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Avaliação de desempenho e planejamento de carreira Avaliação de desempenho e planejamento de carreira © Copyright 2013 da Laureate. É permitida a reprodução total ou parcial, desde que sejam respeitados os direitos do Autor, conforme determinam a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, art. 5º, inc. XXVII e XXVIII, "a" e "b". Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Sistema de Bibliotecas da UNIFACS Universidade Salvador - Laureate International Universities) P 377 Ignácio, Sylvia Avaliação de desempenho e planejamento de carreira / Peixoto, Andréa Mele de Mello - São Paulo: Anhembi Morumbi, 2013. 214 p.; 18,3 x 23,5cm. ISBN 978-85-8344-038-3 1. Administração 2. Avaliação de desempenho 3.Planejamento de carreira I. Título. CDD: 658.9 Sumário ( 1 ) Introdução à avaliação de desempe- nho e planejamento de carreira, 15 1.1 Retomando subsistemas de RH, 18 1.1.1 Recrutamento, 19 1.1.2 Seleção, 21 1.1.3 Planejamento de RH, 24 1.2 Competência e desempenho – conceitos e relações, 27 1.2.1 Conceito de competência, 28 1.2.2 Avaliação por/de competências, 31 1.2.3 Avaliação de competências durante o mapeamento de competências, 32 1.2.4 Avaliação de competências durante a avaliação de pessoas, 34 1.2.5 Indicadores de competências, 34 1.2.6 Avaliação de desempenho, 36 1.3 Gestão do desenvolvimento humano nas organizações – abordagem histórica, 38 ( 2 ) Princípios e parâmetros para avalia- ção de desempenho, 43 2.1 Papel das partes - responsabilidades, 46 2.2 Tipos de avaliações – principais tendên- cias e definições, 48 2.2.1 Métodos contemporâneos, 48 2.2.1 Métodos clássicos, 51 2.3 Etapas vitais ao processo - planejamento, divulgação, autoavaliação, plano de desen- volvimento e acompanhamento, 51 2.3.1 Planejamento: definição do modelo, 51 2.4 Outras etapas - variações pelos tipos, 58 2.4.1 Avaliação 3600, 58 2.5 Definição de critérios – periodicidade e abrangência, 59 2.5.1 Periodicidade, 59 2.5.2 Abrangência, 59 ( 3 ) Perspectiva da avaliação de desem- penho/potencial com foco em competên- cias, 63 3.1 Revisão do conceito de avaliação de potencial com foco nas competências, 66 3.2 Tipos de competências – pilares, 69 3.3 Modelos de habilidades e competências, 71 3.3.1 Competências técnicas, 73 3.3.2 Competências comportamentais, 75 3.3.3 Competência técnica e comportamen- tal, 86 ( 4 ) Feedback, 91 4.1 Processo de comunicação no feedback - o que deve ser avaliado e como fazer, 94 4.1.1 Fatores que influenciam negativamen- te o processo de avaliação, 98 4.2 Dicas – Principais Vícios ao Avaliar, 98 ( 5 ) Avaliação de Potencial, 105 5.1 Porque avaliar potencial – detectar talen- tos e investimentos, 108 5.1.1 Resultado da avaliação de desempe- nho e de potencial, 110 5.1.2 Plano de sucessão, 111 5.2 Como avaliar potencial – principais ten- dências, 112 5.2.1 Autodesenvolvimento/Carreira, 114 ( 6 ) Modelos de formulários e avaliação de desempenho , 117 6.1 Da teoria à prática - modelo para aferição do ambiente interno, 120 6.1.1 Fase 1 – Levantamento da estrutura de competências necessárias por área da empresa, 121 6.1.2 Fase 2 – Levantamento das competências por funcionário de cada área específica., 123 6.1.3 Fase 3 – síntese das capacidades por área, 125 6.1.4 Fase 4 – Avaliação das capacidades organizacionais por área da empresa , 126 6.1.5 Fase 5 – Avaliação das capacidades organizacionais que compõem as vanta- gens competitivas, 127 6.1.6 Produto final – modelo de avaliação e desempenho por competências - cargos de gestão, 130 ( 7 ) Planejamento de carreira, 137 7.1 Papel das organizações – estratégico, 140 7.2 Modelos de carreira para um planeja- mento, 141 7.3 Âncoras - inclinações profissionais, 144 7.3.1 Primeira âncora: segurança no empre- go, 148 7.3.2 Segunda âncora: autonomia e inde- pendência, 148 7.3.3 Terceira âncora: estilo de vida, 149 7.3.4 Quarta âncora: aptidão técnico-funcio- nal, 150 7.3.5 Quinta âncora: aptidão administrativa geral , 151 7.3.6 Sexta âncora: empreendedorismo, 151 7.3.7 Sétima âncora: serviço e dedicação, 154 7.3.8 Oitava Âncora: desafio Constante, 155 7.4 Ciclos de vida x Ciclos de carreira - desenvolvimento de carreira associado ao desenvolvimento do “indivíduo”, 156 7.4.1 Ciclos de vida, 157 7.4.2 Ciclos de carreira, 160 7.5 Misturando tudo - análise e conclusão, 164 7.5.1 Primeiro ciclo – da exploração à entra- da na organização, 164 7.5.2 Segundo ciclo – do estabelecimento e consolidação em uma carreira, 165 7.5.3 Terceiro ciclo – do crescimento em uma ocupação, 167 7.5.4 Quarto ciclo – da permanência e da subsistência em uma sociedade produtiva, 168 7.5.5 Quinto ciclo – do declínio, aposenta- doria e saída da organização, 169 ( 8 ) Administração de carreira, 173 8.1 Instrumentos Utilizados – Tendências Atuais, 176 8.1.1 Carreira sem fronteiras, 177 8.1.2 Aconselhamento de carreira, 181 8.1.3 Algumas tendências de modelos de carreiras, 185 8.1.4 Retenção dos Profissionais, 188 8.2 Principais fatores de estagnação da car- reira – desafios contemporâneos: ambientais, organizacionais e individuais, 189 8.2.1 Crise da meia carreira, 196 8.2.2 Tensões entre vida profissional e vida pessoal e os impactos sobre a saúde e a car- reira, 198 8.3 Busca do autodesenvolvimento – o papel do indivíduo, 202 8.3.1 Gestão pessoal da carreira, 202 8.3.2 Postura das pessoas em relação ao seu desenvolvimento e carreira, 205 8.3.3 Etapas para construção de projeto pro- fissional, 207 8.3.4 Vida profissional e vida pessoal: seg- mentar ou integrar?, 211 ( 1 ) Introdução à avaliação de desempenho e planejamento de carreira Objetivos Nesta unidade iremos rever os principais conceitos dos subsistemas de RH. São nossos objetivos: • Em primeiro lugar, refrescar sua memória sobre as principais funções de cada um dos subsistemas. • Ajudá-lo a compreender os conceitos e as principais relações entre competência, desempenho, potencial e carreira. • Apresentar uma abordagem histórica sobre a gestão nas organizações com foco na avaliação de desempenho. Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira 18 Conteúdo • Retomando os subsistemas de RH • Competência e desempenho – conceitos e relações • Gestão do desenvolvimento humano nas organiza- ções – uma abordagem histórica 1.1 Retomando subsistemas de RH Antes de relembrarmos os subsistemas da área de RH, é importante compreendermos que esta estrutura está funda- mentada na diferença entre os conceitos de: órgão de linha e órgão de staff. • Órgãos de linha são aqueles responsáveis por exe- cutar as atividades básicas da organização. Podemos dizer que são as atividades operacionais responsáveis pelo fazer dentro de uma empresa. Se tomarmos como exemplo um hospital, os setores de pronto-atendi- mento, maternidade, UTI, exames laboratoriais, enfer- maria etc. são órgãos de linha. • Órgãos de staff, por sua vez, seriam mais o “suporte” para os órgãos de linha acontecerem. Seu papel é orien- tar e auxiliar os órgãos de linha, prestando-lhes serviços especializados. Os setores: administrativo, marketing, recursos humanos, finanças e SAC (serviço de atendi- mento ao cliente) são órgãos de staff. Nesse conceito a área de RH é considerada como órgão de staff, uma vez que assessora os gerentes de linha com seus In tr od uç ão à a va lia çã o de de se m pe nh o e p la ne ja m en tod e ca rr eir a 19 conhecimentos especializados sobre seleção, contratação, remuneração etc. É importante entender que a partir de agora examina- remos o RH sob um ponto de vista pragmático, ou seja, a apli- cabilidade efetiva das suas práticas. 1.1.1 Recrutamento Prática tradicional e importante. Corresponde ao processo de identificação de fontes de funcionários (talentos), para a organização. No momen- to oportuno, acionam-se essas fontes, buscando encontrar as pessoas adequadas à etapa seguinte, que é a seleção. Como sabemos, o recrutamento é o embrião de uma seleção bem sucedida, pois por meio dele (quando conduzido com eficiên- cia), poupa-se tempo e dinheiro para o segundo passo que é o processo seletivo. Há dois tipos de recrutamento: interno, que é realizado entre os profissionais que já trabalham na organização, e exter- no, que visa buscar profissionais que estejam no mercado. A maioria das organizações dá preferência ao recruta- mento interno, recorrendo ao externo apenas quando se esgo- tam as possibilidades do primeiro. Isso, em última instância, gera um equilíbrio, criando na equipe um sentimento de con- Processo de avaliação COMPETÊNCIAS Essenciais Organizacionais Funcionais Treinamento e desenvolvimento Avaliação de desempenho Recrutamento e seleção Remuneração Planejamento de RH (sucessão, carreira...) Avaliação potencial e Assessement Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira 20 fiança e compromisso com a instituição. Como veremos mais adiante, esse é fator primordial na motivação do funcionário, uma vez que vê chances de crescer profissionalmente na orga- nização. Por outro lado, com o recrutamento externo, a institui- ção tem a oportunidade de absorver novos talentos do merca- do, com novas ideias e desejo de crescer dentro da organização. Pontos importantes do processo de recrutamento Pode ser compreendido como toda e qualquer ativida- de da empresa para encontrar e estabelecer uma relação de trabalho com pessoas capazes de atender às suas necessida- des presentes e futuras SAIBA MAIS Em 2008, durante uma entrevista a uma rádio local, o rei- tor da Universidade de Massachusetts Lowell revelou que a principal meta da entidade para o ano seguinte era aumen- tar o número de alunos em 15%. Falou também sobre os profissionais que mais colabora- riam para o alcance da meta. É claro que excelentes profes- sores e orientadores de pesquisa ajudaram a atrair alunos; contudo, você talvez se surpreenda com uma das posições- -chave que o reitor citou: o supervisor dos jardineiros. A razão é que, ao visitar o campus, os jovens não necessaria- mente têm contato com a equipe docente – mas certamente observam se os jardins estão bonitos e bem cuidados. Jason Corsello, um especialista em gestão de capital humano, conta essa história em seu blog. Vale a pena visitá-lo (http:// humancapitalist.com) para demonstrar como as posições-chave de uma organização nem sempre são óbvias. LEITURA COMPLEMENTAR Para aprofundar seu conhecimento sobre Recrutamento e Seleção especialmente no que tange a Políticas e Diretrizes de RH, leia o livro Manual de Gestão de pessoas e equi- pes: estratégias e tendências, volume 1, capítulo 9, p. 166. São Paulo: Editora Gente. In tr od uç ão à a va lia çã o de de se m pe nh o e p la ne ja m en to d e ca rr eir a 21 Passo-a-passo PERFIL PROFISSIONAL: necessidades de conheci- mentos, habilidades e experiência. PERFIL COMPORTAMENTAL: baseado no contexto político, social e cultural em que a pessoa irá atuar. ENTREGAS DESEJADAS: quais são as competências desejadas. CONDIÇÕES DE TRABALHO: em que ambiente a pessoa atuará. CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO: quais serão os investimentos a serem oferecidos. CONDIÇÕES CONTRATUAIS: quais os vínculos contratuais possíveis. 1.1.2 Seleção O processo seletivo às vezes chega a causar verdadei- ros “arrepios” em muitos profissionais. Afinal estar no meio Medidas para avaliar o recrutamento Global . Cargos preenchidos dentro do tempo normal; . Cargos preenchidos a custos baixos; . Cargos preenchidos por pessoas que per- manecem mais de um ano na empresa; . Cargos preenchidos por pessoas que estão satisfeitas com suas posições. Orientador para o recrutador . Número de entrevistas realizadas; . Qualidade dos candidatos entrevistados; . Porcentagem dos candidatos admitidos; . Porcentagem de candidatos adminitidos e que tem bom desempenho; . Custos por entrevista. Orientados para o método de recrutamento . Número de candidatos apresentados; . número de candidatos qualificados apre- sentados; . Custo por candidato; . tempo requerido para gerar candidatos; . Custo por admissão; . Qualidade dos admitidos. Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira 22 de uma “arena”, com vários pares de olhos avaliando cada gesto, cada palavra dita ou não dita, cada expressão facial, ufa! Realmente é angustiante. Mas não imagine você que o lado do avaliador da situ- ação é confortável. A responsabilidade de escolher a pessoa ou o perfil mais próximo da organização/área requisitante no menor tempo possível, atendendo às expectativas, também gera uma inquietação. Felizmente, a seleção de pessoas é hoje um processo bem estudado e discutido, de maneira que tanto candida- tos quantos profissionais de RH podem se informar sobre as técnicas utilizadas, inclusive para desfazer eventuais mitos (PEARSON, 2010). Uma seleção eficiente, ou seja, contratar a pessoa certa para o cargo certo, evita uma série de custos diretos e indi- retos. Sem contar que evita problemas para a equipe, para o próprio candidato e até mesmo problemas jurídicos (Justiça do Trabalho). Vale lembrar que os passos de um processo seletivo são: delineamento do perfil do cargo, triagem, seleção pro- priamente dita, encerramento e avaliação do processo. As principais técnicas de seleção são: entrevistas, provas de conhecimento e capacidade, testes psicológicos, técnicas vivenciais e investigação do histórico. Já as prin- cipais técnicas vivenciais são as dinâmicas de grupo e a dramatização. O quadro abaixo nos da uma boa ideia desse processo como um todo. In tr od uç ão à a va lia çã o de de se m pe nh o e p la ne ja m en to d e ca rr eir a 23 Descrição e análise de cargo Requisição de pessoal Pesquisado cargo no mercado Técnica de incidentes críticos Hipótese de trabalho Escolha das técnicas de seleção dos candidatos Ficha de especificação do cargo Ficha de especificação do cargo Provas de conhecimento Testes psicológicos Testes de personali- dade Técnicas de simulação Pontos importantes do processo de seleção Os 10 erros de uma contratação • “O QUE EU PRECISO MESMO?”: pessoal mal trei- nado para o recrutamento, sem saber o que a empresa procura e precisa. • FATOR DESESPERO: urgência (banco de dados com CV analisados, economia de tempo e despesas). • RECRUTADOR MAL PREPARADO: falta de treina- mento para os que participam do processo seletivo. • ESCONDENDO O JOGO: não revelar as desvantagens que o cargo ou a empresa possuem, falsas promessas. • SÍNDROME DO VAI ESSE MESMO: pressa, falta de planejamento e de tempo – escolhas inadequadas • MBA PARA O PESSOAL DE LIMPEZA: exigência de qualificações desnecessárias - frustrações... • “EU DECIDO”: único avaliador para decidir contratação. • “DETALHES TÃO PEQUENOS”: cultura e valores do profissional a ser contratado não condizentes comos da empresa. Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira 24 1.1.3 Planejamento de RH Planejamento organizacional versus planejamento de recur- sos humanos. Conceitualmente não há muita diferença entre pla- nejamento organizacional e planejamento de RH. Contudo, sob um panorama de caráter mais prático, percebemos que alinhar a administração de recursos humanos ao plano estratégico do negócio não é tão simples assim. Dessa forma, esse conhecimento não fica só a cargo do RH, mas, antes, de todo administrador. Apenas para “alinhamen- to das nossas expectativas”, iremos apenas relembrar, os principais tópicos. • Gestão por Resultados A gestão por resultados decididamente não um estereótipo de muitos executivos. Na verdade, a gestão por resultados é um refinamento do conceito desenvolvi- do por Peter Drucker em 1954, Administração por objeti- vos (APO). Realmente a APO representou uma revolução nas teo- rias administrativas. Se, até então, as diferentes abordagens administrativas – a clássica, a humanística e a comportamen- tal – tinham o foco em tornar as organizações mais eficientes, ou seja, como produzir mais e melhor, a APO busca a respos- ta de por que ou para que produzir. • “NÃO ME LIGA QUE EU NÃO TE LIGO”: descaso no retorno das entrevistas. Candidato desprezado - ima- gem da empresa. • TERCEIRIZAR: problemas na delegação. In tr od uç ão à a va lia çã o de de se m pe nh o e p la ne ja m en to d e ca rr eir a 25 Segundo Drucker, dentro de uma organização é nor- mal que cada gerente tente fazer de seu departamento um exemplo de qualidade e eficiência. Até aí, nenhum problema, desde que o esforço esteja alinhado com as metas da organi- zação como um todo. Caso contrário, corre-se o risco de cada gerente conduzir sua área de acordo com os critérios de sua especialidade e não de acordo com as contribuições que a área deve trazer à empresa. Imagine, por exemplo, o responsável pela administra- ção do restaurante em uma pousada bucólica, a beira mar, que pretende se posicionar como uma hospedagem aconche- gante, ligado à cultura regional, montar um cardápio sofis- ticado, internacional, que evidentemente seria muito bem avaliado no mundo da gastronomia? Este gerente não está ali- nhado com os objetivos gerais da organização. Grandes chan- ces dessa pousada não dar certo. Falta-lhe identidade. O modelo da administração por objetivos tem justa- mente a função de ajudar nesse alinhamento. Garantir a iden- tidade do negócio. SAIBA MAIS Um dos aspectos mais revolucionários da APO foi ter aberto a possibilidade de autocontrole, ou seja, cada fun- cionário pode reconhecer sobre quais critérios seria ava- liado, quais eram as expectativas da organização com seu trabalho. Em artigo de 1970, João Bosco Lodi lembra que, até poucos anos antes, os “objetivos” estabelecidos pela organização estavam em dois polos: redução de custos ou aumento dos lucros. “Imagine-se a dificuldade de um operário, de um supervisor ou de um especialista, de traduzir a sua contri- buição em termos de lucro” (1970, p. 97). Os objetivos eram somente claros para os empregados com formação financeira. Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira 26 É importante lembrar que nesse formato de adminis- tração, os objetivos devem ser decididos conjuntamente pelo superior e seus subordinados. É imprescindível, segundo Drucker, não ser apenas “uma sensação de estar participan- do”, todos os líderes devem participar de modo ativo e res- ponsável na definição dos objetivos. • Planejamento Estratégico Este é um conceito intimamente relacionado à gestão por resultados. Ele responde a “como chegar lá” após a defini- ção dos objetivos (APO). Ele norteia todos os demais planeja- mentos, funciona como uma “bússola, apontado para o norte”, em outras palavras, promove o alinhamento entre todos. Níveis de planejamento: É composto por três níveis: SAIBA MAIS Embora continue sendo referência básica para a atuação de muitos líderes, a gestão por resultados tem lá suas mazelas. Há dois problemas em sua adoção: 1º) as empresas podem perder muito tempo definindo obje- tivos e métricas, esquecendo-se de suas atividades-fim. 2º) na prática, é extremamente difícil implantar a formula- ção “democrática” de objetivos preconizada por Drucker. O superior hierárquico tende a exercer uma coação sobre o subordinado, que muitas vezes acaba aceitando as metas mesmo quando discorda delas, ou sabe que não conse- guirá cumpri-las. Veja mais no link: http://veja.abril.com.br/300604/p_090. html Nesta reportagem você pode ver também os testes: Descubra seu talento e Quantificação das competências, inteli- gências e experiências (EXCLUSIVO ON-LINE). In tr od uç ão à a va lia çã o de de se m pe nh o e p la ne ja m en to d e ca rr eir a 27 • Estratégico: elaborado pela alta gestão. Ex.: presi- dentes e vice ou diretores. Sua principal característica é ser focado em objetivos gerais e de longo prazo; • Tático: realizado pelos líderes que ocupam o nível tático. Ex.: diretores e gerentes. Sua principal caracte- rística é fazer a ponte entre os objetivos estratégicos e sua execução operacional – foco médio prazo; • Operacional: feito por gerentes, supervisores ou coordenadores. Sua principal característica é ser focado no curto prazo. 1.2 Competência e desempenho – conceitos e relações Quando o conceito surgiu e por quê? No início dos anos 70, David Clarence McClelland, psi- cólogo americano reconhecido internacionalmente por suas contribuições nos estudos de motivação e empreendedorismo, foi contratado pelo serviço diplomático dos Estados Unidos da América. A grande dúvida do serviço diplomático era: por que alguns embaixadores eram mais bem-sucedidos do que outros, tendo todos praticamente a mesma formação, CV e Q.I? McClelland foi a campo entrevistar os diplomatas, aplicando questionários que privilegiavam situações concre- tas de trabalho. Para sua surpresa descobriu que: determi- nadas atitudes evidenciavam traços de personalidade ou de caráter e faziam a diferença na hora de lidar com as situações mais definidoras do sucesso na profissão, mais do que o Q.I., a formação ou o CV. Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira 28 Alguns demonstravam capacidade de liderança, outros raciocínio lógico, criatividade, sociabilidade, espírito empre- endedor e assim por diante. McClelland chamou essas quali- dades de “competências” e publicou suas conclusões em um artigo intitulado “Testing for competence rather than intelli- gence” (Avaliando a competência em vez da inteligência), datado de 1973. Até hoje o termo “competência” – que equi- vale rigorosamente ao que o Aurélio chama de talento – é empregado pelos especialistas em recursos humanos (Fonte: Revista Veja Edição 1860, 30/06/2004). 1.2.1 Conceito de competência De modo geral podemos dizer que é a capacidade de articular, mobilizar e colocar em ação valores, conhecimen- tos e habilidades necessárias para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho. Há diferenças no conceito, pois depende da perspectiva do autor. A seguir, veja os três conceitos mais adotados e seus respec- tivos autores. O que é gerir ou gerenciar por talentos? • Para McClelland (apud FLEURY, 2004, p. 27): a competência é uma característica pessoal que está diretamente relacionada com o desempenho na rea- lização de uma tarefa. Corresponde a um conjunto deaptidões naturais da pessoa, que pode ser apri- morado com o ganho de habilidade e com os conhe- cimentos adquiridos. Conhecimentos, Habilidades e Atitudes (CHA). Talentos são diferenciais, uma forma nova e eficaz de fazer o mesmo que os outros fazem, só que melhor, com os “pés nas costas”. In tr od uç ão à a va lia çã o de de se m pe nh o e p la ne ja m en to d e ca rr eir a 29 • Para Dutra: Boyatzis (apud DUTRA, 2004, p.22) ampliou o conceito para utilizá-lo como base para os processos de avaliação e de desenvolvimento dos fun- cionários. Define competências como um “conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que justificam um alto desempenho” (FLEURY, 2004, p. 28). Sob essa perspectiva o conceito de competências estava ligado ao estoque de recursos que o indivíduo possui. • Para Fleury: Sintetiza as definições de competên- cia dos outros autores, dizendo que: “competência é um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recur- sos, habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”. Importante ressaltar que diversos estudos, entre eles o da Mercer Consultoria (2002), apontam para adoção do mode- Indivíduo Conhecimentos Habilidades Input Entrega Agregação de valor Atitudes Organização Indivíduo Conhecimentos Habilidades Atitudes Organização Saber agir Saber mobilizar Saber transferir Saber aprender Saber se engajar Ter visão estratégica Assumir responsabilidades Agregar Valor EconômicoSocial Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira 30 lo por gestão de competências no planejamento das organiza- ções. Não restam dúvidas quanto à tendência e à urgência da implantação desse modelo nas áreas de RH. A seguir, relembre os sete passos que envolvem a ges- tão por competências (BRANDÃO, GUIMARÃES, 1999): 1. Estabelecer os objetivos estratégicos da organização. 2. Identificar as competências necessárias ao alcance de tais objetivos. 3. Mapear as competências internas, ou seja, aquelas que a organização já possui. 4. Comparar as competências necessárias com as atuais a fim de identificar o gap (lacuna) a ser preenchido. 5. Planejar como esse gap será preenchido – os meios mais comuns são recrutamento e seleção, treina- mento e desenvolvimento e/ou gestão de carreira. 6. Preencher o gap recrutando e selecionando novos talentos e, ao mesmo tempo, desenvolvendo os já existentes na organização. 7. Apurar os resultados alcançados e compará-los com os esperados. Após a identificação dos gaps entre as competências necessárias ao alcance dos objetivos organizacionais e as atu- almente disponíveis na empresa, cabe à área de RH elaborar uma matriz de competências para identificas as que já estão presentes e as que necessitam ser alcançadas. Como saberemos se o funcionário realmente adquiriu ou desenvolveu as competências em questão? Bem, é importante esclarecermos que, para compre- ender o processo de avaliação de pessoas, é preciso, antes saber distinguir entre as ideias que lhe servem de fundamen- to, como competências, desempenho e potencial. E, acredi- In tr od uç ão à a va lia çã o de de se m pe nh o e p la ne ja m en to d e ca rr eir a 31 te, é aqui que muitos gestores ficam “mais perdidos do que cachorro que caiu do caminhão em dia de mudança”. Sabemos que os conceitos de competências, desem- penho e potencial – embora próximos e inter-relacionados – apresentam diferenças importantes. Por consequência, sabe- mos que a avaliação de cada um deles ocorre também de forma diferente. 1.2.2 Avaliação por/de competências Como vocês já aprenderam, vale relembrar que em todas as expressões “competências organizacionais” e “com- petências individuais”, a competência entra como um parâ- metro, não como uma prática distinta de RH. Quando uma organização resolve adotar o modelo de ges- tão por competências, ela está optando por empregar um novo parâmetro para suas práticas de RH e não criando novas práticas. Desta forma, é seguro afirmarmos que a avaliação por competências ocorre somente na etapa do processo de administração de RH que diz respeito à avaliação de pessoas, de outra forma, somente quando o colaborador já foi recru- tado, selecionado, já passou por algum tipo de treinamento (mesmo que informal) e, agora, está sendo avaliado. Avaliação de competências, porém, não ocorre apenas nessa etapa. Por isso revimos os sete passos que englobam um processo de gestão por competências, segundo Brandão e Guimarães (1999). Vamos retornar a vê-los agora de uma forma esquematizada, uma vez que o conceito está “fresco” em sua memória, fica mais fácil fazer as “conexões” entre eles. Avaliação por competências = avaliação que toma as competências como critério. ≠ Avaliação de competências = a mensuração das competências em si. Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira 32 1.2.3 Avaliação de competências durante o mapeamento de competências Como vimos neste capítulo, trata-se do processo de identificar as competências que os atuais colaboradores da empresa possuem e em que grau eles as possuem. Até aí tudo bem, mas você deve estar se perguntan- do: “ok, mas como se faz um mapeamento desse tipo?”. Tudo começa nas duas primeiras etapas do processo de gestão por competências: estabelecer os objetivos estraté- gicos da organização e identificar as competências neces- sárias para atingi-los. 1. estabelecer objetivos estratégicos 2. Identificar competências necessárias 3. Mapear competências atuais 4. Identificar o gap a ser preenchido 5. Planejar ações para preencher o gap 6. Selecionar os novos talentos/treinar os atuais 7. Apurar os resultados Etapas do processo de gestão por competências nas quais entra em jogo a avaliação de competências Avaliação de Competências Avaliação de Competências Avaliação de Competências (Prognóstico) In tr od uç ão à a va lia çã o de de se m pe nh o e p la ne ja m en to d e ca rr eir a 33 Vamos ver, a título de exemplo, no quadro abaixo, que mostra a Competência esperada e sua descrição. Suponha que se trata de uma empresa que presta serviços de tecnologia da informação (TI) a diversos clientes, inclusive da área da saúde. Acredito que dessa forma fique mais fácil para você visualizar na prática o que estamos falando. Fonte: Pearson Education do Brasil A organização pode, também, determinar qual dessas competências é a essencial, ou seja, aquela que dará uma van- tagem competitiva à empresa, fazendo com que ela se distin- ga de outras empresas da mesma área de atuação. Consideremos, por exemplo, que ela tenha definido como competência essencial a primeira: conhecimento do Competência Descrição Conhecimento do cliente Conhecimento profundo sobre a dinâmi- ca das empresas da área de saúde, com capacidade de ouvir o cliente, entender suas necessidades e desenvolver uma re- lação de confiança com ele. Espírito de equipe Capacidade de dividir as responsabilidades pela execução de uma tarefa, de cumprir sua parte e atuar cooperativamente para que os colegas cumpram a deles. Criatividade e inova- ção Capacidade de enxergar velhos proble- mas sob novas perspectivas, de quebrar paradigmas, de ter insights (“estalos” de novas ideias) pouco ortodoxos e de exer- citar o pensamento divergente. Orientação para resultados Capacidade de identificar, entreas ideias criativas, aquelas que têm chances de ge- rar resultados reais, com a habilidade de manter o foco e de distinguir entre ativi- dades prioritárias e secundárias. Aprendizado constante Desejo de manter-se constantemente atu- alizado em sua área, sempre em busca de novas soluções e tecnologias, com a habi- lidade de planejar e monitorar seu auto- desenvolvimento. Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira 34 cliente. Então, mesmo aqueles funcionários que já estavam habituados a atender clientes da área médica, ou seja, que já detêm algum grau dessa competência, deverão aprofundar e disseminar esse conhecimento pela organização. Vale lembrar que as outras quatro competências tam- bém são consideradas como fatores determinantes para o sucesso dessa organização. Assim, junto à primeira competência, passam a cons- tituir suas competências corporativas ou institucionais, isto é, aquelas que todas as pessoas da organização precisam ter. 1.2.4 Avaliação de competências durante a avaliação de pessoas É nessa fase que se faz a avaliação propriamente dita, isto é, a avaliação por competências. É importante ressaltar que não se trata de uma “caça as bruxas” ou “a santa inquisição”, na verdade é o oposto disto. A ideia é desenvolver pessoas. Funciona como um orientador para a empresa, que pode verificar se aquele talento está no lugar certo, se deve- ria ser transferido ou mesmo promovido; pode planejar pro- gramas de treinamento e desenvolvimento adequados àque- la pessoa; e pode mensurar a efetividade de seus programas anteriores, na chamada validação dos processos. Para o avaliado, a avaliação por competências é de grande ajuda, pois serve de orientadora, uma vez que lhe permite conhecer-se melhor e saber a opinião dos outros a seu respeito. 1.2.5 Indicadores de competências Numa entrevista é fácil para o candidato atribuir a si diversas competências, mas como determinar se realmente ele possui, por exemplo, “orientação para vendas”? In tr od uç ão à a va lia çã o de de se m pe nh o e p la ne ja m en to d e ca rr eir a 35 Por vezes esse candidato pode não estar mentindo, acredita piamente que tenha tal talento, contudo o seu (idio- ma) “português” é abaixo do medíocre. Como atenderá clien- tes diferenciados? Outra questão que nos faz pensar é: “como fazer com que o processo de avaliação de competências tenha a objeti- vidade necessária?”. Para determinado avaliador, soltar um “uma questão de menas” diante de um cliente pode signifi- car uma tremenda gafe e comprometer a veracidade da quali- dade do produto oferecido, mas, para outro avaliador, talvez isso não seja tão grave assim. Afinal tal vendedor acabou se estabelecendo no mercado exatamente por sua peculiaridade e informalidade. É justamente para garantir a uniformidade e a objeti- vidade durante a avaliação de competências que os especia- listas estabelecem indicadores de competências. Os indicado- res são comportamentos observáveis e, sobretudo, facilmente compreensíveis por todos. O quadro a seguir, elaborado por Rogério Leme (2005), é de suma importância para que, agora, depois de revermos os conceitos de competências organizacionais e individuais, observemos um exemplo de associação dos indicadores às competências. Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira 36 1.2.6 Avaliação de desempenho Hoje a avaliação de desempenho não é nenhuma novidade no mundo corporativo. Pensando bem, desde o taylorismo já se estabeleceu um “tempo padrão” para a realização das tarefas, podemos dizer que era o “embrião”, de forma primitiva, é claro, de se avaliar o desempenho. Os que superavam o tempo estipulado como padrão, ou seja, que estavam acima da média, recebiam um bônus para isso. No caso inverso, o funcionário deveria ser retreina- do ou demitido. Claro que houve muitas mudanças de lá para cá. A mudança mais significativa pode ser verificada no próprio termo usado para designar o processo: aos poucos, a palavra avaliação, com toda sua carga ameaçadora, está sendo troca- da por feedback. Foco no cliente.Solucionar de forma rápida os problemas do cliente. Criatividade. Trazer soluções criativas para os problemas que parecem difíceis de resolver. Ser cortês com os colegas de trabalho. Saber ouvir os feedbacks. Ser objetivo ao expor ideais. Compartilhar o mérito pelos resultados obtidos. Relacionamento interpessoal. Comunicação. Liderança. In tr od uç ão à a va lia çã o de de se m pe nh o e p la ne ja m en to d e ca rr eir a 37 Hoje, em vez de submeter o colaborador a uma “prova” na qual ele pode levar “bomba”, como nos tempos da escola, a ideia é informá-lo sobre como a organização e os demais o enxer- gam, o que esperam dele e como acham que ele pode se desen- volver. Outro objetivo, não menos importante, é levá-lo a refletir sobre sua vida profissional e suas atitudes no trabalho. Quando não há uma avaliação consistente, as pessoas não cumprem as expectativas simplesmente porque as desconhecem. Outra importante tendência na avaliação de desempe- nho é a ampliação do número de pontos de vista levados em conta. Se antes a avaliação era do tipo “de cima para baixo”: apenas o superior avaliava o subordinado, atualmente também se leva em consideração o ponto de vista da própria pessoa (autoavaliação), de seus colegas e, muitas vezes, de subordina- dos, clientes, fornecedores ou outras pessoas com quem a pes- soa tenha contato frequente. É o chamado feedback 360 graus. A figura ao lado resume as transformações pelas quais a avaliação de desempenho está passando, como ten- dência, porque ainda são poucas as empresas que de fato as utilizam na íntegra. SAIBA MAIS Embora a palavra feedback tenha um caráter mais amigá- vel, há empresas que fazem questão de usar “avaliação” para deixar claro que se trata disso. Assim, elas buscam maior transparência em suas práticas, evitando que o colaborador fique com a sensação de que estão “dourando a pílula”. Outras organizações preferem, ainda, usar o termo em inglês (assessment). Nesse caso, a célula de avaliação da empresa recebe o nome de assessment center. Veja mais exemplos de outras organizações multinacio- nais no site: http://translate.calipercorp.com/Portals/0/ PDF%20Brazil/o_perfil_da_executiva_brasileira.pdf Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira 38 1.3 Gestão do desenvolvimento humano nas organizações – abordagem histórica Neste tópico, serão retratados resumos de cada teo- ria, para entender um pouco da evolução dos conceitos da Administração de Recursos Humanos. Na Teoria das Relações Humanas, por volta de 1932, identificam-se as novas variáveis para melhorar as relações • Objetivo de punir os piores e premiar os melhores. • Foco na remuneração/demissão. • Metas quantitativas. • Ponto de vista único (midelo top-down). • Apenas os degraus mais baixos da hierar- quia são avaliados. • Objetivo de orientar a empresa e o colaborador. • Foco no desenvolvimento. • Metas qualitativas (competências). • Diversos pontos de vista (feedback 360 graus). • Todos são avaliados, inclusive a alta di- reção. LEITURA COMPLEMENTAR No link a seguir, você pode ler um artigo que saiu na Folha de São Paulo, 2008, alertando o novo papel da área de Rh das organizações competitivas. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1412200812.htm In tr od uç ão à a va lia çã o de dese m pe nh o e p la ne ja m en to d e ca rr eir a 39 de trabalho: a integração social e o comportamento social dos empregados, as necessidades psicológicas e sociais e a atenção a novas formas de recompensas e sansões não mate- riais, o entendimento da organização informal, os aspectos emocionais e não racionais do comportamento humanos e a importância dos cargos e das tarefas para as pessoas que rea- lizam e executam. Já em 1957, o nascimento da Teoria do Comportamento Organizacional marca a mais pro- funda influência das ciências do comportamento na Administração. Podemos dizer que representa a aplicação da Psicologia no contexto organizacional. Aqui vemos que todo indivíduo pode tomar decisão independente do cargo que ocupa e, para isso, busca conhecer o ambiente, analisar as informações obtidas e levar em conta as suas convicções, opiniões e pontos de vista. A organização é vista como um sistema de decisões, os indivíduos têm a sua racionalida- de limitada ao seu ambiente e tomam decisões baseados em orientações passadas pelas organizações. Nas organi- zações sempre irão existir conflitos que envolvam os obje- tivos individuais e os objetivos organizacionais. Por último, não menos importante, na década de 60 nasce a Teoria do Desenvolvimento Organizacional (D.O.), que tem origem na Teoria do Comportamento. No D.O. um conceito mais dinâmico de organização, de cultura organi- zacional e de mudança organizacional é apresentado, assu- mindo uma abordagem mais sistêmica. Existe uma varieda- de de modelos no D.O., que não será apresentada aqui, mas que pode ser uma moda passageira dentro da Administração, porém é uma alternativa democrática e participativa. Existem hoje novas teorias de gestão organizacional – qualidade total, administração participativa, ênfase na lide- rança entre outras. Busque ler mais a respeito. Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira 40 Por tudo o que vimos nesta unidade, fica claro agora por que é imprescindível trabalharmos com gestores direcio- nados para o estratégico. Se há uma palavra que sintetiza o atual cenário orga- nizacional, é a competitividade. Nos tempos atuais, a tecno- logia difundiu-se a uma velocidade espantosa, inovações dei- xam de sê-las da noite para o dia, sem falar do quão rápido são copiadas. Há sempre um “último modelo” nas prateleiras. Com essa dinâmica mundial, esse novo contexto de negócios vem pressionando continuamente as organizações no sentido de que elas desenvolvam, de modo mais efetivo, suas práticas e competências, tanto para adaptarem-se às mudanças, quanto (talvez principalmente) para desenvolver comportamentos inovadores e estratégicos. Com as características dos tempos atuais – competiti- vidade e globalização – fica claro que qualquer empresa, não importa seu tamanho ou área de atuação, precisa aprender a lidar com ambiguidade e risco. E, como se isso não bastasse, é preciso encontrar soluções criativas e inovadoras para driblar a concorrência continuamente. E é aí que entra o papel do profissional de RH. O único recurso das empresas capaz de proporcionar capacidades são as pessoas – o chamado capital humano das organizações. Hoje, na era do conhecimento, o capital humano é considera- do até mais importante do que o capital financeiro. Você deve estar se perguntando: “de que modo a equi- pe de RH pode ajudar as empresas a aumentarem sua com- petitividade por meio do capital humano?”. Acredito que a melhor resposta tenha sido dada por Dave Ulrich (1997), onde propôs um modelo de papéis para o RH, que até hoje é usado como um “mapa da mina” na atuação dessa área. Em 1990, Ulrich avalia que o papel dos profissionais de RH eram percebidos como uma transição. Por exemplo, de In tr od uç ão à a va lia çã o de de se m pe nh o e p la ne ja m en to d e ca rr eir a 41 operacional para estratégico, de fiscal para parceiro, de admi- nistrativo para consultivo etc. Mas Ulrich adverte que esse tipo de construção “de... para”, pode ser muito simplista. Em verdade, os profissionais de RH desempenham múltiplos papéis. Eles devem cumprir tarefas operacionais e estratégicas, precisam ser fiscais e par- ceiros e devem se responsabilizar por atingir metas de curto e longo prazo. Resumindo: organizações complexas precisam cada vez mais de profissionais de RH que desempenhem papéis cada vez mais complexos. Dessa forma, Ulrich sugeria, então, um modelo de atu- ação para o profissional de RH que envolveria quatro papéis: 1. Parceiro Estratégico; 2. Agente de Mudanças; 3. Especialista Administrativo; 4. Defensor dos Funcionários. LEITURA COMPLEMENTAR Entrevista com consultor Rogério Leme sobre avaliação de desempenho com foco em competência. Confira no link a seguir. h t t p : // w w w. r h . c o m . b r / P o r t a l / D e s e m p e n h o / Entrevista/5778/por-que-utilizar-a-avaliacao- de-desem- penho-com-foco-em-competencias.html ( 2 ) Princípios e parâmetros para avaliação de desempenho Objetivos • Verificar quem são os responsáveis pela avaliação. • Apresentar os principais critérios necessários para a escolha da avaliação. • Apresentar as etapas necessárias para implantar a avaliação. Conteúdo • Papel das partes – responsabilidades • Tipos de avaliações – principais tendências e definições • Etapas vitais ao processo – planejamento, divul- gação, autoavaliação, feedback, plano de desenvolvi- mento e acompanhamento 46 Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira • Outras etapas – variações pelo tipo • Definição de critérios – periodicidade e abrangência 2.1 Papel das partes - responsabilidades Antes de iniciarmos, precisamos entender que o papel em uma organização define o comportamento e as responsa- bilidades de um indivíduo ou de um conjunto de indivíduos que trabalham juntos para um objetivo. Observe que o papel não são os indivíduos, mas, sim, a descrição das responsabilidades que ele possui e deve ter para um determinado negócio ou processo. É como se fosse um “chapéu” que ele coloca para poder assumir aquela res- ponsabilidade. Permite que diferentes indivíduos atuem em vários papéis e que um papel seja desempenhado por vários indivíduos. Aqui vamos definir os diferentes papéis (comporta- mentos e responsabilidades) dos cargos ou áreas envolvidos no processo de Avaliação de Desempenho: • Organização: ⁻ Garantir a implantação de dispositivos de avalia- ção que gerem resultados efetivos para a instituição e para o indivíduo de acordo com seus valores, com sua missão e com seu planejamento estratégico. • RH: ⁻ Pesquisar, definir, desenvolver e implantar a avaliação assumindo como base as competências, a Pr in cí pi os e Pa râ m et ro s p ar a av al ia çã o de d es em pe nh o 47 cultura, a missão, os valores e o planejamento estra- tégico da empresa. ⁻ Dar feedback à empresa sobre o retorno através de ferramentas que possibilitem tomadas de deci- sões (Ex.: gráficos de desempenho por área, por cargo, por tempo de casa etc.). ⁻ Formar os avaliadores. ⁻ Definir junto com os gestores o plano de desen- volvimento e outros processos da área (méritos, demissões, aumento de quadro etc.). ⁻ Garantir a fidelidade em todas as etapas do processo. • Avaliador: ⁻ Normalmente é o gestor direto (podem existir exceções) que assume um papel de relevância nesse contexto. ⁻ Acompanhar o desenvolvimento dos colabora- dores quanto às competências para poder avaliá-los. ⁻ Efetuara entrevista de avaliação com os colabo- radores dentro do prazo estipulado, de acordo com os critérios de avaliação adotados pela empresa. ⁻ Desenvolver junto a cada colaborador seu plano de desenvolvimento. ⁻ Apresentar e viabilizar junto com o RH o Plano de Desenvolvimento da sua área. • Avaliado: ⁻ Efetuar sua autoavaliação. ⁻ Realizar a entrevista de avaliação com o avalia- dor no prazo estipulado. 48 Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira 2.2 Tipos de avaliações – principais tendências e definições 2.2.1 Métodos contemporâneos • Ênfase no passado e no futuro. • Avaliação por competências. Quanto a formas de aplicação 1. Top down: é a mais comum e fornece elemen- tos confiáveis quando o gestor tem a oportunidade de trabalhar próximo do avaliado. É o modelo mais tradicional. • Vantagem: simples e econômico • Desvantagem: apoia-se em um único ponto de vista. 2. Autoavaliação: é um processo que aumenta a par- ticipação do colaborador no processo (raramente uti- lizada sozinha). É consistente quando a empresa pratica valores como autogerenciamento, autonomia e confiança. • Vantagem (quando completada com a avaliação do gestor): gera reflexão do desempenho pelo avaliado. Facilita muito o processo de condução da entrevista, uma vez que passa a existir troca de observações e que é facilitada a concordância quanto ao final da avalia- ção, tornando o processo mais confiável. • Desvantagem: ocorrerá se aplicada sozinha. Pr in cí pi os e Pa râ m et ro s p ar a av al ia çã o de d es em pe nh o 49 3. Avaliação de subordinados: é o processo no qual os subordinados avaliam o desempenho do seu ges- tor fornecendo feedback sobre sua atuação. Muito pouco utilizada. • Vantagem: permite ao avaliado refletir sobre sua forma de liderar e mudar seu comportamento. Permite a área de RH verificar pontos de desenvolvimento mais consistentes em relação à gestão. • Desvantagem: exige muita maturidade e confiança na relação. 4. Avaliação de Pares ou 180o: permite que pessoas do mesmo nível hierárquico avaliem- se mutuamente (podendo ser da mesma equipe ou de outras equipes) além do superior e da própria pessoa. (aplicação ava- liações 1 + 2 + pares). • Vantagem: gera maior credibilidade que as demais • Desvantagem: nenhuma, mas não é tão completa quanto à 360o. 5. Avaliação 360o (360 degree feedback): tem como premissa a coleta de informações de diversas fon- tes, tanto do ambiente interno da organização como o externo (clientes). As informações são coletadas de pessoas em diferentes posições, líderes, pares, subor- dinados, clientes internos e externos (aplicação avalia- ções 1+ 2+ 3+ 4 + clientes internos e externos). • Vantagem: a mais confiável e mais ampla de todas já que os feedbacks advêm de fontes diversas, garantindo uma compreensão bem clara do desempenho do indi- víduo como um todo. • Desvantagem: deverá ser utilizada com bastante rigor, pois pode gerar bastante ruído na organização. 50 Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira Sua implantação é complexa e necessita de maturidade tanto nos indivíduos como no próprio processo. A sub- jetividade desta avaliação também é uma grande limi- tação, pois um mesmo fator ou competência pode vir a ser interpretado de forma totalmente diversa por dois ou mais avaliadores. Nem todos os avaliadores terão condições de avaliar todos os aspectos dificultando tornando-a complexa e de alto custo. Quanto a técnicas de aplicação As ferramentas utilizadas coincidem, em grande parte, com as empregadas em outras práticas de RH: 1. Inventários de personalidade ou testes: questio- nários estruturados em que o respondente encontra várias frases e deve informar se concorda ou não com cada uma delas, ou, ainda, pode assinalar um quadra- dinho em uma gradação (muito, pouco, nada etc.). Obs.: Podem ser utilizados como apoio na avaliação de desempenho, quando necessário. 2. Questionários: são os mais tradicionais, podendo ser utilizados de forma informatizada, através da intra- net, e ter seus resultados rapidamente consolidados. Obs.: Deverão ser utilizados em conjunto com a entrevista. 3. Entrevistas: ferramenta básica para a avaliação de pessoas, sendo um elemento fundamental no processo, pois dá ênfase à relação e à transparência. 4. Técnicas Vivenciais: dinâmicas de grupo e jogos que podem ser ferramentas importantes para avaliar competências. Devem ser utilizadas em conjunto com os questionários e com as entrevistas. Pr in cí pi os e Pa râ m et ro s p ar a av al ia çã o de d es em pe nh o 51 Obs.: Importante ressaltar que para o sucesso do processo de avaliação o acompanhamento do colaborador durante todo o período entre avaliações é de suma importância. 2.2.1 Métodos clássicos • Ênfase no passado: ⁻ Pesquisa de campo, incidentes críticos, frases descritivas, escala gráfica, escolha forçada, compa- ração binária e atribuição de graus. • Ênfase no Futuro: ⁻ Avaliação por objetivos – método com boa prá- tica desde contenha critérios bem claros, transpa- rentes e objetivo. 2.3 Etapas vitais ao processo - planejamento, divulgação, autoavaliação, plano de desenvolvimento e acompanhamento 2.3.1 Planejamento: definição do modelo • Análise da cultura e do clima interno ⁻ Há preocupação em relação às pessoas? Se nega- tivo, há espaço para introduzir este valor? ⁻ Existe clima de participação das pessoas nos processos e decisões da empresa? É possível intro- duzir esses processos? 52 Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira ⁻ Há preocupação da empresa com qualidade, produtividade e satisfação dos clientes? Há preocu- pação com o tema mudança? ⁻ A empresa é preocupada com sua competitivi- dade? A empresa acredita que um melhor desem- penho das pessoas possa levá-la nessa direção? ⁻ O programa de gestão de pessoas tem apoio da direção da empresa? Se negativo, um novo pro- grama pode ter esse apoio? • Análise do planejamento organizacional ⁻ Verificar o sistema de planejamento da empresa: estratégico, tático e financeiro. • Definição dos objetivos do programa ⁻ Discutir e tornar claro os objetivos do programa com a direção e com os gerentes da empresa. • População alvo do programa ⁻ Como instrumento que deve ser capaz de retratar tão fielmente quanto possível o compor- tamento do indivíduo em situação de trabalho, o primeiro objetivo da avaliação de desempenho é “conhecer.” Este conhecer abrange todo o con- texto empresarial, naquilo que ele tem de condi- cionantes ambientais, políticas, procedimentos e elemento humano. • Divulgação: ⁻ Maquiavel já dizia: “vale lembrar que não há nada mais difícil de executar e perigoso de manejar do que a instituição de uma nova ordem de coisas”. Sempre que se implanta algo novo, é natural que ocorra alguma resistência. Pr in cí pi os e Pa râ m et ro s p ar a av al ia çã o de d es em pe nh o 53 ⁻ Tão importante quanto o próprio programa de avaliação é sua intensa divulgação. Desde a concepção até a finalização, o programa deve ser divulgado para todos os interessados. A divul- gação deve estar presente em toda a evolução do processo, de tal forma que o programa faça parte do dia a dia dos profissionais envolvidos para que realmente vivenciem o programa. Como um verdadeiro plano de marketing, devemos utilizar os diversos meios de divulgação, como e-mails,periódicos, quadro de avisos, reuniões e outros. Caso a avaliação não seja bem divulgada, a per- cepção das pessoas será a de que nada tem sido feito ou de que as coisas demoram a acontecer. • Autoavaliação: ⁻ É um olhar crítico sobre nós mesmos. Através dela identificamos pontos fortes e oportunida- des de melhoria. É o momento de o próprio ava- liado avaliar seu desempenho profissional e verificar se seus objetivos pessoais e profissio- nais estão em conformidade com os objetivos da empresa. É importante, nesse momento, que o colaborador descrever quais são suas expectati- vas de carreira dentro da empresa e como pre- tende alcançá-las. Importante: O dono da carreira é o próprio colaborador. Busque conhecer sobre endomarketing. 54 Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira • Feedback: ⁻ Todos os fatores de desempenho serão discutidos nessa etapa para que, em consenso, avaliado e ava- liador cheguem a um resultado final da avaliação. Se não houver consenso, o avaliador deverá remarcar para “esfriar os ânimos”. Importante que peça para o colaborador refletir sobre os pontos levantados. ⁻ Após a 2ª tentativa, verificando que não há con- senso novamente, busque a ajuda do superior (do próprio avaliador) ou do RH. ⁻ Depois desses recursos utilizados, se o cola- borador insistir em não concordar, peça para que ele assine a avaliação e sinalize os pontos de dis- cordância. Para que isso não aconteça, o avaliador deverá estar bem preparado para esse momento. Veja algumas dicas: • Montar cronograma prévio da avaliação • Agendar a avaliação com antecedência - o avaliador deve agendar esse momento. • Preparar-se para a avaliação de cada colaborador (fatos concretos, buscando ajuda de outros avaliadores, se necessário) • Procurar dar feedbacks ao longo do período. • Escolher um ambiente neutro - sala fechada. • Solicitar que o avaliado faça a autoavaliação. • Resgatar a última avaliação do avaliado (se houver). • Orientar o colaborador com relação às suas aspirações profissionais • Definir horário de início e de término da reunião de avaliação • Utilizar como base o pré-requisito do cargo e o perfil de competências definido para ele. Pr in cí pi os e Pa râ m et ro s p ar a av al ia çã o de d es em pe nh o 55 • Plano de desenvolvimento: ⁻ Tem por objetivo identificar e priorizar as neces- sidades de desenvolvimento trazidas na avalia- ção – (gaps de competência). Estabelece prazos e ações, é o momento de elaborar e traçar os objeti- vos e as atividades a serem realizados para corri- gir os gaps. Serve para definir ações específicas de desenvolvimento. ⁻ Exemplo: O colaborador apresenta dificuldades em gerenciar projetos. Ações possíveis: incluir um projeto em seu contrato de desempenho e/ou incluir um programa de geren- ciamento de projetos no Plano de Desenvolvimento. ⁻ Pode ser utilizado também para desenvolvi- mento de competências de cargos futuros, mas atenção: se a empresa não possui um projeto de Durante a entrevista: • Deixe o avaliado à vontade - crie um clima positivo. • Inicie dizendo como você imagina conduzir a entre- vista de avaliação e qual é o seu objetivo. • Fale primeiramente dos pontos fortes, continue com os pontos a desenvolver e finalize com o plano de ação para os pontos que precisam ser desenvolvidos. • Escute com atenção. Demonstre interesse real pelo avaliado. • Faça perguntas abertas - entenda o ponto de vista do avaliado (como, o que, quem, por que). • Seja transparente e verdadeiro em relação aos pon- tos a desenvolver do avaliado. Busque consenso, seja paciente e encorajador. • Concentre-se no desempenho e não na pessoa: não faça julgamentos. 56 Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira sucessão estruturado, nem um plano de carreira por cargo, poderá gerar uma expectativa que mais tarde será traduzida em desmotivação. ⁻ Outro aspecto é a questão motivacional. Se defi- nirmos claramente o objetivo, mas de forma restrita e objetiva, temos mais chances de obtermos resulta- dos. Esse fato vai gerar um aumento de autoestima e de confiança do profissional, tornando-o mais apto a enfrentar outros desafios. Em contrapartida, alvos dispersos poderão confundir e dificultar as ações, minando a motivação do profissional para o alvo. ⁻ Deve ser documentado, estando em consenso com datas e prazos estipulados, assim como agenda- mento de treinamentos de acordo com a necessidade. É importante que o gestor definir a sua ajuda no pro- cesso, deixando bem clara a sua atuação no plano. ⁻ Se não há plano de desenvolvimento não há feed- back. É apenas uma advertência, opinião ou bronca, sem vínculo com o processo de desenvolvimento. ⁻ Dizer apenas “não gostei” ou “não ficou bom” não pode ser considerado feedback. Para sê-lo é preciso dizer por que não ficou bom, orientando o melhor caminho. Por isso, pontos de controle durante o plano de desenvolvimento é um ponto fundamental. Definir reuniões de acompanha- mento para que o colaborador saiba que está sendo alvo de atenção. • Acompanhamento: ⁻ É aqui que se cria a cultura do feedback, ou seja, do desenvolvimento mútuo, da colaboração e da expectativa de crescimento de todos. Pr in cí pi os e Pa râ m et ro s p ar a av al ia çã o de d es em pe nh o 57 ⁻ Estamos falando de confiança. Espera-se cum- plicidade no desenvolvimento das pessoas, entre gestor e colaborador. É aqui que se equilibram as expectativas, alinham-se estratégias, a preocupação com o outro, a atuação com colaboração, compro- misso e o alcance de resultados, juntos. ⁻ Acompanhar o plano de desenvolvimento do avaliado nada mais é do que exercer a própria lide- rança, por isso acompanhar nada mais é do que liderar. TOME NOTA Concentre-se em necessidades prioritárias, ou seja, no foco que será dado ao plano de ação, pois é contraprodu- cente criar um plano que contemple muito alvos. Além disso, busque: • clarificar sempre os objetivos; • dividir a responsabilidade pelos resultados; • manter realmente o interesse pelo autodesenvolvi- mento e pelo desenvolvimento dos demais; • reforçar sempre a comunicação (curiosidade: 100% das empresas têm problemas de comunicação); • praticar o saber ouvir; • lembrar-se da coerência do exemplo. 58 Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira 2.4 Outras etapas - variações pelos tipos 2.4.1 Avaliação 360o Quando a escolha for por essa avaliação além das etapas descritas, se faz importante a atenção em outras etapas como: • Critério para escolha dos avaliadores: normalmente são pares, clientes e subordinados. • Os avaliadores deverão se reunir para chegar a um acordo quanto à avaliação final, sem a qual o processo pode cair em um ato burocrático de preenchimento de formulários, que poderá tornar o instrumento defi- ciente. As avaliações efetuadas por clientes externos podem ser apresentadas pelo RH. • A liderança nesse processo é vital para o funciona- mento da metodologia. • Normalmente os avaliadores são escolhidos pelo próprio avaliado e referendados pelo líder. • O formato 360o parte do pressuposto de que todas as pessoas estão preparadas para fornecer e receber feedback e a realidade pode ser diferente. Mal conduzido, o processo pode fazer o clima da empresa ficar mais nebuloso. • A principal novidade do método é a de propiciar a oportunidade do subordinado avaliar o líder, cuja fina- lidade é a de que os líderes possam elaborar um plano de melhoriaspara suprir gaps de competências. Pr in cí pi os e Pa râ m et ro s p ar a av al ia çã o de d es em pe nh o 59 2.5 Definição de critérios – periodicidade e abrangência 2.5.1 Periodicidade Não existe uma resposta definitiva no que diz respeito a esse ponto. Em alguns casos, existe um ciclo fixo (anual ou semestral) para fazer a avaliação. Em outros, é deixado a cri- tério de cada avaliador a periodicidade da avaliação. Outra alternativa é a aplicação dentro de um ciclo bem definido, mas defasado para os vários participantes organiza- cionais, não se concentrando em um só período todas as ava- liações. Finalmente, é preciso deixar que a avaliação seja soli- citada pelos colaboradores. A adequação depende da natureza das funções, do sis- tema escolhido ou da cultura organizacional. Ex.: Trabalhos repetitivos ou de ciclos claros - sistemas de ciclos fixos, pro- vavelmente serão mais adequados. Para colaboradores altamente qualificados, cujas fun- ções não obedecem a ciclos bem definidos, talvez seja melhor que eles solicitem as avaliações. Em outros casos (gestores ou avaliação por objetivos) onde os indicadores de performance dependem de períodos contabilísticos ou ciclos de laboração, esses períodos determi- narão a periodicidade da avaliação. 2.5.2 Abrangência • Definir qual o tempo que o avaliado deverá estar no cargo para ser avaliado Exemplos: 60 Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira 1. colaboradores com menos de 3 meses na função não serão avaliados. 2. colaboradores com menos de 3 meses na empresa não serão avaliados. 3. colaboradores com menos de 3 meses na função, deverão ser avaliados na função anterior, desde que possuam mais de 6 meses de empresa. • Definir quem serão os avaliadores, normalmente são os líderes diretos- atenção especial quando o ava- liador (acompanhou o avaliado durante o período) não se encontra mais na empresa. SAIBA MAIS 1. A avaliação de desempenho é, sem dúvida, a função pri- mordial dos líderes das organizações. O papel dos geren- tes é, justamente, o de planejar, liderar, facilitar, educar e acompanhar os resultados de sua equipe de trabalho. 2. Além disso, é um processo estratégico que pode ser usado como ferramenta de gestão, pelo qual o desempe- nho é medido e dirigido para objetivos individuais, gru- pais e organizacionais específicos. 3. Atualmente, uma das grandes preocupações dos gesto- res reside no diagnóstico adequado das reais motivações daqueles com quem trabalham. O fato de serem capazes de lidar adequadamente com as necessidades e expecta- tivas daqueles pelos quais respondem tem apresentado como retorno o aumento dos níveis de produtividade. Portanto, a avaliação de desempenho e a consequente orientação que ela pressupõe tem-se constituído para os gestores um instrumento eficaz na condução de pessoas. Pr in cí pi os e Pa râ m et ro s p ar a av al ia çã o de d es em pe nh o 61 LINKS INDICADOS Confira uma pergunta efetuada a uma consultoria sobre o papel das partes: http://www.gestaodecarreira.com.br/coa- ching/fala-rh/discutindo-avaliacao-de-desempenho.html Assista ao vídeo: Avaliação 360o: desafios e vantagens. http://www.youtube.com/watch?v=Gk5XtU5xLWk REFERÊNCIAS CHAVENATO, I. Gestão de Pessoas, 2 ed. São Paulo: Editora Campus. MOREIRA, B. Dicas de Feedback, 2 ed. Rio de Janeiro: Qua- litymark. PONTES, B. R. Avaliação de Desempenho, 11 ed. São Paulo: LTR. ( 3 ) Perspectiva da avaliação de desempenho/potencial com foco em competências Objetivos Nesta unidade vocês poderão compreender um pouco mais a fundo porque a Avaliação de Desempenho não é nenhuma novidade no mundo corporativo, como já aborda- mos em unidades anteriores. Contudo, o que fará a grande diferença é o foco que darei, ou seja, como utilizar o desem- penho/potencial dos funcionários, na gestão estratégica de pessoas, a partir de suas competências/potenciais, para que possamos obter uma grande vantagem competitiva. O objetivo desta unidade é: • Ajudá-lo a compreender os conceitos e as principais relações entre desempenho/potencial e competências. • Apresentar os tipos de competências e perfil por competências. 66 Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira Conteúdo • Revisão do conceito de avaliação de potencial com foco nas competências. • Tipos de Competências – três pilares e perfil por competências – gestão baseada nos pilares. • Modelos de habilidades e competências. 3.1 Revisão do conceito de avaliação de potencial com foco nas competências Como vimos anteriormente, sabemos que para gestão de pessoas, o conceito potencial é considerado como a pronti- dão interna que um indivíduo tem para desempenhar vários papéis ou executar certas atividades. De outra forma, diria que é algo que ele tem ou não tem e que pode vir à tona ou não. Quando o potencial consegue vir à tona, ou seja, manifesta-se por meio de circunstâncias favoráveis, transfor- ma-se em desempenho. De acordo com Reis Neto, o conjunto de competências esperado para ser um bom vendedor não é necessariamente igual para ser um bom gerente. Ainda que em alguns casos as competências coincidam, os indicadores ou comportamen- tos relacionados a elas podem diferir. SAIBA MAIS Avaliação de Desempenho é “dia de angústia”? Confira em: http://colunas.revistaepocanegocios.globo.com/pra- zodevalidade/2011/04/12/avaliacao-de-desempenho-e- -%E2%80%9Cdia-da-angustia%E2%80%9D/ Pe rs pe ct iv a da a va lia çã o de d es em pe nh o/ po te nc ia l co m fo co em co m pe tê nc ia s 67 Ainda que haja muita diferença nos papeis, no caso, vendedor e gerente de vendas, entre empresas, é eviden- te que as competências esperadas sejam díspares. Podemos supor que o gerente de vendas necessite das competências, por exemplo, “desenvolvimento de equipe” e “definição estra- tégica”, dispensáveis para o vendedor. Já o nosso “vendedor hipotético”, por outro lado, precisa de uma excelente memó- ria, característica desnecessária no gerente de vendas. Ambos precisam de “flexibilidade”, para ações dife- rentes. O vendedor precisa ser flexível para tratar com dife- rentes tipos de cliente, já o gerente precisa ser flexível para lidar com diferentes estratégias (o que é algo razoavelmen- te distinto) e assim por diante. Mas ainda continuamos com a dúvida: conseguirá o funcionário agregar maior grau de complexidade às competências que já possui e, também, adquirir novas competências? Podemos dizer que a promoção de um indivíduo partindo apenas das observações isoladas é uma decisão arriscada, como no caso do vendedor, em que o avalia- mos positivamente para o cargo de gerência, por termos observado que ele apresenta bom relacionamento inter- pessoal com os colegas do trabalho, acolhendo-os positiva- mente, estimulando-os e dispondo-se a compartilhar seus conhecimentos. É tentador imaginá-lo como um “excelen- te gerente”, uma vez que apresenta tantas competências e, especialmente, se o requisitante da vaga não para de man- dar e-mails, torpedos, ligações, “pombos correios”, cobran- do o preenchimento da vaga. Mas cuidado: pode se tratar de uma ilusão, que tão logo posta à prova se esvanece como fumaça, ou seja, aquele candidato pode ser apenas uma pessoa extremamente amigá- vel e não ter as outras competências necessárias para o cargo em questão. 68 Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to de c ar re ira Dessa forma, é imprescindível também observar em que medida ele exibe competências relacionadas à capacida- de de aprendizagem, tais como: capacidade de mudança, ino- vação, flexibilidade, busca de informações, diversidade e resi- liência. Então, a avaliação de potencial deverá ser baseada em parâmetros que focam dois conjuntos de competências. Confira, na figura a seguir, a proposta de Reis Neto (2002, p. 67). Vale lembrar que a observação e a mensuração desses conjuntos de competências estão atreladas por outros instru- mentos normalmente utilizados em outros tipos de avaliação de competências: questionários, entrevistas, dinâmicas de grupo, jogos etc. Depois de consolidados (todos os instrumentos utiliza- dos), os resultados são apresentados para validação conjunta de toda a diretoria, de modo a evitar que eventuais atritos ou questões pessoais interfiram na análise. SAIBA MAIS Flexibilidade e resiliência, os desafios para 2012. ht tp://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/detalhe/ flexibilidade_e_resiliecircncia_os_desafios_para_2012.html • Reter • Estimular • Reter • Investir • Promover • Procurar função mais adequada • Demitir • Trocar de área • Trocar de gerente • Estimular Médio Baixo Desempenho Alto Médio Alto Po te nc ia l Pe rs pe ct iv a da a va lia çã o de d es em pe nh o/ po te nc ia l co m fo co em co m pe tê nc ia s 69 3.2 Tipos de competências – pilares A grande confusão que a maioria dos gestores fazem se situa exatamente entre Tipos de Competências x Perfil por Competências. Vamos então a algumas breves definições: O profissional competente é aquele que, além do conhe- cimento, apresenta habilidades, atitudes e interesses compatí- veis com sua função. • Gestão por competências: estratégias, métodos e ferramentas que permitem lidar com o cotidiano, de forma a possibilitar a formação do capital intelectual de uma organização e garantir a vantagem competitiva. Somando-se o “profissional competente” com a “ges- tão por competências”, obteremos um conjunto de elemen- tos heterogêneos que estão em interação dinâmica, ou seja, se ajustando na maioria do tempo. Vejamos a seguir quais são essas interações: Vamos desmembrar cada um desses conceitos para melhor entendimento. Saber = Conhecimentos Saber fazer = Habilidades e Comportamento = Atitudes (ação!) 70 Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira • Conhecimento Trata-se de um conjunto de informações que a pes- soa armazena e lança mão quando precisa. O fortale- cimento do conhecimento permite que o profissional enfrente com flexibilidade e sabedoria os desafios. • Habilidade É o talento, a capacidade e a técnica que leva a resulta- dos positivos. É a demonstração do que se sabe fazer. • Atitude É o querer agir. Ação. Principal componente da competência. Se pegarmos a letra inicial de cada um desses elemen- tos teremos a abreviatura CHA. Por isso os chamamos de os Três pilares dos tipos das competências. Qual a utilização do CHA? Vejamos a figura a seguir. CHA ESSÊNCIAS ORGANIZACIONAIS T É C N I C A S G E S T Ã O C O M P O R T A M E N T O Pe rs pe ct iv a da a va lia çã o de d es em pe nh o/ po te nc ia l co m fo co em co m pe tê nc ia s 71 Uma empresa é considerada competente quando apre- senta alguns indicadores de desempenho que a destacam de outras, mas não somente por isso, veja a seguir: • Seus processos devem ser eficazes e integrados. • Consegue agregar valores aos clientes. • Consegue se manter estável no mercado. • Oferece de forma visível algum diferencial. • Promove o envolvimento dos colaboradores no seu desenvolvimento. • Obtém o reconhecimento de sua excelência no ambiente interno e externo. 3.3 Modelos de habilidades e competências Os modelos administrativos com foco em competên- cias e habilidades se enquadram dentro do conceito de RH Estratégico e surgem inseridos em um contexto de competiti- vidade crescente como uma forma inovadora e inteligente de atender às novas demandas dos ambientes organizacionais, como vimos na unidade anterior. Antes de continuar, é importante deixar claro que quando falamos sobre competência estamos adotando sua definição mais amplamente utilizada: “conjunto de conheci- mentos, habilidades, comportamentos e aptidões que possibi- litam maior probabilidade de obtenção de sucesso na execu- ção de determinadas atividades”. 72 Av al ia çã o de d es em pe nh o e pl an eja m en to d e c ar re ira Ao longo das várias mudanças ocorridas, as empre- sas implementaram readequações em diversos âmbitos de seus processos. As estruturas organizacionais passaram a ter um número menor de níveis hierárquicos de forma a possi- bilitar redução de custos aliada a maior agilidade na cadeia de decisão. Os quadros de pessoal, na busca de alternativas para redução de custos, sofreram revisões e enxugamentos. Começamos a falar sobre multifuncionalidade, responsá- vel por processos e grupos autogeridos. Estas, dentre outras medidas, fizeram surgir novas necessidades que os sistemas tradicionais de RH não conseguiam atender e, como alternati- va, experiências foram sendo desenvolvidas com base na ges- tão por competências e habilidades, sendo que atualmente várias empresas de ponta já adotam esta ferramenta. Uma vez identificadas essas competências por meio da elaboração das descrições de cada função, assim como ações de seleção, acompanhamento, avaliação, desenvolvimento e remuneração dos profissionais, elas passam a ser regidas sob o foco de dotar a empresa dos níveis de competências neces- sários ao alcance e gestão de um diferencial competitivo base- ado em seus recursos humanos. A principal característica da gestão baseada em com- petências é que ela permite à empresa gerir seus recursos humanos de acordo com o grau de capacitação alcançado pelos seus colaboradores dentro das competências previstas para cada cargo. Dessa forma, além de orientar as ações da organização, também é sinalizado para o funcionário onde ele pode investir em autodesenvolvimento e, na medida em que ele vá alcançando níveis maiores de competência den- tro do cargo, também vai alcançando crescimento nos níveis salariais recebidos. É importante vocês saberem que existem vários mode- los teóricos que apresentam grupos de habilidades e compe- Pe rs pe ct iv a da a va lia çã o de d es em pe nh o/ po te nc ia l co m fo co em co m pe tê nc ia s 73 tências. Profissionalmente, em minha carreira, utilizei vários, sendo que o parâmetro de escolha de modelo estava em con- vergência com a cultura organizacional e com os modelos de cargos que identifiquei em várias empresas e, posso concluir, assim como muitos outros autores, que o melhor modelo é aquele que está alinhado com as competências organizacio- nais, ou seja, com os valores corporativos de cada empresa. Vamos ver um exemplo de um pequeno modelo onde faço a divisão entre Habilidades, Competências Técnicas e Comportamentais e os elementos que as compõem. 3.3.1 Competências técnicas Competências Técnicas são todas aquelas que são obti- das através de educação formal, treinamentos e experiência profissional, são elas: • Escolaridade – nível de escolaridade formal exi- gida para o pleno desenvolvimento das atribuições do cargo. • Treinamentos – treinamentos, cursos específicos, habilitações profissionais, especializações
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