Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ALIMENTOS Estudo dos diferentes componentes do alimento. Alimento : “ É toda substância que se ingere em estado natural, semi-industrializada ou industrializada, e se destina ao consumo humano, incluída as bebidas e qualquer outra substância que se utilize em sua elaboração, preparação ou tratamento, mas não inclui cosméticos, o tabaco nem aes substâncias que se utilizam unicamente como medicamento. Podemos definir as funções dos alimentos da seguinte forma: I) Específicas: a) Calóricas ou energéticas: glicídeos, gorduras e proteínas; b) Plásticas : proteínas; c) Reguladoras: Vitaminas e minerais. II) Paraespecíficas: Estimular prazerosamente, saciar, dar sensação de plenitude, contribuir para manter a imunidade, aumentar o peristaltismo intestinal, contribuir para o 2 esvaziamento gástrico, etc. CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS Pela origem: vegetais, animais e minerais. - autótrofa (vegetais). - Heterótrofos (animais). Possibilidades de conservação: com exceção dos ricos em gorduras (rancidificação) depende da quantidade de água presente em cada alimento: - Alimentos não perecíveis (grãos, açúcar); - Semi-perecíveis (algumas hortaliças e frutas – ex.: beterraba, batata madura, cenoura, nabo, frutas maduras, certas qualidades de pêra e maçã, amêndoa, noz, etc...); - Perecíveis (leite e derivados, carnes, milho, aspargo, tomate, pêssego, etc). 3 Nutriente presente em maior quantidade: - Alimentos: •ricos em carboidratos (cereais e derivados). • protéicos (carnes, leite). • gordurosos (manteiga, óleos, creme). • vitamínicos (frutas e hortaliças). • com fibras (grãos inteiros, frutas e verduras). Alcalinizantes (atuam como bases) e Acidificantes (tendem a baixar o pH sanguíneo) CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS (CONT...) Digestibilidade (tecido conectivo em alimentos cárneos ou presença de antinutrientes digestão e absorção). Poder osmótico (digestão e absorção. Ex.: alguns CHO em [ ] podem produzir espasmo pilóricos e reter o alimento no estômago). Coesão molecular: influi no tempo de digestão. - alta ou baixa digestibilidade. - Quanto + mole ou + fluido > digestibilidade > ação de enzimas digestivas. - Alimentos ricos em fibras < digestibilidade. 5 COMPONENTES DOS ALIMENTOS MACRONUTRIENTES: CarboidratosProteínas e Lipídeos MICRONUTRIENTES: Vitaminas,Minerais, Água COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ALIMENTOS GRUPOS QUE PARTICIPAM DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA CENTESIMAL Carboidratos Proteínas Lipídeos Cinzas Água COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DOS ALIMENTOS - CONCEITO É a proporção em que aparecem os grupos de substâncias (nutrientes e não nutrientes) em 100 gramas do alimento. A composição centesimal de um alimento é também chamada de composição básica. As frações obrigatoriamente determinadas para a composição básica de qualquer alimento são: UMIDADE, CINZAS, LIPÍDIOS, PROTEÍNAS, CARBOIDRATOS e FIBRAS. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DOS ALIMENTOS É raro um mesmo alimento apresentar todos os grupos de nutrientes citados; geralmente há predominância de um ou dois grupos sobre os demais e é isto que caracteriza o produto como alimento. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DOS ALIMENTOS Todo alimento é composto de uma parte sólida e outra líquida. A parte sólida dos alimentos é chamada de extrato seco A parte líquida é a água COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DOS ALIMENTOS Extrato seco Carboidratos (açúcares simples, polissacarídeos, fibras) Lipídios (triglicérides, vit lipossolúveis, pigmentos vegetais) Proteínas (substâncias nitrogenadas protéicas e não protéicas (vit do comp. B, NO2, NO3)) Sais minerais (sais inorgânicos) CINZAS TOTAIS Vitaminas (lipossolúveis e hidrossolúveis) Água COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DOS ALIMENTOS Composição centesimal de farinha de cereais COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DOS ALIMENTOS UMIDADE Umidade ou substâncias voláteis a 105ºC é a fração que engloba todos os componentes voláteis à temperatura de 105ºC. ÁGUA – principal componente da umidade, não apresenta valor nutritivo. Essa água pode estar fracamente aderida à superfície do alimento (água livre) ou adsorvida no interior do alimento. Corresponde à perda, em massa (peso), sofrida pelo produto quando aquecido em condições nas quais a água (e componentes voláteis) é removida 13 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DOS ALIMENTOS UMIDADE – a umidade do alimento está relacionada com a estabilidade, segurança toxicológica e composição do produto. Milho para pipoca tem boa expansão se o grão tiver umidade em torno de 18%. Amendoim com umidade acima de 11% no grão, pode haver contaminação pelo Aspergilus flavus, com produção de aflatoxinas (cancerígenas). Café solúvel tem umidade máxima de 3% (ANVISA, portaria 130, fev de 1999) – acima de 7% de umidade causa aglomeração). COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DOS ALIMENTOS - CINZAS CINZA – resíduo que permanece após a queima da matéria orgânica. Cinza ou resíduo mineral fixo é o resíduo obtido por aquecimento de um produto em temperatura na faixa de 550 a 570oC, usando o forno mufla. AS CINZAS são formadas por minerais diversos: Grandes quantidades (g) – K, Na, Ca, Mg Pequenas quantidades (mg) – Al, Fe, Cu, Mn e Zn. Quantidades traço (μg) – I, F e outros elementos. Esses elementos se apresentam, nas cinzas, sob a forma de óxidos, sulfatos, silicatos e cloretos. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DOS ALIMENTOS - CINZAS Determinação das cinzas cinzas totais cinzas insolúveis (detecção de areia) determinação dos componentes individuais (minerais) das cinzas (Ca, P, Na, K, Fe, etc.) COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DOS ALIMENTOS LIPÍDEOS Componentes do alimento solúveis em solventes apolares (éter, clorofórmio, acetona) e insolúveis em água. Ácidos graxos livres, fosfolipídios, glicolipídios, esfingolipídios. Esteróis, ceras, pigmentos e vitaminas também podem ser extraídos. PROTEÍNAS (PTN) Determinação das PTN totais (nitrogênio protéico). Fibra bruta – substância que não é digerível pelos organismos humano e animal e é insolúvel em ácido e base diluídos em condições específicas. Fibras insolúveis Celulose, lignina e pentosanas. Fibras solúveis Pectina, gomas e mucilagens. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DOS ALIMENTOS CARBOIDRATOS (CHOs) A determinação é por diferença das determinações anteriores: Umidade – 10% Cinzas - - - 2% Lipídeos – 15% Proteínas – 14% Total -------41g em 100g Carboidrato = 100 – 41 = 59g COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DOS ALIMENTOS OBJETIVOS Determinação da composição do alimento para o controle de qualidade (fraudes e controle de produção). Geração de dados para as tabelas de composição dos alimentos. Determinação do valor calórico dos alimentos (prescrição de dietas, elaboração de cardápios. marketing). COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DOS ALIMENTOS VALOR CALÓRICO TOTAL (VCT): Quantidade de calorias (Kcal) que o alimento apresenta. Nutrientes que geram calorias. açúcares (carboidratos) – 1g gera 4 Kcal aminoácidos (proteínas) – 1g gera 4 Kcal lipídeos (óleos e gorduras) – 1g gera 9Kcal TABELA DE COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ALIMENTOS PRINCIPAIS UTILIZADAS NO BRASIL 1948 – Tabela de Alimentos Brasileiros, do Serviço de Alimentação da Previdência Social (19). Essa tabela foi citada pela FAO em 1949 na publicação Food composition tables for international use, mas não se têm informações sobre a origem dos dados. 1951 – Tabela de Composição Química de Alimentos, de Guilherme Franco do Serviço de Alimentação da Previdência Social (41). Esta tabela foi reeditada inúmeras vezes e é utilizada até hoje, embora não apresente informações sobre a forma de obtenção dos dados e nunca tenha sido atualizada. TABELA DE COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ALIMENTOS PRINCIPAIS UTILIZADAS NO BRASIL 1977 – Tabelas de Composição de Alimentos – Estudo Nacional de Despesas Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (42). Adaptada aos objetivos do ENDEF, essa tabela é uma compilação de dados nacionais e internacionais,quando foram escolhidos os dados mais representativos, considerando-se números de amostras e métodos analíticos utilizados na época. As publicações e metodologias utilizadas são das décadas de 1960 e 1970, em função disso os dados de fibra apresentados referem-se à fibra bruta e no caso de vitaminas e minerais são pouco precisos. Apresenta o nome científico dos alimentos e informações de alimentos crus e preparados. 1995 – Tabela de Composição de Alimentos, de Mendez e colaboradores, editada pela Universidade Federal Fluminense (43). Essa tabela apresenta informações sobre preparo das amostras; nome científico, nome em espanhol e inglês dos alimentos e metodologia utilizada na análise. Porém a fibra insolúvel foi obtida com solução detergente (ácido e neutro) e a solúvel por método que determina parte da pectina, dessa forma, os dados de fibra podem estar subestimados. TABELA DE COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ALIMENTOS PRINCIPAIS UTILIZADAS NO BRASIL 1998 – Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – USP, (TBCA-USP), BRASILFOODS, Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Disponível em http://www.fcf.usp.br/tabela (40). Trata-se da primeira tabela da América Latina a ser disponibilizada na Internet e vem sendo constantemente atualizada. Adota padrões internacionais (INFOODS/LATINFOODS) no que se refere aos métodos analíticos, identificação de alimentos e nutrientes; apresenta os alimentos de maneira detalhada (nome científico, parte do alimento, processamento, grau de maturação, etc.) e os dados por 100g e também por medidas caseiras mais utilizadas ao respectivo alimento, na versão 4.1, de 2005. 2001 – Tabela de Composição de Alimentos: suporte para decisão nutricional de Phillipi (45). Tem por base o banco de dados utilizado no Virtual Nutri, um programa de nutrição e cálculo de dietas, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (46), que traz dados de várias tabelas, nacionais e 25 internacionais, e dados de rótulos de produtos industrializados. TABELAS DE COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ALIMENTOS 2004 – Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – TACO, do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Alimentação da Universidade Estadual de Campinas (NEPA/UNICAMP). Disponível em http://www.unicamp.br/nepa/taco/ (47). A versão atual é a de 2011. Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras de Pinheiro e colaboradores – 2006. Trata de um trabalho prático, construído segundo procedimentos científicos, de sólida consistência metodológica. Seu objetivo se mantém o mesmo: a correta e precisa avaliação da ingestão de alimentos, tendo por base o correspondente consumo em medidas caseiras. COMPONENTES FUNCIONAIS Além da função básica de nutrição apresentam componentes que beneficiam a saúde humana: Alimentos funcionais Exemplos: Isoflavonas – soja Licopeno – tomate Betacaroteno – cenoura Resveratrol – vinho Selênio – Oleaginosas Ômega 3 – Linhaça, salmão, atum, sardinha FATORES QUE INFLUENCIAM NA COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ALIMENTOS: Aula 2 Cereais Conceito: Grãos comestíveis das gramíneas de cultivo. São alimentos largamente utilizados na alimentação humana desde milênios por sua facilidade de cultivo, 1 conservação, alto valor calórico e baixo preço. As antigas e as modernas culturas desenvolveram-se e mantiveram-se através dos tempos, tendo como base principal de sua alimentação algumas gramíneas. As civilizações da Babilônia, do antigo Egito, da Grécia e de Roma consumiam dietas à base de trigo, cevada e milheto. A Índia, a China e o Japão, e outras zonas do Oriente utilizam o arroz. As civilizações do Novo Mundo, como as dos Incas, Maias e Astecas utilizam o milho e, as tribos da África negra, o sorgo e o milho. Grãos: ▪ alimentos concentrados; ▪ fácil conservação (desde preservados da umidade); ▪ Variedade ( diferentes terrenos): garantem grande quantidade de nutrientes por superfície semeada. ▪ Composição: 1º Hidratos de carbono e proteínas e; 2º Vitaminas, minerais e fibras (menor grau). 3º Lipídeos: pequenas quantidades (consumidos inteiro). ▪ Em geral, carecem de lisina e triptofano (facilmente suplementados por pequenas quantidades de carnes, ovo e leite). ▪ Igualmente, carecem de cálcio, ferro e vitaminas em especial. ▪ São alimentos de baixo preço. ▪ Sabor suave e fácil digestão e absorção 3 Desenvolvimento e estrutura dos cereais Morfologia dos Grãos ▪ Os grãos maduros são chamados de “cariopse” ▪ •Cariopse descoberta ou desnuda: possuem somente germe, endosperma e membrana da semente (milho, trigo e centeio). ▪ •Cariopse vestida: possuem fusão de glumos que formam a casca fortemente aderida - arroz, aveia (um pouco menos), cevada (aderentes mas levemente espessas). ESTRUTURA DO GRÃO DE CEREAL • CAMADA ENVOLTÓRIA (FARELO OU CASCA) de fácil remoção - 8 a 17% do grão ricas em vitaminas, minerais e fibras, quase carente de amido • ENDOSPERMA ou AMÊNDOA FARINHOSA muito rico em amido e proteínas que formam o glúten = 63 a 87% 6 • GÉRMEN localiza-se na extremidade muito rico em vitamina E e do complexo B COMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS PARTES DO GRÃO DETRIGO (%) Cinzas Proteína bruta Lipídeo Fibra bruta Celulose Amido Pericarpo 3,4 6,9 0,8 23,9 27,0 - Células aleurônicas 10,9 31,7 9,1 6,6 5,3 - Gérmen 5,8 34,0 27,6 2,4 - - Endosperma 0,6 12,6 1,6 0,3 0,3 80,4 Fonte: Belitz, H.D. & Grosch, W. Química de Los Alimentos, 2ª Ed. Editorial Acríbia, S.A. Zaragoza, Espanha, 1997. FRAÇÕES DOS DISTINTOS CEREAIS (valores médios em % do peso) Fonte: Belitz, H.D. & Grosch, W. Química de Los Alimentos, 2ª Ed. Editorial Acríbia, S.A. Zaragoza, Espanha, 1997. Variações de composição nas diferentes partes dos grãos Os princípios nutritivos nos cereais não se distribuem de forma homogênea. A industrialização e a manufatura tornam as diferenças mais evidentes. Pericarpo: 2º setor em proteínas, lipídeos, tiamina, riboflavina (apenas superado pelo germe). 1º em fibras, minerais e niacina. Características dos componentes nutritivos dos cereais GLICÍDEOS AMIDO (mais importante) •Amilose – cadeia linear (15 a 20% do total amiláceo). •Amilopectina O amido polímeros de glicose formado por ligações (1- 4) nas cadeias principais e ligações (1- 6) nos pontos de ramificação. ✓ O amido é produzido em grande quantidade nas folhas dos vegetais como forma de armazenar temporariamente os produtos da fotossíntese; ✓ Como reserva permanente de alimento para a planta, o amido ocorre nas sementes, bem como na medula, nos raios medulares e no córtex de caules e raízes de plantas; ✓ Constitui de 50% a 65% do peso das sementes de cereais secos, e até 80% da substância seca dos tubérculos. É grande a contribuição do milho e de outros cereais, como o arroz, o sorgo e o trigo, para o suprimento mundial de amido. Este também é extraído da batata, dos rizomas da araruta e das raízes da mandioca. ✓ O amido ocorre em grânulos (ou grãos) que têm estrias típicas. Estas, aliadas ao tamanho e à forma dos grânulos, são mais ou menos específicas de cada espécie de planta, e podem servir de meio de identificação microscópica da origem botânica do amido. ✓ Amido = glicídio que se apresenta em forma granulada de cor branca e sem sabor. Não se dissolve em água, mas se dispersa. O amido é hidrofílico absorve água inchando-se CARBOIDRATOS FÓRMULA GERAL (CH2O) GLICÍDEOS A degradação de amido é paulatina. AMIDO DEXTRINAS ERITRODEXTRINAS ACRODEXTRINAS MALTOSE GLICOSE A glicose é um açúcar redutor. AMIDO GELATINIZAÇÃO ao aquecer a água com amido, a membrana que o envolve torna-se permeável permitindo a absorção de água, inchando- se lentamente até 3 vezes o seu volume inicial. PROCESSO DE GELATINIZAÇÃO Amilose - formação de um gel – temperatura entre 50 e 70 oC. Com a continuidade do aquecimento a membrana se rompe liberando a DEXTRINA, substância semi-solúvel preparação torna-se líquida. RETROGRADAÇÃOao esfriar-se ocorre um novo ordenamento molecular, que ao final de 1 ou 2 dias pode tornar-se micelas muito densas e altamente consistentes, cristalizadas e pouco solúveis. Ocorre de fora para dentro. PROCESSO DE GELATINIZAÇÃO Amilopectina – géis de alta viscosidade – retrogradação devido a retração das ramificações laterais. Endurecimento do pão pode ser devido a este processo. Hidrólise do amido Enzimas: alfa-amilases e beta-amilases. Encontrada nos grãos, principalmente zona do germe (elemento de reserva energética e 1º precisa ser digerido). No processo de digestão, as enzimas estão presentes na saliva e pâncreas (liberadas no intestino delgado). Ataque enzimático mais fácil quando o amido foi previamente cozido. Cada grânulo absorve 20 x o seu peso em água – enzimas facilmente transportadas até o interior das uniões glicosídicas. Alfa-amilases amilopectina oligossacarídeos (4 maltoses) + maltose livre + glicose. Beta-amilase hidrólise das cadeias laterais da amilopectina (permanecem grandes núcleos de dextrinas). No intestino ação das maltases hidrólise em maltoses. 18 Hidrólise do amido Também ocorre sob altas temperaturas e pressões de várias atmosferas, em meio ácido (HCL). Ex.: Xaropes de glicose. Xaropes de glicose pode-se frear a hidrólise em etapas intermediárias. Contém além de glicose, diversas dextrinas e maltose. Principal matéria-prima é o amido de milho. Classificação: - Xaropes de baixa conversão: 33 a 38% do conteúdo total sendo glicose. Maior quantidade de amido. Maior poder de reter água e poder ligante. Utilização: caramelo e confeito mole (menor sabor doce). - Xaropes de média conversão: 38 a 45% do conteúdo total sendo glicose. - Xaropes de alta conversão: mais de 50% do conteúdo total sendo glicose. 19 Féculas: amidos (quando de cereais) provêm da separação da porção amilácea do milho ou sorgo. Glicídeos não amiláceos Apesar de em pequenas quantidades são importantes na utilização de farinhas em processo de fermentação e como indicadores bromatológicos do grau de extração (indica o teor percentual em que se aproveitou o grão). Região próxima ao germe: existem mono, di e trissacarídeos (Glicose, maltose e sacarose, rafinose – quantidades variam em 1 a 2%), aumentados quando o grão é exposto à altas % de umidade ou colheita em tempos de chuva. Esses podem resultar em produtos de panificação com alta capacidade fermentativa e produção de CO2. FIBRAS Grande variedade entre os cereais. Maior variedade se são utilizadas farinhas refinadas. Farelo – celulose (função intestinal). lignina (colesterol). O conteúdo das fibras nos cereais é ~2% com exceção da aveia que contém 5x mais. Valor nutricional das proteínas dos cereais Os cereais têm em torno de 10% de proteínas em sua composição. Existem diferentes tipos de proteínas nos cereais, porém as que predominam são: PROLAMINAS E GLUTELINAS. Os dois tipos têm valor biológico limitado quando comparado aos alimentos de origem animal como albuminas e globulinas. O valor biológico limitado é devido a presença de aminoácidos limitantes. O valor biológico da proteína é a proporção de N absorvido e retido pelo organismo para reparação e manutenção dos tecidos. 22 Valor nutricional das proteínas dos cereais As proteína dos cereais e dos vegetais são de baixo valor biológico (exceto soja). Carne, leite, ovos e pescados possuem proteínas de alto valor biológico. Proteínas de alto valor biológico contém todos os aminoácidos essenciais em quantidade satisfatória. Aminoácidos essenciais: Lisina (Lys), Triptofano (Trp), Leucina (Leu), Isoleucina (Ile), Fenilalanina (Phe), Metionina (Met), Valina (Val), Treonina (Tre), Histidina (Hys) e arginina (Arg) somente na infância. Tirosina (Tyr) é produzida a partir da Fenilalanina e a cisteína (Cys) a partir da metionina são considerados aminoácidos semi-essenciais. Não temos reservatórios de proteínas. Valor nutricional das proteínas dos cereais Aminoácidos não-essenciais: ácido aspártico (Asp), ácido glutâmico (Glu), asparagina (Asn), glutamina (Gln), alanina (Ala), glicina (Gly), prolina (Pro) , serina (Ser). Aminoácido limitante: aminoácidos essenciais presentes em quantidade menor que as necessidades do organismo. Exemplo: ➢ Trigo aa limitante = lisina ➢ Leguminosas aa limitante = aas sulforados (metionina + cistina). ➢ Treonina e Triptofano 2º aa limitante nos cereais. Para aumentar o valor biológico das proteínas do trigo e leguminosas: misturas em s proporções de farinhas dos dois tipos de grãos ou consumidos juntos. Ex.: Arroz + Feijão = complementação (MET e LYS) Proteínas mais importantes em alguns cereais Cereais Proteínas Trigo Gliadina e glutenina Arroz Glutelina Milho Zeína Cevada Hordeína e glutenina Aveia Globulina e avenina Centeio Secalina GLÚTEN É importante considerar as duas proteínas predominantes do trigo: glutenina e gliadina A glutenina é uma glutelina e a gliadina uma prolamina. O glúten é formado pela união destas duas proteínas pela a adição de água e força de cisalhamento e tensão da farinha. O glúten é um complexo protéico que pode ser encontrado no trigo, na aveia, no centeio e na cevada. FORMAÇÃO DO GLÚTEN Principais propriedades: Elasticidade e resistência a extensão. ➢ Gliadina Polipeptídeos separados rica em cisteínas (formam pontes dissulfeto intramoleculares). Massa com gliadina e amido isolada é viscosa. ➢ Glutenina Polipeptídeos unidos (pontes dissulfeto intermoleculares) Polimerizam contribuem para a elasticidade da massa. A presença de glúten é fundamental para o crescimento da massa, pois apresenta uma rede protéica na qual as moléculas de CO2 são mantidas. Enteropatia do glúten 1os sintomas a partir do 7º mês de vida. Doença autoimune do intestinos, afeta as vilosidades comprometendo a absorção de nutrientes e o estado nutricional. As pessoas apresentam antígenos a alguns dos peptídeos da fração de gliadina do glúten. Quem apresenta esta doença precisa excluir o glúten da alimentação durante toda a vida. O glúten é uma proteína que está presente nos seguintes alimentos: trigo, aveia, centeio, cevada e malte. Se o dano for recorrente pode levar ao quadro de câncer. Lipídeos contidos nos cereais Gorduras Presentes: 1º no germen e 2º pericarpo (principalmente camada hialina). Endosperma menor conteúdo de lipídeos ou isento. Ex.: Féculas (farinhas de baixo grau de extração rica em amido). ➢Féculas quando o amido é extraído de tubérculo (debaixo da terra). Ex.: Fécula de batata, de mandioca, de cará. ➢Quando o amido é retirado do grânulo ou alimento dado em cima da terra recebe a nomenclatura de amido. Ex.: Amido de milho. Lipídeos contidos nos cereais Com exceção dos cereais integrais e a aveia não são considerados fontes importantes de gordura. A gordura presente é suscetível a rancificação e devido ao alto grau de insaturação dos glicerídeos. No grão inteiro, principalmente no gérmen, as gorduras são protegidas deste processo pelos tocoferóis. Germe de trigo e aveia ricos em tocoferóis. Minerais dos cereais Mais rico nos farelos e em seguida no gérmen. Destacam-se fósforo e potássio. Pequenas quantidades de Cálcio e Ferro (baixo aproveitamento comparado às carnes). Escassa quantidade de sódio. A natureza dos solo cultivado também influencia podendo conter diversos tipos: S, Mg, Cl, Si (abundante no farelo), Zn, Mn, Cu. Grãos integrais vitaminas do complexo B (parte do farelo e do germe). Alimentação à base de arroz polido prevalência de Beribéri (doença por carência de vit.B1). Alimentação baseada em milhoprevalência de Pelagra (doença por carência de niacina). Causa: provavelmente por presença de antivitamina, ou baixa quantidade de triptofano (precursor da niacina), ou por excesso de treonina (aa intervém no metabolismode Trp). Vitaminas lipossolúveis: tocoferóis unidos às frações lipídicas. Caroteno somente no milho amarelo. Fatores antinutricionais Fitato ou ác. fítico (classe dos taninos) presente no reino vegetal e não somente nos cereais (farelo). O ác. fítico é um ácido hexafosfórico repleto de cargas negativas capaz de ligar aos minerais com cargas positivas (Ca+2, Fe+2, Cu+2, Zn+2, Co+2, N+2) e formar quelatos impede absorção eliminados nas fezes. Cu+2 > Zn+2 > Co+2 > Mn+2 > Fe+2 e Fe+3 > Ca+2 Fatores antinutricionais Fe+2 oxidado em Fe+3 (ganha e-) . Fe+2 Radicais Livres (RLs) danos celulares > Risco de câncer Ácido fítico se liga ao Fe+2 não forma (RLs) < Risco de câncer Fatores antinutricionais Taninos: Compostos fenólicos que compreendem uma classe de substâncias. Menor capacidade de formar quelatos com minerais do que os fitatos. Principal efeito é a capacidade de se complexar as ptns dos alimentos dificulta ação das enzimas digestão. TRIGO ✓ Se classifica em dois tipos principais: DURO e MOLE ✓ TRIGO DURO: muito glúten ideal para preparo de pães Mais elástica e mais resistente ao estiramento. ✓ TRIGO MOLE: pouco glúten ideal para preparo de massas, biscoitos e bolos. FARINHA PROTEÍNA CARBOIDRATOS De grande importância na panificação devido a presença de GLÚTEN. Dura 11,8 74,5 Branca 9,7 76,9 TRIGO ✓ O farelo antigamente era destinado à alimentação de animais. Atualmente, com a valorização da alimentação rica em fibras, está sendo utilizado como ingrediente de pães, biscoitos, bolos e etc. ARROZ ✓ Grão da Oryzia sativa ✓Amplamente utilizado na alimentação brasileira e principalmente pelos orientais. ✓ Seu comportamento ao calor em meio úmido depende do seu conteúdo em AMILOSE e AMILOPECTINA Arroz polido: grãos curtos, médios e longos Arroz curto 12 a 15% de amilose (são melhores utilizados no preparo de doces; Arroz médio podem ser utilizados para doces e salgados. Tendência a empapar menor que o curto (risotos); Arroz longo 16 a 25% de amilose próprios para preparações salgadas. ARROZ INTEGRAL ARROZ PARBOILIZADO ARROZ Arroz Arroz Selvagem: apesar do nome, a botânica não considera como um arroz, sendo assim, um “falso” arroz. É uma gramínea aquática, de longas sementes escuras com elevado valor nutritivo. Rico em proteínas, minerais e vitaminas do complexo B. Após cozido tem um sabor que se assemelhar bastante ao de nozes. Devido ao seu alto custo, tem sido bastante associado ao arroz integral nas preparações, porém é ideal como salada e acompanha muito bem carnes e aves. Arroz Arbório: trata-se de uma variedade de arroz italiana, com grãos grossos, redondos e brancos. Possui uma maior concentração de amido, o que deixa o arroz mais cremoso e por isso o torna ideal no preparo de risotos. Arroz Arroz Negro (ou Preto): bastante conhecido na China, aqui no Brasil ele ainda é um desconhecido de muitos. Trata-se de um arroz rico em fibras e igualmente rico em vitaminas e minerais. De sabor amendoado, acompanha bem pratos à base de peixes e carnes, podendo ser consumido também na forma de saladas. Arroz Malekizado: também considerado como arroz semi- integral, onde o grão com casca passa por um processo de maceração com água fria por três dias e é submetido a altas temperaturas (600°C a 700°C), em seguida é desidratado e descascado, onde é retirado a cutícula e o gérmen. Esse processo faz com que boa parte dos nutrientes sejam preservados no interior do grão, atribuindo ao grão um maior valor nutricional. MILHO ✓ O fubá tem menos glúten não é indicado para preparo de pães fermentado, utiliza-se misturas de farinhas. ✓ A maisena contém apenas o endosperma; ✓ Resultados melhores para o espessamento que farinha de trigo; Alimentação infantil Os grãos destinados ao preparo de pipoca apresentam características modificadas quanto à umidade (13 a 15%) e endosperma (duro e córneo). Quando submetido ao calor seco com gordura quente, a água interna transforma-se em vapor ocasionando o rompimento da celulose EXPLOSÃO DO GRÃO. Industrialmente é utilizado calor seco juntamente com a trituração e 46 esmagamento do grão para a fabricação de cereais pré-cozidos CORNFLAKES, FARINHA DEXTRINIZADA AVEIA ❖ Empregada na manufatura de flocos ❖ O grão é mantido inteiro; Produto de melhor valor nutricional; leite. Produzidos em flocos pré-cozidos, servidos com acréscimo de ❖ Farinha de aveia muito utilizada na panificação e confeitaria e para empanar peixes antes de serem fritos. ❖ Preservação por períodos maiores TOCOFEROL CENTEIO Grão integral Farinha escura, pães mais compactos. • Encontrado em diversos países; • Brasil => imigração alemã e polonesa há 200 anos; • Alimento funcional => alto teor de fibras; • 100 gramas => 335 Kcal, 14,76 g proteínas, 14,6g fibras, 33mg cálcio, 2,67mg ferro, vitaminas do complexo B CEVADA 4° cereal mais colhido no mundo; • Principal ingrediente utilizado na fabricação da cerveja; • Grãos de Cevada => armazenados com umidade e temperatura controladas => germinação => grão macio e solúvel => Malte; • Malte: rico em enzimas responsáveis pela quebra do amido em açúcar, suscetível à fermentação alcoólica, conferindo cor, sabor e aroma Pertence a família das gramíneas. O grão é rico em cálcio, fósforo e potássio. Farinha de cevada, sabor adocicado, utilizada como espessante de molhos. Malte 49 (grão germinado) Farinhas de Cereais Farinha integral: produto obtido a partir do cereal limpo com uma extração máxima de 95% e com teor máximo de cinza de 1,750%; Farinha especial ou de primeira: produto obtido a partir do cereal limpo, desgerminado, com uma extração máxima de 20% e com teor máximo de cinzas de 0,385%; Farinha comum: produto obtido a partir do cereal limpo, desgerminado, com uma extração máxima de 78% ou com extração de 58%, após a separação dos 20% correspondentes à farinha de primeira. O teor máximo de cinzas é de 0,850%. A farinha de trigo comum, por determinação do Governo Federal, para fins de panificação, pode ser adicionada de farinhas de outras origens. Aula 3 INTRODUÇÃO: Conceito Grãos contidos em vagens ricas em tecido fibroso. Muitas são as espécies, por exemplo: grande variedade de feijões, sojas, ervilhas, lentilhas, grãos-de-bico, tremoços, amendoins. Apesar da enorme variedade de espécies possuem a estrutura semelhante. As leguminosas estão entre os alimentos mais antigos. Eram cultivadas no antigo Egito e na Grécia, sendo, também consumidas como símbolo da vida. Os antigos romanos usavam as leguminosas extensivamente nas festas gastronômicas, utilizando-as inclusive como pagamento de apostas. Os grandes exploradores ajudaram a difundir o uso e o cultivo de leguminosas para regiões mais remotas do planeta. O feijão é originário do Novo Mundo, e juntamente com o milho, constituiu a base da alimentação das civilizações Incas, Astecas e Maias. A lentilha, é considerada a mais antiga leguminosa usada na alimentação dos povos do Mediterrâneo. A soja, junto com o arroz, é a base alimentar da Ásia. leguminosas ESTRUTURA ▪ São grãos (frutos) contidos em vagens ricas em tecido fibroso. ▪ Algumas espécies podem ser consumidas quando ainda bem verdes (ervilhas e vagens). ▪ Os grãos secos apresentam uma envoltura de celulose que representa de 2 a 5% de sua estrutura. ▪ Contêm em seu interior cotilédones com 50% de carboidrato e cerca de 23% de proteínas (faseolina). ▪ A soja, por ex., contém cerca de 40% de ptns. CLASSIFICAÇÃO: ▪ 1) As oleaginosas: soja e amendoim; 4 ▪ 2) As de grãos: feijão, lentilha, ervilha, fava. Valor Nutritivo: 2ª fonte protéica depois da fonte animal. 1ª fonte protéica vegetal mais completa. ➢ Glicídeos: + 50% amido, 2-5% celulose; Fibras: em torno de 10 – 20% (feijão: 19,2%; soja 16,6%, grão de bico:10,7%, lentilha: 11,9%, amendoim: 7,5%, ervilha: 18,7%) ➢ Proteínas: 25 - 40% exceto tremoços: 41%, soja:45% valor biológico limitado (pobre em metionina); ➢ Lipídeos: 1 – 3% - amendoim: 40%, soja: 18 – 22% 6 Composição nutricional de algumas leguminosas LEGUMINOSAS PROTEÍNAS LIPÍDIOS CARBOIDRATOS MINERAIS Soja 38 g 19 g 11 g 5 mg Amendoim 26 g 39 g 24 g 2 mg Lentilha 26 g 2 g 53 g 3,4 mg Ervilha 23 g 2 g 53 g 2,9 mg Feijão 24 g 2 g 52 g 3,5 mg Proporção entre teor de triptofano, lisina, metionina, e cisteína em algumas leguminosas comparadas ao padrão da FAO Alimentos Triptofano Lisina Metionina e cisteína Padrão (FAO) 1 3 3 Feijão 1 8 2,2 Lentilha 1 7,1 1,8 Soja 1 4,6 2,3 Amendoim 1 4,6 2,2 Valor Nutritivo: Vitaminas: Complexo B (principalmente tiamina) ✓ soja – pró-vitamina A, complexo B e vitamina E ✓ amendoim – vitamina E Minerais: 2 – 3% - soja: 5% Ca, Fe não-heme, P, K, Mg, Zn, Cu – soja: S. CI Fatores antinutricionais Fatores antinutricionais presentes em alimentos podem provocar efeitos fisiológicos adversos ou diminuir a biodisponibilidade de nutrientes. Reduz o valor nutritivo; Interferem na digestibilidade; Absorção ou utilização. Digestibilidade relação entre a quantidade de proteínas na forma de aminoácidos que é digerida e a quantidade que é absorvida. Ex.: 100 g de proteína ingerida e absorção 87 g digestibilidade de 87%. ❖ Quanto > absorção, melhor digestibilidade. Digestão processo no qual o alimento sofre transformações para que seus nutrientes sejam absorvidos. A digestibilidade das proteínas das leguminosas é baixa 78%. FATORES ANTINUTRICIONAIS Inibidores de tripsina tratamento térmico (100oC após 60 min) 90 % de inativação da atividade. Oligossacarídeos (rafinose e estaquiose) produção de flatulência por fermentação no intestino grosso. Fitatos e Polifenóis se ligam a elementos como Fe e Zn tornando-os indisponíveis. • Vitamina C forma complexo Fe-VitC impede sua ligação biodisponibilidade. FATORES ANTINUTRICIONAIS • Rafinose (trissacarídeo) e estaquiose (tetrassacarídeo) não são digeríveis (não são completamente hidrolisados pelas enzimas do intestino metabolizados por microorganismo produzem lactato e gases (CO2, H2, CH4). • Tratamento térmico não reduzem os teores de oligossacarídeos. • Em maceração (imersão em líquido por longo período, 12 a 24 h) permite que a água extraia parte dos fatores antinutricionais, uma vez que os oligossacarídeos são solúveis em água. FATORES ANTINUTRICIONAIS A maioria das proteínas vegetais contém inibidores de quimiotripsina e tripsina impedem sua ação enzimática resultado da baixa digestibilidade de proteínas de leguminosas. Inibidores tipo Kunitz inibem tripsina. Inibidores tipo Bowman-Birk inibem tripsina e quimiotripsina. Tripsina hidrolisa proteínas nos resíduos de arginina, lisina e histidina (aas de carga positiva). Quimiotripsina hidrolisa proteínas nos resíduos de fenilalanina, tirosina e triptofano (aas aromáticos). Lectinas glicoproteínas que se ligam as céls da mucosa intestinal interferindo na absorção de aminoácidos Soja Vagens - 5 a 8 cm, com 3 a 5 grãos de forma e tamanhos variáveis. 2.500 variedades. Classificadas conforme a cor – amarela, a branca e a verde. Pode ser consumida em grão ou produtos caseiros ou industrializados. Seus grão tem pouco amido ou nenhum, cerca de 20% de óleo e 40% de proteína; Destaca-se pelo seu alto valor nutricional, contendo proteínas, algumas vitaminas e minerais em quantidades superiores a outros grãos. Tabela – Produtos obtidos da soja e preparações óleo para cocção, fritura Produto leitoso de soja consumo direto, bolo, biscoito Queijo (tofu) consumo direto, salada, sanduíche Farinha Resíduo (proteína texturizada de soja - carne de soja) pão, molho, sopa, pudim, croquete, biscoito, talharim, massa de pastel almôndega, hambúrguer, croquete, torta, sopa, bife, mortadela, salsicha, patê Broto salada Efeitos preventivos da soja à saúde ↓ risco de doenças cardíacas – isoflavonas inibem desenvolvimento de aterosclerose - ↓ LDL e ↑ HDL. Controle do crescimento e regulação tumoral. Ação antioxidante – isoflavonas inibem a produção de oxigênio reativo (formação de radicais livres). Alternativa terapêutica ao tratamento de reposição hormonal tradicional –alívio dos sintomas da menopausa. A Isoflavona Isoflavona, também chamado de fitormônios ou fitoestrogênio Sua estrutura química é semelhante ao estrógeno (hormônio feminino) e, produzindo efeito semelhante, porém em menor intensidade. ESTUDO Alimento à base de soja X terapia hormonal no tratamento da menopausa. Objetivos: comparar os efeitos da ingestão diária de um alimento à base de soja , terapia hormonal - TH de baixa dosagem e placebo sobre os sintomas menopausas psicológicos, somáticos e urogenitais em mulheres na pós- menopausa. Metodologia: ensaio clínico, envolvendo 60 mulheres sintomáticas com idade entre 40 e 60 anos (selecionadas de um número total de 1520 mulheres), com tempo médio de menopausa de 4,1 anos. As mulheres foram divididas em três grupos: um grupo recebeu o alimento à base de soja, outro grupo recebeu terapia hormonal de baixa dosagem e outro grupo controle recebeu placebo, por um período de 16 semanas. Resultados do consumo da Soja na Menopausa Resultados do consumo da Soja na Menopausa Feijão Nativo das Américas; População indígena – sabor e facilidade de cultivo; Vagens de até 15 cm de comprimento que contém os grãos (sementes) no seu interior; Vários tipos (preto, roxinho, fradinho, mulatinho, branco, jalo, rosinha, verde, canário, azuki); Diferentes tamanho, cor e sabor; Grãos tem 20-35% de proteína em sua composição dependendo do cultivo; Não tem prolaminas e glutelina, predomina as globulinas e albuminas; Globulina/albumina é variável dependendo do cultivar – 2:1 a 3:1 22 Variam também no teor de metionina. Tabela 1 –Tipos de feijões e preparações Preto feijoada, sopa Roxinho salada, sopa, acompanhamento Fradinho acarajé, abará, acompanhamento feijão tropeiro, tutu, Mulatinho acompanhamento Branco sopa, salada, em cozido Jalo sopa, salada Rosinha acompanhamento Verde ou rajadinho baião-de-dois, acompanhamento LENTILHA Mais antiga usada no Brasil trazida pelos europeus. Planta com vagem castanho-clara. 2 ou 3 sementes cinzas ou avermelhadas. Seu nome indica o formato da semente – lente côncava. ERVILHA • Região mediterrânea. • Grão da vagem de ervilha. • Verde ou seca. • Verde - é alongada, fibrosa de cor castanho-clara com10 cm. • 2 variedades frescas: ervilha torta e ervilha-de- 24 debulhar. Tremoços Comestíveis após a cura como tira-gosto, branco, amarelo. Ricos em fibras. Vendida em jarras ou potes e em conserva, salgados AMENDOIM Única que o fruto dá embaixo da terra. Tem maior teor de gordura 45 a 50% e amido. Preparações típicas chinesas e em diversos doces brasileiros. Vatapá, pé-de-moleque e cajuzinho, torrado e 25 como manteiga de amendoim. FAVA Leguminosa dada em vagens grossas; as sementes são grandes, ovaladas e achatadas de cor verde- clara. São empregadas depois de cozidas em saladas, com arroz e massas. Há variedades coloridas. ALFARROBA Leguminosa semelhante a fava de cor marrom. Cresce somente à beira d’água. Possui polpa açucarada. Transformada, após o processamento, em barras ou em pó; utilizada como substituta do chocolate, empregada como estabilizante em produtos de sorveteria. 26 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ALIMENTOS: HORTALIÇAS E FRUTAS HORTALIÇAS CONCEITO DE HORTALIÇAS São vegetais geralmente cultivados em horta, que compreendem as partes comestíveis das plantas. Há várias maneiras de classificar os vegetais:de acordo com a parte da planta que é utilizada, sob o aspecto nutricional e pelo valor calórico. CLASSIFICAÇÃO DE HORTALIÇAS Segundo a parte botânica; Segundo a qualidade (Ministério da Saúde); Segundo o teor de glicídio; A classificação de acordo com a parte da planta tem a vantagem de indicar características de estrutura e composição. SEGUNDO A PARTE BOTÂNICA UTILIZADA COMO ALIMENTO - CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS Raízes e tubérculos; Bulbo e talos: Algumas estocam substrato na raiz, no tubérculo ou no bulbo. Tubérculos mais conhecidos: batata doce, aipim, inhame, (conhecidos como hortaliças amiláceas – muita energia armazenada na forma de amido. Raízes mais conhecidas são beterraba, cenoura, nabo e rabanete (podem ser estocadas por mais tempo do que qualquer outra hortaliça). Bulbo – cebola, alho e alho poró – utilizados principalmente como temperos. Talos mais conhecidos: Aipo, ruibarbo, palmito e aspargo – através dos talos que os nutrientes são levados de um órgão da planta para outro SEGUNDO A PARTE BOTÂNICA UTILIZADA COMO ALIMENTO - CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS Folhas: Órgãos de produção das plantas onde ocorre o processo de fotossíntese, em condições que assegurem máxima exposição ao ar e à luz do sol. As células que contêm clorofila estão espalhadas por toda a fina superfície, possuindo baixos teores de carboidratos. Fontes de riboflavina, cálcio, pró-vitamina A, ácido ascórbico e ferro. Exemplos: Acelga, alface, couve, rúcula, espinafre, agrião, repolho, almeirão, mostarda... Frutos e flores: Ricos em carboidratos na forma de amido e açúcares. A porção carnuda e florida da planta serve como depósito de grande parte dos nutrientes. Flores: brócolis, couve-flor, alcachofra. 3 Frutos: abóbora, berinjela, chuchu, pepino, jiló, moranga, pimenta, maxixe, pimentão, abobrinha, tomate. SEGUNDO A PARTE BOTÂNICA UTILIZADA COMO ALIMENTO - CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS Vagens e sementes: As vagens contêm em seu interior sementes denominadas leguminosas. Contêm carboidratos na forma de amido, também proteínas, vitaminas e minerais. Algumas vagens são integralmente comestíveis. Ex.: vagem verde e a vagem macarrão . No milho verde as sementes são a parte comestível. Brotos: Podem ser cultivados na água ou em solos úmidos para germinar. Fontes de vitamina C. 5 SEGUNDO O MINISTÉRIO DA SAÚDE- RESOLUÇÃO 12/79 Verdura: é a parte geralmente verde das hortaliças, utilizada como alimento no seu estado natural. O produto é designado simplesmente por seus nomes comuns: alface, chicória, almeirão, couve, etc. SEGUNDO O MINISTÉRIO DA SAÚDE- RESOLUÇÃO 12/79 Legumes: é o fruto ou semente de diferentes espécimes de plantas. Ex.: chuchu, abobrinha, berinjela, etc... SEGUNDO O MINISTÉRIO DA SAÚDE- RESOLUÇÃO 12/79 Raízes, tubérculos e rizomas: são as partes subterrâneas desenvolvidas de certas plantas utilizadas como alimento. Ex.: batata mandioca, batata doce, cará, inhame, beterraba, nabo, cenoura, araruta. SEGUNDO O TEOR DE GLICÍDIOS GRUPO A: 5% de glicídios: Abobrinha, acelga, agrião, alface, almeirão, aspargos, berinjela, brócolis, cebolinha, couve, couve-flor, espinafre, jiló, mostarda, pimentão, rabanete, repolho, tomate, palmito, pepino, etc.; SEGUNDO O TEOR DE GLICÍDIOS GRUPO B: 10% de glicídios: Abóbora, beterraba, cenoura, chuchu, ervilha verde, nabo, quiabo, vagem, etc.; SEGUNDO O TEOR DE GLICÍDIOS GRUPO C: 20% de glicídios: Batata inglesa, batata doce, batata baroa, cará, cogumelo, inhame, mandioca, milho verde, pinhão (37%), semente de gergelim, araruta. COMPOSIÇÃO, VALOR NUTRICIONAL E CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS A composição e o valor nutricional das hortaliças são variáveis. Algumas são excelentes fontes de vitamina C, como brócolis, tomate e pimentão. Cenoura, couve, batata-doce, são ótimas fontes de carotenoides, precursores da vitamina A. Aipo, couve, alface, espinafre e tomate contém luteína, zeaxantina e licopeno, carotenoides com função antioxidante. As hortaliças, comparadas às frutas, possuem maior teor de amido e menor teor de açúcares. Nas frutas, o amido é lentamente convertido em açúcar durante o amadurecimento, enquanto nas hortaliças o açúcar é convertido em amido. FRUTAS CONCEITO Produto maduro procedente da frutificação de uma planta saudável. TIPOS 1) Fruta fresca: Apresentando maturação adequada e condições organolépticas habituais, pode ser consumida de forma imediata. 2) Fruta seca: Por natureza, se apresentam com o endocarpo lignificado, cuja semente é a parte comestível (noz, avelã, amêndoa, castanha e outras). 3) Fruta dessecada: Fruta fresca privada da maior parte de seu conteúdo aquoso, por meios naturais como dessecação ao sol, com finalidade de conservação. 4) Fruta desidratada: Semelhante à anterior, mas o procedimento de desidratação é obtido aplicando meios físicos controlados (geralmente túneis de ar). 13 CLASSIFICAÇÃO DAS FRUTAS SEGUNDO O TEOR DE GLICÍDIOS Varia de 5 a 20% - exceções excedem esse valor. Podem se classificadas em grupo A (de 5 a 10% de glicídios) e B (de 15 a 20 % de glicídios). Frutas oleaginosas estão à parte. 1) Frutas A: 5% de glicídios: abacaxi, açaí, araçá, biribá, buriti, caju, carambola, goiaba, groselha, melancia, melão, morango, pitanga, umbu. Contendo de 5 a 10%: abiu, abricó, cajá, jaca, jambo, laranja, lima, limão, maracujá, pêssego, pitanga, romã. 14 CLASSIFICAÇÃO DAS FRUTAS SEGUNDO O TEOR DE GLICÍDIOS 2) Frutas B: contendo 10 a 15% de glicídios: abacate (contém 16% de gordura), ameixa, amora, cereja, cupuaçu, damasco, figo, framboesa, fruta de conde, graviola, jamelão, maça, mamão, manga, pêra. Contendo de 15 a 20%: banana, caqui, fruta-pão, marmelo, nêspera, pupunha, uva. 3) Frutas especiais: contendo 53% de glicídios: tamarindo. 4) Frutas oleaginosas: contêm cerca de: 16% de GLICÍDIOS, 20% de PROTEÍNAS e 60% de LIPÍDIOS. Amêndoas, avelãs, castanha de caju, castanha do Brasil, nozes. 15 NUTRIENTES DE HORTALIÇAS E FRUTAS Variam de acordo com a natureza do vegetal. São de difícil quantificação química (Isolamento e avaliação). Conteúdo lipídico (< 1%) Conteúdo protéico ( 1 a 3%) Conteúdo glicídico (existem em formas químicas variadas) Ricas em fibras solúveis e insolúveis 16 NUTRIENTES DE HORTALIÇAS E FRUTAS PROTEÍNAS Quantidades escassas devido a grande diluição aquosa. Quantidades baseadas pelo N dosado pelo método de Kjeldhal (mede N protéico e não-protéico) mencionada como proteína após cálculo matemático. Encontrados globulinas (proteínas mais comuns) + peptídeos + aminoácidos livres (asparagina e glutamina). NUTRIENTES DE HORTALIÇAS E FRUTAS LIPÍDEOS Pequenas quantidades tais como proteínas. Consideradas como vestígios. Quantidades medidas através de extratos etéreos de frutas e hortaliças. Quantidades podem ser superestimadas pela presença de clorofila e muitos pigmentos vegetais solúveis em solventes orgânicos. Composição: TG, ceras e esteróis (fitoesterol – ergosterol colesterol) e fosfolipídeos. Fitoesteróis por irradiação UV transforma-se em 18 Vitamina D2. NUTRIENTES DE HORTALIÇAS E FRUTAS GLICÍDEOS (4 a 24%) Monossacarídeos: pentoses (arbiose e xilose) e hexoses (galactose, rafinose, frutose, levulose e glicose). Dissacarídeos: sacarose e maltose. NUTRIENTES DE HORTALIÇAS E FRUTAS GLICÍDEOS Heterosídeos presentes em várias Brassica têm ação antitireoidea (repolho, couve-flor, nabo). Alfaces, espinafre, cebolas, folhas e raízes de aipo, rabanete e tomate 0,5 a 1,0 mg% de tiocianatos (alimento fresco) proveniente de heterosídeos presentes neles. NUTRIENTES DE HORTALIÇAS E FRUTAS FIBRAS 1) Fibra viscosa: Capazes de formar géis. Pectina: inclui substâncias metiladas úteis para formar geléias. É maior em frutos maduros. Protopectina (de onde derivaa pectina): faz parte das paredes celulares com função de cimento. A protopectina muitas vezes ligadas a hemicelulose. Mais abundante no fruto imaturo. Protopectina Insolúvel em água. Necessário ferver o fruto em solução ácida converte-se em pectina. Frutos cujos tecidos foram destruídos sofrem ação de 22 pectinases. NUTRIENTES DE HORTALIÇAS E FRUTAS FIBRAS 2) Outras fibras viscosas: formam colóides. Hemicelulose: Não são derivadas da celulose, incluem os arabanos, xilanos, galactanos, mananos, glicomananos, xiloglicanos, etc. Celulose: Formada por glicose unidas por ligações 1,4. Não digeríveis. Lignina: Presentes em sementes de frutas secas e em talos de sustentação e raízes de algumas hortaliças. 23 NUTRIENTES DE HORTALIÇAS E FRUTAS FIBRAS 2) Outras fibra viscosas: formam colóides. Cutina: Camada brilhante, semelhante a um verniz, que cobre a parte superior das folhas, evitando evaporação excessiva. São polímeros de ács. graxos de cadeia longa com alto grau de insaturação. Suberina: Dão resistência ao ataque das bactérias e m.o do solo e meio ambiente. Presentes na cortiça ou na casca de batatas, mandioca e etc. Protegem o conteúdo de reserva amilácea desses vegetais. 24 CLASSIFICAÇÃO DAS FIBRAS DIETÉTICAS CLASSIFICAÇÃO TIPOS FONTES AÇÕES FIBRAS SOLÚVEIS Pectina Gomas Mucilagem Beta glucana Frutas cítricas, maçã, pêra, abacate, legumes, cevada, aveia e centeio Retardam o esvaziamento gástrico (maior saciedade), o trânsito intestinal, a absorção de glicose e lipídios, reduzem o colesterol. FIBRAS INSOLÚVEIS Celulose Hemicelulose Lignina Vegetais folhosos, grãos integrais e seus derivados(farelos), grandes quantidades no trigo e milho Aceleram o trânsito intestinal, aumenta o bolo fecal, tem efeito laxante, previne constipação intestinal VITAMINAS Sofrem influências da espécie vegetal, do tipo de solo, das condições climáticas e da forma de processamento. Podem ser consideradas importantes quantitativamente as vitaminas A (pró-vitamina), B1, B2 e C, sendo essa última um bom indicador da qualidade do armazenamento e do processamento do vegetal. VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS VITAMINA A É sensível à oxidação pelo ar, sendo a perda de atividade acelerada pelo calor e pela exposição à luz. O Beta caroteno é a vitamina mais estável nos vegetais, mas pode chegar a uma perda de 25% quando submetido ao calor por tempo prolongado. Fonte: vegetais de coloração verde-escuro e amarelo (brócolis, abóbora, cenoura, espinafre, 27 agrião, etc.) VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS VITAMINA K o É moderadamente estável ao calor, mas é sensível aos ácidos, à luz e aos agentes oxidantes. o Fonte: vegetais de folhas verdes, aveias, o trigo integral, batata, tomate. VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS VITAMINA C É sensível ao calor, à luz e ao oxigênio. A estabilidade da vitamina C aumenta com a diminuição da temperatura e sua maior perda ocorre com o aquecimento dos alimentos. Vegetais submetidos à cocção: perdem de 10 a 50% da vitamina C. Fonte: acerola, laranja, goiaba, limão, tomate, pimentão 29 VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS VITAMINA B1 ( Tiamina) É instável ao calor e ao oxigênio. Cerca de 25% da tiamina nos alimentos é perdida durante o processo de cocção normal, podendo ser perdidas quantidades consideráveis na água utilizada para cozinhar carnes e vegetais e pelo descongelamento dos alimentos . Fonte: cereais integrais, leguminosas, carnes, hortaliças de folhas verdes. 30 VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS VITAMINA B2 (Riboflavina) É estável ao calor e instável em presença de luz. Cerca de 50% da vitamina pode ser perdida se o alimento estiver exposto à luz. Devido à sua sensibilidade à luz, a riboflavina desaparece rapidamente dos alimentos armazenados em embalagens transparentes, expostas ao sol ou à luz artificial ( 85% em duas horas). Fonte: levedura, fígado, carnes, ovos, vegetais de folhas verdes, tomate, batata, cenoura, laranja. 31 TEOR DE VITAMINAS NAS FRUTAS MINERAIS Seus teores variam muito devido às peculiaridades dos diversos vegetais e aos aspectos de cultivo, sendo os vegetais uma amostra das características minerais do solo onde crescem. São fontes de K, Na, Mg, Ca, Fe, Zn, Cr, Se e outros. Durante a cocção, pode-se perder de 20 a 50% do ferro, de 15 a 45% do fósforo e de 10 a 30% do cálcio. Superfície de contato: batata cozida com casca perde 2% dos minerais; sem casca 17%. A cenoura em pedaços grandes perde 25% dos minerais e em pequenos pedaços perde 50%. OUTROS COMPONENTES ÁCIDOS ORGÂNICOS Hortaliças e frutas (mais ricas) conteúdo de ácidos. Variedade de tipos em um mesmo vegetal segundo grau de desenvolvimento e maturação. Quantidade de ácidos à medida que a maturação e conteúdo de açúcares Àcidos responsáveis pelo sabor: málico, cítrico, tartárico e oxálico. Outros ácidos: succínico, acético, benzóico e salicílico. TANINOS: o Algumas frutas e poucas hortaliças têm intenso sabor 34 adstringente princípio ativo ác. tânico (capaz de precipitar ptns). CORANTES DE FRUTAS E HORTALIÇAS: Clorofilas: Existem vários tipos. Presentes nas folhas. Nas frutas até sua maturação. Carotenos e carotenóides: Importante nutricional mente precursores de Vit. A. Pigmentos variam da cor amarela, avermelhada e às vezes violácea. Podem ser: a) hidrocarbonetos (carotenos:cenoura e licopeno: tomate); b) alcoóis: criptoxantinas e xantofilas; c) cetona: rodoxantinas; d) ácidos: crocetina; e) ésteres: bixinas. Sensíveis à oxidação. 35 CORANTES DE FRUTAS E HORTALIÇAS: Flavonas e flavonóides: Incolores, em meio alcalino se transformam em cor amarela. Liocromos ou flavinas: Contidos na riboflavina ou vit B2. Têm cor amarelo-alaranjado. Antocioninas: Glicosídeos. Conferem coloração cor vermelha-escarlate. CONSTITUINTES ODORíFEROS: Enorme variedade. Alguns exemplos: a) Alisulfúrico em cebolas e alho (sabor forte). b) Terpenos na salsa; c) Acetato de amido em bananas; d) Metil antranilo na uva; e) Acetaldeídos em maças e pêras; f) Éster amílico em maças; g) Mistura de acetonas e acetaldeídos em laranjas; h) Sulfocianeto d alilo em repolho, couve-flor e brócolis (pelo calor pode se tranformar em alilamina e gás sulfídrico de 37 cheiro desagradável e forte). ENZIMAS: Responsáveis pelas transformações relacionadas às inúmeras modificações que ocorrem nos vegetais. 1) Enzimas que modificam os pigmentos: clorofilases, hidrolases e oxidades. 2) Enzimas que agem sobre vitaminas: ácido ascórbico oxidase, lipoxidase, tiaminase. 3) Enzimas que atuam sobre a celulose: celulases. 4) Enzimas que age sobre o tanino: polifenol oxidase, que provoca escurecimento enzimático em frutas e hortaliças que contêm polifenóis em composição química. 38 ENZIMAS: 5) Enzimas alteram a cor: peroxidases – provocam escurecimento. Inativação desta enzima sinaliza o branqueamento das hortaliças (calor úmido de 70 a 80oC por 2 a 5 min.). 6) Enzimas proteolíticas: papaína, no mamoeiro; e bromelina, no abacaxi. São empregadas no amaciamento de carnes. FATORES ANTINUTRICIONAIS Prejudicam o aproveitamento integral dos alimentos. Importante conhecer fatores e formas de inativá-los para melhor aproveitamento destes alimentos. 1) Ácido oxálico e ácido fítico: Formam complexos com minerais (Oxalato de Ca, de Fe, e Zn; Fitato de Ca, de Fe, e Zn), dificulta sua solubilidade e impede absorção. Àcido oxálico cenoura, couve-flor, espinafre, e repolho. Ácido fítico aipo, cebola, espinafre. 2) Hemaglutinas: Enzimas capazes de desnaturar proteínas, são proteases que têm a propriedade de aglutinar in vitro os eritrócitos, fator que é desativado pelo calor. 42 FATORES ANTINUTRICIONAIS 3) Solanina: é um glicoalcalóide, comum em batatas. As concentrações mais altas encontram-se na casca e nos brotos. 4) Saponinas: são irritantes damucosa do trato gastrointestinal. Presentes em beterrabas e aspargos, são termolábeis. 5) Glicosinolatos: a) Cianogênicos: liberam ácido cianídrico quando hidrolisados. É comumente encontrado na mandioca “brava”. b) Bociogênicos: interferem na captação de iodo pela glândula tireóide, levando à formação de bócio. Presente 43 em hortaliças como brócolis, repolho e couve-flor. FATORES ANTINUTRICIONAIS 3) Àcido cianídrico: encontrado em mandioca brava, é um veneno a partir de certa dosagem, perigoso para o homem e para o animal. A Preparação artesanal ou industrial do produto da mandioca (farinha por ex.) pois o ácido se evapora. Aula 5 TUBÉRCULOS E RAÍZES DEFINIÇÃO Raízes e tubérculos são as partes subterrâneas desenvolvidas de determinadas plantas, utilizadas como alimento. Ex: tubérculo (batata) e raiz (cenoura). Os tubérculos se comportam como órgãos de reserva de energia. 1 TUBÉRCULOS E RAÍZES São tubérculos: beterraba, cenoura, nabo, rabanete, mandioca, batata, batata doce, cará e inhame. Benefícios nutricionais Cada tubérculo apresenta uma peculiaridade nutricional, podendo fornecer quantidades variadas de carboidratos. Os que apresentam maiores quantidades de carboidratos são as batatas, a mandioca, o cará, a batata doce e o inhame; Outros fornecem pequenas quantidades, como a cenoura, o nabo, a beterraba e o rabanete. Estes alimentos se destacam por serem fontes de energia e, além disso, fontes de vitaminas e minerais, com uma série de efeitos positivos ao organismo e, por isso, devem ser incluídos em uma alimentação 2 equilibrada. PRINCIPAIS TUBÉRCULOS E RAÍZES: Batata: Fonte de carboidratos, vitaminas C e B6, vitaminas do complexo B, potássio, ferro, magnésio e zinco. Quando comidas com casca, são ricas em fibras. Batata-doce: Ela é uma excelente fonte de beta-caroteno, precursor da vitamina A. Apesar de seu gosto adocicado, as batatas-doces têm muito amido e fornecem quase a mesma quantidade de calorias que os outros tipos de batatas. Inhame e Cará: Fontes de carboidratos, beta-caroteno (precursor da vitamina A), vitaminas C e do complexo B. Contêm cálcio, fósforo e ferro. Mandioca: Conhecida também como macaxeira ou aipim, é fonte de carboidratos, cálcio, fósforo, e apresenta uma boa quantidade de vitamina C. Além disso, contém grandes quantidades de fibras, importante para o bom funcionamento do intestino. PRINCIPAIS TUBÉRCULOS: Beterraba: Fonte de folato, vitaminas A, C e do complexo B. Suas folhas são ricas em potássio, cálcio, ferro, beta-caroteno e vitamina C. Possui pequena quantidade de carboidrato, presente principalmente na forma de sacarose (açúcar). Ainda assim, é considerada pobre em calorias. Cenoura: Excelente fonte de beta caroteno (precursor da vitamina A). Fonte de fibras e potássio. Uma cenoura grande fornece 17 mg de beta- caroteno. Possuí também pouca quantidade de carboidratos e por isso fornece menos calorias que 4 os demais tubérculos. PRINCIPAIS TUBÉRCULOS: Nabo: Fonte de vitamina C, cálcio e potássio. Apresenta poucas calorias. Suas folhas são mais nutritivas, pois, ao contrário da raiz, são uma excelente fonte de beta-caroteno (precursor da vitamina A). Rabanete: O rabanete é uma boa fonte de vitamina C, além de conterem pequenas quantidades de ferro, potássio e folato. Apresentam poucas calorias. NUTRIENTES CARBOIDRATOS O amido é o principal carboidrato armazenado nos tubérculos, com importantes funções no processo metabólico da planta. Constitui cerca de 80% da matéria seca do órgão. Os principais componentes do grão de amido são: Amilose (maioria das ligações glicosídicas na forma linear). Amilopectina (maioria das ligações glicosídicas na forma ramificada). 6 NUTRIENTES PROTEÍNAS Apresentam teores de proteína - 1 a 2%. A batata apresenta em média 2,1% de proteína total. Quando comparada à proteína padrão da FAO / OMS, a proteína da batata apresenta como primeiro aa limitante os sulfurados totais (metionina + cistina) e leucina e lisina como segundo e terceiro aas limitantes. Atualmente a batata é o 4º alimento mais consumido no mundo, após arroz, trigo e milho. LIPÍDEOS Pequenas quantidades tais como proteínas. Consideradas como vestígios. 7 NUTRIENTES Com relação às vitaminas, a batata é considerada como sendo uma importante fonte de vitaminas para a nutrição humana, principalmente ácido ascórbico. As principais vitaminas do complexo B presentes são tiamina, riboflavina, niacina, piridoxina e ácido fólico. Teores aproximados das principais vitaminas presentes na batata (tubérculos frescos). VITAMINAS Os tubérculos tem em torno de 20 % de vitamina C. Se o alimento sólido tiver mais de 30% da DRI em 100 g é classificado como rico em vitamina, e entre 15 – 29% é classificado como fonte. Para alimento líquido é considerado rico se tiver no mínimo 15% e 7,5 – 14,9% considerado fonte. FATORES ANTINUTRICIONAIS GLICOALCALÓIDES: São compostos tóxicos naturalmente presentes em todas as partes da planta de batata. Podem estar envolvidos no mecanismo de defesa da planta contra ação de insetos e microrganismos. As concentrações mais elevadas destes compostos se encontram na casca dos tubérculos e em seus brotos. Os principais glicoalcalóides presentes em batatas são α-solanina e α-chaconina. FATORES ANTINUTRICIONAIS GLICOALCALÓIDES: Possui duas ações tóxicas no organismo humano: 1) Sobre a acetilcolinesterase, afetando o sistema nervoso central e considerada responsável por vários dos sintomas neurológicos observados após ingestão de glicoalcalóides, e; 2) Sobre as membranas celulares, causando ruptura das membranas do trato-gastrointestinal com danos hemolíticos e hemorrágicos e excesso de fluido nas cavidades corpóreas. FATORES ANTINUTRICIONAIS GLICOALCALÓIDES: Alguns estudos têm associado níveis de GAT acima de 220 mg/100g com alterações nas características sensoriais em batatas, incluindo sabor amargo e sensação de ardência na garganta. Os níveis de ocorrência natural em batatas (20 – 100mg/100g expressos em termos de solanina e/ou chaconina) não representavam uma preocupação toxicológica. Quando se expõem os tubérculos à luz, os brotos se desenvolvem, e se podem encontrar nesses tubérculos níveis elevados de glicoalcalóides. Por esse motivo, devem-se armazenar os tubérculos da batata em local escuro após a colheita. 12 FATORES ANTINUTRICIONAIS GLICOALCALÓIDES: Durante o seu desenvolvimento, este tubérculo apresenta maiores quantidades de solanina, com maior quantidade perto da pele, diminuindo para o centro (tabela) Aproximadamente 30% a 80% do conteúdo de glicoalcalóides do tubérculo estão na sua casca. FATORES ANTINUTRICIONAIS GLICOALCALÓIDES: Durante o seu desenvolvimento, este tubérculo apresenta maiores quantidades de solanina, com maior quantidade perto da pele, diminuindo para o centro (tabela) Aproximadamente 30% a 80% do conteúdo de glicoalcalóides do tubérculo estão na sua casca. FATORES ANTINUTRICIONAIS GLICOALCALÓIDES: A exposição à luz, stresse ou mesmo o envelhecimento são a causa da transformação dos amiloplastos das batatas em cloroplastos, seguido da síntese do pigmento verde (clorofila). Estes mesmos fatores também ocasionam uma rápida produção, pela batata, de chaconina e solanina. Os fatores de estresse são: injúrias mecânicas e condições impróprias de armazenamento do tubérculo. O esverdeamento pode ser localizado na superfície (casca) ou extender-se ao interior do tubérculo . A batata esverdeada pode conter entre 80-100 mg/100g de solanina. O aparecimento de clorofila é, assim, uma advertência que algo está errado com a batata. Somente temperaturas elevadas (170oC) diminuem os níveis de ambas as toxinas. Importante: nem a cozimento nem a fritura das batatas destroem 15 estes glicoalcalóides. FATORES ANTINUTRICIONAIS Glicosídeos cianogênicos A capacidade deproduzir ácido cianídrico é um fenômeno encontrado em aproximadamente 3000 diferentes espécies de plantas. Várias delas produzem quantidade suficiente de compostos cianogênicos que podem funcionar como forma de transporte de nitrogênio reduzido ou de moléculas químicas na defesa contra insetos. Vários vegetais cianogênicos são comestíveis, dentre estes a mandioca-brava. Contudo, esses vegetais apresentam o principio tóxico em maiores concentrações apenas em determinadas partes, que normalmente, não são ingeridos, tais como caroços e sementes. Concentrações maiores que 20 mg por 100 g do produto são consideradas de alto risco. 16 FATORES ANTINUTRICIONAIS Glicosídeos cianogênicos A raiz da mandioca contém uma substância chamada linamarina. Sob a ação da linamarase, presente nos tecidos da própria raiz, a linamarina decompõe-se, liberando, entre outras substâncias, o cianidreto (HCN). 17 FATORES ANTINUTRICIONAIS Glicosídeos cianogênicos A linamarina é um representante do grupo dos glicosídios cianogênicos. Certas variedades de mandioca acumulam quantidades muito maiores de linamarina: são as chamadas "mandiocas bravas". A linamarina ocorre em maiores quantidades na casca da raiz, mas a polpa branca comestível contém quantidades consideráveis do glicosídio. Na circulação sangüínea, o cianidreto libera o íon cianeto, que é transportado pela hemoglobina. Nas células, o cianeto liga-se fortemente ao citocromo mitocondrial, que é responsável pelo transporte eletrônico na respiração celular. Por essa razão, o intoxicado passa por um processo de asfixia celular que, dependendo da quantidade de cianetono sangue, pode provocar a morte. 18 FATORES ANTINUTRICIONAIS Glicosídeos cianogênicos A maneira mais segura de se consumir mandioca no ambiente doméstico é eliminar uma boa espessura dos tecidos mais externos da casca, Deixar as partes descascadas imersas em água por uma ou duas horas (o que causa morte das células e decomposição da linamarina) e, Cozinhar em água fervente por pelo menos uma hora (para garantir a decomposição química do que restou da linamarina). FATORES ANTINUTRICIONAIS Glicosídeos cianogênicos A maneira mais segura de se consumir mandioca no ambiente doméstico é eliminar uma boa espessura dos tecidos mais externos da casca, Deixar as partes descascadas imersas em água por uma ou duas horas (o que causa morte das células e decomposição da linamarina) e, Cozinhar em água fervente por pelo menos uma hora (para garantir a decomposição química do que restou da linamarina). FATORES ANTINUTRICIONAIS Linamarina Enzimas que atuam na linamarina -glicosidase e hidroxinitriloliase. -glicosidase cliva o açúcar da linamarina e libera aglicona. Hidroxinitriloliase transforma aglicona em HCN. Pequena quantidade de HCN é transformado em tiocianato pela ação da rodanase (presente no fígado). O tiocianato não é letal, mas é tóxico capaz de se ligar ao iodo de forma irreversível tornando-o indisponível para o organismo. A falta de iodo pode causar bócio (caracterizado pela hipertrofia da tireóide).
Compartilhar