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Traumatismos Cranianos Traumatismos Cranianos Profª Amanda Regina Ribeiro de Oliveira, M. Sc. Doutoranda em Ciências da Saúde – Fiocruz / RJ Traumatismos Cranianos “É uma agressão ao cérebro, de natureza não degenerativa ou congênita, mas causada por uma força física externa, que pode produzir um estado diminuído ou alterado de consciência, que resulta em comprometimento das habilidades físicas e cognitivas. Pode também resultar no distúrbio do funcionamento comportamental ou emocional. Este pode ser temporário ou permanente” Definição Traumatismos Cranianos Epidemiologia É difícil apurar a incidência real dos TCE por várias razões: • Sub-diagnóstico: ausência de procura de cuidados • Situações de TCE ligeiro e falta de sistemas de monitorização e registro em muitas unidades de saúde. Traumatismos Cranianos • É a principal causa mundial de morbimortalidade em indivíduos com idade inferior a 45 anos, • Atinge mais comumente a faixa de idade dos 15 aos 24 anos. • É predominante no sexo masculino (2 a 3x mais) • 20% acabam falecendo no local ou nas primeiras 24 horas de internação • 80% na primeira semana após o acidente. Epidemiologia Traumatismos Cranianos • No Brasil, a incidência de TCE vem crescendo a cada dia, são mais de 100 mil vítimas fatais, • Estimando 1 morte para cada 3 sobreviventes, • 1-5% após TCE grave: estado vegetativo • 5-18%: seriamente incapacitados • 70% das vítimas: menos de 40 anos Epidemiologia Traumatismos Cranianos Tipos de TCE • O TCE está dividido em três tipos: trauma craniano fechado, trauma com abaulamento no crânio e fratura exposta Traumatismos Cranianos TCE: particularidades • Efeito do TCE Depende: Forma do objeto traumatizante Força do impacto Cabeça em movimento ou não • LEMBRAR QUE PODE EXISTIR : - Dano cerebral grave sem lesão externa detectável - Lesão externa grave sem injúria do tecido cerebral Traumatismos Cranianos Traumatismos Cranianos . � Hematomas na cabeça. � Ferimentos do couro cabeludo. � Saída de sangue pelos ouvidos (otorragia) ou líquor (otoliquorréia). � Saída de sangue pelo nariz (epistaxe). � Hematoma ao redor dos olhos (guaxinim). � Hematoma atrás das orelhas. Achados Clínicos no TCE Traumatismos Cranianos Classificação Traumatismos Cranianos Classificação Traumatismos Cranianos Classificação Traumatismos Cranianos Estágios do dano cerebral após TCE • Dano primário - No momento da injúria cerebral - laceração de pele e cérebro, fratura, contusão • Dano secundário - Início no momento da injúria, clínica visível após intervalo de tempo - HIC, isquemia, edema, infecção Traumatismos Cranianos • A lesão provocada por um traumatismo crânio-encefálico pode ser dividida em duas fases: a) Lesão primária é o resultado direto das forças mecânicas que atuam no momento do impacto inicial e que são transmitidas ao crânio e ao seu conteúdo. Podem resultar lesões difusas (decorrente de forças de desaceleração e rotação) e lesões focais (resultantes de forças de contato direto). b) Lesão secundária: surge nas primeiras horas após o insulto primário e caracteriza-se por alterações intra e extra-celulares determinantes do edema cerebral pós-traumático e consequente aumento da pressão intra-craniana (PIC). Fisiopatologia Traumatismos Cranianos Classificação clínica: a Escala de Coma de Glasgow é uma escala de avaliação clínica numérica que continua a se aplicada na categorização das alterações neurológicas que ocorrem neste contexto. Esta classificação continua a ter um papel fundamental na avaliação do grau de gravidade de um traumatismo, correlacionando-se quer com a gravidade do TCE quer com o prognóstico do doente Traumatismos Cranianos Traumatismos Cranianos 1) Nível de consciência, que é avaliado através da escala de coma de Glasgow. A pontuação inicial por esta escala permite a classificação do paciente em : • TCE leve (Glasgow de 14-15). • Moderado (Glasgow de 9-13). • Grave (Glasgow de 3-8). 2) Alterações das pupilas. 3) Características de resposta motora. Traumatismos Cranianos Traumatismos Cranianos a) Contusão – resulta de hemorragia subdural e do edema associado, estando presente em 31% dos pacientes na TC de entrada. Localiza-se sobretudo nas áreas que mantém contato com a superfície óssea craniana. Os defeitos neurológicos resultantes dependem da área afetada, podendo causar efeito de massa significativo devido a edema ou à ocorrência de hemorragia, da qual pode resultar um hematoma. Classificação Anatômica Traumatismos Cranianos b) Hematomas Extradurais ou epidurais - É quando ocorre a formação de coágulos de sangue entre os ossos do crânio e a dura-máter (membrana resistente que adere à superfície interna do crânio) Classificação Anatômica Traumatismos Cranianos c) Hematomas Subdurais - São mais comuns que os epidurais, ocorrendo em cerca de 30% dos casos de TCE graves. Localizam-se entre a dura-máter e o cérebro, ocorrendo rompimento das veias da superfície cerebral com sangramento, podendo levar à um aumento da pressão intracraniana e morte. Classificação Anatômica Traumatismos Cranianos d) Lesão Axonal Difusa Os mesmos movimentos bruscos de aceleração ou desaceleração da cabeça causam um estiramento e rompimento dos axônios (prolongamento dos neurônios, que tem a função de conduzir os impulsos nervosos). Classificação Anatômica Traumatismos Cranianos d) Lesão Axonal Difusa– É a lesão mais comum associada ao TCE. Ocorre por tensão e estiramento axonal por forças de aceleração angular e rotacional, podendo resultar em um déficit neurológico maior, apesar da inexistência de volumosas lesões hemorrágicas. Imagiologicamente, são visíveis hemorragias puntiformes resultantes da ruptura de pequenos vasos, em regiões que sofrem forças de aceleração máximas como são o corpo caloso, núcleos da base ou tronco Classificação Anatômica Traumatismos Cranianos e) Hematoma intraparenquimatoso – corresponde a 20% dos hematomas intracranianos pós-traumáticos, sendo em 20% múltiplos e associados a contusões. • Diferem das contusões por serem constituídos por >2/3 de sangue e possuírem margens bem delimitadas • Sucedem após a rotura de pequenos vasos parenquimatosos, localizando-se sobretudo a nível temporal e na região órbito-frontal. Classificação Anatômica Traumatismos Cranianos Extravasamento de líquidos para o tecido cerebral, causando um inchaço, o que pode resultar em um aumento da pressão intracraniana. Edema Cerebral Traumatismos Cranianos Os hematomas podem ser agudos (até 3 dias a partir do trauma), subagudos (de 4 a 21 dias após o trauma) e crônicos (a partir de 3 semanas depois do trauma). Traumatismos Cranianos Traumatismos Cranianos A guidelines da Brain Trauma Foundation (BTF) de 2007, recomenda a monitorização da pressão intracraniana (PIC) em todos os pacientes com um TCE grave e/ou TC normal mais 2 dos seguintes critérios: a) idade superior a 40 anos b) resposta motora em flexão ou extensão c) pressão arterial < 90mmHg Pressão Intracraniana (PIC) Traumatismos Cranianos A postura descorticada é uma resposta motora anormal do corpo e acontece quando há alguma lesão cerebral séria, principalmente nos hemisférios cerebrais e no tálamo A postura descerebrada é uma resposta motora anormal do corpo e acontece quando há alguma lesão cerebral séria, principalmente mesencéfalo e na ponte Traumatismos Cranianos • No que diz respeito à avaliação, a Tomografia Computorizada (TC) assumiu-se nos últimos anos como o método de eleição para a avaliação de imagem do TCE em contexto de urgência. • A Canadian CT Head Rules definiu cincofatores de risco elevado e dois fatores de risco médio para lesão intracraniana. Traumatismos Cranianos Traumatismos Cranianos • Fatores de Risco Elevado: a) Incapacidade de atingir GCS 15 nas duas horas que se seguem ao TCE, b) Suspeita de fratura craniana exposta, c) Presença de sinais sugestivos de fratura da base do crânio, d) Mais de dois episódios de vômitos, e) Idade superior a 65 anos, Traumatismos Cranianos Traumatismos Cranianos • Fatores de Risco Médio a) Amnésia retrógrada por um período superior a 30 minutos b) Mecanismo de lesão grave Traumatismos Cranianos Traumatismos Cranianos • Fase Hospitalar: Há algumas complicações no paciente com TCE em VM que devemos cuidar, como: a) Aumento da PIC está diretamente relacionada à vasodilatação encefálica devido ao aumento da PCO2 por hipoventilação ou desequilibro da relação V/Q. Traumatismos Cranianos Traumatismos Cranianos b) Aspiração traqueal: Deve ser realizada somente em casos de extrema necessidade, pois esta conduta tende a elevar a PIC. c) Cinesioterapia motora: terá contra-indicação absoluta durante as primeiras 48 horas, pois neste período o paciente estará em observação e qualquer movimento pode levar a um aumento da PIC. Traumatismos Cranianos Traumatismos Cranianos d) Fisioterapia Respiratória: deverá ser efetuada apenas nos casos de extrema necessidade, a fim de regular as pressões parciais dos gases no sangue por intermédio da ventilação mecânica. •A cabeceira do leito deve ser mantida entre 30 e 40 graus para promover drenagem venosa e reduzir a PIC (FROWNFELTER, DEAN, 2004). FASE PÓS HOSPITALAR •Observar o déficit instaurado e traçar plano de tratamento •Recursos: Cinesioterapia, Hidroterapia, etc Traumatismos Cranianos Traumatismos Cranianos Sequelas • O TCE está associado a uma ampla variedade de comprometimentos neuromusculares, cognitivos e comportamentais que levam a limitações funcionais e deficiências; • Embora a preocupação principal dos fisioterapeutas seja melhorar a função neuromuscular, as alterações cognitivas e comportamentais associadas ao TCE geralmente são mais debilitantes em longo prazo. Traumatismos Cranianos Sequelas Comprometimentos neuromusculares: •Tônus anormal; •Posturas primitivas podem incluir aquelas associadas à rigidez descorticada ou descerebrada; Traumatismos Cranianos Fisioterapia no TCE • O fisioterapeuta atuará de maneira a evitar contraturas musculares, negligenciação de membros afetados e desmotivação do paciente; • Estratégias básicas para o reaprendizado e readaptação devem ser ensinadas pelo profissional ao seu paciente; • Ressalta-se ainda a importância de um tratamento em equipe e diferenciado, com o apoio da família e empenho do paciente; • Como as consequências e o prognóstico são extremamente variáveis, o plano de tratamento deve ser bem elaborado e diversificado; http://www.fisioterapiaembh.com.br/neurologia-adulto/fisioterapia-traumatismo-cranio-encefalico-tce/ Traumatismos Cranianos Recursos Utilizados • Cinesioterapia; • Eletrotermofototerapia; • Hidroterapia; • Crioterapia; • Equoterapia; • Mecanoterapia; • Aparelhos auxiliares; Nelmídia Traumatismos Cranianos Períodos pós-coma • Despertar: compreende o coma e as respostas emergentes; • Adequar: período de agitação e confusão mental; • Reorganizar: paciente está apto a realizar atividades motoras mais complexas durante a fisioterapia. Traumatismos Cranianos Atendimento agudo Objetivos: •Aumentar a função física e nível de alerta; •Reduzir o risco de comprometimentos secundários; •Adquirir maior controle motor; •Adequar o tônus muscular; •Melhorar o controle postural; Traumatismos Cranianos Continuação... • Aumentar a tolerância a atividades e posições; • Manter e adquirir integridade articular e mobilidade ou preservação de sua funcionalidade; • Educar da família e atendentes sobre o diagnóstico do paciente, as intervenções da fisioterapia, os objetivos e resultados almejados; • Coordenar o atendimento de acordo com o dos outros membros da equipe; Traumatismos Cranianos Continuação... • Aumentar a resistência física; • Manter a mobilidade e integridade articular; • Aumentar a tolerância as atividades; • Informar a família e do paciente em relação aos resultados almejados e integrá-los na terapia Traumatismos Cranianos Continuação... • Aumentar o desempenho na mobilidade funcional e nas AVDs; • Adquirir ou aprimorar a marcha, mobilidade e equilíbrio; • Aumentar o controle motor e postural; • Aumentar a força e resistência física; Traumatismos Cranianos Continuação... • Aumentar a segurança na realização das atividades; • Adaptar e aprimorar nas atividades de maior dificuldade; • Diminuir o posicionamento anormal e os reflexos primitivos; Traumatismos Cranianos Técnicas para diminuir o posicionamento anormal e os reflexos primitivos Traumatismos Cranianos Fisioterapia • Ao trabalhar em equipe interdisciplinar, o fisioterapeuta torna-se capaz de proporcionar a assistência adequada que ajudará o indivíduo com lesão cerebral a atingir seu máximo potencial funcional.
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