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1 Peixes e Frutos do mar Cozinha de 2 São Paulo 2016 Peixes e Frutos do mar Cozinha de Cozinha de Peixes e Frutos do Mar Autor Professor Revisor técnica Revisão gramatical Helio Takeda Luciema de Boer Andyara 3 Cozinha de Peixes e Frutos do Mar 1. Pescados Os peixes, bem como outros animais aquáticos, são classificados pelo termo genérico pescados, que se refere a todo animal que vive em água doce ou salgada, e que serve para alimentação humana. Compreende os peixes, os crustáceos, os moluscos, os anfíbios, os quelônios e os mamíferos de água doce ou salgada. É considerado fresco aquele que não sofreu qualquer processo de conservação, ex- ceto pelo resfriamento, e que mantém suas características organolépticas inalteradas. Podemos dividi-los em duas categorias: peixes de barbatanas e frutos do mar. Peixes de barbatanas e esqueletos internos Peixes: compõem as categorias de peixes de água doce e peixes de água salgada. Existe uma variedade muito grande de peixes nessas duas categorias, mas basicamente são peixes que possuem esqueleto interno ou cartilagem. Frutos do mar: conchas externas e sem estrutura óssea Crustáceos e moluscos: compõem diferentes categorias, principalmente agrupadas pela estrutura de seu esqueleto. 1.1 Peixes A categoria dos peixes subdivide-se por sua composição e estrutura: Composição Peixes ósseos: possuem esqueleto ósseo. Peixes cartilaginosos: têm cartilagem em vez de ossos. Ex.: raia, tubarão. Estrutura Peixes ósseos: Peixes redondos: têm espinha ao longo da extremidade superior, dois filés (um de cada lado), além de um olho de cada lado da cabeça. Ex.: truta, badejo, salmão. Peixes achatados: apresentam espinha no centro e quatro filés (dois em cima e dois em- baixo), os olhos ficam no mesmo lado da cabeça. Ex.: linguado, solha. 1.2 Frutos do Mar Os frutos do mar se distinguem dos peixes de barbatanas pelas suas conchas externas duras e pela ausência de espinhas ou esqueletos internos. 1.2.1 Moluscos Gastrópodes (Univalves): são moluscos que apresentam uma só concha. Ex.: São Paulo 2016 Peixes e Frutos do mar Cozinha de 4 abalone, ouriço-do-mar. Bivalves: são moluscos com duas conchas ligadas por uma articulação. Ex.: vôngole, mex- ilhão, ostra, vieira. Cefalópodes: têm os “pés na cabeça”; os tentáculos e os braços estão ligados diretamente à cabeça. Ex.: lula, polvo, sépia. 1.2.2 Crustáceos: são animais que têm conchas, esqueleto externo e apêndices (pernas) articulados. Ex.: lagosta, camarão, lagostim. 1.2.3 Outros Equinodermos: possuem corpo arredondado ou cilíndrico, carregado de espinhos. Ex.: ouriço-do-mar, pepino-do-mar, estrela-do-mar. Caracóis ou escargots são muito apreciados quando assados em suas conchas com mantei- ga bem temperada. Pertencem aos gastrópodes (univalves). 5 2. Identificação de peixes Peixes e frutos do mar são alguns dos alimentos mais perecíveis que você irá manu- sear. É muito importante armazená-los com cuidado e utilizá-los o mais breve possível. Compra: • Verifique o peso e o cheiro; • Passe a mão pela pele; • Olhe as barbatanas e a cauda; • Aperte a carne; • Verifique os olhos e as guelras; • Verifique a barriga. Armazenagem: Método 1 • Verifique cuidadosamente o frescor e a qualidade do peixe; • Coloque o peixe sobre gelo picado ou moído em um recipiente com furos, para escorrer a água; • Cubra com mais gelo; • Coloque o recipiente com furos dentro de um outro recipiente (o peixe não deve ser deixado na água); • Mantenha o peixe umedecido. Método 2 • Mantenha em compartimento refrigerado de -1˚C a 1˚C, embalados. Peixes frescos podem ser armazenados por um ou dois dias. Se houver a necessidade de arma- zenar por mais tempo, pode-se embalar e congelar imediatamente, ou cozinhar e então refriger- ar para uso posterior. Cuidados na armazenagem: ✓ Mantenha à temperatura de -1˚C a 1˚C; ✓ Mantenha o peixe umedecido; ✓ Evite que o cheiro e o sabor do peixe sejam transferidos para outros alimentos; ✓ Evite que a carne seja rasgada ou amassada. Verificação de Frescor Observe nos peixes inteiros: • Olhos: claros, brilhantes e salientes; • Guelras: vermelho vivo, muco claro; • Geral: aparência sem cortes ou manchas; • Carne firme que responda à leve pressão e retorne à posição normal; • Odor como o do mar; • Escamas bem presas à carne; • Ausência de “barriga queimada”, causada por longo tempo em que as tripas per- maneceram no interior do peixe provocando a separação da carne da estrutura ós- sea. 6 Observe nos peixes frescos em filés ou porcionados: • Aparência úmida, lustrosa, com coloração; • Odor de mar. Peixes congelados • Devem estar congelados, e não em processo de descongelamento quando recebi- dos; • Odores frescos e agradáveis, sem nenhum odor; • Sem queimaduras de freezer. Armazenagem • Armazene a -18˚ C ou mais frio; • Mantenha bem embalado para evitar as queimaduras de freezer; • Faça rotação de estoque: os primeiros que entram são os primeiros que saem; • Descongele sempre em geladeira; • Não congele novamente. 2.1 Identificação de Frutos do Mar Moluscos Compra: • Verifique sinais de movimento em crustáceos vivos; • Cheiro suave e agradável. Cheiro forte indica que está estragado. Formas de comercialização: • Vivos, dentro das conchas; • Sem as conchas: frescos ou congelados. Armazenagem: • Mariscos, mexilhões e ostras devem ser guardados na embalagem em que foram entregues, em lugar úmido e frio; • Vieiras sem casca devem ser embaladas em recipientes plásticos e colocadas so- bre ou dentro do gelo. Crustáceos Formas de comercialização: • Lagosta: viva ou carne pré-cozida, fresca ou congelada; • Camarão: fresco e cru com a casca. Congelados, sem casca e limpos. Sem casca, limpos e cozidos; • Caranguejos e siris: vivos, cozidos, congelados e com casca. Carne cozida e con- gelada. Como verificar o frescor: • A lagosta precisa estar viva até o momento de ser cozida; • A carne de lagosta pré-cozida (fresca ou congelada) deve ter cheiro fresco e suave; • Quando vivos, devem apresentar sinais de movimento; • As cascas não podem estar secas; • Caranguejo, lagosta e outros crustáceos vivos devem ser embalados em papel úmido quando entregues. Não deixe que a água doce entre em contato com a 7 lagosta ou com o caranguejo, pois ela pode matá-los. Congelados em geral • Quando congelados, não devem apresentar sinais de derretimento ou recongela- mento; • A embalagem deve estar intacta, o que indica um bom armazenamento. • Todos os crustáceos devem ter cheiro fresco e suave, mesmo quando congelados. 8 3. Peixes Os peixes ósseos são o grupo mais vasto (correspondem a 9 em cada 10 espécies) e diverso de peixes atuais. Eles habitam todos os tipos de água – doce, salobra, salgada, quente ou fria – (embora a maioria seja limitada a temperaturas entre 9 e 11o C). Ad- aptaram-se a viver em condições por vezes difíceis, como lagos a grande altitude, zonas polares, fontes hidrotermais, charcos com elevada salinidade ou pobres em oxigênio, etc. Muitos peixes realizam migrações periódicas, seja de local para local, seja de águas pro- fundas para a superfície, tanto para desovar como para se alimentar. As suas características principais incluem um corpo mais alto que largo e de sil- hueta oval, o que facilita a deslocação através da água. O esqueleto é formado por ossos verdadeiros, embora algumas espécies possam apresentar ossos cartilagíneos, como o es- turjão, por exemplo. O esqueleto apresenta três partes principais: coluna vertebral, crânio e raios das barbatanas. Da coluna vertebral partem as costelas e a cintura peitoral. Numerosos outrospequenos ossos sustentam os raios das barbatanas. A pele cobre todo o corpo e contém inúmeras glândulas mucosas, cuja secreção facilita o deslizar através da água e protege contra infecções. Algumas espécies não apre- sentam escamas ou estas podem estar revestidas de esmalte. As escamas são finas, arre- dondadas e implantadas em fileiras longitudinais e diagonais, imbricadas como as telhas de um telhado. As extremidades livres das escamas estão cobertas por uma fina camada de pele que protege de parasitas e doenças. Em algumas espécies, esta camada de pele ajuda a manter a umidade quando o animal está emerso. Ao contrário dos peixes cartilagíneos, e devido à presença de bexiga natatória, os peixes ósseos não necessitam das barbatanas para flutuar, usando-as apenas para mano- brar na água. 3.1 Peixes Redondos São, em geral, peixes mais agressivos, que nadam em todos os níveis da água, das mais profundas às mais rasas. Sua carne varia de branca a escura, tendo por cima mais uma camada de gordura. A cor da carne varia de acordo com a quantidade de atividade desses animais. Normalmente, os peixes mais ativos têm a carne mais escura. Exemplos: 9 Anchova: peixe de carne escura, geralmente encontrado em filé, enlatado em óleo, em pasta, em filés defumados ou fresco. Atum: tem a carne parecida com a do peixe-espada, embora sua textura seja mais solta e mais fácil de ser separada. Apresenta carne que vai da cor bege rosado-escuro a um castanho-escuro, com sabor bem característico. Membro da família da cavala, tem uma faixa de carne de cor mais escura ao longo das costas. É frequentemente assado ou corta- do em postas e grelhado quando fresco, ou consumido enlatado. Cod/Bacalhau/Haddock: de carne magra e branca, existem várias espécies desse peixe. É mais fácil encontrá-lo salgado, sendo adequado somente depois de dessalgado para uma infinidade de formas de cocção. Quando fresco, pode ser escalfado, cozido no vapor ou como componente de algum preparo específico. Muitos são os peixes que fazem parte da família do bacalhau, como o bacalhau-do-atlântico, a merluza, etc. Tipos de bacalhau: cod, saithe, ling e zarbo. Catfish/Bagre: peixe de couro de água doce, que tem carne de aroma delicado, magra e muito firme, com textura semelhante à da borracha. Deve-se tirar a pele antes da cocção. Geralmente vendido em filés sem pele, pode ser preparado por qualquer método de cocção. Dourado: carne firme com sabor doce e delicado. É excelente em algumas preparações, como ceviche, embora possa ser preparado sob diversas técnicas de cocção. Enguia: peixe com carne rica e gordurosa. Pode ser encontrada viva, inteira, sem pele, em filés, defumada ou em gelatina. As enguias desovam no Mar do Sargaço (Atlântico Norte) e seguem o caminho de volta para a Europa ou América. Garoupa: encontrada na costa brasileira, tem uma variedade de tipos. A mais comum é a garoupa-vermelha. Tem a carne magra, firme e branca, e a pele deve ser retirada antes da cocção. Lúcio: tem carne doce, branca e de textura firme, relativamente magra. Suporta bem técnicas de cocção de calor seco, embora seja comum escalfado ou para o preparo de mousses ou terrines. Peixe-espada: tem textura firme e um sabor bastante especial. Não possui espinha e é mais barato que o tubarão. Por terem basicamente as mesmas características, são facil- mente confundidos. Em sua carne, existe uma faixa com o formato de um guarda-chuva, o que o diferencia do tubarão, que tem a mesma faixa na forma arredondada. Quando o peixe é cortado em postas, nota-se claramente a diferença de um para o outro. Um peixe que apresenta bastante semelhança quanto ao sabor e à textura é o atum. Perca-do-mar-negro: sua carne é firme e de bom aroma, muito semelhante a um peixe do Medi- terrâneo, o brema-do-mar. Pesa entre 750 a 1.500g, podendo alcançar maiores di- mensões no outono. Alimenta-se principalmente de camarões, caranguejos e moluscos. Há uma variedade de peixes “percas”, e alguns podem não fazer parte da mesma família, em- bora tenham a mesma semelhança culinária. (Ex.: perca-listrada, perca-do-mar, o lúcio, etc.). Pode ser preparado por todas as técnicas de cocção. Perca-dourada: tem sabor e textura comparada à da lagosta, reflexo claro de sua dieta à base de crustáceos. Pode ser preparada por diversos métodos de cocção. Às vezes, pode ser defumada. 10 Perca-listrada: carne doce e relativamente firme. As espécies de água doce estão restri- tas aos Estados Unidos. As pescadas em água salgada limpa tendem a ter melhor textura e sabor. Por ser um peixe infelizmente bastante tolerante às águas poluídas, sua venda é bastante restrita. Uma espécie híbrida é criada e tem carne mais escura e mais gordurosa que a de água salgada. Salmão: peixe firme e gorduroso de carne colorida que vai do rosa-claro a um rosa-alaran- jado escuro. Existem várias espécies de salmão (aproximadamente 8, das quais 7 são ger- almente encontradas no Pacífico). É um peixe que pode ser preparado usando-se qualquer técnica de cocção. Savelha: peixe de carne branca e doce, mas com muitas espinhas. As ovas da fêmea são muito apreciadas em uma preparação tradicional (salteado com bacon). Truta: peixe com carne firme, possui coloração que vai do branco ao rosa-escuro. Semel- hante ao salmão em termos culinários. Como o salmão, o peixe-gato, a ostra, o mexilhão e o marisco, a truta é um peixe criado em grandes quantidades, salvo a truta “steelhead” (cabeça de aço), que vem sendo comercializada por criadouros. As espécies mais encon- tradas são a truta arco-íris e a truta-marrom. Excelentes quando fritas, assadas ou escal- fadas. Uma preparação famosa é a “truite au bleu”, truta recém pescada escalfada em court-bouillon de vinagre até que a cor azul comece a aparecer. A truta defumada também é bastante procurada. Vermelho: peixe de sabor relativamente forte e carne gordurosa, de textura macia e es- camosa. Geralmente, no filé existe uma listra de cor escura que tem um sabor mais pro- nunciado (tende a reter elementos poluentes ou contaminadores). Os vermelhos jovens, em geral, têm um excelente sabor, pois se alimentam de moluscos e camarões. 3.2 Peixes Achatados A variação mais dramática do corpo dos peixes encontra-se nos pleuronectiformes, ordem a que pertencem os linguados e as solhas. Nestes animais, adaptados a viverem es- condidos em fundos de areia, o corpo sofre metamorfoses durante o seu desenvolvimento larvar, de forma que os dois olhos ficam do mesmo lado do corpo – direito ou esquerdo, de acordo com a família. 11 Os pleuronectiformes estão presentes em todos os tipos de salinidade, desde água doce a marinha. As escamas dos pleuronectiformes são de forma cicloide. Em algumas espécies os olhos são protuberantes, o que permite ao peixe ver mesmo quando está parcialmente en- terrado na areia. Procuram locais mais fundos quando a temperatura cai. Para se protegerem dos pre- dadores, têm o corpo com manchas que imitam o fundo dos locais onde vivem (mimetismo). Nascem como peixes normais, com um olho em cada lado da cabeça. Conforme crescem, aderem à condição dextrógira ou levógira, similar às pessoas canhotas e destras. Levógiros são aqueles com migração do olho para o lado esquerdo da cabeça durante o desenvolvi- mento; dextrogiros, os que têm migração do olho para o lado direito da cabeça. Linguado: existem aproximadamente 9 espécies deste peixe. O linguado verdadeiro é o Dover, um peixe achatado com formato oval e compacto de textura firme e sabor delicado. Sua forma estreita apresenta maior facilidade na retirada da pele. Ocorrem em todo o litoral brasileiro. As características dos linguados são: corpo oval e achatado; 30 a 50 cm de comprimento; 2 a 3 quilos. A sua cor é castanho-escura na parte superior e branca na inferior. Adequado para serescalfado em pouco líquido e cozido no vapor, ou cortado em pequenos filés e frito por imersão. Encontrado geralmente inteiro, é também vendido em filés e sem pele. Fresco ou congelado, é muito apreciado, podendo ser preparado de inúmeras for- mas. Muitas espécies de solha são confundidas e chamadas de linguado, portanto deve-se prestar bastante atenção na compra deste peixe. Rodovalho: com formato de diamante, é um peixe muito apreciado por sua brancura, carne úmida e textura fina. Dependendo de suas proporções, pode ser cortado em filés ou em postas. Em geral, é cozido no vapor ou escalfado, para realçar sua delicadeza e brancura. 12 Solha: peixe em forma de disco que possui os dois olhos no mesmo lado da cabeça. É bastante delicado e tende a escamar com facilidade, pois sua carne é magra e delicada. 3.3 Peixes de Cartilagem Os tubarões, as raias e as quimeras (peixes de águas profundas, também chamados de peixe-rato) são alguns dos maiores e mais eficientes predadores marinhos. Todos pos- suem um esqueleto cartilagíneo, dentes especializados que se renovam ao longo da vida e uma pele densamente coberta por escamas em forma de dente. Praticamente todos são marinhos, embora existam espécies de tubarões e raias que penetram regularmente em estuários e rios, e, em regiões tropicais, em espécies de água doce. Todos os peixes cartilaginosos são predadores. Grande parte da sua dieta é compos- ta por presas vivas, embora consumam igualmente cadáveres, quando disponíveis. 13 Sem ossos verdadeiros, mas compostos por cartilagem resistente e flexível, o esque- leto é formado por um crânio ligado a uma coluna vertebral e cinturas peitoral e pélvica. A mandíbula (não fundida ao crânio) e a maxila estão presentes. Tubarão: normalmente confundido com o peixe-espada, sua carne é doce, relativamente firme e úmida, mas a pele é extremamente dura. Geralmente apresentado em postas, grel- hado ou salteado. Raia: com carne doce, firme, gelatinosa, branca e saborosa, a raia tem sido comparada às vieiras. Achatadas em forma de disco, nadam na horizontal e usam as nadadeiras laterais como asas. É um peixe cartilaginoso. Geralmente salteada sem pele, principalmente as asas. Pode ser escalfada antes, para facilitar a retirada de sua pele. Cação: o cação-bruxa é uma espécie de tubarão marinho. Habita todos os oceanos, exceto o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico, especialmente na plataforma continental. Possui sete fendas brânquias, corpo fusiforme e cabeça larga. Pode atingir 3 metros de compri- mento. 14 3.4 Cortes de Peixes Inteiro: totalmente intacto, como foi pescado; Eviscerado: sem a barrigada; Limpo: barrigada, escamas, cabeça, rabo e barbatanas retiradas; Filé: porções laterais da carne retiradas por inteiro, sem espinhas, podendo ser com ou sem pele. Dos peixes redondos retiram-se dois filés, e dos peixes achatados, quatro; Filé em forma de borboleta: os dois filés são deixados presos à pele pelo dorso, e o esqueleto é retirado. Geralmente usado para peixes pequenos; Goujonette (iscas): nome que vem do francês para um peixe pequeno, o goujon. São tiras cortadas de um filé em diagonal, com aproximadamente 6-7 cm de comprimento. É um corte apropriado para peixes magros, de carne branca, servido com molho; Paupiette: filé fino e enrolado, geralmente recheado; Postas: são fatias transversais do peixe inteiro e eviscerado, cada uma com um pedaço da espinha dorsal. A espessura é variável, de acordo com o uso. Geralmente, os peixes redondos são mais compatíveis com este tipo de corte, mas as postas podem ser feitas com peixes achatados e cartilaginosos; Tranche: fatias transversais de filé, em que o corte é feito inclinado. Tipos de cortes – peixes redondos 15 Tipos de cortes – Peixes achatados Como tirar a pele de uma enguia Não é das tarefas mais fáceis, pois a pele da enguia é firmemente grudada. Deve ser retirada, pois é dura e escorregadia. Às vezes, são necessárias várias tentativas antes de se conseguir realizar esta tarefa. A preparação mais famosa é o matelote, um guisado de enguia. Procedimentos para se retirar a pele de uma enguia: ✓ Use uma faca bem afiada para fazer uma incisão em toda a volta do peixe, bem atrás das barbatanas próximas à cabeça. 16 ✓ Segure a cabeça com uma das mãos e, com a outra, a pele com uma toalha limpa. Puxe toda a pele de uma vez. Se a pele rasgar, repita a operação, soltando-a com uma faca, se necessário. 17 4. Crustáceos Os crustáceos são componentes da classe Crustacea – muitas espécies que compõem esse grupo possuem um exoesqueleto enriquecido com carbonato de cálcio, formando uma crosta. É o que ocorre nas lagostas, nos camarões, nos siris e nos caranguejos, os represent- antes mais conhecidos do grupo. Além do exoesqueleto, os crustáceos possuem apêndices articulados e corpo seg- mentado. Nos crustáceos a cabeça e o tórax estão fundidos em uma peça única, o ce- falotórax; na cabeça, há dois pares de antenas, e o abdômen apresenta apêndices articula- dos natatórios birremes (dois ramos presos a uma base). Na cabeça, estão presentes, além dos dois pares de antenas, dois olhos compostos, geralmente pedunculados, e, ao redor da boca, um par de mandíbulas e outros apêndices acessórios para a obtenção do alimento. Os crustáceos são animais adaptados à vida no ambiente aquático, respirando através de brânquias, que geralmente se desenvolvem na base dos apêndices torácicos. A maioria dos crustáceos vive em ambiente marinho, embora existam muitos represent- antes de água doce. Embora a maioria dos crustáceos seja aquática, há espécies que invadiram o meio terrestre, como é o caso do tatuzinho de jardim (ou tatu-bola), da barata-da-praia e dos caranguejos terrestres ou caranguejo-fantasma, muito comuns nas partes secas das nossas praias e dunas de areia. Essas formas, entretanto, não têm adaptações completas ao meio terrestre, depen- dendo de brânquias para a sua respiração, que devem ser sempre umedecidas ou mantidas úmidas para as trocas gasosas. Caranguejo: tem a forma de aranha e o andar lateral, com diversas espécies. Encontrado em todo o litoral brasileiro, principalmente nos manguezais (seu habitat natural), o ca- ranguejo deve ser comprado vivo. Deve-se verificar sua procedência, para não se adquirir os provenientes de águas poluídas. Alguns dos mais conhecidos no Brasil são: guaiamum, azul, que vive em mangues e praias; aratu, pequeno e vermelho; guaiá, vermelho, com pinças carnudas; maria-farinha, peque- no, branco e não comestível; centolha, gigante, proveniente do Alasca ou do Chile; siri, similar ao caranguejo, porém menor, de carne macia, branca e saborosa. Lagostim: de água doce, é bastante encontrado durante todo o ano, pois é criado. Pode ser comprado vivo ou pré-cozido e congelado, inteiro ou apenas a carne da cauda. É bastante utilizado na cozinha creole e cajun. Etouffée e jambalaya são dois dos pratos mais famosos. Lagosta: a carne é firme e suculenta e praticamente todas as suas partes são comestíveis. 18 A fêmea tem ovas que são consideradas uma especiaria. Os dois sexos apresentam uma espécie de fígado, outra parte bastante apreciada. As fêmeas têm o corpo mais macio que os machos, como também sua cauda e abdome são mais largos. Outros tipos de lagosta são a “rock lobster”, geralmente vendida na forma de cauda congelada, a pitu dublin e a lostarette. Camarão: de todos os crustáceos, é o mais popular. Costuma ser encontrado congelado, sem a cabeça, para preservar seu sabor e qualidade. O camarão fresco é altamente perecível. Sua carne tem sabor doce de textura firme e quase crocante. São geralmente comercializados por tamanho, que representam um número específico por quilo 25/1 (vinte e cinco unidades de camarões para um quilo), 20/1; 10/1 e 100/1. Tiposde camarão: rosado, cinza, branco, cinza de cativeiro, camarão azul (tigre). Cavaquinha: pequena lagosta encontrada no litoral do Rio de Janeiro e de São Paulo, apre- senta uma carapaça marrom e não possui espinhas dorsais nem antenas. Muito apreciada pelo sabor de sua carne. 4.1 Como limpar camarões Deve-se retirar a casca e a veia que corre ao longo das costas do camarão, antes ou depois da cocção. Se tiver sido fervido ou cozido no vapor dentro da casca, o camarão estará mais úmido e mais dilatado do que se tivesse sido descascado e eviscerado antes de cozido. Se for servido frio, em aperitivos e saladas, pode ser cozido na casca. Se o camarão for salteado ou grelhado, deve ser descascado e eviscerado antes da cocção. O camarão deve ser resfriado rapidamente se tiver de ser descascado na cozinha antes de ser servido. Se deixado na casca para ser servido com molho, o cliente terá problemas e desconforto ao manuseá-lo. A maior vantagem de descascar e eviscerar o camarão cru, antes de salteá-lo, é que o risco de o cozinhar demais é menor do que se estivesse na casca. 4.2 Como trabalhar com lagosta cozida É mais fácil tirar a carne de uma lagosta parcialmente cozida do que de uma lagosta totalmente cozida. Quando crua, a carne da lagosta adere firmemente à casca, por isso é muito fácil rasgar a carne ao tentar retirá-la. Isso não significa que a lagosta deva estar completamente cozida. Tudo o que é preciso fazer para deixar a carne firme o bastante para retirá-la da casca é escaldá-la levemente no vapor, em água fervente, ou no forno quente. O procedimento para partir a lagosta ao meio e retirar a carne da cauda e da pinça é: quando a lagosta esfriar o suficiente, cortar cuidadosamente a parte de trás com uma faca pesada. A lagosta deve ficar dividida em duas partes. Em algumas preparações, esvazia-se a casca, e as porções comestíveis da lagosta são cortadas em cubos, misturadas a um molho ou recheio, e devolvidas à casca. 4.3 Como limpar lagostim O lagostim tem muitas semelhanças com a lagosta, mas é bem menor. Como acon- tece com o camarão, o lagostim deve ser simplesmente fervido ou cozido no vapor, então desascado. Neste ponto, a carne será retirada facilmente da casca. É relativamente simples eviscerar o lagostim antes da cocção, embora isso possa ser feito depois, se você preferir. Os procedimentos para se eviscerar e descascar a carne da cauda são: 19 • Para retirar o intestino do lagostim cru, gire delicadamente a parte mediana da cauda para a esquerda e para a direita, e então a arranque da cauda. O intestino sairá junto. • Escalde ou deixe o lagostim no vapor, e deixe esfriar até poder manuseá-lo. Arran- que a cauda do resto do corpo. • Quebre a casca para abri-la e puxe a carne da cauda para fora. 4.4 Como limpar um caranguejo de carne macia (siri mole) Prato bastante apreciado, o caranguejo de casca macia é considerado uma especial- idade. Não é difícil de limpar, uma vez que todas as suas partes sejam identificadas. Em geral, o siri mole é salteado ou frito, e a casca pode ser comida com a carne. Os procedimentos para limpá-lo são: • Retire a casca pontuda e arranque o filamento da guelra de cada lado. • Corte a cabeça cerca de 6 mm atrás dos olhos e aperte delicadamente para que a bolha verde saia (este fluído tem cheiro desagradável). • Dobre de volta a aba da cauda (ou avental) e puxe com um leve movimento circu- lar. A veia intestinal vai sair do corpo ao mesmo tempo. 20 5. Moluscos Os moluscos (mollusca, do latim molluscus, mole) constituem um grande filo de an- imais invertebrados, marinhos, de água doce ou de ambientes terrestres, que compreende seres vivos como os caramujos, as ostras e as lulas. Esses animais têm um corpo mole e não segmentado, muitas vezes dividido em ca- beça (com os órgãos dos sentidos), um pé muscular e um manto que protege uma parte do corpo e que muitas vezes secreta uma concha. A maior parte dos moluscos são aquáticos, mas existem muitas formas terrestres, como os caracóis. A cabeça ocupa posição anterior, onde se abre a boca, entrada do tubo digestivo. Muitas estruturas sensoriais também se localizam na cabeça, como os olhos. Sensores quím- icos também estão presentes nos moluscos e permitem pressentir a aproximação de inimi- gos naturais, quando o molusco rapidamente fecha sua concha, colocando-se protegido. O pé é a estrutura muscular mais desenvolvida dos moluscos. Com ele, podem se deslocar, cavar, nadar ou capturar suas presas. O restante dos órgãos está na massa vis- ceral. Nela, estão os sistemas digestivo, excretor, nervoso e reprodutor. Ao redor da massa visceral, está o manto, responsável pela produção da concha. A concha é importante para proteger esses animais e evitar a perda de água. Ela é produzida por glândulas localizadas sob a pele, uma região chamada de manto. Ela não é uma parte viva do corpo do molusco; conforme o animal aumenta de tamanho, novo material é acrescentado à concha, que pode variar de forma e tamanho e ser constituída por uma ou mais peças. Este grupo engloba uma grande variedade de espécies, todas com um mesmo plano funcional e estrutural do organismo. Dividem-se em 8 classes, das quais se destacam os pelecípodes e os cefalópodes. Pertencentes aos frutos do mar, ou seja, espécies utiliza- das como alimentos, estão os gastrópodes ou univalves (abalone), pelecípodes ou bivalves (mexilhões, ostras, etc.) e os cefalópodes (lulas, sépias e polvos). Polvos, mariscos, ostras e lulas, entre outros, além de saborosos, são muito nutri- tivos e ricos em proteínas, vitaminas, cálcio, fosfatos e outras substâncias. Alguns moluscos são filtradores e acumulam resíduos de águas contaminadas no cor- po. Por isso é importante comprá-los em locais que garantam segurança para serem usados na alimentação. Na indústria, as conchas dos moluscos são usadas para fabricar botões e bijuterias e também para fazer adubos. As pérolas verdadeiras, de grande valor comercial, são produzidas por ostras. É a forma pela qual se defendem de objetos estranhos que penetram em seu corpo – elas ficam entre o manto e a concha. Assim, quando um grão de areia, por exemplo, penetra nesta região, a ostra produz camadas de madrepérola ao redor do grão, originando a pérola. Curiosidades • A espessura e a forma das conchas dos moluscos estão relacionadas com a adaptação ao ambiente em que eles vivem. Os caracóis possuem uma concha fina, que não prejud- ica sua locomoção em ambiente terrestre. O caramujo tem uma concha mais espessa, capaz de resistir ao choque das ondas. Os pelecípodes apresentam conchas achatadas de duas valvas, prendendo-se às rochas e re- sistindo à força da água. Os polvos e as lulas não possuem conchas externas e isso permite uma locomoção ágil por propulsão com jatos de água. • Alguns pesquisadores descobriram que ex- iste uma substância química na tinta do polvo que é capaz de curar alguns tipos de câncer. Trata-se de um polissacarídeo (uma moléc- ula grande de carboidrato como o amido do arroz). • Na culinária, frutos do mar ou mariscos são animais com uma concha ou carapaça, como os crustáceos e moluscos, extraídos do mar ou de água doce, usados na alimentação humana. 21 5.1 Moluscos univalves Classe Gastropoda (“estômago nos pés”): corresponde ao maior grupo de molus- cos, marinhos, de água doce e de ambientes terrestres. São os conhecidos caramujos, os caracóis e as lesmas. A concha, quando presente, tem formato helicoidal. Os gastrópodes parecem rastejar sobre o abdome, mas, na realidade, movimen- tam-se por meio de um pé muscular rastejante. Esse órgão se estende sob o corpo e seus músculos têm um movimento ondulante que permite ao animal deslocar-se para frente. Abalone: tem uma concha e uma cápsula de sucção que adere facilmenteàs conchas. Encontrado na Califórnia, a exportação do abalone vivo é proibida por lei, portanto, a maior parte deles é consumida congelada ou enlatada. Sua carne cortada em postas é extremamente dura, se cozida demais. 5.2 Moluscos bivalves Classe bivalvia (duas metades de concha): também são encontrados em água doce ou salgada. Sua concha possui duas partes que encerram completamente o corpo do ani- mal. Os exemplos mais familiares são as ostras, os mexilhões e os mariscos. Apresentam as brânquias recobertas por uma camada de muco; ao passar pelas brânquias, partículas alimentares ficam aderidas ao muco e são levadas para a boca. Os bivalvos são os responsáveis pela produção das pérolas de valor comercial, em- bora qualquer molusco dotado de concha possa fabricá-las. As pérolas são formadas pela deposição de nácar ao redor de uma partícula estranha que penetra entre o manto e a concha. • Grupo do qual fazem parte os mexilhões, os mariscos, as vieiras e as ostras. • Apresentam concha com duas peças, fechadas por fortes músculos, ficando sua massa visceral completamente protegida. • Os bivalves são filtradores, isto é, retiram o alimento da água por meio de uma estrutura filtradora em seus organismos. Mariscos: possuem duas conchas ligadas por uma articulação, e um aroma ligeiramente adocicado. Podem ser encontrados com ou sem concha, congelados ou em latas. Quando vivos, devem ser examinados, pois conchas abertas são indício de que o marisco está morto. Alguns dos mais encontrados: 22 Vôngole: presente em todo o litoral brasileiro, tem sabor acentuado e tamanho pequeno. Sarnambi: vive enterrado na areia, muito popular no nordeste do País. Sururu: encontrado em águas salobras e manguezais, tem carne muito saborosa. Búzio/caracol-do-mar: vive em rochas e pedras junto às costas de mares frios. Ostras: além de produzirem pérolas, são muito apreciadas na gastronomia. Existem mais de 120 espécies catalogadas. Podem ser consumidas cruas ou cozidas. Cultivadas no sud- este e no litoral da região sul do Brasil, principalmente em ambientes estuarinos e ao longo das baías, longe da poluição. Sua carne é considerada uma iguaria, bastante apre- ciada por pescadores. Por ser um animal filtrador, alimenta-se de microalgas e matéria orgânica. Espécie exótica originária do Japão, sua reprodução e seu desenvolvimento são controlados em laboratórios. Mexilhões: geralmente encontrados vivos na concha, são preparados através de diversas técnicas, embora tradicionalmente estejam presentes no preparo à la marinière (cozido no vapor com vinho, alho e limão), na sopa billi bi (sopa velouté decorada com mexil- hões). Esse molusco costuma atingir 5,5 cm de comprimento, possui duas conchas alonga- das e sua coloração pode alternar de um tom escuro para nuances azuladas metálicas. É resistente às águas do mar por apresentar um conjunto de fibras chamadas “bisso”, que os fixa às rochas ou a qualquer estrutura sólida imersa. Habita toda a costa brasileira, principalmente regiões entre marés. Foto: Mexilhão macho (esquerda), mexilhão fêmea (direita). Vieiras: músculo branco com coral alaranjado. São comercializadas as de água doce e salgada e os “calico scallops”. As de água salgada apresentam de 5 a 7 cm, um pouco maiores do que as demais. As de água doce são consideradas de melhor qualidade que as “calico”. A maior parte é vendida sem concha, às vezes com as ovas. O preparo mais famoso é Coquilles St. Jacques (creme gratinado de vieiras). Com grande potencial para cultivo, esta espécie é nativa do litoral brasileiro e é caracterizada por seu grande tamanho, rapidez no crescimento, alto valor no mercado e sabor suave e requintado. Por ser um animal filtrador, alimenta-se de plânctons. 23 Mariscos e ostras são frequentemente servidos em uma metade de concha, portan- to, é importante saber abri-los com facilidade. Além disso, ostras e mariscos recém-reti- rados das cascas são muito usados para vários pratos, como as ostras Rockfeller e os mariscos Cassino. Mexilhões quase nunca são servidos crus, mas o método para limpá-los antes de escalfá-los ou de cozinhá-los no vapor é semelhante ao usado para os mariscos. Ao contrário dos mariscos e das ostras, os mexilhões têm uma barba áspera e escura, que geralmente é retirada antes da cocção. Devem-se esfregar bem todos os moluscos com uma escova sob água corrente an- tes de abri-los. Caso algum se abra ao ser tocado, deve ser jogado fora, pois está morto. Se a concha estiver especialmente pesada ou leve, deve ser verificada. Ocasionalmente, podem-se encontrar conchas vazias, ou conchas cheias de barro ou areia. As técnicas para se abrir e limpar estes moluscos são: Mariscos • Segure o marisco de forma que a extremidade da articulação fique sobre a palma da sua mão; • Enfie a ponta de uma faca para mariscos entre as duas metades da concha; • Use os dedos que estão segurando o marisco para forçar bem a faca para dentro da concha; • Gire a faca levemente para abrir a concha; • Use a ponta da faca para raspar a carne para uma das conchas; • Arranque a metade superior da concha. • Retire cuidadosamente o marisco da concha inferior, raspando com a ponta da faca. Ostras • Esfregue bem a concha com uma escova para retirar sujeira e areia. • Mantenha a ostra sobre um guardanapo para evitar que escorregue. Enfie a ponta de uma faca para ostras na “articulação” da concha. • Use um lado do guardanapo para segurar a ostra quando a faca for enfiada nela. Gire a faca para ela abrir. • Raspe a carne da concha superior. • Use a ponta da faca para soltar a carne. Observe a grande quantidade de líquido na concha da ostra fresca. Coloque a ostra sobre gelo picado ou moído ou sobre algas, para manter o nível da concha e evitar a perda de líquido. Mexilhões • Com uma escova dura, esfregue bem o mexilhão para retirar areia ou lama da concha externa. • Arranque a veia da concha. 24 Como escolher ostras • Para comprar ostras, verifique se as conchas estão perfeitas e totalmente fecha- das; quando bater nelas, devem ter o barulho de algo sólido. Como escolher vieiras • Em geral, são vendidas limpas e sem a casca. Se tiverem um cheiro fresco e adocicado, estão frescas. A carne deve ser levemente cinza e translúcida. Como escolher vieiras • Em geral, são vendidas limpas e sem a casca. Se tiverem um cheiro fresco e adocicado, estão frescas. A carne deve ser levemente cinza e translúcida. Como escolher mariscos • Na escolha de mariscos, verifique se eles possuem lodo, crostas ou se estão ra- chados ou danificados. 25 5.3 Moluscos cefalópodes Classe Cephalopoda (“pés na cabeça”): moluscos sem concha externa, que apre- sentam uma estrutura interna e uma morfologia bastante diferentes dos demais. São o polvo, a lula e a sépia, animais exclusivamente marinhos. O pé dos cefalópodes é dividido em tentáculos. Na lula, existem 10 tentáculos, dois deles mais desenvolvidos que os demais. No polvo, os tentáculos são oito, e todos iguais. Em cada tentáculo existem ventosas que aderem ao substrato, o que favorece a locomoção do polvo sobre rochas. As ventosas também são úteis na apreensão do alimento que, de- pois, é conduzido à boca pelos tentáculos. • São caracterizados por uma grande cabeça, olhos bem desenvolvidos e rádula (órgão que permite a raspagem do alimento) dentro da boca. • Seus braços alongados são conhecidos por tentáculos, que em número ficam en- tre oito, dez ou mais. • A camuflagem desses animais é utilizada como um recurso de defesa. A lula e o polvo são capazes de expelir uma substância escura na água, responsável por per- mitir a sua fuga, confundindo os predadores. Polvo Esse molusco possui uma grande cabeça e cérebro desenvolvido, alémde 8 tentácu- los. Pode atingir até 1 metro de comprimento e é capaz de assumir diversas colorações, camuflando-se no ambiente. Habita os mares de águas tropicais e temperadas de todo o mundo. Vive em locais escondidos, entre rochas ou escombros. Como sistema de defesa, possui um sifão que exala uma tinta capaz de turvar o ambiente aquático, facilitando sua fuga. Tem textura firme com sabor “marinho” doce. Vendido geralmente fresco, mas en- contrado também congelado, pode ser preparado de diversas maneiras, como ceviches, sopas e saladas. Tem a cor acinzentada quando cru, tornando-se arroxeado quando cozido. Seu interior é branco, de carne magra, firme e saborosa. Lula De corpo alongado, esse animal de coloração variável habita também os mares de toda a costa brasileira, porém raramente é encontrado perto dela. 26 Entre os órgãos que compõem sua massa visceral, a lula possui uma bolsa de tinta, que é comprimida toda vez que ela se sente ameaçada por algum inimigo. A tinta libera- da sai em jatos pelo sifão e a mancha que deixa na água confunde o predador, enquanto ela escapa rapidamente. É animal carnívoro, que se alimenta principalmente de peixes e crustáceos. m dos frutos do mar mais facilmente encontrados, possui diversos tamanhos. Co- mum na cozinha mediterrânea e oriental, tem a carne firme e macia, mas torna-se dura se cozida demais. É compatível com a maioria dos métodos de cocção. Sépia Apreciado por seu excelente sabor, esse molusco atinge 30 cm de comprimento. Diferencia-se do polvo por possuir um corpo relativamente largo e achatado. Para a função de regulador da flutuabilidade, existe uma concha calcária interna em seu corpo, detentora de câmaras que inflam e se esvaziam de gás. Habitam baías e estuários de águas calmas. 5.3.1 Como escolher? A lula, o polvo e a sépia precisam estar cobertos com gelo. Apesar de apresentarem uma pele rosada, a carne precisa estar branca. 27 Escolher o lugar certo para comprar frutos do mar é fundamental. Evite feiras livres, pois elas não possuem a refrigeração adequada. Prefira supermercados ou peixarias e dê preferência a lugares onde fiquem cobertos por uma espessa camada de gelo. Se decidir comprar frutos do mar congelados, verifique se estão embalados a uma temperatura de -18º C. A embalagem deve estar completamente fechada. Verifique o pra- zo de validade. Muita água em volta da carne significa que a temperatura do armazena- mento subiu. A aparência do congelado deve ser a mesma do fresco. 5.3.2 Como limpar lula e polvo Lulas e polvos estão sendo cada vez mais incorporados e aceitos nos cardápios, demonstrando, assim, sua crescente popularidade nos últimos anos. Quando cortados e preparados adequadamente, são macios, doces e saborosos: a pele pode ser cortada em anéis e salteada ou frita por imersão; também podem ser deixados inteiros, para grelhar ou brasear, com ou sem recheio. Pode-se guardar a bolsa de tinta para preparar vários pratos, como massas, calamares en su tinta ou risotos (arroz preto à catalão). Lula • Tire a pele externa e os tentáculos sob água corrente. O olho, a bolsa de tinta e os intestinos virão junto com os tentáculos. • Arranque tanta pele externa quanto for possível. Jogue-a fora. • Retire a pena, parecida com um plástico, de dentro do corpo. • Retire os tentáculos da cabeça com um corte bem acima do olho. Se quiser, a bolsa de tinta pode ser reservada. O resto da cabeça deve ser jogado fora. • Abra os tentáculos de modo a expor o bico. Retire-o e jogue-o fora. Os tentáculos podem ser deixados inteiros, se forem pequenos, ou cortados em pedaços de tama- nho apropriado para as diversas preparações. Polvo • Use a ponta de uma faca para filé para cortar em volta do olho e retire-o do polvo. • Retire a pele do corpo puxando firmemente. • Retire as ventosas dos tentáculos. O polvo está agora limpo e pronto para ser usado. 28 6. Equinodermos O nome do grupo é derivado de duas palavras gregas: echinos, que significa espin- ho, e derma, que significa pele, e se refere às projeções em forma de espinhos ou tubér- culos presentes na superfície do corpo. Embora a grande maioria das espécies seja marinha, algumas toleram a água sa- lobra. Podem ser encontrados em todos os oceanos, latitudes e profundidades, da zona entre marés às regiões abissais, sendo mais abundantes na região tropical do que nas águas polares. Alguns deles são a estrela-do-mar, o pepino-do-mar e o ouriço-do-mar. Ouriço-do-mar: os verdadeiros vêm do Caribe. É vendido sem concha e pode ser comercializado moído. Usado em saladas, ceviche, chowders e em bolinhos fritos. 6.1 Como limpar um ouriço-do-mar O ouriço-do-mar é um molusco marinho espinhoso, e não é encontrado em todas as partes do país. É considerado uma especialidade em muitas culinárias, principalmente na francesa e na japonesa. Ao trabalhar com ouriços-do-mar, deve-se sempre usar luvas grossas de borracha para proteger as mãos. Abaixo, os procedimentos para limpar um ouriço-do-mar: • Use uma luva grossa de borracha para proteger a mão dos espinhos da casca. Use uma tesoura para cortar a parte superior da casca. • Use uma colher para soltar e retirar as vísceras. • As ovas de cor laranja permanecem. Está pronto para comer ou ser usado em outras preparações. 29 7. Particularidades sobre métodos de cocção 7.1 Métodos de preparo de peixes Em geral, os peixes podem ser preparados utilizando-se todos os métodos de cocção. Cada tipo de peixe possui uma característica que será determinante para a es- colha do método de cocção. Portanto é preciso estar atento ao tipo de peixe e suas car- acterísticas para que se possa desenvolver um preparo adequado e mais proveitoso. O peixe tem uma quantidade muito pequena de tecido conjuntivo. Essa é uma das mais importantes diferenças entre o peixe e a carne vermelha e a de aves. Isso significa que: 1. O peixe cozinha muito rápido, mesmo em fogo baixo (apenas com calor sufi- ciente para coagular as proteínas). 2. O peixe é naturalmente macio. A rigidez é resultante não do tecido conjuntivo, mas do endurecimento da proteína pelo fogo alto. 3. Os métodos de cozimento em calor úmido são usados não para criar maciez, mas para preservar a umidade e proporcionar versatilidade. 4. O peixe cozido precisa ser manuseado com muito cuidado para não se fragmen- tar. Ponto de cozimento Os peixes são muito delicados e podem passar do ponto de cozimento com muita facilidade. Seguem algumas dicas para determinar o ponto de cozimento: 1. A carne translúcida torna-se opaca. 2. Se houver espinhas, a carne se separa delas, e a espinha perde a coloração rosa- da. 3. O peixe apenas se separa em lascas, isto é, começa a lascar, mas não se desfaz facilmente. Peixes de carne magra e gorda Peixes de carne magra: solha, linguado, robalo, bacalhau Como os peixes magros quase não possuem gordura, podem ficar facilmente ressecados se forem cozidos em demasia. Ideal que sejam servidos com molho, para re- alçar a umidade e proporcionar mais sabor. Esses peixes são bastante apropriados para serem escalfados. Esse método con- serva a umidade. Se forem grelhados ou assados, os peixes magros devem ser regados com manteiga ou óleo. Cuidado para não assar demais, pois o peixe ficará seco. Podem também ser fritos ou salteados. Os peixes ganham mais sabor e se tornam mais atraentes com o acréscimo de gordura. Peixes de carne gorda: atum, salmão, truta, cavala A gordura natural desses peixes faz com que tolerem mais calor sem ficarem ressecados. Tanto os peixes gordos como os magros podem ser cozidos em calor úmido, mas são mais apropriados para técnicas de calor seco, como grelhados e assados. Peixes gordos e grandes como o salmão, e peixes de sabor maisforte, como 30 a anchova e a cavala, podem ser cozidos em gordura, mas com cuidado para evitar oleo- sidade excessiva. Peixes menores, como a truta, são geralmente fritos em pouca gordura. Escorra bem a gordura do peixe antes de servi-lo. 7.2 Grelhar no broiler Conforme estudado em módulos anteriores, o método de grelhar é utilizado ap- enas para cortes gordos e macios, que exijam pouco tempo de cocção. Seguem alguns passos importantes a serem lembrados: ✓ Limpe bem e preaqueça o broiler; ✓ Tempere o item principal e marine-o com óleo, se necessário, para evitar que grude na superfície e também para que seja aquecido por igual; ✓ Unte o broiler e coloque o item principal sobre ele; ✓ Cozinhe até ficar no ponto de cocção desejado; ✓ Vire e finalize a cocção, temperando. 7.3 Escalfar Método de cozinhar lentamente alimentos em líquido saboroso e em baixas temperaturas. 7.3.1 Escalfar em muito líquido Para utilizar-se desta técnica, é adequado trabalhar com ingredientes natural- mente macios, como ovos, frutas, vegetais, aves, peixes e frutos do mar. Para obter um melhor resultado, deve-se escalfar alimentos num líquido saboroso e aromatizado de acordo com o resultado pretendido. O líquido mais comumente utiliza- do é o court-bouillon. Considerações importantes ao escalfar alimentos em muito líquido ✓ Certifique-se de utilizar uma panela apropriada que seja de tamanho suficiente para caber o líquido, os ingredientes aromáticos (se houver) e o item a ser preparado, considerando a expansão do líquido; ✓ Caso o alimento seja muito sensível, podem-se utilizar panos ou grades para auxiliar na remoção do alimento; ✓ O alimento deve estar completamente submerso no líquido para haver uniformi- dade de cocção; ✓ A temperatura de cocção deve ser mantida durante todo o processo; ✓ A temperatura do líquido da cocção deve estar sempre entre 70 e 82o C, portan- to ele nunca deve ferver! ✓ A cocção pode ser finalizada em forno, caso haja necessidade, pois o controle de temperatura torna-se mais eficiente desta maneira; Escume o líquido durante todo o processo de cocção; ✓ O alimento deve ser escalfado apenas até que esteja cozido e com a temper- atura interna dentro da zona de segurança. A cocção em demasia alterará a textura e a umidade da produção. 7.3.2 Escalfar em pouco líquido Considerado um método de cocção “à la minute”, é adequado para pequenas porções e alimentos pequenos e macios. Cozinha o alimento usando uma 31 combinação de vapor e imersão em líquido combinado a ingredientes aromáticos e a um ácido (impreterivelmente). O vapor é criado da evaporação do líquido de cocção capturado por uma tampa ou folha de papel-manteiga cobrindo o alimento durante a cocção. O líquido produzido na cocção é muito saboroso e comumente utilizado na produção do molho. A adição do ácido é importante, pois ajuda a produzir um molho de sabor leve, além de auxiliar na emulsão da manteiga. Considerações importantes ao escalfar alimentos em pouco líquido ✓ Utilize sempre alimentos pequenos, macios e que tenham cocção rápida; ✓ O líquido utilizado na cocção deve ter um sabor condizente com o sabor do pro- duto final; ✓ A panela apropriada para escalfar alimentos em pouco líquido é a sauteuse ou a sautoir; ✓ Escalfe alimentos em apenas uma camada; ✓ A temperatura de cocção não deve ultrapassar os 750 C, portanto, em alguns casos, pode ser conveniente terminar a cocção no forno, pois o controle de temperatura é mais fácil. ✓ Siga os seguintes passos: unte a panela, acrescente os ingredientes aromáticos, o item a ser escalfado, adicione o líquido (em pouca quantidade – até cobrir metade do alimento), traga à temperatura de 750 C, cubra com papel-manteiga e prossiga com a cocção até o ponto desejado. 7.4 Outras técnicas Cozinhando em Papillote • É uma variação de cozimento a vapor, significa “no papel”; • O envoltório bloqueia o vapor originado pelo alimento quando se aquece; • Apropriado para carnes naturalmente macias, como peixes e frutos do mar; • Podem ser marinados antes; • Inclua vegetais e aromáticos para obter mais umidade, sabor, cor e textura; Cozinhando em paupiettes A paupiette é um filé enrolado, fino, frequentemente recheado com uma farce, ou qualquer outra coisa. As paupiettes são geralmente feitas com peixe magro, como o linguado, mas podem também ser feitas com algum peixe moderadamente gordo, como a truta e o salmão. Assar Peixes inteiros ou em pedaços podem ser assados no forno. É um método bastante empregado também para frutos do mar, como ostras e mari- scos, com coberturas diversas. Saltear Empanar com farinha ajuda a proteger a carne dos peixes, que são mais delicadas para saltear ou fritar raso. Frutos do mar mais firmes, como camarão e vieiras, são mais fáceis de saltear, e 32 existe uma variedade maior de receitas para eles. Fritar por imersão Embora o peixe frito não seja um prato raro ou refinado, ele pode ser de excelente qualidade se o peixe for fresco e se não for cozido em excesso. Peixes magros e frutos do mar são melhores para fritar por imersão. O peixe deve ser empanado ou passado em mistura de massa mole para protegê-lo da gordura da fritura, além disso, o empanamento proporciona uma cobertura crocante e saborosa. Cozinhar a vapor Quando cozidos a vapor em recipiente fechado, os alimentos apresentam sabores puros. Essa técnica promove um ambiente uniformemente úmido. É eficiente para o preparo de peixes macios e de tamanho e forma que permitam o cozimento em um curto tempo. Frutos do mar podem ser deixados na concha, a menos que a receita indique o contrário. Os camarões podem ser descascados antes de serem cozidos no vapor. Court-Bouillon O Court-bouillon pode ser definido como uma água contendo condimentos, er- vas e, geralmente, um ácido, que é utilizado para cozinhar peixes. O nome em francês significa “caldo curto”, assim chamado porque é feito rapid- amente, ao contrário dos fundos. 33 Bibliografia: CONTI, Laura. Almanaque da Cozinha. São Paulo: Nova Cultural, 1994. ESCOFFIER, Auguste. The Complete Guide to the Art of Modern Cookery. Traduzido do francês por H.L. Cracknell e R.J. Kaufmann. E.U.A.: John Wiley & Sons, 1999 HERBST, Sharon Tyler. Food Lover’s Companion. Hauppauge, NY: Barron’s Educational Series, Inc., 2001. LABENSKY, Sarah; HAUSE, Alan M. On Cooking - Techniques from Expert chefs. New Jersey: Prentice Hall, 1999. LAROUSSE GASTRONOMIQUE. Nova York: Crown Publishers, Inc., 1984. THE CULINARY INSTITUTE OF AMERICA. The New professional Chef. E.U.A.: John Wiley & Sons, 1996. WRIGHT, Jeni; ERIC, Treuille. Le Cordon Bleu – Todas as técnicas culinárias. 1999. GISSLEN, Wayne. Culinária profissional: Le Cordon Bleu. 6. ed. Eua: Manole, 2012.
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