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Cianose: Definição, Detecção e Classificação

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Cianose 
 
 
Definição: “Coloração azulada da pele e das mucosas devido ao aumento do teor de 
hemoglobina reduzida ou dos derivados da hemoglobina nos pequenos vasos sangüíneos 
desses locais” 
 
Detecção clinica 
 
A detecção da cianose ao exame clínico é possível quando há de 75% a 85% de saturação de 
oxigênio. 
Seu grau pode ser modificado por: pigmento cutâneo 
 espessura da pele 
 estado dos capilares. 
 
Em casos de pele escura, em que a cianose só é perceptível quando a saturação de oxigênio 
chega a 75%, a observação de mucosas da cavidade e oral e conjuntivas em vez da pele é mais 
útil para o diagnóstico. 
 
Fisiopatogenia 
 
 Ocorre quando há aumento de hemoglobina reduzida nos vasos cutaneomucosos, que 
pode ser provocado por: 
o Aumento da quantidade de sangue venoso: resultante da dilatação das vênulas 
e terminais venosos dos capilares 
o Diminuição da Saturação de O2 no sangue capilar 
 Percepção clinica em relação à hemoglobina: Quando a concentração de hemoglobina 
reduzida passa de 50g/l a cianose torna-se visível clinicamente. (No Harrison dizia 
40g/l, mas acho que melhor colocar o que ele falou). 
 
 Apenas a quantidade absoluta de hemoglobina reduzida importa para a geração de 
cianose, e não a sua quantidade relativa. 
 
Ex.: Anemias graves  Há elevada quantidade relativa de hemoglobina reduzida nas veias em 
comparação à quantidade total de hemoglobina no corpo. Porém, a quantidade de 
hemoglobina está reduzida devido à doença, de modo que a concentração de absoluta 
hemoglobina reduzida não está alta  não há cianose. Isto porque a saturação da Hb aumenta 
compensatoriamente de modo que a percepção de cianose ocorre mais lentamente. 
 
Policitemia acentuada Tendem a manifestar cianose em níveis de SO2 mais elevados do que 
os pacientes com hematócrito normal, pois quanto maior o conteúdo de hemoglobina total, 
maior a tendência a manifestar cianose. 
 
Congestão passiva local  Leva a maior concentração total de hemoglobina reduzida nos 
vasos de dada região  Provoca cianose. 
Hemoglobinas não-funcionais (metemoglobina e sulfemoglobina)  Também provocam 
cianose quando presentes no sangue. 
 
Classificação 
 
A – Central (dificuldade na oxigenação da Hb) 
 
Ocorre devido a Saturação de O2 reduzida ou à presença de um derivado anormal de 
hemoglobina  Tanto as mucosas quanto a pele são acometidas. 
 
Ex.: Pressão atmosférica reduzida, função pulmonar comprometida, Hemoglobina com baixa 
afinidade por oxigênio, pequena quantidade de hemoglobina, shunts (sangue venoso no 
circuito) etc. 
 
B- Periférica (aumento do consumo periférico de O2) 
 
Deve-se a um fluxo sanguíneo mais lento e a uma elevada extração de oxigênio de um sangue 
arterial com saturação dentro da normalidade. Resulta da vasodilatação e diminuição do fluxo 
de sangue periférico  mucosa oral e freio da língua poupados. 
 
Ex.: Ocorre na exposição ao frio, choque, ICC e na doença vascular periférica, obstrução 
arterial e venosa, etc. 
 
Obs.: Em casos de choque cardiogênico com edema pulmonar pode ocorrer mistura de ambos 
os tipos de cianose. 
 
Diagnósticos diferencias 
 
I – Cianose central 
 
1 – Baixa saturação arterial de oxigênio 
 
1.1 – Baixa pressão atmosférica 
 
Ex.: Elevadas altitudes 
A cianose normalmente se manifesta em uma subida à altitude de 4000m. 
A 5000m  75% de So2  Cianose. 
 
1.2 - Hemoglobina mutante – baixa afinidade pelo oxigênio 
 
Ex.: Metahemoglobinemia – adquirida ou hereditária 
Exposição do sangue ao ar- coloração marrom 
Sulfahemoglobina – adquirida 
 
1.3. Disfunção pulmonar 
 
 1.3.1. Hipoventilação alveolar 
 1.3.2. Perfusão de áreas mal ventiladas 
 1.3.3. Distúrbio de difusão 
 
Ex: Pneumonia extensas , edema pulmonar, enfisema, doenças crônicas com fibrose associada, 
que provocam má perfusão de áreas pouca ventiladas. 
 
1.4. Shunts Anatômicos 
 
Shunt – sangue do sistema venoso no circuito arterial 
 
 1.4.1 - Doenças cardíacas congênitas 
 
Fluxo de região de alta pressão para região de baixa pressão associado à lesão obstrutiva distal 
ao defeito ou a aumento da resistência vascular pulmonar. Ex: Tetralogia de Fallot 
 
Ductus Arteriosus Patente, Hipertensão Pulmonar, Shunt Direita-Esquerda: cianose diferencial 
– presente nos membros inferiores, mas ausente nos membros superiores. 
 
 1.4.2. Fístulas arterio-venosas pulmonares 
 
Podem ser congênitas ou adquiridas, solitárias ou múltiplas, pequenas ou massivas. 
A gravidade da cianose provocada por elas depende de seu número e tamanho. 
 
Ex.: Telangiectasia Hemorrágica Hereditária 
Cirrose Hepática - fístulas arteriovenosas pulmonares e/ou anastomoses da veia porta com 
veia pulmonar. 
 
 
 1.4.3. Múltiplos shunts intrapulmonares 
 
Cianose provocada depende do tamanho do shunt e da oxigenação da hemoglobina no sangue 
venoso. É acentuação com o exercício devido ao aumento da extração de oxigênio e da 
redução da resistência vascular sistêmica. 
 
II - Cianose Periférica 
 
Exemplos: 
 
 Exposição à água ou ao ar frio é a causa mais freqüente de cianose periférica. 
 
 ICC ou choque  Redução do débito cardíaco  Vasoconstricção cutânea como 
mecanismo compensatório, de modo que o sangue é desviado para da pele para 
regiões mais vitais como SNC e coração, e diminuição da tensão de oxigênio vênulo-
capilar. 
 
 Obstrução arterial: pode ser acarretada por êmbolo ou vasoconstricção arteriolar, 
como no vasoespasmo pelo frio (fenômeno de Raynaud). Provoca palidez, 
resfriamento e cianose. 
 
 Obstrução venosa: Provocada, por exemplo, por estagnação do fluxo ou hipertensão 
venosa local (tromboflebite) ou sistêmica (doença tricúspide ou pericardite). No caso 
da hipertensão venosa, há dilatação dos plexos venosos subpapilares, o que intensifica 
a cianose. 
 
 Abordagem do paciente com cianose 
 
1.História 
Tempo, exposição a drogas e a agentes químicos. 
Cianose desde o nascimento ou primeiro ano de vida normalmente é originada de cardiopatias 
congênitas. 
 
2. Diferenciação entre cianose central e periférica 
Massagem e aquecimento moderado de membros cianóticos aumentam o fluxo sanguíneo 
periférico e eliminam a cianose periférica, mas não a central. 
Exame físico e radiográfico são úteis na diferenciação. 
 
3. Presença ou ausência de baqueteamento digital 
 
 Baqueteamento sem cianose – endocardite infecciosa 
 - colite ulcerativa 
 - pessoas saudáveis 
 - ocupacional (operadores de martelos) 
 
 Cianose sem baqueteamento – estenose mitral 
 
 Cianose com baqueteamento – doenças cardíacas congênitas, fístulas arteriovenosas 
pulmonares. 
 
 Cianose periférica e cianose central aguda – não estão associadas a baqueteamento 
 
4. Determinação da tensão de oxigênio arterial ou a saturação de oxigênio, espectroscopia e 
outras pesquisas de anormalidade na hemoglobina.

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