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Resumo 1 Bimestre direito penal III Prova

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1. Homicídio qualificado por motivo fútil ou torpe e sem motivo. 
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
O motivo fútil é aquele motivo insignificante, banal, motivo que normalmente não levaria ao crime, há uma desproporcionalidade entre o crime e a causa. Ex: matar por ter levado uma fechada no transito, rompimento de relacionamento; pequenas discussões entre familiares, aposta em jogos, valores ínfimos, entre outos.
Já o motivo torpe é aquele considerado como imoral, vergonhoso, repudiado moral e socialmente, algo desprezível. Um exemplo seria matar para receber uma herança, ou por ter qualquer tipo de preconceito, ou para satisfazer sentimento próprio, entre outros.
O tema “homicídio sem motivo” divide a doutrina brasileira com quatro posições antagônicas:
1ª posição: Incide a qualificadora do motivo fútil. Capez defende que:
“Não nos parece adequado. Matar alguém sem nenhum motivo é ainda pior que matar por mesquinharia, estando, portanto, incluído no conceito de fútil, não se compreende que o legislador fosse permitir pena mais branda para quem age sem qualquer motivo”.
É também a posição do professor César Danilo Ribeiro de Novais, in verbis:
“Pouco esforço é preciso para notar o equívoco dessa posição. Como é sabido, fútil é o motivo que redunda em desproporção entre o crime e sua causa moral. É o móvel escasso ou de ínfimo valor, insignificante, leviano, de somenos ou de nenhuma importância. Assim, obviamente e logicamente, o sujeito que pratica o homicídio sem razão alguma, o faz futilmente. O homicídio gratuito, motivado pelo nada, é fútil. O nada também é fútil. Vale dizer, considerando que o motivo fútil é o pequeno demais, a falta de motivo a ele deve equiparar-se, pois, ausente, é como se fora ainda menor”. (Novais. César Danilo Ribeiro de. “Homicídio: ausência de motivo é, sim, motivo fútil”)
2ª posição: Incide a qualificadora do motivo torpe. Damásio Evangelista de Jesus, defende que: 
“O motivo fútil não se confunde com a ausência de motivo. Assim se o sujeito pratica o fato sem razão alguma, não incide essa qualificadora, nada impedindo que responda por outra, como é o caso do motivo torpe”. (JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal: Parte Especial. 24ª edição revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 67)
3ª posição: não incide a qualificadora do motivo fútil nem a do motivo torpe. Para Bitencourt, a insuficiência de motivo não pode, porém, ser confundida com ausência de motivos. Para o renomado autor, homicídio sem motivo será simples, pois não é possível o uso da analogia in malam partem.
4ª posição: não existe homicídio sem motivo, pois estamos diante de um absurdo jurídico: homicídio com motivo é qualificado; homicídio sem motivo é simples. 
O princípio da reserva legal veda a interpretação extensiva in malam partem, ou seja, onde lê-se “motivo fútil ou torpe” não se pode ler “ausência de motivo”, pois estaríamos fazendo uma analogia in malam partem. 
Entretanto, há quem defenda que é impossível alguém matar seu semelhante sem motivo, matar sem razão alguma revela torpeza, um ato perverso, repugnante, vil; portanto, o motivo será torpe. 
Lembre-se, ainda, de um detalhe importante: não estamos fazendo uma interpretação extensiva, e sim uma interpretação analógica, que a própria lei permite (art. 121, § 2o, inciso I: “mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe”). 
Nelson Hungria já defendia: "Não há crime gratuito ou sem motivo. Motivos imorais ou antissociais e motivos morais e sociais, conforme sejam, ou não, contrários às condições ético-jurídicas da vida em sociedade. O amor à família, o sentimento de honra, a gratidão, a revolta contra a injustiça, as paixões, nobres em geral, podem levar ao crime, mas o juiz terá de distinguir entre esses casos aqueles outros que é o egoísmo feroz, a prepotência, a malvadez, a improbidade, a cobiça, a auri sacra fames (ambição do ouro dinheiro), o espírito de vingança, a empolgadura de vícios." (Comentários ao Código Penal, v. 5. P. 122).
2. Participação em suicídio. 
Participação em suicídio: 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
Parágrafo único - A pena é duplicada: 
Aumento de pena 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Suicídio é a eliminação voluntária e direta da própria vida. Nelson Hungria dizia que era imprescindível a vontade direta de o agente querer se despedir da vida. 
Suicídio não é crime. Logo, a tentativa de suicídio não induz qualquer pena ao agente. Esse dispositivo pune a participação no suicídio mediante induzimento, instigação ou auxílio. 
No passado, o suicídio já foi considerado crime, sendo que as penas eram aplicadas ao Cadáver (exposição do corpo, mutilação, privação de honras de sepultamento) ou aos bens e a família do suicida.
Sujeito ativo 
É um crime comum, não se exigindo qualidade especial do agente. 
A induz B a auxiliar C a se suicidar. C efetivamente morre. Qual o crime que foi praticado por A? B, por óbvio, pratica o crime de participação em suicídio. A é participe do crime previsto no art. 1 22 do CP. A conduta de A é acessória e a de B a principal.
Sujeito passivo
 O sujeito passivo do crime de participação em suicídio é qualquer pessoa capaz. 
Se a vítima for um incapaz, o crime será o de homicídio e não de participação em suicídio. Isso porque a incapacidade passa a ser tratada como instrumento do crime. 
É também imprescindível que a vítima seja determinada. Logo, quando o agente induz o suicídio de pessoas indeterminadas o há crime, pois, o fato é atípico. 
Ex: banda de rock que faz música induzindo o suicídio. Se um fã que ouve a música e se suicida não há crime, pois, o fato é atípico. Isso porque suicídio não é crime, logo não se pode falar em apologia ao crime. 
Bem jurídico tutelado 
Vida e sua preservação
Tipo objetivo 
O art. 122 do CP possui três núcleos: induzir, instigar ou auxiliar (tipo misto alternado). 
•	Induzir: o agente faz nascer na vítima a vontade e a ideia mórbida. 
•	Instigar: o autor reforça a vontade mórbida que já existe. 
•	Auxiliar: prestar assistência material para o cometimento do crime. Ex: emprestar a corda ou dar o veneno. 
Nas duas primeiras hipóteses, tem-se o que é chamado pela doutrina de participação moral. Já na terceira há participação material no suicídio de outrem. 
Se o agente induz, auxilia e instiga a pessoa a se matar, pratica um só crime, já que se trata de um crime plurinuclear ou de ação múltipla. Assim, se praticado mais de um núcleo dentro de um mesmo contexto fático, o crime continua sendo único. O juiz é quem irá considerar a pluralidade de núcleos na fixação da pena base. 
Existe auxilio por omissão?
- a primeira corrente entende que, dizendo o tipo “prestar-lhe auxílio”, quer abranger somente as condutas comissivas, ou seja, não existe o crime por omissão (Damásio, Celso Desmanto). 
- a segunda corrente entende que é possível o auxílio por omissão, desde que o omitente tenha o dever jurídico de evitar o resultado. É a chamada omissão imprópria. É a corrente que prevalece (Manzini, Maggiori, Noronha). 
O auxílio é sempre comportamento secundário, acessório, cooperação secundária. Jamais o auxílio pode se misturar com a execução da morte. Se o auxílio passar a ser a própriaexecução, o crime será de homicídio e não de participação em suicídio. 
Se o agente auxilia uma pessoa a se matar e esta, quando da execução do crime, se arrepende e demonstra isso ao agente. Se este não socorrer a vítima, o crime é de homicídio, ficando absorvido o crime de participação em suicídio. 
Art. 146, § 3.º, II: 
Não se considera constrangimento ilegal a coação para se evitar o cometimento do suicídio. 
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: 
II - A coação exercida para impedir suicídio. 
Tipo subjetivo 
O crime do art. 122 é punido a título de dolo, tão somente, não ao podendo incidir a modalidade culposa. 
O dolo pode ser direto ou eventual. 
E se o pai, negligentemente, deixa veneno de rato próximo da filha que sabia ter tendência ao suicídio. Nesse caso, há duas correntes: 
- O auxílio culposo deve ser tratado como homicídio culposo. 
- a segunda corrente, que é a que prevalece, diz que responderá, conforme o caso, por omissão de socorro, senão fato atípico 
Consumação e tentativa
Há três correntes acerca do tema:
1)	Doutrina clássica (Nelson Hungria) 
O crime se consuma quando o sujeito induz instiga ou auxilia. Mas a punibilidade depende da morte da vítima, onde a pena é de dois a seis anos ou da lesão grave na vítima, onde a pena é de um a três anos. Esses resultados não consumam o crime, apenas condicionam a punibilidade. Há a chamada condição objetiva de punibilidade. 
O agente induz a vítima a se matar e ela morre: art. 122 consumado, com pena de dois a seis anos e punível o crime. 
O agente induz a vítima a se matar e ela sofre lesão grave: art. 122 consumado, com pena de um a três anos, sendo punível o crime. 
O agente induz a vítima a se matar e ela não morre e não sofre lesão grave: art. 122 consumado, mas não punível
Para essa corrente, o crime não admite tentativa, sendo esta juridicamente impossível. 
Essa corrente erra porque chama de condição objetiva de punibilidade dois resultados que fazem parte do dolo do agente.
2)	Doutrina moderna (Mirabete) 
Quando o agente induz, instiga ou auxilia alguém a se matar, não consuma o crime, apenas o executa. Somente no caso da morte ou lesão grave é que o crime se considera consumado. A consumação depende da morte ou da lesão corporal. É o resultado naturalístico necessário para a consumação. 
O agente induz a vítima a se matar e ela morre: art. 122 consumado com pena de dois a seis anos. 
O agente induz a vítima a se matar e ela sofre lesão grave: art. 122 consumado com pena de um a três anos. 
O agente induz a vítima a se matar e ela não ao morre e não sofre lesão grave: fato atípico. 
Para essa corrente, o crime não admite tentativa, sendo esta juridicamente impossível. É um crime material plurisubsistente que não admite tentativa.
3)	Cezar Roberto Bittencourt
Quando o agente induz, instiga ou auxilia alguém a se matar, não consuma o crime, apenas o executa. A consumação depende da morte, cuja pena é de dois a seis anos. Se ocorrer lesão grave, cuja pena é de um a três anos, há tentativa.
O agente induz a vítima a se matar e ela morre: art. 122 consumado, com pena de dois a seis anos e punível o crime. 
O agente induz a vítima a se matar e ela sofre lesão grave: art. 122 tentado, com pena de um a três anos, sendo punível o crime. Diz que é uma tentativa sui generis. 
Para essa corrente, há a possibilidade de tentativa, desde que haja lesão corporal. 
Essa corrente erra porque diz que o fundamento se encontra no próprio artigo quando fala que da tentativa resulta lesão corporal. Ora, mas o suicídio não é crime, então como cabe tentativa? 
Duelo americano, roleta russa ou ambicídio:
 Duelo americano: há duas armas, com apenas uma carregada. Em dado momento, cada um dos agentes pega uma arma e, ao mesmo tempo, atira na própria cabeça. O sobrevivente responde pelo art. 122. Se cada um atirasse na cabeça do outro o crime seria de homicídio. 
Roleta russa: há apenas uma arma e o tambor possui apenas um projétil. O agente que sobrevive responde pelo art. 122. 
Ambicídio: é o pacto de morte. Um dos agentes inicial o modo de execução (liga a torneira, por exemplo em crime de morte por afogamento). Se o agente que ligou a torneira sobrevive, praticou o art. 121, porque praticou um ato executório. 
No mesmo exemplo, quem praticou o ato executório morre e o outro agente sobrevive. Este pratica o crime do art. 122 do CP. 
Se ambos os agentes não morrerem, o que praticou atos executórios pratica tentativa de homicídio. O agente que não praticou o ato executório, responde pelo art. 122 se o outro agente sofreu lesão grave. Se não sofreu sequer lesão grave o fato é atípico.
3. Lesão corporal gravíssima 
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Neste diapasão, são 5 as possibilidades que ensejam a incidência desta modalidade qualificada: (I) incapacidade permanente para o trabalho; (II) enfermidade incurável; (III) perda ou inutilização do membro, sentido ou função; (IV) deformidade permanente; ou (V) aborto.
Neste ponto, vale a pena frisar para a prova o seguinte: “Esqueça suas convicções pessoais e atenha-se à doutrina majoritária.
Pois bem, diante do que foi exposto até então, são imprescindíveis algumas considerações. A primeira delas diz respeito à debilidade permanente de membro, sentido ou função. A observação a ser feita é referente a casos onde a debilidade ocorre em órgão que possui um par, como é o caso dos rins e dos olhos. Dito isto, ocorre lesão corporal gravíssima se o agente possui visão em um só olho ou se possui somente um rim.
Por outro lado, é evidente que a perda de um olho não acarreta na perda da visão como um todo. Assim sendo, caso a vítima dependa apenas de um olho para enxergar e venha a perdê-lo, ocorre uma lesão corporal gravíssima, pois não houve apenas debilidade, mas sim a perda total da função. Na situação em tela, pouco importa se o agente concorreu para a perda da visão dos dois olhos, pois a perda do sentido ocorreu com a eliminação do olho remanescente.
O segundo e último adendo versa acerca da incapacidade permanente para o trabalho. Há divergência doutrinária neste tópico, pois parte da doutrina se posiciona no sentido de que apenas há o enquadramento da lesão corporal gravíssima se houver inaptidão para qualquer modalidade laborativa.
Em contraponto, uma segunda corrente doutrinária se mostra mais flexível. Esta aduz que a incapacidade permanente é uma diminuição efetiva da capacidade física comparada à que possuía a vítima antes da lesão. Além disso, deve ser observado o campo do factualmente possível (realidade), e não o do teoricamente imaginável. Logo, para a aplicação da sanção penal, não seria possível exigir de um artista ou intelectual que passasse a trabalhar como pedreiro, por exemplo.
Consumação: Com a efetiva ofensa. Ainda que a vítima sofra mais de uma lesão, o crime será único.
Classificação: Comum quanto ao sujeito, doloso, culposo ou preterdoloso (nas suas diversas figuras), comissivo ou omissivo, material, instantâneo e de resultado. Necessária a Perícia Traumatológica do IML (CPP art.158), sendo grave a lesão, carece de exame complementar após trinta dias do evento.
Tentativa: Admissível, salvo em algumas figuras qualificadas como: § 1º IV (grave -resultando aceleração do parto); §2º V (gravíssima -resultando aborto); § 3º (resultando morte).
4. Abortamento: concurso de pessoas 
Início da vida intrauterina: Nidação; Fim da gestação: rompimento do saco/bolsa amniótico.
Aborto é o abatimento da vida intrauterina, ou seja, a interrupção da gravidez com a destruição do produto da concepção. Os artigos 124, 125 e 126 do Código Penal regulam o aborto provocado pela gestante (ou com seuconsentimento), o aborto provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante e o aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante.[1: Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:][2: Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:][3: Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:]
Interessante é a discussão que enriquece esse assunto no sentido do concurso de pessoas no crime de aborto entre o terceiro e a gestante. Para alguns, é possível o concurso, no qual o terceiro responde pelo artigo 126 e a gestante que também praticou atos de execução do tipo responde pelo art. 124. 
Porém, nosso ordenamento adotou a teoria Monista do concurso de pessoas, expressa no artigo 29 (“quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua Culpabilidade”). Assim, quem concorre para o crime é submetido às penas a esse crime previstas.
A corrente majoritária entende que é possível o concurso de pessoas no aborto, caso em que o terceiro responderia pelo artigo 124, mas, para isso, o terceiro deve ter agido somente no campo do consentimento. 
Para que o agente responda pelo artigo 124, a gestante deve ter praticado atos de execução também, senão o terceiro responderia sozinho pelo artigo 126, que prevê o simples consentimento da gestante. Logicamente, o artigo 124 não prevê somente o consentimento, se fosse assim, não teria razão de existir. Este último artigo expressa a atividade executória da gestante.
Para configurar concurso de pessoas envolvendo a gestante e um terceiro, é necessário que a gestante tenha uma função ativa no aborto e o terceiro tenha participação. 
Se a gestante apresentar tão somente o consentimento, aplica-se o artigo 126 ao terceiro e o artigo 124 à gestante, inexistindo concurso. Se a gestante e o terceiro praticarem juntos o aborto, aplica-se o artigo 124 aos dois, configurando o concurso. 
Assim, se o terceiro, nos moldes do artigo 29, concorrer para o crime do artigo 124, seja ajudando a gestante a abortar ou apenas influenciando no âmbito do consentimento. O que importaria nesse ponto seria a atitude da gestante. Se houve consentimento dela, atitude executória dela e atividade de um terceiro, o artigo 124, combinado com o artigo 29 aplica-se especificamente ao caso. 
Porém, se houve somente o consentimento dela e a atividade de um terceiro, aplica-se claramente o artigo 126 para o terceiro e o artigo 124 para a gestante, pois são crimes independentes: a gestante consentiu e o terceiro praticou o aborto. Ao contrário de a gestante praticar o aborto juntamente com o terceiro, como no caso anterior.
Bem jurídico tutelado: vida humana em seu estágio intrauterino, desde o momento de da concepção até o início do parto. 
Sujeito ativo: Trata-se de crime de mão própria, no qual a lei exige certas circunstâncias especiais do agente para a configuração do delito e somente a pessoa nas condições indicadas pela lei pode realizar a conduta que configura o delito. 
Sujeito Passivo: O sujeito passivo no crime de aborto é o embrião ou feto ainda em desenvolvimento no útero materno. 
Tipo objetivo: O núcleo da conduta típica descrita no art. 124 é “provocar aborto”, logo, qualquer conduta dolosa, realizada pela gestante, com o fim de interromper a gestação causando a morte do embrião ou do feto subsume-se ao tipo incriminador.
Elemento subjetivo do tipo: É crime doloso, praticado quando a gestante age querendo ou assumindo o risco de produzir aborto, ou consentindo que outra pessoa o faça, interrompendo a gestação e resultando na morte do nascituro. 
Consumação e tentativa: consumação do delito do Art. 124, CP é que da manobra realizada com o objetivo de interromper a gestação advenha a morte do embrião ou do feto. Admite-se a tentativa a medida em que é plenamente possível que, iniciada a execução da manobra abortiva por parte da gestante ou com o consentimento desta, o resultado esperado – a morte do nascituro – não ocorra por circunstâncias alheias à vontade do agente, conformando-se a tentativa.
5. Abortamento: início e fim da vida intrauterina 
Para efeitos jurídico-penais considera-se o início da vida na concepção, assim entendida no processo de nidação – quando o embrião (óvulo já fecundado e em processo inicial de divisão celular) fixa-se ao útero, iniciando o desenvolvimento embrionário ligado à mãe, o fim da vida intrauterina se dá pelo rompimento da bolsa/saco amniótico.
A partir deste momento, a interrupção do processo pode ser caracterizado como aborto.
Mas, quando a conduta de aborto interessa para o Direito penal? Qual seria a melhor definição de aborto para fins jurídico-penais?
O Direito penal se preocupa com condutas de pessoas. Logo, o aborto espontâneo já fica excluído de qualquer interesse do Direito penal. Quando por motivos de ordem física, biológica, ou qualquer outra causa natural, o processo de gestação se torna por si só inviável, ocorrendo o abortamento espontâneo, não existe qualquer conduta que possa ser objeto da atuação do direito penal.
O aborto também pode ser acidental, que pode ser definido como aquele decorrente de influências externas, livre de qualquer vontade, e que provoca ou da causa à interrupção da gestação com a morte do nascituro.
O aborto provocado decorre de uma conduta direta ou indiretamente a promover a interrupção do processo gestacional, vulnerando o ser humano ali em formação e suprindo-lhe a vida. Para o direito penal é esta conduta que interessa na definição do tipo incriminador do aborto.
Assim, para fins de jurídicos-penais, considera-se aborto a interrupção do processo de gestação ocorrida entre a concepção e o início do parto, decorrente de uma conduta humana dolosa, e que provoca a morte do nascituro.
Perceba que, diferente do conceito médico, o conceito jurídico não prevê qualquer requisito temporal ou mesmo biológico. Tampouco interessa o processo de abortamento – que é a expulsão do nascituro do corpo da mãe. Interessa sobre o ponto de vista jurídico penal a conduta humana que de forma dolosa vulnera a vida do nascituro, do ser humano em formação.
Ademais, tanto pode ser considerado aborto sob o ponto de vista penal a ingestão de substâncias que de alguma forma provoquem a expulsão do feto, a realização de manobras físicas que provoquem o abortamento ou a retirada cirúrgica do feto ainda vivo. O aborto sob a ótica penal é a conduta que se volta contra a vida do nascituro com o fim de interromper o processo gestacional. O que importa é a violação ao direito a vida, e não a permanência ou expulsão, com vida ou sem vida, do embrião ou feto.
Exemplo 1: uma mulher desejando interromper a gestação, ingere uma substância qualquer que causa a morte do feto, sem, contudo, provocar-se a expulsão. Em decorrência de sua conduta o feto morre, mas continua biologicamente ligado ao corpo da mãe. Há a remoção cirúrgica do feto morto, onde se constata que a morte foi provocada pela ingestão dolosa do fármaco. Não houve a expulsão do feto, contudo, caracterizou-se o aborto.
Exemplo 2: a gestante realiza procedimento que retira o feto em formação do útero sem que lhe seja vulnerada integridade física, morrendo depois de retirado uma vez que sua vida, considerando seu estágio de formação, era inviável fora do útero. Igualmente há o aborto, porque não foi iniciado ou realizado um parto, mas sim uma manobra que, por sua natureza, visava a interrupção da gestação que que invariavelmente culminaria na morte do feto.
Exemplo 3: Desejando interromper a gestação, a mulher insere objeto perfurante em seu corpo, atingindo e lesionando o útero e o feto, provocando a expulsão e morte do nascituro. Igualmente, caracteriza-se o aborto.
OBS importante: a conduta na definição do crime de aborto é a conduta dolosa, voltada ao fim de interromper a gestação provocando a morte do embrião ou feto. Exclui-se, por consequência, a modalidade culposa. É atípica a conduta da gestante ou de terceiros que por negligência, imprudênciaou imperícia acabe dando causa ao aborto.
6. Lesão corporal: violência doméstica: iniciativa da ação 
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem.
§ 9o. Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou, com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou hospitalidade:
Pena – detenção de 3 (três) meses a 3 (três) anos;
A lei penal pretendeu estabelecer um tratamento jurídico-penal mais severo para o crime de lesão corporal quando praticado nesta determinada circunstância do convívio familiar, das relações domésticas, de coabitação ou hospitalidade, buscando proteger justamente os atores deste ambiente social.
Assim sendo, a lei visa dar um tratamento mais severo ao autor que se aproveitando e se valendo das relações interpessoais existências na circunstância da vida familiar, volta sua conduta contra as pessoas que convivem nesta relação - ascendentes, descendentes, colaterais, cônjuges, companheiros ou conviventes (independente de laço familiar ou consanguíneo) – das relações domésticas.
Desse modo, não é a lesão corporal praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro que tem o tratamento penal mais gravoso, mas a sim a conduta de lesão corporal praticada na circunstância de convivência que faz incidir ao fato concreto o previsto no § 9o.
Por exemplo: A e B são irmãos, ambos maiores, cada qual morando em sua própria residência. Já ha muito tempo não se dão bem e convivem em meio a rusgas, até que em um determinado dia, como consequência de uma discussão, A acaba agredindo e causando lesões corporais em B.
Num primeiro momento pode até parecer possível a incidência do previsto no Art. 129, § 9o, afinal, são irmãos e um praticou lesão corporal contra o outro. Contudo, falta na conduta a relação de convívio familiar. Apesar de serem irmãos e de ter havido a lesão corporal, esta não foi decorrente e nem se aproveitou para ocorrer da circunstância de convivência familiar.
Outro exemplo, suponhamos então que A tenha convivido em união estável com B durante nove anos, e depois disso se separaram. Três anos após a separação, sem que já não mais mantivessem qualquer vínculo, acabassem se envolvendo em uma briga de trânsito e A acabasse causando lesão corporal em B. Ou que desse convívio tivessem tido filhos e depois de três anos, cada um tivesse levado sua vida e por conta de um problema na escola das crianças, A praticasse lesão corporal contra B.
Mais uma vez falta justamente o elemento circunstancial da convivência familiar ou doméstica. Para caracterização da violência doméstica necessário se faz que a lesão corporal tenha ocorrido em razão desta circunstância. Daí a previsão do elemento normativo de caráter temporal “tenha convivido”.
Por outro lado, é possível que tenha existido a convivência doméstica, que esta tenha terminado, e que mesmo já não convivendo mais, ocorra a conduta de lesão corporal praticada em decorrência daquele vínculo, daquela circunstância, que já não mais existe.
O ex-marido que inconformado com a separação agride a ex-esposa ao saber que ela está se envolvendo emocionalmente com outra pessoa. Neste caso é nítido o liame entre a conduta de lesão corporal e a relação familiar, doméstica, antecedente, mesmo que finda.
Outrossim, nunca é demais salientar, que a previsão do art. 129, § 9o não se vincula a qualquer característica ou condição pessoal da vítima, apenas exemplifica os sujeitos que podem ser vítimas da lesão corporal praticada no contexto da convivência em ambiente doméstico. Além disso, não guarda também qualquer relação quanto ao gênero. A autor e vítima da lesão corporal decorrente de violência doméstica podem ser tanto o homem quanto a mulher. Aliás, sequer o laço consanguíneo ou familiar é exigido.
Iniciativa da ação
De acordo com a Súmula 542 do STF – “A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada”. (Súmula 542, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/08/2015, DJe 31/08/2015).
Ação penal pública incondicionada é a ação que deve ser iniciada pelo Ministério Público mediante a apresentação da denúncia ao Judiciário, independentemente de qualquer condição, ou seja, não é preciso que a vítima ou outro envolvido queira ou autorize a propositura da ação. Isso acontece quando prevalece o interesse público na apuração de alguns crimes definidos na legislação (ex: homicídios, roubos, furtos etc.).
ATENÇÃO: A ação é pública incondicionada contra a MULHER, não é aplicada contra o homem, neste último caso é necessário a representação da vítima. Não caia em “peguinhas”.
7. Maus tratos castigo e tortura 
O dolo presente no tipo penal de maus tratos é de expor a perigo. Seria, por exemplo, um pai tentando “ensinar uma lição” ao seu filho deixando-o trancado no quarto por um dia apenas com pão e água. Além disso, no crime de maus tratos, qualquer resultado além da mera exposição a perigo é considerado culposo. Logo, caso os maus tratos resultem em lesão corporal grave ou homicídio, haverá aumento de pena por este resultado preterdoloso. Ademais, no tocante aos sujeitos ativo e passivo, aquele precisa ser detentor de autoridade, guarda ou vigilância em relação a este. Não pode ocorrer este crime entre cônjuges, por exemplo.
Veja-se o que diz o Código Penal sobre o crime de maus tratos, litteris:
Art. 136 – Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena – detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
§1º – Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão, de um a quatro anos.
§2º – Se resulta a morte:
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
3º – Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
Conforme Guilherme de Souza Nucci, “expor, neste contexto, significa colocar em risco, sujeitar alguém a uma situação que inspira cuidado, sob pena de sofrer um mal”. Impende mencionar que:
“[…] é preciso destacar que tudo gira em torno da finalidade especial do agente, tratando do elemento subjetivo do tipo específico, de ter alguém sob sua autoridade, guarda ou vigilância, maltratando-a. Por isso, o tipo faz referência ao que pode ser usado para esses objetivos, mencionando a privação da alimentação ou dos cuidados indispensáveis e a sujeição a trabalho excessivo ou inadequado”.
Com efeito, o dolo presente na tortura é o de dano. A intenção não seria expor a perigo, mas sim causar o dano em si. O elemento subjetivo não é apenas maltratar, é causar dor ou sofrimento intenso com o objetivo de punir.
Não obstante, há quem opte por diferenciar ambos os delitos pela intensidade da punição. Logo, em consonância com quem defende este entendimento, a tortura-castigo seria uma modalidade mais incisiva de maus-tratos. A seu turno, o delito de tortura-castigo apenas foi tipificado com o advento da Lei nº. 9.455/97, comumente denominada Lei da Tortura, a qual preconiza que:
 Art. 1º Constitui crime de tortura:
II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
Por fim, a diferença da tortura para o crime de maus-tratos, do art. 136, do CP, está exatamente na intensidade do sofrimento da vítima.
8. Exceção da verdade nos crimes contra a honra 
Há três crimes contra a honra, elencados no Código Penal, que são: Injúria, Calúnia e Difamação. A primeira relaciona-se com a honra subjetiva, e, as demais, com a honra objetiva.
Entende-se honra como o conjunto de atributos morais, intelectuais e físicos de uma pessoa. Englobando,aí, a consideração social (aquilo que os outros pensam sobre o indivíduo) e a autoestima (o que o indivíduo acha de si próprio).
A honra objetiva refere-se à reputação e, a subjetiva à autoestima. 
Destarte, podemos classificar a honra:
a) Honra objetiva, sendo aquela ligada ao juízo que os outros fazem do indivíduo, à consideração social, à imagem que o indivíduo passa ao grupo social no qual está inserido. Aqui, ter-se-á o crime de calúnia ou de difamação.
b) Honra subjetiva, sendo aquela ligada ao íntimo da pessoa, ao que ela pensa de si, a sua autoestima. Nesse caso, caracterizar-se-á o crime de injúria.
Relativamente aos crimes que atingem a honra objetiva, faz-se possível o exercício da exceção da verdade, consistente possibilidade jurídica dada ao querelado de provar que o fato que imputara a outrem é verdadeiro.
De tal sorte, no crime de calúnia, provando o agente a veracidade do alegado (pelo instituto da exceção da verdade), faz-se desparecer o elemento da calúnia, observadas, todavia, quanto à possibilidade jurídica, as exceções constantes nos incisos do § 3º do artigo 138 do Código Penal, in verbis:
I - Se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - Se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - Se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
O tipo penal é claro ao dizer "imputar falsamente", sendo assim, para que se configure crime de calúnia, o fato imputado à eventual vítima, necessariamente, deve ser FALSO. Caso seja comprovado que o fato imputado é verdadeiro, o tipo penal não estará com seus requisitos preenchidos, portanto não será crime. 
Por seu turno, a exceção da verdade – no crime de difamação – será admitida, excepcionalmente, na hipótese de a vítima ser funcionário público e o fato tenha a ver com o exercício de sua função, de modo que o agente provando a veracidade do alegado, afasta o crime de difamação, senão vejamos:
Art. 139, parágrafo único: a exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Assim sendo, na difamação, a exceção é admitida somente se o ofendido for funcionário público e a ofensa for relacionada com suas funções públicas. É possível a exceção neste caso, pois a Administração Pública tem interesse em apurar o fato depreciador por ele cometido nas suas funções ou em razão delas. Como Fernando da Costa Tourinho Filho diz – "A indevassabilidade da honra, nessa hipótese, por razões óbvias, encontra uma exceção".
ATENÇÃO: Não há exceção da verdade no crime de injúria.
9. Espécie de genocídio 
O crime de genocídio está previsto no art. 1 da Lei n. 2.889, de 1.10.1956, verbis:
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;
Será punido:
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a;
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b;
Com as penas do art. 270, no caso da letra c;
Com as penas do art. 125, no caso da letra d;
Com as penas do art. 148, no caso da letra e;
A palavra genocídio vem da junção dos termos: génos (grega) que significa raça, povo, tribo, grupo, nação com a palavra caedere (latim) que quer dizer destruição, aniquilamento, ruína, matança etc. 
No Dicionário Aurélio tem-se a seguinte definição para genocídio: "crime contra a humanidade, que consiste em, com o intuito de destruir total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, cometer contra ele qualquer dos atos seguintes: matar membros seus, causar-lhes graves lesão à integridade física ou mental; submeter o grupo a condições de vida capazes de o destruir fisicamente, no todo ou em parte; adotar medidas que visem a evitar nascimentos no seio do grupo; realizar a transferência forçada de crianças num grupo para outro". 
As motivações do genocídio são diversas, a saber:
a) raça: o racismo pode levar a buscar eliminar pessoas aparentemente diferentes.
b) etnia – a rejeição por pessoas provindas de determinadas regiões também leva ao genocídio.
c) religião – as diferenças religiosas têm levado às várias guerras e às muitas tentativas de exterminação de grupos.
d) cultura – muitas vezes se procura eliminar determinadas culturas, por exemplo, danças folclóricas, língua e etc., descaracterizando uma nação.
Fala-se nas seguintes espécies de genocídio: 
(I) físico – assassinato e atos que podem causar a morte; 
(II) biológico - este se caracteriza pelo fato de se esterilizar pessoas, ou miscigenar membros do grupo, extinguindo-o. Tal espécie de genocídio é classificada pelos meios utilizados para sua concretização, não pela sua motivação; 
(III) cultural – a ordem jurídica moderna não reconhece o genocídio cultural. O Afeganistão, por exemplo, experimentou a destruição de todos seus símbolos religiosos, o que foi feito com a intenção de se destruir um pensamento religioso no País. No entanto, tal delito pode até constituir o dano ao patrimônio artístico, cultural ou histórico, mas não chega a caracterizar o delito de genocídio.
O bem jurídico a ser protegido no crime de genocídio é o ser humano em relação ao seu grupo e este em relação a humanidade. 
O sujeito ativo no crime de genocídio é sempre o homem, pois não se admite a responsabilidade das pessoas jurídicas para este crime. 
O sujeito passivo do crime de genocídio pode ser qualquer pessoa pertencente ao grupo nacional, étnico, racial ou religioso. 
OBS: Haverá crime impossível de genocídio quando, por absoluta ineficácia do meio, não foi possível o extermínio do grupo. Por exemplo, explodir uma sinagoga, com o objetivo de exterminar os judeus. Nesta hipótese, haveria tão somente um homicídio qualificado, por motivo torpe, em concurso formal, mas não o crime de genocídio.
O tipo objetivo no crime de genocídio consiste na violência que deve ser praticada contra membros de grupo nacional, étnico, racial ou religioso. 
O tipo subjetivo do genocídio é sempre o dolo, acompanhado de um fim específico de agir. Não se admite genocídio na modalidade culposa.
10. Lesão levíssima
Lesão corporal leve
A lesão corporal de natureza leve está descrita no art. 129, caput, do Código Penal. Segundo Julio Fabbrine Mirabete:
"O conceito de lesão leve é dado por exclusão. Prevendo o art. 129, nos §§ 1º, 2º e 3º, os crimes de lesões graves, gravíssimas e seguidas de morte, configuram o tipo básico, no caput, as lesões que não causarem qualquer dos resultados mencionados nos citados parágrafos. (MIRABETE, 2012, p. 74)".
Em consonância com MIRABETE (2012), Damásio de Jesus diz que:
"Para saber se um crime de lesão corporal é de natureza leve, grave ou gravíssima, devemos empregar o critério da exclusão. Há delito de lesão corporal leve sempre que o fato não se enquadra na descrição do art. 129, §§ 1º e 2º, que definem as lesões graves e gravíssimas. (JESUS, 2012, p. 168)".
As lesões corporais leves são de competência dos Juizados Especiais. Devido ao seu menor caráter ofensivo. Dependem, porém, de representação do ofendido, conforme o art. 88, da Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, segundo o artigo: “além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas”.
Vias de fato
De acordo com Guilherme Nucci o conceito de vias de fato é:
"A contravenção penal prevista no Dec.-lei 3.688/1941, art. 21, consistente em praticar qualquer forma de violência física contra pessoa humana. Somente se pune combase nesta contravenção se o fato não constituir crime, geralmente, lesão corporal. A diferença básica entre vias de fato e lesões corporais é a ofensa à integridade física da vítima; havendo e devidamente atestada por laudo, configura-se o crime; do contrário, a simples contravenção. Exemplo de vias de fato: um tapa no rosto. Eleva-se a pena de um terço até metade se a vítima for maior de 60 anos".
De toda sorte, é infração penal que ameaça à integridade física através da pratica de atos de ataque ou violência contra pessoa, desde que não resulte em lesões corporais.
São os atos agressivos de provocação praticados contra alguém. Servem como exemplos os atos de: empurrar, sacudir, rasgar ou arrancar roupas, puxar cabelo, dar socos ou pontapés, arremessar objetos, e demais atos que não cheguem a causar lesão corporal. 
Está previsto no artigo 21 da lei de contravenções penais, DECRETO-LEI Nº 3.688, vejamos:
Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não constitui crime.
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
Lesão corporal levíssima
Norma exclusiva do Código Penal Militar, posto que não há semelhante previsão na legislação penal comum. Disposto no artigo art. 209, § 6º do referido código, in verbis:
Art. 209. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
§ 6º No caso de lesões levíssimas, o juiz pode considerar a infração como disciplinar. 
A lesão levíssima seria aquela que atenda simultaneamente a todas as seguintes condições:
Passo 1: não causa perigo de vida:
Passo 2: não causa qualquer debilidade de membro, sentido ou função nem por brevíssimo período de tempo;
Passo 3: não incapacita para as ocupações habituais, nem por brevíssimo período de tempo;
Passo 4: não causa nenhuma enfermidade, nenhuma incapacidade de membro, sentido ou função, nem por brevíssimo período de tempo;
Passo 5: não causa incapacidade para o trabalho nem por brevíssimo período de tempo e;
Passo 6: não causa qualquer deformidade.
Segundo o ensino da vivência militar, pode ser desclassificado pelo Juiz para infração disciplinar, poupando-se, em tal caso, o pesado encargo de um processo penal para fato de tão pequena monta. Portanto, entendendo o Juiz que a lesão produzida não é de grande monta, ou seja, que o dano produzido não é digno de reprovação, poderá, à luz do Princípio da Insignificância, absolver o acusado.

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