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Princípios Gerais dos Contratos A validade do contrato exige acordo de vontades, agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei. Incidem sobre os contratos três princípios básicos: a) Autonomia da vontade: significa a liberdade das partes de contratar, de escolher o tipo e o objeto do contrato e de dispor o conteúdo contratual de acordo com os interesses a serem auto-regulados. b) Supremacia da ordem pública: significa que a autonomia da vontade é relativa, sujeita à lei e aos princípios da moral e da ordem pública. c) Obrigatoriedade do contrato: significa que o contrato faz lei entre as partes. Dever da veracidade, pacta sunt servanda. Os contratos devem ser cumpridos“Ninguém é obrigado a tratar, mas se o faz, é obrigado a cumprir”. “Pode calar-se ou falar. Mas se fala, e falando promete, a lei o constrange a cumprir tal promessa”. Não pode ser objeto de contrato herança de pessoa viva. O distrato faz pela mesma forma que o contrato. 4. Função Social do Contrato Da mesma forma que constitucionalmente previsto para a propriedade, a"liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato" (art. 421, CC-02). Trata-se, sem sombra de dúvida, do princípio básico que deve reger todo o ordenamento normativo no que diz respeito à matéria contratual. O contrato, embora aprioristicamente se refira somente às partes pactuantes (relatividade subjetiva), também gera repercussões e - por que não dizer? – deveres jurídicos para terceiros, além da própria sociedade, de forma difusa. É importante ressaltar, na esteira do insuperável Orlando Gomes quando comentava a função social da propriedade, a autonomia do princípio da função social lá da propriedade, aqui do contrato); pois não se constitui em simples limitação normativa, mas sim da própria razão de ser de todas as outras regras contratuais, que devem gravitar em torno de si, o que justifica a utilização das expressões "razão e "limite" do já mencionado dispositivo legal. 5. Boa-Fé Objetiva O Código Civil brasileiro também consagrou como princípio básico regente da matéria contratual, a boa-fé objetiva. Revista Virtual Direito Brasil – Volume 2 – nº 2 – 2008 É o que se extrai do novel artigo 422, que preceitua: "Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé." A boa-fé que se procura preservar, prestigiando-se no texto legal, é a objetiva, entendida essa como a exigível do homem mediano, numa aplicação específica do critério do "reazonable man", do sistema norte-americano. Não se trata, portanto, da boa-fé subjetiva, tão cara aos Direitos Reais, na Forma do artigo 1.201 do CC-02. Destaque-se que, nesse aspecto, o Código Civil pode ser considerado mais explícito, no prestígio à boa- fé, que o próprio Código de Defesa do Consumidor, UMADAS LEIS MAIS AVANÇADAS DO PAÍS, que consagra, indubitavelmente, o instituto,mas não dessa forma tão expressa e genérica. Vícios Redibitórios A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. O adquirente pode no lugar de rejeitar a coisa, redibindo o contrato reclamar abatimento no preço. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido,vmais as despesas do contrato. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva. Se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. Evicção A evicção é a perda total, ou parcial, da coisa pelo adquirente, por força de decisão judicial baseada em causa preexistente a contrato. A jurisprudência tem reconhecido a evicção mesmo quando a perda da coisa não foi ocasionada por decisão judicial, mas por outro motivo, como apreensão judicial, alfandegária ou administrativa. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: a) à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; b) à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; c) às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. CONTRATOS EM ESPÉCIE I – DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA (arts 481 a 532 CC) 1. Definição Contrato pelo qual uma pessoa se obriga a transferir a propriedade de um certo objeto a outra, mediante recebimento de soma em dinheiro, denominada preço. 2. Partes Vendedor e comprador 4. Caracteres jurídicos TIPICO ARTS 481 A 532 CONSENSUAL OU FORMA ONEROSOS BILATERAIS PRE ESTIMADO OU ALEATORIO EXECUÇAO IMEDIATA OU FUTURA 5. Elementos Objeto, preço e consentimento – res, pretium, consensus Objeto bem suscetível de alienação no comércio, passível de ser vendido e adquirido Preço – caracteriza a compra e venda diferenciando-a da troca, em principio em dinheiro, mas admissível dação em pagamento –substituição por outra coisa. Preço – deve ser sério. Ex: se vendido por 1 real será doação e não venda-simulação art. 167-nulidade Consentimento - livre 12. Cláusulas especiais Não são comuns, mas podem ocorrer de forma extraordinária, devendo sempre ser pactuada por expresso A- Retrovenda Cláusula pela qual o vendedor se reserva o direito de readquirir a coisa do comprador restituindo-lhe o preço mais despesas Só é válida, segundo o Código Civil se o objeto do contrato for imóvel Prazo de validade de 3 anos, sob pena de se considerar não escrito o tempo que ultrapassá- lo Se o comprador se recusar a revender o vendedor poderá depositar a quantia judicialmente O vendedor poderá ceder seu direito de retrato a terceiros e transmiti-lo via hereditária a herdeiros e legatários Se o comprador dispuser da coisa alienando-a ou transmitindo-a a terceiros poderá o vendedor agir contra esses desde que a cláusula esteja averbada junto a matrícula do imóvel B-Venda a contento Contrato subordinado à condição de ficar desfeito se a coisa objeto do contrato não for do agrado do comprador Deve ser sempre expressa para ter validade A venda só se reputa celebrado se o comprador aprovar a coisa, isto não impede que a coisa seja entregue de imediato O comprador que recebe a coisa será considerado comodatário – empréstimo gratuito de coisas infungíveis- ate que se manifeste aceitando-a ou não Prazo para que se manifeste deve ser fixado no contrato, em sua faltapoderá intimar o comprador judicialmente ou não para que exerça seu direito em prazo determinado pelo vendedor Vencido o prazo o comprador será constituído em mora, respondendo pelos danos que sofrer a coisa. CDC – em todo contrato celebrado fora do estabelecimento comercial o comprador terá o prazo de 7 dias contados do recebimento para se arrepender e restituir o produto recebendo seu dinheiro de volta. C – Venda sujeita a prova Modalidade da venda sujeita a contento Contrato se reputa celebrado depois que o comprador comprovar que a coisa tem as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja adequada para a finalidade a que destina É mais restrita que a venda a contento a rejeição só será possível se a coisa não possuir as qualidades asseguradas pelo vendedor ou não for finalidade para que se destina Na venda a contento basta que o produto não seja de seu agrado Aplica-se as mesmas disposições da venda a contento. D- Preempção ou preferência Cláusula pelo qual o comprador se compromete a oferecer a coisa ao vendedor se algum dia resolver vendê-la Deve ser pactuada por expresso e o vendedor só terá direito se pagar o preço exigido pelo comprador Prazo imóvel – 60 dias Móvel - 3 dias Findo o prazo estará livre o vendedor Partes podem fixar prazo maior não superior a 180 dias para móvel e 2 anos para imóvel E – Reserva de domínio Cláusula que garante ao vendedor a propriedade da coisa móvel já entregue ao comprador até o pagamento total do preço Apesar de já entregue a coisa o vendedor continua seu dono, comum nas vendas a prazo Só para móveis Para que possa agir contra terceiros adquirentes deve ser o contrato registrado no domicílio do comprador – no cartório de títulos e documentos Ex: Bruno comprou TV de Paulo com cláusula de reserva de domínio: o objeto deverá ser individualizado a fim de que não se confunda com outros congêneres se houver dúvida e o bem for vendido a dúvida beneficiará o novo comprador Entregue a coisa responde o comprador por todos os danos que sofrer exceção ao res perit domino Não paga a dívida poderá o vendedor executar a cls exigindo a restituição da coisa e restituindo o comprador as parcelas já pagas descontados os prejuízos advindos do inadimplemento alem da deterioração da coisa Pode ser que não haja nada a substituir e mais que tenha que ser paga indenização Para tal precisará o vendedor constituir o comprador em mora interpelando-o judicialmente ou protestando o título O vendedor poderá em vez de resolver o contrato executar o contrato para exigir as prestações não pagas F- Venda sobre documentos O contrato é executado mediante a entrega de documentos que representam a coisa, ou seja, tradição simbólica da coisa DO MANDATO (arts 653 e ss) Mandato é espécie de representação. Haverá representação todas as vezes que uma pessoa for incumbida de realizar declaração de vontade em seu lugar. Há três espécies de representação: legal, convencional e judicial. A representação legal é decorrente de lei. A lei impõe aos pais a representação de seus filhos incapazes, ao tutor do pupilo e ao curador do curatelado. A representação contratual ou convencional decorre de contrato de mandato. A noção de representação tem que estar presente no contrato. Se no consentimento não estiver a representação se configura locação de serviços e não representação. No mandato, o mandatário age em nome do mandante. Na locação de serviços o contratado age em nome próprio. Representação engloba a pratica de atos e a administração de interesses 2.Conceito e Características Gerais: Mandato é o contrato pelo qual alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. O mandato é uma representação convencional. O representante pratica atos que dão origem a direitos e obrigações que repercutem na esfera jurídica do representado. O mandatário age em nome e por conta do mandante. O mandante contrai as obrigações e adquire os direitos decorrentes do ato do mandatário como se os tivesse contraído e adquirido pessoalmente. O mandato possibilita que uma pessoa que não possa ou não saiba realizar determinado ato negocial que o realize por meio de outra pessoa. Consenso: é imprescindível a idéia de representatividade. A representatividade estabelece um liame obrigacional entre o representado e terceira pessoa por meio do representante. O mandatário é representante por vontade do representado (representação convencional). Por ser representação, os atos do representante que contrariem as instruções recebidas só vincularão o representado se praticados em seu nome dentro dos limites do instrumento, isto é, conforme os poderes constantes da procuração. Se o mandatário efetuar atos negociais fora dos poderes conferidos pelo mandato, tais atos só serão responsabilizados pelos mandante se ele os ratificar. Da mesma forma os atos praticados após a extinção do mandato. O mandatário que exceder os poderes do mandato responde perante os terceiros. 3.Caracteres jurídicos a. Típico: está tipificado no Código civil- arts. 653 e ss. b. Consensual: é considerado celebrado pelo mero consenso entre as partes. c. Presume-se Gratuito, mas pode ser oneroso: Será oneroso se houver estipulação expressa ou seu objeto for profissão do mandatário. Ver 658 Será gratuito nos demais casos. Assim, se o objeto do mandato não for profissão do mandatário será presumidamente gratuito. d. Bilateral: gera obrigações e deveres tanto para o mandante como para o mandatário. Mesmo que o mandato seja gratuito, o mandante terá sempre duas obrigações: responder pelas obrigações licitamente assumidas pelo mandatário e facilitar a execução do mandato. e. De Execução Futura: é celebrado em um momento e executado em outro. f. Intuitu personae: é celebrado com base na mútua confiança dos contratantes Mandante: o mandante deverá ser habilitado para os atos da vida civil. Se for absolutamente incapaz não poderá celebrar mandato, uma vez que a lei já prevê a representação legal. Os relativamente incapazes poderão outorgar mandato desde que devidamente assistidos pelo representante legal, mesmo assistidos, a procuração deverá ser feita por instrumento público. O analfabeto também terá que se valer da procuração por instrumento público por não possuir firma, já que não pode assinar. O art. 654 do CC prevê que todas as pessoas maiores ou emancipadas, no gozo dos direitos civis são aptas a dar procuração por instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante. Mandatário: Maior de 16 e menor de 18 pode ser mandatário, 666 O fundamento para que o relativamente incapaz pode ser mandatário reside no fato de que a capacidade do mandatário pouco importa para a execução do mandato, uma vez que quem sairá perdendo será o próprio mandante e não o incapaz. Porém, o mandante não terá ação contra o mandatário relativamente incapaz, se este lhe causar prejuízo. O mandante assume as consequências do ato de nomear mandatário relativamente incapaz. Quanto aos cônjuges, nenhuma restrição há em que sejam procuradores um do outro. Aceitação: O mandato é um contrato consensual. Assim, para que seja reputado celebrado deve haver o acordo de vontades. Assim, ele só se considerará celebrado se o mandatário aceitá-lo. A aceitação pode ser expressa, tácita ou presumida. A aceitaçãoexpressa pode ser verbal ou escrita. Na prática, na maioria das vezes é verbal. São raras as ocasiões em que há aceitação escrita. Deveres do mandatário: 1. dar execução ao mandato empregando a diligência habitual, ou seja, deve prestar a mesma diligência que empregaria se o negócio lhe pertencesse. 2. Executar o mandato em nome do mandante e nos limites dos poderes conferidos 3. Manter o mandante informado de tudo o que se passa com os negócios (responsabilidades assumidas e vantagens percebidas) sempre que solicitado. 4. Indenizar o mandante de qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer. Substabelecimento é a substituição do mandatário por outrem na execução do mandato. O instrumento de mandato pode permitir o substabelecimento, proibir ou ser silente a este respeito. Se o mandato for silente, nem permite nem proíbe, e o mandatário substabelecer, responderá pessoalmente pelos prejuízos se houver culpa do substituto. Se o mandato proibir o substabelecimento e o mandatário assim mesmo o realizar, responderá por todo e qualquer prejuízo causado pelo substituto, ainda que fortuito. Terá direito de regresso contra o substituto se houver culpa. Se o mandato permitir o substabelecimento o mandatário só será responsável pela culpa in eligendo, isto é, se escolheu mal. 5. Apresentar o instrumento de mandato às pessoas com quem tratar em nome do mandante, sob pena de responder a elas qualquer ato exorbitante dos poderes conferidos. 6. enviar ao mandante as somas recebidas em função do mandato. Se o mandatário empregar as somas recebidas em proveito próprio, deverá ressarcir juros. 7. Não compensar os prejuízos que der causa com os proveitos que tiver auferido ao mandante. 8. Concluir o negócio já iniciado no caso de morte do mandante se a demora implicar prejuízo. 9. Representar o mandante nos 15 dias seguintes à notificação de sua renúncia ao mandato judicial, para evitar-lhe prejuízo 10. Entregar ao novo mandatário, em caso de renúncia, os bens do mandante que estavam em seu poder. 11. Obrigações do mandante: 1. Remunerar os serviços do mandatário quando assim ficar convencionado ou quando o objeto do mandato for a profissão do mandatário. 2. fornecer os meios para a execução do mandato. Despesas. As partes podem convencionar livremente se as despesas serão adiantadas ou reembolsadas. No silêncio, se o mandatário quiser o adiantamento terá que requerer ao mandante. Se ele não adiantar os valores o mandatário não é obrigado a praticar o ato e pode inclusive renunciar ao mandato. Se o mandatário cobrir as despesas terá direito ao reembolso do valor acrescido de juros a partir do momento do reembolso independente de notificação. 3. Se o mandatário fizer despesas excessivas só será ressarcido do valor médio, necessário. O mandatário poderá exercer o direito de retenção do objeto do mandato até o reembolso desde que a despesa efetuada fosse necessária à execução do mandatário. 4. Indenizar o mandatário dos prejuízos sofridos, desde que não haja culpa dele. Conceito: locação é o contrato que se destina a proporcionar a alguém o uso e gozo temporários de uma coisa infungível, mediante contraprestação pecuniária. Destaca-se que a locação só existe para coisas, e não para serviços, empreitada etc. Natureza Jurídica: é contrato bilateral e sinalagmático, envolvendo prestações recíprocas, admitindo a exceptio no adimpleti contratus (art. 476, CC). É oneroso, sob pena de se transformar em comodato. É consensual, pois existe um acordo de vontades. Não é contrato real, pois não exige a tradição para o seu aperfeiçoamento, sendo essa necessária apenas na fase de execução ou cumprimento. Não tem caráter personalíssimo, nem para o locador nem para o locatário, pois admite cessão e sublocação, e não se extingue com a morte. Logicamente, o caráter personalíssimo pode ser convencionado. É comutativo, pois a prestações são certas e não aleatórias. É não solene, pois a forma é livre. Atenção: para se convencionar uma garantia (ex: fiança), é necessária a forma escrita. É de trato sucessivo ou de execução continuada, pois se prolonga no tempo. Elementos do contrato de locação: objeto, preço e consentimento. Objeto: pode ser coisa móvel ou imóvel. A coisa móvel deve ser infungível, sob pena de ser contrato de mútuo. Pode ser fungível quando o uso for cedido, por certo prazo e aluguel, ad pompam et ostentationem (ornamentação). Como envolve retorno da coisa, não pode ser objeto coisa móvel consumível (ex: energia) nem as que se exaurem progressivamente (ex: pedreira). A cláusula de inalienabilidade não impede a locação. Pode ser objeto de locação bens incorpóreos ou direitos (ex: patente, marca, usufruto e servidões prediais etc). O aluguel pode envolver um bem inteiro ou uma fração (ex: parede para fixação de cartaz) e se nada estipular em contrário, o aluguel abrange os acessórios. Coisas comuns também podem ser alugadas, desde que por deliberação da maioria (art. 1323, CC). A locação de imóveis urbanos é regida pela Lei n.º 8245/91 e de imóveis rurais pelo Estatuto da Terra (Lei n.º 4.504/64). Preço: denomina-se aluguel ou remuneração, e é essencial ao negócio, sob pena de configurar-se comodato. Pode ser convencionado pelas partes, arbitramento administrativo ou judicial, ou por ato governamental (ex: taxis). Não pode ser deixado ao arbítrio de uma das partes. Se estipulado em valor ínfimo, descaracterizará o contrato. O pagamento deve ser feito em dinheiro, mas pode ser misto (ex: frutos, benfeitorias etc), mas não pode ser feito totalmente em frutos ou produtos, sob pena de transmudar-se em contrato inominado. O pagamento pode ser feito em parcelas ou de uma só vez, para todo o período (ex: aluguel por temporada). Não pode ser feito em moeda estrangeira, nem vinculado à variação cambial ou ao salário mínimo. Em regra, a obrigação locatícia é quesível, sendo paga no domicílio do locatário (art. 327, CC), mas é possível a convenção, transformando-se a obrigação em portable. Na locação de imóveis urbanos o pagamento se faz, em regra, no imóvel locado, quando outro local não tiver sido convencionado. O preço é devido mesmo que a coisa não esteja sendo efetivamente usada. Consentimento: pode ser expresso ou tácito. Não precisa ser proprietário para alugar, a simples posse jurídica autoriza o aluguel (ex: administrador, inventariante, usufrutuário, pais, representantes, credor anticrético etc). O condômino não pode, sozinho, dar em locação coisa comum (nem mesmo parte dela), sem o consentimento dos outros (maioria, art. 1323, CC). O CC não estipula prazo, mas a Lei n.º 8245/91, exige vênia conjugal nos prazos superiores a 10 anos. Obrigações do Locador (art. 566, CC): são 3 espécies de obrigações: 1) Entregar ao locatário a coisa alugada (inciso I): a não entrega caracteriza inadimplência do locador e autoriza a resolução do contrato, bem como perdas e danos. A entrega deve envolver as pertenças (bens afetados por forma duradoura ao serviço ou ornamentação). O princípio de que o acessório segue o principal não se aplica às pertenças, por isso a necessidade de sua inclusão no inciso. 2) Manter a coisa no mesmo estado, pelo tempo do contrato (inciso I, segunda parte): o locador deve realizar reparos para manter a coisa em condições de uso, salvo convenção em contrário. O locatário pode até pedir redução proporcional do aluguel ou resolver o contrato, caso a coisa se deteriore. Se houver destruição total o contrato se resolve, cabendo perdas e danos ao locatário se a coisa de perdeu por culpado locador. 3) Garantir o uso pacífico da coisa (inciso II): o locador deve abster-se da prática de qualquer ato que perturbe o uso e gozo da coisa, inclusive proteger o locatário contra embaraços e turbações de terceiros. O locatário é protegido mesmo contra o locador, por meio de interditos possessórios (art. 1197, CC). Aplica-se a teoria dos vícios redibitórios, responsabilizando-se o locador por vícios ocultos anteriores à locação. Se o locador conhecia os vícios ou defeitos, restituirá o valor da locação mais perdas e danos. Se não conhecia, restituirá o valor recedido, mais despesas do contrato. Obrigações do locatário (art. 569, CC): 1) Servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou presumidos e tratá-la com se sua fosse (inciso I): se o imóvel é residencial, deve ser usado apenas para moradia, por exemplo. Em caso de uso indevido, o locador pode rescindir o contrato, bem como exigir perdas e danos. 2) Pagar o aluguel nos prazos ajustados (inciso II): o pagamento, na falta de convenção, deve ser feito segundo o costume do lugar, até o 6º dia útil do mês seguinte ao vencido. Em regra, a dívida é quérable, sendo paga no domicílio do devedor. O locador tem como garantia o penhor legal sobre os bens móveis que guarnecem o prédio (art. 1467, II, CC). O débito, comprovado por contrato escrito pode ser objeto de execução. 3) Levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros fundadas em direito (inciso III): o locador deve proteger o locatário contra embaraços e turbações de terceiros, mas para fazer isso deve ser cientificado pelo locatário, até mesmo por meio de nomeação à autoria (art. 62, CPC). 4) Restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvo as deteriorações naturais (inciso IV): ao receber o imóvel o locatário tem o direito de receber relação escrita do estado do imóvel, que pode ser baseada em vistoria. Em caso de dano, o locatário indenizará o locador. Locação de prédios: o CC não dispõe sobre a locação de prédios, a não ser a de imóveis pertencentes à União, Estados, Municípios, vagas de garagem ou espaços em estacionamento de veículos, espaços destinados à publicidades, apart-hotéis, hotéis- residência ou equiparados e arrendamento mercantil. Assim, as norma anteriores aplicam- se a esses tipos de imóveis.
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