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12. Texto Motivação no Trabalho v3

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1 74	b	Z •elli, Borges-An4rafie $ Bastos (Orgs.)
M0TlVA(A0N0TRABALH0
Sonia Maria Guedes G0ndim e Narbal Silva
Ao fina deste capitu 0, espera-se que o eit0r seja capaz de:
G C0mpreender os significados c0nferidos a0 fenomeno motiva§a0
G Discriminar similaridades e distin§oes entre as principals teorias da motiva§ao
G Comparar a prod«yao cientifica internacional e national some motivajao no trabalho
9 ldentiticar as principais evidencias enpiricas some m0tiva§a0 no trabalho
G Avaliar as p0ssibilidades de aplica§ao do conceits de motiva§a0 no contexts das organiza§oes
Rao, procurando relacionar esse conceito a on- tros que permitissem a amplia no da compreen- sao da conduta humana (vide Capitulo 7, sobre emo9oes e afetos no trabalho, e Capitulo 8, so- bre vinculos do individuo com o trabalho e com a organiza9ao).
G M0TIVA§A0: DEFINI§0ES, MODELOS DE CLASSIFICA§A0 E TEORIAS
A motiva90o como processo psicologico basi- co [Code ser definida como uma a9ao dirigida a objetivos, sendo autorregulada, biologica ou cognitivamente, persistente no tempo e ativa- da por um conjunto de necessidades, emopoes, valores, metas e expectativas (Salanova; Hon- tangas; Peiro, 1996, p. 216). Na Figura 4.1, es- tio es{aecificados os principais aspectos en- volvidos no conceito de motiva9iio e que re- percutem na constru9ao de teorias sobre esse processo psicologico: énfase, foco, pergvinta e resposta. A énfase diz respeito ao que se ele- ge conio iniportante para abordar a motiva-
énfases listadas na Figura 4.1. A primcira énfase é na ativa9iio, que se refere ao estado initial de estimulapao em que se encontra a pessoa. O al- vo central de estudo é a indaga to do que é ca- paz de desencadear a ativa ao, que pode estarlo- calizado extrtnseca ou intrinsecamente a pessoa. Por exemplo, o que estaria motivando uma pes- soa a ficar no trabalho além do horario estipu- lado no contrato formal* Entre as intimeras ra- z0es, duas podem se apresentar (Fig. 4.2): a pri- meira é a expectativa de obter avalia ao positiva do chefe, com chances de resultar em uma futu- ra promop3o (fator extrlnseco), e a segunda é a vontade de concluir a tarefa, caracteristica dessa pessoa que n3o gosta de deixar nada para fazer no dia seguinte (fator intrinseco).
A segunda énfase é na dire9ao, que diz respeito ao objeto ou alvo da ago, o que susci- ta a indaga5ao do novel de consciéncia da pessoa na escolha desse alvo. A pessoa dirige e contro- la o alvo, ou, ao contrario, a dire9ao esta fora de seu controle consciente* No caso do exemplo da Figura 4.2, equivaleria a dizer que a pessoa tern consciéncia do que ativa sua a93o de continuar
Se ha algo que estiniula a curiosidade huma- na é saber as razoes das diferen9as individuais que evidenciam as preferéncias e os interesses de cada )iessoa. Afinal de contas, o que faz al- guém perder uma noite de sono lendo um livro aparentemente entediante para outro leitor? O que faz também uma pessoa sentir-se desa£ada a dar resposta a um problema matematico de di- ficil solu ao e nao conseguir desviar sua aten@o até resolve-lo, enquanto outra pessoa, diante do mesmo problema, decide procurar colegas que lhe possam ensinar rapidamente os passos ne- cessarios para sua solupao' 0s psicfilogos acre- ditam que grande parte das razfies fia diversidade das cnndutas inaivifi nais decorra de um processo denomina fin “motivagao ”.
Poucos teriam diivida de que a motivapiio é um dos mais importantes processor que expli- cam a conduta humana, especialmente no am- bience de trabalho. Além de psicologos perten- centes a varias especialidades (p. ex., psicologia da personalidade, do desenvolvimento, escolar, da aprendizagem, social e organizacional), es- tudiosos de outras areas do conhecimento tem-
Objeto ou alvo da a§ao
Varia§ao da for§a da a§3o
Manuten
s
ao da ativaqao-se voltado para a compreensao desse processo psicologico basico. Os gestores organizacionais,
tudo, com a organiza9ao a que pertencem (vide Capitulo 11). Ha vasta literatura na qual é de- monstrada a rela9ao entre aspectos motivacio- nais e desempenho no trabalho. Revis0es refe- rentes ao estado da arte sobre motiva9ao no tra- balho feitas no finn da década de 1990 e inicio dos anos 2000 indicam o crescimento vertigino- so de estudos empiricos para compreender me- lhor a motiva9ao no trabalho, em especial os que relacionam a motiva9ao com a cultura nacional (valores e cren9as), o desenho do trabalho (exi- géncias de trabalho) e o ajuste pessoa-ambien- te (Amtarose; Kulik, 1999; Eccles; Wigfield, 2002; Lathan; Pinder, 2003). A tltulo de ilustra9ao, no Capitulo 14 deste livro, reference a cultura orga- nizacional, sao demonstradas as infiucncias da cultura national nas atitudes e nos comporta- mentos dos participantes organizacionais.
A palavra “motiva§3o" é derivada do latim mol/«us e refere-se a “tudo aquilo que pode fa- zer mover", “que causa ou determina alguma coi- sa ” ou “o finn ou razao de uma a§ao”. Desse mo- do, faz sentido dizer que uma teoria da motiva§a0 é uma teoria da a§ao. E, como a a§ao humana é multicausal e contextual, envolvendo aspectos biologicos, psicologicos, histfiricos, sociologicos
Rao (ativa9ao, dire ao, intensidade e persistén- cia); o foco é o alvo ou objeto de aten9ao que esta intimamente relacionado com a énfase de abordagem escolhida (estado inicial, alvo, for9a e manuten9ao); a pergunta é a indaga93o que se faz ao objeto; e a resposta é o nivel de expli- canto ou de compreensao que se pretende ob ter (Godoi, 2002).
Estado inicial da pessoa
Como 
é 
ativada*
I
nt
r
inse
c
a
 
ou
 
 
extrinsecaNas teorias da motiva9ao, as defini§Ges adotadas para explicar esse fenfimeno elegem como objeto de estudo uma ou mais das quatro
Dire 
s
ao
I ntensidade
Persisténc ia
trabalhando até tarde, pois almeja a promo9ao. Se estiver ocorrendo o contrario, a permanén- cia além do horario sera atribuida a um impul- so incontrolado (fora de controle consciente), que faz a pessoa continuar trabalhando sem que tenha clareza do alvo de sua a9ao (repeti ao da conduta), conforme mostra a Figura 4.3.
A terceira énfase é na intensidade, que esta atrelada a variabilidade da forpa da ago. A for a depende de um estado anterior de carén- cia (necessidade on afeto) on de um estado pos-
Ha
 
escol
 
ha
 
do
 
aIvo+
Consciente ou 
inconsciente
Onde esta a for§a*
Necessidade 
Desejo/afeto 
Objetivo/meta
0 que mantém
Pessoa ou ambiente
por exemplo, anseiam por ter trabalhadores mo-
tivados com seu trabalho, sua equipe e, acima de
e culturais, as pesquisas sobre motiva9ao passa- ram a utilizar miiltiplos critérios de mensura-
Figura 4.1 Listagem dos principais fatores implicados na motivayao, ressaltando as perg«ntas demandadas e as respostas presentes nas teorias da m0tiva§a0.
Expectativa 
Avaliaqao positivaPsicologia, 0rganiza§Oes e trabalho no Brasil	#1	7 5	1 7 6	# z nelli, Borges-Andrade & Bastos (Orgs.)
Ficar no trabalho além do horario
Caracteristica pessoal
Escol ha consciente do alvo (inten§ao)Figura 4.2 Ativa§ao da conduta.
Ficar no trabalho além do horario
Nao consciéncia do alvo (nao intengao)Figura 4.3 Dire§ao da conduta.
terior a ser alcan9ado (alvo). No primeiro caso, o fato de nunca ter sido promovida pode contri- buir para aumentar o interessc da pessoa em su- prir essa caréncia. No segundo, ao contrario, a avalia9ao positiva dos beneficios que uma pro- mo9ao traria }aara a {Pessoa serta suficiente }"ara mobilizar for9as para a a9ao, visando atingir es- sa meta (Figura 4.4).
Por ultimo, a persisténcia da a9ao é uma tentativa de compreender o fenomeno da moti- va9ao pela articula9ao entre a ativa93o, a dire93o e a intensidade da alao, atribuindo sua manu- ten9ao a fatores pessoais (necessidades, desejos, caracteristicas de personalidade ou impulsos, etc.) ou ambientais (tipo de tarefa, equipe de trabalho, chefia, condi9oes fisicas, climaorgani- zacional, recursos tecnologicos, salario, recom- pensas externas reforpo, etc.).
Caréncia pessoal
Nunca a obteve Quer vivenciarAs possiveis combina9oes das quatro énfases apresentadas na Figura 4.1 — ativa@o, dire9ao, intensidade e persisténcia da conduta — estao na base da constru ao das teorias da mo- tiva9ao. Ha pelo menos trés modelos de classi-
Ficar no trabal ho além do horario
Atratividade do aIvO
Quer ser promovidaFigura 4.4 Intensidade da conduta.
Fator extrinseco
Fator intrinseco
P rofT1O/6O
Automatismo 
na
 
repeti§ao da
 
conduta 	
 	
ficapao das teorias da motivapao disponiveis na literatura. O [Primeiro é o da classifica9ao uni- dimensional proposta por Campbell e colabora- dores (1970), que diferencia as teorias de con- teudo das teorias de processo. O segundo é o da c1ussifica§ao t›iJimcnsionuI {Pro[ ostu {for Tfiicr- ry (1994), que inclui, além da dimensao con- teudo versus processo, a dimensao refor9amen- to versus cogni9ao. O terceiro e ultimo modelo de classifica§ao é o unidimensional de Kanfer
(1992), que organiza as teorias em um condi- name entre proxiniidade e distanciamento da a9ao.
O primeiro modelo de classifica§ao divi-
de as teorias da motiva(ao em dois grupos: teo- rias de conteudo e de processo. O primeiro ex- plica a motiva9ao humana a partir das necessi- dades (ou carcncias), afirmando que a conduta é orientada para sua satisfa@o. A preocupa@o esta em apontar os diferentes tipos de necessi- dades que orientam as a§oes humanas (Pérez-
-Ramos, 1990). No segundo grupo, a motiva@o é compreendida como um processo de tomada
de decis3o em que estiio em )ogo as perceppoes, os objetivos, as expectativas e as metas pessoais. No segunda modelo de classifica §9o (Thier-
ry, 1994), as teorias de conteiido sao diferen- ciadas das de processo, mas também é eviden- ciada outra dimens3o de diferencia§3o entre as teorias da motiva§30, vist0 que algumas delas fa- zem referéncia ao refor§o da conduta e outras, é c0gnip30. O argumento que justifica a inclusao dessa nova dimensao no modelo de classifica9iio é o de que as teorias, ao discutirem a import;1n- cia do reforpo na motiva9ao, dirigem sua aten- Rao para o que acontece depois da apao ou da conduta (fator externo), ou seja, ao que faz au- mentar as chances de ela vir a se repetir (a pes- soa continuar motivada a repetir aquela a9ao). De modo distinto, as teorias que enfatizam a cogni@o dirigem a aten9ao para o que acontece no sistema cognitivo da pessoa (fator interno), ou seja, nas percep90es, rias interpreta9oes e nas informa Oes armazenadas, tratadas e recupera- das, conforme a necessidade da pessoa de tomar decisiies. Assim, a motiva9ao seria decorren- te n3o do que acontece depois que a pessoa age (recompensa), mas do que ocorre na sua mente (desejos, inten9oes e metas) e orienta o que eta ira fazer no futuro.
No terceiro e iiltimo modelo n3o sao con- sideradas as dimensoes apresentadas nos dois modelos anteriores. O fato de uma teoria ser classi£cada como be conieuto on de }arocesso, e até mesmo relacionar a motivapao com o que ocorre depois da apao (reforpo) ou na mente da pessoa que decide agir (cognipao), nao consti- tui o fator central de diferencia9ao das teorias da motiva9ao. Para Kanfer (1992), autora propo- nente desse terceiro modelo, a niotiva9ao é fun- damentalmente uma teoria da a9iio, e, como tal, sua relevancia deve ser destacada a medida que repercute de modo ativo na orienta9ao da mu- dane de apao da pessoa; ou seja, uma teoria da motivapao aumenta sua importancia na propor- Rao em que oferece perspectivas de interven@o para reorientapiio da apao individual. Em decor- réncia disso, esse terceiro modem ordena as teo- rias da motiva§ao conforme o us0 de conceitos mais prfiximos on 6istantes ba a Rao.
Nos trés modelos de classifica9ao describes é possivel visualizar de modo geral como as teo- rias da motiva9ao podem ser organizadas, vis- io due, For meio dos modelos de classifica5ao, s0o ordenados e simFlificados os conhecimen-
tos te6ricos produzidos sobre um determinado tema. No entanto, recentemente, as teorias da motiva93o tém sido discutidas em novos tipos de arranjos, niais complexos, tentando avan9ar para além de uma concep9ao centrada somen- te no instinto (dire9ao ativada biologicamente), na homeostase (busca de retorno a um estado de equilibrio) e no hedonismo (busca pelo auto- aperfei9oamento continuo), bem como tentan- do alcan9ar uma compreensao da motiva90o em seu contexto (Schunk, 2012).
Na psicologia evolutiva tainbém tern si- do reposicionada a discussao dos processos psi- cologicos, inclusive a motivapao, ao redirecio- nar seu foco de abordagem em sistemas gerais adaptativos e centrados na aquisip3o do conhe- cimento para sistemas especializados de regula- Rao, presumidamente mais efetivos no processo de tomada de decisao de comportamentos adap- tativos a serem transmitidos as gera Oes futuras. Desse modo, a reso1u@o de problemas motiva- cionais requer elementos computacionais que nao s3o proprianiente cren9as, metas, desejos e preferéncias, como tratados pelas teorias moti vacionais convencionais, mas variaveis regulato- rias internal que ajudam na tomada de decis3o (Cosmides; Tooby, 2013).
Para sittiar melhor essa nova configura- Rao, torna-se necessario recuperar alguns aspec- tos historicos das teorias da motiva ao.
G C0NSTRU§A0 HISTORICA DAS TEORIAS DA M0TIVA§A0
As décadas de 1940, 1950 e 1960 foram consi- deradas produtivas para o desenvolvimento das teorias sobre a motiva9ao, época em que foram elaboradas a Teoria das Necessidades de Maslow (1943), a Teoria das Necessidades (afilia;ao, Fo- der e realizapao) de McClelland (1953), a Teoria ERC (existéncia, relacionamento e crescimento) de Alderfer (1969) e a Teoria Bifatorial de Herz- berg, Mausner e Snyderman (1959), bastante co- nhecidas no campo de conhecimento da psico- logia organizacional e do trabalho.
De modo geral, as teorias que se susten- tarn no conceito de necessidade partem da pre- missa de que ha uma energia ou for9a que exci- ta on gera uma tensao interna no organismo, ex- perimentada subjetivamente como um impulso ou desejo para agir de modo que se reduza a for-
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