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BENS Página 1 BENS RODRIGO DE AMORIM MELLO Coisas → tudo que não é humano. Bens → Coisas com interesse econômico e/ou jurídico. Critério adotado na Parte Geral do CC. Animais → coisas no CC. PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES ► Tangibilidade ● Bens corpóreos, materiais ou tangíveis. ● Bens incorpóreos, imateriais ou intangíveis. (existência abstrata) → Bens imateriais somente se transferem por contrato de cessão, não podem ser adquiridos por usucapião. → “Direitos em geral também são bens.” ► Mobilidade ● Bens imóveis → Não podem ser movidos ou transportados sem a sua deterioração ou destruição. a) Bens imóveis por natureza ou essência → Aqueles formados pelo solo e tudo quanto se lhe incorporar de forma natural. (art.79) b) Bens imóveis por acessão física industrial ou artificial → Aquilo que o homem incorporar permanentemente ao solo, não podendo remove- lo sem a deterioração ou destruição. Ex: Construções e plantações → Não perdem o caráter de imóveis: I – Edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local. II – Materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. c) Bens imóveis por acessão física intelectual → Tudo o que foi empregado intencionalmente para a exploração industrial, aformoseamento e comodidade. → Bens móveis que foram imobilizados pelo proprietário. Tratados via de regra como pertenças. d) Bens imóveis por disposição legal Considerados imóveis para receber melhor proteção jurídica. - O direito à sucessão aberta. - Os direitos reais sobre imóveis, caso de hipoteca como regra geral, e do penhor agrícola, excepcionalmente. ● Bens móveis → Aqueles que podem ser transportados por força própria ou de terceiro, sem a deterioração, destruição e alteração da substância ou da destinação econômico-social. a) Bens moveis por natureza ou essência → Podem ser transportados sem qualquer dano, por forca própria ou alheia. → Quando for removido de um local para outro por forca própria será denominado bem móvel semovente. Ex: animais. Art.84 Materiais destinados à construção não empregados são bens moveis propriamente ditos. BENS Página 2 b) Bens móveis por antecipação. → Eram imóveis, mas foram mobilizados por uma ação humana. Ex: árvore cortada que se transforma em lenha. c) Bens imóveis por determinação legal → Previsto no art.83 do CC: - Os direitos reais e as ações que recaiam sobre os bens moveis, caso do penhor, em regra. - As energias com valor econômico, como é o caso da energia elétrica. - Os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações, caso dos direitos autorais. → Navios ou aeronaves são bens moveis especiais ou sui generis. Apesar de serem moveis pela natureza, são tratados pela lei como imóveis, necessitando registro especial e admitindo hipoteca. ► Fungibilidade → Individualização do bem ● Bens infungíveis → Não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade ou qualidade (também denominados bens personalizados ou individualizados) → Bens imóveis são sempre infungíveis. → Veículos são bens infungíveis. ● Bens fungíveis Art.85 Podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade ou qualidade. → Maior parte dos bens moveis. ▫ Mutuo → Bens fungíveis (empréstimo consumo). ▫ Comodato → Bens infungíveis (empréstimo de uso). Art.313 O credor de coisa infungível não pode ser obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa. ► Consuntibilidade ● Consuntibilidade física, de fato ou fática. → Se o consumo do bem implica em destruição imediata. ● Consuntibilidade jurídica ou de direito → Se o bem pode ser ou não objeto de consumo, ou seja, se pode ser alienado. (Os dois critérios são distintos) ► Divisibilidade ● Bens divisíveis → Podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destina. Ex: sacas de cereais. Art.88 A qualquer momento, os bens naturalmente divisíveis podem se tornar indivisíveis por vontade das partes. ● Bens indivisíveis → Os que não podem ser partilhados por deixariam de formar um todo perfeito, gerando desvalorização. A) Indivisibilidade natural Ex: relógio valoroso, cuja divisão gera diminuição de seu valor. B) Indivisibilidade legal ou jurídica Ex: caso da herança, indivisível por lei. Hipotecas e servidões BENS Página 3 C) Indivisibilidade Convencional Ex: se dois proprietários de um boi convencionarem que o animal será utilizado para reprodução, o que retira a possibilidade da sua divisão. ► Individualidade ● Bens singulares ou individuais → Embora reunidos, possam ser considerados de per si, independentemente dos demais. a) Simples – quando suas partes componentes se encontram ligadas naturalmente. b) Compostos – quando a coesão de seus componentes decorre do engenho humano. ● Cens coletivos ou universais → Se encontram agrupados em um todo. A) Universalidade de fato → Conjunto de bens ligados pela vontade humana com utilização unitária ou homogênea. Ex: Biblioteca, boiada. B) Universalidade de direito → Conjunto de bens ligados por uma ficção legal, com o intuito de produzir certos efeitos da unidade individualizada. Ex: patrimônio, herança, massa falida. (patrimônio = complexo das relações jurídicas de uma pessoa apreciáveis economicamente.) → Para caracterizar universalidade de fato, o bem precisa ser do mesmo dono. ∟ Em. 288 (diz o contrário) é contra legem... ► Dependência → Em relação a outro bem ● Bens principais → Existem de maneira autônoma art.92. ● Bens acessórios → Cuja existência e finalidade dependem de outro bem. - Princípio Geral do Direito - → O bem acessório segue o principal, salvo disposição em contrato. → São bens acessórios previstos no ordenamento: a) Frutos → Tem origem no principal, mantendo a integridade do último sem a diminuição de sua substância. I- Frutos naturais Ex: frutas produzidas por uma arvore. → Decorrentes da essência da coisa principal. II- Frutos industriais → Decorrem de uma atividade humana. Ex: material produzido em fábrica. III- Frutos civis → Originados de uma relação jurídica ou econômica, de natureza privada. Rendimentos. Ex: juros de capital, valores de aluguel. → Quando ao estado em que se encontram os frutos, podem ser classificados: I- Frutos pendentes → Estão ligados à coisa principal, e não foram colhidos. Ex: maça presa à macieira. BENS Página 4 II- Frutos percebidos → Os já colhidos do principal e separados. Ex: maça colhida pelo produtor. III- Frutos estantes → Frutos colhidos e armazenados. Ex: maça colhida e colocada em caixa em um armazém. IV- Frutos percipiendos → Frutos que deveriam ter sido colhidos, mas não foram. Ex: maças maduras que estão na arvore apodrecendo. V- Frutos consumidos → Frutos que foram colhidos e não existem mais. b) Produtos → Bens acessórios que saem do principal diminuindo sua quantidade e substância. c) Pertenças → Bens destinados a servir o principal, por vontade ou trabalho intelectual do proprietário. → “se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço, ou ao aformoseamento de outro.” - Pertenças essências e não essenciais - Ex: dopiano no conservatório e na casa “as essenciais seguem o principal, salvo disposto contrário no contrato.” d) Partes integrantes → Bens unidos ao principal, formando um todo independente → As partes integrantes são desprovidas de existência material própria, mesmo mantendo sua integridade. Ex: lâmpada de um lustre, lente de uma câmera. e) Benfeitorias → Bens introduzidos a um imóvel ou móvel visando sua conservação ou melhoria de sua utilidade. I- Benfeitorias necessárias → Sendo essenciais, que tem por fim conservar o bem principal, ou evitar que deteriore. Ex: reforma de um telhado. II- Benfeitorias uteis → As que aumentam ou facilitam o uso da coisa, tornando-a mais útil. Ex: instalação de uma grade em uma janela. III- Benfeitorias voluptuárias → As de mero deleite. Ex: piscina em uma casa. “A diferença das benfeitorias para as pertenças é que as benfeitorias são feitas por quem não é dono do bem” Por fim, exemplo do Toca CD. ►Titular ● Bens particulares ou privados → Os que pertencem às pessoas físicas ou jurídicas de Direito Privado. → Atendem exclusivamente aos interesses dos seus proprietários. ● Bens Públicos ou do Estado → Os que pertencem a uma unidade de Direito Público Interno, como da União, Estados, Distrito Federal, Municípios, entre outros. BENS Página 5 Bens públicos se classificam em: a) Bens de uso geral ou comum do povo Ex: praças, ruas, rios. → Não perdem característica de uso comum se o Estado regulamentar sua utilização de maneira onerosa. b) Bens de uso especial → Edifícios e terrenos utilizados pelo Estado para execução de serviço público especial, havendo uma destinação especial chamada afetação. c) Bens dominicais ou dominiais → Patrimônio disponível e alienável da PJ de Direito Público, abrangendo tanto moveis como imóveis. Ex: Terreno da marinha, terras devolutas, estradas de ferro. → Bens públicos dominiais podem ser convertidos, por determinação legal, em bens públicos de uso comum ou especial. Desafetação: mudança de destino do bem. → Bens públicos não estão sujeitos à usucapião. Bem difuso: Novo conceito, sendo típico o meio ambiente, que possui proteção especial da CF. Res nullius: Bens sem donos. → Imóveis sem donos pertencem ao Estado. DO BEM DE FAMÍLIA → O Princípio da dignidade humana. → Impenhorabilidade do Bem de Família. → Para o STJ, a impenhorabilidade não visa proteger a família em si, mas sim a pessoa humana, o direito à moradia. → Logo, um individuo solitário, está sob a proteção do instituto. → A impenhorabilidade do bem de família no qual reside o devedor não é afastado pelo fato de o imóvel pertencer à sociedade empresária do mesmo. → Duas são as formas de Bem de família previstas no ordenamento brasileiro: ● O Bem de família Convencional ou Voluntário → Pode ser instituído pelos cônjuges, pela entidade familiar ou por terceiro, mediante escritura pública ou testamento. → Não pode ultrapassa reserva de 1/3 do patrimônio liquido das pessoas que fazem a instituição. Art.1711. (visa proteger credores) → No caso de instituição por terceiro, devem os cônjuges aceitar expressamente o benefício. → As regras do CC não se aplicam ao bem de família legal. → É necessário que seja o bem imóvel residencial, rural ou urbano. → Inclui proteção a todos os bens acessórios que o compõem, caso inclusive das pertenças. Art.1712. → A proteção poderá ainda abranger valores imobiliários, cuja renda seja aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família. Tais valores imobiliários não deverão exceder o valor do prédio imobiliário, diante da sua natureza acessória. BENS Página 6 → A instituição do Bem de família convencional deve ser feita por escrito e registrada no Cartório de Registro de Imóveis do local em que o mesmo é situado. Art.1714 → Há a necessidade de escritura pública ou testamento, não importando o valor do imóvel. → Com a instituição do bem de família convencional, o prédio se torna inalienável e impenhorável. Com exceção nos casos com dividas das seguintes origens: a) Dívidas anteriores à sua constituição, de qualquer natureza. b) Dívidas posteriores relacionadas com tributos relativos ao prédio, caso do IPTU. c) Despesas de condomínio, mesmo posteriores à instituição. “Destaque-se que essas são as exceções relativas ao bem de família convencional, não se confundindo com aquelas previstas para o bem de família legal.” → Na execução dessas dívidas, o saldo existente será aplicado em outro imóvel, como bem de família, ou em títulos da dívida pública, para sustento familiar, a não ser que motivos relevantes aconselham outra solução, a critério do juiz. → A alienação do referido bem somente é possível mediante consentimento dos interessados (membros da entidade familiar), e de seus representantes, ouvido o MP. → Depende de autorização judicial, com motivos relevantes. → Sobre sua administração, salvo previsão em contrato, cabe a ambos os cônjuges, sendo possível a intervenção judicial em caso de divergência. → No falecimento de ambos os cônjuges, a administração caberá ao filho mais velho, se for o mesmo maior, caso contrário, ao seu tutor. → A instituição dura até o falecimento dos cônjuges, mas se restarem filhos menores, ela permanece ate que atinjam a maioridade. → A dissolução da sociedade conjugal (morte, separação) não extingue o bem de família convencional. Dissolvida por morte, o cônjuge sobrevivente poderá pedir a extinção do bem se for o único bem do casal. (também se aplica à união estável) Art.1722 Se extingue o bem de família convencional com a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos à curatela. Essa extinção não impede a aplicação do bem de família legal. ● O Bem de família Legal → Lei 8.009/1990 → O imóvel residencial próprio da entidade familiar é impenhorável e não respondera por qualquer dívida, salve as exceções da lei. “norma de ordem pública que protege tanto a família como a pessoa humana.” → Tem eficácia retroativa atingindo penhora constituídas antes da sua entrada em vigor. → A impenhorabilidade pode ser conhecida de oficio pelo juiz. Ouvindo-se as partes. BENS Página 7 → A alegação de impenhorabilidade cabe por simples petição. ∟ Em regra, a impenhorabilidade somente pode ser reconhecida se o imóvel for utilizado para residência ou moradia permanente da entidade familiar. ∟ Entretanto, para o STJ, no caso de locação de bem, utilizada a renda para manter a família, a proteção permanece. → Premissa igual para único imóvel do devedor que esteja em usufruto, para moradia de sua mãe, pessoa idosa. (moradia e tutela do Estatuto do Idoso) → Também se aplica ao único imóvel do devedor em que resida seu familiar, ainda que o proprietário não habite. Informativo n.543 STJ – qualquer integrante da entidade familiar. → Terreno desocupado ou não edificado são circunstâncias que sozinhas não obstam a qualificação do imóvel como bem de família, devendo ser perquirido caso a caso, a finalidade a este atribuída. STJ – bem de família vazio “Não se pode afastar a impenhorabilidade do imóvel em razão de os devedores não residirem por absoluta ausência de condições de moradia.”→ STJ. Não há limite de valor para o bem de família legal. → A residência da entidade familiar pode ser comprovada pela juntada de comprovantes de pagamentos de água, luz, gás e telefone, sabendo que outros meios probatórios podem conduzir o magistrado ao reconhecimento da penhorabilidade ou não. → No caso de a pessoa não ter imóvel próprio, a impenhorabilidade recai sobre os bens moveis quitados que guarneçam a residência e sejam da propriedade do locatário. Exceções: veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos. → STJ Vaga de garagem possui matricula própria e pode ser penhorada. ► Costumam ser penhoráveis: → Ar condicionado, telefone sem fio, filmadora, máquina fotográfica, aparelhos elétricos sofisticados, bicicletas e piscina de fibra de vidro. ► Costumam ser impenhoráveis: → Guarnecem a residência; aparelhos de som e de televisão, armários de cozinha, dormitório, estofados, fogão, freezer e geladeira, guarda- roupas, jogo de jantar, máquina de lavar, passadora e secadora, micro-ondas, microcomputador, teclado musical. (importante analisar os critérios de cada Tribunal) → STJ A proteção contida na lei 8009/90 alcança não apenas o imóvel da família, mas também os bens indispensáveis à habitabilidade de uma residência e os usualmente mantidos em um lar comum. ∟ A duplicidade não é aceita. Bens duplicados abrem a penhorabilidade para um deles. As exceções da impenhorabilidade do Bem de Família. I- Revogado. II- Pelo titular de crédito decorrente de financiamento destinado à construção ou aquisição do imóvel. III- Pelo credor de pensão alimentícia, convencionais, legais ou indenizatórias. Não inclui débitos honorários advocatícios. BENS Página 8 IV- Cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições relativas ao imóvel familiar. → S T F Incluídas dívidas de condomínio. V- Execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casalou pela entidade familiar. → STJ afasta penhora de hipoteca oferecida por membro da entidade familiar, visando garantir dívida de sua empresa individual. → A exceção só se aplica se a hipoteca for instituída a interesse de ambos os cônjuges ou de toda a entidade familiar A ausência de registro da hipoteca não afasta a exceção de impenhorabilidade. “A ausência de registro de hipoteca não a torna inexistente, mas apenas válida “inter parts” VI- Imóvel adquirido como produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória de ressarcimento, indenização ou perdimento de bens. → Decisium de 2016 contrariou a jurisprudência antiga, dizendo que não é necessário condenação expressa e transitada em julgado. VII- Por obrigação decorrente de fiança, concedida em contrato de locação de imóvel urbano. → Tartuce vai contestar inconstitucionalidade, mas a jurisprudência da procedência à exceção. STF pôs fim ao debate. STJ também. → Não se beneficiara do dispositivo aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de má fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga. → Poderá o juiz transferir a impenhorabilidade para a moradia anterior, ou anular a venda, liberando a mais valiosa para execução ou concurso, conforme a hipótese. → Quando a residência familiar for rural, a impenhorabilidade restringir-se-á sede da moradia, com os respectivos bens móveis. No caso do art. 5º, XXVI, da CF, à área limitada como pequena propriedade rural. (A norma visa punir quem age de má fé, preservando a proteção da pequena propriedade rural.) → Se a entidade familiar possuir vários imóveis, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor. Bem de família ofertado → Caso em que o devedor, executado, sem advogado que o oriente, ofereça o próprio bem de família à penhora. → O STJ vem entendendo pela impossibilidade de renúncia desse direito fundamental (Questão de ordem pública) “O dogma de justiça segura abre espaço à justiça justa.” → Para o STJ, boa-fé deve sim ser levada em conta na analise da tutela do bem de família. → Entende a Corte que a impenhorabilidade não prevalece nas hipóteses em que o devedor atua de má fé, alienando todos os seus bens e fazendo restar apenas o imóvel de residência. BENS Página 9
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