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387188-Estrutura_do_texto_e_elementos_da_textualidade

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Professora: Danúbia Barros
Estrutura do texto e elementos da textualidade
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Estrutura do texto
O texto se estrutura a partir dos elementos da textualidade, que são:
Coerência
Coesão
Intertextualidade
Intencionalidade
Aceitabilidade
Informatividade
Situacionalidade
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Coerência
A coerência é responsável pelo sentido do texto, envolvendo fatores lógico-semânticos e cognitivos, já que a interpretabilidade do texto depende do conhecimento partilhado entre os interlocutores. 
Um texto é coerente quando compatível como conhecimento de mundo do receptor. 
Observar a coerência é interessante, porque permite perceber que um texto não existe em si mesmo, mas sim constrói-se na relação emissor-receptor-mundo. 
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Exemplo de Coerência
Propaganda da Payot
As duas frases que compõem o título do anúncio NÃO têm coerência de ideia.
“Ame o sol. Respeite sua pele.”
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“Ame o sol. Respeite sua pele.”
As imagens são responsáveis pela coerência do texto.
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Coesão
É a manifestação linguística da coerência. 
Provém da forma como as relações lógico-semânticas do texto são expressas na superfície textual. 
Assim, a coesão de um texto é verificada mediante a análise de seus mecanismos lexicais e gramaticais de construção. 
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Exemplo de Coesão
"Os corvos ficaram à espreita. As aves aguardaram o momento de se lançarem sobre os animais mortos.”
"Gosto muito de doce. Cocada, então, eu adoro." 
 "–Aonde você foi ontem? – (fui) À casa de Paulo. – (foi) Sozinha? – Não, (fui) com amigos.”
Os elementos de coesão também proporcionam ao texto a progressão do fluxo informacional, para levar adiante o discurso. 
"Primeiro vi a moto, depois o ônibus." 
“Embora tenha estudado muito, não passou”.
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Exemplo de Coerência e Coesão
Coerência e coesão são fenômenos distintos porque podem ocorrer numa sequência coesiva de fatos isolados que, combinados entre si, têm condições para formar um texto. 
A coesão não é uma condição necessária e suficiente para constituir um texto. 
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Pode ocorrer um texto sem coesão interna, mas a sua textualidade não deixa de se manifestar ao nível da coerência. 
Seja o seguinte exemplo:
(2) Paulo estuda Inglês.
 Elisa vai todas as tardes trabalhar no Instituto. 
 Sandra teve 16 valores no teste de Matemática.
 Todos os meus filhos são estudiosos.
 
Este exemplo mostra-nos que não é necessário retomar elementos de enunciados anteriores para conseguir coerência textual entre as frases. 
Além disso, a coerência não está apenas na sucessão linear dos enunciados mas numa ordenação hierárquica.
Em (2), o último enunciado reduz os anteriores a um denominador comum e recupera a unidade. 
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Conectores interfrásticos
Os conectores interfrásticos são os responsáveis pelo encadeamento semântico dos enunciados.
São palavras ou expressões responsáveis pela concatenação de segmentos do texto e pela criação de relações entre eles.
São elementos coesivos.
Por exemplo: no entanto, portanto, desse modo, assim, afinal, por outro lado, dessa maneira, em contrapartida.
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Intertextualidade
Concerne aos fatores que tornam a interpretação de um texto dependente da interpretação de outros. 
Cada texto constrói-se, não isoladamente, mas em relação a outro já dito, do qual abstrai alguns aspectos para dar-lhes outra feição. 
O contexto de um texto também pode ser outros textos com os quais se relaciona.
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Exemplo
O artigo 226, §§ 3º e 4º da Constituição Federal: 
A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. [...] § 3º. Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. § 4º. Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
Em Gênesis 1:27 temos:
"Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher”.
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Intencionalidade
Refere-se ao esforço do produtor do texto em construir uma comunicação eficiente capaz de satisfazer os objetivos de ambos os interlocutores. 
Quer dizer, o texto produzido deverá ser compatível com as intenções comunicativas de quem o produz.
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Aceitabilidade
O texto produzido também deverá ser compatível com a expectativa do receptor em colocar-se diante de um texto coerente, coeso, útil e relevante. 
O contrato de cooperação estabelecido pelo produtor e pelo receptor permite que a comunicação apresente falhas de quantidade e de qualidade, sem que haja vazios comunicativos. 
Isso se dá porque o receptor esforça-se em compreender os textos produzidos.
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Informatividade
É a medida na qual as ocorrências de um texto são esperadas ou não, conhecidas ou não, pelo receptor. 
Um discurso menos previsível tem mais informatividade. 
Sua recepção é mais trabalhosa, porém mais interessante, envolvente. 
O excesso de informatividade pode ser rejeitado pelo receptor, que não poderá processá-lo. 
O ideal é que o texto se mantenha num nível mediano de informatividade, que fale de informações que tragam novidades, mas que venham ligadas a dados conhecidos.
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Situacionalidade
É a adequação do texto a uma situação comunicativa, ao contexto. 
Note-se que a situação orienta o sentido do discurso, tanto na sua produção como na sua interpretação.
Por isso, muitas vezes, menos coeso e, aparentemente, menos claro pode funcionar melhor em determinadas situações do que outro de configuração mais completa. 
É importante notar que a situação comunicativa interfere na produção do texto, assim como este tem reflexos sobre toda a situação, já que o texto não é um simples reflexo do mundo real. 
O homem serve de mediador, com suas crenças e ideias, recriando a situação. 
O mesmo objeto é descrito por duas pessoas distintamente, pois elas o encaram de modo diverso. 
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Exemplo 
A frase “Que horas são?”, dependendo de quem fale e do contexto de produção tem sentidos diferentes.
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Muitos linguistas têm-se preocupado em desenvolver cada um dos fatores citados, ressaltando sua importância na construção dos textos.
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Vamos ler o cartum abaixo!
Cartum de Jaguar In: Para entender o texto – Leitura e redação – Platão & Fiorin, 2000 p. 318.
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1. Podemos dizer que cada desenho recupera algum dado do desenho anterior?
2. 	Se recupera, acrescenta uma informação nova? Comente.
Podemos dizer que houve uma progressão constante até o desfecho da história?
4. O que se pode inferir da leitura desse cartum?
Agora, respondam oralmente às perguntas a seguir.
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 Dificilmente um caso de imoralidade pública terá sido tão clamoroso, tão irrefutável, tão estarrecedor como o da concorrência para a construção da ferrovia Norte-Sul; atitudes do governo Sarney diante do episódio, todavia, não têm surgido como uma reação à altura da gravidade e evidência de tudo o que se revelou. 
 (Folha de S. Paulo, 16 de maio de 1987, p.2. In: Para Entender o texto. Platão & Fiorin. p.319)
Qual é o tema desse texto?
 
2. Segundo o texto, como são consideradas as atitudes do governo Sarney diante do episódio?
3. A gravidade do fato é enfatizada pela gradação de algumas palavras. Que palavras são essas?
 
4. Qual a estratégia do autor para fazer o texto progredir?
Imoralidade pública
As atitudes do governo Sarney são consideradas inadequadas.
É enfatizada pela gradação dos adjetivos (clamoroso, irrefutável, estarrecedor).
O autor do texto apresenta a gravidade do fato, enfatizada pela gradação dos adjetivos, e a inadequação das medidas governamentais diante do episódio.
Agora, vamos ler outro Texto.
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Comentários sobre os textos lidos
No cartum, podemos perceber que cada desenho
recupera um dado do anterior e apresenta um dado novo, numa progressão constante, até o desfecho da narração. 
No texto da Folha de S. Paulo, defrontamo-nos com a contraposição da gravidade da fraude na concorrência pública para a construção da ferrovia Norte–Sul com as atitudes consideradas inadequadas do governo Sarney diante do episódio. 
Há, aqui, uma progressão que vai da gravidade do fato, enfatizada pela gradação dos adjetivos (clamoroso, irrefutável, estarrecedor), à inadequação das medidas governamentais diante do episódio. 
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 Iremos ler, comparar e analisar dois textos que são fragmentos de redações, extraídos do livro de Maria Thereza Fraga Rocco.
 Texto 1 (Fragmento)
 Estou começando a me sentir vazia, pálida, desesperançosa e oca. 
 O vazio me invade e sinto um tremendo vazio dentro de mim.
 Texto 2 (Fragmento)
 Hoje é o dia mais feliz da minha vida, pois é o dia do meu aniversário de 18 anos estou super alegre e muito contente. Estou felicíssima mesmo.
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Qual é a ideia repetida no texto 1?
Essa ideia é repetida quantas vezes? Exemplifique.
No texto 2, é repetido que fato?
Esse fato é repetido quantas vezes? Exemplifique.
5. Podemos dizer que os dois textos apresentaram uma progressão do tema? Por quê?
	
A ideia repetida no texto 1 é de vazio interior. 
Essa ideia é repetida 4 vezes: “estou... (...) vazia (...) oca, o vazio me invade, sinto um
tremendo vazio dentro de mim.”
O fato repetido no texto 2 é a felicidade da aniversariante.
Esse fato é repetido quatro vezes: “estou super alegre e muito contente. Estou felicíssima mesmo”.
Não, porque os dois textos giram em torno da mesma ideia. Não apresentam informações novas.
Comparando os dois textos...
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	 Por meio da comparação desses dois textos, podemos perceber que não houve uma progressão temática. Os textos lidos não passam de um aglomerado de frases soltas, pois não acrescentam nenhuma informação nova. São textos circulares, ou seja, repetem várias vezes as mesmas ideias.
Comentários sobre os dois textos (fragmentos)
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A redundância viciosa, ou seja, a repetição que não acrescenta nada de novo ao texto, vai de encontro ao princípio da progressão discursiva. 
Há pessoas que têm o “dom” de repetir as informações (seja na fala, seja na escrita) mecanicamente, sem acréscimo de informação nova. Esse tipo de repetição desqualifica o texto, pois revela falta de reflexão e de domínio do falante sobre o que diz, além de mostrar pobreza de ideias.
Outras vezes, repetem-se num texto as mesmas ideias com outras palavras. Nesse caso, também não há progressão, pois num texto, uma ideia deve suceder a outra.
Atenção:
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 Segundo Platão & Fiorin, 
“a construção de um texto pressupõe que os seus segmentos se sucedam numa progressão constante, isto é, que cada segmento que ocorre no percurso deve ir acrescentando informações novas aos enunciados anteriores”. 
 
A construção de um texto
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A repetição como função expressiva
Ainda conforme os autores, a repetição, em muitos casos, pode ser utilizada com função expressiva, principalmente para enfatizar uma ideia que se pretende destacar, então, nesse caso, ela adquire valor funcional no texto.
Nesse sentido, a repetição de termos ou ideias em um texto tem um propósito discursivo, já que não se trata mais de uma pura repetição. 
Observe o poema a seguir.
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 Cidadezinha qualquer
Casa entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras
Pomar amor cantar
Um homem vai devagar
Um cachorro vai devagar
Um burro vai devagar
Devagar... As janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
 (ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética.
 12. ed. Rio de Janeiro. J. OLYMPIO, 1978, P. 34)
A PROGRESSÃO TEMÁTICA 
EM TEXTOS POÉTICOS
Imagem: julesair / Creative Commons Atribuição-Partilha nos Termos da Mesma Licença 2.0 Genérica.
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Qual é o tema desse poema?
2. Quais os termos que se repetem nesse texto?
A repetição desses termos foi intencional? Comente.
 
A rotina numa cidadezinha do interior.
O artigo indefinido Um, o verbo Vai e o advérbio Devagar.
Sim, pois essas repetições enfatizam o caráter rotineiro, repetitivo e lento que invade a tudo e a todos numa cidadezinha de interior.
Lendo o poema
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