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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS E DOS JOGOS COM LUDICIDADE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ELAINE OLIVEIRA DE SOUSA Rio de Janeiro Julho, 2007 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS E DOS JOGOS COM LUDICIDADE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ELAINE OLIVEIRA DE SOUSA Esta publicação atende a complementação didático-pedagógica de metodologia da pesquisa e produção e desenvolvimento de monografia, para curso de pós-graduação em Psicomotricidade sob orientação do Prof. Ms. Celso Sanches. Rio de Janeiro Julho, 2007 AGRADECIMENTOS Ao Nosso Senhor Jesus Cristo RESUMO A presente monografia teve por objetivo apresentar como os jogos e as brincadeiras populares, desenvolvidas com ludicidade, nas aulas de Educação Física podem ampliar de maneira benéfica a desenvoltura corporal e mental dos educandos. São nas aulas de Educação Física que os alunos vão se deparar com situações de vitória e derrota, sentimento de competição, de aptidão física, de formação de personalidade, a Educação Física contribui para o processo de socialização do indivíduo. O desenvolvimento deve ser favorável para a criança em relação ao seu meio de convívio social, a partir do momento que as crianças vivenciam novas oportunidade de descobrir as possibilidades de movimentos que o seu corpo pode realizar, elas passam a respeitar seus limites e ainda passam a ter vontade em descobrir mais. É muito importante que elas se sintam livres para explorar todas as suas potencialidades, por isso o espaço das aulas de Educação Física geralmente são em ambientes abertos. O desenvolvimento do indivíduo depende de vários fatores, tanto dos estímulos neurológicos como também dos estímulos sócio-afetivo. SUMÁRIO Páginas Introdução...............................................................................................................1 CAPÍTULO I – Educação Corporal.........................................................................4 1.1. Educação Física: Cultura Corporal e Importância Social.................................4 1.2. Ludicidade Como Motivação para Aprendizagem............................................7 1.3. Aprender Brincando........................................................................................10 1.4. O Desenvolvimento na Infância .....................................................................13 CAPÍTULO II – Jogos e Recursos Didáticos.........................................................16 2.1. O Jogo na Educação ......................................................................................16 2.2. Material e Recursos Didáticos........................................................................20 2.3. O Brinquedo como um Instrumento de Trabalho............................................25 Considerações Finais.............................................................................................28 Referências Bibliográficas......................................................................................31 INTRODUÇÃO De acordo com Verderi (1999), os profissionais de Educação Física como educadores do físico, são responsáveis pelo aprimoramento da corporeidade dos alunos, sem esquecer de promover a socialização e a alfabetização emocional que devem estar aliadas ao desenvolvimento das capacidades físicas e cognitivas. Catunda (2005) afirma que o brincar é necessário à felicidade e as aprendizagens da vida e que as brincadeiras estão se extinguindo do cotidiano das pessoas. Os educadores têm por função valorizar a felicidade em pequenos gestos proporcionando um maior significado à vida. As atividades inseridas nas aulas, ministradas com crianças, devem ser desenvolvidas com ludicidade, para que a criança desfrute das atividades e dos jogos com prazer. Os educadores devem demonstrar que o jogo é um fator educacional que promove benefícios de aspectos cultural, afetivo, social, motor e intelectual (FERREIRA, 2003). “Ousar deve ser a palavra e a atitude presente no cotidiano profissional, nos auxiliando a não fossilizarmos o conhecimento, que deve ser diariamente produzido por nós e nossos alunos” (CATUNDA, 2005. Pág. 11). A criança deve ter a oportunidade de brincar, de sentir-se livre, de poder fantasiar histórias e brincadeiras que estimulem a sua criatividade através da imaginação. Assim, a sua maturidade se desenvolverá mais sólida (BARREIROS; BRITO, 1985). Elas devem ter a chance de manusearem e explorarem objetos, comunicando-se com outras crianças, outros adultos. Devem desenvolver sua imaginação, seu vocabulário, organizar os pensamentos, descobrirem regras e optarem pelo certo ou errado. A internet, TV, jogos eletrônicos e a falta de tempo dos pais, dificultam a prática das atividades de lazer que poderiam ser praticadas com saúde. Promover o bem estar físico, social e mental é fundamental para que o indivíduo se desenvolva com qualidade de vida (LEANDRO, 2005). O tema deste trabalho surgiu a partir das experiências em estágios com crianças, relatadas nas aulas de Estágio Supervisionado por colegas de classe. Muitas das observações eram sobre a falta de iniciativa dos professores em resgatar brincadeiras e os jogos durante a prática das aulas. A Educação Física precisa ser vista como uma disciplina fundamental para o desenvolvimento das crianças. A ludicidade e a emoção, importantes na contribuição do aprendizado das crianças, devem estar presentes nas aulas de Educação Física, e podem ser apresentadas através dos jogos e das brincadeiras populares. As brincadeiras são essenciais na infância, principalmente até aos seis anos. Elas são, para as crianças, momentos em que podem representar as experiências que vivem entre os adultos, com a possibilidade de ampliarem os conhecimentos sobre seus próprios corpos, seus sentimentos, seus desejos, seus anseios e seus medos, além de descobrirem mais sobre o mundo e sobre todo o seu meio de convívio social. Porém, mesmo reconhecendo a importância do brincar como fator positivo no desenvolvimento infantil, muitas vezes, a brincadeira não é valorizada. As crianças são vistas como submissas aos adultos e nada capazes de produzirem algo. Um fator de grande importância, também, é o espaço físico onde as brincadeiras devem ser realizadas. O espaço deve, primeiro, promover sensação de conforto, de segurança e, por último, mas não menos importante, de confiança. O objetivo deste estudo é Identificar a importância das brincadeiras e dos jogos nas aulas de Educação Física para o processo de desenvolvimento dos domínios físico, psicomotor e afetivo das crianças através da ludicidade. “Brincando a criança pode tornar-se algo que não é, ou melhor, que ainda não é (através da brincadeira a criança pode ser o que quiser), agir com objetos substitutivos, interagir segundo padrões não determinados pela realidade do espaço social em que vive e ultrapassar os limites que lhe são apresentados”. (PRADO,1999:02). È possível educar com ludicidade? Como os jogos podem contribuirno desenvolvimento infantil em todos os domínios? Como as brincadeiras nas aulas de Educação Física podem ser instrumento pedagógico para complementar a aprendizagem das crianças? O tema desta monografia será estudado através de revisão de literatura e se limitará somente a esta revisão, ou seja, não haverá pesquisa de campo. CAPÍTULO I – EDUCAÇÃO CORPORAL 1.1 - EDUCAÇÃO FÍSICA: CULTURA CORPORAL E IMPORTÂNCIA SOCIAL De acordo com a Carta Brasileira de Educação Física (2003), para que a Educação Física no Brasil possa ser adjetivada pela qualidade, contribuindo para a melhoria da sociedade, ela deve ser entendida como direito fundamental e não como obrigação, ela deve ser prazerosa e prover aos seus beneficiários o desenvolvimento das habilidades motoras, valores e conhecimentos, fazendo-os participar ativamente e voluntariamente de atividades físicas e esportivas. As atividades físicas podem ser um meio de prevenir doenças físicas e mentais, proporcionando maior qualidade de vida e desenvolvimento social, assim a Educação Física, pelas possibilidades de desenvolver, principalmente em crianças e adolescentes, domínios cognitivos e sociais, além de psicomotor. Deve ser disciplina obrigatória nas escolas primárias e secundárias, que deve fazer parte de um currículo longitudinal (MANIFESTO MUNDIAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA, 2000). Segundo o Parâmetro Curricular Nacional de Educação Física (1997), o jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta são culturas corporais incorporadas pela Educação Física e elas têm como característica em comum a ludicidade, onde cada uma delas representa a diversidade cultural humana. Com atitude lúdica, a Educação Física contempla conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento, com finalidade de lazer, manutenção da saúde e expressão de sentimento, afeto e emoção. O valor da Educação Física pode ser compreendido como uma disciplina capaz de influir favoravelmente na formação integral do indivíduo. O homem não nasce correndo, saltando ou jogando, essas atividades foram construídas como respostas a determinados estímulos ou necessidade humana em determinados períodos históricos (GONÇALVES, 2002; PINTO, 2002; TEUBER, 2002). De acordo com o passar do tempo os valores vão sendo alterados e com isso o ser humano tem necessidade de estar sempre se aperfeiçoando como indivíduo sempre buscando melhorar sua qualidade de vida. De acordo com essa evolução, pode-se considerar que a Educação Física é uma área de conhecimento fundamental no processo de desenvolvimento do homem (GONÇALVES, 2002; PINTO, 2002; TEUBER, 2002). O professor de Educação Física deve ser entendido como o profissional que tem preocupação com a qualidade de vida dos alunos, visando o caráter educacional e formativo. A intenção de promover o bem estar é aplicada com exercícios adequados para manter a saúde, o equilíbrio mental e o prazer de fazer a atividade, especialmente quando aplicados em crianças (ALMEIDA, 2006). Há uma imensa variedade na forma de aplicar atividades ou exercícios durante as aulas de Educação Física, de acordo com a finalidade das aulas o professor pode instruir seus alunos a fazerem exercícios para correção postural, para atividades livres, para estimulara a criatividade utilizando expressão corporal, exercícios com domínios de movimentos rítmicos caracterização folclórica e outros. A Educação Física possibilita a interação de grupos, prática da sociabilidade, troca de experiências e evolução nos movimentos. As diferentes partes do corpo sustentam todo o tipo de movimentos (FERREIRA, 2003). O educador torna-se um privilegiado ao saber utilizar o jogo e a brincadeira como instrumento educador, para isso ele deve ter bom senso, dinamismo, educação, criatividade, alegria e também deve ser justo (FERRAZ, 2004). Durante as aulas de Educação Física, as convivências humanas, que é um grande desafio para a sociedade, pode ser facilitada com as práticas esportivas que poderá auxiliar não somente nas técnicas do esporte, mas também na construção dessa convivência. Momentos de conflitos em grupos podem se tornar momento de reflexão, com o professor sendo o mediador (FERRREIRA, 2003). Ensinar não é transferir conhecimentos, segundo Freire (2005), o professor junto com a escola deve saber respeitar os saberes do educando, atentando para os aspectos socialmente construídos no dia a dia na comunidade em que vive. Durante o período da adolescência, um fenômeno natural, o indivíduo sofre mudanças físicas e emocionais e é neste momento que em alguns casos há uma dispersão grande em relação à prática das atividades físicas (COW, 2004; MARCHESI, 2004; PALAUOS,2004). O professor de Educação Física neste momento deve saber respeitar as vontades dos alunos que por algum motivo, seja estético ou emocional perde o entusiasmo de participar das aulas, mas não deve abandoná-lo. O dinamismo e a criatividade devem estar sempre presentes para promover a integração do grupo (COW, 2004; MARCHESI, 2004; PALAUOS,2004). O desenvolvimento humano vem sendo alvo de grande interesse para os estudiosos. O processo de desenvolvimento concentra-se na educação e reconhecem que embora o ensino (sem uma busca detalhada dos aspectos do desenvolvimento do comportamento humano, somente com supostas técnicas educacionais apropriadas) seja um aspecto importante da relação ensino aprendizagem, ele não explica o aprendizado, mas o desenvolvimento explica (GALLAHUE, 2003; OZMUN, 2003). 1.2 – LUDICIDADE COMO MOTIVAÇÃO PARA APRENDIZAGEM “Lú.di.co adj. Relativo a jogos, brinquedos e divertimentos.”(FERREIRA, 2004. Pág.465). A utilização de atividades lúdicas nas escolas pode ser um meio de contribuir para a melhoria nos resultados obtidos pelos alunos durante o processo educativo. O lúdico apresenta valores específicos para todas as fases da vida humana, a criança e o jovem põem uma resistência à escola e ao ensino por ela não ser prazerosa (NEVES, 2002). A recreação surgiu de forma natural, instintiva e espontânea através dos folguedos infantis e deve ser valorizada como auxílio básico no desenvolvimento ensino aprendizagem, onde o educador, através dos conteúdos da disciplina, possa utilizá-la como forma de despertar na criança o interesse pela escola e pelo aprendizado (VANJA, 2003). A ludicidade faz parte de um processo de extrema importância no desenvolvimento humano.A brincadeira é uma atividade natural inserida na infância que não envolve compromisso ou seriedade nas atividades, pelo contrário: a brincadeira é muito importante na evolução do processo de desenvolvimento maturacional e de aprendizagem do ser humano, pois ela gera prazer. A motivação característica dos exercícios é o prazer, que tem como função servir de reforço às habilidades já adquiridas pelas crianças e fazer com que ela adquira novas, testando suas habilidades (MALUF, 2003). O lazer firmou-se como um importante papel no desenvolvimento da sociabilidade no espaço urbano moderno. As iniciativas de planejamento urbano tem procurado suprir as necessidades de lazer para que as pessoas no tempo livre possam ter um momento de lazer. Com as crianças não é diferente, o recreio escolar é o momento de liberdade delas, assim é muito importante salientar que o processo educacional deve ser de forma lúdica e não massacrante com teorias e regras pré-determinadas afim de impor nas crianças uma aula chata sem criatividade (CILSLAGHI, 2002; NETO, 2002). Para a criança é importante ter um espaço seguro para que ela desenvolva brincadeiras com o mínimo de restrições possível e sem cobranças. Durante as atividades físicas e escolares um dos objetivos a serem alcançadosé o bem-estar das crianças (RODRIGUES, 2004). As crianças chegam nas escolas com diferentes competências que são determinadas pelas experiências corporais que tiveram a oportunidade de vivenciar. Se determinadas crianças não tiveram a oportunidade de brincar, de conviver com outras crianças de forma lúdica, provavelmente suas competências serão restritas (PCN, 1997). Independente da idade dos alunos, quando chega o primeiro dia de aula, eles estão preocupados: quem será que vai ser da minha turma? Será que os professores vão ser legais? Cabe a escola e aos educandos neste momento receber os alunos com entusiasmo, alegria e fazer das aulas uma prática que atraia a atenção deles. As aulas de Educação Física devem começar com um processo de socialização, com uma brincadeira lúdica para que todos se sintam à vontade e tenha a oportunidade de se conhecer (MALUF, 2006). O professor de Educação Física precisa ter a responsabilidade de não transformar a aula em momentos de ridículo e absurdo, pelo contrário, ele deve educar sem transtornos, através de momentos que causem alegria, risos, descontração. O professor deve liderar a turma e ter controle do comando durante toda a aula, estando sempre atento para possíveis dúvidas, timidez, criatividade e inteligência do aluno, sem expor o aluno a nenhum tipo de constrangimento (JUNIOR, 2005). A orientação do processo de aprendizagem dos desportos não depende só da atividade desportiva, pois ela só por si, não educa. Os efeitos educativos dependem da forma que é ensinada. Se ela estiver relacionada a aspectos de socialização, clima-afetivo emocional e motivação, a prática esportiva ou qualquer outro tipo de atividade será melhor assimilada (VOSER, 2001). 1.3 – APRENDER BRINCANDO De acordo com Cunha (2001), as crianças atualmente não têm um pátio para brincar, os computadores, videogames e a televisão ocupam a maior parte do tempo delas. As crianças estão perdendo a referência de criar brinquedos, elas desconhecem o prazer de montar e desmontar, pintar, construir objetos com madeiras, latas e botões, modelar com massinhas, pois elas já estão acostumadas a ganhar brinquedos que não requeiram montagem e que não fazem sujeira. Brincar desenvolve as habilidades da criança de forma natural, estimula a mente, a motricidade, a criatividade e a interação social já que não há cobrança ou medo, só prazer. A brincadeira não é um passatempo, ela oportuniza a fantasia e a liberdade da criança. Os brinquedos e brincadeiras populares são muito importantes para uma convivência agradável entre crianças, jovens e adultos, porém já não é tão comum ver crianças e adultos brincando livres, durante as horas de lazer, em locais adequados. Quando as crianças desfrutam de brinquedos e brincadeiras populares, elas participam intensamente na construção de idéias, sentimentos e valores, desenvolvem o espírito de liderança, respeitam regras sociais, promovem cooperação e asseguram uma continuidade sociocultural (BRUN, 2005). A brincadeira é uma característica de comportamento humano que ainda é pouco compreendida relacionada ao desenvolvimento e motricidade humana. O comportamento lúdico tem sido observado e estudado em termos de jogos simbólicos. Com a brincadeira motora, a criança apresenta movimentos de locomoção, orientação e socialização. Esse tipo de brincadeira tem como característica aglutinar as crianças e caracterizar uma variedade de padrões de movimentos (KREBS, R. J., 2001; COPETTI, F., 2001; ROSO, M. R., 2001; KROEFF, M. S., 2001; SOUZA, P. H., 2001). Através do brincar a criança constrói sua personalidade e conquista pela primeira vez sua autonomia. As brincadeiras desempenham para a criança o papel que o trabalho representa para o adulto. Se para o adulto o trabalho o dignifica, a brincadeira para a criança exerce a mesma função, ela tem maiores êxitos nas suas atividades se elas forem transmitidas de forma lúdica (RODRIGUES, 2004). Existem professores e alguns alunos que tem verdadeira obsessão por conceitos e definições, que nem sempre estão vinculados a uma interpretação crítica. A escola, como instituição, produz conceitos sem maiores comprometimentos com a natureza do ser humano e acaba transmitindo a seus alunos aspectos que pouco contribuem para uma assimilação com mais sucesso em relação a aprendizagem. Por mais que a humanidade esteja sempre acumulando mais conhecimento, ela não lhe permitiu uma realização plena, uma satisfação pessoal, poucos aprendem por meio da ludicidade e sim por ensinamentos mais metódicos (MEDINA, 2005). Os Parâmetros Curriculares Nacionais propuseram para a Educação Física uma democratização e humanização em relação à prática pedagógica, na promoção de uma diversificação em relação aos objetivos, partindo para um trabalho que envolva as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos, além de uma visão somente biológica. Os PCNs afirmam ainda que a Educação Física é fundamental no desenvolvimento das habilidades corporais e culturais. É uma disciplina que objetiva o lazer, expressão de sentimentos, afeto e emoções a partir de jogos, esportes, ginásticas, lutas e danças (JUNIOR, 2005). A atividade lúdica tem ingredientes que não se encontra presente em atividades esportivas que envolvam competição. Atividades com caráter lúdico propicia a inclusão de todos, sem discriminar os menos habilidosos. A prática pedagógica lúdica respeita o ritmo de crescimento e aprendizagem dos personagens envolvidos (NETO, 2001; VOSER, 2001). Os esportes podem ter suas regras ensinadas de forma lúdica. As aulas que oferecem a penas a prática de esportes não podem ser limitadas apenas para o caráter competitivo, enfocando como principal objetivo o princípio do rendimento e esforço pessoal. Dentre de uma nova perspectiva sócio esportiva, o esporte deve ser uma ação que priorize a integração do grupo, a coletividade, não só com os companheiros, mas também com os adversários (ALMEIDA, 2006). Para Cury (2001), a transmissão fria do conhecimento em sala de aula tornou-se um tédio para os alunos. A educação está passando por uma crise no mundo moderno, os alunos saem das escolas com milhões de informações, mas sem nenhuma emoção, tornam-se despreparados para a vida. Há uma necessidade de novas técnicas psicopedagógicas para melhorar o rendimento intelectual e promover a educação da emoção. “Treinar a emoção é desenvolver as funções mais importantes da inteligência” (Cury, p.11). O desenvolvimento da criança é muito eficaz se associado com a ação de brincar, o processo de socialização é realizado também através de atividades recreativas. O aprendizado sobre limites e respeito com regras de jogos contribui para a formação social de qualquer criança ou jovem. A recreação está evoluindo como todas as áreas que surgem, ela nunca deve ser realizada sem objetividade. (Leandro,2005). 1.4 – O DESENVOLVIMENTO NA INFÂNCIA De acordo com algumas definições de desenvolvimento infantil, percebe-se que, geneticamente, herdamos um organismo formado por uma série de estruturas biológicas e neurológicas que são construídas e reorganizadas continuamente no decorrer do processo de maturação biológica, interagindo com a ação e influência mútua da criança com o meio, surgindo as primeiras bases de estruturas mentais, que, a partir de então, vão avançar, atingindo patamares cada vez mais elevados de organização que se concretizam sob a forma de desempenhos específicos. Algumas definições: PIAGET - Sua teoria psicogenética permite uma visão dinâmica e construtivista do conhecimento e do pensamento. Para Piaget, inteligência é adaptação e sua função é estruturar o universo. As estruturas da inteligência sofrem mudanças através da adaptação à situaçõesnovas. “ O desenvolvimento da inteligência e a aprendizagem são processos ativos, pois tem como fonte a ação da própria pessoa e dependem de sua interação com o meio. x A psicogênese infantil é concebida como um desenvolvimento em que todas as crianças passam por três estádios, por sua vez subdivididos em sub-etapas que, começando a partir de esquemas perceptivos-motores, evoluem até chegar às estruturas complexas de raciocínio do tipo hipotético-dedutivo. x O desenvolvimento infantil segue princípios básicos que devem ser conhecidos pelos educadores que planejarão e realizarão atividades : - o desenvolvimento segue uma direção cefalocaudal, ou seja, as primeiras aquisições iniciam-se na região da cabeça em direção aos pés. - Também segue uma direção próximo-distal, da região central para as extremidades. No desenvolvimento motor, as primeiras aquisições envolvem a região do tronco, braços, mãos e finalmente os dedos. - Provoca a aquisição, a princípio, de comportamentos mais gerais passando posteriormente a comportamentos mais específicos e diferenciados. - De comportamentos simples à operações coordenadas com o intuito de atingir uma meta. - O desenvolvimento ocorre numa seqüência de estádios. Estes são períodos nos quais a função e a ênfase de determinados comportamentos ou atitudes diferem dos outros. Seguem uma seqüência que é sempre a mesma. - Um determinado estádio é produto dos seus antecedentes e será um pequeno preparo para o próximo.” CAPÍTULO II – JOGOS E RECURSOS DIDÁTICOS 2.1 – O JOGO NA EDUCAÇÃO Os jogos, como fenômeno histórico, estão diretamente relacionados com fatores socioculturais. O caráter educacional dos jogos é muito importante nas aulas de Educação Física, pois é por meio deles que há o desenvolvimento de qualidades físicas e morais, associadas ao valor biológico e pedagógico, além de contribuir para uma juventude culta, vigorosa e saudável (BRACHT, 1992). Para a prática pedagógica da Educação Física na escola, a realização dos jogos nas aulas, favorecem no aprimoramento da capacidade física dos alunos e ainda possibilita trabalhar a disciplina, a honestidade e a cooperação. O jogo tem a característica de ser livre, jamais deve ser imposto pela necessidade física ou obrigação, exceto quando for constituído por função cultural reconhecida. O jogo promove a reflexão do valor ético do indivíduo, uma de suas características é o limite de tempo e espaço, que coloca à prova a lealdade de cada um. Para a criança, diante da função do jogo, estabelecer conceitos de ganho e perda é muito importante na formação da sua personalidade. O jogo deve surgir como momento de lazer, podem ser populares e esportivos, mas não deve deixar de ser compreendido como contribuição cultural (TAVARES, 2005). Ainda para Tavares (2005), o jogo deve ser compreendido, entendido, refletido e reconstruído enquanto conhecimento que constitui o acervo cultural da humanidade. A Educação Física como disciplina curricular, deve organizar e estruturar a ação pedagógica do jogo. A bola é um excelente instrumento de trabalho que auxilia no desenvolvimento das valências motoras, e conseqüentemente, das habilidades físicas, por exemplo: corridas, equilíbrio, lançamentos, saltos etc. Ela proporciona um aumento qualitativo das habilidades motoras pode ser estimulado através de: apanhar a bola em diferentes planos de altura e lançá-la (em movimento ou não) contra diferentes alvos. Assim vai requerer também do aluno o desenvolvimento de habilidades técnicas (ALMEIDA, 2006). A criança quando joga, desenvolve as suas capacidades de imaginação, a linguagem, comportamentos sociais e destrezas perceptivas motoras. É através do jogo que a criança explora, controla e influencia no seu envolvimento físico e social (RODRIGUES, 2004). Por meio do jogo, a criança tem uma maior libertação motora e social. Ela treina, elabora e aperfeiçoa as destrezas necessárias para sobreviver entre os outros adultos. Através do jogo a criança desenvolve o seu autocontrole e relações interpessoais ( RODRIGUES, 2004).. O jogo é prático e prática, é exercício e enriquece a existência do ser humano ( RODRIGUES, 2004). Os jogos podem ser mais flexíveis em relação às regulamentações, que são adaptadas em função das condições de espaço, clima e material disponível, número de participantes e outros. Podem ser de caráter competitivo, cooperativo ou recreativo em situações comemorativas de confraternização ou ainda como passatempo para propor uma diversão entre os participantes. Incluem-se entre os jogos: as brincadeiras, jogos de salão, de mesa, de tabuleiro, de rua e as brincadeiras infantis de modo geral ( PCN, 1997). O desenvolvimento da criança através do jogo tem como elemento vital o meio, visto que as atitudes e destrezas necessárias para jogar são adquiridas e aperfeiçoadas com os outros, sejam adultos ou crianças. Ainda através desse contexto é que acontece também a aquisição das competências sociais (CISLAGHI, 2002; NETO, 2002). De acordo com Ramos, existem algumas atividades propostas que são baseadas em alguns princípios, como por exemplo os Jogos de Representação, os Jogos Cooperativos, as Atividades Artísticas e Recreativas e os Estudos do Meio: A) Jogos de Representação São jogos que tem três características fundamentais que as tornam importantes quando se quer obter uma estratégia de ensino coerente aliada a teoria das competências: a ludicidade, a possibilidade de se desenvolver conteúdos e desenvolvimento de aspectos positivos. Nos Jogos de Representação, os participantes interpretam personagens inseridos em um mundo fictício (os Jogos de Representação possuem infinitas possibilidades de cenários para serem manifestados: desde a era Pré-Histórica até uma era futurista, incluindo cenários de ficção científica, baseados em obras literárias ou em filmes). Esse jogo é de caráter lúdico muito grande, e pode ter seu cenário e/ou andamento construído de modo a desenvolver algum conteúdo ou conceito que se queira trabalhar com os alunos. Isso o torna uma atividade ao mesmo tempo lúdica e apropriada como estratégia de ensino. Além disso, os aspectos comportamental e atitudinal são trabalhados também, pois os participantes percebem que são importantes para o grupo, melhorando sua auto-estima, e revelando a importância que todos devem ter, uns para com os outros,proporcionado assim um aumento na inclusão e no respeito ao outro. B) Jogos Cooperativos Determinados jogos podem promover, junto com a motivação e a aquisição de conteúdo, algumas atitudes não desejadas pelos professores, como a competitividade excessiva. Brotto afirma em seu livro “Jogos Cooperativos” que “Se o importante é competir, o fundamental é cooperar” e, com isso, propõe um novo modelo para os jogos. Nesse novo enfoque, a vitória pode (e deve) ser alcançada quando um jogador ajuda o outro a vencer, para que ambos possam vencer juntos, isto é, o objetivo deste tipo de jogo é promover a união e a interação de todos os participantes, contribuindo para uma melhor comunicação entre os envolvidos na atividade. Nos jogos tradicionais, o enfoque é competitivo, ou seja, para haver vitorioso alguém deve ser derrotado. Conclui-se, então, que a busca pela vitória leva, automaticamente, à procura pela derrota do outro. Os professores necessitam de estratégias motivantes, e que agreguem aprendizagem de conteúdo ao desenvolvimento de aspectos comportamentais positivos, de acordo com o PlanejamentoEscolar. Os jogos são atividades que geram motivação intrínseca. Jogos comuns que desenvolvam o conteúdo são encontrados facilmente em diversos livros, manuais e outras mídias. Porém, ainda falta a alguns desses jogos alguns componentes comportamentais, como a socialização, a expressão e, principalmente, a cooperação. É preciso, portanto, que se tenha um Jogo Cooperativo e que possa proporcionar a construção do conhecimento que o professor pretende desenvolver. As atividades educacionais estão aliadas com as competências, habilidades, capacidades e inteligências que a sociedade atual pede como condição. C) Atividades Artísticas e Recreativas Para essas atividades temos como exemplo as oficinas de reciclagem, atividades de expressão corporal, gincanas cooperativas e outras, sempre com um objetivo educacional de conteúdo, competências, habilidades ou inteligências por trás da atividade, nunca o “jogo pelo jogo”. D) Estudos do Meio Os jogos de Estudo do Meio são realizados em uma imensa área verde, e têm aspectos cooperativos protagonizando a atividade, ao lado do aspecto lúdico de “aventura” (Prado qualifica esse aspecto como “Vertigem” (PRADO-1990)), e dos conteúdos ligados ao Meio Ambiente e Ciências Exatas e suas tecnologias. � � 2.2 – MATERIAL E RECURSOS DIDÁTICOS Recursos didáticos são todos os recursos físicos, utilizados com maior ou menor freqüência em todas as disciplinas, áreas de estudo ou atividades, sem especificar as técnicas ou métodos aplicados, visando auxiliar o educando a realizar sua aprendizagem mais eficientemente, constituindo-se num meio para facilitar, incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem. De um modo genérico, os recursos didáticos podem ser classificados como: x Naturais: elementos de existência real na natureza, como água, pedra, animais. x Pedagógicos: quadro, flanelógrafo, cartaz, gravura, álbum seriado, slide, maqueta. x Tecnológicos: rádio, toca-discos, gravador, televisão, vídeo cassete, computador, ensino programado, laboratório de línguas. x Culturais: biblioteca pública, museu, exposições. O sucesso da utilização dos recursos didáticos está condicionado aos seguintes fatores: x capacidade do aluno; x experiência do educando; x técnicas de emprego; x oportunidade de ser apresentado; x uso limitado, para não resultar em desinteresse; x Seleção, adaptação e confecção. Assim, o recurso didático é todo tipo de material que o professor pode utilizar para preparar ou melhorar sua aula. São inúmeras as dificuldades encontradas para um bom desempenho das atividades físicas e pedagógicas na área escolar, porém, alternativas podem ser criadas e experimentadas. Métodos de ensino não tradicionais podem minimizar a falta de materiais em muitas escolas. Brinquedos confeccionados por professores e alunos com materiais de baixo custo, através de atividades lúdicas e recreativas, é uma alternativa para dar continuidade e uma reciclagem nos métodos educacionais, além de exercitar as operações intelectuais dos alunos (RODRIGUES, 2004). Considerando que a educação para o lazer é um processo de aprendizado contínuo, a finalidade básica da educação é o desenvolvimento de valores nas pessoas promovendo satisfação pessoal e autoconfiança. O aprendizado lúdico ainda estimula a criatividade e o interesse pelo conhecimento cultural, se aplicado com responsabilidade e pedagogia educacional. Os materiais utilizados podem ser confeccionados com materiais reciclados ou sucatas, a falta de recurso financeiro não é empecilho para a progressão da educação (CARTA INTERNACIONAL DA EDUCAÇÃO PARA O LAZER, 1993). Uma proposta de ensino diferente, lúdico e prático é o teatro. O teatro na escola tem uma importância fundamental nas aulas de Educação Física. Ele permite ao aluno criar, socializar com os outros colegas, ajuda na coordenação, memorização, vocabulário e outros. Através do teatro, que pode ter todo o cenário montado por sucatas, as atividades físicas podem ser adaptadas para a encenação da peça, que pode ser montada pelos próprios alunos ou encenar uma história infantil já escrita (SOUZA, 2006). As habilidades individuais precisam ser percebidas e respeitadas. Costumes, hábitos regionais, folclore, valores de um povo, personagens históricos, tudo isso demonstram uma realidade cultural construída pelas diferenças. Esses conhecimentos devem ser incentivados pelos professores, por meio de pesquisas, danças folclóricas, hábitos regionais, comidas típicas, confecção de brinquedos utilizados antigamente, por exemplo: pé de lata, bola de maia, vai e vem, taco e outros (FERREIRA, 2003). Como exemplos de atividades que podem ser feitas com custo barato pode ser o teatro de máscaras (que podem ser confeccionadas pelos próprios alunos com papel ofício, folhas de jornal ou revistas), o teatro de sombras é outra opção, é uma atividade muito divertida que estimula a imaginação das crianças e para sua realização é necessária uma fonte luminosa (que pode ser lâmpadas fixadas em latas de óleo, para possibilitar a concentração da luz), um lençol (bem esticado) e silhuetas para serem projetadas (SOUZA, 2006). Teatro de fantoches de varas (que podem ser confeccionadas com bolinhas de isopor, de papel, de colher de pau, palito de picolé, palitos de churrasco, copos plásticos e/ou garfos vestidos com roupas de pano), pantomima (explicação da ação através de gestos com encenação dramática) e com bonecos, são opções de recursos que podem e devem ser explorados pelo professor, afim de enriquecer seu planejamento de aula (SOUZA,2006). O professor tem a importância de planejar, de forma adequada, as atividades. O material utilizado é de custo e sucata para confeccionar desde bonecos e roupas a cenário. A formação de conceitos depende do íntimo contato da criança com as coisas do mundo (SOUZA, 2006). A diversidade cultural que caracteriza o país tem na dança, uma das expressões mais significativas, que possa constituir um amplo leque de possibilidades de aprendizagem. As danças e brincadeiras cantadas estimulam a cultura corporal através da comunicação por gestos e estímulos sonoros (PCN, 1997). O processo de ensino e aprendizagem é dinâmico e, quando se deseja um aproveitamento máximo deste processo, é preciso disponibilizar os recursos didáticos considerando as peculiaridades de quem vai utilizá-los. Para atender de forma individualizada os participantes, é necessário o desenvolvimento de um trabalho multidisciplinar e, de acordo com o tema da aula, interdisciplinar, também, que contemple tanto o domínio específico do conteúdo, quanto o psicopedagógico (SOUZA,2001). Os jogos pedagógicos ou jogos didáticos, não tem, algumas vezes, atrativo especial para os alunos. O papel do professor ou do orientador é fazer a interferência no momento certo para que o objetivo educacional seja alcançado (DANTAS,2006). Os educadores garantem que o lúdico é fundamental no processo de aprendizagem. No esporte, a pessoa lida com o espaço, organização, tempo de ação e reação, tudo isso trás benefícios pedagógicos para o aluno, além de desenvolver fatores cognitivos na formação de personalidades de meninos e meninas (DANTAS, 2006). A prática da Educação Física, segundo Silveira, é uma disciplina que tem a possibilidade de ser introduzida em espaços que permite dar início a mudanças significativas na maneira de se implementar o processo de ensino / aprendizagem, levando em consideração a variedade de situações em que os dados do cotidiano, associados à cultura de movimentos, podem ser utilizados como objetospara reflexão. As atividades corporais e artísticas são auxiliadoras, segundo Silveira, no desenvolvimento do potencial da aprendizagem humana e não devem ser menosprezadas e nem consideradas inferiores a outras formas de processo ensino / aprendizagem. O corpo humano é a expressão biológica do homem, mas a expressão que ele é capaz de transmitir é a expressão da mente e dos sentimentos humanos. A Educação Física é uma grande fonte de estudos didático-pedagógicos inovadores (SILVEIRA). A seleção e o uso de materiais didáticos são geralmente tratados como questões sem muito valor, no entanto, constitui assunto de fundamental importância, sobretudo quando se compara o tradicionalmente praticado nas escolas ao desejável e necessário desde a perspectiva do que hoje se coloca como desafio para a educação em geral (CAMPOS, 2001). “A recente proposta de Diretrizes para a Formação de Professores da Educação Básica em cursos de nível superior afirma como competências do professor, no âmbito do conhecimento pedagógico: "criar, planejar, realizar, gerir, avaliar situações didáticas eficazes para a aprendizagem e desenvolvimento dos alunos"; " manejar diferentes estratégias de comunicação dos conteúdos, sabendo eleger as mais adequadas, considerando a diversidade dos alunos, os objetivos das atividades propostas e as características dos próprios conteúdos"; "analisar, produzir e utilizar materiais e recursos para utilização didática, diversificando as possíveis atividades e potencializando seu uso em diferentes situações" (CAMPOS,2001). Campos (2001) ainda afirma que é de responsabilidade do professor questionar sobre que tipos de materiais podem contribuir para a reflexão sobre o assunto a ser desenvolvido. Levando sempre em consideração a diversidade de linguagens, de abordagens e de pontos de vista. É de responsabilidade do profissional ministrante, decidir com que objetivo serão usados: atividades que promovam experiências se mostram mais envolventes, produtivas e eficazes se usadas para verificar e testar hipóteses sobre os problemas levantados não só pelo professor, mas também pelo aluno (CAMPOS, 2001). 2.3 – O BRINQUEDO COMO UM INSTRUMENTO DE TRABALHO� A definição de brinquedo não é algo simples de identificar. A compreensão desse importante instrumento é que a criança utiliza para brincar, pode ser entendida como um meio que a criança encontra de fugir da realidade, ou se aproximar dela de forma que não corra riscos. Pode ser compreendido também como um objeto lúdico, não-sério... Muitos autores tentaram e tentam até hoje definir este simples instrumento utilizado pela criança (adultos também), e as conclusões são as mais variadas possíveis (Scaglia,2004). No entanto, quando unimos todos eles em uma só palavra, descobrimos o tão complexo objeto que temos. Se para os adultos é algo tão complicado, nas mãos de uma criança ele se transforma em um baú de mistério e fantasia. Para Scaglia (2004), o brinquedo seria uma forma mais concreta de representação da imaginação, já que o seu valor está justamente no significado que é atribuído a ele, muito mais do que na sua forma, apenas, de objeto. Para Barthes (1999), o brinquedo é antes de tudo, um objeto que precisa e deve de ser explorado, manipulado com total liberdade, sem estar à serviço de regras ou princípios de utilização; e dentro dos diversos contextos sociais a que ele esteja inserido, são as crianças as especialistas de brinquedos. Para a criança, o brinquedo é objeto de fantasia, de se aproximar da realidade, é objeto de construção de um mundo imaginário constante e um meio de estar mais próximo do seu futuro e de suas necessidades irrealizáveis, pelo menos por aquele momento (BARTHES,1999). De acordo com Vygotsky (2000), o brinquedo passar a existir através de situações de desejos irrealizáveis que a criança possui naquele determinado momento. Quando uma criança sente a necessidade de possuir ou vivenciar alguma coisa, ser alguém que ela acredita ser especial e isso não é possível, ela utiliza-se do brinquedo para suprir essa necessidade impossível. Pode ser concluído que o brinquedo é um instrumento de representação para a criança, e que esta representação têm de ser de forma acessível e livre, para que a criança possa explorá-la de acordo com suas vontades, seus anseios e desejos (Vygotsky, 2000). Campos (2001) afirma que é manifesto que o modo tradicional que vem sendo utilizado como material didático não contribui para formar um aluno capaz de interagir com o meio social atual. Formar alunos competentes para sobreviver no mundo contemporâneo exige uma nova postura do professor. E exige que ele desenvolva as competências da maneira que possa contribuir da melhor forma possível para o desenvolvimento do processo de aprendizagem da criança (CAMPOS, 2001). É certo que tais competências têm em vista que o aluno saiba comparar, criticar, argumentar, estabelecer todo tipo de relações, seja uma pessoa apta a continuar aprendendo, a escolher e sustentar escolhas, exercendo o seu papel de cidadão consciente e seguro (CAMPOS, 2001). A escassez de abordagens acadêmica sobre atividades corporais e artísticas é constatada facilmente, já que existe uma forte carência nas grades curriculares de graduação na área pedagógica relacionado a esse tipo de tema. O professor é único responsável pelo período de educação física no primeiro período escolar, sendo assim, é primordial que ele tenha a consciência da importância do seu papel para o aprendizado das crianças (CAMARGO, 2007). O brinquedo tem um importante aspecto funcional: a construção, a industrialização ou a representação.Todos estes pontos estão relacionados, e a imagem assume uma posição central. (CAMARGO, 2007). CONSIDERAÇÕES FINAIS Este capítulo objetiva-se a responder as questões de estudo abordadas nesta monografia, que foi enfatizar como a educação pode ser promovida através das brincadeiras e dos jogos e que, realizados por meio da ludicidade, podem ser instrumentos pedagógicos para complementar o aprendizado dos alunos, contribuindo no desenvolvimento infantil em todos os domínios. A descoberta do próprio corpo é fundamental para o desenvolvimento do equilíbrio, coordenação e, além disso, leva a uma boa aquisição na aprendizagem da leitura e da escrita. É importante salientar que os jogos têm o objetivo de promover prazer e a descontração, o professor deve manter a motivação da turma e o seu interesse por atividades, transmitindo, ludicamente, o gosto de aprender.O profissional de Educação Física deve estar sempre atento as condições físicas e psicológicas de cada participante. As crianças, em sua maioria, sentem o desejo de brincar, de participar das mais diversas atividades, mas em alguns casos, por motivos particulares, podem sofrer interferências de fatores externos que possivelmente poderão atrapalhar no desenvolvimento da atividade e, por conseqüência, no processo de ensino aprendizagem. A descoberta do próprio corpo é fundamental para o desenvolvimento do equilíbrio, coordenação e, além disso, leva a uma boa aquisição na aprendizagem da leitura e da escrita. É importante salientar que os jogos têm o objetivo de promover prazer e a descontração, o professor deve manter a motivação da turma e o seu interesse por atividades, transmitindo, ludicamente, o gosto de aprender. É de extrema importância que o profissional que atua na área pedagógica, tenha prazer em lecionar e seja sensívelo suficiente para perceber os pontos que devem ser aprimorados para oferecer um melhor rendimento para os aprendizes. Os instrumentos de trabalho do profissional de Educação Física podem ser os mais variados e criativos possíveis, é necessário, tão somente, que o profissional encontre a melhor forma de ministrar aulas com ludicidade e seriedade. Assim, as crianças, ou melhor, os participantes podem ter seu desenvolvimento aprimorado no que diz respeito a percepção corporal, movimento, imaginação e criatividade expressiva, facilitando e muito no processo de desenvolvimento intelectual. A faixa etária das crianças é outro ponto que deve ser levado em consideração. É de responsabilidade do profissional de Educação Físicas, ter a responsabilidade de selecionar atividades que condigam com o limite físico e mental de cada um. É importante frisar que, ao contrário do que alguns talvez possam supor, o problema não reside no livro didático. As atividades físicas contribuem muito para o desenvolvimento intelectual, ainda mais se forem inseridas com ludicidade e recebidas com prazer, pelos participantes. Música,dança, utilização de bolas, de cores e tamanhos variados, materiais de sucata, objetos não convencionais, expressões corporais das mais diversas possíveis, entre outras, são fatores que além de proporcionar prazer a uma atividade que muitas vezes pode ser desagradável de ser realizada, ela estimula também no praticante a vontade de continuar e exercer atividades físicas. Este estudo buscou enfatizar como a educação pode ser promovida através das brincadeiras e dos jogos e que, realizados por meio da ludicidade, podem ser instrumentos pedagógicos para complementar o aprendizado dos alunos, contribuindo no desenvolvimento infantil em todos os domínios. Recomenda-se a elaborar novos estudos que possam dar continuidade a este, afim de que mais profissionais possam ampliar e/ou, quem sabe, modificar certos conceitos ainda presentes no sistema educacional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Luiz Tadeu Paes de. Iniciação Desportiva na Escola – A aprendizagem dos esportes coletivos. Disponível em http://www.uff.br/gef/tadeu_esp.htm. Acesso em 11/03/2006 - 11:24h Carta Internacional da Educação para o Lazer (World Leisure and Recreation Association–WLRA). Jerusalém - Israel, 1993. Disponível em:http:// www..saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=1 95. 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