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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 27ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE FORTALEZA/CE Processo nº: 0165216-12.2016.8.06.0001 Requerente: ELISABETH DE ARAÚJO LOIOLA Requerido: UNIMED DE FORTALEZA COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO LTDA UNIMED DE FORTALEZA – COOPERATIVA DE TRABALHO, pessoa jurídica de direito privado, sob CNPJ nº 05.868.278./0001-07 sediada na Avenida Santos Dumont, 949, Bairro Aldeota, Fortaleza-Ce, CEP: 60.150-160, "e-mail...", vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por seu advogado infra assinado, com escritório situado na “endereço”, “email”, conforme instrumento de procuração em anexo, apresentar CONTESTAÇÃO nos autos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS em epígrafe, que lhe move ELISABETH DE ARAÚJO LOIOLA, devidamente já qualificada, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: I - DOS FATOS ALEGADOS NA INICIAL A Requerente ajuizou a presente demanda arguindo estar plenamente em dia com as prestações do plano. Alega que foi orientada pelo seu médico a realizar um exame de dosagem de calprotecnina fecal, contudo afirma ter sido surpreendida pela negativa do mesmo. É nesse contexto que a Autora afirma ter sofrido dano ocasionado pela empresa Promovida. Diante do exposto, requereu: (i) os benefícios da justiça gratutita; (ii) indenização por danos material no valor do exame; (iii) indenização por danos morais; (iv) condenação da Promovida ao pagamento de honorários de sucumbência no importe de 20%. II - PRELIMINARMENTE - DA DA ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DA DEMANDANDA De pronto, verifica-se pelo simples folhoear dos autos que a Demandada não é a responsável pelo débito executado, vez que seu cheque foi emitido simplesmente por burocracia do Hospital/Demandante. Explica-se. Todo o custeio das despesas do hospital foram cobertas pelo Plano de Saúde xxxxx, com a devida autorização antecipada. Contudo, após o procedimento, o hospital exigiu um cheque, APENAS COMO GARANTIA, sendo tal prática simplesmente burocrática. E, confiando nisso, a autora emitiu o cheque para utilização do hospital. Desta forma, o débito oriundo de toda a autilização do hospital é exclusivamente do Plano o qual a Demandada é beneficiária, estando flagrante a ilegitimidade desta para figurar nopolo passivo da presnete demanda. É certo que, à luz dos princípios processuais e normas jurídicas vigentes, a ação, como direito de provocar a atuação do Poder Judiciário, exige por parte do autor e do réu o preenchimento de determinados requisitos denominados de condições da ação. Dentre tais condições, estaria a legitimação das partes, conceituada por LIEBMAN nos seguintes termos: "Legitimação para agir (legitimatio ad causam) é a titularidade (ativa ou passiva) da ação. O problema da legitimação consiste em individualizar a pessoa com referência à qual ele existe; em outras palavras, é um problema que decorre da distinção entre a existência objetiva do interesse de agir e a sua pertinência subjetiva... entre esses dois quesitos, ou seja, a existência do interesse de agir e sua pertinência subjetiva, o segundo é que deve ter precedência, porque só em presença dos dois interessados diretos é que o juiz pode examinar se o interesse exposto pelo autor efetivamente existe e se ele apresenta os requisitos necessários" (In "Manual de Direito Processual Civil", trad. de Cândido Dinamarco, Forense, pág. 157). Desta forma, deve-se ter em mente que a legitimidade para a causa deve ser apreendida como a correlação entre as partes no litígio que a gerou, de modo que se repute presente tal condição da ação na hipótese de, aquele que se diz titular de determinada pretensão, ajuizar a ação em face de quem deve suportar os efeitos de eventual reconhecimento do direito invocado. Neste momento, faz-se necessário destacar a flagrante ilegitimidade da ora contestante para figurar no polo passivo da presente demanda, motivo que levará à inevitável extinção do feito sem resolução do mérito, conforme será verificado em seguida. Destarte, como forma de aplicação precisa do ordenamento jurídico pátrio, resta apenas a necessidade de exclusão da demandada da presente disceptação. Ora, MM. Juiz, a pretensão autoral direcionada à ora demandada é absurda, eis que a mesma só deve responder pela obrigação que efetivamente causar, o que, indubitavelmente, NÃO ocorreu no caso em tela. Isto posto, requer, de logo, a Vossa Excelência, o acolhimento da preliminar arguida para extinguir a presente demanda sem resolução do MÉRITO III - DO MÉRITO Diante das alegações exaradas na petição inaugural, mostra-se imperioso demonstrar que a Promovente em nenhum momento trouxera aos autos elementos constitutivos do seu direito. Ao longo das razões de defesa, será afastado o pleito de cobrança a débito conferido pela Promovida,ao passo que,conforme será demostrado, tal dívida não é de responsabilidade da contestante. III. 1 - DA REALIDADE DOS FATOS – NECESSÁRIO ESCLARECIMENTO Argui-se de logo, a inexistência a obrigação de pagar pleiteada, não estando a Promovida agindo de forma irresponsável, tampouco se esquivando de prestar qualquer obrigação contratada. Ocorreu que, a Promovida (juntamente com seu marido) é beneficiária do plano de saúde xxxx, e, na data de 17 de setembro de 2014, seu marido sofreu uma fratura exposta na perna direita, conforme diagnóstico médico, o qual solicitou uma cirurgia de urgência. Desta feita, todo o procedimento médico, bem como a cirurgia devidamente custeados peloPlano xxxxx. Ocorre que, após a realização do procedimento cirurgico, a direção do hospital exigiu que a Promovida emitisse um chefe no valor de 60 mil reais, como garantia de pagamento dos serviços médicos que seriam prestados à seu marido, Diego. Assim, para finalizar o procediemento e confiando naliberação decusteio pelo Plano de Saúde, a Promovida procedeu com os ditames burocráticos do hospital. Contudo, para sua surpresa, o chefe, que seria apenas como garantia, está sendo executado em sede de juízo. Ora,Excelência, obser-se de logo a inexistencia de obrigação de pagar,ao passo que a Promovida sequer possui legitimidade para custearadívida, pois, como já esclarecido, todo o procedimento médico e cirúrgia foi autorizado pelo Plano de Saúde. Verifica-se claramente que a Promovida agiu em conformidade com todo o procedimento para concessão de cobertura do plano de saúde, restando claro que sua conduta se traduz em exercício regular de direito. Ou seja, NÃO há que se falar em débito por parte da Promovida, ao passo que o chefeemitido sequer deveria ter sido executado, podemos dizer, Excelencia, que houve até má-fé nesse caso. Explica-se que todo o procedimento de custeio solicitado pela Promovida, está amparado pelos ditames legais, ao passo que além de ter sido autorizado antecipadamente pelo Planod e Saúde, este não poderia ter seesquivado de tal autorização, vaja vista o pedido estar previsto no Rol de procedimentos da ANS. Explica- se. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) tem, dentre suas atribuições, a elaboração de uma lista contendo os procedimentos de cobertura obrigatória nos planos de saúde comercializados a partir da vigência da Lei nº 9.656/98, de 03/06/98. Essa lista, denominada Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, é a referência de cobertura obrigatória para cada segmentação de planos de saúde (ambulatorial, hospitalar com ou sem obstetrícia e plano referência) contratados pelos consumidores a partir de 02 de janeiro de 1999. Para os contratos antigos, assinados antes da vigência da Lei, vale oque estiver estabelecido no contrato. Destaca-se, portanto, que, na condição de consumidora, esta solicitou todo o amparo médico e hospitalar coberto pelo Rol da ANS, tend sido, inclusive, autorizado antecipadamente pelo Plano de Saúde. Desta feita, não há nenhum débito oriundo pela Promovida. Destarte, demonstrar-se-á a seguir que a presente investida processual não revela sequer vezo mínimo de pertinência fática ou jurídica, razão por que só se reconhecer a sua total improcedência. III. 2 - AUSÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR - DO CUMPRIMENTO DO CONTRATO COM O PLANO DE SAÚDE E DAS DISPOSIÇÕES DA ANS A Requerente tornou-se beneficiária do plano de saúde da UNIMED através de contrato com previsão expressa sobre tratamentos e procedimentos, dos quais estão ou não contemplados pelo plano e, afirmando as partes estarem cientem de todos os termos dispostos em contrato. Ora, Nobre Magistrado, a presente demanda trata-se de uma aventura jurídica, ao passo que sequer há direito material a ser discutido, ao passo que no próprio contrato as disposições são bem claras quanto aos exames e tratamentos cobertos pelo Plano de Saúde. Cumpre destacar que a Autora solicitou todo o procedimento médico e cirurgia, tendo sido contempladopeloPlanode saúde, ou seja, houve a devida autorização do Plano de saúde, posto que a cobertura de tais técnicas era uma prestação de serviço a qual a beneficiária (junto a seu marido) tinham direito. Consoante já demonstrado, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é competente para a regulamentação e adição de leis que incidem sobre a matéria de planos de saúde privados, além de ser o Órgão responsável pela fiscalização e aplicação das referidas normas. Dentre suas atribuições, a Agência Nacional de Saúde Suplementar elabora uma lista contendo os procedimentos de cobertura obrigatória nos planos de saúde comercializados a partir da vigência da Lei nº 9.656/98, de 03/06/98. Desta forma, faz-se premente reforçar que os procedimentos discutidos nestes fólios estão enquadrado nas diretrizes de utilização da ANS, não havendo nenhum ebasamento fático para sua negativa, que de fatonão ocorreu. Como fartamente esclarecido, todo o procedimento foi concedido pelo Plano de Saúde. Vale ressaltar a competência da ANS quanto à elaboração deste rol, prevista na Lei n° 9.961/2000, in verbis: Art. 3°. A ANS terá por finalidade institucional promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regulando as operadoras setoriais, inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores, contribuindo para o desenvolvimento das ações de saúde no País. Art. 4°. Compete à ANS: (...) III - elaborar o rol de procedimentos e eventos em saúde, que constituirão referência básica para os fins do disposto na Lei no 9.656, de 3 de junho de 1998, e suas excepcionalidades; Tudo isto deixa claro que o Autor ajuizou ação judicial para forçar o pagamento de um débito que compete ao Plano de Saúde custear e NÃO a Promovida. Diante de tudo que fora exposto, resta evidenciado que não merece respaldo o pleito do promovente, pois a execução do cheque se deu de forma indevida, por não haver enquadramento nas diretrizes do ornedamento jurídico, tampocuco de utilização e previsão no Rol de Procedimentos da ANS, assim, merece reconhecimento a ausência de obrigaçãod e pagar porparte daPromovida, devendo a presente demanda ser julgada totalmente improcedente. V - DOS PEDIDOS Por todo o exposto, requer: a) O imediato acolhimento da preliminar dos efeitos justiça gratuita,por estar a Autora caracterizada do estado de hipossuficiência; b) O imediato acolhimento dos fatos narrados, eis que não existe obrigação de pagar de responsabilidade da Demandada, determinando a absoluta improcedência do pleito autoral; d) Condenar a Autora ao pagamento de honorários sucumbenciais. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em Direito admitidos. Nestes termos, Pede deferimento. Local, data. Advogado OAB/UF Bruno Loiola Barbosa PROF. DO NÚCLEO DE PRÁTICAS JURÍDICAS DA FAECE Rickelly Kelman ACADÊMICA DE DIREITO