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1 Graduada pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Residência em Infectologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Preceptora do Programa de Residência Médica em Infectologia da FMUSP em 2006 e 2007. Médica Infectologista da Enfermaria da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da FMUSP. Dra. Carolina Lázari Meningites Dra. Carolina Lázari Definição • Inflamação das leptomeninges – dura máter e aracnóide – Infiltrado inflamatório / Alteração do LCR • Etiologia – Infecciosa – viral, bacteriana, fúngica, micobacteriana, parasitária – Inflamatória – doenças reumatológicas – Neoplásica – metástases para SNC 2 Epidemiologia • Incidência em adultos 0,6 a 4 casos/ 100 mil habitantes em países desenvolvidos até 10x mais em países em desenvolvimento Proporção de casos de meningite por etiologia Brasil, 2011 37,1% 41,2% 17,4% 3,3% Bacterianas Virais Não especificada Outra etiologia 38,0% 16,0% 46,0% Meningocócica Pneumocócica Não identificada TOTAL: 19.427 casos 3 Série Histórica de Doença Meningocócica Brasil 20002009 Meningite por etiologia, SP 19982011 Fonte: CVE – SESSP 4 Fonte: CVE – SESSP Meningite por etiologia, SP 19982011 Fonte: CVE – SESSP Meningite por Haemophillus em <5a, SP Meningite por etiologia, SP 1998‐2011 5 Quadro Clínico Manifestações Clínicas Manifestações Febre* Cefaléia* Rigidez de nuca* Alteração de Consciência Náusea e Vômito Petéquias Tríade clássica Baixa sensibi l idade: 44% Alta especificidade Ausência dos 3: VPN Exame Físico Baixa sensibilidade Alta especificidade 6 Diagnóstico Diagnóstico • Punção liquórica: lombar ou sub‐occipital • Sempre colher hemoculturas • Indicações de TC antes da punção l iquórica Idade > 60 anos Rebaixamento de nível de consciência Paralisia facial Disartria e alterações de linguagem Imunodepressão Doenças prévia do SNC Convulsão na última semana Alteração de campo visual Sinal focal motor Papiledema VPN = 97% 7 Suspeita de Meningite Critérios de indicação de TC Punção lombar e HMC Considerar DX ≠ DEXA + ATB empírico Resultado do LCR Ajustar ATB Colher HMC DEXA + ATB empírico TC sem contra indicação a PL Punção lombar NÃO SIM Contraindicações de Punção Normal Desvio de linha média Edema difuso intenso Análise do Líquor • Meningite Bacteriana PI = 20 a 50 cm H 2 0 Aspecto turvo Leucócitos = 1000 a 5000 Predominância de PMN – neutrófilos Glicose consumida (< 2/3 da plasmática) Proteína elevada (Normal: V:20 – O:30 – L:40) 8 Etiologia Bacteriana Viral TB Fungo Células PMN LMN Proteína Glicose ADA GRAM Tinta da China pBAAR/ PCR Diferencial Determinação da Etiologia • Características sugestivas de meningite viral – Crianças e adultos jovens – Quadro precedido por sintomas gastrointestinais ou de VAS – Estado geral preservado – Irri tação meníngea branda – Exantema EXAMES MICROBIOLÓGICOS NEGATIVOS ISOLAMENTO / PCR PARA ENTEROVÍRUS Determinação da Etiologia • Características sugestivas de meningite meningocócica Adulto jovem Início abrupto Evolução rápida Petéquias – rash purpúrico Instabi l idade hemodinâmica 9 Determinação da Etiologia • Características sugestivas de meningite pneumocócica Idade avançada Presença de otite ou sinusite Presença de pneumonia Imunodepressão: HIV e esplenectomizados TCE / Fratura de base de crânio Mastoidite Sinusite 10 Determinação da Etiologia • Fatores de risco para BGN Idade avançada Otite externa maligna (Pseudomonas) TCE / Trauma penetrante Derivações liquóricas (DVE/DVP) PO de neurocirurgia Determinação da Etiologia • Fatores de risco para Staphylococcus TCE / Trauma penetrante Derivações liquóricas (DVE/DVP) PO de neurocirurgia Celulite de face / periorbitária • Fatores de risco para Listeria Idade avançada ou < 1 mês de vida Microbiologia do Líquor • Gram: sensibi l idade = 60 a 90% (Pneumo 90% > Haemophillus 86% > Meningo 75% > BGN 50%> Listeria 30%) Diminui para 20 a 40% se ATB prévio • Cultura: sensibi l idade = 70 a 85% • Provas imunológicas: Látex, CIE Antissoro contra antígenos dos agentes Sensibi l idade de 50 a 100% dependendo do agente 11 Bacterioscopia – Coloração de Gram Diplococo Grampositivo Pneumococo Diplococo Gramnegativo Meningococo Haemophillus: cocobaci lo gramnegativo Pseudomonas,Acinetobacter: baci los gramnegativos Staphylococcus: cocos grampositivos agrupados Listeria: baci lo grampositivo Tratamento • Administração imediata de antibióticos – Escolha: Ceftriaxone ou Cefotaxima – Alternativa: Quinolona (?) ou Carbapenêmico – Considerar fatores de risco para outras etiologias e possibilidade de agente hospitalar Insti tuição Precoce de ATB Impacto em Morbidade e Mortal idade Resistência de pneumococo 12 Resistência de pneumococo Antibioticoterapia Dirigida Agente Escolha Alternativa N. meningitidis Cef3 (Cetriaxone) PeniG (MIC<0,06) Fluorquinolona (Ciprofloxacina) S. pneumoniae Cef3 (Cetriaxone) PeniG (MIC<0,06) Levofloxacina, Meropenem R= Vancomicina H. influenzae Cef3 (Cetriaxone) Cefepime, Levofloxacina, Meropenem Listeria sp Ampici l ina SMX/TMP, Meropenem BGN (Pseudomonas, Acineto) Cef3 (Ceftazidima) Cef4 (Cefepime) R= Meropenem, AMP/S, Pol imixina Staphylococcus sp Oxaci l ina R=Vancomicina, Linezol ida Antibioticoterapia Empírica Situação Agente Escolha Idade <1 mês S. agalactiae E. coli Listeria sp AMP + Cefotaxima ou Aminoglic. 1 a 23 meses Idem + S. pneumoniae N. meningitidis H. influenzae Cef3 (Ceftriaxone ou Cefotaxima)* 2 a 50 anos S. pneumoniae N. meningitidis Cef3 (Cetriaxone)* > 50 anos S. pneumoniae N. meningitidis Listeria sp Cef3 (Cetriaxone) Ampici l ina* *Associar Vancomicina se Pneumococo resistente 13 Antibioticoterapia Empírica Situação Agente Escolha Fratura de base de crânio S. pneumoniae H. influenzae Streptococcus BetaH Cef3 (Cetriaxone)* Trauma penetrante Staphylococcus (S.aureus e SCN) BGN (Pseudomonas) Oxaci l ina ou Vancomicina + Ceftazidima, Cefepime ou Meropenem PO Neurocirurgia DVE/DVP Staphylococcus (S.aureus e SCN) BGN (Pseudomonas) RESISTENTES Vancomicina + Meropenem (considear RMP) REMOVER DV *Associar Vancomicina se Pneumococo Resistente Tratamento • Administração de corticosteróides – Escolha:Dexametasona – Iniciar com a 1ª dose de ATB – Dose em adultos: 10 mg 6/6h por 4 dias – Dose em crianças: 0,15 mg/kg/dose 6/6h por 2 a 4 dias – Diminuição de mortalidade, perda auditiva e seqüelas neurológicas • Redução da letalidade: 7% X 15% (RR 0,48, 95%IC 0,240,96) • Redução de desfechos: 15% X 25% (RR 0,59, 95%IC 0,370,94) • Pneumococo: redução da letalidade (14% X 34%) e desfechos (26% X 52%) • Subgrupo Pneumococo com Glasgow 811: redução da letalidade: 22% X 52% (RR 0,43, 95%IC 0,190,95) 14 Corticóides Corticóides • Metanálise: 05 estudos randomizados, controlados, duplocegos • 2029 pacientes, todas as faixas etárias • Meningite bacteriana confirmada em 1639 (80,8%) • HIV+: 580 (28,6%) • Não houve redução de – Letalidade: 26,5% x 27,2% (0,97; 0,791,19) – Sequela neurológica grave ou surdez bilateral: 42,3% x 44,3% (0,92; 0,761,11) • Proteçãocontra surdez • Sem diferenças de subgrupo 15 Tempo de Tratamento Agente Tempo de Tratamento Neisseria meningitidis 7 dias Haemophyllus influenzae 7 dias Streptococcus pneumoniae 10 a dias Streptococcus agalactiae 14 a 21 dias Staphylococcus 14 a 21 dias BGN 21 dias Listeria monocytogenes 21 a 28 dias PO e/ou DVE/DVP Prolongado‐controles Punção controle de tratamento Somente se Resposta Inadequada Complicações Hidrocefal ia Convulsões Infarto Herniação Abcesso Cerebral Complicações Empiema subdural Abcesso cerebral 16 Sequelas • Déficit de desenvolvimento NPM • Déficit neurosensorial: auditivo, visual • Sequela motora permanente Doença Meningocócica Neisseria Meningitidis • Agente de infecção aguda grave • Causa meningite, sepse e infecções focais • Distribuição Mundial • Doença epidêmica na áfrica Subsaariana 17 Cinturão da Meningite na África Neisseria Meningitidis • Bactéria aeróbia gramnegativa capsulada • 13 sorogrupos baseados nos antígenos da cápsula polissacarídica • Maioria das doenças invasivas causadas pelos sorogrupos A, B, C, Y e W135 • Importância relativa dos sorogrupos depende do local e da faixa etária Importância do sorogrupos de Meningococo 18 Doença Meningocócica Epidemiologia • Reservatório: Humanos • Transmissão: gotículas respiratórias • Padrão sazonal: picos no inverno e começo da primavera • Pode causar surtos Doença Meningocócica Patogênese • Bactéria coloniza orofaringe • Em algumas pessoas, invade o epitélio, alcança a corrente sangüínea e causa infecção em sítio a distância – meningite • IVAS precedente pode favorecer invasão • Pode se estabelecer sepse antes do SNC 19 Doença Meningocócica Características Clínicas • Período de incubação: 34 dias (2 10) • Surgimento abrupto de febre, sinais meníngeos, hipotensão e rash • Letalidade de 9%12%; até 40% em meningococcemia Doença Meningocócica Apresentação Clínica Meningite 47,3% Otite media 1,0% Epiglotite 0,3% Bacteremia 43.3% Pneumonia 6.0% *19921996 data Meningite Meningocócica • Apresentação clínica mais comum • Resulta de disseminação hematogênica • Manifestações Febre Cefaléia Sinais de irritação meníngea 20 Meningococcemia • Infecção de corrente sanguínea por N. meningitidis com sepse • Pode ocorrer com ou sem meningite (prog) • Manifestações Febre Rash petequial/ purpúrico Hipotensão – choque séptico Evolução para DMO 21 22 Neisseria Meningitidis Fatores de Risco para Doença Invasiva • Fatores do Hospedeiro Deficiência da via terminal do Complemento Asplenia / Esplenectomia Fatores genéticos • Fatores de Exposição Exposição domici l iar Fatores demográficos e socioeconômicos – aglomerações Infecção do trato respiratório superior concomitante Tabagismo ativo e passivo Neisseria Meningitidis Tratamento • Cefalosporina 3G ou Penicilina • Suporte clínico • Tratamento da Sepse • Isolamento respiratório nas 1 as 24h de ATB 23 Neisseria Meningitidis Profilaxia • Vacina polissacarídica Meningo AC Tindependente – Não induz memória Proteção transitória e de curta duração Reforços podem induzir tolerância Ineficaz em menores de 2 anos Neisseria Meningitidis Profilaxia • Vacina Meningoconjugada Antígeno conjugado a proteína (TT) Tdependente – Induz memória imunológica Proteção duradoura Reforços têm efei to “ booster” Eficaz em menores de 2 anos Brasi l – MeningoC (incluída PNI em 2010) Esquema: 3 e 5 meses. Reforço a partir de 12 meses. Mais recente: Combinada A, C, Y e W135 24 Neisseria Meningitidis Profilaxia • Outras indicações de MeningoC (CRIE) Asplenia anatômica ou funcional e doenças relacionadas Imunodeficiências congênitas da imunidade humoral, particularmente d complemento Pessoas menores de 13 anos com HIV/AIDS Implante de cóclea Doenças de depósito Neisseria Meningitidis Profilaxia Pósexposição Até 48 horas após exposição Todos os contatos Rifampicina Adultos 600mg 12/12h por 2 dias Crianças: 10 mg/kg/dose 12/12h por 2 dias Ciprofloxacina – alternativa não oficial Contato íntimo: moradores do mesmo domicíl io, indivíduos que comparti lham o mesmo dormitório, comunicantes de creches e pessoas diretamente expostas às secreções do paciente. Contato > 6 horas (10 dias) DÚVIDAS Na área restrita do aluno no item Dúvidas
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