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DERIVADOS DO ACIDO FIBRICO

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DERIVADOS DO ACIDO FIBRICO (FIBRATOS): ativadores do PPAR
São fármacos ativadores do PPAR, tais como genfibrozila e o fenofibrato, que diminuem os níveis de VLDL e em alguns pacientes, de LDL também.
A genfibrozila é um ácido fenoxipentanoico não halogenado e, portanto, distinto dos fibratos halogenados. A genfibrozila é absorvida de modo quantitativo pelo intestino e liga-se fortemente às proteínas plasmáticas. Sofre circulação êntero-hepática e atravessa facilmente a placenta. A meia-vida plasmática é de 1,5 hora. Ocorre eliminação de 70% pelos rins, a maior parte em sua forma inalterada. O fígado modifica parte do fármaco a derivados hidroximetila, carboxila ou quinol. O fenofibrato é um ester isopropil totalmente hidrolisado no intestino, com meia-vida plasmática de 20 horas. Ocorre excreção de 60% na urina, na forma de glicuronídeo, enquanto cerca de 25% são excretados nas fezes.
Os fibratos atuam principalmente como ligantes do receptor de transcrição nuclear, o PPAR alfa. Esses fármacos super-regulam em nível de transcrição a LPL, a apo A-I e a apo A-II, enquanto infrarregulam a apo C-III, um inibidor da lipólise. Um efeito importante consiste no aumento da oxidação dos ácidos graxos no fígado e nos músculos estriados. Os fibratos aumentam a lipólise dos triglicerídeos das lipoproteínas pela LPL. A lipólise intracelular no tecido adiposo encontra-se diminuída. Os níveis de VLDL diminuem, devido, em parte, à secreção diminuída pelo fígado. Na maioria dos pacientes, ocorrem reduções apenas moderadas das LDLs. Em outros, particularmente os que apresentam hiperlipidemia combinada, os níveis de LDL costumam aumentar quando os triglicerídeos estão reduzidos. Os níveis de HDL-colesterol aumentam moderadamente. Parte dessa elevação aparente representa uma consequência da redução dos níveis plasmáticos de triglicerídeos, com diminuição da troca de triglicerídeos em HDL, em vez de ésteres de colesterol. 
Os fibratos são fármacos úteis nas hipertrigliceridemias em que predominam as VLDLs e na disbetalipoproteinemia. Além disso, podem ser benéficos no tratamento da hipertrigliceridemia que surge em decorrência do tratamento com inibidores das proteases virais. A dose habitual de genfibrozila é de 600 mg por via oral, 1 a 2 vezes ao dia. A dose de fenofibrato é de 1 a 3 comprimidos de 48 mg (ou um único comprimido de 145 mg) ao dia. 
Os efeitos adversos raros dos fibratos consistem em exantemas, sintomas gastrointestinais, miopatia, arritmias, hipopotassemia e níveis sanguíneos elevados de aminotransterases ou fosfatase alcalina. Alguns pacientes apresentam reduções da contagem de leucócitos ou do hematócrito. Ambos os fármacos potencializam a ação dos anticoagulantes cumarínicos e da indanediona, devendo-se ajustar a dose desses agentes. Raramente, foi constatada a ocorrência de rabdomiólise. O risco de miopatia aumenta quando os fibratos são administrados com inibidores da redutase. O fenofibrato é o fibrato de escolha para uso em associação a uma estatina. Os fibratos devem ser evitados em pacientes com disfunção hepática ou renal. Parece haver um aumento moderado no risco de cálculos biliares de colesterol, refletindo um aumento no conteúdo de colesterol da bile. Por conseguinte, os fibratos devem ser usados com cautela em pacientes com doença do trato biliar ou naqueles que apresentam alto risco dessa condição, como mulheres, pacientes obesos e índios norte-americanos. 
KATZUNG, Bertram G.; MASTERS, Susan B.; TREVOR, Antony J. Farmacologia Básica e Clínica. 12 ed. Porto Alegre : AMGH, 2014.

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