Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
PEDIATRIA –Sônia ANEMIAS CARÊNCIAS Definição da OMS: “um estado em que a concentração de hemoglobina do sangue é anormalmente baixa em consequência da carência de um ou mais nutrientes essenciais, qualquer que seja a origem dessa carência”. IDADE HEMOGLOBINA HEMATÓCRITO 6 m – 5 a 11 33 5-8 a 11,5 34 8-12a 12 36 *Anemia fisiológica do lactente: (Caiu!!!) - Quando a criança nasce, tem uma melhor oxigenação e não precisa mais da hemoglobina fetal, e para de produzir. - Nos primeiros meses de vida, ocorre queda fisiológica dos níveis de hemoglobina. O período dura em torno de 2 a 3 meses, os níveis vão caindo e chega ao nível 9g/dl entre 8-10 semanas de vida. - A criança que nasceu a termo, que nasceu bem, com leite materno exclusivo é normal ter níveis mais baixos. - Quando chega a 9-10 a eritropoietina vai começar a produzir a sua hemoglobina e a partir dai vai acertar. - É uma anemia fisiológica, não tem que ser tratada. * Anemia Ferropriva: - É uma das deficiências nutricionais mais prevalentes em todo mundo, em especial nos países em desenvolvimento (OMS – 2008 – 30% população mundial). - Brasil: prevalência de 53% em menores de 5 anos. - É o estagio mais avançado da depleção do ferro. À medida que vai diminuindo a quantidade de ferro no organismo vamos manifestando de outras formas. - A OMS considera que se em uma população temos mais de 40% com anemia, podemos considerar que 100% da população é carente de ferro. Com isso podemos considerar que aqui no Brasil 100% das nossas crianças tem deficiência de ferro. Por isso complementar com sulfato ferroso. * Distribuição de Ferro: -70-80% tem funções metabólicas e oxidativas, sendo que 65% presente na hemoglobina formando o núcleo heme, uma das funções mais importantes no nosso organismo. - O restante do ferro, entra como co-fator no ciclo de Krebs e síntese de diversas substâncias. -20-30% estão armazenados em basicamente duas formas: ferritina (mais importante) e hemossiderina. - Primeira coisa que acontece quando tem a depleção de ferro é diminuição da ferritina. * Regulação do ferro: - A cada 120 dias as hemácias velhas são destruídas, o anel é quebrado e formando uma novo anel. - O organismo usa a mesma molécula de ferro para formar outra hemácia. - Ferro proveniente das hemácias é reaproveitado. - Como perde o ferro: descamação celular, urina, suor e fezes (muito pouco 1mg/dia) num estoque de 4-5mg. Não existe nenhum sistema fisiológico de excreção de ferro, se der muito vai intoxicar por que não tem como eliminar. - A absorção ocorre muito no TGI, no duodeno principalmente. É modificada conforme a necessidade. - Em caso de perda grande de sangue o TGI vai aumentar a absorção de ferro da alimentação. Ocorre em adultos e crianças, mais nas crianças a necessidade é maior por causa do crescimento. - Outra fase importante é a adolescência onde tem o estirão, durante a gestação p/ mãe fornecer ferro pra criança. * Fontes Alimentares: - Origem animal: carne de todos os tipos leites e ovos. - Origem vegetal: verduras de cor verde escura (couve fresca), feijão (caroço), soja, entre outros. - Não basta o alimento ter uma grande quantidade de ferro, o ferro precisa ser biodisponível. *Biodisponibilidade: - Capacidade que o nosso organismo tem de absorver o ferro que tem em determinado alimento. - Absorção depende: natureza do complexo de ferro, presença de fatores facilitadores ou inibidores na dieta e reserva orgânica. - O melhor ferro é o de origem animal. * Complexo de Ferro: - Heme: ferro ligado ao heme (de origem animal) tem uma absorção muito fácil e melhora a absorção do ferro não heme (complexo ferroso). - Não heme: complexo férrico (3+) que é parcialmente reduzido para forma ferroso (2+) pela ação do ácido clorídrico, bile e suco pancreático. - Quem é vegetariano tem o complexo ferroso que vai depender de alguns fatores facilitadores da absorção do ferro não heme. - O principal é acido ascórbico (vitamina C). A vitamina C só vale se for da fruta fresca, congelado ou em embalagens ela não é conservada. - Criança comendo carne, feijão, arroz e couve, o ferro heme da carne ajuda a absorção do ferro não heme da couve. - O acido clorídrico também ajuda um pouco, toda vez que diminui a acidez do estomago estamos diminuindo a absorção do ferro. * Composição da Dieta: - Fatores facilitadores: acido ascórbico (frutas cítricas), carne em geral, frutose, alguns aminoácidos. - Fatores inibidores: fitatos (cereais), compostos fenólicos (chá preto, chá mate, café e refrigerante – principalmente os de cola), sais de cálcio e fósforos – juntos impedem a absorção do ferro - (fontes lácteas – sorvete, Danoninho de sobremesa – o ideal é de 1:30 depois), fibras e proteínas do ovo. * Metabolismo do Ferro: - Após a absorção do ferro ele vai ser transportado no plasma ligado a transferrina (proteína carreadora do ferro). - Parte do ferro vai ser utilizada para formação do heme e parte vai ser estocada na forma de ferritina ou hemossiderina. * Causas da deficiência de ferro: - Aumento da demanda: primeiro ano de vida (periodo mais critico para anemia), adolescência e gestação. - Fatores nutricionais: leite materno tem ferro com excelente biodisponibilidade (50%) de absorção, os outros leites não têm a mesma propriedade, necessitando complementação. - O tratamento de ulcera péptica e refluxo pode levar a menor absorção do ferro. - Todas as doenças que levem a má absorção de ferro, como má absorção geral, diarréia grave, desnutrição, doença inflamatória do intestino ou ressecção intestinal - Perdas sangüíneas: pode ocorrer na enteropatia exsudativa que ocorre por hipersensibilidade ao leite de vaca cru, assim como algumas verminoses e úlceras. A perda de ferro na enteropatia exsudativa pode ocorrer devido ao vômito/diarreia ou de forma crônica (hipersensibilidade 4) onde desenvolve uma proctite, inflamação do reto e anus que causam uma perda sanguínea. * Etapas da deficiência do ferro: Dieta deficiente de ferro causa: 1- Depleção do ferro com diminuição da ferritina sérica. 2- Eritropoise ferro deficiente: diminuição de ferro sérico e baixa saturação da transferrina. 3-Anemia por deficiência de ferro: anemia hipocrômica e microcitica – comum em talassemias. * Quadro clinico: - Mais freqüente entre 6 e 24 meses. - Mais comuns são palidez (bastante falho, ainda mais em crianças), irritabilidade, anorexia, cansaço. - Pode levar ao atraso no crescimento (às vezes desenvolve antes de tudo), às vezes não desenvolveu anemia ainda. - Em casos mais graves pode ter sopro sistólico funcional em foco mitral, aumento da frequência cardíaca para chegar mais sangue/oxigênio no musculo, o miocárdio também vai sofrer com a falta de oxigenação podendo levar a um aumento da área cardíaca, sopro, descompensação. - Infecção também promove anemia e pode causar insuficiência cardíaca aguda. - No TGI o sintoma mais comum é perversão do apetite. As pessoas associam com verminose mais não tem relação nenhuma, geofagia, glossite atrófica. - No SNC (desenvolvido no 1º ano de vida) tem atraso no desenvolvimento intelectual que depois é dificilmente recuperado, irritabilidade, distúrbios de atenção e dificuldade de concentração. Quando a mãe tem anemia durante a gestação a criança vai desenvolver no 1º ano de vida e não como feto. - Sistema imunológico: tendência a infecções recorrentes, principalmente de vias aéreas. * Diagnostico laboratorial: Determinação Laboratorial Alteração Resultados Hemoglobina Diminuída <11g/dl VCM (RDW eletronicamente) Diminuído <70 Ferro sérico Diminuído <50mcg/dl Capacidade ligação Fe Aumentada >400mg/dl Saturação transferrina Diminuída <10% Protoporfirina eritrocitária livre Aumentada >50mcg/dl Ferritina sérica Diminuída <12ng/ml - Não precisa decorar os valores, apenas saber interpretar os exames. - Saber apenas hemoglobina porque o resto tem valores de referencias nos exames. - VCM – vê através da hematoscopia, na lâmina. - RDW – tamanho das hemácias. - Ferro sérico vai estar diminuído, mas não dá pra afirmar que é anemia ferropriva porque pode baixar em outras situações como infecções. - Capacidade de ligação do ferro vai estar aumentada. - Protoporfirina eritrocitária livre (substrato do heme sem o ferro) se tá faltando ferro vai ter muita protorfirina. - Ferritina sérica vai estar diminuída, é a primeira que diminui. * Diagnostico diferencial: - Anemia por infecção onde a ferritina vai estar normal ou elevada. - Talassemia (hipocrômica e microcítca) que tem a protoporfirina normal ou baixa. *Tratamento: - Orientação dietética se a origem for falta nutricional: fígado (tem mais de ferro que outras carnes), vísceras, carnes, peixes, hortaliças frescas (espinafre, couve, acelga, alface), feijão. - Alimentos que facilitam absorção de ferro não-heme com acido ascórbico e frutas cítricas. - Evitar alimentos que interferem com absorção de ferro. - 5mg/kg/dia de ferro elementar de sulfato ferroso (mais comum), evitar ultrapassar 50-100mg/dose devido aos efeitos desagradáveis (sabor metálico, constipação ou diarreia). - Efeitos desagradáveis: obstipação ou diarréia, gosto metálico. - Administrar 1 a 1:30 hora antes das refeições. - Ferro parenteral em casos de intolerância a VO pode ser feito por via IM. Os efeitos colaterais incluem: escurecimento da pele no local da aplicação, reações sistêmicas (febre, artralgia e reação anafilática). - Administrar acido ascórbico 100mg/dia por via oral para facilitar a absorção. (Não é obrigatório, mas auxilia o tratamento. Pode associar quando tiver uma anemia difícil de tratar. - Transfusão de sangue nos casos de hemoglobina inferior a 5 ou quando tiver descompensação cardíaca. - Tem que corrigir a causa que leva a anemia, não adianta dá remédio e depois de 6 meses volta com dieta deficiente de ferro. * Profilaxia (SBP): - Lactentes em aleitamento materno: iniciar com dose profilática 1mg/kg/dia assim que o aleitamento deixar de ser exclusivo. Manter até os dois anos de vida. - Lactentes de baixo peso e pré-termos: não fizeram reserva de ferro iniciar com 2mg/kg/dia a partir de um mês mesmo que esteja em aleitamento materno exclusivo. A partir de 1 ano: 1mg/kg/dia. Exceto crianças que tomam fórmulas industrializadas porque ele já vem com ferro. ANEMIAS MEGALOBLÁSTICAS: - Mais raro de ver em crianças. - Anemia macrocitica geralmente com leucopenia e plaquetopenia, ocorre distúrbio da formação de cel vermelhas e de todas as outras células sanguíneas. - Ocorre eritropoise ineficaz porque os precursores eritróides são malformados e destruídos na própria medula. - A desidrogenase lática (HDL) (destruição celular), pigmentos biliares (por destruição celular) e ferro estão aumentados porque a medula destrói a hemácia e o ferro fica disponível. *Características hematológicas: - Eritrócitos com vários tamanhos, com VCM aumentado. - Presença de corpúsculos de Howell-jolly e anéis de Cabot (reticulocito – hemácia jovem – são lançadas na corrente sanguínea e leva a esses corpúsculos). - Principais causas: deficiência de acido fólico e deficiência de vitamina B12 (cianocobalamina). *Deficiência de acido fólico – Vitamina B9: - O folato tem função de co-enzima da síntese de ácidos nucleicos. Funciona no equilíbrio da funções neurológicas e na maturação de glóbulos vermelhos e brancos. A deficiência ocorre principalmente pela ingesta inadequada. Principais fontes: - Leite humano (materno) tem quantidades suficientes. - Fígado, rim, hortaliças verde escuras, vísceras, verduras escuras crua, espinafre, suco de laranja, trigo e leveduras. Causas da deficiência: - Síndromes de má absorção. - Terapia anticonvulsivante (fenobarbital e difenilhidantoina) – gestantes que fazem uso é importante complementar com acido fólico para não afetar o fechamento do tubo neural. - Anemia hemolítica (no teste do pezinho, crianças vai usar pelo resto da vida). - Uso de medicações inibidoras de folato (metotrexato, sulfona, pirimetamina, trimetoprima). - Crianças que so ingere leite de cabra tem que complementar com ferro e acido fólico. Manifestações e Diagnóstico: - Vida intra-uterina: defeitos do fechamento do tubo neural (ocorre com 6-8 semanas de gestação). - Anemia macrocítica, anisocitose e poiquilocitose, reticulócitos diminuídos. - Nível sérico de folato-diminuido. Tratamento: - Ácido fólico 1-5 mg/dia. - Correção da dieta: suspender leite de cabra e drogas antifolato. - Existe uma lei federal para colocar acido fólico na farinha, mas é pouco usada para criança no 1º ano de vida. Profilaxia: - Deve ser usado em situações de recuperação de estados aplásticos (anemia falciforme que fez uma crise aplastica), desnutrição grave, anemias hemolíticas durante a vida toda. - Pesquisar deficiência concomitante de cobalamina (B12). - Pacientes em alimentação com leite de cabra. *Deficiência de B12 - Cobalamina: -Muito rara. - Presente em produtos animais carnes, vísceras, gema de ovo, vegetarianos tem que tomar vitamina B12. - Fica estocada nos hepatócitos por 400 dias, por isso demora a ter anemia, deficiência aparece em período prolongado de ingestão carente, criança só tem se a mãe tivesse. Metabolismo: - Necessita de proteínas carreadoras para transporta-la para dentro da célula que fica geralmente no estomago (fator intrínseco e transcobalamina II). - Função:T em como função participar como coenzima na síntese de metionina e de succinilCoA que ajuda na maturação dos glóbulos vermelhos e na formação da mielinização do sistema nervoso. Quadro clínico: - Sintomas intestinais: perda de apetite, perda de peso, náuseas, constipação ou diarreia, glossite ou ulceras na língua (sintomas inespecíficos). - Alterações neurológicas: degeneração das colunas posterior e lateral do cordão espinhal e lesão nervosa periférica: perda do sentido de posição e ataxia (acontece mto em alcóolatras crônicos), quando vai evoluindo leva a espasticidade e dorsoflexão dos dedos, parestesia distal (muito comum), fraqueza muscular, demência, depressão e atrofia óptica, dependendo do grau que chega é irreversível. - RN e lactante: quando a mãe tem deficiência, diagnostico com anemia macrocitica com pancitopenia variável. Diagnóstico pelo nível sérico baixo de vitamina B12. - Crianças maiores e adolescentes: anemia perniciosa (destruição de células parietais que produzem fatores intrínseco – anemia macrocitica), doenças gástricas e intestinais, dieta deficiente em vitamina B12. - Anemia macrocítica com neutropenia e plaquetopenia. - Nível sérico baixo de vitamina B12 (precisa de evidencias de anemia macrocítica). Tratamento: - Correção da dieta. - 1/mg/dia IM por uma semana, seguida de 2 doses semanais e repetição do hemograma, correção muito rápida, a criança melhora rapidamente.
Compartilhar