Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Carboidratos e correlações clínicas Luciana Pereira Rangel CCS, Bloco A, 2º andar, sala 16 lprangel@pharma.ufrj.br Funções: - fonte energética - polímeros insolúveis - elementos estruturais e protetores. - lubrificantes de junções esqueléticas. - participam do reconhecimento e adesão entre células. - polímeros covalentemente ligados a proteínas ou lipídios agem como sinalizadores. Os glicídeos na alimentação são importantes fontes de energia. O amido encontrado em alimentos derivados de vegetais, como as massas, é constituído de moléculas de glicose ligadas. Estas cadeias são degradadas a moléculas individuais de glicose para a utilização eventual na geração de ATP e de blocos contrutores para outras moléculas. Carboidratos Classificação: - monossacarídeo – formados por uma única molécula de polihidroxi aldeído ou cetona. Ex. glicose. - oligossacarídeos – formados por pequenas cadeias de monossacarídeos ou resíduos unidas por ligações glicosídicas. Ex. dissacarídeos (sacarose). - polissacarídeos – polímeros com mais de 20 unidades de monossacarídeos, podendo ter cadeias lineares (Ex. celulose) ou ramificadas (Ex. glicogênio). Digestão e absorção de carboidratos • principais carboidratos da alimentação são: Amido, sacarose e lactose • α-amilase salivar (ptialina): digestão do amido inicia-se na mastigação • α-amilase pancreática: hidrólise de amido e glicogênio no duodeno, produzindo maltose e dextrinas. Vias no metabolismo da Glicose Glicólise Gliconeogênese Glicogenólise Glicogeniogênese Lipogênese Lipólise metabolismo da molécula de glicose a piruvato ou lactato para produção de energia Formação de glicose-6-fosfato de fontes não- glicídicas Quebra do glicogênio em glicose para a produção de energia Conversão de glicose a glicogênio para armazenamento Conversão de carboidratos em ácidos graxos Decomposição dos ácidos graxos para produção de energia • Em condições naturais a glicemia é mantida em valores normais por mecanismos regulatórios. Após uma refeição... - Liberação de insulina - captação de glicose por tecidos - energia - 70% fígado – glicogênio – combustível - Excesso – ác. graxos – VLDL – tecido adiposo Regulação da Glicemia Concentração de glicose no sangue do indivíduo Jejum 70 a 99 mg/dL de sangue Inanição Gliconeogênese do fígado fornece a glicose necessária para manter o nível de glicemia Primeira hora após uma refeição 120 a 140 mg/dL de sangue Sistemas de feedback (controle da glicemia) Rápido retorno da concentração de glicose aos níveis de controle (dentro de duas horas após a última absorção de carboidratos) Mecanismos de Regulação da Glicemia • Fígado - Importante sistema tampão da glicemia Insulina e Glucagon Importantes sistemas de controle por feedback - manter a concentração normal de glicose no sangue Insulina: • Produzida pelas células beta das ilhotas de Langerhans • Ilhotas compreendem cerca de 1-2% da massa celular do pâncreas • hormônio fundamental, que coordenam a utilização de combustíveis pelos tecidos • Efeitos metabólicos anabólicos: síntese de glicogênio, triacilgliceróis e proteínas • Efeito sobre o metabolismo da glicose: -Fígado: inibe a gliconeogênese e glicogenólise -Fígado e músculo: aumenta a glicogênese Músculo e tecido adiposo: insulina aumenta o número de transportadores de glicose na membrana celular e a captação de glicose Glucagon • Age nas mesmas células que a insulina; • Mobiliza as reservas energéticas para a manutenção da glicemia entre as refeições; • No fígado: estimula a glicogenólise; • No tecido adiposo: estimula a lipólise, liberando ácidos graxos; • Estimula a gliconeogênese e a cetogênese; • Liga-se a um receptor específico de membrana. Aumento da glicose no sangue Diminuição da glicose no sangue Diabetes Mellitus • Comprometimento do metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas Diabetes melitus tipo 1 Falta de secreção de insulina Diabetes melitus tipo 2 Resistência à insulina Alteração do metabolismo de todos os principais alimentos Deficiência no metabolismo da glicose Captação de glicose ineficiente pela maioria das células Menor utilização de glicose pelas células Aumento da utilização de gorduras e proteínas Resistência à insulina Ausência de insulina Diabetes Mellitus Tipo 1 • 10% a 20% dos diabéticos • Diabetes juvenil - indivíduos com menos de 20 anos de idade Deficiência absoluta de insulina Relativa excreção excessiva de glucagon Lesão das células beta pancreáticas Infecções virais ou doenças auto-imunes Tendência hereditária à degeneração • 80% a 90% das células beta destruídas Sintomas abruptos: • Hiperglicemia • Utilização aumentada de gorduras para a obtenção de energia • Depleção das proteínas do organismo * Cetoacidose Diabetes Mellitus Tipo 1 Hiperglicemia Utilização periférica de glicose diminuída Glicosúria (excreção de glicose em excesso na urina) Desidratação celular Diurese osmótica Poliúria (excreção excessiva de urina) Polidipsia (sede excessiva) Dano tecidual Glicosilação de proteínas Gliconeogênese Cetoacidose Aumento da lipólise para produzir energia (através da oxidação de ácidos graxos) Cetogênese acelerada (síntese hepática de corpos cetônicos) Desidratação celular Hálito cetônico (eliminação de corpos cetônicos no ar expirado) Acidose grave Cetonúria (excreção de corpos cetônicos na urina) + Morte Perda de peso, fadiga e fraqueza Polifagia (fome intensa) Depleção de proteínas do organismo Incapacidade de utilizar glicose como fonte de energia Maior utilização e armazenamento diminuído de proteínas Morte Diabetes Mellitus Tipo 2 • 80% a 90% dos diabéticos • Diabetes de início adulto – ocorre depois dos 40 anos de idade ou em grupos étnicos • Desenvolve-se de modo gradual, sem sintomas óbvios Redução da sensibilidade dos tecidos- alvo aos efeitos metabólicos da insulina Resistência à insulina Fatores Genéticos Secundária à obesidade Diminuição da utilização e armazenamento de carboidratos Hiperglicemia Aumento da concentração plasmática de insulina Diabético Tipo 2 Células beta funcionais Secreção de insulina Regulação normal da glicose X Diabetes melitus tipo 2 Secundária à obesidade Menor número de receptores de insulina Anormalidades das vias de sinalização Resistência à insulina Dosagem da Glicemia • soro ou plasma - sangue total - 10 a 15 % mais baixa • coleta - punção venosa - tubo com fluoreto sem fluoreto - centrifugar logo após a punção *eritrócitos consomem glicose conservação em geladeira - estável somente por algumas horas fluoreto inibe glicólise e conserva amostra por mais tempo • jejum de 8 h - ingestão de água é permitida • métodos mais usados – enzimáticos - Oxidase - Hexoquinase Oxidase Glicose + O2 + H2O ácido glucônico + H2O2 H2O2 + cromogênio reduzido cromogênio oxidado + H2O Glicose oxidase Peroxidase Hexoquinase Glicose + ATP Glicose 6-PO4 + ADP Glicose 6-PO4 + NADP NADPH + H + +6-fosfogluconato Hexoquinase Glicose-6-Fosfato DesidrogenaseGLICEMIA PÓS-PRANDIAL • Concentração da glicemia 2h após ingestão de 75g de glicose em solução aquosa a 25%; • Concentração da glicose tende a retornar ao normal após 2h; • Valor máximo da glicemia capilar para realização do teste: até 180 mg/dl. TESTE ORAL DE TOLERÂNCIA À GLICOSE (TOTG) • Teste diagnóstico para diabetes; • Medidas seriadas de glicose nos tempos 0, 30, 60, 90, 120 min após ingestão de 75 g glicose anidra em 300 ml de água; • Teste realizado pela manhã, jejum de 8-10h; • Teste mais sensível que a glicemia de jejum, mas é afetado por vários fatores. Teste de tolerância à glicose: G lic em ia ( m g /d L) Diabetes Normal Horas 200 - 180 - 160 - 140 - 120 - 100 - 80 - 0 1 2 3 4 5 TESTE ORAL DE TOLERÂNCIA À GLICOSE (TOTG) Indicações: • Diagnóstico DM Gestacional; • Diagnóstico tolerância à glicose diminuída; • Avaliação de pacientes com nefropatia, neuropatia, ou retinopatia não explicada e com glicemia em jejum abaixo de 126 mg/dl. Cuidados antes do teste: • Ingestão de pelo menos 150 g de carboidratos, nos 3 dias anteriores; TESTE ORAL DE TOLERÂNCIA À GLICOSE (TOTG) • Atividades físicas, hábitos alimentares normais; • Durante o teste, não fumar e permanecer em repouso; • Não usar medicação que interfira no metabolismo dos carboidratos. Valores: • Normal - 139 mg/dL e abaixo; • Pré-diabetes - 140 a 199 mg/dL • Diabetes – 200 mg/dL e acima. • Na amostra de 120 min, valor acima de 200 mg/dL é indicativo de diabetes, mesmo que os níveis de glicose de jejum estejam normais. Hemoglobina Glicada • A hemoglobina liga-se à glicose, quanto maior for a taxa de glicemia, maior a fração de hemoglobina glicada; • Indica o controle metabólico nos 120 dias precedentes ao teste, correspondendo ao tempo médio de vida dos glóbulos vermelhos; • Não é indicado para pacientes com hemoglobinopatias, pois há redução na meia-vida das hemácias e do tempo de exposição da hemoglobina às variações da glicose. • Diabéticos estáveis: 3 a 4 meses; • Diabéticos sem controle glicêmico: 1 a 2 meses; • Valores estão entre 5 a 8% da HbA1c total em indivíduos normais e 8 a 30% em pacientes diabéticos; • O valor mantido abaixo de 7% promove proteção contra o surgimento e a progressão das complicações microvasculares do diabetes. Glicemia Média Estimada (GME) GME = 28,7 × A1C – 46,7 Pré-Diabetes • A1C de 5.7% – 6.4% • Glicemia em Jejum de 100 – 125 mg/dL • TOTG após as 2 h entre 140 mg/dl – 199 mg/dl • Intolerância a glicose • Resistência a insulina – hiperinsulinemia • Riscos mais altos de desenvolver diabetes e doença cardiovascular • Sem sintomas • Redução dos riscos – perda de 7% do peso corporal – até 58% • Controle da dieta – dieta saudável • Exercícios físicos moderados – 150 min/ semana Diabetes Gestacional • Afeta ~18% das mulheres grávidas • Mães não-diabéticas desenvolvem resistência à insulina durante gravidez • Valores de insulina até 3x mais altos • Riscos menores para o bebê do que com mães diabéticas • Surgimento por volta dos 6 meses de gravidez • Insulina materna não atravessa placenta - Glicose atravessa placenta •Produção aumentada de insulina pelo feto •Ganho de peso excessivo do feto – pode atrapalhar no parto •Risco de hipoglicemia no neonato •Diagnóstico: - Glicemia de jejum: acima de 100mg/dL mais de duas vezes - TOTG Testes para o diagnóstico e acompanhamento do diabetes: GLICEMIA DE JEJUM • Após 8 horas de jejum; • Glicemia plasmática (mg/dL) Normal até 99mg/dl Pré-diabete 100 a 125mg/dL Diabetes 126mg/dL e acima, deve ser confirmado com novo teste em outro dia. • A amostra usada para o exame é plasma ou soro, mas também pode ser feita com sangue total, LCR e urina; • medida da glicemia em jejum é insuficiente para acompanhamento do controle glicêmico do paciente com DM * medida pontual, referente ao momento da coleta de sangue Métodos de Diagnóstico da DM Glicose em jejum acima de 125 mg/dL Hemoglobina Glicada TOTG/ Glicemia Pós-Prandial Métodos de Controle do Paciente Diabético automonitoramento da glicemia capilar Hemoglobina glicada Frutosamina *Glicose em jejum Outros Dosagem de insulina Microalbuminúria Dosagem de corpos cetônicos (cetonemia e cetonúria) Glicosúria a partir de 160-180 mg/dl de glicose no sangue Glicemia de Jejum Hipoglicemia • Diminuição da taxa de glicose no sangue; Causas: • Consumo de álcool (mais freqüente); • Jejum: alimentação insuficiente ou que não fornece carboidratos em quantidades suficientes; • Esforço físico: o funcionamento dos músculos pode ter consumido a glicose disponível no sangue e o corpo pode não ter tido tempo de liberar suas reservas - temporário em indivíduos saudáveis; • Consumo de medicamentos: como o caso de medicamentos hipoglicemiantes. Também pode ser causada por aspirina, AINEs, beta-bloqueadores não-cardiosseletivos. Sinais da hipoglicemia: • Tremor, ansiedade, nervosismo, palpitações, taquicardia, sudorese, calor, palidez, frio, pupilas dilatadas; • Fome, borborigma (“ronco” na barriga), náusea, vômito, desconforto abdominal. Sinais da hipoglicemia produzidos no cérebro: • prejuízo de suas funções (neuroglicopenia), causando enxaqueca, confusão, letargia, perda da consciência e vários outros sintomas. Esses desajustes podem ir desde um mal estar até um coma. • Glicemia abaixo de 65 mg/dl - eficiência mental diminui; • Glicemia abaixo de 40 mg/dl - limitação de ações e julgamento; • Glicemia mais baixa podem ocorrer convulsões; • Glicemia próxima ou abaixo de 10 mg/dl - neurônios ficam eletricamente desligados, resultando no coma. • Nem todas manifestações ocorrem, nem há uma ordem de ocorrência; • Manifestações específicas variam de acordo com a idade e a severidade da hipoglicemia; • Hipoglicemia severa pode resultar em morte ou dano cerebral; • Muitas pessoas podem eventualmente ter níveis gllicêmicos na faixa de hipoglicemia sem ter sintomas ou distúrbios, entretanto níveis de glicose plasmática abaixo de 70 mg/dL são considerados hipoglicêmicos; • A hipoglicemia é a complicação mais comum do diabetes, que ocorre quando há um desbalanço entre a dose de insulina, o suprimento de glicose e as refeições e atividade física.
Compartilhar