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Direito Penal Especial

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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Homicídio
Aula – 22.03.10
Rogério Sanches
CONCEITO DE HOMICÍDIO
O conceito legal é “matar alguém”. Mas isso todos sabem. O mais complicado é o conceito
doutrinário.
Nelson Hungria dizia que Homicídio é o tipo central de crimes contra a vida. É o ponto
culminante na orografia (ponto mais alto) dos crimes. É o crime por excelência. 
Esse conceito de Nelson Hungria é um plus para eventuais concursos. No MP de São Paulo,
Homicídio foi dissertação em concurso. 
O HOMICÍDIO NO CÓDIGO PENAL
A Topografia do Homicídio no Código Penal é bastante importante. 
- O artigo 121 caput traz o homicídio doloso simples.
- O artigo 121, §1º, traz o homicídio doloso privilegiado.
- O artigo 121, §2º, traz o homicídio doloso qualificado.
- O artigo 121, §3º, traz o homicídio culposo.
- O artigo 121, §4º, traz as majorantes.
- O artigo 121, §2º, traz o Perdão Judicial.
Há um projeto de Lei criando um §6º, que vai trazer a majorante do “Grupo de Extermínio”,
que hoje só serve para tornar hediondo o homicídio. 
No último concurso de delegado de polícia do Paraná, o examinador queria saber onde
estava o homicídio preterdoloso. Ele não está em nenhum dos parágrafos.
Obs.: O Homicídio preterdoloso está previsto artigo 129, § 3º, do CP, isto é, homicídio
preterdoloso nada mais é do que sinônimo do delito “lesão corporal seguida de morte”.
Homicídio Simples
Versa o artigo 121, caput, de forma clara e objetiva:
Art. 121 - Matar alguém:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.
Sujeito Ativo
1
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
É crime comum porque pode ser praticada por qualquer pessoa sozinha ou associada a
outros. 
Há uma complicação na doutrina, que pergunta como tratar o homicídio praticado por
irmãos xifópagos (unidos pelo apêndice), ou seja, irmãos siameses.
Se um dos irmãos matar alguém, como fazer, já que um deles é inocente. A doutrina diz que
primeiro tem que se ver se é viável a separação cirúrgica para separá-los (encerrando o
problema). 
Se, por outro lado, a separação cirúrgica for inviável, há divergência na doutrina:
1ª corrente (Euclides Custódio da Silveira) 
O irmão que matou deve ser absolvido. Aqui estamos diante de um embate entre dois
interesses. O interesse de punir o matador e o status libertatis do siamês inocente. E, nesse
embate, deve prevalecer o status libertatis do inocente, absolvendo o culpado. 
2ª corrente (Flavio Monteiro de Barros)
O matador deve ser condenado, porém só vai cumprir a pena no dia em que o inocente
também praticar um crime sujeito à clausura.
Obviamente que não há jurisprudência sobre isso.
Sujeito Passivo
É o ser vivo. É o homem, nascido de mulher (para não ter dúvida). Diz-se isso porque tem
autor que discute se extraterrestre pode ser vítima de homicídio (discussão ridícula). 
Magalhães Noronha ensina que o Estado é tão vítima quanto a pessoa que morreu. Isso
porque a conservação da vida humana é condição de existência do próprio Estado.
Se a vítima for presidente da República, do Senado, da Câmara ou do STF, o artigo é o do
artigo 29 da Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/83), desde que praticado com motivação
política.
Art. 29 - Matar qualquer das autoridades referidas no art. 26.
Pena: reclusão, de 15 a 30 anos.
Embora a “motivação política” não esteja escrita no artigo 29, essa exigência está no artigo
2º dessa lei. 
Art. 2º - Quando o fato estiver também previsto como crime no Código Penal, no
Código Penal Militar ou em leis especiais, levar-se-ão em conta, para a aplicação
desta Lei:
I - a motivação e os objetivos do agente;
Condutas
O crime é tirar a vida de alguém. E aqui falamos apenas da vida extra-uterina.
2
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Ceifar vida intra-uterina é o crime de aborto. Ceifar vida extra-uterina pode ser crime de
homicídio ou de infanticídio. 
A linha divisória é exatamente o início do Parto. E quando o Parto se inicia? Temos 3
correntes:
- 1ª corrente
Completo e total desprendimento do feto das entranhas maternas.
- 2ª corrente
Desde as dores do parto, que indicam o início de expulsão. 
- 3ª corrente
Dilatação do colo do útero.
Não se diz qual prevalece, pois é mera discussão doutrinária.
OBS.: para haver homicídio, não precisa haver vida viável. Prevalece que, mesmo que a vida
não seja mais viável, se antecipar a morte natural, ocorre o homicídio. Eutanásia, no Brasil,
é crime. 
O Crime de Homicídio é de Execução Livre. Pode ser praticado por ação ou omissão, de
forma direta ou indireta, por meios materiais ou psicológicos. 
Esse crime é punido a título de DOLO, direto ou eventual. O motivo do crime pode redundar
num privilégio ou numa qualificadora, mas não descaracteriza nem anula o dolo.
Se matou com vontade, o homicídio é doloso. O motivo pode até refletir na pena, mas o
dolo é sempre mantido.
Consumação 
O crime de homicídio é consumado com a morte. É um crime material
Mas quando a pessoa morre?
Já se discutiu muito esse tema, mas hoje a Lei 9.434/97 (Lei de Doação de Órgãos) é clara ao
dizer que a morte se dá com a cessação da atividade encefálica. 
Tentativa
A tentativa é possível. Estamos diante de um crime plurissubsistente, e, portanto, a sua
execução admite fracionamento. 
Dolo eventual admite tentativa? O dolo eventual é incompatível com a tentativa, pois, em
linhas gerais, é definido como a aceitação da produção do resultado mais grave (não
havendo vontade). A segunda corrente diz que o dolo eventual admite tentativa, justamente
porque se trata de crime doloso (a aceitação do resultado equipara-se a vontade).
3
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Esse homicídio simples é Hediondo?
Em regra, NÃO é hediondo. Mas o será quando praticado em atividade típica de grupo de
extermínio (artigo 1º, I, da Lei 8.072/90). É difícil imaginar um grupo de extermínio
praticando um homicídio simples, mas pode acontecer.
Esse homicídio, mas hediondo, é chamado de Homicídio Condicionado (é hediondo porque
está presente uma das condições – ver aula de crimes hediondos).
Homicídio Privilegiado
O artigo 121, § 1º, traz privilegiadoras, ou seja, hipóteses de diminuição de pena.
Art. 121, § 1º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Pode ocorrer se o homicídio é cometido em uma das três condições. Temos, portanto, três
circunstâncias privilegiadoras.
Agente Age Impelido por Motivo de Relevante Valor Social
O agente mata para atender interesses da sociedade. O agente busca satisfazer interesse
coletivo da sociedade. 
A doutrina fala em “matar o traidor da pátria”. A jurisprudência fala que um exemplo é
matar um perigoso motivo que assusta toda a vizinhança. 
O Agente Mata Impelido por Motivo de Relevante Valor Moral
O agente busca satisfazer interesse particular, porém é um interesse ligado a sentimentos de
compaixão, misericórdia ou piedade.
Um exemplo é a Eutanásia (esse exemplo é dado pela própria exposição de motivos do CP).
Não confundir com ortotanásia, que é interrupção de sobrevida artificial. Neste último caso
para a doutrina moderna não é crime. O problema é que não existe previsão legal.
Motivo Relevante
Obs.: Seja num caso ou noutro, o motivo deve ser relevante. Se não for relevante, não há
que se falar em privilégio. Temos que ficar atento a essa palavra em provas objetivas. 
Homicídio Emocional
Apesar de o artigo 28, I, enunciar que a emoção não exclui a imputabilidade, pode interferir
na pena.
4
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Esse homicídio tem alguns requisitos:1. O agente deve agir sob domínio de violenta emoção 
Domínio não se confunde com mera influência. É algo muito mais absorvente. O domínio
cega, a influência confunde. A mera influência gera uma simples atenuante de pena
(enquanto o domínio gera privilégio).
2. Reação Imediata
A reação tem que ser logo em seguida à injusta provocação da vítima. Mas aqui se discute
até quando uma reação é considerada imediata. A doutrina diz que é a reação sem intervalo,
sem o hiato temporal. Mas de quanto é deve ser o intervalo? 
A jurisprudência diz que enquanto perdurar o domínio da violenta emoção, qualquer reação
é considerada imediata.
3. Injusta provocação da vítima
Não significa necessariamente uma agressão. E pode ser indireta, ou seja, pode ser dirigida
contra terceira pessoa ou até contra um animal. 
Um exemplo clássico é o pai que mata o estuprador da filha. 
O privilégio se comunica a co-autores e partícipes?
Se o pai que foi matar o estuprador da filha pediu ajuda para o vizinho, o privilégio o
alcança?
O artigo 30 do CP diz o seguinte:
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal,
salvo quando elementares do crime.
Portanto, temos que ver se o privilégio é uma elementar ou uma circunstância. Depois
temos que ver se o privilégio é objetivo ou subjetivo.
Elementar do crime: São dados agregados ao tipo que alteram a Tipicidade.
Circunstâncias: São dados que, agregados ao tipo, alteram a pena.
Portanto, o Privilégio é uma Circunstância (muda só a pena e não o tipo). Nos termos do
artigo 30 do CP, somente as circunstâncias objetivas é que são comunicáveis. As
circunstâncias subjetivas são incomunicáveis
As circunstâncias serão objetivas quando ligadas ao meio e modo de execução. E serão
subjetivas quando ligadas ao estado anímino ou motivo do crime. 
Nas três privilegiadoras, as circunstâncias são Subjetivas. Portanto, nos termos do artigo 30,
todas as circunstâncias privilegiadoras são incomunicáveis (por serem subjetivas). 
Assim, se o pai mata com a ajuda do vizinho, somente o pai tem o privilégio. 
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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Qual é a Natureza Jurídica do Privilégio? É uma faculdade do juiz ou um direito subjetivo do
réu?
O artigo 121, § 1º, fala que o juiz “pode” reduzir a pena. Mas prevalece atualmente que é
um direito subjetivo do réu. Preenchidos os requisitos, o juiz tem que reduzir. O “pode” só
diz respeito ao quanto da pena o juiz vai reduzir. 
Homicídio Qualificado
Versa o artigo 121, § 2º:
Art. 121, § 2º - Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel,
ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
O Homicídio qualificado é sempre hediondo, não importa qual qualificadora (artigo 1º, I, da
Lei 8.072/90). 
Esse § 2º traz 5 qualificadoras, sendo três subjetivas e duas objetivas: 
- Motivo Torpe - subjetiva (5.1)
- Motivo Fútil - subjetiva (5.2)
- Meio Cruel - objetiva (5.3)
- Modo Surpresa - objetiva (5.4)
- Finalidade Especial - subjetiva (5.5)
Isso é importante porque o STJ decidiu recentemente que as qualificadoras são todas
compatíveis com o dolo eventual, mesmo as subjetivas
Homicídio Cometido Mediante Paga ou Promessa de Recompensa, ou por outro Motivo
Torpe
Motivo torpe é o motivo vil, ignóbil, repugnante e abjeto. Exemplos são os homicídios
mediante paga ou promessa de recompensa, chamado de Homicídio Mercenário por
Mandato Remunerado.
O legislador dá exemplo de homicídio torpe (mediante paga ou recompensa), e permite ao
juiz encontrar outros casos semelhantes. Aqui foi usado o artifício da Interpretação
Analógica.
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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Homicídio Mercenário
É um exemplo de torpeza. Aqui temos pelo menos um mandante, um executor e a vítima. 
Portanto, nesse homicídio, necessariamente temos número plural de pessoas concorrendo
para o crime. Portanto, se trata de um delito Plurissubjetivo, ou “de concurso necessário”. 
O homicídio é, em regra, monossubjetivo, salvo no caso do homicídio mercenário, em que é
plurissubjetivo
A qualificadora é só do Matador ou também do Mandante?
Aqui temos duas correntes:
1ª corrente
Trata-se de elementar subjetiva, comunicando-se ao mandante. Prevalece na jurisprudência
(STJ, Informativo 375).
2ª corrente
Trata-se de circunstância subjetiva, incomunicável ao mandante. Prevalece na doutrina
moderna. 
Sanches entende que essa segunda corrente é a correta, porque muitas vezes quem age com
torpeza é quem cobrou para matar (e não o mandante, que pode ser o pai de uma filha
estuprada, por exemplo).
Qual é a natureza da Paga? Tem que ser econômica?
Prevalece que a paga tem que ser de natureza econômica. Mas isso é bobagem porque, seja
qual for a recompensa, o crime cai no inciso I do mesmo jeito porque o homicídio é torpe. 
Matar por ciúmes ou por vingança é torpeza?
Por si só, a vingança ou o ciúme não geram torpeza. Temos que perquirir o que motivou o
ciúme ou a vingança. O que é torpe é o motivo da vingança ou do ciúme. 
Homicídio por Motivo Fútil
Esse inciso II qualifica o crime de homicídio praticado por motivo fútil. 
Motivo fútil é quando o móvel do crime apresenta real desproporção entre o delito e sua
causa moral. Pequeneza do Motivo (é um motivo “pequeno”).
É aquele homicídio que ninguém acredita que se matou por isso (por exemplo, mata-se uma
criança porque ela não para de chorar). A causa e o resultado são totalmente
desproporcionais. Outro exemplo da doutrina e jurisprudência é matar por conta de
discussão do trânsito.
Não podemos confundir Motivo Fútil com Motivo Injusto. Injusto, todo o crime é. Tem que
ser fútil, ou seja, insignificante o seu móvel.
7
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
E a ausência de motivos? Qualifica o crime?
1ª corrente – Prevalece na jurisprudência
Se o motivo pequeno qualifica, a ausência de motivos também deve qualificar. 
2ª corrente 
A ausência de motivos não está abrangida pelo inciso II. Exige-se motivo (pequeno, mas
exige), configurando analogia incriminadora. 
O que qualifica o homicídio é o motivo fútil (um motivo pequeno). E esse inciso não permite
interpretação analógica. Para abranger “ausência de motivos”, teríamos uma analogia in
malan parten. O legislador teria que corrigir (Cesar Roberto Bittencourt)
Homicídio com Emprego de Veneno, Fogo, Explosivo, Asfixia, Tortura ou Outro Meio
Insidioso ou Cruel, ou de que Possa Resultar Perigo Comum
Aqui o legislador permite que o aplicador se valha de interpretação analógica para encontrar
outros meios insidioso, cruéis ou de que possa resultar perigo comum.
Trata-se de uma qualificadora objetiva.
Emprego de Veneno
Quando é empregado com emprego de veneno, o homicídio é chamado “Venefício”.
Conceito de Veneno: Substância, biológica ou química, animal, mineral ou vegetal, capaz de
perturbar ou destruir as funções vitais do organismo humano. 
O Açúcar usado para matar o diabético, por exemplo, é considerado veneno. 
Para incidir a qualificadora, é imprescindível que a vítima desconheça estar ingerindo a
substância venenosa (ignora que está sendo envenenada). Isso significa que se a vítima sabe
que está sendo envenenada, não incide esta qualificadora. 
No MP/MG caiu uma questão em que um homicida colocou uma arma na cabeçada vítima e
a obrigou a beber o veneno. E o examinador entendeu que isso era caso de homicídio
qualificado, mas não pelo emprego de veneno. Haverá a qualificadora do “recurso que
dificultou a defesa do ofendido”.
Emprego de Tortura
Não se confunde com a “Tortura qualificada pela Morte”, da lei de tortura. 
No CP temos a Tortura como um meio e a morte como um fim doloso. Já na Tortura temos a
tortura como um fim (doloso) e a morte como um resultado culposo. 
Na lei de tortura, a morte é um resultado qualificador culposo. 
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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Portanto, no art. 121, §2º, III, do CP, temos um crime doloso. No artigo 1º, § 3º, da Lei
9.455/97, temos um crime preterdoloso. 
Temos que perquirir se a tortura era meio ou se era fim.
Homicídio à Traição, de Emboscada, ou Mediante Dissimulação ou Outro Recurso que
Dificulte ou Torne Impossível a Defesa do Ofendido 
Aqui também o legislador permite a interpretação analógica pelo legislador (dá exemplos e
termina de maneira genérica para o juiz encontrar outras situações fáticas). Isso porque o
legislador não poderia prever todas as condutas que tornasse difícil ou impossível a defesa
do ofendido.
Assim, os incisos I, III e IV trabalham com interpretação analógica.
Traição é ataque desleal, repentino e inesperado. Exemplo: atirar na vítima pelas costas.
Emboscada pressupõe ocultamento do agente que ataca a vítima com surpresa. Exemplo:
ficar escondido atrás de um arbusto.
Dissimulação significa fingimento, disfarçando o agente a sua intenção hostil.
Homicídio Premeditado gera essa qualificadora?
A premeditação não constitui por si só circunstância qualificadora do homicídio. Muitas
vezes, significa resistência à prática delituosa. Deve ser considerada pelo juiz na fixação da
pena base. 
A idade da vítima pode qualificar o crime? Se a vítima é bastante idosa ou uma criança, por
exemplo, tornaria a sua defesa mais difícil.
Porém, a idade da vítima, por si só, não possibilita a qualificadora do inciso IV, porquanto
constitui característica do ofendido e não recurso procurado pelo agente.
Homicídio para Assegurar a Execução, a Ocultação, a Impunidade ou Vantagem de Outro
Crime
Esse inciso V traz o que a doutrina chama de “Conexão Teleológica”. O agente mata para
assegurar a execução de outro crime Futuro.
Exemplo: matei o segurança da tiazinha para estuprá-la.
Já na “Conexão Consequencial” o agente mata para assegurar a impunidade, vantagem ou
ocultação de outro crime Passado (Pretérito).
Exemplo: Matei uma testemunha que me reconheceu como estuprador.
O que fazer com a conexão temporal (ou conexão ocasional)?
9
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Aqui o agente mata por ocasião de outro crime sem vínculo finalístico. Não está abrangido
pelo § 2º, pois sempre deve haver um vínculo finalistico com o homicídio, sendo este do
passado ou do futuro. Assim não qualifica o crime.
Esse “outro crime” a ser ocultado ou assegurado tem que ser praticado pelo mesmo agente,
ou pode ser para ocultar o crime praticado por outra pessoa?
NÃO precisa haver coincidência de agentes. Este outro crime não precisa ser praticado (ou
ter sido praticado) pelo homicida. Pode ser praticado/ter sido praticado por outro pessoa.
NÃO se exige coincidência de agente ativo.
Para incidir a qualificadora esse outro crime (a se assegurado) tem que ocorrer?
NÃO. Basta matar com essa finalidade. Ocorrendo o outro crime haverá concurso de delitos. 
E se o agente matar para assegurar a execução de uma contravenção penal (e não de crime,
como diz a lei)?
Se eu matei para assegurar a impunidade de uma contravenção penal não incide a
qualificadora. Seria uma analogia in malan parten. Mas não quer dizer que o crime será de
homicídio simples. Pode ser uma hipótese de futilidade ou mesmo de torpeza.
Observações Gerais
É possível, no mesmo fato, co-existirem várias qualificadoras (o que o “Ratinho” chama de
duplamente ou triplamente qualificado)?
Não existe o “duplamente qualificado”. O Homicídio é simples ou qualificado. O que pode
acontecer é de incidirem várias qualificadoras.
É possível que o homicídio tenha matado por motivo torpe e com meio cruel. Se isso ocorrer,
o juiz usa o inciso I como qualificadora e não precisaria mais usar o inciso III.
Uma primeira corrente diz que o inciso seguinte deveria ser utilizado na fixação da pena
base como circunstância judicial desfavorável. Já uma segunda corrente diz que deve ser
usada como agravante, já que também estão no artigo 61.
Antigamente o STF adotava a primeira corrente. Mas ultimamente há julgados do STF e STJ
dizendo que deve ser considerada como agravante (não quer dizer que o STF mudou
totalmente seu posicionamento).
É possível homicídio qualificado-privilegiado?
Só é possível homicídio privilegiado se a qualificadora for objetiva. Se a qualificadora for
subjetiva, não incidirá a qualificadora. 
Os privilégios são todos subjetivos. E, das 5 qualificadoras, 2 são objetivas.
10
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
E o que prepondera é o privilégio porque os jurados, nos quesitos, reconhecem primeiro o
privilégio. A partir do momento que o privilégio é reconhecido, o juiz já julga prejudicado
qualquer requisito a respeito de qualificadoras subjetivas. 
Artigo 121, § 1º Artigo 121, § 2º
-Motivo de relevante valor social. - Motivo Torpe.
-Motivo de relevante valor moral. - Motivo Fútil.
- Violenta Emoção. - Meio Cruel.
- Modo Surpresa.
- Finalidade Especial.
O Homicídio Qualificado Privilegiado continua hediondo?
Temos duas correntes:
1ª Corrente
O artigo 67 do CP só é aplicável para agravantes e atenuantes. Ademais, o Homicídio
qualificado-privilegiado permanece hediondo, pois a Lei 8.072/90 não excepciona esta
figura. 
2ª Corrente
O Homicídio qualificado privilegiado deixa de ser hediondo, pois o privilégio prepondera
sobre a qualificadora (adotada pelo STF e STJ).
Essa corrente faz uma analogia in bonan parten do artigo 67 do CP, que trabalha com
agravantes e atenuantes, e diz que preponderam as subjetivas. Se trocarmos agravantes e
atenuantes por “qualificadoras e privilégios”, então tem que preponderar o privilégio, pois
apenas ele é todo subjetivo. 
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite
indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos
motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.
Homicídio Culposo
Versa o artigo 121, § 3º, do CP: 
Art. 121, § 3º - Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Conceito de Homicídio Culposo
11
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Ocorre o homicídio culposo quando o agente, com manifesta imprudência, negligência ou
imperícia, deixa de empregar a atenção ou diligência de que era capaz provocando o
resultado morte, previsto (culpa consciente) ou previsível (culpa inconsciente, jamais
querido ou aceito).
Seja qual for a modalidade da culpa, não se quer o resultado.
Violação do Dever de Cuidado 
Há três maneiras de violar o dever de cuidado: negligência, imprudência ou imperícia. 
- Negligência: Ausência de Cautela, de precaução.
- Imprudência: Afoiteza.
- Imperícia: Falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou profissão. 
A culpa concorrente da vítima não exime o agente de responsabilidade. O Direito Penal não
admite compensação de culpas. Porém, a culpa concorrente da vítima pode atenuar a
responsabilidade do agente (diferente ocorre se a culpa é exclusiva da vítima, pois aqui o
agente não tem culpa).
É o que diz o artigo 59 do CP:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes,à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime,
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime:
Homicídio Culposo na Direção de Veículo Automotor não se Ajusta Mais ao artigo 121, § 3º
do CP, mas sim ao artigo 302 do CTB
Eu aplico CTB se o agente estiver na direção de veículo automotor. Não basta o veículo seja
o instrumento do crime. O agente tem que dar direção ao veículo, mesmo que o motor
esteja desligado (desde que dê movimento e direção ao carro). 
Por outro lado, num caso em que a pessoa pára o carro numa ladeira e não puxa o freio de
mão, e o carro desce e atropela alguém, não é caso do artigo 302 do CTB, mas sim do artigo
121, § 3º, do CP.
Essa diferença é muito importante, pois o artigo 121, §3º, do CP, tem uma pena
que varia de 1 a 3 anos (permite até suspensão condicional do processo). Já o
artigo 302 do CTB, tem uma pena que varia de 2 a 4 anos, não permitindo mais
suspensão condicional do processo. 
Artigo 121, § 3º, do CP Artigo 302 do CTB
Pena de 1 a 3 anos Pena de 2 a 4 anos
Cabe Suspensão Condicional do Processo NÃO Cabe Suspensão Condicional do Processo
Dois crimes idênticos, com o mesmo resultado, justifica penas diferentes?
12
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Há teses de que a pena do CTB é inconstitucional, por falta de proporcionalidade. Mas é uma
minoria (que pode ser usada em provas da defensoria). Ela diz que o desvalor do resultado
no CP tem o mesmo desvalor do CTB. Se o desvalor do resultado é o mesmo, por que tem
conseqüências diferentes?
Contudo, contra argumenta-se dizendo que o crime não é constituído só de resultado, mas
também de conduta. Ao olhar o desvalor da conduta, podemos perceber que é diferente. O
desvalor da conduta no transito é potencialmente mais lesiva, merecendo uma pena maior.
Assim, a diferença de pena é justificada pelo desvalor da conduta, e não do resultado (é a
tese que prevalece).
Aula – 05.04.10
Majorantes do Homicídio
O artigo 121, § 4º, tem que ser dividido em duas partes. A primeira diz respeito às
majorantes do homicídio culposo e, a segunda parte, do homicídio doloso. 
Art. 121, § 4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime
resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de
prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos.
Há quatro majorantes para o homicídio culposo, e duas no doloso.
Majorantes do Homicídio Culposo
Inobservância de Regra Técnica de Profissão, Arte ou Ofício
Essa majorante não se confunde com a Imperícia. Isso porque na Imperícia FALTA a aptidão
técnica. Já nessa majorante, o agente tem a aptidão técnica, mas não a observa. 
Aqui, na verdade, estamos diante de uma “negligência profissional”. Aqui incluímos, por
exemplo, o erro médico. 
O erro do médico serve como negligência para configurar a culpa e, o mesmo erro, serviria
como majorante? Não seria bis in idem?
Temos duas correntes, e temos que defender a mais adequada ao concurso que se está
prestando:
1ª corrente: Ocorrência de Bis in Idem (STF, HC 95.078, julgado dia 10/03/2009). 
2ª corrente: Não ocorre Bis in Idem (STJ, HC 63.929, julgado em 13/03/2007).
Omissão de Socorro
13
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Aqui na Omissão de Socorro não configura o artigo 135, mas apenas gera o aumento. É um
crime culposo majorado por uma omissão dolosa. 
Obs.: Não incide o aumento quando a vítima é imediatamente socorrida por terceiros.
Obs.: Também não incide o aumento no caso de morte instantânea. Aqui seria uma hipótese
de socorro inviável. 
Nenhuma dessas duas hipóteses autoriza o agente a deixar de socorrer porque imaginou
que o socorro seria inócuo (o agente pensou que vítima morreria de qualquer maneira).
Se o autor do crime, apesar de reunir condições de socorrer a vítima (ainda com vida), não o
faz, concluindo pela inutilidade da ajuda, sofrerá o aumento (STF), pois não compete a
pessoa decidir.
O Agente Não Procura Diminuir as Conseqüências do seu Ato
Aqui há praticamente uma redundância com a majorante anterior.
O Agente Foge para Evitar o Flagrante
O pena aqui foi majorada pelo legislador porque o agente demonstra uma insensibilidade de
espírito e moral, e prejudica a investigação. 
A maioria da doutrina entende que é aplicável. Mas há discussão de que fere garantias
individuais, como a de não produzir provas contra si mesmo.
Majorantes do Homicídio Doloso
A majorante incide se o homicídio é praticado contra pessoa menor de 14 ou maior de 60
anos.
Para incidir a majorante no Homicídio Doloso, é imprescindível que o agente conheça a
idade do agente, evitando a responsabilidade penal objetiva (se ele não conhece, estou
diante de um erro de tipo que desaparece a majorante)
E se quando o agente dá um tiro a vítima é menor de 60 anos (ou de 14 anos) e, quando
morre, já é maior de 60 anos (ou de 14 anos)? Incide o aumento?
A vítima tem que ter essa idade quando o crime é PRATICADO. E, nos termos do artigo 4º do
CP, o crime considera-se praticado no momento da conduta. Temos que ver se, no momento
da conduta, a vítima era menor de 14 ou maior de 60. 
Perdão Judicial 
Versa o artigo 121, § 5º, do CP:
14
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Art. 121, § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal
se torne desnecessária.
Conceito de Perdão Judicial
É o instituto pelo qual o juiz, não obstante a prática de um fato típico e antijurídico por um
sujeito comprovadamente culpado, deixa de lhe aplicar a pena nas hipóteses taxativamente
previstas em lei, levando em consideração determinadas circunstâncias que concorrem o
evento. O Estado perde o Interesse de Punir. 
Não pressupõe relação de parentesco.
Diferentemente do perdão do ofendido, não precisa ser aceito. O perdão do ofendido
precisa aceito, por isso é chamado de “Bilateral”. Já o perdão Judicial é um Ato Unilateral,
pois dispensa aceitação. 
O Perdão Judicial não é uma faculdade do juiz, mas sim um direito subjetivo do réu.
Preenchidos os requisitos, o juiz tem que perdoar. 
Natureza Jurídica da Sentença Concessiva do Perdão Judicial
A primeira corrente afirma que a Natureza Jurídica da sentença que concede o perdão
judicial é Condenatória.
A segunda corrente diz que a natureza jurídica é de verdadeira Declaratória Extintiva da
Punibilidade (prevalece).
Essa discussão traz repercussões práticas. Se a natureza é condenatória, essa decisão
interrompe a prescrição. Em o Promotor recorrendo, a prescrição volta a correr da decisão.
Além disso, essa sentença serve como título executivo. 
Capez diz que uma terceira repercussão prática seria que, se for condenatória, depende do
devido processo legal. Já se entendermos que for declaratória Extintiva de Punibilidade, essa
sentença poderia ser concedida ainda em sede de Inquérito Policial. Mas essa posição do
Capez está ERRADA, pois perdão judicial reconhece culpa e, se reconhece culpa, sempre
depende de devido processo legal. Aliás, só se perdoa alguém que tem culpa. 
Por outro lado se a natureza for Declaratória Extintiva da Punibilidade, a prescrição não é
interrompida. Se o Promotor recorre, ele tem que saber que a prescrição está correndo
desde a denúncia. 
Também não serve como titulo executivo no cível (e precisa de um processode
reconhecimento. 
É essa a corrente que prevalece, segundo a Súmula 18 do STJ:
STJ. Súmula 18 - A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção
da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
15
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
OBS.: O professor entende que a natureza dessa sentença, ao contrário do que prevalece, é
condenatória porque o artigo 120 só faz sentido se essa sentença for condenatória (por isso
o artigo 120 do CP faz esse alerta – porque a decisão é condenatória, pois se fosse extintiva,
é obvio que não geraria reincidência).
Cabe Perdão Judicial no Código de Trânsito Brasileiro?
O Perdão Judicial cabe apenas para Homicídio Doloso nas hipóteses do Código Penal. O
artigo 300, do CTB, que trazia o perdão judicial, foi vetado.
Contudo, temos que ler as razões do veto, que dizem que esse artigo é dispensável
justamente porque já existe o artigo 121, § 5º, do CP (o que foi um erro já que o artigo 121,
§5º é taxativo).
Portanto, CABE perdão judicial no Código de Trânsito Brasileiro.
16
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Participação em Suicídio
CONCEITO DE SUICÍDIO
Eliminação VOLUNTÁRIA e DIRETA da própria vida (Nelson Hungria).
Temos sempre que usar os dois termos em concurso.
Qual foi a Teoria Adotada no Código Penal para punir o partícipe?
O CP, na parte geral, usa a Teoria da Acessoriedade Limitada. Para punir o partícipe, o fato
principal deve ser típico e antijurídico. 
Contudo, Suicídio não é fato típico. Se suicidar (ou tentar se suicidar) não é crime.
Aqui os núcleos da participação são Elementares do Tipo (e não acessórios). Portanto, o
artigo 122 não está punindo uma participação acessória, mas sim uma participação principal
(Cesar Roberto Bittencourt).
A conduta do participe em suicídio não é uma atividade acessória, mas sim uma atividade
principal.
Versa o artigo 122 do CP:
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o
faça:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 1
(um) a 3 (três) anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza
grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.
SUJEITO ATIVO
É crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa.
MP/MG: Se “A” induz “B” a auxiliar “C” a praticar suicídio. “C” morreu. Que crime praticou
cada um praticou?
“B” praticou o artigo 122. Já o “A” é partícipe é partícipe do crime do artigo 122.
“A”, por sua vez, é partícipe strictu sensu, e responderá pelo artigo 122 na condição de
partícipe, do artigo 29 do CP.
Portanto, este crime admite concurso de agentes.
SUJEITO PASSIVO
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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Qualquer pessoa CAPAZ pode ser vítima de participação em suicídio.
Por isso o conceito de suicídio fala em “eliminação voluntária”. Tem que haver capacidade
de entendimento.
Já se induzir uma pessoa incapaz a praticar suicido, o agente praticou o artigo 121. A
incapacidade passa a ser o instrumento de que se vale o agente. 
OBS.: A Vítima deve ser DETERMINADA. Não haverá o crime se a vítima for incerta ou
indeterminada. Pode ser também vítimas certas e determinadas. 
Assim, se uma música incita as pessoas a se matarem não é crime, pois as vítimas são
indeterminadas e, portanto, o fato é atípico. E não é apologia ao crime, suicídio não é crime.
CONDUTA
Aqui estamos diante de um crime plurinuclear. Há três núcleos: Induzir, Instigar e auxiliar.
- Induzir: Fazer nascer a idéia mórbida (o agente aconselha outra a se matar).
- Instigar: Reforçar Idéia já existente (a pessoa diz que está pensando em se matar, e o
agente a instiga).
- Auxiliar: Assistência Material (o agente empresta a corda, veneno, arma, etc).
As duas primeiras hipóteses são de participação moral. Já na última hipótese, temos a
participação material. 
Se alguém está em cima de um prédio e as pessoas lá embaixo gritam “pula, pula, pula...”,
há o crime?
SIM, há o crime de instigar. 
É possível auxilio por omissão?
A primeira corrente diz que o artigo 122 é claro ao falar “prestar-lhe auxilio”. E essa
expressão “prestar-lhe” indica somente uma ação, e jamais uma omissão (Frederico
Marques). 
A segunda corrente diz que é possível o auxilio por omissão, desde que o omitente tenha o
dever jurídico de agir (hipótese de garante ou garantidor). É a hipótese de um pai em relação
a um filho (Nelson Hungria). É a corrente que prevalece. 
Participação Acessória
O Auxilio deve ser sempre acessório, não podendo intervir diretamente nos atos
executórios. O auxilio é sempre uma cooperação secundária. 
Se a pessoa quer se matar enforcada, pede para eu chutar o banquinho, eu respondo pelo
artigo 121. Aqui houve a intervenção do agente nos atos executórios.
18
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
E se a pessoa se arrepende de tentar se matar, pede ajuda ao agente, e o agente não quer
socorrer?
Se o agente auxiliou a pessoa a se matar, a pessoa se arrepende, e não a socorre, o agente
responde pelo artigo 121, por homicídio por omissão. Isso porque o agente passou a ser
garante ou garantidor.
A coação exercida para impedir o suicídio não constitui crime.
É o que versa o artigo 146, § 3º, II:
Art. 146, § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
II - a coação exercida para impedir suicídio.
ELEMENTO SUBJETIVO
O artigo 122 só é punido a título de dolo, direto ou eventual. Não se pune a modalidade
culposa. 
Se eu sei que a pessoa é suicida e negligentemente deixei um remédio de rato perto dela,
que crime respondo?
1ª corrente: Homicídio Culposo.
2ª corrente: Fato atípico, ou, no máximo, omissão de socorro a depender do caso. 
CONSUMAÇÃO
Quando o crime do artigo 122 se consuma (pergunta importantíssima)?
Diz o preceito secundário do dispositivo que a pena é de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos,
se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, se da tentativa de suicídio
resulta lesão corporal de natureza grave.
Temos três correntes:
Doutrina Clássica (Nelson Hungria)
O Núcleo Induzir, Instigar ou Auxiliar, quando praticado, já estou diante da consumação.
Porém, a punibilidade fica condicionada à morte, onde a pena é de 2 a 6, ou à lesão grave,
com pena de 1 a 3.
Portanto, para essa corrente, a morte ou a lesão grave configuram Condições Objetivas de
Punibilidade.
Hipóteses:
a) Se o agente induz e a vítima morre, tenho um 122 consumado e punível.
b) O agente induz e a vítima não morre, mas sofre lesão grave. Tenho um 122 consumado e
punível.
19
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
c) O agente induz ao suicídio, mas a vítima não morre nem sofre lesão grave. Aqui temos o
artigo 122 consumado, mas NÃO punível (é um exemplo de crime consumado não
punível).
Detalhe: para essa corrente, esse crime não admite tentativa.
Doutrina Moderna (Mirabete)
Induzir, Instigar ou Auxiliar é mera EXECUÇÃO do crime. A morte (2 a 6 anos) e a Lesão Grave
(1 a 3 anos) configuram Consumação. 
Aquilo que a primeira corrente entendia como consumação, para esta é execução. E o que a
primeira corrente entendia como condição objetiva de punibilidade, para essa corrente é a
consumação.
E a primeira corrente realmente erra, pois a morte não pode ser condição objetiva de
punibilidade. Isso porque a condição objetiva de punibilidade não pode fazer parte do dolo
do agente. O dolo do agente jamais pode alcança a condição objetiva de punibilidade.
Portanto, a doutrina moderna acerta ao considerar a mortee a lesão grave como
consumação 
Hipóteses:
a) Se o agente induz e a vítima morre, tenho um 122 consumado (punível com 2 a 6 anos) -
aqui o resultado é o mesmo a primeira corrente.
b) O agente induz e a vítima não morre, mas sofre lesão grave. Tenho um 122 consumado
(punível com 1 a 3 anos) - aqui o resultado é o mesmo a primeira corrente.
c) O agente induz ao suicídio, mas a vítima não morre nem sofre lesão grave. Aqui temos
FATO ATÍPICO - aqui o resultado é diferente da primeira corrente.
Portanto, também a doutrina moderna não admite tentativa (apesar de ser crime material e
plurissubsistente).
Cesar Roberto Bitencourt
Ele concorda que Induzir, Instigar ou Auxiliar é mera execução do crime, e que a morte (2 a 6
anos) configura Consumação.
Contudo, ele considera que se o crime resulta em Lesão Grave, há a TENTATIVA. Trata-se de
uma tentativa punida de forma sui generis, que não precisa do artigo 14 do CP.
Ele fundamenta sua corrente na redação do artigo 122: “reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos,
se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, se da tentativa de suicídio
resulta lesão corporal de natureza grave”.
O erro é que o legislador fala em tentativa de SUICÍDIO, e não tentativa de crime, até
porque suicídio não é crime.
20
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Doutrina Clássica
(Nelson Hungria)
Doutrina Moderna
(Mirabete, etc.)
Cesar Roberto Bittencourt
Induzir, instigar, Auxiliar
configuram a consumação.
Induzir, instigar, Auxiliar
configuram a Execução.
Induzir, instigar, Auxiliar
configuram a Execução.
A Morte ou a Lesão Grave
são condições objetivas de
punibilidade.
A Morte ou a Lesão Grave
é a Consumação. 
A Morte é a Consumação.
Mas se resulta em Lesão
Grave configurara
Tentativa.
Agente Induz e Vítima
Morre – crime consumado
e punível.
Agente Induz e Vítima
Morre – crime consumado.
Agente Induz e Vítima
Morre – crime consumado.
Agente Induz e Vítima tem
Lesão grave – crime
consumado e punível.
Agente Induz e Vítima tem
Lesão grave – crime
consumado.
Agente Induz e Vítima tem
Lesão grave – crime
TENTADO.
Agente Induz e Vítima não
Morre ou sofre lesão grave
– crime consumado, mas
NÃO punível.
Agente Induz e Vítima não
Morre ou sofre lesão grave
– FATO ATÍPICO.
Agente Induz e Vítima não
Morre ou sofre lesão grave
– FATO ATÍPICO.
Não admite tentativa. Não admite tentativa. ADMITE Tentativa.
CAUSA DE AUMENTO DE PENA
O parágrafo único do artigo 122 é qualificadora ou causa de aumento?
Art. 122, Parágrafo único - A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.
Aqui estamos diante de majorante, ou seja, causa de aumento de pena a ser considerada
pelo juiz na terceira fase. 
Motivo Egoístico
O motivo é egoístico quando é para satisfazer interesses pessoais do agente (ex: induzir uma
pessoa a se matar para ficar com a herança).
Vítima Menor ou tem Capacidade de Resistência Reduzida
Vítima Menor
21
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Prevalece que Menor é quem ainda não atingiu 18 anos. Mas qual é o limite de idade
mínima? 
a) Primeira Corrente (Guilherme de Souza Nucci e Luiz Regis Prado)
Essa corrente faz analogia com o artigo 224, “a” do CP e diz que menor vai até 14 anos.
Abaixo de 14 anos a vítima é uma incapaz e, em sendo incapaz, o crime é o do 121. Se a
pessoa não pode consentir com o ato sexual, o que dirá com o ato que lhe tirará a vida.
Hoje o fundamento não está mais no artigo 224, mas sim 217-A, e fala-se em menor de 14
anos. 
Assim, se eu induzo uma pessoa de 13 anos a se matar, pratiquei o artigo 121. Mas aqui
temos uma analogia in malan partem (por isso a segunda corrente a corrige).
b) Segunda corrente (Mirabete e Nelson Hungria)
Depende do caso concreto. Menor é a pessoa sem capacidade de entendimento, de
consentimento.
E o caso concreto dirá, pois dependerá do grau de instrução e outros elementos. 
Menor, para efeito do artigo 122, parágrafo único, é todo aquele com idade inferior a 18
anos, que não tenha suprimida por completo, a sua capacidade de resistência, devendo o
juiz analisar o caso concreto.
Portanto, para essa corrente, uma menina de 13 anos não é necessariamente uma incapaz.
Pode ser considerada uma “menor”, dependendo do caso concreto.
Exemplos:
1. Se a vítima tinha 19 anos.
Se for capaz, o crime é o do artigo 122. Se for incapaz, o crime é o do artigo 121.
2. Se a vítima tinha 17 anos.
Se não for incapaz, o crime é o do artigo 122, parágrafo único. Se for incapaz, o crime é o do
artigo 121.
3. Se a vítima tinha 13 anos.
Aqui temos que lembrar da divergência acima. A primeira corrente presume a incapacidade
(logo, aplica-se o artigo 121). A segunda corrente diz que ela pode não ser incapaz (artigo
122, parágrafo único), ou, a depender do caso, ser uma incapaz (artigo 121).
Somente nesse terceiro exemplo há a divergência doutrinária.
Vítima com Capacidade de Resistência Reduzida
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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Aqui a vítima tem que ter REDUZIDA e não eliminada a capacidade de resistência. Se estiver
eliminada, é caso do artigo 121.
A doutrina dá como exemplo o ébrio, o senil, etc.
QUESTÕES ESPECIAIS
Duelo Americano
Tem um perdedor e um vencedor. O vencedor pratica um crime. A dúvida é qual seria o
crime praticado.
No duelo americano há duas armas. Somente uma delas está municiada. Quando chegar o
momento, cada um pega uma arma e atira contra a sua própria cabeça, ao mesmo tempo.
Quem pegou a arma descarregada será o vencedor. 
O vencedor do duelo americano não matou ninguém, mas participou do suicídio de alguém.
Assim, o sobrevivente responderá pelo artigo 122 do CP, posto que participou do suicídio do
adversário.
Roleta Russa
Aqui só há uma arma. E, no tambor, só há um projétil. A pessoa gira o tambor atira contra a
própria cabeça. Se a arma não disparar, a arma é passada para o próximo.
O vencedor do jogo responderá pelo artigo 122 (participação em suicídio).
Pacto de Morte (ou ambicídio)
Duas pessoas combinam a própria morte. O namorado aciona um dispositivo de gás que
mataria ambos num determinado cômodo.
Primeira Hipótese: o namorado sobreviveu, e a namorada morre.
O namorado praticou o homicídio, pois ele executou a morte. Ele não apenas induziu,
instigou ou auxiliou, ele acionou a execução.
Segunda Hipótese: o namorado morre, e a namorada sobrevive.
A namorada responde pelo artigo 122, pois ela induziu, instigou ou auxiliou a morte.
Terceira Hipótese: ambos sobrevivem.
O namorado responde por homicídio tentado (ele executou a morte, que não se consumou
por circunstâncias alheias à sua vontade).
A namorada responderá por qual crime? Essa é a complicação (costuma cair muito em
concursos).
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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
- Se o namorado sofreu lesão grave, ela responde pelo artigo 122. 
- Se o namorado sofreu lesão leve ou não sofreu lesão alguma, o fato é atípico e a namorada
não cometeu crime.
Infanticídio
CONCEITO 
Versa o artigo 123 do CP:
24
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
O infanticídio nada mais é do que um homicídio privilegiado em razão do estado
fisiopsíquico da autora.
O artigo 121 pune “matar alguém”. O artigo 123 também pune o “matar alguém”. Há um
conflito aparente de normas. Mas como no artigo 123 temos um sujeito ativo e um sujeito
passivo próprios, uma condição de tempo e uma elementar fisiopsíquica, o artigo 123 deve
ser aplicado em razão do princípioda especialidade. 
Essas elementares que tornam o artigo 123 especial em relação ao artigo 121 são as
chamadas “Especializantes”.
Não podemos nos esquecer que, a exemplo do artigo 121 e 122, o Infanticídio é crime
doloso contra a vida. Portanto, é crime julgado pelo Júri. 
Obs.: O infanticídio não é crime hediondo. Mesmo que praticado com os meios mais cruéis.
ESPECIALIZANTES
Sujeito Ativo
O sujeito ativo é a parturiente sob influência do Estado Puerperal. Estamos diante de um
Crime Próprio.
Esse crime admite concurso de pessoas?
1ª Corrente.
Não admite, pois o estado puerperal é elementar personalíssima incomunicável. Corrente
criada por Nelson Hungria. Mas ele próprio mudou de posição nas suas últimas obras.
2ª Corrente.
Admite, pois nos termos do artigo 30 do CP, não existe condição personalíssima, mas sim
condição pessoal, comunicável quando elementar.
Não existe condição personalíssima. Isso seria contra legem. O que existe, no sistema penal,
é a condição pessoal, que se comunica quando elementar
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime.
Assim, o Estado Puerperal se comunica aos coautores e partícipes. E essa segunda corrente é
maioria, e admitida pelo próprio Nelson Hungria. 
Casos Concretos
25
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
1ª situação: parturiente e médico executam o verbo matar.
Tanto a parturiente como o médico praticam o crime de infanticídio (artigo 123). A
parturiente estava sob o estado puerperal, e o médico responde juntamente na condição de
co-autor.
Aula – 14.04.10
2ª Situação: parturiente instigada pelo médico executa o verbo matar.
Aqui só a parturiente matou. O médico apenas a instigou. Assim, a parturiente pratica o
artigo 123, e o médico também pratica o artigo 123 na condição de partícipe.
3ª situação: médico, instigado pela parturiente, executa o verbo matar.
Quem matou, nesse caso, foi o médico (que obviamente não está sob influência do estado
puerperal). O médico, portanto, praticou o artigo 121.
A parturiente, tecnicamente, também praticou o homicídio na condição de participe. Mas
isso é uma incoerência, pois, se ela matasse responderia a um crime mais brando
(infanticídio). Para que não haja essa incoerência, a doutrina diz o seguinte:
1ª corrente: parturiente e médico respondem por infanticídio. Aqui a doutrina busca corrigir
a incoerência, mas acaba beneficiando o médico. Essa primeira corrente trabalha com o
monismo (os dois respondem pelo mesmo crime). Corrige a incoerência aplicando um
monismo benéfico para os dois. 
- É a corrente que prevalece. 
2ª corrente: assume que a incoerência só existe em relação à parturiente. Assim, o médico
responde por homicídio, e a parturiente por infanticídio. Essa corrente trabalha com
pluralismo.
Corrige a incoerência aplicando o pluralismo. Não é a corrente que prevalece
Sujeito Passivo
A vítima do infanticídio é o próprio filho nascente ou neo nato. O sujeito passivo também é
próprio. 
Hoje esse sujeito passivo é Bi-Próprio, pois exige condição especial dos dois sujeitos (o que é
raro hoje no CP).
E se a mãe mata outra criança na maternidade, pensando que era sua?
Entende-se que aqui a autora praticou o crime de Infanticídio da mesma forma, pois aqui
aplicamos o Erro sobre a Pessoa (artigo 20, §3º). 
26
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Art. 20, § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não
isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da
vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime
Aqui se trata de um Erro de Tipo Acidental sobre a pessoa. 
E se o filho da parturiente já estivesse morto quando ela matou o filho de outra mãe? 
Se ela tivesse dado a facada no próprio filho, seria um crime impossível (pois já estava
morto). Aqui, todavia, o crime é real. Mas no campo hipotético, trocamos os filhos para
analisar qual é o crime cometido. E, no campo das hipóteses, seria um crime impossível em
razão do mesmo artigo 20, § 3º.
Elementos do Tipo
Versa o artigo 123 do CP:
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após:
a) Matar (o próprio filho)
É um crime de execução livre. Pode ser praticado por ação ou omissão, por meios diretos ou
indiretos.
b) Durante ou logo após o parto
Aqui temos uma circunstância de tempo, o que é importantíssimo. Se foi antes do parto,
temos o aborto. Se foi muito tempo após, temos o homicídio.
Assim, para ser infanticídio, tem que se respeitar essa baliza temporal. Tem que ser
“durante” ou “logo após” o parto.
Até quanto dura o “logo após”? Diante da dificuldade em se considerar o intervalo de
tempo, a jurisprudência entende que haverá o “logo após” enquanto perdurar o estado
puerperal.
c) Estado Puerperal
É imprescindível a relação de causa e efeito entre o estado de desequilíbrio fisio-psiquico e o
crime, pois nem sempre tal estado produz perturbações psíquicas na parturiente.
Estado Puerperal é o estado em que envolve a parturiente durante a expulsão da criança do
ventre materno. Provoca profundas alterações psíquicas e físicas que chegam a transtornar a
mãe, deixando-a sem plenas condições de entender o que está fazendo.
27
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Puerpério é o período que se estende do início do parto até a volta da mulher às condições
pré-gravidez (o MP/RJ perguntou a diferença entre estado puerperal e puerpério).
O artigo 123 fala claramente em “sob a influência”. Assim, não basta que a mãe mate o filho
durante ou logo após o parto, sob influência do Estado Puerperal. É preciso, também, haja
uma relação de causa e efeito entre tal estado e o crime, pois nem sempre ele produz
perturbações psíquicas na parturiente. 
Isso está até na exposição de motivos do Código Penal. O Brasil adotou o critério
fisiopsicológico. 
Essa parturiente que mata o próprio filho sob influência do Estado Puerperal pode sofrer
medida de segurança? Ou seja, pode ser tratada como uma semi-imputável ou inimputável?
A doutrina diz que, dependendo do grau de desequilíbrio fisiopsíquico, ela pode ser tratada
como uma semi ou mesmo uma inimputável e sofrer medida de segurança.
Nucci chega a dizer que o infanticídio é uma forma de semi-inimputabilidade, mas é minoria
absoluta. 
Elemento Subjetivo 
Tem que ser doloso (direto ou eventual). Esse crime não admite a modalidade culposa.
Que crime pratica a mãe que, sob influência do estado puerperal, mata o filho
culposamente? (exemplo, sem querer deita em cima do filho enquanto o amamenta).
Há duas correntes:
1ª corrente.
O fato é atípico, pois mostra-se inviável na hipótese atestar a ausência de prudência normal
em mulher desequilibrada psiquicamente. OU seja, para saber se a mãe foi negligente ou
não, tem que trabalhar com o estado normal de consciência. Quando ela está sob estado
puerperal, não dá pra analisar a eventual negligência de seu comportamento
Corrente Minoritária, adotada por Damásio.
2ª corrente
O Estado Puerperal não elimina a capacidade de diligência normal e esperada do ser
humano, configurando homicídio culposo, influenciando na dosagem da pena somente. É a
corrente adotada por Hungria, Bittencourt, Noronha, e a maioria.
Consumação 
Esse crime se consuma com a morte do nascente ou neo nato. É um crime material (como o
de homicídio).
Admite tentativa, por isso é um crime Plurissubsistente (a execução comporta
fracionamento em vários atos). 
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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Diferença entre Infanticídio e o Abandono de Recém-nascido com o Resultado Morte
Versa o artigo134, § 2º 
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
As diferenças são as seguintes:
Infanticídio (artigo 123) Abandono de recém-nascido com
Resultado Morte (artigo 134, § 2º)
É crime contra a vida. É crime de perigo de vida.
Dolo de Dano (quer matar). Dolo de Perigo (quer expor a risco).
A morte é dolosa. A morte é culposa.
A intenção é matar o próprio filho. A intenção é ocultar desonra própria.
Competência do Júri. Competência comum.
Aborto
O correto é dizer “aborto” ou “abortamento”? O tecnicamente correto é dizer
“abortamento”, que é a ação criminosa. O aborto é o produto (é como chamar o homicídio
29
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
de “cadáver”). Assim, na prova devemos escrever “Aborto”, abrir parênteses, e escrever
“(abortamento)”.
CONCEITO 
É a interrupção da gravidez com a destruição do produto da concepção 
Quando a mulher está grávida?
Não basta haver a fecundação do óvulo. No direito, é necessário que ocorra a Nidação, ou
seja, que o óvulo se fixe nas paredes do útero (para a biologia, bastaria a fecundação)
Que tipo penal pratica a pessoa que anuncia meios abortivos?
O artigo 20 da LCP contempla essa conduta:
Art. 20 - Anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto:
Pena - multa.
É uma infração de menor potencial ofensivo, pois é mera Contravenção Penal
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DE ABORTO
Aborto Natural
É a interrupção espontânea da gravidez. É um indiferente penal (não tem repercussão
alguma no direito penal).
Aborto Acidental
Decorrente de quedas, traumatismos e acidentes em geral. Também é fato atípico.
Aborto Criminoso
Está nos artigos 124 a 127 do CP. 
Aborto Legal (ou Aborto Permitido)
Está no artigo 128 do CP. Suas espécies certamente serão cobradas em concurso por conta
da Lei 12.015/09.
Aborto Miserável (ou Aborto Econômico-Social)
É o praticado por razões de miséria. É crime no Brasil.
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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Aborto “Honoris Causa”
Praticado para interromper gravidez adulterina. É crime da mesma forma. 
Aborto Eugênico (ou Eugenésico)
Praticado em face dos comprovados riscos de que o feto nasça com graves anomalias
psíquicas ou físicas (ex: anencefalia) 
TOPOGRAFIA DO ABORTO CRIMINOSO
No artigo 124 do CP temos a tipificação do auto-aborto ou do consentimento criminoso
Art. 124 - Provocar Aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
No artigo 125 pune-se a provocação do aborto sem consentimento da gestante
Art. 125 - Provocar Aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
No artigo 126 temos a provocação do aborto com consentimento válido da gestante (se for
um consentimento inválido, responde pelo artigo 125).
Art. 126 - Provocar Aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM SEU CONSENTIMENTO
Versa o artigo 124 do CP:
Art. 124 - Provocar Aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Sujeito Ativo
É a gestante, seja porque ela praticou a manobra abortiva nela mesma, seja porque
consentiu que outro a provoque. Logo, o delito não é comum, pois exige condição especial
do agente.
Mas é um Crime Próprio ou Crime de Mão Própria?
Diferenças entre crime comum, próprio e de mão-própria.
Crime Comum Não exige condição
especial do agente.
Admite co-autoria e
participação.
Crime Próprio Exige condição especial do
agente.
Admite co-autoria e
participação.
31
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Crime de Mão Própria Exige condição especial do
agente.
Só admite participação (e
nunca co-autoria).
Temos duas correntes:
1ª Corrente (Luiz Régis Prado)
Trata-se de Crime Próprio, admitindo co-autoria. Porém o executor responde pelo artigo 126
do CP (exceção pluralista à teoria monista). Há co-autoria, mas cada um dos concorrentes
respondem por um crime em especial.
2ª corrente (Cezar Roberto Bittencourt)
Trata-se de Crime de Mão Própria, não admitindo co-autoria. A gestante responde pelo
artigo 124, e o terceiro provocador pelo artigo 126, cada um na condição de autor. 
Na prática, essa diferença não trará nenhuma repercussão de interesse, portanto não há
uma discussão jurisprudencial sobre isso. 
Sujeito Passivo (Vítima)
Há duas correntes sobre quem seria o sujeito passivo do artigo 124 do CP. 
1ª corrente
Não sendo o Feto titular de direitos, salvo aqueles expressamente previstos na lei civil, o
sujeito passivo é apenas o Estado.
2ª corrente – prevalece na doutrina
O sujeito passivo é o produto da concepção (Feto). É a corrente que prevalece.
Essa discussão só teria algum interesse prático no caso de gravidez de gêmeos. Se adotamos
a primeira corrente, o crime é um só. Se adotamos a segunda corrente, teríamos pluralidade
de crimes num concurso formal de delitos.
Conduta
O artigo 124 pune duas condutas criminosas: o auto-aborto (a gestante pratica nela mesma
as manobras abortivas, não importando o meio); e o consentimento para que outrem
provoque o aborto.
O terceiro provocador responde pelo artigo 126 do CP. 
Obviamente, se a gestante tinha gravidez psicológica, trata-se de crime impossível (tentativa
inidônea).
Elemento Subjetivo
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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
O crime é punido somente a título de dolo, direto ou eventual. Um exemplo dado por Nelson
Hungria do dolo eventual é a gestante suicida.
Se a vontade da gestante é acelerar o parto, e não fazer o abortamento, o crime não é de
aborto, mesmo que o feto morra. A vontade, para que o aborto seja punido, tem que ser a
de interromper a gravidez, e não acelerar o parto.
Consumação 
O crime do artigo 124 é material, portanto se consuma com a morte do feto. E não importa
se a morte ocorra dentro ou fora do ventre, desde que em decorrência das manobras
abortivas.
O crime se consuma com a morte do feto, pouco importando se esta ocorre dentro ou fora
do ventre materno, desde que decorrente das manobras abortivas. 
Esse crime admite tentativa (logo, é crime plurissubsistente).
Situações Concretas
a) A gestante toma o remédio e o feto é expelido já sem vida.
Pratica o aborto.
b) A gestante toma o remédio, o feto é expelido com vida, mas morre em seguida.
Pratica o aborto. A criança morreu fora, mas em razão do remédio.
c) A gestante toma o remédio e o feto é expelido com vida. Diante disso, ela pega uma faca
e mata o neo nato
Não é caso de aborto, pois não morreu em razão das manobras abortivas. A gestante
renovou a execução quando já não havia mais vida intrauterina.
Portanto, ela responderá por homicídio (tem doutrina que diz que pode ser também por
infanticídio, dependendo do estado puerperal – o professor não concorda porque aqui a
mãe já queria matar antes do estado puerperal) e a tentativa de aborto ficará absorvida para
a maioria.
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO
Versa o artigo 125 do CP:
Art. 125 - Provocar Aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
É a forma mais grave de aborto. E é a única inafiançável. 
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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Sujeito Ativo
Qualquer pessoa pode praticar esse crime (e não, obviamente, apenas pessoas da medicina).
Trata-se de delito comum.
Sujeito Passivo
Aqui nós temos duas vítimas: a gestante e o feto. Portanto, estamos diante de um crime de
dupla subjetividade passiva
Conduta
O artigo 125 pune uma conduta:interromper a gravidez sem consentimento da gestante.
O dissenso pode ser:
a) Real, quando a gestante efetivamente não consente.
b) Presumido, quando a lei desconsidera o consentimento da gestante, seja em face da sua
condição pessoal, seja em razão do meio empregado para obtê-lo (artigo 126, parágrafo
único, do CP).
Obs.: Para responder pelo artigo 125 o provocador do aborto tem que saber que o seu
consentimento não é válido (menor de 14 anos, é alienada, etc.). Essas circunstâncias têm
que fazer parte do dolo do agente. Se ele desconhece essas circunstâncias (do parágrafo
único do artigo 126), responde pelo artigo 126, caput.
Elemento Subjetivo
O crime é punido a título de Dolo (direto ou eventual).
Quem desfere violento pontapé no ventre de mulher sabidamente grávida pratica crime de
aborto previsto no artigo 125. 
Obs.: Quem quer matar uma mulher sabidamente grávida responde pelos crimes de
Homicídio e Aborto, em concurso formal de crimes. 
Consumação
É um crime material, pois se consuma com a morte do feto.
Admite tentativa, é claro. 
ABORTO CONSENTIDO PELA GESTANTE
Versa o artigo 126 do CP:
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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Art. 126 - Provocar Aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
O consentimento tem que ser válido. E esse crime admite até suspensão do processo. 
Sujeito Ativo
Trata-se de crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa.
Sujeito Passivo
Aqui a gestante obviamente não é vítima (ela responderá pelo artigo 124). Somente o FETO
é a vítima do artigo 126.
Conduta
É interromper a gravidez com o consentimento VÁLIDO da gestante. Se inválido, o autor
responde pelo artigo 125 do CP (com pena de 3 a 10 anos).
Se a gestante consente, no meio do processo se arrepende, e o terceiro provocador não pára
o aborto?
Se a gestante se arrepender no meio do procedimento e o terceiro provocador continuar,
ele responderá pelo artigo 125.
Elemento Subjetivo
O crime é punido a título de Dolo (direto ou eventual).
Consumação
É um crime material, pois se consuma com a morte do feto. Admite tentativa, é claro. 
Casos Concretos
a) Se o namorado convence a namorada a praticar aborto. Que crime cada um comete?
A namorada responde pelo artigo 124, e o namorado pelo 124 na condição de partícipe.
b) Namorado transporta a namorada para a clínica de aborto. 
A namorada responde pelo artigo 124, e o namorado também pelo 124 na condição de
partícipe.
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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
c) Namorado paga terceiro provocador para realizar o abortamento consentido na
namorada.
A namorada pratica o crime o artigo 124 (ela consentiu). O terceiro provocado, pelo artigo
126. 
E, pela jurisprudência, o namorado é partícipe do artigo 126. Na verdade, ele participou dos
dois (do consentimento e da provocação). Assim, resolve-se o conflito pelo crime mais grave.
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
Apesar de falar de “forma qualificada”, o artigo 127 traz majorantes (causas de aumento de
pena).
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se,
em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão
corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a
morte.
Majorantes
a) Gestante sofre lesão grave.
b) Gestante morre.
A majorante só tem incidência no artigo 125 e 126. Essas majorantes não se aplica no artigo
124 porque o direito penal não pune a auto-lesão. Por isso são exclusivas do terceiro
provocador. 
E o partícipe do artigo 124, responde pela majorante?
O artigo 127 é claro ao dizer que só estão abrangidos os artigos 125 e 126. Não contempla os
partícipes do artigo 124. 
Resultados Culposos
Em ambas as figuras estão presentes o Preterdolo.
Esses resultados Lesão Grave e Morte são CULPOSOS. Aqui temos majorantes preterdolosas
ou preter-intencional .
Há dolo no aborto e culpa na morte ou lesão grave.
Para incidir a majorante é necessária a morte do feto?
O artigo 127 nem sempre pressupõe o abortamento. O abortamento é dispensável. A
majorante se aplica mesmo que não interrompa a gravidez. 
Tanto é assim que o dispositivo fala “em conseqüência do aborto ou dos meios empregados
para provocá-lo”.
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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
O agente, durante as manobras abortivas, mata culposamente a gestante, mas sem
conseguir interromper a gravidez. Que crime ele praticou?
Há duas correntes:
1ª corrente
O agente responde por aborto majorado consumado, pois trata-se de figura preterdolosa
não admitindo tentativa.
Essa primeira corrente faz exatamente o mesmo raciocínio que o STF fez para o latrocínio,
culminando com a súmula 610 (“Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma,
ainda que não se realize o agente a subtração de bens da vítima”).
O abortamento é consumado, ainda que o aborto esteja frustrado, desde que a morte esteja
consumada. “Há crime de aborto, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize
o agente o abortamento do feto” (adaptação pessoal da súmula 610).
2ª corrente – é a que prevalece
Responde por aborto majorado tentado. Apesar de preterdolosa, a infração admite tentativa
quando a parte frustrada for dolosa. 
O aborto é a parte dolosa, e o dolo admite tentativa. O que não poderia admitir tentativa é a
parte culposa do crime, que é a morte (ou lesão grave). 
É a majoritária.
ABORTAMENTOS LEGAIS (OU ABORTAMENTOS PERMITIDOS)
Versa o artigo 128 do CP:
Art. 128 - Não se pune o Aborto praticado por médico:
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
II - se a gravidez resulta de estupro e o Aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Há duas hipóteses de aborto permitido: aborto necessário (ou terapêutico) e o aborto
sentimental (humanitário ou ético).
Natureza Jurídica
Há duas correntes sobre a natureza jurídica.
1ª corrente – é a que prevalece
São hipóteses especiais de excludentes de antijuridicidade. O inciso I nada mais é do que um
estado de necessidade especial, e o inciso II é uma hipótese especial de exercício regular de
direito.
Portanto, são duas hipóteses especiais de excludentes da antijuridicidade.
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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
2ª corrente (LFG)
Afirma que o inciso I é uma hipótese especial de descriminante (excludente da
antijuridicidade). Já o inciso II é hipótese de atipicidade. 
E diz-se que é hipótese de atipicidade porque trabalha com Tipicidade Conglobante. Aqui, o
exercício regular de direito deixa de excluir a ilicitude para excluir a tipicidade.
Quem é adepto da tipicidade conglobante deve adotar essa segunda corrente
Aborto Necessário (Inciso I)
Art. 128 - Não se pune o Aborto praticado por médico:
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Requisitos:
a) Tem que ser praticado por médico;
b) Salvar vida da gestante;
c) Inevitabilidade do meio.
Era o único meio de salvar a vida da gestante.
E se foi praticado por enfermeira, e não por médico?
Não se aplica o artigo 128 (que fala de médico). Mas o enfermeiro não responde pelo crime
alegando Estado de Necessidade (artigo 24 do CP).
Primeira Observação
Dispensa consentimento da gestante. 
Segunda Observação
Dispensa autorização Judicial (até porque juiz não sabe mais que o médico sobre isso).
Aborto Sentimental (Inciso II)
Art. 128 - Não se pune o Aborto praticado por médico:
II - se a gravidez resulta de estupro e o Aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Requisitos
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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
a) Tem que ser praticado pormédico;
b) Gravidez resultante de estupro – não se aplica mais a analogia que teria que ser usada
para o AVP, pois existe previsão expressa;
c) Consentimento da gestante ou representante legal.
E se foi praticado por Enfermeira?
O artigo 128 continua não podendo ser aplicado (exclusivo para médico). E aqui o
enfermeiro praticará o crime de aborto, pois não cabe nenhuma das excludentes do artigo
24.
Dispensa autorização judicial. Dispensa, também, a condenação pelo estupro. Se tiver que
esperar a condenação pelo estupro, o feto já teria nascido.
Há jurisprudência do STF exigindo BO. Mas a lei não exige nada disso. O médico tem que ser
o mais formalista possível (seja um BO, uma declaração em cartório, etc.), mas a lei não faz
essa exigência
ABORTAMENTO EUGÊNICO
Aqui vamos estudar a questão do abortamento do feto anencefálico. 
Anecéfalo é o embrião, feto ou recém-nascido que, por malformação congênita, não possui
uma parte do sistema nervoso central, ou melhor, faltam-lhe os hemisférios cerebrais e tem
uma parcela do tronco encefálico. 
O abortamento anencefálico se refere a um feto com essas características. Esse
abortamento é crime ou é permitido?
Aqui seguiremos três ângulos para a resposta. O que diz a lei, o que diz a doutrina e como se
posiciona a jurisprudência.
De acordo com a Lei
De acordo com a Lei, o abortamento de feto anencefálico é crime. Não está autorizado pelo
artigo 128 do CP. Entre as permissões do artigo 128 não há o abortamento do feto
anencefálico.
A exposição de motivos do CP também anuncia ser crime. Isso foi discutido em 1940, voltou
a ser discutido em 1984 e, em ambas as oportunidades, esse abortamento não foi acolhido.
Há projeto de lei permitindo. Mas ainda é mero projeto de lei (“de lege ferenda”)
De acordo com a Doutrina
A doutrina enxerga aqui uma hipótese de exclusão da culpabilidade. É um caso de
inexigibilidade de conduta diversa. 
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Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Cezar Roberto Bittencourt defende essa posição, mas diz que é dirimente exclusiva da
gestante. Segundo ele, apenas a gestante pode se aproveitar dessa excludente de
culpabilidade, não se estendendo ao médico. 
A doutrina diz que feto anencefálico não tem vida intra-uterina. Não morre juridicamente.
Aqui a doutrina está ligando “vida” à atividade encefálica. O feto anencefálico juridicamente
nunca tem vida, portanto não pode ser “matado”.
Para doutrina a questão diz respeito à saúde e direito da mulher, e não da coletividade ou
do próprio Estado. 
Jurisprudência
A jurisprudência tem permitido Aborto Eugênico, do qual o anencefálico é espécie, desde
que haja os seguintes requisitos:
a) Somente no caso de anomalias que inviabilizam a vida extra-uterina.
b) Deve a Anomalia estar devidamente atestada em Perícia.
c) Prova do dano psicológico da Gestante.
Tratam-se de requisitos cumulativos. 
O STF foi chamado a se manifestar na ADPF no 54 e vem promovendo audiências publicas
para decidir se deve ou não autorizar esse tipo de aborto.
Nessa ADPF, Marco Aurélio de Mello faz a seguinte observação: “Diante de uma deformação
irreversível do Feto, há de se lançar mão dos avanços médicos tecnológicos, postos à
disposição da humanidade não para simples inserção, no dia a dia, de sentimentos mórbidos
mas, justamente, para fazê-los cessar”.
O professor aconselha a, a princípio, não tomar posição e usar os argumentos
para explicar as posições. 
Direito Positivo Doutrina Jurisprudência
Não é permitido. Bitencourt ensina poder configurar
causa supralegal de exclusão da
culpabilidade.
Admite quando presentes os
seguintes requisitos: a) a anomalia
que inviabiliza a vida fora do
ventre; b) anomalia prestada em
perícia médica; c) prova do dano
psicológico da gestante.
Existe projeto de lei autorizando. O feto não tem vida jurídica.
A exposição de motivos do CP
trata-se de crime.
A questão é de saúde individual da
gestante e não do Estado.
Lesão Corporal
BEM JURÍDICO TUTELADO
É um crime complicado de estudar. Costuma-se dizer que o bem jurídico tutelado é a
Integridade Física. Mas isso ignora a saúde fisiológica e a saúde mental do indivíduo.
40
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Segundo o artigo 129 do CP, o bem jurídico tutelado é a incolumidade pessoal do indivíduo.
Isso protege o indivíduo na sua saúde corporal (física), fisiológica e na saúde mental,
segundo a própria exposição de motivos do CP 
Não podemos confundir o crime de lesão corporal com a contravenção penal de vias de fato.
Nesta não existe (e se quer é a intenção do agente) qualquer dano à incolumidade física da
vítima. Exemplo: empurrão, puxão de orelha, etc.
(*o professor vai pular os crimes de Omissão de Socorro e Rixa, que devemos estudar em
casa, por nossa conta)
TOPOGRAFIA DA LESÃO CORPORAL
No artigo 129 temos a Lesão Corporal Leve. No § 1º temos a Lesão Corporal Grave. E nesse
mesmo § 1º há figuras preterdolosas (o preterdolo na lesão corporal não está apenas na
lesão seguida de morte).
O artigo 129 § 2º traz a lesão corporal gravíssima e também tem figuras preterdolosas. 
No artigo 129, § 3º, há a lesão seguida de morte, que é o crime preterdoloso genuinamente
falando (conhecida como “homicídio preterdoloso”).
Os §§ 4º e 5º nada mais são do que privilégios. O §6º traz a lesão culposa, o §7º as
majorantes, o §8º o perdão judicial e os §§ 9º, 10, e 11 trata da Violência Doméstica e
Familiar.
ANÁLISE GERAL DA LESÃO CORPORAL
Sujeito Ativo
O sujeito ativo da lesão corporal é qualquer pessoa. Trata-se de um crime comum. 
E quando o sujeito ativo é Policial Militar, que crime ele pratica?
Quando se trata de Policial Militar, ele responderá por dois crimes. Responderá por Abuso
de Autoridade e também por lesão corporal.
De quem é a competência para julgar o Policial Militar?
O abuso de autoridade é crime comum (é previsto em legislação comum). A lesão corporal,
por outro lado, é um crime militar impróprio. Assim, ocorrerá separação de processos. O
abuso de autoridade é julgado na justiça comum e a lesão corporal é julgada na justiça
militar. 
Isso está na Súmula 172 do STJ:
STJ. Súmula 172 - Compete à Justiça Federal processar e julgar militar por crime de abuso de
autoridade, ainda que praticado em serviço.
41
Intensivo II – Direito Penal Especial – LFG
Sujeito Passivo
O sujeito passivo, em regra, é comum. Mas temos duas exceções, em que o sujeito passivo é
próprio.
Será próprio no artigo 129, §1º, IV (aceleração de parto) e §2º, V (aborto), em que a vítima
necessariamente é gestante. 
Obs.: O crime é causar lesão à incolumidade pessoal de outrem, até porque o direito penal
não pune a auto-lesão.
E se eu convenço um doente mental a praticar lesão nele mesmo?
Aqui eu pratico Lesão Corporal, na condição de autor mediato. 
E se, ao desviar de um soco, eu escorrego, caio e fraturo um braço? Quem ia me bater
responde pelo crime mesmo não me acertando?
SIM. A queda nada mais é do que uma concausa relativamente independente,
superveniente, que não por si só produziu o resultado. Portanto, o agressor responde pela
fratura do braço. Imputa-se o resultado ao agressor pelo artigo 13, §1º, a contrario sensu.
Elementos do Tipo
O artigo 129 pune “ofender a incolumidade pessoal do ofendido”. Trata-se de delito de
execução livre. Pode, portanto, ser praticado por ação ou omissão. 
É crime provocar a enfermidade ou agravar enfermidade que já existe. Assim, é lesão
provocar o ferimento ou agravar o que já existia.
A dor é dispensável. E já se considerou lesão corporal provocar um desmaio.
Corte de cabelo não consentido é crime?
Tem autor dizendo que é lesão corporal, injúria real

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