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teoria geral do processo

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INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DO PROCESSO
O que é processo?
O processo é o instrumento da jurisdição. É o instrumento de que se vale o Estado, por
meio dos juízes, para aplicar a lei ao caso concreto, solucionando o litígio. Para que a lei
seja legitimamente aplicada, é necessário que se realize uma sequência de atos
previstos pela legislação processual para que se alcance o fim buscado: a prestação
jurisdicional. O processo é figura abstrata e não se confunde com os atos processuais
praticados ou mesmo com os próprios autos do processo. Em síntese, o processo
comporta o desenvolvimento de atos processuais.
Assim, temos que o processo é o astro sob o qual gravitam os procedimentos
processuais, isto é, o rito ordenado que se desenvolve no processo, onde se incluem, por
exemplo, a sentença e a audiência.
O que são atos processuais?
Segundo Humberto Theodoro Junior, atos processuais são os atos do processo, que têm
por efeito a constituição, conservação, desenvolvimento, modificação ou cessação da
relação processual. Diferenciam-se dos demais atos jurídicos pelo fato de pertencerem
ao processo e produzirem efeito jurídico direto e imediato sobre a relação processual,
seja na sua constituição, desenvolvimento ou extinção.
O que é jurisdição?
É a interferência do Estado no sentido de, imparcialmente, solucionar determinado
litígio. Jurisdição é o poder que o Estado detém para aplicar o direito a um
determinado caso, com o objetivo de solucionar conflitos de interesses e, com isso,
resguardar a ordem jurídica e a autoridade da lei. Jurisdição vem do
latim juris e dicere, que significa “dizer direito”.
O que é o jurisdicionado?
É todo aquele que está sob jurisdição, ou seja, sob o julgamento de um juiz.
O que é o Estado ou Princípio de Inércia?
O estado-juiz só atua se for provocado, ou seja, o juiz não procede de ofício. Esta regra
geral, conhecida pelo nome de princípio da demanda ou princípio da inércia, está
consagrada no art. 2º do código de processo civil, segundo o qual 'nenhum juiz prestará
a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e
formas legais'. O princípio da inércia é aquele que orienta no sentido de que a jurisdição
somente poderá ser exercida caso seja provocada pela parte ou pelo interessado. O
Estado não pode conceder a jurisdição a alguém se esta não tenha sido solicitada. Vê-
se, portanto, a necessidade de um prévio requerimento e o impedimentodo juiz de
atuar de ofício. Também quer este princípio conservar a imparcialidade do juiz, que
ficaria comprometida caso este, na qualidade de representante do Estado, indicado pela
lei para julgar a demanda, tomasse a iniciativa de iniciar um processo. Aponta, ainda, a
doutrina, outro fato que tal princípio pretende evitar. Trata-se da necessidade de se
manter a paz social, a qual restaria comprometida se o interessado, por exemplo,
conformado com a ofensa a direito seu, fosse levado contra a sua vontade a litigar. O
art. 262, do Código de Processo Civil ratifica o princípio da inércia apontando que “o
processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial”. 
O que é a Pretensão?
É a exigência, o pedido ou postulação deduzida pela parte perante o juiz. Para Maria
Helena Diniz, é a invocação pelo titular de um direito violado, da prestação que lhe é
devida, em juízo, exigindo sua tutela jurisdicional. Trata-se do pedido ou objeto da ação
em sentido material exarado na petição inicial.
O que é relação jurídica linear?
Aquela que envolve autor e Estado.
O que é relação jurídica triangular ou relação jurídica
perfeita?
A relação jurídica processual é trilateral (ou triangular), porquanto entretecida entre o
juiz e as partes e entre o réu e o autor, reciprocamente. 
O que é a parte?
Conforme salienta Maria Helena Diniz, é o Litigante, seja ele autor ou réu; sujeito ativo
ou passivo na relação jurídico-processual - aquele que, na relação jurídica perfeita, é
dotado de parcialidade,
O que é a citação? 
A citação é requisito essencial para a formação do processo e instalação
do contraditório. Portanto, enquanto o réu não for regularmente citado o processo não
existe. A citação é o ato pelo qual se dá conhecimento ao réu de que foi proposta contra
ele determinada ação e se chama ao processo para se defender. Emprega-se ainda para
chamar,pela primeira vez, ao processo alguma pessoa interessada na causa. Em linhas
gerais, é a primeira notícia que o réu recebe que o alerta de que contra ele move-se uma
ação, estando ele, a partir daí, apto a compor um litígio. Frise-se que tão somente a
citação, desde que válida, já é suficiente para a composição da relação jurídica perfeita,
não sendo estritamente necessária a presença do réu num dos atos procedimentais.
Mesmo em sua ausência, mantem-se perfeita a relação.
O que é o princípio Dispositivo?
Segundo o princípio dispositivo, o juiz deve julgar a causa com base nos fatos alegados
e provados pelas partes, sendo-lhe vedada a busca de fatos não alegados e
cuja prova não tenha sido postulada pelas partes. Ditos requisitos se expressam pelos
aforismos latinos ne procedat iudex ex officio e ne eat iudex ultra petitapartium. Tal
princípio vincula duplamente o juiz aos fatos alegados, impedindo-o de decidir a causa
com base em fatos que as partes não hajam afirmado e o obriga a considerar a situação
de fato afirmada por todas as partes como verdadeiras. Como é cediço, o processo civil
brasileiro é norteado pelo princípio dispositivo, segundo o qual o juiz, mantendo-
se equidistante aguarda a iniciativa das partes no que se refere à afirmação dos fatos
constitutivos de seu direito e a respectiva produção de provas. Vale dizer, o juiz
depende das partes no que concerne à afirmação e à prova dos fatos em que os mesmos
se fundam. O princípio dispositivo caracteriza-se por atribuir as partes toda à iniciativa,
seja na instauração do processo, seja no seu impulso, portanto a função do juiz no
processo passa a ser de mero espectador. Essencial para o entendimento desse assunto
é a leitura do artigo publicado pelo Âmbito Jurídico .
O que é o Princípio do Impulso Oficial?
Este princípio estabelece que embora o processo tenha início somente após a iniciativa
da parte, seu desenvolvimento ocorrerá por impulso oficial, ou seja, do juiz. O
processo, que se inicia por impulso da parte, segue sua caminhada por impulso oficial.
Esse princípio, que permite que o procedimento seja levado para frente até seu final,
rege, de igual maneira, o processo individual e o coletivo. Mas a soma de poderes
 atribuídos ao juiz é questão intimamente ligada ao modo pelo qual se exerce o
princípio do impulso oficial. O Princípio do Impulso Oficial é aquele segundo o qual,
uma vez iniciado, o processo deve ser impulsionado pelo juiz, independentemente da
vontade das partes. “É o princípio pelo qual compete ao juiz, uma vez instaurada a
relação processual, mover o procedimento de fase em fase, até exaurir a função
jurisdicional.” ( Ada Pellegrini Grinover “et alii”- Teoria Geral do Processo ).
O que é uma ação?
A expressão “Ação” é utilizada com dois significados diferentes. Em
certas oportunidades é empregada como sinônimo do direito de demandar, isto é, de
ingressar em juízo para obter uma resposta do Judiciário à pretensão contra ele
dirigida. No entanto, essa aplicação é imprópria, pois o direito de obter uma resposta
qualquer do Judiciário é incondicional e universal, decorrendo do próprio direito
constitucional de acesso à justiça.
Empregada em sentido mais difundido pela doutrina brasileira, baseando-se na
autonomia do direitoprocessual em relação ao direitomaterial, consiste em um direito
de resposta de mérito sobre a questão levada a juízo, sendo necessário o preenchimento
de condições para seu exercício. Portanto, não estando preenchidas as condições para
seu exercício, não haverá o direito de ação, já que não será possível ao juiz pronunciar-
se sobre o mérito da demanda, acolhendo-a ou rejeitando-a.
Condições da Ação
Como já se definiu, o exercício do direito de ação está condicionado ao preenchimento
de determinadas condições especiais, pois sem elas, não será possível a apreciação do
mérito da discussão levada ao Judiciário.
Os requisitos são necessários para a própria existência da ação e sua ausência deve ser
conhecida de ofício pelo juiz a qualquer tempo, implicando a extinção do processo sem
resolução do mérito.
As condições não são apenas analisadas abstratamente com base na petição inicial. São
verificadas por meio da análise de todos os elementos que forem trazidos pelas partes
aos autos.
Por conseguinte, em se verificando a ausência de qualquer das condições essenciais,
haverá a carência de ação, gerando a extinção do processo sem resolução do mérito.
São três as condições da ação: a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a
legitimidade das partes.
1) Possibilidade Jurídica do Pedido
Não se admite a formulação de pretensões que contrariem o ordenamento jurídico.
Aquele que vai a juízo para postular algo que é vedado por lei terá sua pretensão
obstada. Por razões óbvias, não há sentido em movimentar o Judiciário na busca de
soluções de questões que já de antemão são conhecidas como proibidas pelo direito.
Contudo, a análise deste elemento deve partir de uma análise conjunta entre o pedido e
a causa de pedir. Em resumo, o pedido pode ser lícito, porém proveniente de uma causa
de pedir proibida pelo direito; a situação inversa também será possível.
2) Interesse de Agir
É constituído pelo binômio de necessidade e adequação. Para que se tenha interesse é
preciso que o provimento jurisdicional seja útil a quem o realizou.
A propositura da ação será necessária quando indispensável para que o sujeito obtenha
o bem que deseja, ou seja, a utilização da ação é o “último recurso”, pois caso consiga a
solução do impasse sem a necessidade de movimentar a máquina judiciária, carecerá
do interesse de agir.
A adequação é vista em outro momento. Para seu preenchimento é necessário que o
demandante utilize-se do meio processual pertinente (adequado) à solução de seu caso.
Caso o meio processual não seja idôneo à solução do impasse levado a juízo, o interesse
de agir estará prejudicado pela ausência de adequação.
3) Legitimidade das partes (Legitimidade ad causam)
“É a relação de pertinência subjetiva entre o conflito trazido a juízo e a qualidade para
litigar a respeito dele, como demandante ou demandado. Tem de haver uma
correspondência lógica entre a causa posta em discussão e a qualidade para estar em
juízo litigando sobre ela.” (Marcus Vinícius Rios Gonçalves)
Neste momento, passamos a tratar das partes envolvidas no litígio e suas características
pessoais para ocuparem corretamente os pólos da demanda. Sobre o tema, já de
antemão devemos constatar que não é possível a alguém demandar em juízo para
buscar direito alheio (CPC, art. 6º). Em resumo, para postular ou defender-se, a parte
deve estar atuando em seu próprio interesse, como regra.
Apenas a título de ilustração, a legitimidade pode ser ordinária ou extraordinária. Será
ordinária quando cada parte pleiteia ou defende o próprio direito. Extraordinária, que
somente é admissível por expressa autorização legal, estará presente quando alguém,
estranho à relação de direito objeto da demanda, postular em nome próprio o direito
alheio. É o caso do artigo 1.314 do Código Civil, que permite ao condômino, titular
apenas de uma fração ideal, reivindicar judicialmente a coisa como um todo.
Elementos da Ação
Os elementos prestam-se a identificar as ações, tornando possível dizermos se há
identidade ou distinção entre elas. Os elementos são três: as partes, o pedido e a causa
de pedir. Todos os três elementos já devem constar da petição inicial (CPC, art. 282) e
quando os três elementos forem coincidentes, estaremos diante de causas idênticas.
Elementos:
a) Partes: sujeitos ativo e passivo;
b) Causa de Pedir: fundamentos de fato e de direito que embasam a pretensão
inicial;
c) Pedido: provimento jurisdicional postulado e o bem da vida que se almeja.
Quando for realizar o julgamento, o juiz deverá ater-se aos elementos da demanda, ou
seja, não poderá julgar pedido que não foi postulado, nem funda-se em causa de pedir
que não seja apresentada na petição inicial, ou mesmo proferir julgamento em relação a
alguém que não figurou como parte na causa.
Quadro Sinótico
O QUE É JURISDIÇÃO?
A jurisdição – palavra que tem sua origem na composição das expressões
jus, júris (direito) e dictio,dictionis (ação de dizer) – surgiu da necessidade jurídica de
se impedir que a prática temerária da autodefesa, por parte de indivíduos que se vissem
envolvidos em um conflito, levasse a sociedade à desordem oriunda da inevitável
parcialidade da justiça feita com as próprias mãos. O Estado chamou para si o dever de
manter estável o equilíbrio da sociedade e, para tanto, em substituição às partes,
incumbiu-se da tarefa de administrar a justiça, isto é, de dar a cada um o que é seu,
garantindo, por meio do devido processo legal, uma solução imparcial e ponderada,
de caráter imperativo, aos conflitos interindividuais.
Reconhecendo a necessidade de um provimento desinteressado e imparcial, o Estado,
mesmo sendo o titular do direito de punir – detentor da pretensão punitiva -
autolimitou seu poder repressivo atribuindo aos chamados órgãos jurisdicionais a
função de buscar a pacificação de contendas, impondo, soberanamente, a norma que,
por força do ordenamento jurídico vigente, deverá regular o caso concreto.
O Estado, então, por intermédio do Poder Judiciário, busca, utilizando-se do processo,
investigar qual dos litigantes tem razão, aplicando, ao final, a lei ao caso litigioso em
comento.
Eis aí o conceito de jurisdição.
Cintra, Grinover e Dinamarco a definem como sendo “uma das funções do Estado,
mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito para,
imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com justiça”. Em
outras palavras, apregoam os autores que “através do exercício da função jurisdicional,
o que busca o Estado é fazer com que se atinjam, em cada caso concreto, os objetivos
das normas de direito substancial”.
Nesse mesmo sentido, Tourinho Filho conceitua jurisdição como “aquela função do
Estado consistente em fazer atuar, pelos órgãos jurisdicionais, que são os juízes e
Tribunais, o direito objetivo a um caso concreto, obtendo-se a justa composição da
lide”. Reforça ainda que “esse poder de aplicar o direito objetivo aos casos concretos,
por meio do processo, e por um órgão desinteressado, imparcial e independente,
surgiu, inegavelmente, como impostergável necessidade jurídica à própria
sobrevivência do Estado”.
Importa frisar que o fato de ser a jurisdição uma emanação da própria soberania estatal
originou o artigo 345 do Código Penal, onde está estabelecido como crime o fazer
justiça com as próprias mãos, mesmo se tratando de pretensão legítima.
Cintra, Grinover e Dinamarco lembram que a jurisdição é, ao mesmo tempo, poder,
função e atividade. Como poder, é uma emanação da soberania nacional. Como função,
é a incumbência afeta ao órgão jurisdicional de, por meio do processo, aplicar a lei aos
casos concretos. Como atividade, é o complexo de atos do juiz no processo, tendentes a
dar a cadaum o que é seu.
Observe-se, contudo, que não só o Poder Judiciário exerce a função jurisdicional. Por
esse motivo, Scarance Fernandes e Mirabete lecionam que a jurisdição, quanto à
função, pode ser ordinária ou comum e extraordinária ou especial, conforme o órgão
que a exerça ser pertencente (ordinária) ou não (extraordinária) ao Poder Judiciário.
Um exemplo clássico de jurisdição extraordinária é aquela exercida pelo Senado
Federal, nos termos do artigo 52, inciso I e II, da Constituição Federal.
Formas De Composição De Litígios
Muito embora atualmente a tutela jurisdicional seja o meio primordial de solução de
lides, comporta o processo civil outras formas de desaparecimento do conflito, ligadas
ao consenso das partes, surgidas de maneira evolutiva no curso da história. São elas:
Autotutela
A primeira forma de composição de conflitos de interesses, surgida quando da ausência
de um Estado organizado, com poder insuficiente para coibir os homens de buscar a
solução de suas lides através da lei do mais forte e subjugo forçado do mais fraco.
Muito embora seja uma espécie primária de composição de litígios, ainda hoje os
ordenamentos jurídicos preveem a possibilidade de o ofendido agir imediatamente
para repelir a injusta agressão, ante uma situação de urgência. São os exemplos do
desforço imediato nas possessórias e do penhor legal (CC/2002, arts. 1.210 e 1.467 a
1.471; CC/16, arts. 502 e 776 a 780), além da legítima defesa no direito penal (CP, art.
23). Fora dessas escassas hipóteses legais permissivas ou cessada a imediatidade da
agressão, deve o agredido procurar o Poder Judiciário para a solução da lide, sob pena
de cometer o crime de exercício arbitrário das próprias razões (CP, art. 345).
Suponhamos uma determinação administrativa da receita federal para desconto em
folha de pagamento defuncionário público de verba relativa a imposto de renda
supostamente sonegado. Nesse caso é comum o acolhimento ao mandado de segurança
fundado na ilegalidade da prática dessa autotutela pela administração pública.
Autocomposição
Com o início do convívio do homem em sociedade e sem que o Estado, ainda
embrionário, tivesse poder para submeter coativamente os cidadãos às suas decisões,
as próprias partes em litígio passaram a buscar amigavelmente a solução de suas
pendências. A diferença entre a autocomposição e a autotutela reside justamente na
ausência de sujeição forçada de um dos litigantes, e, ainda hoje em nosso ordenamento,
são previstas as três formas conhecidas dessa modalidade de composição de litígios:
a) Renúncia (CPC, art. 269, V). Nesses casos o que se diz titular de um direito material
violado abre mão definitiva e voluntariamente de sua pretensão, pondo fim ao litígio de
forma unilateral, por não mais desejar a obtenção do bem da vida.
b) Reconhecimento jurídico do pedido (CPC, art. 269, II). É o inverso da renúncia, já
que nessa hipótese o réu, livremente e sem qualquer sujeição forçada, submete-se à
pretensão material do adversário, pondo fim ao conflito através da entrega espontânea
do bem da vida pertencente ao autor.
c) Transação (CPC, art. 269, III). Por essa forma de com posição, o autor renuncia
parcialmente à sua pretensão material, enquanto o réu reconhece a procedência da
parte não renunciada, entregando espontaneamente parte do bem da vida, chegando
ambos a um denominador comum.
Referidas formas de autocomposição são vistas como verdadeiros negócios jurídicos
materiais e bilaterais, cuja eventual ineficácia não deve, como regra, ser arguida via
ação rescisória, mas sim através de ação anulatória, perante o juiz de primeiro grau, na
qual se provará a ocorrência de algum dos vícios de consentimento incidente sobre a
manifestação de vontade. Tal distinção se mostra mais clara quando constatamos que,
em casos de extinção do processo pela autocomposição das partes, o juiz não aplica o
direito cabível na espécie conforme seu convencimento, mas se limita a acatar a
vontade comum das partes.
Tutela Jurisdicional (CPC, ART. 269, I)
Como já visto, quando o Estado se organizou e adquiriu poder de decidir e sujeitar os
cidadãos ao cumprimento dessas decisões, surge a tutela jurisdicional. É ela, portanto,
a composição obtida pela intervenção dos órgãos jurisdicionais, substituindo a vontade
das partes na decisão do litígio, através de uma sentença de mérito que aplique o direito
material previsto na norma genérica de conduta ao caso concreto.
A Tutela Jurisdicional Estatal
Conceito
A análise etimológica da expressão “jurisdição” indica a presença de duas palavras
unidas: juris (direito) e dictio (dizer).
E esse “dizer o direito”, a partir do instante que o Estado chama para si a
responsabilidade de solucionar as lides, transforma esta função em nítido poder estatal,
poder este exercido não só pela obrigatoriedade da jurisdição estatal, mas também pela
sujeição imposta à parte perdedora na demanda judicial de observar o julgado, sob
pena de cumprimento coercitivo. Decorre daí o princípio da inevitabilidade da
jurisdição.
De outro lado, o reverso da moeda é o surgimento de um dever do Estado de solucionar
todo e qualquer tipo de lide submetida a seu crivo, posto que inexistente para os
cidadãos outra forma de solução forçada do conflito. É o dever constitucional de que
nenhuma lesão e direito deixará de ser apreciada pelo Poder Judiciário.
E, por fim, sob o aspecto do agente que exerce a jurisdição, esta é a função ou atividade
desenvolvida pelos juízes de direito, investidos pelo Estado no poder de julgar.
Portanto, a jurisdição é definida como sendo o poder-dever do Estado de aplicar o
direito ao caso concreto submetido pelas partes, através da atividade exercida pelos
seus órgãos investidos (juízes).
Finalidades
Esta atividade do Estado tem por objetivo:
a) a composição de litígios, através da aplicação e especialização das normas gerais de
conduta (direito) ao caso concreto (escopo jurídico);
b) a pacificação social (escopo social);
c) a realização da justiça (escopo político).
Características
A jurisdição tem por características a aplicação do direito material, após provocação
das partes, as quais não obtiveram êxito em resolver seus conflitos amigavelmente
(escopo de atuação do direito), e a substitutividade, consistente em atuar no lugar das
partes e de maneira obrigatória.
A doutrina costuma atribuir à jurisdição algumas características que lhe são inerentes.
Para Cintra, Grinover e Dinamarco, a existência de uma lide, a inércia dos
órgãos jurisdicionais (princípio da inércia) e a suscetibilidade de os atos
jurisdicionais tornarem-se imutáveis (princípio da definitividade) são as três
características básicas da jurisdição. Tourinho Filho, por sua vez, acresce às
características citadas pelos sobreditos doutrinadores a substitutividade, que ocorre
quando o juiz, no exercício da atividade jurisdicional, como terceiro revestido de
desinteresse e imparcialidade, substitui os interessados na aplicação da justiça ao caso
concreto, privando-os de, pelas próprias mãos, buscarem a satisfação de suas
pretensões.
Mirabete, ao dissertar sobre as características da jurisdição, apresenta algumas outras
que chamou de formais indeclináveis, necessárias à realização eficiente do objetivo
jurisdicional de aplicar a lei ao caso concreto. São elas: um órgão adequado – o juiz –
colocado em posição de independência para exercer imparcialmente a atividade
jurisdicional; o contraditório regular, que permitirá às partes duelar com paridade
de armas; e um procedimento preestabelecido segundo regras de garantam o livre
desenvolvimento do direito e das faculdades das partes, visando aassegurar a justa
solução do conflito.
Compõe-se a jurisdição de alguns elementos a serem observados com vistas a se chegar
à final aplicação do direito material ao conflito. Na ordem, são eles:
a notio ou cognitio (poder atribuído aos órgãos jurisdicionais de conhecer os litígios e
prover à regularidade do processo), a vocatio (faculdade de fazer comparecer em juízo
todo aquele cuja presença é necessária ao regular desenvolvimento do processo),
acoertio (possibilidade de aplicar medidas de coação processual para garantir a função
jurisdicional), ojuditium (o direito de julgar e pronunciar a sentença) e
a executio (poder de fazer cumprir a sentença).
Muito embora a jurisdição, como expressão do poder estatal soberano, seja una e
indivisível, didaticamente costuma-se classificá-la quanto à sua graduação ou categoria
(podendo ser inferior – correspondente à primeira instância – ou superior –
correspondente à segunda instância ou outros tribunais ad quem), quanto à matéria
(penal, civil, eleitoral, trabalhista e militar), quanto ao organismo jurisdicional
(estadual ou federal), quanto ao objeto (contenciosa – quando há litígio – ou voluntária
– quando é homologatória da vontade das partes), quanto à função (ordinária ou
comum – integrada pelos órgãos do Poder Judiciário – ou extraordinária ou especial –
quando a função jurisdicional não é exercida por órgãos do Poder Judiciário), quanto
à competência (plena – quando o juiz tem competência para decidir todos os casos – ou
limitada - quando sua competência é restrita a certos casos) e outras distinções feitas
em prol do melhor estudo e compreensão do instituto da jurisdição. Em suma, são sete
os princípios da jurisdição:
• Substitutividade - O Estado substitui a vontade das partes.
• Imparcialidade -É exercida por órgãos estatais desinteressados que atuam
com o objetivo de concretizar a vontade da lei.
• Lide - Pressupõe uma demanda judicial.
• Monopólio do Estado - Não há que se falar em jurisdição sem Estado. Ente é
o Estado que detém o monopólio da jurisdição -importante destacar que Estado
não se confunde com Poder Judiciário.
• Inércia - A jurisdição precisa ser invocada adequadamente para que o
judiciário possa agir e desvencilhar do seu encargo judicante.
• Definitividade - são suscetíveis de se tornar imutáveis(coisa julgada) não
podendo ser revisto ou modificados, uma lide se considerada solucionada para
sempre , sem que possa voltar a discuti-la, depois que tiver sido apreciada e julgada
pelos órgão jurisdicionais, cabendo sempre a última decisão ao judiciário.
• Unidade - A jurisdição é função exclusiva do Poder Judiciário, por intermédio
de seus juízes, os quais decidem monocraticamente ou em órgãos colegiados, daí
por que se diz que ela é uma. A distribuição funcional da jurisdição em órgãos tem
efeito meramente organizacional. A jurisdição, como ensina Lopes da Costa, será
sempre o poder-dever de o Estado declarar e realizar o Direito.
Princípios Inerentes à Jurisdição
Investidura: o Estado atua por meio de seus órgãos. E assim sendo, somente os
agentes políticos investidos do poder estatal de aplicar o direito ao caso concreto
(julgar) é que podem exercer a jurisdição. Tal investidura é realizada de duas formas:
mediante aprovação em concursos públicos de provas e títulos, exigindo-se do bacharel
em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica, e pela nomeação direta, por ato
do chefe do Poder Executivo, de pessoas com prévia experiência e notável saber
jurídico, como nos casos de ingresso na magistratura pelo quinto constitucional ou
nomeação de ministros dos tribunais superiores.
O Estado, como pessoa jurídica de direito público, necessita de pessoas físicas para o
exercício da função jurisdicional. Para que essas pessoas possam exercer a jurisdição, é
preciso que estejam regularmente investidas no cargo de juiz e em pleno exercício, de
acordo com o que prescreve a lei.
A pessoa não investida na autoridade de juiz não poderá desfrutar do poder de
julgar. Conseqüentemente, estará impossibilitada de validamente desempenhar a
função jurisdicional, sob pena de, se assim o fizer, serem declarados nulos o processo e
a sentença, sem prejuízo de o pseudojuiz responder criminalmente pelo delito de
usurpação de função pública, previsto no artigo 328 do Código Penal.
Apenas ao juiz, em pleno exercício, investido regularmente no cargo, segundo os
ditames legais, caberá o exercício da função jurisdicional. Cintra, Grinover e Dinamarco
salientam que o juiz que já se aposentou não é mais juiz, razão pela qual não pode
exercer a jurisdição, devendo passar os autos ao sucessor, consoante prescreve
textualmente o artigo 132 do Código de Processo Civil.
Princípio da Indeclinabilidade ou da Inafastabilidade - é preceito
constitucional que nenhuma lesão de direito deixará de ser apreciada pelo Poder
Judiciário. Se o Estado exige dos seus cidadãos a observância da obrigatoriedade da
jurisdição, tem ele o dever de solucionar os conflitos de interesse quando provocado. 
Consagrando expressamente o princípio da indeclinabilidade (ou da inafastabilidade,
também
chamado de princípio do controle jurisdicional por Cintra, Grinover e Dinamarco),
dispõe o artigo 5°, inciso XXXV, da Constituição Federal que “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Desta forma, a Lei Maior garante o acesso ao Poder Judiciário a todos aqueles que
tiverem seu direito violado ou ameaçado, não sendo possível o Estado-Juiz eximir-se de
prover a tutela jurisdicional àqueles que o procurem para pedir uma solução baseada
em uma pretensão amparada pelo direito. Conseqüentemente, salienta Tourinho Filho,
“se a lei não pode impedir que o Judiciário aprecie qualquer lesão ou ameaça a direito,
muito menos poderá o Juiz abster-se de apreciá-la, quando invocado”.
Em suma, apregoa o princípio da indeclinabilidade que o juiz não pode subtrair-se da
função jurisdicional, sendo que, mesmo havendo lacuna ou obscuridade na lei, deverá
proferir decisão(art. 126, CPC).
Princípio da Indelegabilidade - como a jurisdição é investida após preenchimento
de rigorosos critérios técnicos, tem-se que não pode ser objeto de delegação pelo agente
que a exerce com exclusividade.
Leciona Mirabete que o princípio da indelegabilidade decorre do princípio da
indeclinabilidade, anteriormente estudado. De fato, não pode o juiz delegar sua
jurisdição a outro órgão, pois, se assim o fizesse, violaria, pela via oblíqua, o princípio
da inafastabilidade e a garantia constitucionalmente assegurada do juiz natural
(“ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente” -
artigo 5°, inciso LIII, CF/88).
Cintra, Grinover e Dinamarco afirmam que “o princípio da indelegabilidade é, em
primeiro lugar, expresso através do princípio constitucional segundo o qual é vedado a
qualquer dos Poderes delegar atribuições”. Continuam os insignes doutrinadores
esclarecendo que “a Constituição Federal fixa o conteúdo das atribuições do Poder
Judiciário e não pode a lei, nem pode muito menos alguma deliberação dos próprios
membros deste, alterar a distribuição feita naquele nível jurídico-positivo superior”.
É importante notar, entretanto, que o princípio da indelegabilidade não é absoluto, pois
admite exceções. O artigo 102, I, m, da CF/88, e os artigos 201 e 492 do Código de
Processo Civil admitem que haja delegação nos casos de execução forçada pelo STF e
também nas chamadas cartas de ordem (artigo 9°, §1°, da Lei n° 8.038/90 e regimentos
internos do STF, STJ, TRFs e TJs).
Mirabete e Frederico Marques20 entendem que as cartas precatórias (arts.222, 353,
174, IV, 177 e 230, do CPP) e as rogatórias (arts. 368, 369, 780 e seguintes, do CPP)
constituem-se em outras exceções, legal e taxativamente previstas, ao princípio da
indeclinabilidade. A contrario sensu, Cintra, Grinover, Dinamarco21 e Tourinho
Filho22 afirmam que não se pode cogitar em delegação quanto à prática dos atos
processuais inerentes às sobreditas cartas, tendo em vista que o juiz não pode delegar
um poder que ele mesmo não tem, por ser incompetente.
Salientam os citados autores que é justamente esta a situação que ocorre nas cartas
precatórias ou rogatórias, pois o juiz não tem poderes para exercer a atividade
jurisdicional fora dos limites de sua comarca. O que ocorre, então, nestes casos, é mera
cooperação entre o juiz deprecante e o deprecado, onde aquele, impedido que está de
praticar atos processuais fora de sua comarca, por força da limitação territorial de
poderes, solicita a este que pratique os atos necessários, exercendo, destarte, sua
própria competência nos limites da comarca onde atua.
Princípio do Juiz Natural - O princípio do juiz natural ou juiz constitucional,
também chamado de princípio do juiz competente, no direito espanhol, e princípio do
juiz legal, no direito alemão, originou-se, historicamente, no ordenamento anglo-saxão,
desdobrando-se, a posteriori, nos constitucionalismos norte-americano e francês. Entre
nós, o referido princípio inseriu-se deste o início das Constituições.
Trata-se de princípio que garante ao cidadão o direito de não ser subtraído de seu Juiz
Constitucional ou Natural, aquele pré-constituído por lei para exercer validamente a
função jurisdicional.
Assegura expressamente a Constituição Federal que “ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade competente” (artigo 5°, inciso LIII) e que “não
haverá juízo ou tribunal de exceção” (artigo 5°, inciso XXXVII).
Outrossim, determina a Lei Maior que “a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário qualquer lesão ou ameaça a direito” (artigo 5°, XXXV).
Dentro deste contexto, buscam os dispositivos constitucionais impedir que pessoas
estranhas ao organismo judiciário exerçam funções que lhe são específicas (salvo, é
claro, quando houver autorização da própria Constituição Federal nesse sentido, p.ex.,
Senado – artigo 52, incisos I e II) e proscrever os tribunais de exceção, aqueles criados
post factum. Assim, nenhum órgão, por mais importante que seja, se não tiver o poder
de julgar assentado na Constituição Federal não poderá exercer a jurisdição. Tem-se,
salienta a doutrina, a mais alta expressão dos princípios fundamentais da
administração da justiça.
Fernandes Scarance afirma que a dúplice garantia assegurada pelo cogitado princípio –
proibição de tribunais extraordinários e de subtração da causa ao tribunal competente,
desdobra-se em três regras de proteção: “a) só podem exercer jurisdição os órgãos
instituídos pela Constituição Federal; b) ninguém pode ser julgado por órgão instituído
após o fato; c) entre os juízes pré-constituídos vigora uma ordem taxativa
de competências que exclui qualquer alternativa deferida à discricionariedade de quem
quer que seja”.
Acentua Vicente Greco Filho que “não se admite a escolha de magistrado para
determinado caso, nem a exclusão ou afastamento do magistrado competente; quando
ocorre determinado fato, as regras de competência já apontam o juízo adequado,
utilizando-se, até, o sistema aleatório de sorteio para que não haja interferência na
escolha”.
É bem verdade que há casos especialíssimos de deslocação da competência, como no
caso previsto no artigo 424 do CPP (desaforamento no procedimento do tribunal do
júri), entretanto, entende-se que, por estarem determinados pelo interesse público e da
própria justiça, não ferem o princípio do juiz natural, pois o intuito é a busca do
julgamento justo.
Grinover, Scarance e Gomes Filho, além de outros doutrinadores, defendem que com a
garantia do juiz natural assegura-se a imparcialidade do órgão jurisdicional, não como
atributo do juiz, mas como pressuposto de existência da própria atividade jurisdicional.
Por isso, afirmam que sem o juiz natural não há jurisdição, pois a relação jurídica não
pode nascer.
Os mesmos estudiosos asseveram que além de o julgamento da causa ser de
incumbência do juiz natural, é mister que perante este também seja instaurado e
desenvolvido o processo, não sendo possível o aproveitamento dos atos instrutórios
realizados por juiz constitucionalmente incompetente.
Neste diapasão, os artigos 108, §1°, e 567 do CPP devem ser relidos a fim de se
adequarem à garantia do juiz natural, restringindo-se sua aplicação apenas aos casos de
incompetência infraconstitucional. Em se tratando de juiz constitucionalmente
incompetente, não pode haver aproveitamento dos atos, não-decisórios e decisórios,
uma vez que o artigo 5°, inciso LIII, da Lei Maior refere-se à garantia de que “ninguém
será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”.
De igual forma, também carece de releitura o artigo 564, I, do CPP, que dispõe ser caso
de nulidade os atos praticados por juiz incompetente. Como já mencionado, a garantia
do juiz natural é um pressuposto de existência da atividade jurisdicional.
Sob este prisma, os atos praticados por juiz constitucionalmente incompetente são
inexistentes e não nulos. Em decorrência disso, o processo e a sentença, eventualmente
prolatada, são juridicamente inexistentes.
Questão interessante é saber se o réu, submetido a julgamento por juiz
constitucionalmente incompetente, estaria sujeito a nova persecução penal sobre os
mesmos fatos, uma vez considerando-se que a sentença prolatada seria inexistente e,
como tal, não estaria tecnicamente suscetível à formação da coisa julgada.
Grinover, Scarance e Gomes Filho entendem que “o rigor técnico da ciência processual
há de ceder perante os princípios maiores do favor rei e do favor libertatis, fazendo
prevalecer o dogma do ne bis in idem, impedindo nova persecução penal a respeito do
fato em tela”.
Esclarecem os insignes estudiosos que, não obstante o princípio do ne bis in idem estar
tecnicamente ligado ao fenômeno da coisa julgada e que juridicamente inexistente a
sentença esta não poderia transitar em julgado, no terreno da persecução penal estão
em jogos valores preciosos do indivíduo, como sua vida, sua liberdade, sua dignidade, e
que, nesse particular, o ne bis in idem assume dimensão autônoma, impedindo nova
persecução penal do réu pelos mesmos fatos já julgados. Observam os autores que a
garantia do juiz natural é erigida em favor do réu e não em detrimento aos direitos
deste.
Acerca dos chamados tribunais ou juízos de exceção, assim considerados aqueles
criados após o fato a ser julgado, a proibição dos mesmos não abrange o impedimento
da criação de justiça ou vara especializada, pois, nestes casos, não há criação de órgãos,
mas simples atribuição de órgãos já inseridos na estrutura judiciária, fixada na
Constituição Federal, para julgamento de matérias específicas, objetivando a melhoria
na aplicação da norma substancial. Cintra, Grinover e Dinamarco salientam a
necessidade de se distinguir tribunais de exceção de justiças especiais, como a Militar, a
Eleitoral e a Trabalhista, lembrando que estas são instituídas pela Lei Maior, com
anterioridade à prática dos fatos a serem por elas apreciados e, portanto, não
constituem ofensa ao princípio do juiz natural.
Inclui-se na proibição dos tribunais de exceção os foros privilegiados, criados como
favor pessoal, mas exclui-se as hipóteses de competência por prerrogativa de função,
onde é levada em contaa função exercida pelo réu e não a sua pessoa, inexistindo, neste
caso, favorecimento ou discriminação.
Princípio Dispositivo - Também conhecido como princípio da inércia da jurisdição,
o princípio dispositivo preconiza que o juiz não pode conhecer de matéria a cujo
respeito a lei exige a iniciativa da parte. Nas lições de Fredie Didier, a inércia se
restringe apenas à iniciativa do processo, pois uma vez provocada a Jurisdição, ou seja,
uma vez ajuizada a demanda, haverá o impulso oficial para o andamento do processo.
Princípio do Impulso Oficial - O art. 262 consagra a regra de que, depois da
propositura da demanda, o processo se desenvolverá por impulso oficial, cumprindo ao
juiz zelar para que tenha andamento e se desenvolva até atingir o seu desfecho.
Quando o ato processual depende de iniciativa do autor, o juiz aguardará que ele tome
as providências. Se não o fizer, e o processo ficar paralisado, determinará que seja
intimado, para dar andamento ao feito em 48 horas, sob pena de extinção sem
julgamento de mérito (o Superior Tribunal de Justiça tem exigido que a extinção seja
requerida pelo réu, nos termos da Súmula 240, não podendo o juiz promovê-la, de
ofício. Se o réu não o requerer, o processo ficará paralisado por um ano, e só então o
juiz poderá decretar-lhe a extinção, na forma do art. 267, II, do CPC).
Afora as hipóteses em que o andamento do processo depende de ato a ser realizado pelo
autor, cumpre ao juiz e a seus auxiliares dar-lhe prosseguimento, na forma da lei,
impulsionando-o até o final.
Quadro Sinótico
 
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO
Função da Jurisdição segundo Chiovenda e segundo Cappelletti
Ao elaborar sua Teoria Geral do Processo no início do século XX, Chiovenda definiu a
jurisdição como “a função do Estado que tem por escopo a atuação da vontade concreta
da lei por meio da substituição, pela atividade de órgãos públicos, da atividade de
particulares ou de outros órgãos públicos, já no afirmar a existência da vontade da lei,
já no torná-la, praticamente, efetiva”.
Como se nota, a distinção entre as funções legislativa e jurisdicional foi feita por
Chiovenda de forma bem simples, mediante a utilização do critério criação-aplicação
do direito. É essa a visão que até hoje tem prevalecido entre os processualistas
contemporâneos (ao menos em nosso país). Nessa perspectiva, a jurisdição seria uma
atividade declaratória de direitos preexistentes. Segundo os adeptos desse
entendimento, o direito, criado pelo legislador, seria declarado pelo magistrado ao
julgar a pretensão que lhe foi submetida.
Assim, na concepção de Chiovenda, a principal função da jurisdição seria a
SUBSTITUTIVIDADE, ou seja, os interesses das partes são substituídos pela sentença
do Estado.
Entre os principais juristas opositores dessa tradicional concepção, é pertinente
destacar a doutrina de Mauro Cappelletti, emérito jurista da Universidade de Florença.
Na obra denominada “Giudici Legislatori?”, Cappelletti apresenta uma nova visão da
jurisdição, não mais caracterizada como atividade meramente declaratória de direitos.
CAPPELLETTI desenvolve seu pensamento partindo da constatação de que
interpretação e criação do direito não seriam conceitos opostos, pois ao menos um
mínimo decriatividade mostra-se inerente a toda atividade interpretativa.
Na visão de Cappelletti, a função primária da jurisdição é a solução de litígios.
Em suma, a Jurisdição possui duas Teorias: a de Chiovenda e a de Carnelutti. Para
Chiovenda, a Jurisdição possui mero caráter substitutivo, ou seja, retira o direito de
agir das partes uma em relação à outra, dando lugar ao direito de pedir perante um
órgão estatal imparcial. Para Carnelutti, a Jurisdição tem como objetivo a resolução dos
conflitos (resolução da Lide).
Jurisdição Inferior e Jurisdição Superior
Em relação à especialização da justiça, existem a Jurisdição superior e a jurisdição
inferior. A jurisdição inferior é aquela conhecida como jurisdição de primeira
instância. Quem aprecia a demanda é o juiz, de primeiro grau ou juiz “a quo”. Este
profere sentenças. A Jurisdição superior é a Jurisdição de segunda instância
(Hierarquicamente superior). A demanda é apreciada por um colegiado composto por
três desembargadores. Estes não proferem sentenças, mas sim acórdãos.
Pode ser jurisdição inferior ou superior, conforme o órgão incumbido de exercê-la
integre as instâncias inferiores ou superiores.
Na jurisdição inferior temos o juiz monocrático, enquanto que na jurisdição superior
existe um órgão plural, um colegiado.
Jurisdição contenciosa e voluntária 
O art. 1º, do CPC, estabelece que a jurisdição civil pode ser contenciosa ou voluntária,
mas discute-se se a voluntária constitui ou não verdadeira jurisdição. A diferença entre
a ambas é que, na primeira, a parte busca obter uma determinação judicial que obrigue
a parte contrária, ao passo que, na segunda, busca uma situação que valha para ela
mesma. Na contenciosa, a sentença sempre favorece uma das partes em detrimento da
outra, já que ela decide um conflito entre ambas. Na voluntária, é possível que a
sentença beneficie as duas partes. Na primeira, pede-se ao juiz que dê uma decisão,
solucionando um conflito de interesses, que lhe é posto, diretamente, para julgamento.
Na segunda, ainda que haja uma questão conflituosa, não é ela posta diretamente em
juízo para apreciação judicial. 
A jurisdição voluntária não serve para que o juiz diga quem tem razão, mas para que
tome determinadas providências que são necessárias para a proteção de um ou ambos
os sujeitos da relação processual. 
Conquanto haja forte corrente doutrinária sustentando que a jurisdição voluntária não
é jurisdição, masadministração pública de interesses privados, parece-nos que não se
lhe pode negar essa condição, seja por força do que dispõe o art. 1º, do CPC, seja
porque, o juiz não se limita a integrar negócio jurídico privado dos envolvidos, mas a
interferir para sanar uma questão conflituosa. Assim, os que querem separar-se ou
interditar um parente, vivem um conflito, e a solução dessa solução conflituosa exige a
intervenção do judiciário. 
Jurisdição de Direito e Jurisdição de Equidade
A Jurisdição poderá, também, ser de direito ou de equidade. Na Jurisdição de direito, o
juiz deve observar a lei para julgar os casos concretos. Na jurisdição de equidade, o
magistrado não fica limitado ou condicionado pela letra de lei (Para preencher lacunas
no ordenamento jurídico, por exemplo, ele poderá utilizar os costumes, os princípios
gerais do direito, a doutrina ou outras jurisprudências).
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES
Classificação das ações
A classificação com base no fundamento
O estudo das ações não ficaria completo, se não nos detivéssemos na questão da sua
classificação. É costume designarmos uma ação pelo fundamento que a embasa.
Frequentemente se utilizam expressões como “ação real” ou “ação pessoal” para
distinguir entre aquelas que têm por fundamento um direito real ou um direito pessoal.
Essa forma de classificação não é adequada, porque o real ou pessoal não é ação, mas o
direito material em que ela está fundamentada. A ação em que o proprietário reivindica
um bem não é, ela em si, real, mas está embasada, fundada em um direito real.
A classificação pelo resultado
Também não é correto designarmos as ações pelo tipo de resultado que pretendemos
obter, em relação ao direito material. Por exemplo: ação de rescisão de contrato, ou de
prestação de contas, ou possessória. Uma vez que foi acolhida entre nós uma teoria
abstratista, que sustenta que a ação goza de autonomia em relação ao direito material,
não é razoável classificá-la de acordo com os aspectos materiais discutidos.O correto é
considerar apenas os aspectos propriamente ligados à atividade jurisdicional
desencadeada. 
A classificação quanto ao tipo de atividade exercida pelo juiz
As ações classificam-se, pois, de acordo com o tipo de atividade que o juiz é
preponderantemente chamado a exercer, ao longo do processo. Tradicionalmente é
possível identificar, com base nesse critério, três tipos fundamentais de ação: as de
conhecimento ou cognitivas, as de execução e as cautelares, que formarão processos de
conhecimento, execução e cautelares. O que distingue cada uma delas? A atividade que
o juiz é chamado a desempenhar. Nas de conhecimento, pede-se que ele profira uma
sentença, na qual dirá se a razão está com o autor ou não, e se ele tem ou não direito ao
provimento jurisdicional postulado. Nas de execução, o que se pede são providências
concretas, materiais, destinadas à satisfação do direito. Não mais que o juiz, por meio
de uma sentença, diga quem tem razão, mas que faça valer, por meios adequados, o
direito ao seu respectivo titular. E nas cautelares, em que se pede que o juiz determine
alguma providência cuja finalidade seja proteger o provimento jurisdicional, que corre
riscos decorrentes da demora do processo. 
Tipo de tutela cognitiva: condenatória, constitutiva e 
declaratória.
Dentre as ações de conhecimento, é possível identificar três tipos fundamentais: a
condenatória, a constitutiva e a declaratória, conforme o tipo de tutela postulada. Nas
três pede-se sempre uma sentença: as declaratórias são mais simples que as demais,
porque nelas o juiz se limita a declarar a existência ou inexistência de uma relação
jurídica. O que se pretende obter é uma certeza jurídica sobre algo que, até então, era
fonte de dúvidas, incertezas ou insegurança. A sentença declaratória não impõe
obrigações aos litigantes, por isso não constitui título executivo, mas torna certa uma
situação jurídica que, embora já existisse, não era reconhecida. Por exemplo: quando
houver dúvida a respeito da paternidade de alguém que queira saná-la, bastará que
ajuíze ação declaratória, na qual o juiz decidirá se, afinal, o autor é ou não filho do réu.
Já a tutela constitutiva é aquela cuja finalidade é modificar, constituindo ou
desconstituindo, uma relação jurídica. Um exemplo é o das ações de separação judicial
ou divórcio, que objetivam desconstituir a sociedade conjugal ou o casamento,
respectivamente. Tal como as ações declaratórias, as constitutivas não visam à
formação de um título executivo. Por seu intermédio, o que se busca é a modificação de
uma situação jurídica indesejada. As ações constitutivas podem ser positivas ou
negativas. As primeiras são as que criam relações jurídicas até então inexistentes; as
segundas, as que as desconstituem. O que caracteriza a sentença constitutiva é a criação
de um estado jurídico distinto do anterior. Por fim, a ação condenatória é aquela que
visa à formação de um título executivo judicial, que atribuirá ao autor a possibilidade
de valer-se da via executiva, tornando realidade aquilo que lhe foi reconhecido. Sua
finalidade é compelir alguém ao cumprimento de uma obrigação inadimplida. A ação
condenatória tem por objetivo não a satisfação imediata e plena do direito postulado,
mas a formação de título que permita aplicar a sanção executiva. Esses são os três tipos
fundamentais de ação de conhecimento, classificados de acordo com a tutela
jurisdicional postulada. Mas, de há muito, tem sido aceita a existência de dois outros,
ainda com base no mesmo critério: as mandamentais e as executivas lato sensu.
Tutela mandamental e executiva lato sensu
Nenhuma delas constitui uma forma diferenciada e autônoma de ação cognitiva: tanto
a mandamental quanto a executiva lato sensu constituem espécies de ação
condenatória. São ações mandamentais aquelas em que o juiz, ao condenar o réu, emite
uma ordem, um comando, que permite, sem necessidade de um processo autônomo,
tomar medidas concretas e efetivas, destinadas a proporcionar ao vencedor a efetiva
satisfação de seu direito. São exemplos de tutela mandamental as sentenças proferidas
em mandado de segurança e nas ações que tenham por objeto obrigação de fazer ou não
fazer, previstas nos arts. 461 e 461-A, do CPC. Descumprida a ordem, o juiz pode
determinar providências que pressionem o devedor, como a fixação de multa diária,
chamada “astreinte”. Caso a desobediência persista, pode tomar providências que
assegurem resultado prático equivalente ao do cumprimento.
As ações executivas lato sensu são também exemplo de ações condenatórias, em que a
sentença é cumprida independentemente de fase executiva. São exemplos as ações
possessórias e de despejo, em que, proferida a sentença de procedência, o juiz
determinará a expedição de mandado para cumprimento, sem necessidade de um
procedimento a mais, em que o réu tenha oportunidade de manifestar-se ou defender-
se. Não se confunde esse tipo de ação com a mandamental, porque nesta a
determinação não é cumprida por mandado judicial. Quem deve cumpri-la é o próprio
devedor, cabendo ao juiz estabelecer medidas de pressão, ou determinar providências
que assegurem resultando semelhante. Já nas executivas lato sensu, não havendo
cumprimento espontâneo da obrigação, o próprio Estado, no lugar do réu, cumprirá. Se
o réu não devolve a coisa, é expedido mandado que a tira do poder deste, e a entrega ao
autor. Vale lembrar que essas classificações das ações levam em conta a atividade
jurisdicional predominante, e nem sempre será fácil identificar com clareza em qual
dos tipos a ação se enquadra, havendo aqueles que criticam a distinção entre ações
mandamentais e executivas lato sensu, aduzindo que elas não passam de subtipos de
ações condenatórias.
CLASSIFICAÇÃO DAS SENTENÇAS
O CPC de 1973, na redação originária, definia sentença como o ato que põe fim ao
processo (art. 162, § 2º); isso constituiu importante inovação, uma vez que a legislação
anterior a conceituava pelo conteúdo, saudada por doutrinadores e operadores
do direito, pois eliminava as antigas dificuldades e controvérsias: bastava verificar se o
ato tinha ou não aptidão para encerrar o processo, em primeiro grau de jurisdição. As
sentenças comumente são classificadas em declaratórias, constitutivas, condenatórias,
mandamentais e executivas lato sensu. Vejamos a definição de cada uma delas: 
Sentença Declaratória
É aquela em que a pretensão do autor se limita a que juiz declare a existência ou
inexistência de uma relação jurídica, ou a autenticidade ou falsidade de um documento
(CPC, art. 4º). 
Com razão se diz que, em todas as sentenças, ainda que condenatórias ou constitutivas,
há sempre certoconteúdo declaratório, porque é preciso, antes de tudo, que o juiz
declare quem tem razão. 
Mas a ação será declaratória quando a pretensão do autor limitar-se ao pedido de
declaração. Nos demais tipos, conquanto haja algum conteúdo declaratório, o juiz vai
além, impondo uma condenação, ou constituindo uma relação jurídica. 
A tutela declaratória tem por finalidade afastar uma crise de incerteza. Há dúvida entre
os litigantes quanto à existência ou inexistência de uma relação, ou sobre a
autenticidade ou falsidade de um documento: ao proferir sentença, o juiz irá apenas
decidir se a relação existe ou não, e se o documento é verdadeiro ou falso, afastando a
dúvida, que gerava insegurança. 
O juiz não imporá obrigações aos contendores, nem criará uma relação jurídica que até
então não existia, nem desconstituirá uma relação que havia. 
A tutela declaratória não produz nenhuma modificação, nem de uma situação fática,
nem de uma relação jurídica. O que ela faz é solucionar uma incerteza, umadúvida. 
Um exemplo são as ações de investigação de paternidade. Não é a sentença que vai criar
a relação de paternidade, que já existe anteriormente. Ela vai fazer decidir, havendo
dúvida, se o réu é ou não o pai do autor, declarando-o. 
A declaração não pode ter objeto fatos. Não é possível, por exemplo, ajuizar ação
declaratória com a finalidade de solucionar dúvida se determinada pessoa esteve ou
não presente em determinado lugar. O seu objeto limita-se às já mencionadas hipóteses
do art. 4º, do CPC. Mas o parágrafo único dessedispositivo traz regra importante: “É
admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido violação do direito”. 
Por exemplo: uma dívida, que não foi paga pelo réu. O credor poderia ajuizar ação de
cobrança, de conteúdo condenatório. Mas o dispositivo legal reconhece interesse em
que ele ajuíze apenas ação declaratória, caso haja dúvida sobre a existência da relação
de crédito-débito. Pode ser que o credor não queira, por ora, a condenação do devedor,
mas apenas que sejam afastadas as dúvidas sobre a existência da dívida. 
Proferida sentença declaratória, apenas não se poderá mais negar que o débito existe.
Mas o credor não terá título executivo, não promoverá a execução do débito, o que
dependerá do ajuizamento da ação de natureza condenatória. 
Uma vez que a tutela declaratória não cria relações jurídicas, mas apenas declara se elas
existem ou não, a sua eficácia é ex tunc. Por exemplo: na hipótese já citada, declarada a
paternidade, a eficácia retroagirá ao nascimento do autor, e não apenas à data da
sentença. 
Todas as sentenças de improcedência são declaratórias negativas, declararam que o
autor não tinha razão em sua pretensão.
Sentença Constitutiva
É aquela que tem por objeto a constituição ou desconstituição de relações jurídicas.
Elas não se limitam a declarar se uma relação jurídica existe, como no item anterior,
mas visam alterar as relações jurídicas indesejadas. 
Haverá interesse para postulá-la se o autor quiser constituir ou desconstituir uma
relação jurídica, sem o consentimento do réu. 
As sentenças podem ser constitutivas positivas ou negativas, também chamadas
desconstitutivas, conforme visem criar relações até então inexistentes, ou desfazer as
que até então existiam. 
As sentenças constitutivas têm eficácia ex nunc, produzem efeitos a partir de então, do
momento em que se tornam definitivas, sem eficácia retroativa. Assim, em ação de
divórcio, o casamento considerar-se-á desfeito somente após a sentença, com trânsito
em julgado. 
Elas não precisam ser executadas, já que produzem efeitos por si mesmas.
Sentença condenatória
A sentença condenatória impõe ao réu uma obrigação, consubstanciada em título
executivo judicial. A partir dela abre-se ao autor a possibilidade de valer-se de uma
sanção executiva, para obter o seu cumprimento. Ela é aquela que impõe uma
obrigação que precisa ser cumprida. As demais sentenças, quando declaram ou
constituem relações jurídicas, não impõem obrigações, nem exigem medidas de
cumprimento, já que se efetivam por si mesmas. 
Ao proferi-la, o juiz declara que o autor tem razão, e constitui o título executivo em seu
favor, concedendo-lhe a possibilidade de valer-se de meios executivos, para fazer
cumprir a obrigação imposta. 
Ao contrário das demais, ela exige uma atividade do devedor, para alcançar a sua
finalidade. Isto é, exige que o devedor a cumpra. Se não o fizer voluntariamente, a lei
mune o credor para fazê-la cumprir e tornar concreto o seu comando.
As sentenças condenatórias têm eficácia ex tunc, pois retroagem à data da propositura
da ação. Em regra, a execução só poderá ter início a partir do momento em que se
tornem definitivas, mas a eficácia retroage à data da propositura, tanto que os juros de
mora são devidos desde a citação, se o devedor não tiver sido constituído em mora
anteriormente. 
Os arts. 461 e 461-A do CPC estabelecem que, nas condenações em obrigação de fazer,
não fazer ou de entrega de coisa, a tutela será, em regra, específica, concedido ao credor
exatamente aquilo de que ficou privado, por força da ação ou omissão do devedor; ou,
determinadas medidas que assegurem a eleresultado prático equivalente ao do
adimplemento. 
A lei busca dar ao juiz mecanismos para tornar efetivas as determinações judiciais, que
devem atribuir ao credor exatamente aquilo que ele obteria se o devedor cumprisse a
sua obrigação (ou, pelo menos, algo equivalente, ou que traga resultados próximos).
Daí os §§ 4º e 5º do art. 461, aplicáveis ao art. 461-A, fazerem alusão a numerosos
meios de coerção, para impor o cumprimento. 
A conversão em perdas e danos fica restrita às hipóteses em que não for possível o
cumprimento específico, ou quando o credor preferir.
Sentença Mandamental
Não constitui categoria autônoma, mas uma subespécie das tutelas condenatórias. A
sentença mandamental é aquela em que o juiz emite uma ordem, um comando, que
deve ser cumprido pelo réu. Cabe à lei estabelecer quais são as sanções aplicáveis para o
descumprimento da ordem, e os mecanismos de que o juiz pode se utilizar para torná-
la efetiva. São exemplos, as sentenças proferidas em mandado de segurança, e nas
ações que tenham por objeto obrigações de fazer, não fazer ou entregar coisa (art. 461 e
461-A, do CPC).
Sentença Executiva Lato Sensu
Também são espécies de tutela condenatória, que se distinguem por prescindirem de
uma fase de execução. Se a obrigação não for cumprida pelo devedor, o Estado tomará
as providências necessárias para que o seja, independentemente dele. É o que ocorre
nas ações de despejo ou nas possessórias, em que o juiz determina a retomada de bem.
Ele determinará a expedição de mandado de despejo ou de reintegração de posse, sem
necessidade de instauração de fase executiva, nem do uso de meios de coerção.
A RESPOSTA DO RÉU
De acordo com o art. 213 do CPC, o réu é citado para defender-se. Mas a lei processual
prevê numerosas condutas, que podem ser consideradas formas de resposta. A
apresentação de defesa é apenas uma delas. Nos próximos itens, serão estudadas as
variadas formas de resposta que o réu pode apresentar.
Defesa contra o mérito
Depois de arguir eventuais preliminares, o réu apresentará, na mesma peça, a sua
defesa de fundão, de mérito, que pode ser de dois tipos: direta ou indireta. 
A defesa direta é aquela que nega os fatos que o autor descreve na inicial, ou os efeitos
que deles pretende retirar; a indireta é aquela em que o réu, embora não negando os
fatos da inicial, apresente outros que modifiquem, extingam ou impeçam os efeitos
postulados pelo autor. 
Por exemplo: em ação de indenização por acidente de trânsito, haverá defesa direta se o
réu negar que houve o acidente, ou que ele ocorreu na forma descrita na petição inicial;
haverá defesa indireta se o réu reconhecer que houve o fato na forma narrado, mas
alegar que já pagou, que houve prescrição da pretensão indenizatória, ou que as partes
já transigiram sobre a questão. 
A alegação de prescrição e decadência constitui defesa substancial indireta, cujo exame
deve preceder ao das demais defesas substanciais, pois, se acolhida, implicará a
extinção do processo com julgamento de mérito, sem necessidade de apreciação das
demais alegações. Por isso, há quem as denomine “preliminares de mérito”.
Defesa contra o processo
Antes de apreciar as defesas de mérito, o juiz precisa examinar as processuais, por isso
mesmo, chamadas preliminares.
 O art. 301, do CPC enumera as preliminares, questões que devem ser apreciadas pelo
juiz antes do passar ao exame do mérito. São as defesas de cunho processual, que
podem ser de duas espécies: cujo acolhimento implique a extinção do processo; ou
resulte apenas em sua dilação. 
Como exemplos da primeiraespécie, citados no art. 301: a inépcia da petição inicial,
perempção, litispendência, a coisa julgada a convenção de arbitragem e a carência da
ação; como exemplos da segunda espécie: a inexistência ou nulidade de citação (que
não implicará a extinção do processo, mas a necessidade de fazer ou renovar a citação),
a incompetência absoluta, a conexão. 
O rol do art. 301 não é taxativo. Há outras defesas processuais que não foram
mencionadas, como a falta do recolhimento de custas e o descumprimento do art. 268,
do CPC. 
As preliminares, à exceção do compromisso arbitral, devem ser conhecidas pelo juiz de
ofício. Por isso, não precluem, ainda que não alegadas na contestação.
Espécies de Resposta do Réu
Contestação
É, por excelência, a peça de defesa do réu, por meio da qual ele pode se contrapor ao
pedido inicial. Nela, concentrará todos os argumentos de resistência à pretensão
formulada pelo autor, salvo aqueles que devem ser objeto de incidente próprio. 
Entre os quatro institutos fundamentais do processo civil figuram a ação e a exceção,
o direito de formular pretensões em juízo e o de defender-se e resistir às pretensões
alheias. Se a petição inicial é a peça que veicula o direito de ação, a contestação é a que
se contrapõe àquela, ao apresentar a resistência, a defesa do réu. 
Ao apresentá-la, ele formula a pretensão de ver o pedido inicial desacolhido, no todo ou
em parte, apresentando os argumentos e fundamentos que servirão para convencer o
juiz. Daí que a pretensão contida na contestação é sempre declaratória negativa, de que
o juiz declare que o autor não tem razão, desacolhendo o pedido. 
A contestação não amplia os limites objetivos da lide, aquilo que o juiz terá de decidir
no dispositivo da sentença. Tampouco o que ela contém serve para identificar a ação,
pois tanto o pedido quanto a causa de pedir são definidos e determinados na petição
inicial. Somente os fundamentos de fato e de direito que embasam o pedido inicial
constituem a causa de pedir, não os fundamentos da defesa, o que é de grande
relevância para a identificação das ações, e terá importantes consequências em relação
aos fenômenos da litispendência e da coisa julgada. 
Mas a contestação amplia a cognição do juiz, uma vez que, na sentença, ele terá de
examinar não apenas os fundamentos da pretensão inicial, mas os de defesa. 
A regra é de que na contestação o réu não possa formular pedidos contra o autor, exceto
o de que as pretensões dele sejam desacolhidas. Se quiser apresentar pedidos de outra
natureza, terá de valer-se da reconvenção. Mas há ações — denominadas dúplices — em
que o réu pode valer-se de contestação não só para defender-se, mas também para
formular pretensões em face do autor, sem que haja a necessidade da reconvenção.
Exceção
Toda a defesa, em regra, deve ser apresentada na contestação. Mas há
algumas matérias que devem ser alegadas por meio de um incidente, autuado em
apenso, cuja apresentação tem o condão de suspender o processo, até que seja
solucionado. A esse incidente dá-se o nome de exceção ritual, e as matérias que devem
ser por ele alegadas são apenas três: a incompetência relativa do juízo, o impedimento e
a suspeição do juiz. 
As exceções rituais vêm tratadas no capítulo referente à resposta do réu, e são incluídas
como tal no art. 297, do CPC. Mas nem sempre serão apresentadas pelo réu: a
incompetência relativa só poderá ser alegada por ele, mas o impedimento e a suspeição
do juiz podem ser alegados por qualquer dos litigantes, mesmo pelo autor.
Todas as exceções constituem defesas processuais indiretas: o objetivo não é levar à
extinção do processo sem julgamento de mérito, mas à correção de um vício,
relacionado à incompetência do juízo ou à parcialidade do juiz. 
A incompetência relativa tem natureza de exceção em sentido estrito; o impedimento,
de objeção; e a suspeição, uma natureza híbrida ou mista.
Reconvenção
Dentre as modalidades de resposta previstas no art. 297, do CPC, destaca-se a
reconvenção, que se distingue das demais por não constituir em um mecanismo de
defesa, mas de contra-ataque. 
Em regra, na contestação o réu não pode formular pretensões em face do autor, salvo a
de que os pedidos por este formulados sejam julgados improcedentes. A exceção são as
ações dúplices, nas quais a lei o autoriza a fazer. 
Afora as ações dúplices, se o réu quiser formular pretensões em face do autor, terá de
valer-se da reconvenção. A contestação não amplia os limites objetivos da lide: o juiz se
limitará a apreciar os pedidos formulados pelo autor, acolhendo-os ou não. A
reconvenção sim: o juiz terá de decidir não apenas os pedidos formulados pelo autor,
mas também os apresentados pelo réu, na reconvenção. 
Não cabe reconvenção, portanto, apenas para que o réu postule a improcedência do
pedido inicial, uma vez que isso não exige ação autônoma, bastando a contestação. A
reconvenção pressupõe que o réu queira algo mais do autor, que não se satisfaça com a
mera improcedência, e queira formular pretensões em face dele. 
O que justifica a reconvenção é a economia e maior eficiência do processo, pois as
pretensões de ambos os litigantes serão julgadas de uma só vez. Mas também — e
sobretudo — a possibilidade de se afastar o risco de decisões conflitantes. Afinal, a
pretensão formulada pelo réu tem de ser conexa com a do autor ou com os
fundamentos de defesa. Sem a possibilidade de reconvir, o réu teria de valer-se de
processo autônomo, julgado por outro juiz. E se juízes diferentes julgam pretensões
conexas, há sempre o perigo deresultados incompatíveis.
A reconvenção é uma nova ação, pois aciona o judiciário a proferir uma resposta às
pretensões formuladas pelo réu. A peculiaridade reside em que não forma um novo
processo. A ação principal e a reconvenção terão um processamento conjunto, e serão
julgadas por uma só sentença. Haverá duas ações em um único processo. O réu que
tenha pretensões contra o autor não precisa valer-se da reconvenção, podendo, se
quiser, ajuizar nova demanda independente, que formará um processo autônomo. E, às
vezes, terá de o fazer, quando as suas pretensões não forem conexas com a ação
principal ou com os fundamentos de defesa (art. 315). Mas, mesmo que o forem, o réu
poderá optar por ajuizar ação própria, criando com isso um processo autônomo; com a
ressalva de que, verificando-se a conexidade entre as duas ações, será determinada a
reunião dos processos, na forma do art. 105, do CPC. 
Uma vez que a reconvenção não cria um novo processo, se o juiz indeferi-la de plano,
não estará proferindo sentença, pois não porá fim ao processo ou à fase condenatória.
O ato será decisão interlocutória, que desafiará a interposição de agravo. 
A pretensão do réu reconvinte em face do autor reconvindo pode ser de natureza
condenatória, constitutiva ou declaratória. Não é necessário que seja da mesma
natureza que a formulada pelo autor. É possível reconvenção condenatória em ação
declaratória e vice-versa, por exemplo.
	Condições da Ação
	1) Possibilidade Jurídica do Pedido
	2) Interesse de Agir
	3) Legitimidade das partes (Legitimidade ad causam)
	Elementos da Ação
	Formas De Composição De Litígios
	Autotutela
	Autocomposição
	Tutela Jurisdicional (CPC, ART. 269, I)
	A Tutela Jurisdicional Estatal
	Conceito
	Finalidades
	Características
	Princípios Inerentes à Jurisdição
	Classificação das ações
	A classificação pelo resultado
	A classificação quanto ao tipo de atividade exercida pelo juiz
	Tipo de tutela cognitiva: condenatória, constitutiva e declaratória.
	Tutela mandamental e executiva lato sensu

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