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AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL Aula 1: A política Oficial de Avaliação Institucional no Brasil Ao final desta aula, você será capaz de: 1- Definir o significado do ato de avaliar e identificar as representações dos alunos e professores construindo um novo referencial; 2- Identificar dois aspectos da sociedade atual que concorreram para o surgimento e a evolução de uma política pública de avaliação e regulação da educação no Brasil; 3- Relacionar o modelo brasileiro de economia, pautado na lógica da ideologia neoliberal, com a implantação pelo MEC de um sistema de avaliação, dentro dos princípios do Estado Avaliador; 4- Reconhecer e citar duas características de um projeto de avaliação democrática. Premissa Para iniciar a discussão sobre a evolução histórica da Avaliação Institucional é necessário, antes, entender as várias representações, que professores e alunos possuem sobre o processo avaliativo. Dessa forma, você pode rever os seus próprios conceitos e representações e compreender que a partir das mudanças paradigmáticas decorrentes dos avanços científicos e tecnológicos, as concepções de educação foram mudando e em decorrência o próprio conhecimento sobre a avaliação foi sendo reconstruído e redimensionado. As diferentes visões acerca das avaliações Muitos professores fazem da avaliação um instrumento de coerção para manter a atenção de seus alunos. Outros entendem que avaliar é atribuir nota, é reprovar, é apontar os erros. Raramente usam o diálogo e a mediação. Em uma expressão exagerada, diríamos que as provas são as armas utilizadas pelos professores para imobilizar o aluno e garantir a sua autoridade. Poderia ser considerado um spray de pimenta! Grande parte dos alunos, por sua vez, se preocupa mais com as disciplinas onde o professor exige muitas leituras e muitos trabalhos. Estuda os conteúdos apenas para realizar a prova. Não encontra prazer em ler ou pesquisar, no sentido de ampliar o seu conhecimento ou satisfazer a sua curiosidade. Afinal, “a escola é lugar de confinamento onde a sua liberdade é tolhida.” Lógico que não se pode dizer que isto é uma regra geral. Existem os alunos que estudam e sentem prazer em aprender. Estes se empenham por conhecer mais utilizando as ferramentas da internet, pesquisando em livros e revistas e sua capacidade de concentração é muito grande. Sobre os alunos Esses pontos iniciais são para que você pense e questione um sistema de Avaliação Institucional onde: • os exames nacionais estão sendo organizados para revelar o nível de leitura e de raciocínio dos alunos; • um mesmo modelo para as escolas públicas e escolas privadas; independe de sua origem social ou natureza administrativa de sua escola; • e para a identificar as capacidades e as habilidades que os alunos estão desenvolvendo. Podemos encontrar bons alunos oriundos de escola pública e péssimos alunos que estudam nas melhores escolas privadas, porém, não conseguem ingresso em uma universidade pública. Clique na TV ao lado! A situação não se altera quando da aplicação dos exames no cenário internacional. Também aí, a nossa posição diante dos países desenvolvidos é muito ruim. Esses dados são amplamente divulgados na mídia e por vezes, só nesse momento, os pais conhecem a existência e a importância de um sistema nacional de avaliação, pois são surpreendidos pelo desempenho pouco expressivo/muito expressivo da escola onde seu filho estuda. Na próxima tela, teremos uma reflexão acerca dos principais problemas no sistema educacional brasileiro. Então, o que pode estar acontecendo nas escolas e no sistema educacional brasileiro? REFLEXÃO Pare um pouco e pense sobre isto. Depois, clique na pergunta e verifique se suas ideias estão de acordo com as questões seguintes. O aluno não apresenta as habilidades e as capacidades necessárias ao nível de escolarização em que se encontra ou as provas não revelam o que ele realmente aprendeu? O professor está preocupado com a sua aprendizagem ou concentra o seu trabalho no conteúdo da sua disciplina, sem se preocupar com a compreensão do seu aluno? O aluno brasileiro é incapaz de aprender? Faltam recursos físicos e tecnológicos às nossas escolas? O menino prefere o futebol ao estudo da Física, por exemplo? A menina, o shopping ao estudo? As oportunidades de lazer são inúmeras e as festas são mais atraentes do que a Feira de Ciências da escola. O que se constitui em problema é abandonar as atividades escolares. A biblioteca nunca é visitada, pois é ambiente de silêncio e leitura solitária. Não tem vida! Gostar de esportes é positivo para o desenvolvimento de todos; passear no shopping, fazer compras, faz parte do cotidiano moderno. Objetivo da avaliação Podemos compreender a importância de um processo de avaliação e dizer que a Avaliação Institucional é um instrumento que nos permite saber em que ponto estamos e o caminho que falta percorrer para alcançarmos as nossas metas. Ristoff (2005, p.50) inclui, como exemplo de um processo de avaliação pautado na legitimidade, a metáfora de M. H. Abrams que diz o seginte: “... a avaliação precisa ser espelho e lâmpada, não apenas espelho. Precisa não apenas refletir a realidade, mas iluminá-la, criando enfoques, perspectivas, mostrando relações, atribuindo significados. Sem um eficiente trabalho interpretativo, os dados serão apenas marcas sobre tabelas e gráficos, sem utilidade gerencial.” Estabelecimento de metas Além da atribuição dos significados, se não estabelecemos as metas, como identificar as alternativas para o sucesso? Quais as intervenções serão necessárias para que se possa ultrapassar os obstáculos, permitindo ao aluno melhorar seu desempenho? Como entender o significado dos dados mostrados nas tabelas e gráficos? Como saber o que fazer com eles? Pesquisa sobre o sistema educacional A Avaliação Institucional nos possibilita, essencialmente, conhecer a organização, o sistema educacional, identificando seus pontos fortes e suas fragilidades, permitindo ao gestor corrigir seus erros e buscar o aprimoramento de sua ação. Ela pode ser usada para o controle e a coerção das pessoas que nela trabalham. OU Pode ser um mecanismo para justificar as decisões do grupo no poder. Avaliar por avaliar, sem uma perspectiva de mudança é perda de tempo e recursos. Ela só se justifica quando após a análise dos dados recolhidos, resultar em uma programação que resolva os problemas encontrados. Assim, é importante entender a abrangência e a diversificação do ato de avaliar. Vários são os conceitos que poderíamos utilizar. O que é buscado em uma avaliação, por Ristoff e Luckesi É adequado partir de 2 conceitos defendidos respectivamente por Ristoff e Luckesi porque eles destacam a concepção valorativa que deve preceder um processo de avaliação e o compromisso com a qualidade. O que se busca na educação é a formação da pessoa e a qualidade do processo ensino/aprendizagem. Análise e decisões Considerando um quadro referencial podemos diminuir os efeitos das representações de cada um e no diálogo, na participação de todos, criar um panorama global das várias situações que devem ser alteradas para o aperfeiçoamento da organização. A partir dessa reflexão, pressupõe-se que quem avalia deve deter um conhecimento técnico, específico, que lhe garante a comparação entre o objeto analisado, tal como está inserido na realidade, identificando as alterações necessárias para que possa chegar ao nível desejado. O avaliador deve conhecer o currículo a ser desenvolvido e comparar com a proposta pedagógica da escola e ainda, verificar se o professor dá conta de apresentar e discutir os conteúdos com os alunos - e se ele se interessa realmente pela aprendizagem do seu aluno - para poder identificar a razão do fracasso ou sucesso da turma. Não queremos dizer que outros fatores não sejam importantes, tal como a participação da família na vida escolar do aluno, o nível cultural da comunidade onde vive, os recursos tecnológicos a que tem acesso, seu empenho e determinação. Outro ponto dizrespeito à “tomada de decisão”. Assumir uma posição sobre o objeto analisado. Estar a favor ou contra as situações e os problemas e na escolha de estratégias. Assim, modifica-se o quadro existente para melhor e soluciona-se os entraves à ação do gestor. Se a avaliação for feita e não se alterou as situações encontradas foi pura perda de tempo. É melhor não fazer. A avaliação serve para o estabelecimento de uma estratégia de ação. Concluimos que perseguir a qualidade não é fácil porque ela é variável em função do padrão ideal estabelecido; por falta de uma decisão clara sobre o que se espera do aluno; por múltiplas representações do avaliador, sendo necessário estabelecer um padrão mínimo para que o aluno ou a organização como um todo seja considerado satisfatoriamente dentro do perfil ideal. A decisão envolve o estabelecimento das estratégias para preencher as lacunas e sanear os problemas considerando os meios e os recursos existentes. Analisando esse conceito se pode perceber que avaliar não é somente medir, preocupar-se demasiadamente em atingir metas quantitativas, como é comum acontecer, ou para proceder ao controle das falhas e erros. Os números nos dão a dimensão e a extensão dos fenômenos, mas o ato de avaliar exige um detalhamento para além dos efeitos numéricos. Uma preocupação com o sentido e a missão de uma instituição educacional e com o modelo de sociedade que se pretende construir. Para concluirmos esse tópico Por meio da avaliação você pode definir os rumos de um país e é nessa visão que o MEC reconheceu, no documento encaminhado ao Senado que... “A avaliação não é só uma questão técnica. É também um forte instrumento de poder.” (Sinaes, 2003 p.90) “A avaliação precisa ser um processo de construção, e não uma mera mediação de padrões estabelecidos por iluminados.” (Ristoff, 2005, p. 47) Esperamos que você esteja entendendo que para analisar as causas das mudanças e da insatisfação que ocorrem hoje na escola brasileira, é necessário perceber que constituem uma reação ao que acontece na sociedade, não só no Brasil, mas no mundo todo. A escola tem o hábito de fazer autocrítica, mas ao mesmo tempo, enorme dificuldade em alterar o seu cotidiano. O modelo de avaliação democrática Agora que você entendeu o que significa o Estado Avaliador e como ele reflete na institucionalização de um modelo de avaliação, vamos conhecer como foi implantado, no Brasil, o modelo de avaliação na Educação Superior. Em 2003, o então ministro da Educação Cristovam Buarque designou uma Comissão Especial de Avaliação, no sentido de conceber um modelo articulado com os estados e os municípios, “com a finalidade de analisar, oferecer subsídios, fazer recomendações, propor critérios e estratégias para a reformulação dos processos e políticas de avaliação da Educação Superior e elaborar a revisão crítica dos seus instrumentos, metodologias e critérios utilizado, que propôs um documento intitulado Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES: 2003)”. A Comissão concentrou seus trabalhos na análise das tensões e contradições dos paradigmas existentes no cenário educacional brasileiro. Através do relatório gerado pelo grupo, o entendimento entre os integrantes da CEA era o de estabelecer a avaliação como um processo participativo e integrado que vinculasse a dimensão formativa a um projeto de sociedade democrática e não apenas realizar os exames nacionais e as visitas às instituições para a verificação in loco, das condições oferecidas aos alunos do ensino superior. Então, para nos entendermos perfeitamente sobre a noção de paradigma usada no modelo implantado no Brasil, vamos incluir a definição de acordo com Almerindo. Clique no livro. Pode-se considerar que paradigma é: “um conjunto de fundações filosóficas, axiológicas, epistemológicas e suas respectivas constelações de significados que sustentam duas atitudes básicas diante da vida.” (p.175, Almerindo Janela). Axiologicas, epistemológicas: Estudo do grau de certeza do conhecimento cientifico em seus diversos ramos, especialmente para apreciar ser valor para o espirito humano. O modelo de avaliação democrática Como vimos anteriormente o “novo”, instituinte, sempre pressiona o “velho”, instituído, para ocupar um lugar. Isto significa que as concepções interagem de forma dinâmica gerando contradições, conflitos e tensões entre os professores e os demais integrantes da equipe escolar e determinam as suas escolhas sobre as mudanças necessárias ao aperfeiçoamento da ação pedagógica. O autor (Almerindo) explica que quando se refere a duas atitudes básicas não significa adotar inteiramente uma, abandonando a outra. Um paradigma entra em conflito com o outro ou se harmoniza em alguns aspectos, ou se mescla para atender aos desejos de professores, pais, diretores, tornando muito complexo o trabalho de dar transparência aos processos de avaliação. A avaliação está contingenciada pela concepção de educação de uma comunidade ou um povo. Em um lado prevalece a “visão mecanicista, o paradigma analítico e determinista do pensamento formal, lógico, racionalizante do positivismo que procura reduzir a complexidade a aspectos analisáveis e não contraditórios” (p. 175, Almerindo Janela). Quantas escolas, ainda hoje, pautam o seu trabalho apoiadas principalmente nesse paradigmas? Os argumentos que usam para defender o seu projeto pedagógico falam de uma escola conteudista do passado que sempre obteve sucesso com a realização pessoal de seus alunos pelo acesso a um bom emprego e a ótimos salários. O modelo de avaliação democrática E quanto ao outro lado? O outro posicionamento é apontado como a “visão holística, também chamada de biológica, naturalista e de muitos outros termos, em que predominam as ideias de complexidade, de imprevisibilidade, das contradições, do polissêmico, do relativo, da dialética.” (p. 176) Essa visão holística resulta nos modelos democráticos e participativos. Não se preocupa excessivamente com o conteúdo em si, buscando refletir sobre os temas dando-lhes uma significação dentro dos interesses do aluno. Predomina a busca da aprendizagem e a formação plena do indivíduo pelo aperfeiçoamento de suas capacidades e talentos. O sucesso do aluno virá pela sua realização pessoal. Conclusão Por construção de identidades podemos entender que a instituição escolar é composta das pessoas que nela convivem. A análise coletiva dentro de um contexto formativo e padagógico propicia uma oportunidade a todos de “conhecer, interpretar e transformar a si mesmos e à instituição”. Esse modo de proceder resulta em criar uma cultura de avaliação e permite deslanchar um movimento de constante preocupação com o aperfeiçoamento do trabalho pedagógico resultando na melhoria qualitativa da formação do homem. ATENÇÃO É necessário destacar a importância de uma avaliação democrática para que a escola cumpra o seu papel. Ela poderá oferecer um ensino centrado na formação, não apenas no treinamento profissional, na capacidade técnica, na ciência e tecnologia, mas também, nos valores necessários ao aprimoramento da humanidade. Deve discutir sempre os objetivos da avaliação a ser realizada. Por produção de sentidos pode-se compreender a finalidade que se deseja atender na escola: desenvolver as potencialidades dos alunos ou moldá-los a um projeto de educação e de sociedade que certamente não existirá quando estiver na idade adulta. Daí a importância da escola rever o seu projeto pedagógico todos os anos, introduzindo as inovações e caminhando com o seu tempo e não contra ele. Reflexões finais O que devo conhecer para aprimorar a escola? O que faz a gestão para resolver os problemas? Quais são os recursos que se dispõe para estabelecer as metas que darão fim aos problemas encontrados? Para atender a uma avaliação democrática torna-se necessário o envolvimento de todos, que vai da construção do modelo à escolha dos instrumentos, e sua elaboração à análise dos dados e indicadores encontrados. Caso contrário, a análise se transforma emuma série de tabelas para compor um relatório, sem um efeito real e prático. Nesta aula, você: Compreendeu o cenário atual da sociedade brasileira que propiciou as condições necessárias à institucionalização de uma política pública de regulamentação, supervisão e avaliação das instituições educacionais do país; Aprendeu que o ponto de vista de educação determina o modelo de avaliação escolhido para ser implantado em um sistema ou organização educacional; Identificou que o objetivo principal do conteúdo foi a proposta de, através da avaliação institucional, se construir uma sociedade democrática recoberta dos valores que garantam o atendimento aos direitos do aluno por um ensino de qualidade, que vai para além do acesso e permanência na escola.
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