Significa que ela deve mais na praça do que tem a receber. Se não for situação de insolvência, afastem a fraude contra credores; é como a ausência de tipicidade no Direito Penal (fraude contra credores sem insolvência é tão existente quanto furtar algo que já é sua propriedade, ou estuprar um homem). Também, por óbvio, não configura insolvência caso o patrimônio possa suportar a dívida, como possuir R$ 1 milhão e dever apenas R$ 100 mil.
Duas observações:
Não existe aqui a autofalência, como no Direito Comercial.
Quem tem herança por receber ainda é insolvente porque se trata de direito eventual.
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
        § 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
       § 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
 °Simulação: é a declaração enganosa da vontade, visando obtenção de resultado diverso da finalidade aparente, para iludir terceiros ou burlar a lei. Vale dizer, a simulação é causa autônoma de nulidade do negócio jurídico, diferente dos demais vícios.
É o segundo vício social e, tecnicamente, não figura dentre os vicios negociais presentes no Código Civil.
O que é uma pessoa simulada? Não é uma pessoa “dissimulada”, como recorrentemente dito; o termo correto é “simulada”. É uma pessoa falsa, que aparenta algo que não é. É idêntico o raciocínio do vício negocial da simulação: um ato falso é praticado. Não veremos simulação devidamente elencada no Código Civil, mas no Art. 167 temos o seguinte:
	        Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
        § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
        I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
        II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
        III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.    
O que diz o artigo para vicios simulados? É nulo o negócio, ou seja, invalidade absoluta. É o único vício negocial que gerará nulidade. Todos os demais vícios negociais gerarão somente a anulabilidade. Haverá simulação dos negócios jurídicos quando:
I: aparentar conferir: isso é exatamente a característica de alguém simulado;
II: firma-se um contrato, e depois se vê que uma cláusula não corresponde à realidade;
III: é a coisa que mais acontece. “Bota a data de ontem!” Isso é simulação, porque não é verdade. Se alguém prova que aquele negócio não foi assinado na data, haverá simulação.
	        § 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
Como de regra, os terceiros de boa-fé são protegidos.
Diferença entre simulação e dolo: neste, age-se já sabendo quem é a vítima. Na simulação, qualquer um pode ser vítima. Na simulação, dois agentes (declarante e declaratário) se unem para o atingimento de fins escusos, maléficos, ilegais.
Espécies de simulação:
Absoluta: ação envidada para não gerar efeitos jurídicos. Caso de cônjuge que, querendo afastar do patrimônio do casal um determinado bem (eventualmente por causa de um processo de separação), pode ajuda a um amigo para colocar em seu nome bem que era do casal;
Relativa: vontade emitida com propósito de encobrir natureza de um ato jurídico. Antedata, pós-data, “doação” de bens para um amante são exemplos.
Para terminar, lembrem-se que todos os vícios geram anulabilidade, com exceção da simulação. Coação física gera inexistencia, não nulidade nem anulabilidade. Não pode haver simulação sem má-fé de pelo menos um agente. Normalmente tem-se dois.

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