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GESTÃO DE MANUTENÇÃO Fundamentos da Manutenção 1 O foco com a otimização dos processos produtivos, e em particular a manutenção de sistemas e seus custos é recorrente. Isso se deve ao fato de que a ocorrência de falhas (eventos indesejáveis) pode resultar na perda de vidas humanas, integridade física, Impactos Ambientais, patrimônio, aumento de custo produtivos e perda de Mercado. Com uma tendência das indústrias mundiais utilizarem o sistema just in time, onde estoques reduzidos para a produção em andamento significam que pequenas paradas na produção são agora mais prováveis de parar a planta inteira Cerca de 4% do faturamento das empresas são gastos com manutenção. Nestes custos estão incorporados gastos com mão de obra, peças sobressalentes e contratação de serviços (ABRAMAN). 2 Introdução Equipamentos falham Sistemas e componentes não são perfeitos O que seria um sistema perfeito? Sistema perfeito é aquele que sempre se mantém operacional e atinge os objetivos sem a ocorrência de falha durante a sua vida útil Na prática isto não acontece! Sistema perfeito é inviável: Economicamente Tecnologicamente 3 Porque Estudar Manutenção? O Nosso Conhecimento É Limitado!O Nosso Conhecimento É Limitado! Exemplos de falhas em equipamentos do dia a dia: Máquina de lavar: Causa: falha devido ao desgaste “normal” de componentes Torradeira elétrica pegou fogo: Causa: projeto ineficiente da tomada do mesmo dada a quantidade de corrente passando na tomada Controle remoto parou de funcionar: Causa: falha “aleatória” de um componente eletrônico do controle remoto 4 Exemplos de Falha Exemplos de falhas mais significantes: maior impacto econômico e social Acidente na usina nuclear Three Mile Island nos EUA em 1979 que resultou na destruição parcial do reator nuclear liberando radioatividade Causas: Falha mecânica e erro humano. – Quando o sistema backup de resfriamento estava em manutenção, ar cortou o fluxo de água de resfriamento para o reator – Luzes dos alarmes estavam encobertas por tags de manutenção – A PSV falhou fechada – Operadores estavam lendo instrumentos que não operavam adequadamente ou estavam tomando decisões errôneas baseando-se nos instrumentos operacionais Explosão da nave espacial Challenger em 1986 Causas: – Falha dos anéis de borracha (chamados “o-rings”) usados para vedar as quatro estações dos foguetes booster (externos) – Lançamento efetuado em temperatura ambiental abaixo de zero. Nunca feito antes! 5 Exemplos de Falha A partir desses exemplos, pode-se concluir que o impacto de falhas em produtos ou equipamentos variam desde meras inconveniências , lesões em pessoas, grandes perdas econômicas, e morte. Em geral, as causas dessas falhas incluem: Projeto inadequado Erro humano Procedimentos de construção ou produção faltosos Manutenção inadequada Procedimentos de teste e inspeção inapropriados Inexistência de proteções (barreiras ou salva-guardas) contra estresses ambientais excessivos 6 Introdução Assim, a importância e o interesse crescentes na Gestão da manutenção tem sido motivado por diversos fatores como por exemplo: Aumento da complexidade e sofisticação dos sistemas Conscientização do consumidor, e posterior exigência, com relação a importância da qualidade do produto Surgimento de leis e regulamentações estabelecendo responsabilidade do fabricante com relação ao seu produto Pressões econômicas resultantes de altos custos das falhas, reparos e programas de garantia 7 Introdução Uma pesquisa conduzida pelo instituto Gallup encomendada pela American Society for Quality Control (ASQC) entrevistou mais de 1000 pessoas perguntando quais seriam os atributos mais importantes. Os valores médios dos 10 atributos mais importantes estão listados a seguir em uma escala de 1 (menos importante) até 10 (mais importante) os mais importantes para estes na escolha de um produto: 8 Introdução Atributo Valor Médio Desempenho 9,5 Longo tempo de duração (Confiabilidade) 9,0 Serviço 8,9 Facilidade de reparo (Manutenibilidade) 8,8 Garantia 8,4 Facilidade de uso 8,3 Aparência 7,7 Marca 6,3 Embalagem 5,8 Último modelo 5,4 Fonte: Quality Progress, vol. 18, pp. 12-17, 1985 Confiabilidade e Manutenibilidade estão classificados entre os mais importantes atributos de um produto segundo os consumidores. Confiabilidade e Manutenibilidade estão classificados entre os mais importantes atributos de um produto segundo os consumidores. 9 MANUTENÇÃO Função Estratégica • Taxa de falha – Freqüência com que as falhas ocorrem em um certo intervalo de tempo. • Vida útil – Intervalo de tempo durante o qual um item desempenha sua função com a taxa de falhas especificada ou até a ocorrência de uma falha não reparável. • Redundância – Quando dois ou mais itens desempenham a mesma função, tal que se um falhar o sistema todo não irá falhar também. Conceitos Importantes 11 Definição de Disponibilidade (Availability) • Como veremos depois, a disponibilidade pode ser matematicamente definida de diversas formas, dependendo de como são medidos o tempo operacional e o tempo fora de serviço do sistema • Por exemplo, a disponibilidade (média) de um sistema pode ser interpretada como a porcentagem do tempo que o mesmo está operacional • Assim, a disponibilidade leva em conta tanto o tempo operacional do sistema (quando o mesmo se encontra em um estado não falho - confiabilidade), e o tempo fora de serviço ( o downtime do sistema - manutenibilidade) 12 Definição de Risco (Risk) • Qualitativamente, risco é o potencial de perdas (material, humano, meio ambiente) resultante da exposição a um perigo; • Quantitativamente, a análise de risco envolve a estimativa da probabilidade de perdas; • Pode-se dizer que: Logo, risco pode ser expresso quantitativamente como: R = < S, P,C > Onde: • S é o cenário (evento) indesejado • P é a probabilidade de que o evento S vir a ocorrer • C são as conseqüências resultantes da ocorrência do evento S Análise de Risco consiste em responder as seguintes perguntas: • O que pode acontecer de errado ? • Qual a probabilidade disto vir a acontecer ? • Se acontecer, quais são as conseqüências ? • Qual é a nossa “confiança” nessas respostas ? Ou seja, quais são as incertezas Análise de Risco consiste em responder as seguintes perguntas: • O que pode acontecer de errado ? • Qual a probabilidade disto vir a acontecer ? • Se acontecer, quais são as conseqüências ? • Qual é a nossa “confiança” nessas respostas ? Ou seja, quais são as incertezas • Taxa de falhas (λ) lambda – Freqüência com que as falhas ocorrem, quando observadas em um determinado intervalo de tempo. – Medida pelo número de falhas em cada hora, dia, ano, etc de operação. • Ex.: em uma determinada instalação, observou-se que de 100 motores instalados, 10 falharam em um mês. – A taxa de falhas será de 10 falhas / mês. Parâmetros da Manutenção • Tempo Médio Entre Falhas: – Mais conhecido como MTBF (Mean Time Between Failures). – É o inverso da taxa de falhas. – No exemplo: = 10 falhas / mês – MTBF = 3 dias. O tempo entre cada falha foi de três dias. Parâmetros da Manutenção • Tempo médio para reparo (MTTR) – É o tempo médio para o reparo de componentes. Parâmetros da Manutenção Quebra “Conserta” Manutenção Corretiva Manutenção Preventiva Manutenção Preditiva T.P.M. - M.P.T. RCM / M.B.C. / M.C.C. Evolução da manutenção 1a. Geração: até a 2a. Guerra - Indústria pouco mecanizada - Equipamentos simples e superdimensionados Manutenção não era fundamental 2a. Geração: da 2a. Guerra aos anos 60 - Aumento da mecanização - Aumento da complexidadedas instalações Planejamento e Sistemas de Controle 3a. Geração: anos 70 - Mudanças aceleradas Novas expectativas Nova visão das falhas Novas técnicas de análise 4a. Geração: século XXI - Desenvolvimento Sustentável Meio Ambiente Inovação Tecnológica Aspectos Sociais Crescimento Pessoal Evolução da manutenção T E M P O (DATA) T A X A D E F A L H A Máquina nova Vida de operação Normal Máquina Velha Curva da Banheira 19 Curva da Banheira 20 Curva da Banheira A forma da taxa de falha indica como o componente “envelhece”, ou seja, a taxa de falha mostra as mudanças na probabilidade de falha de um componente ao longo de sua operação Comportamento da taxa de falha: em geral, podem-se identificar três tipos básicos da taxa de falha (veja a próxima figura) Crescente: • O componente está sujeito a um processo de desgaste; • O componente possui uma maior probabilidade de falha à medida que o tempo operacional aumenta; Decrescente: • O componente possui uma menor probabilidade de falha com o passar do tempo operacional; • Observa-se em geral no início da operação de um novo componente devido a falhas devido a erro de projeto, manufatura ou construção, ou instalação do mesmo; Constante: • O componente possui uma taxa de falha aproximadamente constante; • As falhas são aleatórias, ou seja, a probabilidade de falha do componente é a mesma para qualquer valor do tempo operacional; Evolução da visão dos processos de falhas taxa de falha Curva da Banheira taxa de falha A B C D E F Evolução da visão dos processos de falhas Curva da banheira -Mortalidade infantil Falhas prematuras. Taxa de falhas é decrescente. Processo de fabricação deficiente Controle de qualidade deficiente Mão-de-obra desqualificada Pré-teste ineficiente Debugging ineficiente Componentes não testados Problemas de estocagem e transporte Sobrecarga no primeiro teste Contaminação Erro humano Instalação imprópria Partida deficiente. Curva da banheira -Mortalidade infantil – É caracterizado por uma taxa de falhas constante. – As falhas são de natureza aleatória, pouco se pode fazer para evitá-las. - Causas inexplicáveis - Fenômenos naturais imprevisíveis. Curva da banheira – Vida Util – Inicia-se o término da vida útil do componente – A taxa de falha cresce continuamente – São causas do período de desgaste: • Envelhecimento • Desgaste • Degradação da resistência • Fadiga • Corrosão Curva da banheira – Desgaste • Período de desgaste • Deterioração: – Mecânica – Elétrica • Manutenção insuficiente ou deficiente Curva da banheira – Desgaste Curva da banheira • Nem todos os tipos de componentes / sistemas apresentam sempre todas as fases. Curva da banheira • Exemplo: – Programa de computador: • Só possui período de mortalidade infantil. • A medida que os erros vão sendo corrigidos, as falhas vão praticamente desaparecendo. Curva da banheira • Exemplo: – Componentes eletrônicos: • Apresentam normalmente falhas aleatórias. • Não possuem desgaste. • É comum a sua substituição, já que a manutenção preventiva tem pouca efetividade. Curva da banheira • Exemplo: – Componentes mecânicos: • Apresentam normalmente as três fases. • É comum de avaliar a taxa de falhas para se tentar evitar o período de falhas por desgaste. Sistemas Críticos Quando uma falha pode causar: Perdas econômicas; Danos físicos ou ambientais; Oferecer riscos a vida humana; O custo de uma falha do sistema é grande ou irreparável Nesses sistemas a confiança é o requisito mais importante Tipos de Sistemas Críticos Segurança Ferimentos, Riscos a vida humana, Danos Ambientais; Missão Não atingir o objetivo. (controle de aeronaves por exemplo) Negócios Fracasso dos negócios que utilizam o sistema (Sistema de controle de clientes em um banco) Componentes Sujeitos a Falha Hardware/ Máquinas Erros de fabricação Fim da vida útil Erro de especificação no projeto Software Enganos ou Erros de implementação Humanos Má operação do sistema Disponibilidade e Confiabilidade Disponibilidade È a probabilidade de um sistema, em um determinado instante, ser operacional e capaz de fornecer os serviços requeridos Confiabilidade É a probabilidade operação livre de falhas durante um tempo especificado, em um dado ambiente, para um propósito específico. Disponibilidade e Confiabilidade Sistema A: Falha uma vez por ano, porém a cada falha o sistema demora 3 dias para reiniciar Sistema B: Falha 1 vez por mês e cada falha demora 10 minutos para reiniciar o sistema. Conclusão: A é mais CONFIÁVEL que B. B tem mais DISPONIBILIDADE que A. Segurança Reflete a capacidade do sistema operar de forma normal e anormalmente, sem oferecer ameaças as pessoas ou ao ambiente. Sistemas que tem esse atributo como fator fundamental são chamados de “Sistemas Críticos de Segurança”. Métodos para aumento da disponibilidade de um sistema Dado que D(t) = MTBF/(MTBF+MTTR), duas abordagens são possíveis: Redução do MTTR através do projeto voltado à manutenibilidade; Aumento do MTBF através do projeto voltado à confiabilidade. Projeto voltado à manutenibilidade A manutebilidade de um sistema é afetada pela facilidade com que seus componentes são repostos em caso de falha; A manutebilidade de um sistema pode ser aumentada através de: Arranjos físicos: chegar fácil ao local do reparo; Arranjos lógicos: método fácil para o reparo; Um indicador para a manutenibilidade é o MTTR; Arranjos físicos para reduzir o MTTR Acesso universal: Menores distâncias, menores alturas, menos obstáculos, menos esforços para abrir o equipamento; Reserva instalada Ferramentas e peças no local de uso; Redundância automática. Projeto voltado à confiabilidade A confiabilidade de um sistema é afetada pela confiabilidade dos seus componentes e pelo tipo de interligação; A interligação entre componentes pode ser serial, paralela, Para que se saiba qual componente reforçar, é necessário medir a importância de cada componente do sistema: o mais importante é prioritário para receber o reforço. Projeto voltado à confiabilidade Algumas configurações intrinsecamente aumentam a confiabilidade: Paralelismo: o último componente a falhar causa a falha; Redundância: dois componentes tem a mesma função, porém um deles está apenas ativado, não está operacional; Residente ou stand-by: dois componentes tem a mesma função, porém um deles só é ativado quando o outro falha; Exemplos: Lâmpadas: são ligadas em paralelo; Alimentação elétrica e No-break são redundantes: o no- break está ativo, mas só entra em operação se a alimentação falha; Alimentação elétrica e gerador: o gerador só é ativado e só entra em operação se a alimentação elétrica falha.
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