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Resumo Art. 149; 149-A; 155; 156; 157.

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Redução a condição análoga à de escravo (CP, art. 149, caput)
O crime de redução a condição análoga à de escravo, também denominado pela doutrina de plágio, consiste no fato de “reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto” (CP, art. 149, caput).
Classificação doutrinária
Trata-se de crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa), plurissubsistente (em regra, é praticado por meio de vários atos), comissivo (decorre de uma atividade positiva do agente: “reduzir”), de (somente pode ser cometido pelos meios de execução descritos no tipo penal), material (só se consuma com a produção do resultado naturalístico, consistente na imposição de trabalho excessivo ou em condições degradantes como também na privação da liberdade de locomoção da vítima em razão de dívida contraída com seu empregador), de dano (só se consuma com a efetiva lesão ao bem jurídico protegido), permanente (a consumação se prolonga no tempo), monossubjetivo (pode ser praticado por um único agente).
Objetos jurídico e material
O objeto jurídico do crime de plágio é a liberdade de autodeterminação, consistente do direito de ir, vir e permanecer, ou seja, é o direito da pessoa humana em não ser submetida à servidão e ao poder de fato de outrem. Como bem observa Guilherme de Souza Nucci, o dispositivo tem por finalidade “atacar o grave problema brasileiro do ‘trabalho escravo’, muito comum em fazendas e zonas afastadas dos centros urbanos, onde trabalhadores são submetidos a condições degradantes de sobrevivência e de atividade laborativa, muitos sem a remuneração mínima estipulada em lei, sem os benefícios da legislação brasileira e, o que é pior, levados a viver em condições semelhantes a dos escravos”.
Objeto material é a pessoa humana reduzida à condição semelhante à de escravo, em razão da conduta criminosa do agente.
Sujeitos do delito
O plágio é crime comum, assim, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa revestida na condição de empregador ou preposto. O sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa vinculada a uma relação de trabalho.
Rogério Greco discorda e argumenta: “após a nova redação do art. 149 do Código Penal, levada a efeito pela Lei 10.803, de 11 de dezembro de 2003, foram delimitados os sujeitos ativo e passivo do delito em estudo, devendo, agora, segundo entendemos, existir entre eles relação de trabalho.
Assim, sujeito ativo será o empregador que utiliza a mão de obra escrava. Sujeito passivo, a seu turno, será o empregado que se encontra numa condição análoga à de escravo”
Eventual consentimento do ofendido é irrelevante, pois o status libertatis constitui bem jurídico indisponível.
Conduta típica
O núcleo do tipo penal está representado pelo verbo reduzir, cuja conduta típica consiste em reduzir uma pessoa humana a condição análoga à de escravo, submetendo-a a trabalhos forçados ou jornadas exaustivas, bem como a condições degradantes de trabalho.
Evidentemente, não é necessário que haja uma efetiva escravidão, como nos moldes do passado. Em razão de o crime ser de forma vinculada, sua tipificação ocorre sempre que presente quaisquer das seguintes condutas típicas:
(1) Submeter a vítima a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva – No trabalho forçado, o agente emprega violência física ou moral e a vítima o executa contra sua vontade. Na jornada exaustiva, a duração do trabalho ultrapassa os limites legais deixando a vítima esgotada física e psiquicamente;
(2) Sujeitar a vítima a condições degradantes de trabalho – Ocorre quando o ambiente de trabalho não assegura as condições legais mínimas, tornando-se humilhante para um ser humano livre e digno de respeito;
(3) Restringir, por qualquer meio, a locomoção da vítima em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto – Ocorre, por exemplo, quando o empregado se torna devedor, incapaz de honrar suas obrigações, ficando impedido de abandonar livremente seu local de trabalho;
(4) Cercear o uso dos meios de transporte, com a finalidade de reter a vítima no local de trabalho – Ocorre, por exemplo, quando o empregador arbitrariamente retira o meio de transporte que levaria a vítima à cidade mais próxima, com a finalidade de retê-la em seu local de trabalho;
(5) Manter vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apoderar de documentos ou objetos pessoais da vítima, com a finalidade de retê-la no local de trabalho – Ocorre quando existe vigilância com a finalidade específica de manter a vítima em seu local de trabalho, pois, a vigilância, por si só, não caracteriza o crime. É o que ocorre também quando, com a mesma finalidade, o agente se apodera de documentos ou objetos pessoais da vítima.
O crime de plágio em estudo é de ação múltipla (ou de conteúdo variável), sendo que a realização de uma só conduta já é suficiente para caracterizar o delito. Assim, a pluralidade de condutas, em relação à mesma vítima, é levada em conta na dosimetria da pena, porém, constitui crime único.
Elemento subjetivo
O crime é punido exclusivamente a título de dolo, consistente na vontade livre e consciente de exercer o domínio sobre a vítima, por meio das condutas incriminadas no tipo penal, suprimindo lhe a liberdade de fato. Nas figuras equiparadas do § 1º (incisos I e II), exige-se, além do dolo, um especial fim de agir, representado pelas expressões: “com o fim de retê-lo no local de trabalho”.
Consumação e tentativa
O plágio é crime material, cuja consumação ocorre no momento em que o sujeito reduz a vítima a condição análoga à de escravo, por meio de uma das condutas previstas taxativamente no tipo penal. Trata-se também de crime permanente, cuja consumação se prolonga no tempo, enquanto a vítima estiver privada de sua liberdade de autodeterminação, possibilitando, assim, a prisão em flagrante do agente a qualquer momento.
Em razão de trata-se de crime plurissubsistente, a tentativa é possível.
Causas de aumento de pena
Nos termos do art. 149, § 2º, do Código Penal, se o crime for cometido contra criança (pessoa com idade inferior a 12 anos) ou adolescente (pessoa com idade entre 12 e 18 anos), ou se o crime é cometido por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem, a pena é aumentada de metade (incisos I e II).
*Plágio civil (consiste no apossamento de homem livre, com a finalidade de locupletar-se com o seu trabalho.
Tráfico de pessoas (Artigo 149 – A, CP)
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: 
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo;
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
IV - adoção ilegal; ou 
V - exploração sexual. 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
§ 1º A pena é aumentada de um terço até a metade se
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência;
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; ou 
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.
§ 2º A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização criminosa.
O crime de tráfico de pessoas consiste no fato de o sujeito “agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: 
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; 
II - submetê-la a trabalho em condições análogasà de escravo; 
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; IV - adoção ilegal; ou V - exploração sexual” (CP, art. 149-A, caput). São três os elementos que integram o delito: (1) as condutas de agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa; 
(2) mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso; 
(3) com qualquer das finalidades descritas no tipo penal.
Classificação doutrinária
Trata-se de crime comum (aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa), plurissubsistente (costuma se realizar por meio de vários atos), comissivo (decorre de uma atividade positiva do agente “agenciar”, “aliciar”, “recrutar”, “transportar”, “transferir”, “comprar”, “alojar” e “acolher”) e, excepcionalmente, comissivo por omissão (quando o resultado deveria ser impedido pelos garantes – art. 13, § 2º, do CP), de forma vinculada (somente pode ser cometido pelos meios de execução previstos no tipo penal: grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso), formal, (se consuma sem a produção do resultado naturalístico, consistente na efetiva remoção de órgãos da vítima ou qualquer outro resultado decorrente das finalidades prevista no tipo penal), instantâneo (uma vez consumado, está encerrado, a consumação não se prolonga), monossubjetivo (pode ser praticado por um único agente), doloso (não há previsão de modalidade culposa), transeunte (praticado de forma que não deixa vestígios, não havendo necessidade, em regra, de prova pericial).
Objetos jurídico e material
O objeto jurídico do crime de tráfico de pessoas é a liberdade pessoal da vítima para não ser submetida a qualquer das finalidades previstas no tipo penal. Objeto material é a pessoa (homem ou mulher), sobre a qual recai a conduta criminosa.
Sujeitos do delito
O tráfico de pessoas é crime comum, assim, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (homem ou mulher). Sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa, bem como a coletividade. O consentimento do ofendido é irrelevante para a configuração do delito em estudo, pois o bem jurídico protegido é indisponível e ligado à coletividade em geral 
Conduta típica
O núcleo do tipo penal está representado pelos verbos agenciar (representar, agir como empresário), aliciar, recrutar (atrair, seduzir, aliciar), transportar (levar de um local para outro), transferir (deslocar de um local para outro), comprar (adquirir a pessoa traficada), alojar ou acolher (abrigar, hospedar ou acomodar a pessoa traficada em algum lugar), tendo como objeto material qualquer pessoa (homem ou mulher), que sobre a qual recai a conduta criminosa. Trata-se de crime de forma vinculada e, assim, somente pode ser cometido pelos meios de execução previstos no tipo penal: grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso.
Grave ameaça – também denominada de violência moral (vis compulsiva) é a promessa da prática de um mal a alguém, de acordo com a vontade do agente, consistente na ação ou omissão, capaz de perturbar a liberdade psíquica e a tranquilidade da vítima. Não é necessário que o agente tenha intenção ou efetiva condição para concretizar a ameaça (praticar o mal prometido), basta que a ameaça seja séria, capaz de intimidar. 
Violência – é o emprego de força física (vis absoluta) capaz de dificultar, paralisar ou impossibilitar a real ou suposta capacidade de resistência da vítima, resultando em vias de fato ou lesão corporal. 
Coação – significa obrigar, constranger ou forçar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa. A coação pode ser física (emprego de força física para que alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa) ou moral (emprego de grave ameaça para alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa).
Fraude – é um modo de execução utilizado pelo agente para induzir ou manter a vítima em erro para que esta atue diante de uma falsa representação da realidade. “Meio fraudulento é todo aquele capaz de iludir alguém que supõe atuar em uma situação diversa da realidade”. Em outras palavras, o meio fraudulento leva a vítima a praticar uma conduta, que sem a fraude, não praticaria.
Abuso - significa o uso incorreto, ilegítimo, excessivo ou imoderado de poderes utilizado pelo agente para praticar as condutas típicas do delito em estudo.
O crime de tráfico de pessoas, em regra, é praticado de forma comissiva (decorrente de uma conduta positiva do agente), mas, excepcionalmente, pode ser praticado de forma comissiva por omissão (quando o resultado deveria ser impedido pelos garantes – art. 13, § 2º, do Código Penal), como, por exemplo, no caso de um policial federal que, atuando em determinado aeroporto, ciente de que determinada pessoa, vítima do crime de tráfico de pessoas, estava saindo do país para ser submetida à remoção de órgãos, dolosamente, nada faz para impedir sua saída do território nacional.
Elemento subjetivo
O elemento subjetivo do crime de tráfico de pessoas é o dolo, consistente na vontade dirigida à prática de qualquer das condutas previstas no tipo penal, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso. Exige-se, ainda, o elemento subjetivo específico (finalidade específica), consubstanciado na expressão “com a finalidade de: 
(1) - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; 
(2) - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; 
(3) - submetê-la a qualquer tipo de servidão; 
(4) - adoção ilegal; ou 
(5) - exploração sexual”. O tipo penal não admite a modalidade culposa.
Consumação e tentativa
O tráfico de pessoas é crime formal (ou de consumação antecipada), cuja consumação não depende do resultado naturalístico, consistente na efetiva remoção de órgãos da vítima ou qualquer outro resultado decorrente das finalidades previstas no tipo penal. Consuma-se, portanto, no momento em que o agente emprega grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso para agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, com a finalidade de: (1) - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; 
(2) - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; 
(3) - submetê-la a qualquer tipo de servidão; 
(4) - adoção ilegal; ou 
(5) - exploração sexual. Assim, não se exige que a vítima seja submetida a qualquer das finalidades específicas previstas no tipo penal, basta que a conduta do agente seja voltada a uma dessas finalidades (elemento subjetivo específico).
A tentativa é possível por se tratar de crime plurissubsistente (costuma se realizar por meio de vários atos), permitindo o fracionamento do iter criminis.
Causas de aumento de pena
O § 1º, do art. 149-A, do Código Penal, elenca as causas de aumento de pena aplicáveis ao crime do crime de pessoas, aumentando a pena de um terço até metade se:
(a) O crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las (Inciso I) - Para a incidência desta causa de aumento (e para todos os demais efeitos penais), o conceito de funcionário público é aquele fornecido nos termos do disposto no art.3277 do Código Penall. O funcionário público pode agir tanto “no exercício de suas funções” (no desempenho da função pública) ou “a pretexto de exercê-las” (pratica a conduta como desculpa, ou seja, como se esta fosse necessária no desempenho da função);
(b) O crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência (Inciso II) – A incidência desta causa de aumento está relacionada às qualidades da vítima: criança (é a pessoa menor de doze anos, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90, art. 2º , primeira parte), adolescente (é a pessoa entre doze e dezoito anos de idade, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90, art. 2º, última parte), pessoa idosa (é aquela com igual ou superior a 60 anos, nos termos do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003, art. 1º) ou pessoa com deficiência (é aquela que tem alguma deficiência física ou mental).
A idade da vítima deve ser provada nos autos por meio de documento hábil (certidão de nascimento, documento de identidade etc.),em face da regra contida no art. 155, parágrafo único, do Código de Processo Penal;
(c) A agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função (Inciso III) – Para incidência desta causa de aumento, exige-se o elemento normativo, ou seja, que o agente se prevaleça de relações de parentesco (ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro), de coabitação (que habitam a mesma residência), de hospitalidade (qualidade de hospitaleiro), de dependência econômica (qualidade de provedor de necessidades econômicas), de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função (qualidade do o funcionário que possui, em relação a outros, maior autoridade na estrutura administrativa pública (civil ou militar).
Se a causa de aumento incidiu em razão de ter o agente praticado o crime se prevalecendo de relações de parentesco contra descendente, irmão ou cônjuge, evidentemente não pode ser aplicada a agravante genérica que se refere às mesmas vítimas (CP, art. 61, II, e), para não incidir no bis in idem(incidência duas vezes sobre a mesma coisa), pois o fato já é considerado como a causa especial de aumento de pena, em estudo.
(d) A vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional (Inciso IV) - É possível que no mesmo caso concreto incida mais de uma causa de aumento de pena. Nesse caso, pode o juiz limitar-se a uma só causa de aumento de pena, desde que opte pela maior (CP, art. 68, parágrafo único).
Causa de diminuição de pena
Nos termos do § 2º, do art. 149-A, do Código Penal, “a pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização criminosa”. Trata-se de apenas uma causa de diminuição de pena que para tanto se exige, cumulativamente:
(a) Agente primário - entendemos que é aquele que não é reincidente, ou seja, aquele que não “comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior” (CP, art. 63). Tecnicamente, a prática de dois ou mais crimes ou até uma série de crimes não caracteriza, por si só, a reincidência;
(b) Agente não integrante de organização criminosa – a Lei do Crime Organizado trouxe o novo conceito jurídico de organização criminosa, com a seguinte redação: "Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional" (Lei 12.850/2013, art. 1º, § 1º).
Art. 155 – Furto
O roubo há emprego de violência e o furto não há. Nesse diapasão, Acquaviva ressalta que: “o furto é a subtração de bem móvel alheio, contra a vontade de seu legítimo dono ou possuidor, em proveito próprio ou alheio (...) caracteriza o roubo a subtração clandestina de coisa alheia móvel, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou reduzindo-a a impotência para reagir” (2009; p. 86/87).
Rodrigues compartilha do mesmo entendimento quando caracteriza o tipo do furto como: “subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel” (2008; p. 171).
Note que, independente de para quem venha ser a coisa furtada (si ou outrem), o furto sempre ocorre sem determinada violência. Assim, constatando-se o emprego da agressão, estar-se-á configurado o roubo, não o furto.
Classificação Doutrinária
Crime comum, material, doloso, de dano, de forma livre, comissivo em regra, instantâneo ou permanente, unissubjetivo, plurrisubsistente, não transeunte e admite tentativa. Entendemos exequível o cometimento de furto por omissão.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, salvo o proprietário ou possuidor da coisa.
Sujeito Passivo: É a pessoa física ou jurídica que detenha a posse ou propriedade da coisa.
Objeto Material
A conduta criminosa recai sobre a coisa alheia móvel, que são considerados os animais, aeronaves, os navios, os títulos de crédito, os talões de cheques, os frutos, as árvores, etc. O furto de gado é conhecido como abigeato. As coisas de uso comum também podem ser objeto de furto como a água e luz. A coisa abandonada (rês derelicta) e a coisa de ninguém (rês nullius) não podem ser objeto material de furto, pois não são coisas alheias. Se o agente pensou que se tratava de coisa abandonada e dela se apoderou haverá erro de tipo que excluirá o dolo.
Quanto a cadáver, se a subtração for com intuito de lucro haverá caso de furto, caso contrário, o crime será de subtração de cadáver, previsto no art. 211 do CP. Quem subtrair cadáver de faculdade de medicina com o fim de retirar o ouro existente na arcada dentaria incorrerá em crime de furto.
Objeto Jurídico: Tutela-se a posse e a propriedade.
Tipo objetivo: Subtrair significa retirar, pegar coisa alheia móvel, ou seja, qualquer objeto ou substância corpórea que tenha valor econômico e que possa ser removida, destacada ou deslocada de um lugar para o outro.
Coisa alheia para os juristas não é só a pertencente a outrem, mas também a que se acha legitimamente na posse de terceiro.
O tipo exige o ânimo do agente em assenhorar-se da coisa alheia. Doutrina e jurisprudência admitem o furto cometido por ladrão contra outro ladrão, reconhecendo, contudo, como sujeito passivo, o proprietário original da coisa.
Tipo Subjetivo: O tipo requer dois elementos subjetivos: o primeiro dolo do agente é genérico, a vontade livre e consciente de subtrair coisa alheia móvel. O segundo exige uma finalidade especial, o dolo específico, o fim de assenhorar-se da coisa em definitivo, contido na expressão "para si ou para outrem" (animus furandi)
O furto de uso, ou seja, a fruição da coisa momentaneamente sem efetivo prejuízo ao ofendido, com restituição da coisa no estado em que antes se encontrava não é contemplado pela norma penal em estudo. O furto de uso somente será reconhecido se não era exigível outra conduta do agente a não ser sacrificar direito alheio, como subtrair o veículo da vítima para socorrer o filho ao hospital, por exemplo.
Será excluído o dolo e, consequentemente, o fato será considerado atípico se o agente subtrair coisa alheia pensando ser própria (erro de tipo).
Consumação
Ocorre no momento em que o agente tem a posse tranquila da coisa, ainda que por pouco tempo. Consuma-se quando a coisa sai da esfera de disponibilidade e de proteção da vítima e ingressa na disponibilidade do sujeito ativo.
Para a jurisprudência do STF, para a consumação dos crimes de furto e de roubo basta a posse do bem em poder do agente, independentemente de vigilância da vítima ou posse tranquila, de modo que a fuga logo após o furto caracteriza a inversão da posse, e o furto está consumado mesmo havendo perseguição imediata e consequente retomada do objeto (teoria do Amotio – Se consuma quando o sujeito pega o bem e se desloca com ele)
Sendo crime instantâneo, a consumação se verifica no exato instante em que o delito é cometido. O crime também restará consumado quando a coisa estiver ocultada, mesmo encontrando-se perto da vítima.
Tentativa
A tentativa é perfeitamente admissível na hipótese de o agente não conseguir subtrair a coisa por circunstâncias alheias à sua vontade. Também caracteriza a tentativa na hipótese de ser perseguido pela polícia e preso logo após a subtração, pois a coisa não saiu da esfera de proteção e disponibilidade da vítima.
Furto e a desistência voluntária, arrependimento eficaz, arrependimento posterior e crime impossível
Diferentemente da tentativa em que a não consumação ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente, na desistência voluntária e no arrependimento eficaz (art. 15), a execução é interrompida pela própria vontade do agente (medo, remorso, baixa qualidade do objeto material,dor de barriga). Ocorre desistência voluntária, por exemplo, se A ingressa na residência de B, mas por qualquer motivo, desde que voluntário, desiste de prosseguir e foge sem nada levar. Responde por invasão de domicílio. Arrependimento é considerado eficaz se A subtrai um livro de B e antes de ter sua posse tranquila devolve o objeto. Sua conduta foi de encontro com à continuidade do processo de execução de uma típica iniciada.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
Arrependimento posterior
Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
O arrependimento posterior é uma causa especial de diminuição de pena e só tem aplicação nos crimes materiais, pois seu reconhecimento se verifica com a reparação do dano ou a restituição da coisa. O indivíduo que, voluntariamente, decorrido de alguns dias após o furto de um veículo, arrepende-se e comunica à vítima o local onde o mesmo se encontra será beneficiado por esta entidade criminal.
Repouso Noturno
É o período em que as pessoas descansam de acordo com os costumes de cada região do País, a vítima encontra-se mais vulnerável e por isso a pena será aumentada de um terço. Doutrina e jurisprudência são pacíficas ao admitirem sua aplicação apenas ao furto simples.
Furto de Pequeno Valor e Criminoso Primário
Se o criminoso é primário e é de pequeno valor a coisa furtada o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços ou aplicar somente a pena de multa. Primário é o sujeito que não é reincidente, isto é, aquele que mesmo cometendo outros crimes ainda não foi definitivamente condenando. Pequeno valor é aquele em que a coisa furtada não ultrapassa o valor equivalente ao salário mínimo vigente à época do fato criminoso.
Furto de Energia Elétrica
Equipara-se a coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Captar energia antes de sua passagem pelo aparelho medidor configura o delito, considerado permanente, possibilitando, assim, a prisão em flagrante do agente enquanto perdurar seu efeito. Se o agente, porém, alegrar o relógio de luz e passar a pagar metade da energia elétrica consumida, o crime será de estelionato.
A ligação clandestina para a utilização de TV por assinatura, conhecida como "gato", para nós, não pode ser equiparada a furto de energia elétrica. O fato é ilícito, mas não chega a ser típico. A conduta deve ser apurada na esfera cível. A energia elétrica quando subtraída depois e armazenada, causa perda patrimonial, diferentemente do sinal de TV a cabo, em que sua utilização não gera dano, isto é, não há perda de energia de valor econômico, mas ausência de ganho por parte da empresa.
Furto de uso- configura o furto de uso, aquela apropriação de objeto cujo qual, o indivíduo detém para seu uso. Mister ressaltar que, a partir do momento que o indivíduo devolve a vítima, sem seu conhecimento o objeto furtado e nas mesmas condições de antes, não se caracteriza o furto e sim o arrependimento posterior ao fato ocorrido.
Furto famélico- aquele em que o agente comete o crime, no chamado “estado de necessidade”, para saciar a fome.
Furto Qualificado
A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
A violência aqui é empregada contra obstáculo que está impedindo a subtração da coisa.
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
Abuso de confiança é a quebra da fidelidade, do vínculo de amizade existente entre algumas pessoas. Emerge de uma condição particular de lealdade. É preciso gozar absolutamente de confiança para incidir na qualificadora.
Fraude é o ardil na prática do crime, o engodo, a mentira, o embuste, utilizados para facilitar a subtração da coisa. A conduta do agente nesta espécie de furto é no sentido de subtrair os bens da vítima iludindo-a momentaneamente, o delito é cometido sempre sobre a vigilância da vítima. A qualificadora também se aplica quando a vítima não tem capacidade de entender o caráter ilícito do fato, como o doente mental ou uma criança. O sujeito, mediante fraude, cria no espírito da vítima um sentimento distorcido da realidade. No furto com fraude haverá sempre subtração como a ladra profissional que se finge de doméstica para furtar a casa que se empregou.
Escalada é a qualificadora que se caracteriza pelo ingresso no local pretendido por via anormal demandando um esforço incomum do agente para vencer o obstáculo existente, como numa residência subindo uma árvore ou um muro alto, ou ainda escavando um túnel etc.
Destreza é a habilidade manual do agente, por exemplo, o batedor de carteira.
III - com emprego de chave falsa;
Considera-se chave falsa todo e qualquer instrumento, com ou sem forma de chave como a gazua, moca, alfinete, arame etc. Capaz de abrir fechadura ou dispositivo análogo. Se a verdadeira chave encontra-se na fechadura haverá o furto simples, pois "porta fechada com chave na fechadura é porta aberta", mas se for conseguida ardilosamente para o cometimento do delito, como, por exemplo, subtraí-la da bolsa da vítima para depois adentrar sua residência, qualificadora será fraude.
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
A norma busca impedir a somatória de forças para o cometimento do crime, enfraquecendo, assim, a resistência do ofendido. Basta que apenas um dos agentes seja culpável. Desse modo, nada impede para a sua configuração a participação de inimputáveis.
Art. 156 - FURTO DE COISA COMUM
Classificação Doutrinária: Crime próprio, de dano, material, não transeunte, instantâneo, comissivo ou omissão impróprio, unissubjetivo, plurissubsistente, de forma livre e admite tentativa.
Sujeito Ativo: É somente o condômino, coerdeiro ou sócio. Trata-se de crime próprio que se comunica em caso de concurso de pessoas.
Sujeito Passivo: Pode ser o condômino, o coerdeiro, o sócio, ou ainda um terceiro quem detém legitimamente a coisa
Objeto Material: A conduta recai sobre a coisa subtraída. É o que incide, por exemplo, o proprietário de um apartamento que subtrai da área comum de um prédio um relógio de parede.
Objeto Jurídico: Tutela-se a propriedade ou a posse legítima.
Tipo Objetivo: A conduta consiste em subtrair, que tem o significado de retirar, pegar coisa comum de quem legitimamente a detém, isto é, a coisa que pertence não apenas ao agente, mas também a outras pessoas. Condômino é o proprietário que divide o domínio da mesma coisa com outras pessoas. Herdeiro é o sucessor que concorre a uma herança (patrimônio falecido que transmite aos herdeiros) deixada pelo de cujus. Sócio é o membro de uma sociedade (reunião de duas ou mais pessoas que mediante contrato se obriga, a combinar seus esforços ou bens para a consecução de fins comuns).
Tipo Subjetivo: É o elemento específico do tipo, dolo específico dos clássicos, consubstanciado na expressão para si ou para outrem, qual seja, a finalidade de assenhoraremos da coisa comum.
Consumação: Ocorre quando a coisa comum sai da esfera de proteção do sujeito passivo. Passa o agente a ter posse tranquila da coisa comum, ainda que por pouco tempo.
Tentativa
Quando a coisa comum não sai da esfera de disponibilidade do ofendido por circunstâncias alheias à vontade do condômino, herdeiro ou sócio.
Coisa Fungível: Não é punível a subtração de coisa fungível, cujo valor não excede a quota que tem direito o agente, coisa fungível é aquela que pode ser substituída por outra da mesma espécie, qualidade e quantidade. Trata-se de causa excludente de ilicitude. Por outro lado, haverá o delito em estudo se a coisa foi infungível, qual seja, a que não por ser substituída por outra.
Ação Penal: O crime é de ação públicacondicionada. Somente se procede mediante representação do ofendido. Infração de menor potencial ofensivo.
ROUBO - Art. 157
Classificação Doutrinária: Crime comum, material, instantâneo, de forma livre, de dano, unissubjetivo, comissivo ou omissivo impróprio, plurissubsistente, complexo e admite tentativa.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: Pode ser qualquer pessoa, mas sendo crime que tem tutelados vários objetos jurídicos, nada impede o surgimento de dois ou mais ofendidos, como ocorre, por exemplo, com aquele que sofre violência e o outro que tem o bem subtraído durante a ação criminosa. Em regra, porém, sujeito passivo é o titular do direito da propriedade ou da posse.
Objeto Material: A conduta criminosa recai sobre a pessoa e coisa alheia móvel.
Objeto Jurídico: A lei tutela o patrimônio (posse e propriedade), a vida, a integridade física, a saúde e a liberdade pessoal, daí ser considerado crime complexo em que são conjugados emprego de violência ou ameaça e a subtração patrimonial.
Tipo Objetivo: O tipo refere-se à subtração de coisa móvel alheia, mas é acrescido pelo emprego de violência, grave ameaça ou qualquer outro meio que reduza a possibilidade de resistência da vítima. A violência pode ser:
A) física (vis absoluta) que compreende as vias de fato, lesão corporal leve, grave ou morte (essas duas últimas qualificam o delito);
B) moral (vis compulsiva) que se constata em atemorizar ou amedrontar a vítima com ameaças, gestos ou simulações, como a de portar arma, por exemplo. A ameaça pode ser dirigida à vítima ou a terceiro;
C) imprópria é a que reduz a capacidade de resistir, como a superioridade física do agente, colocar droga na bebida da vítima, jogar areia nos seus olhos, hipnotizá-la, induzi-la a ingerir bebida alcoólica até a embriaguez etc.
Em outras palavras, roubo nada mais é que um furto cometido com violência ou grave ameaça contra a pessoa.
Objetos que estão presos ao corpo como brinco, corrente, relógio, pulseira etc., e que são arrancados pelo ladrão caracterizam o roubo. Quando soltos como boné, óculos, bolsa, celular etc., o crime é de furto.
Não se aplica no furto o princípio da insignificância, haja vista que a conduta do agente revela maior periculosidade e atinge não apenas o patrimônio do ofendido, mas também a sua integridade física, sua saúde e até sua vida em caso de latrocínio.
Institutos como o crime impossível, o roubo de uso, o pequeno valor da coisa, o estado de necessidade etc., que podem ser admitidos no furto não o são no roubo por tutelar outros bens jurídicos e não apenas o patrimônio do ofendido.
Tipo Subjetivo: O tipo requer dolo duplo: o primeiro, genérico, consistente na vontade livre e consciente de subtrair coisa móvel alheia mediante violência ou grave ameaça; o segundo, elemento subjetivo especial do tipo, exige que a subtração seja para o agente ou para terceiro. É o dolo específico dos clássicos contido na expressão "para si ou para outrem".
Consumação do roubo impróprio: Predomina na doutrina o entendimento de que o crime consuma-se quando o agente tem a posse tranquila da coisa, ainda que por pouco tempo ou quando a coisa subtraída sai da esfera de proteção, de disponibilidade da vítima. Também se diz consumado o delito quando a vítima não recupera os objetos subtraídos, mesmo em casos de prisão em flagrante. Restará consumado ainda quando a vítima permanece dominada pelo autor do roubo no interior do veículo, perdendo a disponibilidade do bem.
Na jurisprudência, porém, tem-se entendido como consumado o delito quando ocorre a subtração dos bens da vítima, mediante violência ou grave ameaça, ainda que, em seguida, o próprio ofendido detenha o agente e recupere a res.
Tentativa: Ocorre quando o agente após o emprego de violência ou grave ameaça não consegue efetivar a subtração da coisa por circunstâncias alheias à sua vontade nem tem a posse tranquila da coisa, ainda que por breve tempo.
Roubo impróprio: É aquele em que o agente logo depois de subtraída a coisa emprega violência contra a pessoa ou grave ameaça a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
No roubo próprio a violência ou grave ameaça é praticada antes ou durante a subtração da coisa. No impróprio ela é cometida logo depois de subtraída a coisa para assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa.
Na hipótese de o agente ser surpreendido pela vítima em sua residência e abandonar o objeto material empregando violência para a fuga, o crime a ser reconhecido é o de tentativa de furto em concurso material com lesão corporal.
Tentativa de roubo impróprio não admite-se.
Entendemos não ser possível a tentativa de roubo impróprio. Ou o agente emprega a violência ou a grave ameaça, logo depois de subtraída a coisa e o crime se consuma, ou não subtrai a coisa, mas emprega violência para fugir e, então, o crime será de tentativa de furto em concurso material de lesão corporal.
Causas de aumento de pena
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
O fundamento da agravante reside no maior perigo que o emprego da arma envolve motivo pelo qual é indispensável que o instrumento usado pelo agente (arma própria ou imprópria), tenha idoneidade para ofender a incolumidade física.
Com o cancelamento da Súmula 174 do STJ que autorizava o aumento de pena quando o agente utilizava arma de brinquedo para cometer o crime, esta conduta passou a ser considerada uma grave ameaça relacionada ao roubo simples.
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
A doutrina prevalente assevera que não há necessidade de estarem todos os agentes presentes no local do crime, basta haver o concurso de duas ou mais pessoas.
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
A norma tutela aqueles que transportam valores. Qualquer tipo de valor como ouro, dinheiro, pedras preciosas etc. O agente deve saber que a vítima está a transportar valores, dolo direto, portanto.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
Para a consumação do delito é necessário que o veículo seja levado para outro Estado ou país, não havendo, assim, possibilidade de ocorrer tentativa. Ou leva e ingressa com o veículo em outro Estado ou país e o crime está consumado, ou não ingressa e o crime será de furto ou roubo conforme a circunstância.
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
Objeto do agente, após o emprego da violência ou grave ameaça, é manter a vítima em seu poder e assim facilitar a subtração. A restrição de liberdade da vítima deve ser por tempo razoável, suficiente para que o agente consuma o delito sem ser descoberto pela polícia.
Qualificadoras do roubo
Se a violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 a 15 anos, além de multa; se resulta morte, a reclusão é de 20 a 30 anos, sem prejuízo de multa. Trata-se de crime considerado qualificado pelo resultado em que as lesões graves ou morte podem advir de dolo ou culpa.
O tipo fala em violência que deve ser entendida como física e não moral, logo se a vítima num roubo, mediante grave ameaça, vier a morrer em virtude de uma parada cardíaca, o crime será de roubo em concurso material com homicídio e não de latrocínio.
Homicídio consumado e roubo consumado: Haverá latrocínio.
Homicídio tentado e roubo tentado: Haverá tentativa de latrocínio.
Tentativa de homicídio e roubo consumado: Haverá tentativa de latrocínio.
Homicídio consumado e roubo tentado
Haverá latrocínio. Doutrina e jurisprudência têm considerado consumado o latrocínio quando ocorre a morte da vítima, ainda que o agente não tenha logrado apossar-se da coisa que pretendia subtrair.
O latrocínio ocorre quando o sujeito mata a vítima para subtrair seus bens, O latrocínio é um crime complexo, formado a partir da fusão de dois delitos, o roubo e o homicídio. Tal tipificação penal poderá versar tanto no caso de roubo próprio, quanto impróprio,pois a violência empregada resultante de lesão grave ou morte pode acontecer antes ou após a subtração do bem. Ainda, cumpre ressaltar que na conduta que concerne o delito de latrocínio, há uma maior preocupação com a tutela da vida em detrimento do patrimônio.

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