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6a A SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL

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CURSO DE DIREITO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Prof. Marcílio Florêncio Mota
profmarciliomota@hotmail.com
Tema da aula: A SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL
1. DEFINIÇÃO
A substituição processual é uma modalidade de legitimação extraordinária para a causa, ou seja, a lei concede a alguém ou a alguma instituição a faculdade de exercer a ação em nome próprio na defesa de direito de outrem – art. 6º do CPC. A substituição processual é, assim, a possibilidade de quem não está ordinariamente legitimado apresentar a postulação ao Poder Judiciário em nome próprio no interesse de outrem.
Podemos definir a substituição processual como a outorga por lei de legitimidade a quem não a detenha para postular em seu próprio nome direito que pertenceria a outrem. Na substituição processual a parte é o substituto, ou seja, aquele que recebeu a legitimidade para pedir em nome próprio direito de outro. 
A substituição processual não se confunde com a representação. A representação é instituto para a sanação da falta de capacidade de agir ou de estar em juízo. 
Os casos de substituição no direito processual comum passaram a ter relevância a partir da ação popular, da ação civil pública e mais decididamente a partir do Código de Defesa do Consumidor, quando tivemos um crescimento exponencial desse tipo de ação.
2. HIPÓTESES DE SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL NO PROCESSO DO TRABALHO
2.1. Na legislação ordinária
A CLT prevê a substituição processual em dois dispositivos: para o pedido de adicional de insalubridade ou de periculosidade - § 2º do art. 195; e para a ação de cumprimento – Parágrafo único do art. 872.
Art . 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977)
§ 1º - É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a realização de perícia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977)
§ 2º - Argüida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977).
Art. 872 - Celebrado o acordo, ou transitada em julgado a decisão, seguir-se-á o seu cumprimento, sob as penas estabelecidas neste Título.
Parágrafo único - Quando os empregadores deixarem de satisfazer o pagamento de salários, na conformidade da decisão proferida, poderão os empregados ou seus sindicatos, independentes de outorga de poderes de seus associados, juntando certidão de tal decisão, apresentar reclamação à Junta ou Juízo competente, observado o processo previsto no Capítulo II deste Título, sendo vedado, porém, questionar sobre a matéria de fato e de direito já apreciada na decisão. (Redação dada pela Lei nº 2.275, de 30.7.1954).
	Como se vê, a substituição processual na legislação infraconstitucional é restrita quanto às matérias (periculosidade, insalubridade e diferença salarial) e quanto ao número de alcançados por ela, que é restrita aos associados (parte dos integrantes) da categoria.
2.2. Na Constituição
No que respeita à substituição processual por sindicatos destacamos que ela é prevista no inciso III do art. 8º da Constituição da República. O Tribunal Superior do Trabalho adotou, inicialmente, uma postura conservadora que negava a substituição processual na Constituição, inclusive editando a Súmula 310, que vigorou por mais de dez anos e que causou enorme prejuízo ao exercício e ao desenvolvimento do instituto na seara do processo do trabalho. 
Depois de muito embate, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a Constituição previa a substituição processual e o TST teve de cancelar a súmula 310. A interpretação que vigora no STF é a de que é ampla a substituição processual preconizada na Constituição. No TST, a substituição processual é admitida, exceto para os direitos individuais homogêneos, o que corresponde a uma interpretação equivocada e limitadora das decisões do STF. 
3. VANTAGENS DA SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL PARA OS TRABALHADORES E PARA O PROCESSO
Na seara do processo do trabalho a substituição processual pode ser instrumento relevante para a afirmação dos direitos dos trabalhadores. As principais vantagens que o instituto apresenta são: 
a) A despessoalização do conflito
Muitos trabalhadores deixam de postular em juízo seus direitos porque temem perder o emprego. A Justiça do Trabalho é, na verdade, uma Justiça dos desempregados. Os trabalhadores só buscam a efetividade da regra trabalhista depois que terminada a relação de direito material. A postulação por meio do sindicato, como substituto processual, quebra a pessoalidade que faz o trabalhador temer a perda do emprego.
b) A concentração de várias demandas num único processo 
A substituição processual tem a vantagem também da concentração de várias demandas num único processo, o que representa um ganho de economia e para a política judiciária. No que respeita à economia processual, observamos que num processo que envolva cem trabalhadores como substituídos haverá uma única petição inicial, uma única defesa e uma única audiência ao invés de cem processos com cada um deles exigindo a prática de atos processuais específicos. A política judiciária é favorecida pela maior possibilidade de decisões harmônicas. Um dos problemas da repetição de demandas idênticas por pessoas diferentes é a possibilidade de que elas recebam decisões que não se harmonizem, o que desprestigia o Poder Judiciário.
c) O acesso à Justiça sem ônus financeiros ou econômicos para os trabalhadores 
O acesso à Justiça sem ônus financeiro também é relevante na substituição processual. Muitos trabalhadores deixam de postular direitos pelo custo imediato que essa postulação representa, em especial com transporte e cópias de documentos. O sindicato dispõe da condição econômica para suportar esses gastos.
d) A possibilidade de o trabalhador ser favorecido por uma advocacia mais bem qualificada
A prática nos revela que os melhores advogados estão, quase sempre, nas empresas ou nos sindicatos. A simplicidade do processo do trabalho, por outro lado, permite que muitos advogados inexperientes e despreparados se aventurem em postulações sem que se preparem para o trabalho a que se propõem. A substituição, assim, garante que a advocacia do direito do trabalhador será por um advogado experiente e mais qualificado. 
e) O incentivo ao associativismo
Os sindicatos sofrem um evidente déficit de legitimidade. Os associados aos sindicatos são, via de regra, em número bem inferior ao possível. Os sindicatos só conseguem juntar trabalhadores nas festas de 1º de maio, desde que prometam shows e sorteios de brindes. 
A falta de legitimidade, por sua vez, é decorrência, também, do trabalhador não identificar no sindicato uma instância de reivindicação de seus direitos. Assim, atuando na defesa dos direitos dos integrantes da categoria através da substituição processual é possível que o sindicato conquiste associados, o que tem relevância social pela reconhecida importância dos sindicatos no mundo do trabalho.
4. A LITISPENDÊNCIA E A COISA JULGADA NA SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL
	Os fenômenos da litispendência e da coisa julgada não têm o mesmo tratamento nas ações coletivas como recebe no processo individual. O Código de Processo Civil, de caráter individualista e historicamente proposto num momento de pouco desenvolvimento do processo coletivo, não faz qualquer referência à coisa julgada nessas ações.
Entre nós, o Código de Defesa do Consumidor foi o diploma que instaurou a disciplinaem torno da litispendência e da coisa julgada em ações coletivas e pode ser aplicado subsidiariamente nessa questão por força da regra do art. 769 da CLT. Assim, encontramos nos arts. 81, 104 e 105 do Código de Defesa do Consumidor a disciplina em vigor em torno da litispendência e da coisa julgada em matéria de ação coletiva.
	A ação em substituição não obsta a ação individual e não há entre elas litispendência. A coexistência das duas ações, do substituto e do substituído, gera tão-somente que o trabalhador substituído não se beneficiará da decisão que vier a ser proferida na ação do sindicato, tudo conforme o art. 104 do Código de Defesa do Consumidor.
	É de se destacar, no entanto, que o substituído pode pedir a suspensão de sua ação até o julgamento da ação do sindicato, conforme a previsão do art. 104.
	No caso da ação coletiva promovida em vista de interesses ou direitos difusos a coisa julgada é erga omnes (obriga a todas as pessoas), desde que o pedido não tenha sido julgado improcedente por insuficiência de prova. Nesse último caso, qualquer legitimado pode intentar de novo a ação valendo-se de nova prova – inciso I do art. 103 do CDC.
	No caso de ação em torno de interesse ou direito coletivo, a coisa julgada alcança todos os integrantes do grupo, é a chamada coisa julgada ultra partes. Nesse caso, também será possível a um legitimado a renovação do pedido se a sentença foi de improcedência por insuficiência de prova – inciso II do art. 103 do CDC.
	Por fim, quando a ação for para a defesa de interesse ou direito individual homogêneo a coisa julgada será erga omnes apenas no caso de sua procedência, o que significa que no caso de improcedência do pedido qualquer legitimado pode intentar de novo a ação – inciso III do art. 103 do CDC.
	A possibilidade de nova ação fica obstada, em todos os casos, se o legitimado tiver participado da ação do substituto com possibilidade de ampla produção de provas. Interpretamos que terá lugar, aqui, a regra do art. 53 do CPC.
5. A RELAÇÃO DOS SUBSTITUÍDOS
	Questão controvertida na doutrina e na jurisprudência é a relativa à necessidade de que os substituídos sejam arrolados na petição inicial do substituto. A Súmula 310 do c. TST que versava sobre a substituição processual e que veio a ser cancelada previa o arrolamento dos substituídos. 
	A corrente favorável ao arrolamento ressalta que a importância do rol estaria na prévia identificação dos substituídos, o que seria fundamental em alguns casos para a defesa do réu/reclamado. Os que são contra ao arrolamento apontam que ele seria contra uma das vantagens da substituição que é a despessoalização do conflito, já que a identificação deixaria o trabalhador vulnerável a uma investida patronal. 
	Entendemos que o arrolamento é necessário, de fato, quando a defesa do reclamado estiver dependente de uma prévia identificação do substituído, ou seja, que verse sobre questões de fato. A substituição processual versando apenas sobre matéria de direito não acarreta a necessidade de prévia identificação dos substituídos. 
Prof. MARCÍLIO FLORÊNCIO MOTA

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