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Inadimplemento das Obrigações

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INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Teoria Geral das Obrigações. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
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De acordo com o secular princípio da obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt servanda), estes devem ser cumpridos. O não cumprimento acarreta a responsabilidade por perdas e danos (CC, art.389). 
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MORA
Conceito: mora é o retardamento ou o cumprimento imperfeito da obrigação. Configura-se não só quando há atraso no cumprimento da obrigação mas também quando este se dá na data estipulada, porém de modo imperfeito, ou seja, em lugar ou forma diversa da convencionada.
Art. 394 CC
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- Mora X Inadimplemento Absoluto
Há mora quando a obrigação não foi cumprida no tempo, lugar e forma convencionados, mas ainda poderá sê-lo, com proveito para o credor. Ainda interessa a este receber a prestação com os acréscimos legais.
Art. 395 CC
Já na hipótese de inadimplemento absoluto se a prestação torna-se inútil ao credor, este poderá então enjeitá-la e exigir perdas e danos.
Art . 395 P.Ú.
Em ambos os casos o devedor responde por perdas e danos.
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- Espécies de Mora
1- Mora do Devedor (Solvendi ou Debitoris)
Configura-se mora do devedor quando se dá o descumprimento ou cumprimento imperfeito da obrigação por parte deste. Podendo ser de duas espécies: 
a) Mora ex re: configura quando o devedor incorre nela automaticamente, sem necessidade de qualquer ação por parte do credor, o que sucede:
- quando a prestação deve ser realizar-se em um termo prefixado e se trata de dívida portável. O devedor incorre em mora desde o momento do vencimento.
- nos débitos derivados de ato ilícito extracontratual, em que a mora começa no exato momento da pratica do ato.
- quando o devedor houver declarado por escrito que não pretende cumprir a prestação.
b) Mora ex persona: a mora constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial, não havendo termo, ou seja, data estipulada. Depende de providencia do credor.
Art. 397, P.Ú.
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Requisitos:
a) Exigibilidade da prestação, ou seja, o vencimento da divida liquida e certa.
b) Inexecução culposa da obrigação. (Art. 396 CC)
c) Constituição em mora (somente quando ex persona, pois, se for ex re, o dia do vencimento já interpela o devedor.
Efeitos:
- Responsabilidade por todos os prejuízos causados ao credor. (art.395 CC);
- Perpetuação da obrigação (art.399 CC), pela qual responde o devedor moroso pela impossibilidade da prestação, ainda que decorrente de caso fortuito ou de força maior.
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2- Mora do Credor (Accipiendi ou Creditoris)
 Configura-se mora do credor quando ele se recusa a receber o pagamento no tempo e lugar indicados no titulo constitutivo da obrigação, exigindo-o de forma diferente ou pretendendo que a obrigação se cumpra de modo diverso.
Decorre, pois da falta de cooperação do credor para com o devedor para que o adimplemento possa ser feito de modo como a lei ou convenção estabelecer.
Requisitos:
a) Vencimento da obrigação;
b) Oferta da prestação;
c) Recusa injustificada em receber;
d) Constituição e mora, mediante consignação em pagamento.
Efeitos:
- Liberação do devedor, isento de dolo, da responsabilidade pela conservação da coisa;
- Obrigação do credor moroso de ressarcir ao devedor as despesas efetuadas com a conservação da coisa;
- Obrigação do credor de receber a coisa pela sua mais alta estimação, se o valor oscilar entre o tempo do contrato e o do pagamento.
- Possibilidade de consignação judicial da coisa devida.
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3- Mora de Ambos os Contratantes
Quando simultâneas, uma elimina a outra, pela compensação. Se ambas as partes nela incidirem, nenhuma pode exigir da outra perdas e danos.
Quando sucessivas, permanecem os efeitos pretéritos de cada uma. Os danos que a mora de cada uma das partes haja causado não se cancelam pela mora superveniente da outra.
 
- Purgação da Mora
Purgar ou emendar a mora é neutralizar seus efeitos. Aquele que nela incidiu corrige, sana sua falta, adimplindo a obrigação já descumprida e ressarcindo os prejuízos causados à outra parte.
Art. 401 CC
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- Cessão da Mora
Decorre de extinção da obrigação, por anistia, perdão, por exemplo, e não de um comportamento ativo do contratante moroso, destinado a sanar sua falta ou omissão. Produz efeitos pretéritos, ou seja, o devedor não terá de pagar a divida vencida.
A purgação da mora só produz efeitos futuros, não apagando os pretéritos já produzidos.
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JUROS
Conceito: juros são os rendimentos do capital, considerados frutos civis da coisa. Representam o pagamento pela utilização de capital alheio e integram a classe das coisas acessórias.
Art.95 CC
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Espécies de Juros
1- Juros Compensatórios: também chamados de remuneratórios ou juros-frutos, são os devidos como compensação pela utilização de capital pertencente a outrem. Resultam da utilização consentida de capital alheio.
2- Juros Moratórios: são os incidentes em caso de retardamento em sua restituição ou de descumprimento de obrigação. Podendo ser convencionais (art. 406 CC) ou legais (art. 407 CC)
3- Juros Simples: são os juros sempre calculados sobre o capital inicial. 
4- Juros Compostos: são os juros capitalizados anualmente, calculando-se juros sobre juros.
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CLÁUSULA PENAL
 
- Conceito: é a obrigação acessória pela qual se estipula pena ou multa destinada a evitar o inadimplemento da principal ou o retardamento de seu cumprimento. Também denominada pena convencional ou multa contratual.
Art. 408 CC
 
­- Natureza Jurídica: a pena convencional tem característica de um pacto acessório e secundário, pois sua existência e eficácia dependem de obrigação principal.
Arts. 409, 411 e 413 CC 
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- Funções:
 A principal função da cláusula penal é atuar como meio de coerção, para compelir o devedor a cumprir a obrigação.
A função securitária é servir de prefixação das perdas e danos devidos em razão do inadimplemento do contrato.
- Valor da cláusula penal: A redução da clausula penal pode ocorrer em dois casos:
a) quando ultrapassar o limite legal (art. 412);
b) nas hipóteses previstas no art. 413 do estatuto civil.
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- Espécies:
a) compensatória: quando estipulada para a hipótese de total inadimplemento da obrigação (art.410);
b) moratórias: quando destinada a assegurar o cumprimento de outra clausula determinada ou evitar o retardamento, a mora (art.411).
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- Institutos afins:
a) Perdas e danos: malgrado a semelhança com a cláusula penal, naquelas o valor é fixado pelo juiz, com base nos prejuízos provados, enquanto nesta o valor é antecipadamente arbitrado pelas próprias partes.
b) Multa simples ou cláusula penal pura: não tem relação com o inadimplemento contratual, sendo estipulada para casos de infração de certos deveres, como a imposta ao infrator de trânsito.
c) Multa penitencial: ao contrário da clausula penal, que é estabelecida em benefício do credor (art.410), a multa penitencial é estabelecida contratualmente em favor do devedor, que terá a opção de cumprir a prestação devida ou pagar a multa. 
d) Arras penitenciais: ambas têm natureza acessória e por finalidade garantir o adimplemento da obrigação. As arras, todavia, diversamente da clausula penal, facilitam o descumprimento da avença, não podem ser reduzidas pelo juiz e são pagas por antecipação, consistindo na entrega de dinheiro ou de qualquer outro objeto.

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