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Análise Case Harvard

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O trabalho exposto pelos autores Thomas e Vineeta (2006) baseia-se no histórico do empreendimento artístico “Cirque du Soleil” e seus principais líderes. Murielle Cantin, diretora de elenco do Cirque du Soleil em visita de campo ao Brasil, questiona-se se realmente existe a necessidade de inserção do Peru em seu itinerário de pesquisa e recrutamento e ao mesmo tempo pergunta-se se os artistas itinerantes ativos no empreendimento se sentiam cansados e desmotivados da rotina de viagens.
Criado em 1984 por uma trupe de artistas, o Cirque de Soleil, através de seus principais líderes (ex-artistas) possuía no final de 2001 mais de 2.100 colaboradores em todo o mundo, sendo suas viagens realizadas apenas com um espetáculo por vez. Após a compra da metade de Daniel Gautier, por Laliberté, a imagem e proporção da companhia mudou drasticamente, porém, Laliberté buscou sempre manter a essência do Cirque du soleil, declarando que jamais venderia ações da companhia no mercado aberto. Mas afinal seria essa a opção ideal?
Sendo seu produto um circo sem animais, ou seja, um espetáculo totalmente criado e composto por artistas de rua, palhaços, acrobatas e ginastas, era evidente a liberdade de criação e expressão artística lograda aos colaboradores do circo. Suas músicas eram cantadas em uma língua derivada do Latim e buscavam transcender as fronteiras culturais, conforme pregado por todos os envolvidos. Composto por artistas de várias vertentes e áreas, o Cirque de Soleil buscava integrar pessoas com alto potencial artístico e dispostas a viver através da estrada, demonstrando sua arte.
Comparando os benefícios de outras companhias, conforme explicitado pelo artista Oberacker, o Cirque de Soleil possuía benefícios abaixo dos padrões encontrados, porém, isso não impedia e nem desmotivava seus colaboradores. Todos possuíam um forte senso de dever e alegria em suas funções, grande parte disso por sua liberdade artística e participação ativa na criação de todos os espetáculos criados.
Devido as grandes turnês e tempo na estrada, um fator de atenção aos líderes do circo era o motivacional e recreativo. Frequentemente festas eram planejadas e realizadas, visando a integração de todos do circo. Porém, mesmo através de toda liberdade, vantagens e valor percebido junto aos artistas, Murielle Cantin enfrentava o grande desafio de manter a qualidade do espetáculo através do recrutamento mundial de artistas em potencial. Cantin, através de experiência, selecionava artistas e inseria-os no ambiente do circo, buscando sempre o aprendizado e aperfeiçoamento dos artistas, onde segundo suas palavras – O circo ajuda os artistas a crescer, e os artistas ajudam o circo a crescer.
Porém, não bastava direcionar o foco somente em seus colaboradores, todos os seus clientes também eram de grande importância. Gagnon (Vice-presidente operacional), reforça que a companhia possuía apenas um objetivo com relação aos seus clientes – quando um cliente entra sob a lona, está prestes a ter uma experiência inesquecível junto ao circo e artistas. Dessa forma, buscando o atendimento a todas as classes econômicas, o circo buscava se diferenciar (preço dos ingressos) para consolidação e expansão da marca e espetáculos em todo o território dos EUA.
Outro fator de extrema relevância para o sucesso e satisfação de seus colaboradores, a criação do escritório central, localizado ao lado do maior aterro sanitário da América do Norte, buscava a integração de todos os artistas em um única e enorme complexo. Dispondo de salas de treinamentos, estúdios de dança, restaurante self-service e uma horta para utilização interna e distribuição de seus excedentes aos funcionários e habitantes locais, o escritório era essencial para o processo de criação de espetáculos.
Suas maiores oportunidades e dificuldades, segundo a própria visão da companhia, era diversificar o circo com outros tipos de produtos (complexos com arenas, etc), expansão do corpo executivo na companhia (o fórum executivo começava a adquirir um caráter empresarial) e a constante reinvenção de seus espetáculos e desafios frente aos funcionários. Devido ao grande capital social disponível e a natureza do serviço realizado, Cantin pensava que a maior estratégia de todas era se concentrar nos artistas e suas variáveis motivacionais, afinal de contas o circo era feito por eles.

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