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HISTÓRIA DA GASTRONOMIA: HÁBITOS ALIMENTARES NA IDADE MÉDIA Prof.: Adeline C. Rodrigues Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais Campus Ouro Preto Curso superior de Tecnologia em Gastronomia Alta Idade média Século X Plena idade média (século XI-XIII) Baixa Idade Média (Século XIV-XV) HISTÓRIA A Idade Média teve início na Europa com as invasões germânicas (bárbaras), no século V, sobre o Império Romano do Ocidente. Essa época estende-se até o século XV, com a retomada comercial e o renascimento urbano. A Idade Média caracteriza-se pela economia ruralizada, enfraquecimento comercial, supremacia da Igreja Católica, sistema de produção feudal e sociedade hierarquizada. HISTÓRIA Prevaleceu na Idade Média as relações de vassalagem e suserania. O suserano era quem dava um lote de terra ao vassalo, sendo que este último deveria prestar fidelidade e ajuda ao seu suserano. O vassalo oferecia ao senhor, ou suserano, fidelidade e trabalho, em troca de proteção e um lugar no sistema de produção. As redes de vassalagem se estendiam por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso. Todos os poderes jurídico, econômico e político concentravam-se nas mãos dos senhores feudais, donos de lotes de terras (feudos) HISTÓRIA A nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes) era detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses. O clero (membros da Igreja Católica) tinha um grande poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade. Era isento de impostos e arrecadava o dízimo. A terceira camada da sociedade era formada pelos servos (camponeses) e pequenos artesãos. Os servos deviam pagar várias taxas e tributos aos senhores feudais, tais como: corveia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha (metade da produção), banalidades (taxas pagas pela utilização do moinho e forno do senhor feudal). HISTÓRIA Economia Medieval A economia feudal baseava-se principalmente na agricultura As trocas de produtos e mercadorias eram comuns na economia feudal. O feudo era a base econômica deste período, pois quem tinha a terra possuía mais poder. O artesanato também era praticado na Idade Média. A produção era baixa, pois as técnicas de trabalho agrícola eram extremamente rudimentares. O arado puxado por bois era muito utilizado na agricultura. HISTÓRIA A Baixa Idade Média Corresponde a fase em que as principais características da Idade Média, principalmente o feudalismo, estavam em transição. É uma época em que o sistema feudal estava entrando em crise. Muitas mudanças econômicas, religiosas, políticas e culturais ocorrem nesta fase. HISTÓRIA O século XIII representou uma época de avanços tecnológicos na área agrícola. O desenvolvimento do arado de ferro com rodas, do moinho hidráulico e a utilização da atrelagem dos animais (bois e cavalos) pelo peito representaram uma evolução agrícola importante, trazendo um aumento significativo na produção dos gêneros agrícolas. HISTÓRIA O século XIII foi marcado também pela diminuição nas guerras. Vivenciou-se neste período uma situação de maior tranqüilidade em função do fim das cruzadas. Este clima de paz em conjunto com o aumento na produção de alimentos significou um significativo aumento populacional no continente europeu. Este crescimento demográfico foi interrompido em meados do século XIV com a peste bubônica, que matou cerca de um terço da população europeia. Modos de produção e modelos de consumo diferentes; Entre o século X e XI: grande mudança o equilíbrio alimentar e de produção sofre grandes perturbações e já anunciam mudanças características nos tempos modernos; Alta idade média: consolidação da economia agrária que assegura a subsistência da maioria da população; Sistema agro-silvo-pastoril possível ao baixo crescimento demográfico; Crescimento demográfico século X e XI a exploração de recursos naturais não e o suficiente para assegurar o equilíbrio alimentar; Evolução paralela das estruturas econômicas e das relações sociais consequência da retomada das trocas monetárias e do comércio; Comercio: economia de mercado soma a economia de subsistência; Cultivo do território aumenta para atender a mais pessoas, o que implica em extensão das culturas e pressão exercidas pelos proprietários de terra e poder público; Economia silvo-pastoril: subsistência e consumo direto; fracas colheitas dos campos Economia agrária:acumulo de reservas de cereais, fáceis de armazenar e estocar que permite alimentar o circuito comercial; Século XI: Europa sofre uma mudança radical : florestas são derrubadas, terras cultiváveis cobrem as planícies colinas e montanha; Plena consciência que sem a agricultura e impossível sobreviver; Miséria: idade média: crises nas florestas, passa a ser na colheita ou escassez de cereal; Termo carum tempus: gêneros se tornam mis raros e caros; Alimentação camponesa Cereais se tornam o alimento principal e cada vez mais determinante na alimentação camponesa: Exploração florestal rara e difícil: raras menos florestas e difícil porque o direito a caça e limitado e proibido e exclusivo a senhores; Possibilidade de explorar terras incultas diminuem; Carnes desaparece das mesas; Alimentação a base de cereais, de legumes secos ou verdes e seu regime alimentar se diferencia das classes privilegiadas; Século XIV e XV nova crise demográfica atinge a Europa depois da Peste Negra de 1348-1350 com os períodos de crise que a precedem e a acompanham, a economia retorna a silvo-pastoril, produção de carne volta a ser abundante e fazer parte da alimentação camponesa (população urbana); Segunda metade do século XV: empobrecimento da alimentação camponesa e diferenciação progressiva dos regimes alimentares segundo as classes sociais se afirmarão mais; No meio e fim da idade média 2 classes gozam de privilégio alimentar: Aristocracia: comedores de carne, desprezam os legumes dos pobres; População urbana; Oposição entre o modelo rural e citadino de consumo alimentar; Oposição entre economia de subsistência e uma economia de mercado, entre preparação exclusivamente doméstica dos alimentos (rural) e recursos do ofício especializado (urbanas) e parecem as primeiras casas de refeições; Símbolo da oposição cidade/campo Cidade: pão branco de trigo; Campo: pães pretos, papas, sopas de cereais inferiores; Carnes Cidades: frescas do mercado; Carnes de carneiro; Campos: carnes salgadas, sabores picantes, açucarados ou ácidos; Carne de porco; Orgulho da posição social da alimentação vem a provocar protestos quando falta alimentos nas cidades; Invenção das boas maneiras: determina culturalmente os domínios do privilégio; Maneiras corteses e urbanos se definem como uma rejeição do plebeu, ao comportamento camponês; Mesa: função eficaz: Aparatos conviviais: modos de arrumar a mesa, maneiras, peças de baixelas; Refinamento da arte gastronômicas: forte conotação social Os nobre terão sua dietética, sua gastronomia, suas maneiras de aportara mesa. Os camponeses terão outras; A mesa e a alimentação se tornarão o principal instrumento para corroborar e manter a ordem estabelecida; ALTA IDADE MÉDIA SÉCULO X ALTA IDADE MÉDIA SÉCULO X Ambiente feudal; Expansão de terras cultivadas e instalação de hábitos rurais acarretam a difusão do modelo econômico silvo-pastoril; VARIEDADE NA ALIMENTAÇÃO Agricultura: cereais, leguminosas legumes; Alimentos fornecidos por terras não cultiváveis: caça, peixe, gado criados nas clareiras e bosques; Diferenças qualitativas e quantitativas dos grupos sociais; Carnes nas mesas dos mais populares; Alimentação mais equilibrada; cereais; Dificuldades de uma época marcada por flagelos naturais e sociais; CARNES Diversidade marcada pelas diferenças regionais e culturais; Criação de porcos: abundância de carvalho e influências culturais celta e germânica; Porcos: carnes; carneiros e cabras: leite e lã; Criação de bois: trabalho e alimentação; Caça e pesca: javali, urso, cervo; Caça e pesca privilégio da nobreza; Peixes:menos apreciado que a carne; pouco nutritivo, igreja substitui carne por peixe; Queijo: feito de leite de ovelhas ou cabras (conservar o leite)/ Beber leite sinal de barbárie alimentar VINHO Triunfo do vinho: bebida apreciada e de consumo diário;/cortada com água; Cidra: bebida marginal; Cerveja: símbolo da cultura germânica; os pagãos usam na em seus rituais para marcar sua oposição a sacralidade cristã ao vinho; Com o tempo acaba a rivalidade e caba sendo reconhecida pelo gosto e imagem; CEREAIS E LEGUMINOSAS Cereais; Trigo, centeio e aveia; Cevada, milhete e sorgo; Favas: fava, feijão, grão de bico; cizirão, ervilha; Legumes verdes ou frescos: nabo principalmente, couve, repolho, couve flor, cebola, alho poró, alface, chicória, acelga, cenoura, funcho, rabanete A COZINHA Pão Cereais estocados são consumidos moídos ou em grãos; Cozidos para preparar sopas ou papas; Leguminosas reduzidas a farinha para formar o pão; Fornos: raros e os senhores monopolizavam e cobravam pelo uso; Cozidos sobre cinzas ou placas de terracota: pão rústico; pão duro que para ser consumido precisava ser mergulhado em água ou vinho; CARNE Cozida, salgada em água fervente; Caldeirão pendurado em corrente e colocado sobre brasas; PLENA IDADE MÉDIA (SÉCULO XI-XIII) Século XII-XIII Proprietários de terras armados impõe seus poderes as camadas populares rurais em detrimento aos antigos poderes públicos; Ordem senhorial: radical desigualdade jurídica e econômica que produzirão a expansão demográfica, a abertura econômica e transformação da estrutura familiar, de mão de obra e renovações técnicas científicas assim como modificações nos sistemas alimentares; Europa ano 1000: campos transformações decisivas; Crescimento lento, mis constante da população que vai ate o século XIII; 1000 a 1350: França triplica; Alemanha, Inglaterra e Escandinávia: dobra; Expansão dos limites das cidades; Surgem os trabalhadores urbanos; Unidade familiar: individualiza-seno seio do clã e linhagem; Aumento da mão de obra: colonização de locais e aumento na produção; Rápida expansão do campo: aumento de mão de obra e difusão de processos técnicos que modifica a relação do homem com o meio; Moinhos se multiplicam; Mós movidas por água ou ventos; Capacidade de trabalhos animais; Desenvolvimento das siderúrgicas: ferramentas: arados; Economia melhorada pela melhora nos sistema de agricultura; Apesar do aumento da área destinada a lavoura as florestas constituem papel importante na vida dos colonos; Poderosos limitam o direito dos camponeses a exploração dos recursos das florestas; Diferenciação das classes sociais; Crescimento da produção agrícola: enriquece a aristocracia e estimula o desenvolvimento das cidades; SISTEMAS ALIMENTARES A agralização da economia rural, restrições impostas pela aristocracia a exploração das florestas, multiplicação de mercados rurais e as relações com os cidadinos tiveram consequências n alimentação; CLASSES MAIS BAIXAS Predomínios de alimentos de origem, vegetal em detrimento da carne; Perderam variedade; Pão e vinho suplantam os outros alimentos e os relegam a alimentos complementares; Sua falta na cidade e intolerável; Esquecimento: castanhas, bolotas e outros do tipo; Coleta e caça perdem a função de recursos alimentares; Pobres: coleta; nobres: caça; Cada classe social constrói seu sistema alimentar e a mesa torna-se forte elemento de identidade coletiva; NOBRES Rainha: come diariamente pão de trigo e bebe vinho; Pratos ricos em carnes; Carnes finas: galinha, capão, frango e ganso, carnes de carneiro, porco, cordeiro, Combinadas com especiarias (pimenta) e condimentos exóticos (cebola e alho) se combinam a maneiras diferentes de construir os cardápios abundantes e diversificados; Ovos e queijos combinados com carnes e peixes; Legumes ocupam lugar secundário; Ausência de frutas; Consumiam o mel; Açúcar produto de luxo de origem mulçumana: usado pequenas vezes; NOBRES Alimentos de luxo importados: especiarias, vinhos suaves e doces; Outros: sal e peixes que não poderiam faltar; Os alimentos são preparados nas cozinhas dos palácios e dos castelos por domésticos especializados Principal peça da cozinha: fogão. Forno indispensável bem como a masseira; NOBRES Cozimento: água com especiarias, ervas aromáticas e condimentos que amaciem a carne Carnes duras, de caça, de galo utiliza técnicas de cozimentos sucessivos como escaldá-las ou cozê-las antes de ir para caçarola, frigideira e o grelhas; Cozido, frito e assado em óleo; Carne assada muito apreciada, sempre temperada; NOBRES Os alimentos são servidos em pratos ou em outros recipientes , na sala de jantar, onde se encontra a mesa; Dias comuns: pratos de estanho, cobre, cerâmica ou madeiras nobres; Baixelas de metais preciosas: banquetes Talher: colheres, facas e conchas de mesmo materiais que os pratos NOBRES Bebidas: vinho; Colocados sobre a mesa em âmbulas de vidro ou em canjirões metálicos; Servidos em copos de metais preciosos, madeira finamente decoradas ou vidros; O poderoso come ate se saciar: quem come muito domina os outros A alimentação abundante e sobretudo a quantidade de carne continuam sendo símbolo de poder , de fonte de energia física, de potência sexual e representa uma das principais manifestações da alegria de viver e felicidade. CLERO Renda das abadias aumenta de forma extraordinárias; Doações post obitum, esmolas, dízimos, boas gestão contribuíram para a prosperidade dos monastérios; CLERO Quaresma: refeições apenas 1 vez ao dia de trabalho e 2 vezes ao dia; Almoço: meio dia: 2 pratos quentes: uma sopa e guisado de legumes; Terceiro prato: “geral” 4 ovos e uma ração de queijo cru ou cozido (peixes podem substituir ovos); Frutas e legumes Acompanhadosde pão branco e vinho Da páscoa até fim de setembro: 2 refeições dia; Jantar: restos de pães e vinhos e frutas Mixtum: pedaço de pão e um copo de vinho, servidos aos monges de serviços, doentes, velhos; CLERO Dias de festa: sopas substituídas por pratos mais apetitosos, bem como pães e torta de ovos. Carne é servida a mesa com uma bebida de luxo: pigmentum, vinho suavizado com mel, pimenta e canela; Regime alimentar: excessivo, demasiadamente refinado e mais adequado aos senhores do que os monges; Excessos de carne; CLERO Cardápios exigentes: monastérios dotados de equipamentos; Cozinhas onde os monges preparam a sopa e os guisados de legumes; Cozinhas onde os domésticos preparam outros pratos; Alimentos adquiridos pela produção de domínio; Alimentos: abastecimento de artigos que não os de sua própria produção; Gastos em compra de vinhos; Decadência CAMPONESES Produção: trigo, vinho, gado miúdo, aves, presuntos,, queijos, peixes salgados; Auto-suficiência; Evolução muito lenta no campo das técnicas culinárias; Regime alimentar: micha e dois pequenos pães, 4 litros de vinho, meia libra de carne (200g) ou ovos e 1 alqueire de ervilhas. CAMPONESES Pão: centro dos regimes alimentares, comido em todas as refeições; Nas cidades: pão ros, de trigo durázio; Camponeses: pão micha, escura, feita de cereais secundários como cevada, centeio ou espelta ou mistura de grãos; As famílias rurais destinavam ao mercado o cereal nobre, após pagamento ao Senhor; CAMPONESES Cor do pão: posição social; Cevada: cereal mais acessível; Panes de ordeos, as masseiras, as peneiras, a proliferação dos moinhos e formos mostram que os cereais secundários eram destinados a panificação e não a panela; Farinha substitui a sêmola; michas substituem as papas; CAMPONESES Os senhores a fim de aumentar a rentabilidade dos moinhos e fornos incentivam o hábito do pão em seu domínio; Vinho: Motivos de atração para as camadas rurais: valor nutritivo considerável, anti-séptico e efeito euforizante. Fonte protéicas: Carne de gado miúdo; Parelha de bois para o arado, ovelhas, porcos, cabras, galinha e gansos. CAMPONESES Retração progressiva das florestas produtoras de bolotas, mesmo assim há presença de porco papel importante; Porco: carne fresca no inverno e salgada ou sobre a forma de charcutaria durante todo ano; Porco fornece toucinho. Animais de 40 a 80 quilos; Carneiros e ovelhas consumidos depois de esgotada a capacidade de produção de lã e leite CAMPONESES Restrição no consumo de aves: ovos eram destinados aos senhores; Caça: regreção devido aos avanços dos arroteamentos e destruição das florestas e impedimento de acesso pelos senhores; Diminuem o consumo de coelhos, lebres, frangos, perdizes e galinholas; Queijos: utilizado nas regiões montanhosas, como substituto a carne; CAMPONESES Avanços de terras cultiváveis: favas , lentilhas, grão de bico, ervilha de pombo, ervilhaca e cizirão; Horta: couve, cebola, alho, alho-poró, nabo, espinafe e abóbora; Colheita: aspargops, agrião, cogumelos, tomilho, manjerona, basílio, louro, funcho ou sálva; CAMPONESES Com legumes secos e verde, os quais acrescentam pequenas quantidades de carne fresca ou salgada, gordura ou óleo e pedaços de pão duro ou farinha preparavam se sopas e guisados; Principal refeição: 2 pratos quentes acompanhados de pão e vinho; Dias de penitência: carne substituída por queijos, frutas seca, ovos ou peixes e a gordura por azeite de oliva; CAMPONESES Festas: partilhavam o pão, vinho e carne; Carne de carneiro que substitui as sopas e guisados; Tempera-se com condimentos locais cebola e alho e especiarias pimenta; Banquetes funerários: pão, vinho e carne; LIMITES DE CRESCIMENTO Fome nos grupos marginalizados; Peste- bactéria Pasteurella Pestis Lepra; Erisipela gangrenosa; Crises regionais dentro da Europa;
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