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Direito de Família - 10 - Inexistência e invalidade do casamento

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10.INEXISTÊNCIA E INVALIDADE DO CASAMENTO
Para se verificar se um casamento é válido ou inválido, é necessário analisar antes se ele existe. A existência de um casamento decorre da presença de requisitos essenciais dispostos em lei. Em existindo, cabe verificar se é válido, na medida em que preencha os requisitos legais de validade do casamento. Caso isto não ocorra, o casamento será inválido, cabendo analisar se a situação de invalidade vai acarretar a sua anulação ou a sua anulabilidade.
1. Casamento inexistente
Para que um casamento exista, é necessária a identificação de alguns elementos considerados estruturais ou essenciais. 
O Código Civil não faz referência à teoria do negócio jurídico inexistente na medida em que se trata de simples fato, incapaz de produzir efeitos jurídicos. No entanto, esta teoria é admitida no direito brasileiro. Para os estudiosos desta teoria, existem uniões que têm apenas a aparência de casamento, mas não podem ser reconhecidas como ato jurídico na medida em que lhes faltam alguns requisitos essenciais do casamento.
a)Diversidade de sexo – Nem a Constituição, nem o Código Civil fazem menção expressa à diversidade de sexo por ser considerada uma condição de tal modo evidente que dispensaria a regulamentação legal. Todavia, diversos dispositivos deixam implícita a noção de que o casamento implica a união de um homem e uma mulher.
Como exemplos podem ser citados: o art. 226 da CF em seu parágrafo 3º que prescreve: “Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união entre o homem e a mulher como entidade familiar...”; O parágrafo 5º. Do mesmo artigo dispõe que “Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”. 
No Código Civil encontra-se disposição semelhante no artigo 1514 que estabelece: “O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam perante o juiz a sua vontade de estabelecer o vínculo conjugal...”. Na mesma linha, o art. 1517: ”o homem e a mulher com dezesseis anos podem casar”, bem como o art. 1 565: “Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes...”
Diante deste entendimento, as uniões entre pessoas do mesmo sexo seriam consideradas inexistentes. No entanto, parte da Doutrina vinha defendendo o reconhecimento dos direitos dos pares homoafetivo, notadamente no Rio grande do Sul, cujos tribunais foram pioneiros no reconhecimento desses direitos, gerando jurisprudências que abriram precedentes.
Nessa linha de entendimento foi ajuizada Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) perante o STF, tombada sob o número 4.277, proposta pela Procuradoria Geral da República, postulando o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar, aplicando-se analogicamente as normas que tratam da união estável entre homem e mulher. A decisão do STF proferida em 05 de maio de 2011, julgando procedente a ação, com eficácia erga omnes e efeito vinculante, criou as condições para o reconhecimento do próprio casamento entre pessoas do mesmo sexo. A primeira conversão de união homoafetiva em casamento ocorreu em São Paulo, em 27 de junho, de 2011.
Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF n. 132) argumentando que o não-reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo implica em violação dos princípios constitucionais previstos no art. 1º, III e art. 3º, IV, além do art. 5º.
Em 05 de maio de 2011 as duas ações foram julgadas procedentes em decisão proferida pelo STF com eficácia erga omnes e efeito vinculante.
Vale esclarecer que tais informações já foram mencionadas no Resumo de aula sobre Casamento.
b) Falta de consentimento 
O consentimento consiste em requisito essencial do casamento e sua falta torna o casamento inexistente. É importante não confundir falta de consentimento com consentimento defeituoso, como no caso de coação. O consentimento manifestado por coação torna o casamento existente, mas não é válido e sim anulável. Porém, a falta de consentimento de um dos nubentes configura a inexistência do casamento.
c) Ausência de celebração na forma da lei
Um dos requisitos da celebração se refere à autoridade do celebrante, conferida em lei, denominado de Presidente do ato, nos termos do art. 1535 do Código Civil. As leis de organização judiciária dos Estados indicam as autoridades competentes para exercer a presidência do ato solene do casamento enquanto não forem criados os juizados de paz mencionados na CF (art. 30 do ADCT). Em vários Estados o próprio magistrado é o juiz de casamento. No que diz respeito a casamento de brasileiros celebrado no exterior, a autoridade celebrante é o cônsul. Em se tratando de casamento religioso com efeitos civis, o ministro da religião em tela será a autoridade apta a celebrar o casamento.
No mesmo entendimento, a Lei 6015/73 – Lei dos registros Públicos – regula as formalidades do casamento, fazendo referência ao ‘presidente do ato’, que pode ser um juiz, um sacerdote, ou um ministro do culto quando se tratar de casamento religioso com efeitos civis.
O casamento celebrado por particular, sem qualquer autoridade para presidir o ato é considerado inexistente.
2. Casamento inválido
Uma vez tido como existente, cabe verificar a validade do casamento, considerando a obediência aos requisitos de validade, considerados essenciais.
O casamento é inválido quando apresentar imperfeições decorrentes da inobservância dos requisitos de validade exigidos por lei. Poderá ser nulo ou anulável, dependendo do grau de imperfeição. Depreende-se desta afirmativa que as nulidades e as anulabilidades consistem em espécies do gênero invalidade do casamento.
O casamento celebrado com infração de impedimentos que possam ameaçar a ordem pública é nulo. Quando a infração não atinge a ordem pública, mas fere apenas interesses de pessoas que a lei quer proteger, o casamento é anulável. 
Havia o entendimento de que, quando o casamento fosse contraído por pessoa portadora de debilidade mental, o casamento poderia ser nulo ou anulável, dependendo do grau de debilidade apresentado pela pessoa.
Conforme disciplinava o art. 3º, inciso II, são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente atos da vida civil as pessoas que não tiverem o necessário discernimento para a prática destes atos em razão de enfermidade ou deficiência mental. De acordo com o art. 4º, inciso II, são relativamente incapazes as pessoas que tenham o discernimento reduzido, por deficiência mental.
Ficava estabelecida, desta forma, uma gradação relativa à debilidade mental que pode acarretar a ausência do discernimento ou apenas reduzi-lo. Neste sentido, o casamento contraído por pessoa absolutamente incapaz seria nulo. Quando a incapacidade fosse relativa, acarretaria a anulabilidade do casamento, tendo em vista a possibilidade de ocorrer a incapacidade do nubente em manifestar seu consentimento de modo inequívoco, situação esta disciplinada no art. 1550, inciso IV, como causa de anulabilidade do casamento.
No entanto, com a recente edição do Estatuto da Pessoa com Deficiência, este panorama foi modificado, conforme mostrado no item a seguir.
2.1. Casamento nulo
Nos termos da legislação civil (art. 1548 do Código Civil), considera-se nulo o casamento contraído por enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil ou quando infringe impedimento. Ressalta-se que o início da norma foi revogado nos termos da Lei 13 146 / 2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência. 
As nulidades são aquelas previstas em lei. Além disso, embora o art. 168, parágrafo único discipline que o juiz deve pronunciar de ofício a nulidade dos atos jurídicos, esta regra não se aplica à nulidade do casamento que somente poderá ser declarada em ação ordinária, conforme os arts. 1549 e 1563. Neste sentido, enquanto não declarado nulo, o casamento existe e produz efeitos.
I - Casamento contraído por enfermo mental
Dizia respeito a todos os casos de insanidademental permanente e duradoura que provocassem alterações graves no psiquismo de seu portador, acarretando a incapacidade absoluta para o exercício pessoal dos atos da vida civil. A norma jurídica visava à proteção de pessoas que não têm vontade relevante para o ato a ser celebrado. 
Nos termos do dispositivo acima mencionado (art. 3º, II) estas pessoas eram consideradas absolutamente incapazes e, neste sentido, os atos que viessem a praticar, pessoalmente, seriam nulos, inclusive, o casamento. Considerava-se enfermo mental aquele que não tivesse condições de manifestar validamente sua vontade, atribuindo-se à expressão ‘enfermo mental’ um sentido amplo em que são consideradas as variadas opções patológicas que pudessem comprometer o discernimento.
A norma tinha como objetivo proteger aqueles que não têm vontade relevante em relação ao ato a ser celebrado, com fundamento no que estabelecia o art. 3º, II, do Código Civil. Não se exigia, contudo, interdição anterior.
Atualmente, tendo em vista a inclusão das pessoas com deficiência, esse dispositivo foi expressamente revogado pelo art. 114 da Lei 13 146/2015. Assim, as pessoas descritas estão livremente autorizadas a casar, de vez que não são mais consideradas absolutamente incapazes no sistema civil brasileiro.
A Lei 13 146/2015 visa a garantir as condições de igualdade, o exercício de direitos e das liberdades fundamentais das pessoas com deficiência, na busca da sua cidadania e de sua inclusão social,
Nos termos do Estatuto acima referido, agora são tratadas como relativamente incapazes as pessoas que, por causa transitória ou definitiva, não sejam capazes de exprimir vontade. Assim, se casarem, esse casamento será analisado com vistas a anulabilidade, e não mais como nulo. 
II – Casamento celebrado com infringência a impedimento matrimonial
A infração dos impedimentos dispostos em lei (art. 1521, incisos I a VII) acarreta a nulidade do casamento. São situações que atingem a ordem pública, razão pela qual não se harmonizam com o casamento, instituto protegido por normas cogentes. Eivado de nulidade estará, por exemplo, o casamento entre parentes consangüíneos (descendentes, ascendentes e irmãos) ou afins em linha reta, ou entre pessoas ligadas pelo parentesco civil, decorrente da adoção. Ademais, considerando o regime monogâmico do casamento, um casamento anterior torna nulo o posterior.
 
a) Pessoas legitimadas para arguir a nulidade
Nos termos do art. 1549, têm legitimidade para promover a ação declaratória de nulidade as pessoas que tenham interesse ou o Ministério Público (uma vez que as nulidades se referem a infrações de dispositivos de ordem pública). Qualquer pessoa maior pode opor os impedimentos que implicam na nulidade do casamento, porém, para a propositura da ação declaratória de nulidade, apenas pessoas que tenham legítimo interesse, econômico, moral, ou social poderão ajuizar o pedido, além do MP. 
Como pessoas que têm legítimo interesse moral se incluem os cônjuges, os ascendentes, os descendentes, irmãos, cunhados e o consorte do primeiro casamento. No que se refere ao interesse econômico citam-se os filhos de casamento anterior, os colaterais sucessíveis, os credores. Quanto ao aspecto social, o interesse será do Ministério Público.
b) Ação declaratória de nulidade
O Código Civil prevê a possibilidade de pedido prévio de separação de corpos, como medida preparatória para a ação de nulidade do casamento, desde que comprovada a sua necessidade, devendo o juiz concedê-la com a máxima brevidade (Ver art. 1562).
Em algumas situações, a necessidade de proteger a integridade física e psicológica do casal, podendo ser comprovada por todos os meios de prova admitidos em direito.
A ação declaratória de nulidade consiste em ação de estado, versando sobre direitos indisponíveis, razão pela qual a intervenção do Ministério Público é obrigatória, na qualidade de fiscal da lei (arts. 176 a 178 do CPC). Segue o rito ordinário e por isso admite reconvenção. 
A sentença tem caráter declaratório porque apenas reconhece o fato que invalida o casamento, e tem efeito retroativo à data da celebração. Os efeitos da sentença são, portanto, ex tunc, retroagindo como se o casamento não tivesse ocorrido. A sentença deve ser averbada no livro de casamento do Registro Civil e no Registro de Imóveis para que possa produzir efeitos contra terceiros.
Nos termos do art. 100,I, do antigo CPC, era competente o foro de residência da mulher. No entanto esta regra não era absoluta porque, ajuizada a ação em foro diverso, se a mulher não oferecesse a incompetência do juízo em tempo hábil, a competência territorial seria prorrogada sob o entendimento de vontade das partes. Por outro lado, tendo em vista o princípio da igualdade preconizado na Constituição Federal e no Código Civil, questiona-se, atualmente, o foro privilegiado da mulher.
Ademais, o novo CPC estabelece que é cometente o foro do domicílio do guardião do incapaz , ou o foro do último domicílio do casal, ou, em seguida, o foro do domicílio do réu.
O ônus da prova incumbe a quem alega. Como se trata de questão referente a direitos indisponíveis disciplinados por normas de ordem pública, somente a confissão do réu não se mostra suficiente para ser admitida a procedência do pedido, devendo ser analisados outros elementos para formar a convicção do juiz.
Não existe prazo prescricional para a propositura da ação de nulidade porque o ato nulo, é nulo a qualquer tempo, não existe, não vale. Assim, toda época é oportuna para demonstrar juridicamente sua inexistência.
Vale salientar que após a edição da Lei de Divórcio, de 1977, a questão da nulidade perdeu importância porque deixou de ser a única forma de extinção do casamento (com exceção da viuvez).
c) Declaração de nulidade.
As nulidades não atuam de pleno direito, devendo ser declaradas pelo juiz em ação ordinária, conforme disciplinam os arts. 1 549 e 1563. Isto significa que, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado da decisão judicial que declarou nulo o casamento, este permanece válido, produz efeitos e se submete às regras pertinentes.
2.2. Casamento anulável
As hipóteses de anulação do casamento estão disciplinadas nos artigos 1550, 1556 e 1558 do Código Civil. Trata a lei dos casos de matrimônio anulável, ao dispor existir nulidade relativa de casamento contraído por pessoas que não preenchem requisitos legais, (art. 1550, incisos I a VI). Como visto anteriormente, são hipóteses em que está presente o interesse privado. Vale lembrar que o rol constante do art. 1550 é taxativo.
Segundo o art. 1550, “É anulável o casamento:
- Inciso I – de quem não completou a idade mínima para casar. Trata-se de defeito de idade, consoante a lei, ao estabelecer que a idade núbil é 16 anos (art. 1517), podendo, assim, ser anulado o casamento de quem não tinha atingido essa idade. Porém, ocorrendo o casamento antes desta idade, a ação anulatória pode ser promovida pelo próprio cônjuge menor, mesmo sem assistência ou representação. São legitimados, também, seus representantes legais e seus ascendentes. 
A idade núbil pode ser desconsiderada no caso de gravidez, conforme prevê o art. 1520. Segundo o art. 1551, não se anula casamento do qual resultou gravidez, não importando se o defeito de idade se refere ao homem ou à mulher. Se a gravidez for conhecida depois de instaurada a lide, a ação é extinta. Doutrinadores atuais discutem a permanência deste dispositivo, considerando que não mais se justifica associar casamento a procriação, além de que a Constituição proibiu a descriminação de filhos em razão da origem, inclusive não havendo mais preconceito em relação à mãe solteira.
A hipótese de defeito de idade, todavia, é rara porque no procedimento de habilitação, tanto o oficial do registro, como o representante do Ministério Público e o juiz devem encaminhar os nubentes à via judicial para requerimento do suprimento judicial de idade, quando for o caso.
Se a ação anulatória for ajuizada pelos representanteslegais dos menores ou por seus ascendentes, poderá o menor confirmar seu casamento, quando atingir a idade mínima, conforme dispõe o art. 1552, II e II, devendo haver a autorização de seus representantes legais ou com suprimento judicial, segundo o art. 1553. No entanto, tudo isto só será possível antes do trânsito em julgado da sentença anulatória.
Menores que tiverem seu casamento anulado por defeito de idade podem contrair novo casamento ao atingirem a idade prevista em lei.
Inciso II - falta de autorização do representante legal para o casamento de menor em idade núbil – O art. 1555 estabelece que o casamento de menor em idade núbil não autorizado por seu representante legal poderá ser anulado se a ação for proposta no prazo de 180 dias. A ação deve ser proposta pelos representantes ou pelo próprio incapaz, quando deixar de sê-lo, ou por herdeiros necessários. No caso dos representantes, se assistirem ao casamento, entende-se haver um consentimento tácito e neste caso, não poderão ajuizar a ação anulatória ( parágrafo 2º do artigo 1555).
No caso de ser a ação proposta pelos pais ou representantes legais, o prazo é contado a partir do casamento. Se for autor o próprio menor em idade núbil, o prazo será contado do dia em que cessou a incapacidade. Em caso de morte do incapaz, seus herdeiros poderão ajuizar a ação anulatória no prazo de 180 dias contados da morte.
Tal como ocorre em relação à hipótese anterior, esta situação também é rara pelo mesmo motivo, ou seja, no curso do processo de habilitação, a irregularidade pode ser sanada.
- Inciso III - Vício de vontade nos termos dos arts. 1556 a 1558
 A) - erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge – O casamento poderá ser anulado por vício de vontade quando ocorrer erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge, segundo dispõe o art. 1556. As hipóteses de erro essencial estão elencadas no art. 1557, em seus incisos I a IV, sendo este rol taxativo. O erro resulta de uma falsa percepção ou mesmo da falta de percepção sobre a pessoa com quem o nubente está se casando. Significa uma falsa representação da realidade
Erro substancial ou essencial é aquele que recai sobre circunstâncias e aspectos relevantes do negócio jurídico. Se não tivesse havido o erro, o negócio jurídico não teria sido realizado. No caso em tela, se um dos noivos soubesse de algo considerado grave sobre o outro, não teria casado.
.O erro essencial ou substancial é, assim, aquele de tal importância que, sem ele, o ato não teria sido realizado. Se o agente soubesse da verdade, não manifestaria sua vontade em realizar o ato. E por isso o erro é essencial, ou seja, determinante para a prática do ato.
Segundo o art. 139, O erro é substancial quando: 
II – Concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante
Neste sentido, parte-se do entendimento de que se o erro fosse conhecido, o casamento não seria realizado. Significa que o erro foi determinante para a realização do casamento, pois se conhecido, não teria havido matrimônio. Para que o erro seja admitido, necessário se faz que fosse existente antes do casamento, porém só foi descoberto após o casamento, e a existência de tal erro torna a vida em comum insuportável.
Segundo o art. 1557, são hipóteses de erro essencial: 
- Inciso I - o que diz respeito à identidade, honra, fama . Não há necessidade de ter havido intenção dolosa de ocultação ou de dissimulação por parte do outro cônjuge, desde que resulte na impossibilidade da convivência.. Ou seja, a pessoa casa com alguém que pensava ser o outro, mas na verdade é outra pessoa, erro este que compromete o consentimento. Necessário se faz provar.
– inciso II - ignorância de crime anterior ao casamento O crime não precisa ser grave, porém é visto como algo repulsivo pelo outro cônjuge. Como exemplos, citam-se o estupro, o atentado violento ao pudor, ou mesmo o crime de estelionato que pode ser considerado insuportável para a vida em comum.
- Inciso III – a ignorância, anterior ao casamento, defeito físico irremediável que não caracterize deficiência, ou de moléstia grave e transmissível. De maneira geral tem-se admitido a hipótese de moléstia grave transmissível e impossibilidade da prática de relações sexuais. Atualmente entende-se que a finalidade do casamento não reside, necessariamente, na procriação, podendo criar uma comunidade de vida e afeto.
Havia, anteriormente, um inciso IV, relativo à ignorância de doença mental grave anterior ao casamento, porém, foi revogado pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Somente tem legitimidade para requerer a anulação o cônjuge que incidiu em erro. O prazo é de 3 anos (art. 1560, III).
 B) - vício de conduta determinado pela coação – (arts. 1550,III e 1558) – Um dos requisitos essenciais do casamento é encontrado na manifestação do consentimento livre e inequívoco. Neste sentido, o consentimento manifestado em face de um fundado temor de mal considerável e iminente torna o casamento anulável.
A coação consiste em uma ameaça ou uma pressão exercida sobre uma pessoa para que pratique determinado ato ou realize um negócio contra a sua vontade. A coação em si não constitui o vício, mas o temor que ela provoca vicia a vontade do agente, tornando defeituosa sua manifestação.
De acordo com o texto do art. 1558, o agente sob coação psicológica, moral ou relativa se encontra no dilema de praticar o ato exigido ou correr o risco de sofrer as consequências decorrentes da ameaça advinda do coator.
A coação física ou absoluta decorre do uso da violência, tornando o casamento inexistente pela ausência de manifestação da vontade.
O casamento realizado sob coação pode ser anulado, tendo legitimidade para promover a ação o próprio coacto, no prazo de quatro anos, contados da data da celebração (arts. 1559 e 1560, IV). Este prazo é considerado excessivo pelo fato de não se imaginar possível uma pessoa permanecer sob coação por tanto tempo. A coabitação obtida mediante coação não poderá validar o ato. Contudo, a coabitação voluntária, devidamente comprovada, poderá validá-lo.
A coação apta a anular um casamento deve ser grave, injusta e atual, devendo ser analisadas as condições da vítima, conforme dispõe o art. 152 do Código Civil, no capítulo referente aos defeitos do negócio jurídico.
- Inciso IV - incapacidade de manifestação do consentimento – O art. 1550, inciso IV dispõe ser anulável o casamento do incapaz de consentir ou manifestar o consentimento de modo inequívoco.
A incapacidade de consentir que torna o casamento anulável compreende as situações em que é exigida a assistência do representante legal e em que o assistido está sujeito a curatela. O art. 4º, inciso II, faz referência aos “ ébrios, habituais e os viciados em tóxicos”. E o inciso III menciona “aqueles que por causa permanente ou transitória, não puderem exprimir sua vontade”. E o inciso IV faz referência aos pródigos. Estes incisos tiveram sua redação modificada pel Estatuto das Pessoas com Deficiência.
Consoante as modificações acima mencionadas, o art. 1767 do Código Civil, (incisos II e IV) também tiveram sua redação modificada, não mais fazendo referência, aos “excepcionais sem completo desenvolvimento mental”, como anteriormente acontecia. 
Tratava-se aqui, mais uma vez, da gradação da incapacidade, conforme foi mencionado a respeito das nulidades. Se a incapacidade fosse total e permanente, o ato seria nulo. Em caso de redução da capacidade de discernimento, o ato será anulável. Referia-se às pessoas que não têm o necessário discernimento para os atos da vida civil em razão de enfermidade ou deficiência mental.
Com a edição do Estatuto da Pessoa com Deficiência, o comando do Código Civil não mais incide sobre elas. Tais pessoas, atualmente, podem casar. Foi incluído um parágrafo 2º ao art. 1550 do Código Civil permitindo que pessoas com deficiência mental ou intelectual possam casar, manifestando sua vontadediretamente, ou através de seu responsável ou curador. 
O prazo para a propositura da ação de anulação é de 180 dias, conforme o art. 1560,I.
- Inciso V - realizado por mandatário, estando revogado o mandato – Conforme o inciso V do art. 1550, o casamento é anulável nestas circunstâncias, “não sobrevindo coabitação entre os cônjuges”. O prazo de anulação é de 180 dias contados da data em que o mandante tiver conhecimento da celebração (art. 1560, parágrafo 2º). Se ocorrer a coabitação dos cônjuges, o casamento não será anulado.
- Inciso VI - celebrado por autoridade incompetente - Segundo o art. 1550,VI, a incompetência do celebrante possibilita a anulação do casamento, no prazo de 2 anos, contados da data da celebração (art. 1560 II). 
O Código não faz referência à modalidade de incompetência, se em razão do lugar, ou em razão da matéria. Predomina o entendimento de que o casamento será anulável quando o celebrante atua fora do território de sua circunscrição ou quando este não seja do local de residência dos noivos. A incompetência que possibilita a anulação, portanto, diz respeito ao território compreendido na circunscrição do celebrante. É a chamada incompetência ratione loci.
Quando se trata de incompetência ratione materiae ou seja, não é um juiz competente para celebrar casamento, este casamento não é anulável, mas inexistente.
Nos termos do art. 1554, não sendo argüida nem provada a incompetência ratione loci ou ratione personae (ex. a do substituto do juiz de casamento), o matrimônio convalescerá do vício que o atingiu. Tratando-se de incompetência materiae, ou seja, quando o celebrante não é juiz de casamento, tem-se, nesta situação, uma autoridade absolutamente incompetente.
São competentes para presidir a celebração do casamento as autoridades indicadas nas Leis de Organização Judiciária dos Estados, enquanto não forem criados os juizados de paz previstos na CF, arts. 98,II e 30 do ADCT.
2.3. Sobre os Prazos incidentes nas situações de anulabilidade, Cristiano Farias elaborou um quando explicativo, conforme exposto na página a seguir:
	
HIPÓTESES DE ANULAÇÃO
	
PRAZO DECADENCIAL
	Defeito de idade (inciso I)
	180 dias
	Falta de consentimento (inciso II)
	180 dias
	Erro essencial (inciso III)
	3 anos
	Coação (inciso III)
	4 anos
	Incapacidade relativa por causa psíquica (inciso IV)
	180 dias
	Revogação de mandato (inciso V)
	180 dias
	Incompetência da autoridade celebrante (inciso VI)
	2 anos
Fonte: FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016, p.241

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