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Direito Civil I

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Direito Civil I – parte geral – Lei 10.406/02
Aula 1:
O Código Civil de 1916 tinha uma preocupação maior em resguardar o patrimônio, estrutura patrimonialista, patriarcal. 
A família só existia através do casamento (não se dissolvia em vida)
Herança do filho adotivo diferenciada
Ascendente com prioridade sucessória sobre o cônjuge 
Dote/ mulher inferior ao homem
O CC não admitia nenhuma interferência nos contratos interpartes
A constituição da época não interferia no Direito Privado.
A constituição de 88 recupera o seu papel de norma hierarquicamente superior também do Direito Privado – Constitucionalização do Direito Civil, o que provocou uma série de revogações no Código de 1916.
Quando o CC/1916 passou a vigorar, já existia uma CF que desempenhava o seu papel de norma hierarquicamente superior. Porém, a constituição que vigorava a época limitava-se a definir a competência entre os entes federativos, determinandoainda o que caberia aos 3 poderes do Estado sem conter qualquer norma do Direito Privado ou que ao menos estabelecesse princípios a serem observados pelo CC. A postura adotada a época tinha como objetivo não interferir no Direito Privado, já que considerava-se que a proteção ao patrimônio não deveria sofrer qualquer limitação constitucional. Assim, o CC de 1916 acaba por ter uma soberania na medida em que todas as suas normas não sofriam qualquer tipo de limitação constitucional. As normas contidas naquela norma geral eram aplicadas ilimitadamente sem a intervenção do Estado legislativo, já que a Constituição não interferia no Direito Civil.
Após a lei do divorcio de dezembro de 1977 (lei 6.515), a grande norma que vem em seguida com grandes reflexos para o DC é a Constituição de 1988. Com o advento da nova carta magna, ela assume o papel de lei hierarquicamente superior também para o Direito Privado, ficando claro, a partir de então, que o Direito Civil deveria se submeter à CF, o que provoca a revogação e a reinterpretação de vários dispositivos do CC de 1916. O fenômeno conhecido como Constitucionalização do Direito Civil significa o assumir o papel de lei maior pela CF/88 diante do DC, promovendo por consequência um grande abalo na estrutura do código.
O CC atual veio a ser publicado 14 anos depois da CF/88 e é inspirado em 3 princípios ou cláusulas gerais que são utilizados pelo legislador infraconstitucional no processo de elaboração de suas normas e em um segundo momento pelo judiciário na interpretação e solução dos casos concretos. Inicialmente, o Princípio da Socialidade deixa claro que muito embora o CC pertença ao Direito Privado, em que a autonomia da vontade e a liberdade são expressões a serem resguardadas, a conduta dos envolvidos deve estar de acordo com o interesse público, de maneira que toda vez que um contrato ou exercício da propriedade, por exemplo, forem compreendidos como atentatórios ao interesse de todos, público o contrato poderá ser revisto ou até mesmo deixar de ser aplicado, bem como o proprietário poderá sofrer uma limitação a sua propriedade em benefício do interesse público.
O Princípio da Eticidade significa que é dever de todo cidadão pautar as suas condutas de maneira ética/ proba, de maneira que o código prevê inúmeras consequências para aquele que desobedece a esse dever de conduta que vão desde o cumprimento compulsório do contrato pela falta de boa fé, como se vê no artigo 180, até o dever de indenizar que é uma das consequências possíveis da aplicação do artigo 422.
Art.180: “O menor, entre 16 e 18 anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior”.
Art.422: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa fé”.
Pela cláusula geral da Operabilidade, o legislador, quando possível, faz uso de conceitos e noções indeterminadas, abstratas ou genéricas tendo por objetivo dar a norma uma maior longevidade. Normas que contenham esse perfil poderão ser utilizadas pelos operadores do Direito que no curso do tempo tentarão trazer para o campo da incidência da normanovas situações fáticas que possam aparecer sem a necessidade de se criar uma nova lei para tratar daquele assunto. Normas que contenham alto grau de detalhamento não poderão ser aplicadas a situações jurídicas novas que não estejam por elas contempladas. Conceitos como boa fé, função social e a expressão contida no art.927 parágrafo único permitem que os operadores do Direito tragam novas situações para a incidência daqueles conceitos.
Art.927: “Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo – haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.
Ab-rogação: revogação completa da norma anterior
Derrogação: revogação parcial da norma
Aula 2: Aquisição da Personalidade
No Direito brasileiro, a aquisição da personalidade se dá com o nascimento com vida, pouco importando a violabilidade daquela vida humana, bastando que a criança respire sem o auxílio materno. Muito embora a aquisição da personalidade seja concomitante ao nascimento, é fundamental que esse nascimento seja registrado junto ao cartório RCPN, de maneira a permitir a todos ter o conhecimento da aquisição daquela personalidade. Sem o devido registro, a pessoa natural não faz prova de sua existência e por consequência não terá como praticar atos da vida civil. 
	maioridade
PERSONALIDADE = capacidade de+ capacidade de 
direito fato	emancipação – art.5°
Emancipação: voluntária
judicial
legal
O registro de nascimento possui eficácia declaratória e não constitutiva, ou seja, a partir do momento em que o indivíduo procede o registro de seu nascimento, ele prova a aquisição de sua personalidade atribuindo a ela eficácia erga omnes, ou seja, não é o registro que cria a personalidade limitando-se a reconhecer uma situação jurídica anterior, na medida em que esta aquisição se dá peço nascimento com vida. A partir do registro, toda a coletividade deve respeitar a aquisição daquela personalidade e de seus atributos como filiação, data de nascimento. A partir de tal aquisição, há capacidade de direito ou de gozo. O indivíduo torna-se titular de direitos e obrigações. Tanto um recém nascido como aquele que já possui discernimento possuem tal capacidade, essa espécie de capacidade NÃO se confunde com capacidade de fato ou de exercício.
O nascituro é o ser humano cujo nascimento é dado como certo, desde a fecundação até o nascimento com vida. O Código atual não resolveu a divergência doutrinária no sentido de conceder ou não personalidade ao nascituro. Existem então 3 teorias sobre o assunto: 
Teoria Natalista: defende que apenas o nascimento com vida estabelece personalidade no indivíduo. Antes disso, o sistema apenas protege a aquisição atual dessa personalidade.
Teoria Condicionalista: possui a vertente de que o nascituro possui o direito de personalidade, já que a norma “prevê” direitos ao nascituro, visto que pune o aborto. Porem, quanto ao Direito Patrimonial, estaremos diante de um sujeito a evento futuro e incerto, o nascimento com vida.
Teoria Concepcionista (moderna): defende a aquisição da personalidade para o indivíduo desde a sua concepção. Se a norma confere direitos ao nascituro é porque este possui personalidade, possuindo então todos e quaisquer direitos. Ele possui capacidade de direito, visto que já é titular de direitos, como à vida, direitos gravídicos, etc.
Na emancipação voluntária, o menor tem que ter no mínimo 16 anos e os pais realizam uma escritura pública em que declaram a intenção de emancipação registrada junto ao RCPN.
Na emancipação judicial, o magistrado permitirá que aos 16 anos o menor já possua capacidade civil plena. Ocorre quando os pais divergemquanto o discernimento do filho ou no regime de tutela, em que o tutor não pode emancipar o menor sem decisão judicial, cabendo ao juiz perceber se o menor possui ou não discernimento.
A hipótese mais recente de emancipação legal é o casamento, o qual no Direito brasileiro é admitido aos 16 anos completos, bastando para tanto a autorização dos pais, sem intervenção judicial. Antes dessa idade, a lei admite o casamento em uma única hipótese: a gravidez. Nessas circunstâncias, como a menor ainda não possui idade núbil, será necessária a propositura de ação de suprimento de idade para o casamento, de maneira que o juiz autorizará a realização do ato. A jurisprudência admite a casamento antes dos 16 anos em outras hipóteses toda vez que o magistrado estiver convencido de que o objetivo é alcançar a dignidade humana como se dá, por exemplo, em virtude de uma questão religiosa.
Qualquer que seja a modalidade de emancipação,ela é sempre irrevogável e irretratável, ou seja, se a circunstância que conduziu a emancipação não mais subsistir e o indivíduo ainda for menor de idade, não recuperará a qualidade de incapaz do ato.
Antes da aquisição da capacidade civil plena, o que se dá pela maioridade ou pela emancipação, como todo e qualquer indivíduo já possui a chamada capacidade de direito, não seria justo que a norma não oferecesse uma maneira de que aquele indivíduo possa praticas atos da vida civil. Como consequência, foram estabelecidas duas maneiras para que isso acontecesse: a REPRESENTAÇÃO e a ASSISTÊNCIA. 
Na representação, a vontade do representado não é levada em consideração, de maneira que o representante opta em concluir aquele negócio jurídico em favor do representado. A representação é realizada pelos pais, tutores e, excepcionalmente, curadores. Por mais que a norma presuma que o representante agiria em nome do representado, até mesmo porque o ato ou negócio jurídico repercute sobre a esfera jurídica desse último, os poderes do representante são limitados, cabendo, quando previsto em lei, ao judiciário decidir pela prática ou não do negócio jurídico.
Enquanto na representação a manifestação da vontade que é levada em consideração é apenas a do representante, na assistência, instituto conferido aos relativamente incapazes, o ato ou negócio jurídico deve conter a manifestação conjunta de vontade do assistente e do assistido, sobre pena do negócio ser inválido. Como regra, os menores entre 16 e 18 anos deverão ser assistidos por pais ou tutor, salvo naquelas hipóteses em que a própria norma afasta a regra geral como extrai, por exemplo, dos artigos 180, 666, dentre outros. O pródigo é aquele que não possui controle sobre seu patrimônio e por uma questão psiquiátrica gasta desmedidamente.
Art.180: “O menor, entre 16 e 18 anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior”.
Art.666: “O maior de 16 e menor de 18 anos não emancipado pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores”.
Ao completar 18 anos, a norma presume relativamente que todos possuem capacidade civil plena. Em especial, no que diz respeito à prodigalidade que não deixa sinais aparentes, é preciso que o interessado na proteção do patrimônio do pródigo promova medida judicial, visando afastar a presunção criada na maioridade. Assim, o cônjuge ou companheiro maior interessado na proteção do patrimônio em conjunto e na falta de um parente, deverá propor ação de interdição que terá por objetivo retirar aquela capacidade civil plena. Caso o magistrado se convença da prodigalidade, decretará a interdição, nomeando a pessoa um curador que a partir de então assistirá ao pródigo para os atos que tenham alcance patrimonial na forma do art.1782.
Art.1782: “A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração”.
Atos que não possuam natureza patrimonial imediata, como o casamento, poderão ser concretizados pelo pródigo sem a devida assistência. Uma vez interditado o pródigo, a sentença será levada ao registro junto ao RCPN e a partir de então, todos os atos de caráter patrimonial por ele praticados sem a devida assistência serão anuláveis. Os atos anteriores ao registro de sentença são, em princípio, validos na medida em que a prodigalidade não possuía eficácia erga omnes, salvo se for caracterizado que a pessoa que com ele negociou tinha conhecimento dessa circunstância e dela tirou proveito, agindo, portanto, de má fé, hipótese em que a situação também será de negócio anulável.
Atualmente, o Estatuto do Deficiente promoveu a modificação do art.4° para incluir o inciso 3° que até então tratava o deficiente como absolutamente incapaz. O objetivo é procurar inserir o deficiente na prática de todos os atos da vida moderna, inclusive os civis. Apesar da intenção ser louvável, o instituto da assistência exige a manifestação de vontade conjunta do assistente e do assistido, o que não pode acontecer para aquele que não pode exprimir a sua vontade, como uma pessoa em coma ou sem discernimento algum.
Art.4°, III: “São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade”.
Assim, muito embora a norma recomende que o indivíduo seja tratado preferencialmente como relativamente incapaz, por certo que a interdição poderá concluir pela absoluta incapacidade mesmo diante da redação da norma, sendo certo que o curador não poderá praticar atos alcançados pelo art.85, §1° do Estatuto do Deficiente, limitando-se a atos de natureza patrimonial.
Art.85, §1°: “a curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial
§1° - a definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto”.
Antes do Estatuto do Deficiente, o código tratava como relativamente incapazes as pessoas com discernimento incompleto ou reduzido, o que veio a ser retirado do texto legal por conta da norma especial, de forma que esses indivíduos passaram a ser tratados como capazes. O próprio Estatuto criou a figura da Tomada de Decisão Apoiada no art.1783 – A, permitindo ao deficiente que escolha duas pessoas e submeta ao judiciário com participação do MP o pedido de tomada, fixando detalhadamente os limites das atribuições dos apoiadores relacionados a atos de caráter patrimonial. Homologado o pedido, ele será registrado junto ao RCPN adquirindo eficácia erga omnes. Com este procedimento, fica preservada a capacidade do indivíduo, como pretendida pelo Estatuto, oferecendo inúmeras vantagens ao deficiente, como por exemplo, se pretender alienar um bem seu basta contar com a manifestação dos apoiadores sem a necessidade de autorização judicial, o que aconteceria caso o mesmo fosse interditado.
Art.1783 – A: “A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos necessários para que possa exercer sua capacidade”.
A capacidade de fato habilita o indivíduo à prática dos atos da vida civil abstratamente, de forma genérica. O legislador, porém, poderá proibir o plenamente capaz de realizar atos ou negócios em específico, situação em que jamais estará legitimado a praticá-los, servindo de exemplo o art.497, I e em outras hipóteses o plenamente capaz deverá obedecer a um procedimento ou requisito previsto em lei para que o negócio seja válido, de maneira que a legitimação possa ser obtida. A hipótese tratada no art.496 ilustra o plus, a capacidade que se exige para realizarcertos atos. 
Art.497, I: “Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I – pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados a sua guarda ou administração”.
Art.496: “É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido”.
Aula 3:Morte real x Morte presumida
	sem declaração de ausência 
Art.77 lei 6.015/73 x morte presumida 
 Morte real	com declaração de ausência 
No Brasil, o fim da personalidade acontece pelo óbito que por certo precisa ser levado ao RCPN para que a ele seja atribuída eficácia erga omnes. O registro do óbito tem caráter declaratório e não constitutivo, na medida em que não é ele que põe fim à personalidade, limitando-se a reconhecer uma situação jurídica já consumada. O registro prova a perda daquela personalidade e permite que os familiares deem uma destinação ao patrimônio do falecido, recebendo seguro de vida, realizando inventário, encerrando contas, etc. Para que o registro seja concretizado, deve ser obedecido o que determina o art.77 da lei de registros públicos 6.015/73, de forma que o corpo deverá estar presente ou ter sido visto para que o óbito seja registrado.
Art.77: “Nenhum sepultamento será feito sem certidão, do oficial de registro do lugar do falecimento, extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista do atestado médico, se houver no lugar, ou em caso contrário, de duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte”.
Na morte real, é possível a presença do corpo ou de duas pessoas que o tenham visto. Excepcionalmente, é possível estarmos diante de situações em que a pessoa está desaparecida ou certamente morta, sendo, porém, impossível a comprovação desse falecimento. Em ambas as circunstâncias, é possível estarmos diante da chamada morte presumida.
 Na morte presumida sem declaração de ausência, estamos diante da certeza do óbito acompanhada da impossibilidade de sua comprovação. Diante do fato da inexistência do corpo ou de quem tenha o visto, os familiares deverão ajuizar ação de justificação do óbito, de maneira a convencer o magistrado daquele falecimento através de testemunhas e de documentos. Caso isso fique comprovado, o juiz determinará ao cartório do RCPN que seja lavrado o óbito.
Tanto na morte real quanto na morte presumida sem declaração de ausência é comum nos depararmos com o instituto da comoriência, o qual exige para a sua caracterização a presença de dois requisitos a serem cumulativamente preenchidos: os indivíduos falecerem em razão do mesmo fato e não ser possível precisar quem faleceu primeiro. A consequência dessa constatação é de que não há que se falar em transmissão recíproca de direitos sucessórios, na medida em que cada um dos comorientes será tratado na sucessão do outro como se não existisse, como se fosse pré-morto.
A morte presumida também poderá ser alcançada com a prévia declaração de ausência que terá cabimento naquelas hipóteses em que se tenha a certeza do desaparecimento acompanhada da eventualidade do óbito. Nessas circunstâncias, como o falecimento é apenas uma possibilidade até que o judiciário presuma o indivíduo como morto, os herdeiros terão que cumprir um longo caminho. Constatando o desaparecimento, os herdeiros ajuizarão um pedido de declaraçãode ausência e o magistrado, convencido do sumiço continuado, declarará o indivíduo como ausente nomeando um curador. Nesta etapa, o objetivo é de apenas conservar o patrimônio do desaparecido, de maneira a entregá-lo o mais conservado possível aos herdeiros ou ao ausente, caso apareça. A função do curador é de mero administrador daquele patrimônio, diferente do curador do interditado que tem uma função maior e anterior que é a de proteger a pessoa do curatelado. O curador é preferencialmente o cônjuge, porém, é perfeitamente comum que outro indivíduo, familiar, exerça a função.
A sentença de ausência é registrada junto ao RCPN na forma do art.9°, IV e isto não provoca a incapacidade do indivíduo que é apenas considerado agora, perante a coletividade, desaparecido do seu domicílio. Caso o desaparecido tenha deixado procurador para administrar o seu patrimônio, a declaração de ausência não poderá ser decretada, considerando que a norma parte da premissa que, se o indivíduo deixou alguém para administrar o seu patrimônio, é porque tinha intenção de desaparecer e ainda considerando que o objetivo da declaração é justamente preservar o patrimônio do desaparecido e este deixou regularmente pessoa para administrá-lo, não há sentido para que o judiciário reconheça a ausência.
Art.9°, IV: “Serão registrados em registros públicos:
IV – a sentença declaratória de ausência e de morte presumida”.
A sucessão provisória constitui a segunda etapa rumo ao reconhecimento da morte presumida. Trata-se de etapa obrigatória e naquelas circunstâncias em que o indivíduo tinha procurador, após 3 anos do desaparecimento, os herdeiros poderão requerer a abertura da sucessão provisória, declarando ao juiz nesse momento a ausência. Com ela, é possível requerer a alienação (transferência de propriedade) onerosa dos bens do ausente, porém, todo valor que venha a ser apurado será depositado judicialmente, de maneira que os herdeiros anda não terão acesso aos bens. A alienação é permitida para evitar a ruína financeira ou física dos bens do desaparecido.Os herdeiros poderão requerer também a chamada imissão na posse, ou seja, que o juiz autorize o uso da coisa de maneira que a norma dá um tratamento diferenciado, levando em conta a espécie de herdeiro. Assim, se o desaparecido deixou filhos, netos, pais, avós, cônjuge ou companheiro, estes terão acesso aos bens sem qualquer restrição. Porém, se o desaparecido possui apenas irmãos, sobrinhos, tios e primos, estes precisarão prestar caução, ou seja, oferecerbens próprios que ficarão a disposição daquele processo e serão utilizados para recompor o patrimônio do ausente caso esses herdeiros procedam, em relação a esses bens, de maneira dolosa ou culposa, com total descuido. Não sendo possível oferecer essa caução, ficarão privados do acesso a esses bens.
Ainda na sucessão provisória, os herdeiros poderão requerer a percepção dos frutos tais como aluguel, arrendamento, parceria agrícola, entre outros. Nesse contexto, os herdeiros necessários perceberão esses frutos sem qualquer limitação, ao passo que os demais deverão, judicialmente, depositar metade do que perceberem fazendo uso da outra metade. Caso o ausente retorne, a discussão girará em torno do destino dessa outra metade. Se o ausente justificar o seu desaparecimento, recolherá a outra metade; caso contrário, perderá. Em qualquer caso, retomará a posse de seus bens. Apenas 10 anos depois a sucessão definitiva será pronunciada e neste momento o juiz determinará o registro do óbito. Os herdeiros facultativos poderão levantas as cauções oferecidas e dar destinação que quiser aquele patrimônio. Mesmo após o indivíduo ser dado como presumidamente morto, caso venha a aparecer nos 10 anos subsequentes, a sentença que declarou sua sucessão definitiva poderá, após requerer a invalidade de seu óbito, requerer os bens ou seus valores, considerando o valor da época em que desapareceu. Todos os acréscimos e melhorias desse período do desaparecimento não serão entregues a ele, na medida em que isso constituiria verdadeiro enriquecimento sem causa, já que o ausente não contribuiu para essa melhoria. Por outro lado, o patrimônio a época de seu desaparecimento a ele lhe pertencia, tendo adquirido com seu esforço de forma que deverá ser recompensado.
Aula: 3 – Domicílio (art.70 ao 78)
A caracterização do domicílio é fundamental porque o CC a todo momento o menciona, como se extrai do artigo 1785, por exemplo, mas principalmente, é utilizado como critério de fixação de competência para a propositura de ações civis na forma do artigo 46 do CPC. O domicílio, em regra, é voluntário, podendo livremente serescolhido pela pessoa natural e geral, na medida em que diz respeito a todas as relações jurídicas daquele indivíduo. Na forma do art.70, é comporto de um elemento objetivo, a residência, e um elemento subjetivo, que vem a ser a intenção de ali permanecer com estabilidade. A residência é o local em que o indivíduo tem o centro de suas atividades profissionais, educacionais, de lazer, de maneira que é perfeitamente possível que uma pessoa tenha mais de uma residência, como aquele que possui casa de praia. O ânimo definitivo pode ser percebido pela coletividade porque ali o indivíduo tem a sua família estabelecida, passa a maior parte do tempo, declara perante 
à RF que ali é seu domicílio, dentre outras condutas. Muito embora qualquer pessoa possa escolher seu domicílio, alguns possuem o chamado domicílio necessário, não podendo assim escolhê-lo, ora pela total impossibilidade de fazê-lo, como o incapaz e o preso, ora por conta de uma questão profissional, como o servidor público, tudo na forma do art.76.
O ânimo definitivo é observado pelo local em que a pessoa deixa sua família ou possui o centro de suas correspondências.
Art.1785: “A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido”.
Art.46 CPC: “A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.
§1° - tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer um deles.
§2° - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor.
§3° - quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor e, se este também residir fora do Brasil, a ação poderá ser proposta em qualquer foro.
§4° - havendo dois ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.
§5° - a execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado”.
Art.70: “O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo”.
Art.76: “Tem domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso”.
O Art.78 prevê o chamado foro ou domicílio de eleição que é estabelecido expressamente em um contrato com o objetivo de afastar o domicílio geral de um ou de ambas as partes, regendo assim as dúvidas provenientes da sua celebração. É percebida através da cláusula que contém os seguintes dizeres: “As partes elegem a comarca de [...] pra decidir as questões provenientes do presente contrato”. A cláusula que afasta o domicílio geral só não será válida se preenchidos três requisitos em conjunto. Se o contrato entre as partes for de adesão, ou seja, uma parte elabora todas as cláusulas e a outra parte apenas consente, se a relação entre os envolvidos é de consumo e se a escolha daquele local coloca o consumidor em extrema dificuldade ou impossibilidade de acesso à justiça. Preenchidos os requisitos, a cláusula de eleição de foro é nula, o que faz valer o domicílio geral do consumidor para regular essa relação em específico.
Art.78: “Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes”.
Os artigos 71 a 73 tratam das exceções concernentes ao domicílio. Inicialmente, aquele indivíduo que não tem um lugar específico certo de suas atividades poderá ser exigido no local em que for encontrado. Aquele que possua residência em duas localidades, dividindo igualmente seu tempo entre elas, terá como domicílio qualquer uma delas. Por fim, é comum que a pessoa tenha domicílio voluntário em uma localidade e exerça suas atividades profissionais nele e também em outras. Nesse contexto, valerá o domicílio profissional em detrimento do geral, na forma do art.72.
Art.71: “Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer uma delas”.
Art.72; “É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida”.
Art.73: “Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada”.
Aula 4 – Pessoa Jurídica 
	externo (art.42)
	de Direito Público
Pessoa Jurídica 	interno (art.41)
	de Direito Privado ato constitutivo + registro
	autorização do executivo 
Enquanto a pessoa jurídica de Direito Público interno é criada e extinta por lei, a PJ de Direito Privado passa até sua formação por duas etapas que se complementam: a elaboração do ato constitutivo e o registro subsequente. O primeiro vem a ser o documento formal que revela todos os dados relevantes à criação, funcionamento e extinção da PJ, devendo constar no documento a finalidade, o domicílio, a forma de administração, etc. O referido instrumento produz apenas eficácia entre os envolvidos, de maneira que precisa ser levado ao registro junto ao órgão competente para que obtenha eficácia erga omnes. Em se tratando de sociedade, o registro é feito perante a junta comercial, os demais, junto ao RCPJ. Na forma do art.45, a aquisição de personalidade está condicionada ao registro junto ao órgão competente, sendo, portanto constitutivo da personalidade e não declaratório, diferente da pessoa natural. A partir desse momento, a PJ passa a praticar validamente todos os atos da vida civil, possuindo a partir de então capacidade de direito.
A aquisição da personalidade confere a PJ capacidade de fato, porém essa capacidade está restrita às finalidades traçadas no ato constitutivo. A grande vantagem de proceder como determina a norma é que todos os direitos e obrigações da PJ não poderão, em princípio, ser estendidos aos sócios que não responderão com o seu patrimônio pessoal por essas dívidas. Nas sociedades de faro e irregular, a situação é diferenciada. No primeiro caso porque a sociedade sequer possui ato constitutivo e no segundo porque o registro não revela o atual funcionamento da PJ, na medida em que as alterações posteriores não foram levadas ao órgão competente. Nessas circunstâncias, tanto a sociedade quanto o sócio que por ela contratou poderão ser diretamente responsáveis em satisfazer a obrigação e, na eventualidade de não possuírem patrimônio, todos os demais sócios serão igualmente responsabilizados chamados a pagar aquela dívida – art.990.
Art.990: “Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sócias, excluído do benefício de ordem, previsto no art.1024, aquele que contratou pela sociedade”.
Art.1024: “Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívida da sociedade, senão depois de executados os bens sociais”.
A aquisição válida da personalidade confere a PJ a possibilidade de se relacionar junto à coletividade. Os entes despersonalizados, os quais são criados a partir de uma união de pessoas ou de um patrimônio, não possuem em sua instituição essa finalidade, na medida em que o patrimônio está sendo criado ou os indivíduos estão reunidos sem ter o objetivo de contratar direitos e obrigações junto à coletividade. O condomínio, a família, o espólio, a massa falida e a herança vacante e depois jacente são exemplos disso. A massa falida é criada quando o juiz extingue a personalidade da pessoa jurídica e cria este patrimônio para que as obrigações da extinta PJ possam ser satisfeitas, na medida do possível. No espólio, estamos diante do patrimônio do falecido que deverá, em um primeiro momento, suportar suas dívidas para que logo após o patrimônio residual seja entregue aos herdeiros. Por fim, na herança jacente e vacante, o indivíduo falece sem deixar herdeiros e aquele patrimônio fica sobre administração de um curador até que algum herdeiro apareça ou, depois de um determinado tempo, entregue os imóveis ao município onde estão situados.
Muito embora alguns direitos da personalidade sejam exclusivos da pessoa natural, como a vida, a integridade físicae a liberdade de crença, a pessoa jurídica também pode experimentar direitos dessa natureza, em especial a honra objetiva que está relacionada ao conceito que se goza perante a coletividade. A ofensa a reputação ao nome da PJ permite o pedido de indenização por dano moral na forma da súmula 227 do STJ. É possível ainda que determinado ato praticado contra a PJ de Direito Privado permita que ela requeira o chamado dano patrimonial em suas duas modalidades: dano emergente e lucro cessante. O primeiro está relacionado à imediata perda patrimonial do indivíduo, analisando o patrimônio da vítima no momento do fato. O segundo diz respeito àquilo que efetivamente se deixou de lucrar projetando-se o patrimônio da vítima para o futuro, valendo-se da razoabilidade.
Súmula 227 do STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
Aquele que vier a contratar com uma PJ de Direito Privado deve ter o cuidado de saber se aquele indivíduo que se apresente como seu representante realmente possui poderes para tanto. Caso contrário, eventual obrigação por ele assumida não poderá ser estendida 
à PJ. A Doutrina e a jurisprudência, no curso dos anos, desenvolveram a chamada Teoria da Aparência, permitindo excepcionalmente responsabilizar a PJ mesmo não tendo um indivíduo que por ela contratou poderes para tanto. Para que isso aconteça, será necessário identificar a conduta reiterada do indivíduo associada ao conhecimento da PJ que não toma qualquer atitude no sentido de evitar que isso aconteça. Essa circunstância atrelada ao fato de que a coletividade é legitimamente levada a crer que a situação é legítima permitirá a aplicação da Teoria da Aparência. A jurisprudência também reconhece sua aplicação entre duas pessoas jurídicas.
A responsabilidade civil da PJ pelos atos de seus agentes variará dependendo da modalidade tratada no caso concreto. Em se tratando de PJ de Direito Público interno, a situação será regulada pelos artigos 43 CC/2002 e 37 §6° CF/88. A vítima dispõe de um prazo de 5 anos para ajuizar a ação indenizatória, ação essa que deverá ser proposta contra a PJ de Direito Público interno, na medida em que o entendimento pacífico é no sentido de que a constituição estabeleceu verdadeira proteção em favor do consumidor que, se pudesse ser acionado diretamente, comprometeria ainda mais a prestação do serviço público pelo justo receio de ser cobrado civilmente, respondendo com seu patrimônio pessoal, o ajuizamento da ação contra a PJ representa ainda grande vantagem, na medida em que a responsabilidade da PJ por ato de seus agentes é objetiva, ou seja, basta que fique caracterizado que a ação ou omissão do agente público é causa direta para o dano, independente da discussão sobre o dolo ou culpa para que a PJ seja obrigada a arcar com aquele prejuízo. Após ser obrigada ao pagamento, poderá recobrar seu prejuízo do agente público, porém, neste caso a reponsabilidade do mesmo é subjetiva, ou seja, sujeita à caracterização do dolo ou culpa. A expressão, nessa qualidade, prevista em ambos os artigos não significa que o agente necessite estar no efetivo desempenho do serviço público, bastando que fique caracterizado que o cargo interferiu na prática do ilícito.
Art. 43: “As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo”.
Art. 37 §6°: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
Em se tratando de PJ de Direito Privado que não se qualifique como prestadora de serviços públicos, a situação será regulada pelo art.932, III. Inicialmente, o prazo para a ação será de 3 anos na forma do art.206 §3°, V. a vítima poderá direcionar a sua ação tanto contra o agente quanto contra a PJ e em qualquer circunstância, deverá ficar caracterizada a culpa ou o dolo do agente, o causador do dano e caso isto fique comprovado, a PJ é imediatamente responsabilizada pelos atos de seu agente, presumindo-se sem possibilidade de prova em contrário a culpa por ter escolhido mal aquele funcionário.
Art.932, III: “São também responsáveis pela reparação civil: 
III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele”.
Art.206 §3°, V: “Prescreve, em três anos, a pretensão de reparação civil”.
As corporações podem ser identificadas por uma união de pessoas que reúnem seus esforços com o objetivo de atender uma finalidade previamente delimitada. São espécies de corporações as associações e as sociedades. Nas sociedades a reunião entre os sócios tem o objetivo de perseguir o lucro, enquanto nas associações teremos uma finalidade não lucrativa. Muito embora uma associação possa, eventualmente, desenvolver uma atividade rentável, como a venda de um bem ou a realização de um show, por exemplo, tudo aquilo que for apurado deverá ser revertido em favor da própria finalidade associativa que jamais buscará o lucro. Servem de exemplo as associações de classes, moradores, clubes, etc. a CF precisou no art.5, XVII a XXI uma garantia individual, na medida em que até o advento dela o direito associativo era vedado, de forma que o legislador constitucional precisou prevê-lo expressamente.
A CF assegura assim, o direito de todo e qualquer indivíduo de criar uma associação, de se associar a uma já existente, bem como se desassociar a qualquer momento. A regra é nesse sentido, porém, excepcionalmente, a jurisprudência tem admitido que o indivíduo poderá ser exigido pela taxa associativa desde que fique caracterizado que a associação obtém benefício direto e imediato em favor daquela pessoa física ou jurídica. O ato constitutivo de uma associação é chamado de estatuto e o seu registro deve ser feito junto ao RCPN. A partir daí, a associação poderá promover medidas judiciais em favor dos associados, exigindo-se apenas a chamada pertinência temática, ou seja, aquilo que se discute naquele processo judicial deve estar relacionado aos seus objetivos traçados no ato constitutivo. Uma associação de moradores, por exemplo, não pode promover medida judicial para discutir o aumento da faixa etária do plano de saúde.
O ato constitutivo de uma associação deve conter os requisitos previstos no art.54. Caso o estatuto seja elaborado e registrado sem prever uma das circunstâncias ali ditas, será possível um requerimento de anulação do ato e por consequência ser decretada a perda da personalidade no prazo traçado no art.45 parágrafo único. Muito embora o associado possa livremente se associar e desassociar, a sua exclusão deve ser precedida de procedimento administrativo previsto no ato constitutivo. Neste procedimento, deverá ser assegurado obrigatoriamente ao indivíduo o direito ao contraditório, de maneira que só após ser oferecida a sua defesa que ele poderá ser excluído daquela associação. A norma exige a chamada justa causa, deixando de definir o que seja considerado como base no Princípio da Operabilidade que caberá ao magistrado, dependendo da espécie de associação, entender se a conduta adotada vai ou não de encontro à finalidade prevista. Caso a exclusão seja realizada sem obedecer ao procedimento ou até mesmo porque ele não se encontra previsto no estatuto, poderá p associado ajuizar medida judicial para ser reintegrado àquela associação – art.57.
O estatuto pode prever direitos diferenciados a depender da qualidade do associado. Tais direitos não poderão ir de encontro à finalidade prevista no ato constitutivo tal como ocorreria, por exemplo, a proibição de determinado grupo de associados de frequentar a sede da PJ. Em princípio, o associado que vier a falecer e tenha a intenção de vender ou doar a sua participação naquela associação, nãopoderá fazê-lo, seja porque a qualidade de associado é personalíssima ou ainda porque a PJ precisa ter a oportunidade de manifestar o seu interesse em ter aquele novo indivíduo como associado. Trata-se de norma dispositiva e não imperativa (cogente), traçada no art.56. Normas dispositivas devem ser afastadas pelo acordo da vontade, de forma que a norma só incidirá na falta de disposição em contrário. As normas cogentes não admitem ser afastadas pelo interesse das partes.
Art.56: “A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário”.
A norma prevista no art.59 é imperativa, ou seja, é de atribuição exclusiva da assembleia tomar as decisões ali previstas, de maneira que o estatuto não pode estipular em contrário. Todas as demais deliberações poderão ser tomadas pelo órgão que o estatuto indicar como diretorias, conselhos, etc. A extinção de uma PJ, associação, se dará com a baixa do ato constitutivo junto ao RCPJ, devendo ser decidido o destino a ser adotado ao patrimônio eventualmente existente. Caso o patrimônio conferido pelo instituidor que ajudou na criação da associação ainda exista, este será ressarcido. As taxas associativas não serão entregues aos associados e o patrimônio remanescente terá o destino que o ato constitutivo prevê. Caso o estatuto seja omisso, os associados decidirão e de acordo com a norma – art.61 -, deverá ser destinado à associação pública. O enunciado 407 da Jornada de Direito Civil prevê, porém, a possibilidade dos associados darem a esse patrimônio o destino em favor de uma outra associação ou entidade que não possua finalidade econômica. 
Art.59: “Compete privativamente à assembleia geral:
Destituir os administradores
Alterar o estatuto”.
Art.61: “Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art.56, será destinado à entidade fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes”.
Enunciado 407:
“A obrigatoriedade de destinação do patrimônio líquido remanescente da associação à instituição municipal, estadual ou federal de fins idênticos ou semelhantes, em face da omissão do estatuto, possui caráter subsidiário, devendo prevalecer a vontade dos associados, desde que seja contemplada entidade que persiga fins não econômicos”.
As fundações, tal como as associações, buscam uma atividade não lucrativa e muito embora o art.62 parágrafo único tenha previsto um rol de atividades que poderiam ensejar a criação de uma fundação, a maioria da doutrina entende que o rol ali previsto é exemplificativo e não taxativo, de maneira que é admissível a criação de uma fundação com outras finalidades. A fundação é criada a partir do patrimônio de uma pessoa física ou jurídica e é justamente este patrimônio que permitirá que essa nova PJ possa alcançar seus objetivos. O instituidor de uma fundação não é o dono da mesma, até porque ela possui personalidade jurídica própria e dessa forma não é obrigado a mantê-la indefinidamente. Servem de exemplo a Fundação Ayrton Senna, Gol de Letra, Getúlio Vargas, Roberto Marinho, etc.
Art.62 parágrafo único: “A fundação somente poderá constituir-se para fins de:
I - assistência social; 
II - cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; 
III - educação; 
IV - saúde; 
V - segurança alimentar e nutricional; 
VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
VII - pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
VIII - promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; 
IX - atividades religiosas; 
A criação de uma fundação passa, inicialmente, pela escritura pública ou testamento, momento em que é obrigatório que o indivíduo que pretende instituir a PJ deverá declarar quanto pretende afetar, separar de seu patrimônio pessoal para a criação daquela PJ, determinando ainda qual a finalidade que se pretende alcançar e caso queira, indicar a pessoa de sua confiança que elaborará o ato constitutivo. Muito embora a PJ não esteja ainda formalmente criada, no momento em que o indivíduo faz a escritura pública assume a obrigação de criar a PJ e caso não proceda, a entrega espontânea dos bens ou valores prometidos poderá ser exigida através do MP estadual. Caso esses valores não sejam suficientes para criar a PJ pretendida, os bens serão incorporados a uma outra fundação com finalidade semelhante ou idêntica, de maneira que o indivíduo, de qualquer forma, deverá entregar aqueles bens.
Teoria da Desconsideração da Personalidade da Pessoa Jurídica de Direito Privado
A grande vantagem de realizar o registro do ato constitutivo junto ao órgão competente é justamente identificar a separação patrimonial e por consequência o fato de que direitos e obrigações contraídos pela PJ apenas em relação a ela poderão ser exercitados de forma que em principio, não será possível alcançar o patrimônio dos seus sócios, administradores, diretores ou de qualquer pessoa que exerça cargo de decisão naquela PJ.
Porém, no curso dos anos, aqueles indivíduos que deveriam ser os primeiros a respeitar essa separação patrimonial e de personalidades começaram a adotar uma série de comportamentos que demonstram quer não procedem dessa forma. Servem de exemplo as seguintes hipóteses: o administrador de uma fundação que faz uso de cheque da PJ para quitar suas dívidas pessoais (confusão patrimonial), a sociedade que tem por finalidade a exploração de moda íntima e sem alterar o ato constitutivo começa a desenvolver outras atividades, a colocação de uma sociedade em nome de laranja e por fim, o desvio de verba de uma associação, por exemplo, para o patrimônio de seu presidente. Em todas as hipóteses, como o indivíduo atua desrespeitando aquilo que deveria ser o primeiro a respeitar foi desenvolvida, a partir de então, a chamada Teoria da Desconsideração da Personalidade da Pessoa Jurídica de Direito Privado, permitindo-se, excepcionalmente, que se pudesse alcançar o patrimônio dos membros da PJ quando ficasse evidente o abuso da personalidade, de maneira que não seria justo impor ao credor que não recebe o seu crédito quando ficar evidenciado que a PJ não tem patrimônio e o diretor, sócio ou administrador alega, mesmo tendo agido indevidamente, que não pode ser responsabilizado por dívidas da PJ.
A jurisprudência tem entendido que a má administração por parte dos membros e o simples encerramento das atividades sem realizar a baixa do ato constitutivo não são suficientes ao pedido de desconsideração. O CPC prevê expressamente procedimento para o incidente de desconsideração. Assim, paralelamente a ação de cobrança ou qualquer outra que se pretenda o recebimento de um crédito, o credor interessado oferecerá o incidente de desconsideração e o magistrado, após ouvir o sócio ou qualquer outra PN indicada pelo credor, decidirá se deve ou não desconsiderar. A responsabilidade do membro da PJ é subsidiária, ou seja, só é possível alcançar-se o seu patrimônio se ficar caracterizado que a PJ não possui renda suficiente àquele pagamento. O incidente só será acolhido diante do membro da PJ que praticou a conduta indevida, de maneira que não é possível, como regra, estender a obrigação a todos. 
O art.50 do CC adotou a Teoria Maior Objetiva da desconsideração, exigindo assim, para que seja alcançado o patrimônio do membro da PJ a insuficiência patrimonial por parte dela aliada a pratica de algum ato que revele abuso de personalidade, pouco importando se o integrante da PJ tinha ou não intenção em praticá-lo.
Art.50: “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do MinistérioPúblico quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”.
A Teoria Maior Subjetiva não é aplicada no Brasil, mas é aplicado quando verificado o desvio de finalidade, caracterizado pelo ato intencional dos sócios de fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade.
A Teoria Menor da Desconsideração representa um grande temor aos membros da PJ, considerando que para a sua aplicação é necessário apenas que fique caracterizada a insuficiência patrimonial, pouco importando se algum membro da PJ praticou algum ato e revelou abuso de personalidade. Assim, mesmo a responsabilidade permanecendo subsidiária, não se discute qualquer conduta lesiva. Dessa forma, todos os membros da PJ serão responsáveis por arcar com aquela dívida, bastando para tanto que a PJ não possua patrimônio.É aplicada em relações de consumo (art.28 §5° CDC) danos ambientais e indenização trabalhista.
Art.28 §5°: “O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
A jurisprudência prevê ainda a Desconsideração Inversa, em que se pretende alcançar o patrimônio da PJ para que responda por dívidas de membros. Trata-se de pedidos de desconsideração habitualmente praticados em casos de divórcio quando um dos cônjuges entende que o outro desviou patrimônio do casal para a PJ com o objetivo de diminuir o patrimônio do casal por ocasião da partilha do divórcio. Ajuizado o pedido de desconsideração na forma prevista no CPC e comprovado que aquilo foi feito, o juiz determinará que aqueles bens ou valores retornem ao patrimônio do casal para que sejam devidamente partilhados. 
Aula 5: Direitos da Personalidade
O CC de 1916 não tratou dos direitos da personalidade, considerando que naquele momento a única preocupação da norma estava relacionada à proteção do patrimônio. A CF/88 traz, em seu texto, inúmeros direitos dessa natureza com o objetivo de reafirmar a tutela da dignidade da pessoa humana. O código atual, em 11 artigos (11 a 21), trata de alguns direitos dessa espécie, bem como de algumas características que em 2002 eram intensamente debatidas pela doutrina e pela jurisprudência. Muito embora alguns afirmem que o fundamento de validade desses direitos seja a norma, direito positivo, a maioria da doutrina entende que é a própria condição de ser humano que faz surgir os direitos da personalidade, de maneira que, apesar da norma tratar de vários direitos dessa natureza, é perfeitamente possível o aparecimento de novos a cada dia. O direito ao esquecimento consagrado no Enunciado 531 é prova de que é o direito natural o fundamento de validade desses direitos. Aquele indivíduo envolvido em fato público e/ou notório pode, após ultrapassado um tempo razoável, exigir que a sua imagem e/ou nome não sejam mais vinculados àquele fato pretérito, podendo ainda exigir compensação moral caso a divulgação aconteça sem sua autorização. 
Enunciado 531: “O direito ao esquecimento pode ser assegurado por tutela judicial inibitória”.
A doutrina aponta a presença de algumas características do direito da personalidade. Inicialmente, os mesmos são absolutos, ou seja, oponíveis erga omnes, na medida em que toda a coletividade tem o dever de respeitar os direitos da personalidade de cada indivíduo. São também inerentes à própria condução humana (inatos), independentemente de raça, cor, condição social, etc. Tais direitos são vitalícios, acompanhando o indivíduo desde que são nascituros até a sua morte. A possibilidade de elaboração do testamento vital reforça a ideia de que a pessoa natural tem o direito a uma existência digna, e não a qualquer existência, deixando claro que na certeza do óbito não pretende ser subjetivo a tratamentos que prolonguem, sem possibilidade de sucesso, a sua existência, como ser entubado. O testamento vital é um desdobramento lógico do art.15, bem como do Enunciado 533 da Jornada de Direito Civil que consagra o consentimento esclarecido, o qual deixa claro que a pessoa natural deve ser informada sob todas as implicações que aquele procedimento poderá lhe ocasionar antes de deliberar em realizá-lo ou não.
Art.15: “Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica”.
Enunciado 533: “O paciente plenamente capaz poderá deliberar sobre todos os aspectos concernentes a tratamento médico que possa lhe causar risco de vida, seja imediato ou mediato, salvo as situações de emergência ou no curso de procedimentos médicos cirúrgicos que não possam ser interrompidos”
Impenhorabilidade: os direitos dessa natureza não podem ser objetivo de apreensão judicial para o pagamento de dívidas de seu titular, seja porque são direitos abstratos, seja porque são essenciais ao atendimento da dignidade da pessoa humana, de forma que não é possível que o indivíduo fique dele desprovido.
São também imprescritíveis, ou seja, o não exercício prolongado de um ou mais desses direitos não faz com que o titular perca a oportunidade de exercê-los em momento superveniente. Aquele indivíduo que sofre violação sistemática aos seus direitos da personalidade pode, a qualquer tempo, não mais tolerar aquela ofensa continuada. Porém, ocorrendo determinada lesão, o prejudicado dispõe do prazo de 3 anos para requerer a respectiva indenização na forma do art.206, §3°, V.
Art.206, §3°, V: “Prescreve, em três anos, a pretensão de reparação civil”.
Os direitos da personalidade são também intransmissíveis, ou seja, apenas o próprio titular pode defender direitos dessa natureza (art.12 parágrafo único).
Art.12 parágrafo único: “Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sansões previstas em lei.
Parágrafo único: Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau”.
Por fim, são irrenunciáveis, ou seja, o indivíduo não pode abrir mão de direito desta natureza. Trata-se de características admitindo algumas exceções, como art.11, com destaque ao nome, imagem e integridade física.
Art.11: “Com exceção dos casos previsto em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntaria”.
O art.13 permite a lesão à integridade física desde que por exigência médica, o que se verifica naqueles indivíduos que não se identificam com a sua identidade sexual. O transtorno de gênero é laudado por psiquiatra que atesta que aquela pessoa não possui uma identidade de seu gênero ao seu corpo. A cirurgia de transgenitalização não tem como efeito imediato a mudança registral. Assim, o interessado deverá ajuizar ação de alteração de registro civil para modificação de seu nome e seu sexo junto ao RCPN. Recentemente, o STJ admitiu a mudança registral de nome e de sexo independentemente da prévia cirurgia mutiladora em observância ao princípio da dignidade da pessoa humana.
Art.13: “Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes”.
A outra maneira em que se autoriza a lesão à integridade física está relacionada ao transplante de órgãos que em nosso ordenamento é regulado pela lei especial 9434/97. Inicialmente, só é possível a doação de órgãos, jamais transações comerciais e apenasde órgãos duplos ou que se regeneram, como medula óssea e fígado. Em hipótese alguma será admitido que o indivíduo sacrifique sua vida em prol de outrem. A doação deve ser feita por escrito, como regra, e em favor de parente, indicado pelo art.9° da lei especial, exigindo-se apenas a ida ao judiciário quando se pretender a doação em favor de estranho para que possa se investigar se está sendo realizada de forma gratuita. A doação é revogável até a data da realização da intervenção cirúrgica e em se tratando de incapaz, o art.9°, §6° da norma prevê que apenas a medula óssea, mesmo assim com autorização do representante e intervenção judicial, pode ser doada. O Estatuto do Deficiente em seu art.85, §1° proíbe a lesão à integridade física do incapaz por falta de discernimento, de maneira que interpretando literalmente as duas normas, o transplante de medula óssea só é admitido pelo incapaz menor e com autorização dos pais e do judicial. 
Art.9° lei 9434/91: “É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em cônjuge ou parentes consangüíneos até o quarto grau, inclusive, na forma do § 4o deste artigo, ou em qualquer outra pessoa, mediante autorização judicial, dispensada esta em relação à medula óssea.
§6°: O indivíduo juridicamente incapaz, com compatibilidade imunológica comprovada, poderá fazer doação nos casos de transplante de medula óssea, desde que haja consentimento de ambos os pais ou seus responsáveis legais e autorização judicial e o ato não oferecer risco para a sua saúde”.
Art.85, §6° do Estatuto do Deficiente: “A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial.
§ 1°: A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto”.
Em se tratando de doação pós mortem, o plenamente capaz, em vida, pode optar por ser ou não ser doador e a família, por ocasião do seu óbito, deve respeitar a sua vontade só podendo dar destinação que bem entender em caso do indivíduo em vida não ter feito essa opção. Quanto ao incapaz, seus familiares decidirão por ele.
A defesa dos direitos da personalidade é feita através do usa da tutela inibitória e da tutela condenatória. Na primeira hipótese, a lesão não aconteceu ainda e p indivíduo ou seus familiares deverão ajuizar medida judicial pra evitar que isso aconteça. O uso da tutela condenatória implica em reconhecer que a lesão já se concretizou, ensejando possível dano patrimonial pelos danos emergentes que podem ser exemplificados pelos gastos médicos, fisioterápicos etc e o lucro cessante, como período pelo qual o indivíduo deixou de trabalhar comprovadamente. Além do dano material, é possível ainda pedir dano moral quando ficar caracterizado que estamos diante de uma lesão a direito da personalidade merecedor de proteção pelo judiciário pelas repercussões internas, subjetivas que o mesmo apresenta. É possível ainda, na forma da súmula 287 do STJ, o pedido de dano estético desvinculado ao dano moral. O dano estético, como dano autônomo, pode ser conceituado como lesão à integridade física em caráter permanente ou duradouro. Muito embora esteja habitualmente relacionada a danos aparentes, a jurisprudência consagra o dano estético pela perda de órgão ou de função interna do organismo.
Existe ainda a caracterização do dano à imagem como dano autônomo. Se por um lado o indivíduo autorizar a exibição de sua imagem, as pessoas públicas não gozam dessa proteção em locais públicos. A mera exibição sem autorização de uma pessoa não pública autoriza a aplicação da súmula 403 do STJ e dependendo da divulgação poderá ensejar dano moral se ficar provada a repercussão interna da conduta e eventual lucro cessante se o divulgador lucrou e não repassou para a pessoa. Pessoas públicas têm o direito ao à imagem e dependendo do caso, também ao dano moral se estiverem em sua intimidade.
É perfeitamente comum que o magistrado, ao solucionar um caso concreto, se depare com dois ou mais direitos da personalidade que naquele momento estejam em conflito, de maneira que o juiz precisará resguardar um em detrimento do outro. Inicialmente, é possível identificar conflito entre o direito à vida de um lado e de outro à liberdade de crença, o que levou ao Enunciado 403 da Jornada de Direito Civil que prevê três requisitos específicos para que o indivíduo possa deixar de realizar a intervenção cirúrgica. Em se tratando de incapaz, seus pais/tutores/curadores não poderão decidir por ele, cabendo ao MP ajuizar medida judicial para obrigar a transfusão.
Enunciado 403: “O Direito à inviolabilidade de consciência e de crença, previsto no art. 5º, VI, da Constituição Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a tratamento médico, inclusive transfusão de sangue, com ou sem risco de morte, em razão do tratamento ou da falta dele, desde que observados os seguintes critérios: a) capacidade civil plena, excluído o suprimento pelo representante ou assistente; b) manifestação de vontade livre, consciente e informada; e c) oposição que diga respeito exclusivamente à própria pessoa do declarante”.
Outro conflito habitualmente levado ao judiciário diz respeito de um lado o direito à informação, à liberdade de imprensa e de outro lado a preservação à intimidade e à vida privada. Por mais que a divulgação de escritos, conversas e imagens deva ser autorizada preferencialmente, admite-se e com fundamento no art.20 a divulgação não autorizada toda vez que aquela circunstância for essencial à formação da opinião pública, do interesse público.
Art.20: “Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais”.
Assim, em se tratando de pessoa pública, dependendo da natureza e dos fatos retratados, bem como observando a real intenção daquela divulgação, ela poderá acontecer sem o consentimento expresso do envolvido. Fatos da vida privada também podem ser levados a público se a pessoa se utiliza daquela circunstância em público, como a bandeira ideológica por exemplo.
Aula 6: Nome
	 Prenome (art.55, parágrafo único lei 6015/73)
Nome Sobrenome
Agnome
O nome é composto obrigatoriamente de um prenome (simples ou composto), do sobrenome materno e paterno e alguns contém ainda a referência ao grau de parentesco (agnome). A liberdade na escolha do prenome não é absoluta, considerando que a lei 6.015/73 não admite a escolhe de prenome que ponha o seu titular exposto ao ridículo. Caso a família diante da recusa do oficial do RCPN insista naquele nome, caberá ao magistrado decidir se é possível aquele registro ou se os pais deverão escolher outro. Uma vez tendo sido realizada a escolha com o respectivo registro, o nome se torna imutável, admitindo-se a sua modificação apenas nas situações previstas em lei. Até os 19 anos completos, o interessado poderá ajuizar ação de alteração de registro civil para a modificação do seu prenome e sobrenome sem precisar de qualquer justificativa para tanto.
Antes dos 18 anos, em processo de adoção de criança ou adolescente, é perfeitamente possível a troca do prenome, o que é uma faculdade e não obrigatoriedade. Em processo de naturalização do estrangeiro, este poderá adotar um prenome em nossa língua. Após os 19 anos completos, aquele que pretender a modificação deverá não só ajuizar ação de alteração de registro civil, mas também justificar o seu pedido de mudança, como se extrai do art.57 da lei especial, na medida em que a regra é a imutabilidade do dano. A própria lei prevê hipóteses de troca de prenome, como a substituição por apelidos públicosnotórios. A troca é autorizada no art.57, §7° (também trata do indivíduo inserido no programa de proteção à testemunha). Muito embora a lei especial trate de algumas situações específicas, é possível a mudança desde que devidamente fundamentada, como existindo erro de grafia, transgênero, etc.
Art.57 lei 6.015/73: “A alteração posteriorde nome, somente por exceção e motivadamente, após audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a hipótese do art.110 desta lei”.
§7°: “Quando a alteração do nome for concedida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente de colaboração com a apuração de crime, o juiz competente determinará que haja a averbação no registro de origem de menção da existência de sentença concessiva da alteração, sem a averbação do nome alterado, que somente poderá ser procedida mediante determinação posterior, que levará em consideração a cessação da coação ou ameaça que deu causa à alteração”.
Quanto à troca de sobrenome, em processo de adoção de criança ou adolescente é obrigatória a mudança justamente para que se rompa o vínculo com os pais biológicos. No que diz respeito ao casamento, a literalidade da norma permite apenas o acréscimo do sobrenome tanto pelo homem quanto pela mulher, sendo a mudança facultativa e não obrigatória. Muito embora a norma autorize apenas o acréscimo, os oficiais do cartório do registro civil autorizam, sem participação do judiciário, a supressão de um dos sobrenomes desde que mantido um de cada ascendente. Por ocasião do divórcio, caso a mudança tenha sido realizada, o cônjuge não poderá ser obrigado a voltar com o nome de solteiro porque desde a mudança aquele sobrenome passou a ser seu direito de personalidade. Em todas as demais hipóteses, o indivíduo que pretender a mudança do sobrenome deverá ajuizar ação de alteração de registro civil, justificando o pedido de mudança. A lei prevê duas hipóteses específicas no art.57 §2° e §8°, porém, toda e qualquer situação poderá ensejar a troca do sobrenome desde que o judiciário, com a participação do MP, se convença da necessidade da mudança, já que a regra é a imutabilidade.
§2°: “A mulher solteira, desquitada ou viúva, que viva com homem solteiro, desquitado ou viúvo, excepcionalmente e havendo motivo ponderável, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o patronímico de seu companheiro, sem prejuízo dos apelidos próprios, de família, desde que haja impedimento legal para o casamento, decorrente do estado civil de qualquer das partes ou de ambas. 
§8°: “O enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e na forma dos §§ 2o e 7o deste artigo, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos de família”. 
Aula 7: Bens – Teoria do Patrimônio Mínimo
Ainda na vigência no código revogado, ao devedor poderia ser imposto sacrifício econômico que lhe colocasse em situação de penúria ou de miserabilidade para o pagamento de dívidas que ele voluntariamente teria assumido ou que tivesse sido obrigado por lei a realiza-los. Com o advento da CF/88 que estabeleceu o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana como principal valor a ser resguardado, a ideia de sacrifício exagerado e desumano por parte do devedor na realização de suas dívidas por reavaliado, de maneira que algumas normas e orientações jurisprudenciais caminharam para a ideia de preservar aquilo que se convencionou chamar de mínimo existencial. Passou-se a estimular, através de algumas leis e julgados, a conservação de um patrimônio mínimo que lhe permitisse atender as suas necessidades básicas, bem como pudesse, através dessa conservação patrimonial, se reerguer financeiramente. O principal reflexo desse movimento doutrinário é sem dúvida a lei 8009/90 que instituiu o bem de família legal.
A lei especial consagra a impossibilidade de apreensão judicial do único imóvel do devedor para o pagamento de suas dívidas, mesmo naquelas hipóteses em que tenha contraído a dívida espontaneamente. A impenhorabilidade compreende o imóvel pertencente a toda e qualquer entidade familiar, compreendendo o STJ que se estende até mesmo ao imóvel pertencente ao homem/mulher solteiro (a). Os bens móveis usualmente encontrados em uma família de classe média também são protegidos por lei. Os bens tratados no art.2° poderão ser utilizados para pagamento da dívida, desde que o devedor não comprove que faz uso do mesmo como instrumento profissional. Na hipótese do indivíduo possuir das residências, será utilizado o imóvel de maior valor, mesmo que domicílio da entidade familiar, preservando-se a residência de menor valor de forma a atender a dignidade da pessoa do devedor. Por certo que o imóvel mais caro só será sacrificado se o mais barato não for suficiente para quitar a dívida.
Art.2°: “Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos”. 
O art.3° prevê alguns créditos que sujeitarão o devedor a perda de todos os seus bens para o pagamento daquelas dívidas. Em algumas situações o legislador ponderou que alguns créditos devem ter maior proteção do que o único imóvel do devedor, como acontece na dívida de alimentos, IPTU, condomínio e a indenização proveniente de sentença penal condenatória. Em outras hipóteses, o devedor contrai a dívida de má fé e reverte tudo em favor do imóvel e depois pretende alegar a impenhorabilidade em relação àquele mesmo bem, como se extrai dos incisos II e V do art.3°.
Art.3°:“A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar”. 
Bens imóveis: bens que não podem ser transportados de um local para outro sem que haja deterioração ou perda de substância – art.79.
Bens: Propriamente ditos = solo
 Por acessão natural	art.79
 Por acessão artificial
 Por definição legal – art.80
Art.80: “Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta”.	
A primeira classificação de bens prevista no código é bem móvel e imóvel. A todo o momento o legislador faz menção a essa classificação tanto na parte geral quanto na especial devido a sua enorme aplicação prática. As transações imobiliárias devem ser, em regra, documentadas e por escritura pública, a venda ou doação de bens imóveis precisa da outorga uxória (consentimento da mulher) ou marital (consentimento do homem), a aquisição da propriedade imóvel acontece, em regra, pelo registro junto ao registro de imóvel e os prazos de uso capião de bens imóveis são superiores aos dos bens móveis. No que diz respeito aos bens móveis, a transação envolvendo bens dessa natureza não precisa ser documentada, como regra, não necessita da autorização do cônjuge e a aquisição da propriedade móvel se dá, em regra, pela tradição, pela entrega do bem ao comprador.
A classificação de bens imóveis por definição legal passa pela classificação doutrinária de bens corpóreos e incorpóreos. Os primeiros são os concretos, suscetíveis ao toque e, portanto, da apreciação objetiva. Os incorpóreos são abstratos e por essa razão não são suscetíveis ao toque. O legislador por uma simples opção ora resolve por bem trata-los como imóveis ora como móveis. O direito à sucessão aberta é o direito do herdeiro, do óbito até a partilha, a concorrer ao espólio, ao patrimônio deixado pelo morto que envolve direitos e obrigações.Até que se finalize o inventário, as obrigações do falecido deverão ser pagas para que após isso os herdeiros recebam seus bens, de maneira que concorrem, têm direito de participar de um patrimônio que é situação jurídica abstrata. A retirada momentânea de bens da coisa móvel, como vitrais, azulejos, etc para serem reempregados não afasta a qualidade desse bem como imóvel. 
 Móveis: Propriamente ditos
 Semoventes
 Por definição legal (art.83, III)
 Por antecipação – NÃO está na lei
Art.83: “ Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
A classificação de bens móveis também prevê o móvel por definição legal que são bens incorpóreos que o legislador resolveu por bem tratar como móveis, como a energia e a indenização por ofensa a um direito da personalidade. No curso dos anos, a doutrina consagrou a existência dos móveis por antecipação, no qual no momento em que o negócio jurídico é pactuado estão ainda imobilizados, mas para facilitar a sua circulação econômica já podem ser tratados como bens móveis. Assim, a comprade eucaliptos ainda plantados revela a presença de um imóvel por acessão artificial que pode ser tratado antecipadamente como móvel, de maneira a negociá-lo por documento particular. 
	natural
Bem fungível e infungível contratual	art.85
	afetivo
Art.85: “São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade”.
Os bens imóveis são essencialmente infungíveis e os móveis poderão ser de uma ou de outra espécie. O bem fungível é aquele que é substituível por outro de mesma quantidade, qualidade espécie. A infungibilidade pode ser inerente à própria coisa, pode ser atribuída convencionalmente pela vontade das partes ou ainda pode estar relacionada a um vínculo que se tem em relação ao bem. O empréstimo do bem fungível é o mútuo e caso o bem, inicialmente convencionado, não possa ser entregue será possível ainda o cumprimento do contrato através de outro bem que o substitua. O empréstimo de bens infungíveis é o comodato e caso o bem deva ser entregue para o cumprimento de um negócio jurídico o contrato necessariamente será desfeito pela impossibilidade de se aceitar outro bem.
	
divisíveis
Bens 	art.87 e art.88
	indivisíveis natural
	legal
	convencional
Art.87: “Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam”. 
Art.88: “Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes”.
Muito embora todo bem possa ser fracionado, a indivisibilidade está relacionada à impossibilidade de divisão sem que aquilo provoque a perda da função, uso ou valor. Assim, os bens naturalmente indivisíveis admitem fracionamento físico, porém, caso isso ocorra, perderá seu valor ou uso. A indivisibilidade convencional estará presente na hipótese do pai que elabora testamento e deixa uma extensa área rural em favor de ambos os filhos e impõe a indivisibilidade, levando-se em conta ainda que a lei estipule que determinado bem não possa ser dividido. 
	consumíveis
Bens 	art.86
inconsumíveis
Art.86: “São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação”.
Os bens imóveis são, por determinação legal, inconsumíveis. Já os bens móveis podem ser tanto de uma quanto de outra espécie. A consuntibilidade pode ser natural quando o uso do bem levar a sua extinção ou fazer que a coisa se torne imprestável, como acontece com os móveis descartáveis. Existe também a consumibilidade por alienação quando o bem está destinado à venda ou doação. Assim, um veículo na concessionária é bem consumível e na garagem do consumidor é inconsumível.
Bens acessórios: frutos
produtos
benfeitorias necessárias
pertenças	 úteis
	voluptuárias
O código prevê quatro modalidades de bens acessórios: frutos, produtos, benfeitorias e pertenças. Quanto aos três primeiros, incide o conhecido Princípio da Gravitação Jurídica que revela que os negócios jurídicos envolvendo o bem principal compreendem imediatamente e como consequência imediata estes acessórios sem necessidade de menção expressa nesse sentido. É comum se ouvir dizer que o bem acessório segue a sorte do bem principal. Assim, ao comprar determinado imóvel, não há necessidade de mencionar expressamente no documento da compra que esta incluirá piscina construída. 
As benfeitorias podem ser conceituadas como as obras ou despesas realizadas na coisa principal com a necessária intervenção humana com o objetivo de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la, dependendo assim da espécie de benfeitoria que foi realizada. A disciplina das benfeitorias ganha especial projeção nos artigos 1219 e 1220, bem como nos artigos 35 e 26 da lei 8245/91. Um invasor que tenha realizado benfeitorias das três espécies jamais não terá o direito de ser indenizado pelas necessárias, caso tenha que devolver a coisa. Muito embora esteja de má fé, acabou por adotar conduta que importa na conservação do patrimônio alheio, de forma que configuraria verdadeiro enriquecimento sem causa a ideia de que aquele que retoma o bem não deveria indenizá-lo. 
Art.1219: “O possuidor de boa fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis”.
Art.1220: “Ao possuidor de má fé, serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias”.
Art.35 lei 8245/91: “Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção”.
Art.36 lei 8245/91: “As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel”.
Em se tratando de possuidor de boa fé, o mesmo terá direito de indenização e retenção, caso seja obrigado a devolver o bem no que diz respeito às benfeitorias necessárias e úteis. Quanto às voluptuárias, poderão ser levadas consigo desde que isso não represente prejuízo à coisa principal. Assim, se construiu uma piscina, por exemplo, jamais poderá exigir o valor daquele que retoma o bem. Em se tratando de locação, vale aquilo que foi pactuado, de maneira que habitualmente abre mão de receber as benfeitorias que realizou. Caso o contrato escrito seja omisso em relação às benfeitorias ou verbal, o inquilino terá direito à indenização e retenção pelas necessárias quanto as úteis, desde que tenham autorização do locador. Quanto às voluptuárias, poderão ser levadas consigo desde que isso não afete a coisa principal.
Os frutos podem ser conceituados como as utilidades que a coisa principal periodicamente oferece sem trazer prejuízos para a sua substância. Possuem duas características: a renovabilidade e a periodicidade. Qualquer que seja a modalidade, a cada vez que são percebidos, não afetam a coisa principal. A doutrina prevê algumas espécies de frutos. A classificação mais importante é aquela que trata dos naturais, industriais e civis. Quanto aos primeiros, são percebidos sem a participação humana, como as crias animais. Os industriais exigem a participação humana e os civis são os rendimentos que a coisa principal periodicamente oferece, tais como aluguel e juros, em que o titular da coisa principal permite o

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