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Características da Alta Idade Media 1. baixa erudição do Direito: um Direito não letrado 2. Pluralismo de ordens normativas: ao contrario de um Estado Moderno de Direito, há diversidades de fontes de elaboração normativa, produtoras do Direito. É permitido que uma norma não venha do Estado. Mas todos devem estar em conformidade com o Ordenamento Jurídico Constitucional, sob o controle do Estado. Ou seja, há um pluralismo, mas dentro de uma unidade mantida pela supracitada Constituição. Na Alta Idade Média, havia um pluralismo de fontes produtoras de normas, só que sem um elemento unificador. Num mesmo território havia fontes produtoras de normas válidas, mas sem um critério e unidade desta pluralidade. Por isso, na Idade media há um pluralismo de Ordenamentos normativos. Cada instituição produtora de normas irá constituir um ordenamento jurídico. 3. haverá uma recuperação da confusão (juntar, fundir com) entre ordens jurídicas, costumeiras e religiosas: já existia essa estrutura, pois já era tradição, já havia ocorrido anteriormente, como no período arcaico romano. A diferença, é que já há o Direito e, com uma super revalorização da tradição religiosa e costumeira, há uma fusão entre o Direito, a religião e os costumes. A igreja romana irá desconsiderar o Digesto, as novelas e institutas de Justiniano. Ela não partiu do Direito Romano organizado e introduziu normas religiosas. Ela abandonou o Direito e utilizou a Bíblia. Irá aproveitar a burocracia, forma de organização social, das instituições, mas desconsiderando a questão jurídica, as normas, as doutrinas, a estrutura formal do Período pós clássico. 4. Não se pode falar do princípio da Territorialidade: na configuração dos vínculos normativos se falará do princípio da pessoalidade, cultural, ou seja, da origem social e não do território no qual se está. Às vezes no mesmo território, pelo simples fato de uma pessoa ser judia e a outra cristã, a norma aplicável era uma e outra. Não há soberania, e a imputação da norma se dá pela pessoalidade mais que do território. Isso explica e ajuda a entender este pluralismo normativo da Alta Idade Media. E quais são as estruturas presentes neste pluralismo normativo 1. Direito Costumeiro Local de origem românicas ou germânicas: com a queda do império, e o fim de toda a estrutura romana, as pessoas em seus locais voltam a utilizar seus costumes para organizar a vida. Nas regiões mediterrâneas há os costumes bárbaros, por exemplo. Esses costumes já estão sob a influencia romana, e serão esses a normatizar o cotidiano. São os costumes românicos. Nas regiões do Norte da Europa, a influência romana foi menor, e os seus costumes são mais autóctones em relação as antigas civilizações. Esses serão os chamados germânicos. Quanto aos costumes românicos, alguns historiadores chegam a denominá- los como Direito Romano Vulgar, isso por serem costumes muito próximo ao Direito Romano neste período. No território que hoje chamamos de Espanha, entre os visigodos, por exemplo, um dos reis mandou publicar os costumes do povo visogodo. Ao mandar fazer isso, denomina o documento de Código Romano Visigótigo. Para ele, os costumes representavam um certo legado e os identificou com a forma Romana. 2. Igreja Cristã Medieval: é uma ordem normativa a da Igreja Cristã Medieval. É uma estrutura que começa a existir ainda quando Roma está funcionando. Mas quando Roma cai, deixa-se de aplicar o Direito Romano e passa-se a utilizar a Bíblia. 3. Direito Feudal: do ponto de vista jurídico é impossível identificar direito Feudal com Direito Medieval. Também é tem algumas características jurídicas, mas tem como fundamento um pacto. Só que este pacto do Direito Feudal não há relação signalaguimática. Há confusão de elementos de ordem jurídica com outros elementos de organização social. 4. Direito Produzido pelos Reinos Medievais Não Soberanos: são necessariamente não soberanos. Aquele que está numa posição hierárquica acima nas relações sociais, que produz Leis para alem do pacto. Pessoas que se consideravam herdeiros dos impérios romanos. Faziam Leis para que valessem no território sobre o qual reinava. Mas, essas Leis não eram soberanas, pois tinham que se relacionar com as Leis: da Igreja, dos pactos e costumes locais, de forma que suas Leis nem sempre tinha hierarquia sobre as outras normas advindas de outras fontes. É certo que as normas religiosas poderiam se sobressair sobre as outras, já que a Igreja estava em locais distintos e distantes, e conseguia manter uma uniformidade de suas normatividades. Ou seja, a diferença pra que as normas da ICR pudesse ter maior destaque é que o Direito da Igreja é homogêneo e os outros direitos são heterogêneos. O direito da Igreja Católica também era o que conseguia manter resquício de uma ordenação normativa letrada. Mas só a partir de 1100 se poderá ter o Direito Eclesiástico como erudição das normas aplicadas aos fieis e aos membros da Igreja. Quanto mais perto do fim do império romano, mais próximas da estrutura do Ordenamento jurídico de Roma na Igreja, bem como de costumes românicos. Quanto mais distante, menor a semelhança. Há uma progressiva diminuição das características romanas para todos os tipos de fontes normativas que irão adquirir suas próprias características. Somente na Baixa Idade Media quando se começa a recepcionar o Direito Romano é que há uma recuperação da Erudição jurídica. Isso não significará fazer Direito como os Romanos fizeram. Mas, com base no estudo do Direito Romano, ser fará um Direito numa forma totalmente nova. É o Direito Romanístico. (1100-1500 d.c.). 2. Baixa Idade Media: a estrutura descentralizada de poder começa a se centralizar e a produzir o surgimento de Estados. Pequenos Estados italianos, na Espanha, na França, que começam a se impor como soberanos num determinado território. Quando isso ocorre esse poder soberano normalmente aparecem pessoas retirando o poder de governos locais, tradicionais, trazendo-o para si. Em alguns casos, retirando algum poder da própria igreja e concentrando na estrutura soberana. Na Itália ocorre até mesmo guerra entre cidades de governo papal e de governo civil. Ainda que se declarem, alguns, católicos. A Espanha é um bom exemplo disto. Permite-se, portanto, a Igreja se manter, mas, sem poder de definir o que é Lei. Quem passaria a definir o que é Lei era o Rei, inclusive possibilitando que se criasse leis nacionais contra normas da igreja católica. Para isso, era preciso criar uma ordem jurídica mais organizada, já que a estrutura da Alta Idade Media com diversidade de fontes não era adequada. Há assuntos que, por mais que o poder dos homens venha de Deus, são seculares, então a Igreja não deveria intervir. O poder do Estado não pode ser submisso à fé (Dante Galigueri). Já se iniciava a separação entre Estado e Religião, ainda num discurso teísta. Isso denota uma tensão fortíssima entre igreja e o poder secular que estava sendo constituindo. O poder do Estado é sobre um território, ou seja, agora não mais pela identificação cultural, mas o estar num território e assim ser sujeito às suas normas. Para constituir essa nova ordem, há investimento em universidades, na intelectualidade. Nascem as primeiras universidades na cidades italianas, e ao nascerem, busca-se uma base erudita, técnica, e assim uma organização jurídica para estes Estados.Como a tensão é com a Igreja, então a memória mais recente é a obra do Digesto de Justiniano. Quando começam a estudar, a primeira dificuldade é o fato de que os documentos era de difícil compreensão devido ao lapso temporal de 800 anos que promoveu mudanças estruturais e de significado da própria língua latina. Começaram a aplicar algumas técnicas do Digesto à uma realidade pré-moderna. As gerações que começaram a estudar essas obras de Justiniano ficaram conhecidas como a Escola dos Glosadores. Escola dos Glosadores: Roma era a sociedade mais avançada das três das quais acreditavam ser herdeiros (Judaica, Helênica e Romana), e o Digesto uma obra perfeita, uma expressão da racionalidade de um povo que durou 1200 anos, que havia dominado o mundo. Eles dedicaram-se durante décadas para entender como aplicar os textos romanos na sociedade, já que precisaram reconstruir os sentidos destes códigos, traduzindo para uma linguagem entendível para a sua época. Fizeram isso durante décadas dentro dos muros das universidades. Faziam gloses: observações rápidas que ajudam a entender, esclarecer o sentido do texto. Comentadores (1250-1440) começaram a construir comentários, uma literatura, livros de comentários do Direito. Os grandes juristas do Período sempre escreviam sua forma de pensar como os problemas de sua época deveriam ser resolvidos, remetendo ao Digesto. A preocupação, portanto, era como adaptar o Digesto à realidade do fim da Idade Média e início do Renascimento. Entretanto, na prática, ao finalizarem esses livros uma nova literatura, com novos conceitos, uma linguagem nova, inspirada no Direito Romano, surgiam, como a palavra contractus. Estes livros eram o Comentatus. Mesmo estando o Direito perfeito no Digesto, entendiam que poderiam construir comentários para o entendimento das pessoas de seu tempo. Constroem assim uma cultura jurídica romanística (estudaram o Digesto para produzir algo diferente). Ius comune (Direito Comum): é a linguagem jurídica nova para a elaboração e aplicação do Direito. Isso porque a base do Direito nos países europeus, estudado nas Universidades, era a mesma: o Digesto, numa mesma língua, o Latim, construindo assim uma base doutrinária não religiosa comum, já que a língua seria comum, o latim, e em todas as universidades européias se estudava os mesmos texto, que são as compilações justinianas. As Leis, portanto, ainda que sejam de cada pais que surge, tem como base a ius comune, do estudo do Digesto do Direito romano nas universidades européias, a partir dos textos dos comentadores com base no Digesto e nos Glosadores. Com a estrutura social constituída (exército, hierarquia de poder, corte) Estados Nacionais, nesta época, começam a produzir Legislações para os seus membros. Isso se fazia quando o Rei (por exemplo de Portugal) chamava para ser seu conselheiro pessoas que estudavam nas universidade para serem conselheiros da corte. A linguagem que tinha pra resolver as lides do dia-a-dia não era mais a do costume, mas das universidades. Esses atendiam à vontade do Rei, e iriam produzir Lei fruto da vontade do Rei. Entretanto, a forma como será organizada, e seu conteúdo, advinha do jurista. E essas eram o que aprendiam nas universidades, e lá era o onde se estudava no Digesto. O Direito produzido nesta época será chamado de Direito Românico ou Germânico. Isso porque as primeiras Leis abstratas, produzidas pelos Reinos Soberanos, eram formadas por vontade do Rei (expressando conteúdos Germânicos- conteúdo nacional) + a linguagem dos juristas (Direito Romanística – conceitos desenvolvido nas universidades, raciocínios jurídicos) para estabelecer Leis que defendessem os conteúdos nacionais. Por isso a cultura jurística européia que se formava era o Direito Romano- Germânico, já que em sua origem a Europa teve contribuição das normas costumeiras germânicas e nas universidades os estudos eram romanísticos. Formação do Direito Romano Germânico. 12/06/17 Dica: A função do Direito no Estado de Direito é que em algum momento o Direito seja o Limite da Economia, da política, da Religião, ainda que esteja influenciado por estas coisas. Se o Direito não consegue exercer essa função de limitador de atividades políticas, religiosas, da moral e econômica, o Direito não tem o menor propósito. É baseado numa linguagem acadêmica, letrada, tendo como base legislação nacional que recebe influências não propriamente letradas e não propriamente romanísticas. Conteúdos locais que são somados. Recebem a organização, a forma romanística, mas o conteúdo geralmente é nacional, definindo essas primeiras legislações dos Estados Europeus. Essas legislações muitas vezes são chamadas de Legislação do Reino, modelos legislados que terão pela primeira vez Leis para toda a nação, exercendo a função moderna onde a Lei tem primazia no sistema de fontes. A fonte legal como dotada de primazia, é uma fonte geral universal, obrigatória. Essas fontes, porém, tem um conteúdo absolutista, pois é seu contexto. E é nesse sistema absolutista, onde o Rei pode ditar sua Lei pra toda a nação, é que foi possível surgirem para todos. E são Leis que retratam desigualdades sociais, discriminação para com raças, Gêneros, e nisso na própria legislação. Quando analisado seu conteúdo, vemos, por exemplo, as Ordenações Filipinas, do Rei Filipe II, Rei de Portugal e Espanha, seu livro 4, vemos uma legislação penal com tipificações como os crimes contra a Coroa, contra o Rei, são os mais graves, depois contra a Administração da Coroa, depois os crimes contra a Religião (de heresia, contra a igreja, e contra a moralidade cristã). Depois advém os crimes contra a pessoa, assim como o homicídio e contra o patrimônio. O processo instituído era preconceituoso, reforçava a desigualdade entre os homens, como dar peso ao testemunho dos nobres e não ao “homem comum”. As penas também eram divididas entre os mouros, judeus e portugueses. Faziam diferença entre os nobres (degredado para a África) e o homem comum (degredado para o Brasil). Esse estado de coisas é o estado de coisas do Direito no Período do Absolutismo, já configurado no Sistema do Direito Romano, já sendo um direito territorializado. Esse direito espelha as características do absolutismo humano. Mas, também, já nos séculos XVI a XVIII, uma série de pensamentos irá desenvolver um modelo para a critica deste Estado de Direito. É o Racionalismo, Contratualismo, Jusnaturalismo racionalista, o Liberalismo e por fim o Iluminismo. E é nessa ordem. Do ponto de vista das praticas sociais desta época se pensa o direito como experiência, na vivência e na aplicação das normas, essa sociedade tinha um perfil absolutista, mas do ponto de vista da reflexão intelectual já apareceria, ao mesmo tempo, autores com criticas a esta visão absolutista e com modelos alternativos a este. Racionalista: serviu ao poder absolutista, mas depois se mostrou como crítica. Neste período, além do poder monárquico o outro poder era a Igreja. Há essa rivalidade entre a Igreja e o Rei, e na necessidade de autonomia do poder soberano em relação ao poder religioso, o racionalismo será a ferramenta principal de pensamento. Ao mesmo tempo, o racionalismo irá permitir uma crítica ao absolutismo. O Racionalismo, portanto, é a baseda secularização da cultura européia, pois é basicamente a separação de âmbitos da religião. Um destes âmbitos é o do conhecimento. O racionalismo irá defender que há fenômenos, campos da realidade, que o homem pode conhecer pelo seu intelecto, independente da revelação divina. Uma fundamentação do conhecimento a partir da razão do intelecto humano. Ou seja, um conhecimento que pode ocorrer independentemente da fé e da autorização da Igreja. A maioria dos racionalistas não eram ateus. Eram homens de fé, mas que sabiam separar essas coisas. Muitos destes autores, com seus discursos racionalistas, diziam que Deus dotou o homem de razão, intelecto, e uma vez feito isso, tal fato permite ao homem conhecer, identificar certas coisas independente de Deus revelar, dar a este o conhecimento de algum fato, ou mesmo alguém que tenha a revelação. Isso é a base da secularização. O racionalismo então promove uma separação entre conhecimento e fé. Contratualismo: paralelamente a isso temos o contratualismo moderno. Num primeiro momento, no âmbito da secularização, ajuda ao absolutismo na sua busca de autonomia em relação à Igreja. Ele oferece uma alternativa à legitimação do poder que não seja o religioso, até então única forma, mesmo nos Estados Soberanos. Mesmo em Roma. Esse mesmo discurso de legitimação repete-se no Período moderno. Pensemos em Napoleão. Ele governava, mas era legitimado pela religião cristã. Os objetos utilizados por Reis e Imperadores demonstram isso. A coroa era “ser iluminado por Deus”. O manto era ser nobre e capaz para governar a nação. O Cetro era símbolo de poder, autoridade, força, coerção, legitimidade para exercer a coerção, o pastor e seu cajado. O contratualismo vem, porém, como alternativa para este tipo de explicação, já que no absolutismo a escolha é divina. No contratualista é a população que transfere esse poder ao soberano, por meio de pacto que escolhe alguém para haver capacidade de criar Leis que sejam em benefício de todos. Não mais Deus, mas o povo. O súdito, portanto, deixa de ser apenas súdito, e passa a ser cidadão. Continua súdito, mas planta-se a semente de que o poder vem do individuo, que o todo é composto pelo indivíduo. Assim, se o poder vem do povo, numa lógica racionalista, o poder não pode ser contra o povo, e o poder passa a ter limites, não podendo fazer o Soberano o que quer com o povo. Jusnaturalismo: constrói a critica a partir do jusnaturalismo, mas não de origem metafísica, mas natural. O direito à vida é fundamentado racionalmente, pois, se penso logo existo e se existo ninguém pode tirar essa condição aleatoriamente, e então a vida deve ser protegida. Assim sendo, a propriedade é um direito natural, pois é necessária para minha existência. A partir disto começaram a construir um discurso de fundamentação racional. E se são naturais, os direitos existem independente do Rei. Afinal, existem por uma questão de racionalidade, e se o Rei for racional não pode emitir Lei contra esse direito natural. Liberalismo: surge com o mote de independência religiosa. Eles queriam ter a liberdade de escolher certas coisas em sua vida que não fosse imposta pelo Estado. A Lei não deveria intrometer em certos assuntos de cunho pessoal. Deseja ter a capacidade de escolher que tipo de religião se quer seguir, e que este assunto não disciplinado pelo Estado, sendo, portanto, um assunto de livre escolha do indivíduo. Iluminismo: assimilando todas as idéias das quatro correntes, é diferente destas porque deseja por estas coisas em prática. Como fazer para colocar essas idéias para funcionar. Ora, se o poder vem do povo, é preciso fazer valer isso funcionar. Ai surge o parlamentarismo, afinal, por meio dele o povo cria as Leis, e o Estado as aplica, mas, sendo essa Lei advinda da vontade do povo, ele aplica a Lei do povo. Leis naturais que não possam ser alteradas pelo Parlamento (constituição). 03/07/2017 – Saulo repete algumas coisas já citadas acima. Em Portugal há uma concentração de poder ao Soberano, numa contradição ao tempo vivido na Europa, já que o pluralismo normativo não concebe a ausência de limites do poder como o era no absolutismo de Portugal. Entre o pré e pós-iluminismo, temos um processo de transição no século XVIII. As idéias eram contra o Estado Absolutista. No século XIX já era a busca em como implantar um estado segundo estas idéias. Surgem os movimentos que criticarão o absolutismo juntamente com a critica da religião-poder, Religião-Decretos: contratualismo, jusnaturalismo racionalista e iluminismo são exemplos do processo de secularização da Europa. Neste Período, portanto, há discursos com idéias criticas ao absolutismos e secularização do poder. Iluminismo: A tarefa do Iluminismo era construir um modelo de funcionamento do Estado, compatível com suas críticas e idéias. Criam a idéia de um Estado Justo. E quais são os mecanismos de funcionamento que dariam concretude aos idéias, valores e metas criados pelos movimentos de pensamento? Enquanto o Liberalismo apregoava o respeito do Estado ao indivíduo e sua liberdade, o Iluminismo estava preocupado em como o Estado poderia ser soberano sem ser absolutista. A separação das esferas executiva, legislativa e judiciária, limitaria o poder. Também a idéia de princípios que eram superiores à vontade do Soberano é resultado do Jusnaturalismo racional. O Iluminismo, portanto, para a construção de um Estado incapaz de mudar princípios superiores, propõe a criação de uma Constituição com normas que possuiriam rigidez constitucional que impediria a mudança destas normas por processos simples. A hiperrigidez constitucional seria o que até pouco tempo chamados de Cláusulas Pétreas, as quais não podem ser mudadas. Desta forma, o constitucionalismo nasce com o Iluminismo, o qual atrai idéias do pensar em toda a Europa, buscando constituir o poder segundo estes princípios e os direitos universais. O Constitucionalismo pós-iluminismo é chamado de Constitucionalismo Clássico, ligado ao Liberalismo Clássico (liberdades políticas, sendo a econômica decorrente desta). Apos o século XIX já há um foco, do liberalismo, maior na economia. Hegel: o Estado impõe a racionalidade por meio da força, mas é a racionalidade e não a irracionalidade. • A necessidade é irracional, porém, se em acordo com os parâmetros que conduz a sociedade, será essa necessidade uma vontade livre, pois a sociedade não impedirá o desejo a necessidade, e esta é do indivíduo. • A liberdade em concreto é quando o indivíduo quer o que a sociedade quer, ou seja, a existência livre é quando a vontade subconsciente do indivíduo se encontra com a vontade da sociedade. • Se há sofrimento na relação entre essas vontades, não há plena liberdade. • Para Hegel, portanto, o sistema de necessidades do indivíduo nem sempre é racional. • No conceito dialético do Estado, ele regula a vontade para o bem comum. • Não é um pensamento existencialista, já que para este vale o que o indivíduo pode experimentar em sua existência, resultado de sua relação com a realidade ou fragmento desta. E o Estado por se opor a esta concepção do indivíduo. • No pensamento dialético o conceito das coisas deve conter dentro de si as exceções, as contradições da realidade.• Só é possível um conceito universal partindo da realidade particular superando essa mesma realidade por meio da dialética. Dialética: T (Afirmação) ! Negação ! Negação da Negação ! Síntese (?) HAXEL HONNET: Patologias da razão: as vezes de fato o que existe na idéia é mais patologia que o conceito. E o que fazer? Abrir mão do conceito e escolher a patologia? • Para Axel é necessário manter esta tensão, entre o conceito e a patologia da razão. A tensão permite encarar o problema e manter a tentativa de superá- lo. • É preciso manter a tensão do conceito das coisas e a patologia sobre esta. • No Direito, por exemplo, considera-se a Lei perfeita ou totalmente desprezível. São, estas concepções isoladas, como verdades absolutas, duas covas rasas. A tensão entre elas, porém, é que possibilitará a interpretação da norma de forma a dar coerência a esta. • Esta tensão é a reconstrução ao invés do abandono total da realidade construída. • Os conceitos precisam ser bem entendidos e a luta por estes é necessária, mas desconsiderar a tensão entre estes e a realidade patológica é deixar de abordar a melhor construção desta realidade. ESTADO LIBERAL DE DIREITO " Diversidade de partido " Século XIX " Pretende ser um Estado Legítimo, ser constituído legitimamente para exercer o poder " Possui órgãos com competências pré-definidas, concursos ou processos que garantam igualdade de acesso para o exercício da função Legalidade e procedimentalidade: quem é escolhido para exercer o poder respeita os procedimentos, os critérios estabelecidos para o exercício do poder ou da função pública. Ou seja, legalidade (Legitimidade lógica): " Os resultados do exercício do poder devem ser benéficos à sociedade (legitimidade teleológica) " Os critérios de análise devem ser jurídicos: atender ou não a um critério jurídico. " Ele se dá, portanto, pela análise dos conteúdos dos atos praticados com a coerência dos Direitos fundamentais. " Assim sendo, um ato de poder só é juridicamente válido quando a pessoa é legitimada para fazer. Somente quando o ato de poder é praticado com o devido respeito ao processo legal, e um conteúdo (lei, norma) que se dê em acordo com os Direitos Fundamentais. Caso contrario, tornam-se inconstitucionais tais atos. " Dentro deste modelo é levado em consideração a luta contra o Estado Absolutista. " Há um otimismo com o cientificismo, com o parlamento, com a noção de uma Lei como fruto do parlamento eleito (é justo o que ta neste tipo de Lei). Tal contexto leva à um reducionismo que substitui o falar em justiça por um falar em legalidade. " O justo está na Lei e na Lei há regras legais de Direito. O que não está nas regras de Direito não é Direito. " O Justo deve ater-se ao que está contido nas regras de Direito, pois o que está nela é justo .É justo por si só a Lei, porque era feita pelo Parlamento. Surge o Formalismo jurídico contemporâneo. " O Estado Liberal de Direito procura se opor ao absolutismo. É, portanto, um Estado Abstencionalista, onde se defende que o poder do Estado não que ser exercido apenas para suprimir as vontades, mas deveria ser um Estado mínimo: prestar serviço público, mas de forma racional, e se transferir alguma de suas responsabilidades para a esfera privada, deve regular. " Lida com os Direitos Fundamentais de forma abstencionalista, com um Respeito Negativo, aplicado de forma negativa, ou seja, não fazer. " O Dever do Estado seria não violar os Direitos Fundamentais: o Estado não pode matar, por exemplo, ou calar o direito de opinião. " Este estado, porém, não formulava o acesso ou a concretização destes direitos. Se o Estado não impede os Direitos Fundamentais, estavam já garantidos. " Por oposição ao Estado Absolutista, bastava não fazer. " Valores Fundamentais Individuais: vida, liberdade, igualdade (perante a Lei), propriedade, privacidade, segurança, integridade física. " Valores Fundamentais Políticos: expressão, votar nos representantes, candidatar-se, atendendo a certos requisitos. " Há uma separação de poderes, mas uma primazia do Poder Legislativo. AS ESCOLAS DE DIREITO FRANÇA: 1. ESCOLA DA EXEGESE: • Formalista legalista. • Apego à regra escrita em Lei, aprovada pelo parlamento, organizada em Códigos que são conjunto de Regras. • Ao contrario das ordenações do Rei, não tinham preocupação em ser exaustivos e sistemáticos. • O Código de Napoleão foi o primeiro Código desta escola, e era considerado justo, perfeito, pois tinha sido criado pelo Parlamento. • Depois, mostrou-se imperfeito, pois não garantia a correção das desigualdades. • Num estado abstencionista, até aumentava as desigualdades, já que as leis não inibiam ações que causavam desigualdades (devido a idéia de que as condições materiais levavam o indivíduo a se sujeitar a certos abusos é do Estado social e não liberal. Lógica desta escola: A regra julga um caso ! a partir da hipótese que o caso se enquadra nesta regra, aplica-se a Lei: Falta+hipótese+aplicação da Lei. o A lei está fundamentada no Parlamento que se fundamenta na Constituição. o Não havia órgão que pudesse verificar se estava em acordo com a Constituição. o Há uma fragmentação do Direito. Há Leis reguladas em códigos, os ramos do Direito. o A constituição não tem efeito jurídico, só político. o Nenhum juiz decidia um caso comparando um código à Constituição. Se o parlamento tinha criado as Leis deste código, se houvesse erro constitucional, não era função do juiz, ou o poder judiciário, o lugar de discussão disso, mas sim o parlamento. o Apesar de ser uma ordem jurídica Constitucional, a Constituição não tinha gerencia sobre a situação da vida, e sim as normas do Código, teoricamente fundamentados na Constituição. o O Raciocínio é formalista, e dentro dele há o reducionismo da regra e a fragmentação em códigos, não havendo a possibilidade de horizontalidade da Constituição para os casos concretos, direta ou indiretamente. 2. ESCOLA HISTÓRICA: surge na Alemanha a partir da necessidade de se tornarem independentes, e pra isso era necessário reformar o Direito. Para esta escola, o Direito vem da história do povo - Jurisprudência dos Conceitos: o Não há como ter leis na diversidade de Estados, mas sim conceitos onde se desenvolveu o formalismo cientificista conceitualista, a base dos conceitos jurídicos do Direito. o Fizeram isso estudando a história do Direito alemão, e deste retiraram conceitos claros. o A partir da construção de conceitos entenderam que quem cria a Lei é o Espírito do Povo e não o Parlamento, construindo conceitos jurídicos a partir da história do Direito (sendo esta variável, como encontrar o que é permanente?) o Quando isso se consolida, passam a extrair desta história do Direito, por dedução lógica, jurisprudência destes conceitos basilares da tradição jurística germânica-romana e supostos métodos científicos. o O Direito é feito por juristas. o A primeira noção de pirâmide advêm dos conceitualistas: de conceitos gerais, no alto da pirâmide, pode-se abstrair conceitos mais específicos que podem regular uma situação mais específica. o Os juízes julgavam as causas utilizando esses tratados, uniformizando o Direito. o Savigney foi quem ganhou o titulo de pai da ciência moderna do direito. o Posteriormenteviu-se por meio de Hiering que deveria introduzir neste Direito os conflitos do Direito. o Esse modelo, portanto, fundamenta a lógica do conceito mais amplo, e as idéias de categorias que instituem a pirâmide e desta dos conceito gerais o conceitos mais específicos. o Com esta escola aprendemos que o Direito não é fundado apenas em regras o Há um formalismo: o conceito no conceito e não na realidade, ao contrario de Kelsen que dirá que a norma se formaliza na regra e não na realidade.
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