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apresenta
CAIXA CULTURAL RIO DE JANEIRO
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de Estado da Fazendo
Guido Mantega
Presidenta da Caixa Econômica Federal
Maria Fernanda Ramos Coelho
Caixa Cultural
20 de julho a 17 de setembro de 2006
Rio de Janeiro
Curadoria: Denise Mattar
Consultoria: Elisabeth di Cavalcanti
4
5
Di Cavalcanti foi, sem dúvida, o perfeito carioca. Seu espírito 
irreverente e boêmio e sua inclinação para as artes traduziram com 
fi delidade a vocação humanista que sempre identifi cou a cidade do 
Rio de Janeiro.
Esta mostra reúne 110 trabalhos do artista, sendo 51 pinturas e 59 
desenhos, alguns dos quais jamais vistos pelo público brasileiro, um 
mosaico singular de sua vasta produção. 
De seu pincel e de sua paleta nasceram imagens que refl etem o 
ambiente gregário e multifacético da cidade do Rio de Janeiro: mulatas, 
sambistas, malandros, paisagens, cenas de carnaval, reproduzindo a 
empatia com a vida carioca, traduzida em sua afi rmação: “Eu não 
poderia viver sem o Rio de Janeiro, porque tudo o que vejo como 
pintor se integra na paisagem carioca”.
DI CAVALCANTI - UM PERFEITO CARIOCA traz, ao lado do eterno Di 
pintor, o Di poeta. Ele devotou às letras um amor quase tão profundo 
quanto à pintura, e foi mesmo no ambiente de uma livraria que ele 
viria a fazer sua primeira exposição individual, em 1917.
Na mostra estão ainda incluídas as quatro telas que o artista produziu, 
em 1968, sob encomenda da CAIXA, para ilustrar os bilhetes da Loteria 
Federal. Os temas foram a Inconfi dência, o São João, a Independência 
e o Natal. E o artista se desincumbiu com mestria, lançando mão de 
seu fértil imaginário.
Ao reconhecer que “a nossa arte tem de ser como a nossa comida, 
o nosso ar, o nosso mar, tem de ser reveladora de nossa cultura, pois 
a boa arte é sempre cultural, e sua dimensão própria é a de antecipar 
um momento cultural”, talvez o pintor não vislumbrasse a dimensão 
exata do que acabou se transformando a arte brasileira nos últimos 
anos: aquela arte sonhada por Di vem, como ele pregou, revelando e 
antecipando a cultura nacional, e já se pode perceber a força dessa 
arte pela penetração que tem esse “fazer brasileiro” em outras partes 
do mundo, esse “fazer brasileiro” que tanto deve a Di sua exaltação.
Voltada a estimular a criação artística e benefi ciar a aproximação da 
comunidade aos bens culturais, a presente mostra visa, dessa maneira, 
a contribuir para a renovação, a ampliação e o fortalecimento da 
cultura nacional.
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
Um Perfeito Brasileiro
6
7
Meu primeiro contato com a Caixa Econômica 
Federal deve-se a um pedido de autorização 
para reprodução de imagem de obra de Di 
Cavalcanti, pertencente a seu acervo, para a 
Unicef, em 2005. 
O tempo passou e eis que fui procurada para 
a realização de um projeto quimérico, visto 
a exigüidade de tempo – dois meses – para 
fazermos uma exposição com o pintor-maior 
Di Cavalcanti, neste novo espaço magnífi co de 
1.000m2, direcionado a exposições e eventos 
de arte que a Cidade de São Sebastião do Rio 
de Janeiro recebe hoje da Caixa Econômica 
Federal, perto, pertinho de um local tão à la 
mode, nas décadas de 1920 e 1930, da famosa 
Galeria Cruzeiro, vizinha de múltiplos bares, 
terreno que hoje aloja o Edifício Central, e onde 
Di Cavalcanti, após apresentação apoteótica de 
Isadora Duncan a estudantes embasbacados, 
tomou sua primeira dose de whisky. 
A apresentação de Isadora Duncan aconteceu 
no Theatro Municipal em 1916, assim como 
a participação de Di Cavalcanti no I Salão de 
Humoristas no Liceu de Artes & Ofícios, 
quando nosso artista começou “a conviver 
com o mundo intelectual carioca”. (1971) Há, 
exatamente, noventa anos, no Liceu que, antes 
de ser transferido em 1958 para a Praça Onze 
– rua Frederico Silva, 86 –, ocupava justamente 
o terreno – Avenida Rio Branco, 174 – que hoje 
abriga a Caixa Econômica Federal e seu novo 
espaço cultural! 
 Na ocasião do convite, a única pessoa que 
me ocorreu, devido à intimidade visceral com 
a obra de Di Cavalcanti (duas retrospectivas 
efetuadas no centenário de seu nascimento, 
1997, no MAM-RJ e no CCBB-RJ), foi a fi gura 
elétrica e articulada da curadora Denise Mattar, 
por seu profi ssionalismo e pelo seu fazer, na 
concepção máxima da palavra.
Di Cavalcanti - Meu Pai
Simplesmente Carioca, Di Cavalcanti. Rio 
de Janeiro, cidade amada, decantada em 
prosa oral e escrita, em versos bissextos; tão 
intensamente sentida e porquanto vibrante em 
sua obra pictórica:
“Tenho aqui alimentado minhas aventuras e 
minhas ilusões, aqui dia a dia me encontro 
sempre disposto a sentir os fatos e as coisas 
que se apresentam. Esta cidade que nada 
repele, recebe a todos e a todos dá um 
cantinho.” (1964)
“Rio, meu Rio querido, que tudo guarda: os 
entes puros e as almas danadas, e que me 
ensina a viver como se deve viver e como 
eu vivo, só desejando ser o homem de tuas 
ruas.” (1964)
Carioca, ser carioca seria tão simplesmente 
um registro de local de nascimento ou seria o 
abraçar sensual de toda uma irreverência, uma 
deliciosa irreverência que produz e produziu um 
contingente de artistas amantes de luz, cores, 
música e exaltações?
O personagem Di Cavalcanti é profundamente 
marcado pelos subúrbios do Rio de Janeiro 
– e, é claro, pelo querido bairro de seus verdes 
anos, São Cristóvão, onde ele se deliciava 
com o lirismo das modinhas, do Carnaval, dos 
circos, da volúpia do mar e dos mistérios do 
mundo feminino que imperava na casa de seu 
avô, o velho e benevolente Capitão Senna.
Quantas e quantas vezes não fui “passear” no 
passado de meu pai: ruas de São Cristóvão, 
Gamboa, morro do Pinto, Quinta da Boa Vista, 
Floresta da Tijuca? Creio que o que fi cou 
faltando foi o Mangue, com suas opulentas 
mulheres a que todos recebiam como 
confi dentes e amantes, testemunhas de sua 
descoberta da Lapa, ponto de boêmia, com 
seus bares, lupanares e cantares de músicos 
e poetas.
8
Segundo Di Cavalcanti, o verdadeiro Rio de 
Janeiro era aquele que ia, no máximo, até o Túnel 
Novo. Após o túnel, o Rio se descaracterizava 
e passava a ser simplesmente um mero 
balneário, sem maior expressão. Para o artista, 
cada bairro “tem sua vida própria, um fi lho 
dileto: compos itor musical, poeta ou grande 
médico, grande prelado, sábio, militar, palhaço, 
jurista”. (1964)
São Cristóvão fi cou em sua memória não só 
como o doce lugar de sua infância, mas também 
como fonte de sua consciência primeira da árdua 
vida dos trabalhadores habitantes de vielas 
decadentes e miseráveis, assim como dos 
estivadores da Gamboa e dos coveiros do Caju. 
Esta visão foi semente de seu inconformismo 
social e o caminhar precursor em direção a uma 
resposta política, culminando com sua afi liação 
ao Partido Comunista, em 1928.
Seu lar, embora simples, era iluminado por 
saraus com rasgos apaixonados de poetas 
(Olavo Bilac), de políticos abolicionistas (José 
do Patrocínio, casado com sua tia-materna 
Bibi), da mistura de música clássica (Chopin 
– o compositor favorito de sua mãe) e das 
modinhas de Catulo da Paixão Cearense, os 
tangos de Ernesto Nazaré e outros. A música 
se torna essencial para a formação de sua 
sensibilidade, de sua imaginação:
“A imaginação é tudo para o artista... tira 
da areia da praia o brilho dos diamantes 
para o colar das musas, dá vida às coisas 
mortas... Minha salvação é o poder lírico 
que me domina, é descobrir nas coisas mais 
inexpressivas as fl ores violentas da árvore da 
criação.” (1955)
Em São Cristóvão, o jovem Di olhava e via, 
maravilhado, as bandas nos coretos, os desfi les 
carnavalescos, os cordões:
“Se na minha formação artística uma coisa 
tem importância é o carnaval carioca. Mais 
do que as festas de igreja que, aliás, também 
infl uenciarammeu eterno deslumbramento 
pelo mundo místico... Do carnaval carioca eu 
tirei o amor à cor, ao ritmo, a sensualidade de 
um Brasil virginal.” (1964) 
Rio de Janeiro, cidade banhada de mar... O 
mar para Di torna-se uma necessidade d’alma 
e porquanto estética, e assim mantém-se 
absurdamente presente em seus quadros e 
desenhos, seja em enseadas, velas, redes, 
cestos, peixes, o horizonte tão azul – onde o 
cerúleo impera majestoso; o infi nito... 
“Sempre que podia corria para me iluminar 
com esta luz, banhar-me nestas águas e aqui 
amar.” (1964)
“Fecha os olhos
Diante do mar,
Ouve apenas as ondas
Batendo na praia.” (1964)
Batalho para que Di Cavalcanti não seja 
conhecido tão-somente como o “pintor das 
mulatas”. É por demais simplista! Quanto mais 
pesquiso, embalada por caras lembranças 
de seus pincéis, tintas e telas, mais fi co 
deslumbrada com sua capacidade ímpar de 
criação – composições, formas, cores, luzes, 
penumbras. Di Cavalcanti não era o pintor das 
mulatas e sim do universo feminino, fossem 
as mulheres brancas, negras ou mulatas. O 
universo eminentemente feminino de sua 
meninice: 
“Criei-me num mundo estranho... entre 
os braços de não sei quantas mulheres: 
minhas amas, minhas tias, amigas de minha 
mãe e de minhas tias, minhas avós e tias-
avós; distribuído como um mimo para todo o 
mundo.” (1955)
 o faz o eterno enamorado de toda e qualquer 
nova lânguida musa, nascendo das ondas de 
seu Rio de Janeiro, “o amoroso de muitos 
amores”:
“Só o amor alimentou minha vida e deu-me 
sempre o orgulho de existir.” (1964)
9
Di Cavalcanti amava três cidades: Paris, coquete 
civilizante com suas omelettes baveuses e suas 
livrarias envolventes; São Paulo, lugar de troca 
de idéias com amigos diletos, das idas aos 
potins da intelectualidade; e o Rio de Janeiro, 
útero urbano onde brilha com fervor eclesiástico 
o “encarnado” (vermeillon de Chine) de um 
beijo, do sol, da traição; da traição do amor, da 
humilde e exasperante “dor de cotovelo”.
Quando falo sobre meu Pai com pessoas 
que o tenham de alguma forma conhecido, 
imediatamente olhos brilham e exaltam o 
causeur maior, contador de casos e mais casos 
– não inventados, mas intensamente vividos. 
Quando seu discurso poderia se transformar 
em algo enfadonho, eis que ele o transforma 
com sua carioquice – por meio de todo tipo 
de antíteses – em algo totalmente irreverente 
e porquanto inesperado. E a roda toda, a roda 
dos admiradores e dos arrivistas explode em 
gargalhadas. Gargalhadas que muitas vezes não 
repensam e não pesam o que está por trás de 
tudo aquilo – a consciência amarga da exploração 
do homem, de sua própria exploração.
Sair com ele era uma festa. Com todos 
conversava – sem distinção: camelô, taxista, 
garçom, lixeiro, empresário, banqueiro, 
político, desvairado, poeta. A todos conhecia 
e cumprimentava. Com um piscar de olhos 
maroto, com um olá, com um xisto e com um 
acenar ou somente um menear. E para todos 
era o “Seu Di” ou o “Di Cavalcanti”. Na imensa 
pirâmide social, todos tinham valor, o mesmo 
valor inerente a cada ser humano: 
“A vida é para o pintor, mais do que para 
qualquer outro artista, um espetáculo. E dos 
espetáculos da vida o que mais me comove é 
aquele onde o homem se apresenta em sua 
plenitude.” (1964)
Dentro de seu conceito, todos podiam tudo, 
menos é claro – havia esta distinção – ser 
chatos ou medíocres:
“Ah! O horror da perseguição dos medíocres 
ao artista! Sadismo ignóbil que tudo adultera” 
(1964)
Di Cavalcanti amava o homem simples, o 
homem do povo. Seu dinamismo intelectual o 
levava até este homem tão despido, desmunido 
e, sobretudo, amava os poetas, os que vivem 
do amor e para o amor:
“aqueles que andam a esmo são loucos, são 
poetas: são os que me interessam”. (1964)
Di Cavalcanti amou. Amou a todas e a todos. 
Amou o seu Rio de Janeiro, o seu país. 
Simplesmente amou...
Numa tarde lapidar, vindo do centro da cidade, 
o carro rodava lentamente sobre uma pista do 
Aterro. De repente, apareceu à esquerda o Pão 
de Açúcar recortado contra um céu rosáceo: 
– Olhe só, minha fi lha, fazem de tudo para 
destruir o Rio, mas não conseguem!
“Que me enterrem sem pompas, mas com 
dignidade. Mereço um palmo de terra nesta 
cidade que amo tanto!” (1964)
Você merece muito mais, meu Pai, você merece 
o respeito, a admiração e o amor pela pessoa 
e pelo artista que você foi e continua sendo; 
pelo artista que você é, por este dom de beleza 
que você deixou em legado à sua cidade do Rio 
de Janeiro; que você deixou a todos aqueles 
que são reverenciadores e amantes de sua 
arte; esta sua arte tão cantante e exaltante das 
paisagens e dos tipos humanos brasileiros.
Elisabeth di Cavalcanti
Referências:
Di Cavalcanti, 1955. Viagem de Minha Vida.
___________, 1964. Reminiscências Líricas de 
um Perfeito Carioca.
___________, 1971. Depoimento ao MIS de São 
Paulo, feito na casa de Luís Lopes Coelho. 
10
11
Ao ser convidada para realizar, em tempo 
recorde, uma exposição sobre Di Cavalcanti, 
inaugurando o novo espaço da Caixa Cultural no 
Rio de Janeiro, imediatamente pensei no amor 
do artista pela cidade, um aspecto que já havia 
chamado minha atenção quando preparei sua 
retrospectiva em 1997. Di Cavalcanti, ao longo 
de sua vida, pintou inúmeras vezes a paisagem 
carioca, e em seus livros Viagem de minha 
vida e Reminiscências líricas de um perfeito 
carioca reiterou este amor de forma poética e 
envolvente. Desenhou-se então o recorte da 
exposição que, além de ser uma declaração de 
amor ao Rio de Janeiro, apresenta uma faceta 
muito pouco conhecida do artista desfazendo 
vários mitos cristalizados sobre sua obra.
A exposição reúne 110 obras entre óleos, 
desenhos e aquarelas e, embora não tenha 
um caráter cronológico permite a leitura do 
percurso do artista e do poeta. 
A partir dos textos dos seus livros a mostra foi 
dividida em quatro núcleos:
Rio de Janeiro, terra do amor reúne obras 
que retratam uma cidade que não existe 
mais, favelas românticas, visões de balcões 
debruçando-se sobre “pequeninos jardins”, e 
“caminhos coloridos”. Ao fundo, as montanhas, 
e sempre o mar, “uma cidade envolvendo-se 
em luz e água”, que revela uma paleta pouco 
conhecida do pintor, na qual o vermelho 
encarnado dá lugar ao azul cerúleo.
Banal Maravilhoso mostra o mundo do subúrbio, 
tantas vezes retratado pelo artista, com seus 
pescadores, gafi eiras, palhaços, meretrizes, 
circos, mercados, e bordéis, que transpiram a 
realismo mágico, como o carnaval, onde “tudo 
é mau gosto, tudo é péssimo gosto, tudo é 
banal, banal maravilhoso”.
Di Cavalcanti - Um Perfeito Carioca
Elas, as mulheres, não poderiam deixar de estar 
presentes nesta mostra do eterno apaixonado 
Di Cavalcanti, para quem o Brasil era um país 
“essencialmente feminino”. Muito além do 
mistério das mulatas, que ele “madonizou”, Di 
pintou negras, brancas, ricas, pobres, e loiras, 
sempre num clima lírico e sensual, dolente, 
langoroso, chamando todos os sentidos.
Conquistador de Lirismos reúne ilustrações, 
desenhos, caricaturas, aquarelas e guaches, 
que percorrem a carreira do artista, e revelam 
seu traço preciso e ágil desde 1920 até os anos 
1970.
Fazem parte da exposição os quatro óleos 
criados por Di Cavalcanti, em 1969, para ilustrar 
os bilhetes de loteria da Caixa Econômica 
Federal, que agora, mantendo sua tradição de 
apoiar as artes, homenageia o Rio de Janeiro 
com este novo e belíssimo espaço cultural.
Uma exposição é sempre um trabalho de 
muitas pessoas, mas nesse caso é também o 
resultado do esforço de arquitetos, engenheiros, 
eletricistas, técnicos de luz, de som, de 
climatização, que trabalharam diuturnamente 
neste último momento. Agradeço a Marcus de 
Flora e Elisabeth di Cavalcanti a oportunidade de 
realizar esta mostra,a todos os colecionadores 
e instituições que cederam suas obras e 
à equipe, que sempre me acompanha, 
Guilherme Isnard, Mauro Campello, Izabel 
Ferreira, Raquel Silva, Fernanda Lopes, Gabriel 
Mattar e Jorge Kugler. Agradeço também aos 
companheiros da aventura que foi preparar a 
tempo esta exposição: Rose Rodrigo Octávio, 
Cláudia Noronha, Gustavo Martins de Almeida, 
e, especialmente, à equipe da Caixa Cultural.
Denise Mattar
Curadora
12
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e 
Mello, que aparece registrado em quase todas 
as suas referências biográfi cas.
Passou a infância no bairro de São Cristóvão, 
e embora tivesse uma vida típica de classe 
média, o parentesco com o abolicionista 
José do Patrocínio (casado com sua tia Maria 
Henriqueta) o levou a conviver desde criança 
com a música e a literatura.
Um de seus vizinhos era o pintor Puga Garcia 
que cedo percebeu o talento para o desenho 
daquele menino. A morte de seu pai, em 1914, 
foi provavelmente o fator determinante para 
que ele não tenha cursado a Escola Nacional de 
Belas Artes (que certamente detestaria). Aos 
dezessete anos Di viu-se obrigado a trabalhar e 
essa necessidade de se manter o acompanhou 
por toda vida, sendo um fator que o distinguiu 
dos outros modernistas e que o deixou sempre 
mais perto da vida real.
Di começou sua carreira e formou-se como 
artista por meio da imprensa, trabalhando 
como caricaturista e ilustrador. Em 1916 
participou do I Salão dos Humoristas, no Liceu 
de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. No ano 
seguinte foi para São Paulo, onde freqüentou 
a Faculdade de Direito, por três anos. A opção 
pela cidade, quase certamente foi feita pelo 
fato de que o mercado de trabalho era mais 
promissor e aberto do que no Rio, conforme 
aponta Ana Paula Simioni, autora do livro Di 
Cavalcanti Ilustrador1. Pobre, mas com boas 
referências, e especialmente talentoso, ele 
conseguiu rapidamente se inserir no círculo dos 
intelectuais vinculados aos jornais. Segundo 
Anita Malfatti ele ajudou a convencê-la a realizar 
a famosa exposição de 1917, que abalaria São 
Paulo.
Em suas memórias Di Cavalcanti deixa claro 
que as amizades de sua família foram trunfos 
importantes para que ele entrasse no meio 
jornalístico e literário:
As cartas de Bilac recomendavam-me a 
Roberto Moreira, Nestor Pestana e Amadeu 
Amaral. Minha mãe recomendou-me a 
Di Cavalcanti dizia sobre ele mesmo: “Eu sou 
meu personagem”, e nada poderia defi ni-lo 
melhor. Autodidata, ilustrador, desenhista, 
caricaturista e pintor, o artista era também 
profundamente ligado à literatura. Em 1955 
publicou o livro de memórias Viagem de 
minha vida, e, em 1964, fez uma emocionada 
declaração de amor ao Rio de Janeiro, em 
Reminiscências Líricas de um perfeito carioca. 
Ambos surpreendem pela qualidade poética e 
são uma chave importante para a compreensão 
de sua obra plástica e de sua personalidade.
Famoso e valorizado, e ao mesmo tempo pouco 
visto e estudado, Di Cavalcanti teve sua última 
grande mostra individual realizada em 1997 por 
ocasião do centenário de seu nascimento. 
Pertencendo ao mundo do realismo mágico a 
obra de Di Cavalcanti transita entre opostos que 
ele faz conviver: o lirismo e a sensualidade, o 
real e o fantástico, o cotidiano e o extraordinário, 
o compromisso social e o hedonismo, a razão 
e a emoção. Sua pessoa, tão fascinante quanto 
sua obra, marcou gerações de artistas plásticos, 
escritores e poetas. São inúmeros os poemas 
a ele dedicados por nomes como Carlos 
Drummond de Andrade, Augusto Frederico 
Schmidt, Antonio Maria, Nássara, Vinicius de 
Morais, e as opiniões de críticos como Mário 
de Andrade, Mário Pedrosa, Roberto Pontual, 
Antonio Bento, Aracy Amaral, entre outros. 
Sua trajetória é, de longe, a mais consistente 
do grupo dos artistas modernistas de 1922, 
e revela a sua independência e carisma, sua 
capacidade de adaptação e transformação. 
Di Cavalcanti, cujo nome era Emiliano de 
Albuquerque e Mello, nasceu no dia 6 de 
setembro de 1897 no Rio de Janeiro. Era fi lho 
de Rosália e Frederico Augusto de Albuquerque 
Mello, ambos descendentes dos Cavalcanti do 
estado da Paraíba. Desde cedo adotou seu 
nome artístico, sonoro e efi ciente, quase uma 
logomarca, originário do apelido Didi. Também 
“adaptou” seu nome de família para o imponente 
Viagem de uma vida
13
Alfredo Pujol, amigo dela desde as primeiras 
letras. Com estas cartas conquistei São Paulo 
(...) 
Nessa época conheci gente que não acabava 
mais, como Oswald de Andrade, Monteiro 
Lobato, Guilherme de Almeida, Mário de 
Andrade. No Rio, meu grupo era o de Jaime 
Ovalle, Ronald de Carvalho, Raul de Leone, 
Álvaro Moreyra. Eu transitava entre a vida 
literária do Rio e São Paulo.
Esta capacidade de circular entre as duas 
cidades, e nelas entre grupos rivais é outra 
característica que distingue Di Cavalcanti 
de seus contemporâneos, e será a origem 
da participação tão especial que ele terá na 
Semana de Arte Moderna de 1922.
As ilustrações de Di Cavalcanti têm 
características Art Nouveau e um traço leve e 
elegante. São duas as principais infl uências que 
se pode perceber no jovem artista: J.Carlos, na 
utilização de recortes circulares e Beardsley 
nas grandes superfícies negras, sinuosas e 
dramáticas, mas o que chama a atenção é a 
fl uência de seu desenho, que será sempre a 
base de seu trabalho. A atividade do artista é 
admirável entre 1918 e 1921. Em São Paulo 
ele dirige e ilustra a revista Panóplia e livros de 
Sérgio Milliet, Guilherme de Almeida, Ribeiro 
Couto, Mário de Andrade, entre outros. No Rio 
colabora com a revista Guanabara e realiza os 
cenários e fi gurinos para o Balé Carnaval das 
Crianças de Villa-Lobos, dos quais três são 
apresentados na exposição.
Já em 1918 Di começara a defi nir sua opção 
pelas artes plásticas freqüentando o atelier de 
George Fischer Elpons. Segundo Carlos Zílio 21, 
Elpons proporcionou a ele um aprendizado de 
pintura sem a rigidez das “belas-artes”, mas, 
principalmente trouxe informações sobre os 
movimentos europeus que Di não encontraria 
entre a maioria dos artistas brasileiros. Outro 
nome importante na formação do artista foi 
Paulo Barreto, ou João do Rio. Cronista famoso, 
tradutor de Oscar Wilde, autor de “A Alma 
Encantadora das Ruas”, o escritor apresentou 
Di ao submundo carioca, que sobrevivia acuado 
pela reforma urbana empreendida pelo prefeito 
Pereira Passos. O resultado desta convivência 
foi a série Os Fantoches da Meia-noite que 
o artista realizou em 1921 e apresentou em 
exposição realizada em São Paulo.
Saí da Lapa para a aventura da Semana de 
Arte Moderna em São Paulo, com o coração 
transbordando de aventuras amorosas, com 
a boca amarga do álcool mau e as mãos 
cansadas de desenhar o que eu via num 
mundo de Fantoches da Meia-Noite.
O conjunto de dezesseis guaches, dos quais 
dez estão apresentados na exposição, é 
extremamente moderno para a época e de 
grande impacto até hoje. Foi editado por 
Monteiro Lobato como um álbum de luxo 
e lançado no mercado em 1922. Presos 
por cordéis, oprimidos por gigantescas 
sombras e escondidos nos cantos do papel, 
os personagens criados por Di se esgueiram 
na noite. O belo prefácio de Ribeiro Couto 
descreve, num clima carregado de melancolia, 
uma conversa entre o poeta e o pintor:
- Fantoches da meia noite... Como são 
infelizes, trágicos!
- Infi nitamente, meu caro pintor. Devemos 
ter o ar vagabundo dos fi losofos sem 
importância. Começamos a dizer baixo 
refl exões penosas.
- Nós também somos fantoches.
- Evidentemente.
- São todos, somos todos fantoches...Não 
vês os cordéis do destino a move-los, a 
mover-nos? São cordéis imponderáveis... E o 
destino sabe articular-nos com habilidades de 
contra-regra cruel...
- Se eu conseguisse cortar os meus cordéis!
- Depois não poderias mover-tesozinho.
- É verdade... Não tinha pensado.
- Somos de papelão, meu caro poeta...
Saímos. Temos um ultimo olhar para o 
pianista doloroso. Vamos depois procurar 
outras coisas, pelas imediações da praça 
fatigada. Há lugares alegres por aqui, mas os 
nossos olhos desencantados vêm sempre os 
cordéis da fatalidade.
- Nunca nos poderemos divertir. Porque será 
que enxergamos esses fi os que movem as 
criaturas? Elas não sabem de nada... E nós 
vemos tudo...
14
Paris pôs uma marca na minha inteligência. 
Foi como criar em mim uma nova natureza e 
o meu amor à Europa transformou meu amor 
à vida em amor a tudo que é civilizado. E 
como civilizado comecei a conhecer a minha 
terra. (...) Quando voltei de minha primeira 
viagem à Europa, senti plenamente a força 
lírica do Rio de Janeiro e verifi quei que desta 
magia iria viver a vida inteira.
Di Cavalcanti no seu retorno ao Brasil pintou 
obras emblemáticas como Meninas de 
Guaratinguetá, Samba, e os painéis do Teatro 
João Caetano. Este foi seu primeiro trabalho 
público e nele já estão defi nidas as linhas 
mestras da temática, composição e cor que 
o artista irá usar por toda a vida. Apesar da 
expressividade do conjunto ele não foi bem 
recebido pela crítica da época: “O teatro em 
si não é decorado. Somente o bar (foyer) 
apresenta ornamentação, misto de singeleza 
e extravagância e cujos bizarrismos de algum 
modo caracterizam assuntos regionais. Não 
vamos dizer que esta peça se compare em 
beleza ao foyer do Ópera...”. 5
Na busca pela brasilidade Di Cavalcanti elegeu 
como tema, para sempre, as bordas da 
cidade, as pessoas comuns, os sub-urbanos, 
retratados na favela, nos botecos, nas docas e 
nos bordéis. Mário Pedrosa assim descrevia a 
temática de Di:
Di foi o primeiro a trazer para a pintura a 
gente dos morros, a gente dos subúrbios, 
onde nasceu o samba. Sendo o mais 
brasileiro dos artistas, foi o primeiro a sentir 
que entre o interior, a roça, o sertão e a 
avenida, o “centro civilizado”, havia uma zona 
de mediação − o subúrbio. No subúrbio vive 
o verdadeiro autóctone da grande cidade. Já 
não é caipira, mas ainda não é cosmopolita. 
O que lá se passa é autêntico, de origem e de 
sensibilidade.6
O desenho terá sempre uma presença marcante 
na sua obra, aliado a uma profusão de cores 
que irão se tornando cada vez mais intensas, 
com o passar dos anos. Sua composição 
também será sempre excessiva e exuberante, 
- Será hoje, talvez, porque estamos profundos...
 É bastante desagradável estar profundo.
- É inútil.3
Di Cavalcanti atribuía a si próprio a idéia da 
realização da Semana de Arte Moderna de 
1922, e, principalmente, a conquista da 
participação de Graça Aranha para a causa 
modernista. Hoje é corrente rejeitar a afi rmação 
atribuindo a idéia do evento a Marinete Prado, 
mas ninguém contesta a importância de Di 
Cavalcanti para a realização do evento. Como 
vimos ele era atuante, articuladíssimo, um 
integrante ativo e não um convidado do grupo 
dos modernistas de São Paulo.
O artista realizou o catálogo e o programa 
da Semana, organizou a participação de Villa-
Lobos, e convidou vários artistas, entre eles 
Ferrignac e Martins Ribeiro. Na lista de obras 
da exposição constam doze de seus trabalhos, 
entre os quais, Café Turco, Retrato, O Homem 
do Mar, A Piedade da Inerte, que se perderam. 
Sabe-se, entretanto, que pertenciam à sua 
fase penumbrista, famosa por uma dedicatória 
feita por Mário de Andrade na qual o chamava 
de “o menestrel dos tons velados”.
Em 1923 Di Cavalcanti, casado com sua 
prima Maria, viaja pela primeira vez à Europa, 
permanecendo em Paris como jornalista por dois 
anos. Freqüentou a Academia Ranson. Visitou 
museus e exposições, assistiu a espetáculos 
de dança e de jazz. Ficou “alucinado”4 com os 
expressionistas alemães. Conheceu Picasso, 
Léger, Matisse, Eric Satie, Jean Cocteau e 
outros intelectuais franceses. Viajou à Itália 
para ver Tiziano, Michelangelo e Da Vinci. 
Manteve relações com o Brasil encontrando 
Anita Malfatti, Brecheret e Villa-Lobos que 
também estavam na cidade, e trocando cartas 
com Mário de Andrade. Numa delas combina o 
envio de uma ilustração para a Klaxon, ambas, 
carta e gravura podem ser vistas na exposição.
Este contato com a vanguarda européia e 
com os grandes mestres do passado foi 
fundamental para o artista, que voltou renovado 
e consciente do que pretendia buscar.
15
como um espelho de sua personalidade. Numa 
crítica realizada em 1958, Sérgio Milliet observa 
esta coerência do artista: “no Di de 1920 já se 
percebe o Di de 1958. São 38 anos e o que 
se vê na linha seguida é o desenvolvimento de 
uma mesma vontade criadora...”.7
As infl uências que ele trouxera da Escola de 
Paris, notadamente Picasso, Lhote e Leger, 
são bastante visíveis neste momento, dos 
alemães fi cou presente no seu desenho o traço 
de George Grosz. Segundo Aracy Amaral “a 
sinuosidade dolente [caracteriza] sua produção 
pictórica da segunda metade dos anos 20, um 
momento de excelência em sua contribuição, 
quando praticamente inexiste a reta em suas 
composições sem sombras, nas quais o povo 
já é o grande personagem, captado por ele em 
seus afazeres e lazeres”.8
Os óleos Meninas cariocas, Banhistas na 
praia, Duas Mulheres, Moleque, Paisagem de 
Subúrbio, Gasômetro, Paquetá, e Maternidade 
são registros desta faceta, assim como as 
aquarelas Estudos para o painel do teatro João 
Caetano, Samba, Mangue, e três outras que 
retratam uma mesa de bar, a mulher com 
lorgnon e uma estranha mulher de costas. 
Exímio desenhista Di Cavalcanti realiza como 
poucos a difi cílima técnica do scratchboard 
na qual, a partir de uma camada de nanquim 
aplicada sobre a superfície do papel, o 
artista “arranha” a tinta com uma pena seca 
revelando o fundo branco. Desses desenhos 
em negativo, de grande efeito dramático, sete, 
de diferentes épocas, estão representados na 
mostra.
Di Cavalcanti teve seu trabalho interrompido na 
década de 1930 por perseguições políticas. Foi 
preso em São Paulo como getulista, e na volta 
para o Rio, como comunista. Na série de doze 
caricaturas intitulada “Realidade Brasileira”, 
Di satirizou os comportamentos sociais e 
políticos do país. Setenta anos depois todos 
os temas levantados permanecem atuais: 
corrupção, infl uência estrangeira, a truculência 
da polícia, a inefi ciência dos políticos, o poder 
do dinheiro. Para se esconder, Di Cavalcanti, 
já vivendo com a pintora Noêmia Mourão, 
morou por algum tempo em Paquetá e desta 
permanência resultou uma intimidade com 
a pequena ilha, que ele pintou muitas vezes 
ao longo de sua vida. A série completa das 
caricaturas e cinco obras retratando Paquetá 
ilustram este momento.
Em 1936 Di conseguiu fugir para Paris onde 
permaneceu por quatro anos, trabalhando para 
a Radio Diffusion Française. Neste período, e 
durante toda a década de 1940, o lirismo e uma 
sensualidade langorosa tomam conta das telas 
do artista. É um período romântico, de retratos 
imaginados, no qual as mulheres têm olhos 
doces e os ambientes são cuidadosamente 
pintados, com detalhes sutis. O poeta Murilo 
Mendes, em crônica de 1949, assim descrevia 
o artista:
Vi logo que ele amava a pintura com 
voluptuosidade, pelo que refl ete das 
possibilidades e das ondulações da fi gura 
humana, da carne feminina, do lirismo do 
povo em suas vibrações de liberdade, da 
matéria viva que se oferece aos dedos do 
amante e do pintor. Todos os sentidos eram 
convocados para o exame da tela que ia 
surgindo das profundidades da solicitude 
e da ternura do artista, como um objeto 
amorável.9
Registros excepcionais desta fase são as obras 
Menina do Circo e Três Mulheres, pintadas em 
Paris, as duas obras Gafi eira (pela primeira vez 
reunidas) e os retratos Abigail e Mulher com 
Leque.
Di, no seu interesse pela poesia do cotidianopintou o surgimento das favelas em Paisagem 
de Subúrbio e Morro da Favela, e retratou 
muitas vezes os pescadores da Gamboa, do 
Caju, do porto de Maria Angu, lugares que 
foram destruídos pela poluição. As duas telas 
intituladas Pescadores, a obra Mulheres de 
Pescadores e a antológica Domingo na Praia 
pertencem a esta vertente, assim vista por 
Mário Pedrosa:
16
produziu melhor e por muito mais tempo.
Entre 1958 e 1971 Di Cavalcanti realizou mais 
de dez obras monumentais em Brasília, São 
Paulo e Rio de Janeiro. No trabalho mural faz 
experiências com formas ondulantes, padrões 
listados e estampados, numa profusão 
de informações visuais e predomínio de 
estilizações. Uma estética vibrante, colorida e 
múltipla é a marca de sua obra neste período, 
no qual encontramos também alguns acentos 
surrealistas. Entre as obras mais conhecidas 
estão as tapeçarias do Palácio da Alvorada, 
o grande painel do Congresso, o painel do 
Descobrimento, hoje no Museu Nacional de 
Belas Artes, e os quatro trabalhos realizados 
para a Caixa Econômica Federal, para ilustrar 
os bilhetes da Loteria. Em 1964 conheceu sua 
última mulher, Ivete Bahia da Rocha. 
Este período está representado na mostra por 
obras como Mulheres e Frutas, Casal, Mulher 
com Flores, Figura de Mulata, Seresta, O 
Grande Carnaval e Salão de Gafi eira. Nas obras 
Mulata em Rua Vermelha (1960), Mulher no 
Sofá Vermelho (1964) e Marina Montini (1971) 
o encarnado incendeia a paleta do artista e 
explode em sensualidade.
Em 1971 o Museu de Arte Moderna de São 
Paulo realizou a maior retrospectiva já feita 
sobre o artista reunindo 476 obras. No catálogo 
da mostra Frederico de Morais escreveu sobre 
o artista: 
Di Cavalcanti tem um espírito gordo e 
exuberante e faz um expressionismo de 
raízes barrocas e tropicais. A arte de Di 
tem o aspecto roliço, satisfeito e exultante 
do barroco rubenista. Di é romântico como 
Delacroix e Matisse, os quais buscaram a 
aventura do longínquo e do desconhecido... 
Aqui, no Rio, permanece na Lapa ou avança 
até o Mangue, perambula, erradia, nos 
subúrbios. O Rio de outrora. Di é carioca, um 
pouco à antiga, e sua arte é o carioquismo 
na arte brasileira. Como Di, o Rio é gordo, 
barroco, sensual, lascivo. Como de resto, e 
fi nalmente, a mulata. Ah!, a mulata. Algumas 
são calipígias e esteatopígicas, como as 
Di é demasiado terra-a-terra, demasiado 
sensorial, demasiado materialista (valha a 
palavra) para as construções imaginárias e os 
ambientes despojados da presença humana 
direta. Não foi em vão que descobriu Maria 
Angu, sem espaço, sem mar, sem horizontes, 
com gente, com pescadores de mãos grossas 
e pés descalços, com mulheres suarentas, 
barcos e velas e redes, tudo atravancado de 
vida, de peso humano, de heroísmo ignorado 
e de pecados.10
Na sua volta ao Brasil, devida à eclosão da guerra, 
o artista viveu em São Paulo, retornando ao Rio 
em 1950, depois de sua separação. Desde sua 
chegada vinha combatendo o Abstracionismo, 
e, com a realização das Bienais e o avanço 
do movimento no Brasil sua luta se tornou 
ardorosa, o que só lhe trouxe muitos inimigos. 
Em 1952 passou a viver com Beryl Tucman 
Gilman e sua fi lha Elisabeth, que ele perfi lhou 
em 1956.
A década de 1950 é o momento no qual Di 
Cavalcanti fi ca conhecido como o “pintor das 
mulatas”. O epíteto é correto, pois ninguém 
as pintou tão bem quanto Di, mas é também 
muito redutor de seu talento. São desta fase 
as obras Mulher com Chapéu e Moça de olhos 
tristes. Nas duas obras Sem título, que retratam 
paisagens urbanas no Rio de Janeiro, e também 
em Rio de Janeiro Noturno o artista retrata sua 
cidade vista do alto do morro, dos balcões de 
Santa Tereza, de onde se vê o mar. Em outra 
obra, de 1957, pinta uma favela romântica e 
lírica, aquela dos morros mal vestidos, onde 
era sempre feriado nacional. 
A sensualidade, a indisciplina e a boemia de Di 
Cavalcanti, “um antídoto contra o mau humor”, 
segundo Vinicius de Morais, fi zeram com que 
ele fosse sempre visto com reservas por uma 
parcela da crítica de arte, a mesma que leva 
em conta sua obra somente até os anos 1950. 
É certo que por necessidade fi nanceira o artista 
muitas vezes repetiu-se, mas, até o fi nal da 
vida ele criou obras de qualidade. Vale observar 
que dos seus contemporâneos, os artistas do 
grupo modernista, Di Cavalcanti foi aquele que 
17
vênus pré-históricas, outras, mesmo gordas, 
são esvoaçantes e aéreas, como as mulheres 
rubenistas. Mas gordas, sobretudo, no 
espírito e no comportamento. Em nenhum 
outro artista brasileiro, a mulata recebeu 
tratamento pictórico tão alto e tão digno. 
Sem paternalismos, sem menosprezo. Di 
deu-lhe a dignidade da madona renascentista, 
madonizou a nossa mulata, o que não é o 
mesmo que mulatizar a madona, como o fez 
Athayde no céu barroco de Minas (...)
Nos últimos anos, apesar de estar com 
sua saúde bastante abalada, Di Cavalcanti 
continuou a trabalhar. As obras Maternidade, 
pintada em 1973, e Marinha, em 1974, mostram 
como o artista ainda mantém o vigor nas suas 
criações.
A exposição Di Cavalcanti – Um Perfeito Carioca 
é um recorte que possibilita ver aspectos pouco 
conhecidos do artista, cuja obra permite muitas 
leituras e merece um estudo de conjunto 
cuidadoso e detalhado. Este trabalho está 
sendo feito por Elisabeth, sua fi lha, através do 
Instituto Di Cavalcanti, que com certeza nos 
trará muitos novos fatos e informações sobre 
sua vida e obra.
Mais do que qualquer outro artista Di 
Cavalcanti conseguiu exprimir em suas 
telas o lirismo do povo brasileiro e a nossa 
sensibilidade sentimental e sensual. As suas 
mulheres lânguidas, os trabalhadores suados, 
a musicalidade que emana das gafi eiras; 
tudo transborda poesia. De suas paisagens 
desprende-se o perfume de fl ores baldias, 
rendas de ferro se entrelaçam, e brilha uma 
transparência azul, que mistura céu e mar. 
Di Cavalcanti foi um pintor poeta, amigo de 
muitos amigos, amante de muitas mulheres e 
um eterno apaixonado por sua cidade, à qual 
declarava o seu amor: 
“Deus deu o alimento sonho ao carioca”. 
Denise Mattar
Rio de Janeiro
20 de Julho de 2006
Notas
1 SIMONI, Ana Paula Cavalcanti. Di Cavalcanti 
Ilustrador: Trajetória de um jovem artista gráfico 
na imprensa (1914-1922). São Paulo: Editora 
Sumaré, 2002
2 ZÍLIO, Carlos. A Querela do Brasil – A questão 
da identidade na arte brasileira. Rio de Janeiro: 
Relume Dumará, 1997.
3 O fragmento foi reproduzido na grafia atual.
4 “Um dia, descobri os expressionistas alemães. 
Fiquei tão alucinado que rasguei todas as minhas 
pinturas”. Di Cavalcanti.
5 Azeredo, J. Cordeiro. Theatro João Caetano. 
Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 20 jul. 1930.
6 Mário Pedrosa, Di Cavalcanti, Jornal do Brasil, 6 
de Setembro de 1957, in,Dos murais de Portinari 
aos espaços de Brasília. Org. Aracy Amaral. São 
Paulo, Perspectiva, 1981.
7 Sérgio Milliet, O Estado de São Paulo, na coluna 
Vida Intelectual, “A propósito de Di Cavalcanti”, 
14 de março de 1959. 
8 Aracy Amaral, As três décadas essenciais no 
desenho de Di Cavalcanti, 1985 Di Cavalcanti na 
Coleção do MAC, Museu de Arte Contemporânea 
da Universidade de São Paulo, curadoria Aracy 
Amaral.
9 Murilo Mendes, A Manhã, Rio de Janeiro, 6 de 
fevereiro de 1949, Letras e Artes, 3(114): 5.
10 Mário Pedrosa, Di Cavalcanti, Jornal do Brasil, 6 
de Setembro de 1957, in,Dos murais de Portinari 
aos espaços de Brasília. Org. Aracy Amaral. São 
Paulo, Perspectiva, 1981.
18
R
io
 d
e 
Ja
ne
iro
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er
ra
 d
o 
am
or
19
Rio de Janeiro, terra carioca na plenitude 
das dores da minha vida, as forças da minha 
condição de homem, todas exigências de 
minha inteligência, alma romântica e lírica, 
aberta aos encantos dos seres e das coisas. 
Rio de Janeiro, terra do amor.Di Cavalcanti
Reminiscências Líricas de um Perfeito Carioca
20
Paisagem de Subúrbio, 1929
Óleo s/madeira, 35 x 28 cm
Coleção Breno Krasilchik, São Paulo SP
21
Morro da Favela, déc. 1940
Óleo s/tela, 80 x 60 cm
Coleção Marisa Frajzinguer, São Paulo SP
22
Sem Título, 1957
Óleo s/tela, 73 x 54 cm
Coleção Roberto Marinho, Rio de Janeiro RJ
23
Cidade, déc. 1960
óleo s/tela, 60 x 72,5 cm
Coleção Yara e Roberto Baumgart, São Paulo SP
24
Rio de Janeiro Noturno, déc. 1950
Óleo s/ tela, 114,5 x 146 cm
Coleção particular, São Paulo SP
O carioca sabe que existe a fl or para rimar com Amor, e que a arte poética deve ser sentimental, porque 
aqui há um destino fl uídico e humano numa atmosfera de jardim. 
Todos os dramas, os mais terríveis, o carioca pode enquadrá-lo numa janela aberta para um céu de 
estrelas...
25
Sem Título, 1950
Óleo s/tela, 100 x 140 cm
Coleção Roberto Marinho, Rio de Janeiro RJ
Um ambiente estimulante cercava minhas primeiras aventuras da mocidade. Os pequeninos jardins, as 
velhas chácaras ...eram um mundo de perfumes e formas voluptuosas; arbustos tropicais, palmeiras 
entrelaçando-se no céu, mangueiras fl oridas, manacás, magnólias, açucenas, fl ores que perdi de vista, 
perfumes que nunca mais senti. 
26
Gasômetro, 1929
Óleo s/ tela, 56 x 66 cm
Coleção Domingos Giobbi, São Paulo SP
27
Paisagem de subúrbio
Óleo s/tela, 60 x 73 cm
Coleção particular, São Paulo SP
28
Sem Título, 1955
Óleo s/tela, 65 x 81,5 cm
Coleção Roberto Marinho, Rio de Janeiro RJ
S.Cristóvão tinha, nessas colinas airosas como cromos ingênuos, sua vida mais alegre, 
29
Paquetá, déc. 1920
Óleo s/tela, 50 x 65,5 cm
Coleção particular, São Paulo SP
respirando ar mais puro, longe dos baixios cheirando a mangue e a maresia.
30
Paquetá, 1928
Óleo s/ tela, 56 x 66 cm
Coleção Domingos Giobbi, São Paulo SP
Paquetá, 1928
Óleo s/madeira prensada, 35,5 x 46 cm
Coleção Maria Helena Prudêncio, São Paulo SP 
31
Paquetá, 1930
Óleo s/ tela, 46 x 55,5 cm
Coleção Hecilda e Sergio Fadel, Rio de Janeiro RJ
A imaginação tira da areia da praia o brilho dos diamantes para o colar das musas, dá vida às coisas mortas. 
A imaginação é tudo para um artista.
32
Marinha, 1955
Óleo s/tela, 65 x 54 cm
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
33
Paquetá, c. 1955
óleo s/ tela, 53,5 x 72,5 cm
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
34
Marinha – Três Barcos, déc. 1970
Óleo s/tela, 12 x 22 cm
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
Marinha – Quatro Barcos, déc. 1970
Óleo s/tela, 17 x 28 cm 
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
Marinha – Barcos na Enseada, déc. 1970
Óleo s/tela, 12 x 22 cm 
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
35
Marinha, 1974
Óleo s/tela, 57 x 66 cm 
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
Jamais abandonarei a cidade onde nasci; esta cidade, assim como é, envolvendo-se em luz e água... Grandiosa, 
templo, simples e boa casa pobre, ao mesmo tempo terrível pelos encantos insuperáveis que abrem feridas de 
amor – doce mel dos frutos, amarga como o gosto de incompreendido desejo. 
36
Gôsto de Povo. Música de povo.
Música sem alegria,
Ingênua e triste...
Tudo é mau gosto
Tudo é péssimo gosto
Tudo é banal, banal maravilhoso
A gente come o Carnaval
Di Cavalcanti
Viagem de Minha Vida
B
an
al
 M
ar
av
ilh
os
o
37
Moleque, 1932
Óleo s/cartão, 49 x 36,5
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
38
Menina do Circo, 1937
Óleo s/cartão, 56 x 46 cm
Coleção Jones Bergamin, Rio de Janeiro RJ
39
Três Mulheres, déc. 1930
Óleo s/tela, 60 x 49,5 cm
Coleção particular, São Paulo SP
40
Gafi eira, 1944
Óleo s/tela, 64 x 80 cm 
Coleção Marta e Rubens Schahin, São Paulo SP
41
Gafi eira, década de 40
Óleo s/ tela, 65 x 81
Coleção particular, São Paulo SP
42
Sem título, 1960
Óleo s/tela, 80,5 x 60 cm
Coleção Roberto Marinho, Rio de Janeiro RJ
43
Domingo na Praia, déc 40
Óleo s/ tela, 80 x 120 cm
Coleção Hecilda e Sergio Fadel, Rio de Janeiro RJ
Da Ponta do Caju até a Igrejinha, a vida era dos embarcadiços, dos grandes malandros do cais, 
gente de vida árdua, em perfeita ligação com os estivadores da Gamboa e do Saco do Alferes. Ali 
também trabalhavam de sol a sol famílias de armadores a fazer barcos de pesca e consertando 
velhos navios.
44
Mulheres de Pescadores, 1963
Óleo s/tela, 69,5 x 85 cm
Coleção Gilberto Chateaubriand MAM RJ
Pescadores, 1942
Óleo s/tela, 45 x 55 cm
Coleção particular, São Paulo SP
45
Pescadores, 1951
Óleo s/tela, 114,5 x 162 cm
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade São Paulo SP
46
Sem titulo (fi gura de mulata), 1957 
Óleo sobre tela, 55 x 24 cm
Coleção particular, Riod e Janeiro RJ
47
Sem titulo (mulatas em seresta), 1959 
Óleo sobre tela, 72 x 92 cm
Coleção particular, Riod e Janeiro RJ
Éramos anjos das madrugadas...
Éramos personagens de romances
Que nunca foram escritos...
Nós, heróis da Lapa,
As escadas e as ladeiras
Que subiam para Curvelo em Santa Teresa
Onde morava o poeta Manuel Bandeira.
Os grandes elefantes que são os Arcos...
E eu gritando com o copo cheio
E tu Ovale, me acompanhando ao violão!
48
Salão de Gafi eira, 1965
Óleo s/tela, 80 x 100 cm
Coleção Marta e Márcio Lobão, Rio de Janeiro RJ
49
O Grande Carnaval, 1953
Óleo s/tela, 80,5 x 100 cm
Acervo Banco Itaú S.A., São Paulo SP
Carnaval carioca. 
Os carros alegóricos fascinaram-me. Um mundo de deslumbramento começou a 
viver em mim para toda a minha vida... 
A força incomensurável do mundo carnavalesco carioca tem qualquer coisa de sa-
grado. É a compreensão do divino por uma raça em fl or.
50
El
as
51
As mulheres são frívolas,
Outras são muito sérias.
Há as que se calam observando
Mas geralmente falam muito.
Mas há um instante,
Quando a luz não é do dia nem da noite,
Que passa a mulher que não se espera –
É como um pássaro procurando pouso.
Dizemos para nós mesmos:
- É aquela mulher que eu quero.
E quando ela se perde
Como a nuvem que se desfaz,
Resta-nos o consolo
De talvez possuí-la um dia
Nas outras mulheres que encontraremos...
Di Cavalcanti
Viagem de minha vida 
52
Banhistas na Praia, déc. 1930
Óleo s/cartão, 40 x 50 cm
Coleção particular, São Paulo SP
53
Meninas Cariocas, 1926
Óleo s/cartão, 52 x 44 cm
Coleção particular, São Paulo SP
54
Mulheres e Frutas, 1962
Óleo s/tela, 81 x 100 cm
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
55
Duas Mulheres, 1935
Óleo s/madeira prensada, 51 x 45 cm
Coleção André Fleury Buck, São Paulo SP
56
Mulher com Leque, 1948
Óleo s/tela, 73 x 60 cm 
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
57
Abigail , década 1940
Óleo s/tela, 64 x 53 cm
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
58
Mulher com Chapéu, déc. 1950
Óleo s/tela, 81 x 65 cm
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
59
Moça de olhos tristes, 1954
Óleo s/tela, 79 x 60 cm
Coleção Marco Antonio Greco, São Paulo SP
60
Mulher com Flores (Branca & Negra), década de 1960
Óleo s/tela, 81 x 54 cm 
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
61
Mulata no sofá vermelho, 1964 
Óleo s/tela, 130 x 89 cm
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
62
Marina Montini, 1971
Óleo s/tela, 81 x 65 cm 
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
63
Mulata em Rua Vermelha, 1960
Óleo s/ tela, 98 x 79 cm
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
64
Maternidade, 1937
Óleo s/tela, 60 x 75 cm
Coleção particular, São Paulo SP
65
Maternidade, 1973
Óleo s/tela, 90 x 71 cm 
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
66
C
on
qu
is
ta
do
r 
de
 L
ir
is
m
os
Não sou um poeta. Não sou um filó-
sofo. Não sou um artista. Não sou 
um inquieto. Sou um conquistador 
de lirismos.
Di Cavalcanti
6767
Álbum Os Fantoches da Meia-Noite
Gravura e impressão s/papel, 20,3 x 15,6 cm
Coleção particular, São Paulo SP
6868
Pela fatigada praça do bairro vicioso, onde os 
lampiões allumiam desvãos com luz erma, arrastam 
vultos. Numa esquina, ao fundo, ha um bar. Vem 
das portas amplas o barulho confuso das vozes e 
a sacudida plangencia do piano fanhoso. Passa rap-
ido, na direcção do caes, um auto levando gente a 
cantar, numa alegria de sabbado caxeiral. E volta o 
sossêgo a fatigada praça, ao fundo da qual as portas 
fi xam a sua grande mancha clara e sonora.
Somnolento, o rondante olha o luar. Depois, cam-
inha uns passos, atravessa a calçada, agarra pelo 
hombro uma senhora que dormia. A sombra vai 
sentar-se mais longe, noutra soleira de porta. E o 
rondante, distrahido, volta á contemplação do luar, 
bocejando.
Mulheres, sahindo dos beccos equivocos que 
desembocam na praça fatigada, param perto de ho-
mens, murmurando convites.
- É doloroso um convite assim, sem conhecer as 
pessoas.
- Muito doloroso...
- Repara naquella gorda, pezada, que chegou perto 
do sujeito de branco.
- É a que offerece creaturinhas.
- Cynica!
- Nada disso. Puramente instinto commercial.
Oh! a fatigada praça do bairro vicioso! Os lampeões, 
em torno della, são como mortuarios. A’s vezes, nas 
suas frouxas claridades cambaleiam, descompas-
sos, vultos de bebedos que recolhem á casa, hon-
estamente. E no meio da praça, perdido, o rondante 
continua na contemplação do luar.
- Meu caro poeta...
- Meu caro pintor...
- O bar deve estar delicioso.
- Pois vamos.
Cessou a voz lamentosa do piano. Agora um cego 
toca uma harmonia, encostado á porta. Mas o piano 
recomeça e elle vai-se, alisando o chão com os pés 
indecisos. O rumor de vozes da freguezia nos acol-
he. Vamos para a ultima mesa. Ficamos a olhar o 
pianista, que é mechanico, habituado, indifferente. 
Sua fi gura, entretanto, é um pouco dolorosa. Sug-
gere encargos de familia. E a musica sae mastigada 
dali de dentro, daquella caixa negra a rir, sob as duas 
mãos machinaes, a gargalhada recta do teclado.
- Fantoches da meia noite...Como são infelizes, 
tragicos!
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- Infi nitamente, meu caro pintor.
Devemos ter o ar vagabundo dos philosophos sem 
importancia. Começamos a dizer baixo refl exões 
penosas.
- Nós também somos fantoches.
- Evidentemente.
- São todos, somos todos fantoches...Não vês os 
cordeis do destino a movel-os, a mover-nos? São 
cordeis imponderaveis...E o destino sabe articular-
nos com habilidades de contra-regra cruel...
- Si eu conseguisse cortar os meus cordeis!
- Depois não poderias mover-te sosinho.
- É verdade...Não tinha pensado.
- Somos de papelão, meu caro poeta...
Sahimos. Temos um ultimo olhar para o pianista do-
loroso. Vamos depois procurar outras coisas, pelas 
immediações da praça fatigada. Ha logares alegres 
por aqui, mas os nossos olhos desencantados vêm 
sempre os cordeis da fatalidade.
- Nunca nos poderemos divertir. Porque será que 
enxergamos esses fi os que movem as creaturas? 
Ellas não sabem de nada...E nós vemos tudo...
- Será hoje, talvez, porque estamos profundos...É 
bastante desagradavel estar profundo.
- É inutil. De novo na praça fatigada. O rondante, no meio del-
la, continua lyrico e incomprehendido. Um garoto 
pede-nos um tostão para o café.
- Pobre fantochinho!
- Também já está seguro pelos cordeis, como os 
outros.
- Também já funciona.
Lentamente, vamos andando na direcçao do mar, 
proseguindo nas fl exões penosas.
- A meia noite é o principio da vida differente. De-
pois da meia noite todas as creaturas têm a sua fi -
nalidade tragica marcada no rosto, ou no gesto, ou 
na voz. Todas se confessam, sem querer.
- Todas mostram os cordeis...
Seguimos pelo caes, á sombra das arvores. Cada 
vulto que encontramos nos dá a sensação de uma 
personagem inconsciente a desempenhar isolada o 
seu papel.
- Fantoches!
- Si eu fosse o contra-regra...
E o luar, como uma gambiarra excepcional, illumina 
do alto a farça monotona...
Rio, dezembro de 1921, Ribeiro Couto.
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72
Carta ilustrada para Mário de Andrade, 1922
Lápis de cor, tinta de caneta e nanquim s/papel, 32,7 x 17,7 cm
Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros - USP
73
Sem título (desenho publicado na revista Klaxon)
Nanquim, 20 x 20 cm
Coleção Breno Krasilchik, São Paulo SP
74
Sem título, 1925 (duas mulheres e homem)
Aquarela e crayon s/papel, 30,5 x 23,1 cm
Coleção Museu de Arte Contemporânea da 
Universidade São Paulo SP
Sem título, 1927 (mulher com lorgnon)
Aquarela e crayon s/papel, 33,4 x 22,8 cm
Coleção Museu de Arte Contemporânea da 
Universidade São Paulo SP
75
Sem título, 1934 (cena de café concerto) 
Nanquim e lápis de cor s/papel, 26,7 x 20,8 cm 
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade São Paulo SP
76
Mangue, 1929
Aquarela, 37 x 29,5 cm
Coleção Marco Antonio Greco, São Paulo SP
Josephine Baker, década de 1920
Guache s/cartão, 53,5 x 43 cm 
Coleção particular, São Paulo SP
77
Mulher e Gato, 1927/29
Aquarela e grafi te sobre papel, 43 x 30 cm
Coleção Yara e Roberto Baumgart, São Paulo SP
78
O esperado – nº 1
Nanquim s/papel, 32,3 x 23,4 cm
É preciso salvar o café – nº 2
Nanquim s/papel, 32,3 x 23,4 cm
Álbum “A Realidade Brasileira”, 1933
Coleção de Artes Visuais do Instituto de 
Estudos Brasileiros - USP
Deus vela pelo Brasil – nº 4
Nanquim s/papel, 33,7 x 23,3 cm
79
O espírito das leis acima de tudo – nº 3
Nanquim s/papel, 32,8 x 23,4 cm
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A família é a pedra angular da 
sociedade... – nº 5
Nanquim s/papel, 33 x 23,4 cm
A parada da vitória – nº 6
Nanquim s/papel, 32,8 x 23,6 cm
Associação dos amigos do Brasil – nº 8
Nanquim s/papel, 32,6 x 23,1 cm
A questão social continua um caso do 
polícia – nº 7, s.d.
Nanquim s/papel, 32,9 x 23,2 cm
81
Para os problemas brasileiros, as 
soluções brasileiras – nº 9
Nanquim s/papel, 32,3 x 23,1 cm
Brasilidade – nº 10
Nanquim s/papel, 32,9 x 23,2 cm
O indivíduo nítido – nº 11
Nanquim s/papel, 32,7 x 23,4 cm
O Brasil situado no problema do 
mundo – nº 12
Nanquim s/papel, 32,3 x 23,2 cm
82
As traquinices do mascarado mignon, c. 1920
Aquarela e grafi te s/papel, 20,5 x 14 cm
Estudos de fi gurino para o balé “Carnaval das Crianças brasileiras” de Villa-Lobos
Coleção Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro RJ
A Rainha Pierrete, c. 1920
Aquarela e grafi te s/papel, 21,4 x 19,2 cm
A gaita de um precoce fantasiado, c. 1920
Aquarela e grafi te s/papel, 11,5 x 8,5 cm
As peripécias do trapeirozinho, c. 1920
Aquarela e grafi te s/papel, 16,4 x 12,3 cm
83
Projeto para cartaz (Carnaval), s.d.
Guache e pastel s/papel, 38,5 x 28,2 cm
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade São Paulo SP
84
Estudos para painel do Teatro João Caetano - Carnaval, 1929
Aquarela s/papel, 32 x 37 cm
Coleção Hecilda e Sergio Fadel, Rio de Janeiro RJ
85
Cena de samba, 1928/1930
Aquarela, 41 x 86 cm
Coleção Carlos Rauscher, São Paulo SP
86
Sem título (Circo), 1952
Scraperboard s/papel, 48,6 x 30,1 cm
Coleção Museu de Arte Contemporânea da 
Universidade São Paulo SP
87
Equilibrista, 1924
Scratchboard s/papel, 26 x 19 cm
Coleção Domingos Giobbi, São Paulo SP
88
Sem Título (Duas Mulheres; face e perfi l), s.d.
Scraperboard s/papel, 50,2 x 28,6 cm
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade 
São Paulo SP 
Bar, s.d.
Nanquim, 38,5 x 32 cm
Coleção Marco Antonio Greco, São Paulo SP
Sem título (Casal e Violão), 1950
Scraperboard s/papel, 30,4 x 25 cm 
Coleção Museu de Arte Contemporânea da 
Universidade São Paulo SP
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Mangue, 1930
Nanquim, 38 x 27 cm
ColeçãoJones Bergamin, Rio de Janeiro RJ
Sem título
Scratchboard, 38 x 25,5 cm
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
Sem título (Rinha e Figuras), s.d.
Scraperboard s/papel, 30,5 x 49,8 cm
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade São Paulo SP
90
Mulatas
Nanquim e pastel s/papel, 46,5 x 34,2 cm
Coleção de Artes Visuais do Instituto de 
Estudos Brasileiros - USP
Casal de pescadores, década de 1930
Crayon, 31 x 21 cm 
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
91
Lupanar, 1969
Aquarela e nanquim, 39 x 30,5 cm 
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
Lupanário, 1965
Aquarela e nanquim, 29 x 21 cm 
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
Bordel
Pastel e guache, 46 x 56 cm
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
92
Auto-retrato com nús
Nanquim e esferográfi ca, 29 x 21 cm 
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
Caricatura de Di Cavalcanti, 1973
Esferográfi ca, 13,5 x 8,5 cm 
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
Auto-caricatura, s.d.
Lápis s/papel, 37 x 29 cm
Coleção André Fleury Buck, São Paulo SP
93
Mulher com poema, 1974
Esferográfi ca e nanquim, 33 x 27 cm 
Coleção particular, Rio de Janeiro RJ
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São João, 1969
Óleo s/tela, 80 x 100 cm 
Acervo Caixa Econômica Federal, Brasília DF
Independência, 1969
Óleo s/tela, 80 x 100 cm
Acervo Caixa Econômica Federal, Brasília DF
Inconfi dência, 1969
Óleo s/tela, 80 x 100 cm 
Acervo Caixa Econômica Federal, Brasília DF
95
Natal, 1969
Óleo s/tela, 80 x 100 cm 
Acervo Caixa Econômica Federal, Brasília DF
Entre 1958 e 1971 Di Cavalcanti realizou mais de dez obras monumentais 
em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. No trabalho mural faz experiências 
com formas ondulantes, padrões listados e estampados, numa profusão 
de informações visuais e predomínio de estilizações. Uma estética 
vibrante, colorida e múltipla é a marca de sua obra neste período, no qual 
encontramos também alguns acentos surrealistas. Entre as obras mais 
conhecidas estão as tapeçarias do Palácio da Alvorada, o grande painel do 
Congresso, o painel do Descobrimento, hoje no Museu Nacional de Belas 
Artes, e os quatro trabalhos realizados para a Caixa Econômica Federal, 
para ilustrar os bilhetes da Loteria. Em 1964 conheceu sua última mulher, 
Ivete Bahia da Rocha. 
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1897
No dia 6 de setembro, nasce no Rio de Janeiro 
o menino Emiliano, fi lho de Rosália de Senna 
Albuquerque Mello e Frederico Augusto de 
Albuquerque Mello, ambos descendentes dos 
Cavalcanti do estado da Paraíba. Seu verdadeiro 
nome era Emiliano de Albuquerque e Mello como 
consta em sua carteira de identidade (n°012354607). 
O artista, entretanto, sempre se apresentou como 
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e 
Mello e é assim seu nome que fi gura em livros, 
catálogos, jornais e revistas. Segundo ele o apelido 
Didi veio desde criança mas foi modifi cado em São 
Paulo, como explicou o próprio artista:
...meu nome é Emiliano Augusto Cavalcanti de 
Albuquerque e Mello. Cavalcanti com i, por favor. 
Desde menino, em casa, já me chamavam de Didi. 
Mas foi em São Paulo que o apelido realmente 
fi rmou. Encurtou e fi rmou. (Entrevista à revista 
Manchete, em 13 de janeiro de 1973).
1903
Alfabetizado muito cedo estuda nos Colégios Adélia 
de Noronha e Pio Americano.
1909
Ingressa no Colégio Militar aos 12 anos.
1914
Morre seu pai. Di Cavalcanti vê-se obrigado a 
trabalhar e usa seus dotes de desenhista publicando 
sua primeira caricatura na revista Fon-fon! aos 17 
anos.
1915
Começa a colaborar com a revista A Vida Moderna (SP).
1916
Entra para a Faculdade de Direito no Rio de Janeiro. 
Expõe no I Salão dos Humoristas do Liceu de Artes 
e Ofícios do Rio de Janeiro, patrocinado por Olegário 
Mariano e Luiz Peixoto.
1917
Transfere-se para São Paulo, onde cursa a 
Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, 
e já ao chegar consegue lugar em O Estado de 
S. Paulo como revisor. Apresenta a primeira 
exposição individual de caricaturas na livraria “O 
Livro”, em São Paulo. Faz ilustrações, inclusive 
capas, para a revista O Pirralho. Ilustra o livro 
Memórias Sentimentais de João Miramar, de 
Oswald de Andrade. Começa a pintar.
1918
Freqüenta o atelier do pintor George Elpons. Faz 
parte do grupo de intelectuais e artistas de São 
Paulo, com Oswald e Mário de Andrade e muitos 
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outros. Ilustra e dirige a revista Panóplia, além de 
colaborar com a revista Cigarra.
1919
Ilustra A dança das horas, de Guilherme de Almeida; 
O Triste Epigrama, de José Geraldo Vieira; Le Départ 
sous la Pluie, de Serge Milliet; e a Revista do Brasil 
(SP). Cria cenários e fi gurinos para o balé Carnaval 
das Crianças Brasileiras, de Villa-Lobos.
1920
Atua como ilustrador em diversas publicações 
inclusive na revista Guanabara (RJ).
1921
Abandona a Faculdade de Direito. Publica o álbum 
Os Fantoches da Meia-Noite e ilustra Ballada 
do Enforcado, de Oscar Wilde; O Jardim das 
Confi dências, de Ribeiro Couto; Rito Pagão, de 
Rosalina Coelho Lisboa; Paulicéia Desvairada, de 
Mário de Andrade, e as revistas Ilustração Brasileira 
(RJ), A Garoa (SP) e Papel e Tinta (SP). Casa-se com 
Maria, fi lha de um primo-irmão de seu pai.
1922
Ilustra a revista Klaxon (SP). Participa ativamente da 
concepção e realização da Semana de Arte Moderna, no 
Teatro Municipal de São Paulo, de 11 a 18 de fevereiro. 
Cria as peças gráfi cas da mostra (catálogo e programa). 
1923
Ilustra Modernos, de Benjamim Costallat; A Sinistra 
Aventura, de José do Patrocínio Filho; e a revista 
América Brasileira. Viaja pela primeira vez a Paris, 
onde permanecerá até 1925. Encontra Brecheret, 
Anita Malfatti e Sérgio Milliet. Freqüenta a Academia 
Ranson. Trabalha como correspondente do Correio da 
Manhã do Rio de Janeiro e continua, como colaborador, 
ilustrando várias revistas brasileiras. Viaja para a Itália 
com o objetivo de ver a obra de alguns mestres 
italianos (Tiziano, Michelângelo e Da Vinci).
1924
Ilustra Uma Tragédia Florentina, de Oscar Wilde.
1925
Ilustra Bébé de Tarlatana Rosa, de João do Rio.
1926
De volta ao Brasil, trabalha no Diário da Noite como 
jornalista e ilustrador. Ilustra O Losango Cáqui, de 
Mário de Andrade. Expõe na Casa Laubisch & Hirt 
(RJ).
1927
Ilustra a revista Festa (RJ). Cria cenários para o 
Teatro de Brinquedo de Álvaro e Eugênia Moreyra 
(RJ).
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1928
Ilustra Substância, de Manoel de Abreu; Martin-
Cererê, de Cassiano Ricardo, e passa a colaborar 
com a revista Para Todos (RJ). Ingressa no Partido 
Comunista. Viaja a Paris, retornando no mesmo ano 
ao Rio de Janeiro.
1929
Realiza painéis para o foyer do Teatro João Caetano 
(RJ). Passa a colaborar com a revista O Cruzeiro (RJ).
1930
Participa da coletiva de artistas brasileiros na mostra 
Internacional Art Center, do Roerich Museum em 
Nova York. É o principal redator da revista Forma 
(RJ). Ilustra a revista Movimento Brasileiro (RJ); 
Pobre Christo, de Mario Mariani e Hoje, de Newton 
Belleza.
1931
Participa do Salão Nacional de Belas Artes (o 
chamado Salão Revolucionário) com as obras: 
Devaneio, Mulata e Estudo para os painéis do Teatro 
João Caetano.
1932
É um dos fundadores em São Paulo do CAM, 
Clube dos Artistas Modernos, liderado por Flávio 
de Carvalho, com a participação de Noêmia 
Mourão, Antonio Gomide e Carlos Prado. É preso 
durante três meses como getulista pela Revolução 
Constitucionalista. Ilustra História do Brasil, de 
Murilo Mendes. Realiza exposição individual na 
Gazeta.
1933
Casa-se com a pintora Noêmia Mourão. Publica o 
álbum A Realidade Brasileira,com charges políticas, 
além de ilustrar A Minha Rua, de Horácio Andrade, 
e Club das Esposas Enganadas, de Ribeiro Couto. 
Participa da 2ª Exposição de Arte Moderna da 
SPAM, Sociedade Paulista de Arte Moderna (SP) e 
do 3º Salão da Pró-Arte, na Escola Nacional de Belas 
Artes (RJ). Escreve artigo no Diário Carioca, de 15 de 
outubro, sobre as relações entre o trabalho artístico 
e a problemática social, a propósito da exposição de 
Tarsila do Amaral.
1934
Viaja ao Recife onde realiza uma exposição junto 
com Noêmia. Sua presença estimula o modernismo 
local. Produz painéis para o Cassino dos Ofi ciais 
no Derby do Quartel da Polícia Militar do Recife 
(destruído), e um mural representando alunos em 
sala de aula, na Escola Chile (RJ). Ilustra as revistas 
Israelita (RJ) e O Malho (RJ). Viaja a Paris, onde 
permanece até 1935.
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1935
Participa do Comitê de Redação do Semanário 
Marcha, na Cinelândia, ao lado de Caio Prado Jr., 
Carlos Lacerda, Newton Freitas e Rubem Braga. Viaja 
a Lisboa, onde apresenta uma exposição no Salão 
“O Século”, com 24 obras. De volta ao Brasil, em 
fi ns desse ano, é perseguido por motivos políticos, 
sendo preso no Rio de Janeiro. Colabora também 
com a revista Movimento (RJ). Expõe no Salão das 
Exposições da Casa e Jardim, e na Exposição de 
Arte Social, no Clube de Cultura Moderna do Rio 
de Janeiro.
1936
Ilustra o jornal Bellas-Artes (RJ) e as revistas Monde 
(Paris) e Acadêmica (RJ). Vive escondido em Paquetá 
onde é preso junto com Noêmia. Libertado por 
amigos, viaja a Paris, onde permanecerá até 1940. 
Expõe na Galerie Rive Gauche, em Paris.
1937
Participa da Exposição Internacional de Artes 
e Técnicas, no Pavilhão da Companhia Franco-
Brasileira, em Paris, onde recebe medalha de ouro.
1938
Juntamente com Noêmia trabalha na rádio Diffusion 
Française nas emissões “Paris Mondial” em português
1939
Viaja à Espanha no fi nal da Guerra Civil.
1940
Deixa Paris, em função da guerra, fi xando residência 
em São Paulo. A maioria de seus trabalhos - 27 
quadros a óleo e 13 desenhos – permanece em Paris. 
Em conferências e artigos, combate vivamente o 
abstracionismo.
 
1941
Ilustra Noite na Taverna – Macário, de Álvares de 
Azevedo.
1942
Viaja a Montevidéu e Buenos Aires.
1943
Expõe na Galeria Greco’s em Buenos Aires. 
Apresenta uma conferência sobre a caricatura 
na Inglaterra no IV Salão de Belas Artes, em Belo 
Horizonte (MG).
1944
Ilustra a revista Diretrizes (RJ). Expõe na Galeria 
Greco’s, em Buenos Aires (Argentina). Participa da 
exposição Arte Moderna, com curadoria de Alberto 
da Veiga Guignard e José Guimarães Menegale, 
no Edifício Mariana, em Belo Horizonte (MG). Um 
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grupo de artistas e intelectuais modernistas do Rio 
de Janeiro e São Paulo, foram a cidade e proferiram 
palestras. A palestra de Di Cavalcanti intitulava-se 
“Mitos do Modernismo”.
1946
Volta a Paris em busca dos quadros que lá fi caram. 
Expõe na ABI, no Rio de Janeiro. Tem dois poemas 
publicados na Antologia de Poetas Brasileiros 
Bissextos Contemporâneos, organizada por Manuel 
Bandeira (Ed. Z. Valverde/RJ).
1947
Ilustra a revista Joaquim (Curitiba). Expõe na Hugo 
Gallery, em Nova Iorque. Participa, com Anita 
Malfatti e Lasar Segall, do Júri de premiação de 
pintura do Grupo dos 19. 
1948
Participa da retrospectiva 30 anos de pintura (com 
98 obras), no Instituto dos Arquitetos do Brasil, São 
Paulo. Realiza mostra retrospectiva no Museu de 
Arte de São Paulo (Masp), onde também apresenta 
a conferência “Mitos do Modernismo”, criticando o 
abstracionismo.
1949
Expõe na cidade do México, na BIA – El Buro 
Internacional de Arte. Ainda no México, participa de 
um congresso de intelectuais pela paz, com Paul 
Éluard, Neruda e outros.
1950
Produz painel para o saguão do Fórum Lafayette 
em Belo Horizonte. Separa-se de Noêmia Mourão 
e volta a morar no Rio de Janeiro.
1951
Participa como artista convidado da I Bienal do 
Museu de Arte Moderna de São Paulo. Realiza 
curso de Cenografi a para o Serviço Nacional de 
Teatro, ABI, Rio de Janeiro; painel para o marco 
comemorativo dos 100 anos de Juiz de Fora 
(tombado pelo município em 1996); e painel para o 
restaurante do Clube dos 500, Rodovia Presidente 
Dutra, km 60,7. Expõe na Galeria Domus, em São 
Paulo, com apresentação de Murilo Mendes.
1952
Passa a viver com Beryl Tucker Gilman, dividindo seu 
tempo entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Expõe no 
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Recusa-
se a participar da Bienal de Veneza. Faz charges 
para o Última Hora (RJ), onde também escreve a 
coluna Preto no Branco e executa cinco painéis para 
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a redação do jornal, além de painéis para a fábrica 
Probel (SP), e a fábrica Peixe. Realiza também 
painéis em mosaico para o jornal O Estado de 
São Paulo; o Teatro Cultura Artística (SP); o Edifício 
Triângulo (SP); e para o Hospital Gastroclínica (SP).
1953
Divide com Alfredo Volpi o prêmio de melhor pintor 
nacional na II Bienal de São Paulo. Expõe no Museu 
de Arte Moderna de São Paulo, para o qual doa 
mais de 550 desenhos (hoje pertencentes ao MAC-
USP).
1954
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro 
promove uma retrospectiva de seus trabalhos, com 
apresentação de Rubem Braga. Monta fi gurinos e 
balé sem música para A Lenda do Amor Impossível, 
Balé do IV Centenário de São Paulo. Realiza painéis 
para o Aeroporto Internacional de Congonhas, São 
Paulo; e painel para o IV centenário da Cidade de São 
Paulo, Pavilhão de História, representando Fazenda 
de Café (encontra-se hoje no saguão da Prefeitura 
Municipal de São Paulo).
1955
Publica Viagem de Minha Vida – testamento da alvorada, 
seu primeiro livro de memórias. Viaja a Buenos Aires e 
a Montevidéu, expondo nessas capitais. Faz cenários 
e fi gurinos para o balé As Cirandas, de Villa-Lobos, 
Balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Participa 
da Exposição Ofi cial de Pintura, em Atibaia (SP), e 
expõe no Instituto de Cultura Uruguaio e Brasileiro, em 
Montevidéu (Uruguai).
1956
Participa da XX Bienal de Veneza e expõe no Museu 
de Arte Moderna de São Paulo. Recebe o I Prêmio 
da Mostra Internacional de Arte Sacra de Trieste. 
Publica um álbum de xilogravuras Lapa, edição Onile. 
Adota legalmente Elisabeth, fi lha de Beryl. Viaja a 
Dakar, Paris, Roma, Veneza, Madrid e Belgrado.
1957
Faz painel para o Banco do Estado de Minas Gerais, 
Belo Horizonte. Participa da IV Bienal de São Paulo.
1958
Ilustra Gabriela Cravo e Canela, de Jorge Amado. 
Participa da exposição itinerante organizada pelo 
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, que 
percorre vários países da Europa. Em Paris, executa 
os cartões para as duas tapeçarias para o Palácio 
da Alvorada (salões de Música e de Recepção), 
encomendadas por Niemeyer. Os cartões foram 
entregues aos tapeceiros de Aubusson, sob a 
orientação da Marie Cutoli. Pinta as estações da 
Via-Sacra para a Catedral de Brasília.
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1959
Ilustra Juca Mulato, de Menotti Del Picchia, edição 
comemorativa do jubileu literário do artista. Expõe 
na Galeria de Arte São Luís (SP) e na Galeria 
Macunaíma (RJ). Participa da exposição 30 Anos de 
Arte Brasileira, na Escola Nacional de Belas Artes 
(RJ). Recebede Carlos Flexa Ribeiro o título de O 
Patriarca da Pintura Moderna Brasileira.
1960
Participa da II Bienal Interamericana do México, 
onde teve sala especial e conquistou medalha de 
Ouro. Realiza painel sobre tela para os escritórios da 
Aviação Real (México). Expõe na Galeria Bonino (RJ). 
Realiza painel Candangos do Palácio do Congresso, 
setor da Câmara dos Deputados, Brasília; e álbum 
Lapa. Texto de Emiliano Di Cavalcanti. Edições 
Onile, Salvador. Viaja para Paris, México, Londres, 
Veneza e Florença.
1961
Assina contrato de exclusividade com a Petite 
Galerie do Rio de Janeiro, realizando uma exposição 
com apresentação de Rubem Braga. Realiza painel 
para o Banco Lar Brasileiro (RJ). Viaja para o México 
e Paris, onde fi ca até 1962.
1962
Participa da I Bienal de Arte Americana de Córdoba, 
Argentina. Viaja a Bogotá, Lima, Paris, Praga e 
Moscou, onde participa do Congresso da Paz. Ilustra 
Morte de Quincas Berro d’Água, de Jorge Amado, 
e realiza painéis para os navios Princesa Isabel e 
Princesa Leopoldina, Cia. Nacional de Navegação 
Costeira.
1963
Participa da Sala Especial na VII Bienal de São 
Paulo, apresentação de Luis Martins. Participa da 
coletiva Exposição de Maio, em Paris, com a tela 
Tempestade. É indicado adido cultural do Brasil em 
Paris pelo presidente João Goulart. Viaja a França, 
mas não chega a tomar posse do cargo em virtude 
do golpe de 1964. Volta ao Brasil, depois de passar 
por Roma e Ilhas Canárias, e publica o álbum E. Di 
Cavalcanti, editora Cultrix, com a Balada de Di, de 
Vinícius de Moraes. Realiza painel Gente da Ilha, 
para o Banerj.
1964
Vive em Paris, com Ivette Bahia Rocha, a Divina. 
Regressa da Europa depois de passar por Dover e 
Londres. É homenageado com uma sala especial 
na VII Bienal de São Paulo. Lança seu segundo livro 
de memórias, Reminiscências líricas de um perfeito 
carioca, editora Civilização Brasileira, por ocasião 
do IV Centenário do Rio de Janeiro. Desenha jóias, 
executadas por Lucien Joaillier. Realiza exposição 
comemorativa de 40 anos de pintura na Galeria 
Relevo, com organização de Mário Pedrosa. Expõe 
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104
no MAC-USP; na Universidade de Minas Gerais; no 
Museu de Arte do Rio Grande do Sul; e participa da 
exposição O Nu na Arte Contemporânea, na Galeria 
Ibeu (RJ).
1965
Realiza o painel Brasil 4 Fases para a sede do Banerj. 
Participa da exposição “Desenhistas Brasileiros em 
coleções mineiras” na Universidade de MinasGerais. 
Viaja a Lisboa, Paris e Gran Canária.1966 Reencontra 
nos porões da Embaixada do Brasil na França as 
telas deixadas em Paris na época da guerra. Os 
cinqüenta anos de vida artística coincidem com sua 
candidatura à Academia Brasileira de Letras, 
mas perde para Fernando de Azevedo. Participa da 
segunda exposição itinerante de obras do acervo do 
MAC-USP, com a apresentação de Walter Zanini; e 
da exposição “O Artista e a anarquia”, no Museu de 
Arte Moderna do Rio de Janeiro. Expõe na Galeria 
Brasileira de Arte (SP).
1967
De volta ao Brasil, depois de passar pela Espanha e 
Suécia, comemora seus 70 anos.
1968
Ilustra 7 Flores, álbum com poemas de Vinicius de 
Moraes.
1969
Ilustra os bilhetes das extrações da Loteria Federal com 
os temas: Inconfi dência, São João, Independência e 
Natal. Viaja para Cannes e Dinamarca. Publica Cinco 
serigrafi as de Di Cavalcanti, edição Cultrix e Sete 
fl ores, com gravuras coloridas à mão, poema de 
Carlos Drummond de Andrade, e texto de Marques 
Rabelo, edição especial da Galeria Cosme Velho. Os 
Correios do Brasil aplicam em dois selos imagens 
de sua autoria. Participa das exposições V Salão de 
Arte de Itapetininga (SP) e na Galeria Barcinski (RJ). 
Viaja para Paris, Nice, Copenhagen, Dinamarca e 
Ilha da Madeira.
1970
Participa de exposição na Galeria Barcinski (RJ). 
Viaja para Paris.
1971
Faz um depoimento ao Museu da Imagem e do Som 
(MIS) de São Paulo. Diná Lopes Coelho organiza uma 
grande retrospectiva no Museu de Arte Moderna de 
São Paulo, Parque Ibirapuera, tendo o catálogo textos 
de vários críticos. Marina Montini é freqüentemente 
retratada como seu modelo. Participa da 11ª Bienal 
Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal (SP). 
Ganha Prêmio da Associação Brasileira de Críticos de 
Arte. Viaja para Paris.
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105
1976
Participa de exposição na Galeria Ágora (RJ). Lança 
em maio, um álbum com seis litogravuras, tiragem 
de 100 exemplares. Publica Poemas da Negra, 
álbum de Mário de Andrade; e Realismo Mágico, 
álbum com texto de Bráulio Pedroso e Elisabeth 
Di Cavalcanti Veiga. No dia 11 de junho é operado 
novamente na Benefi cência Portuguesa. Volta para 
casa. Faz depoimento ao Museu da Imagem e do 
Som (MIS), Rio de Janeiro em 25 de junho. Nos 
primeiros dias de outubro é novamente internado 
na Benefi cência, permanecendo semi-inconsciente 
até o dia 24, quando é transferido para o CTI, vindo 
a falecer no dia 26. Seu corpo é velado no Museu 
de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o velório é 
registrado em documentário por Glauber Rocha.
Homenagens ao pintor: exposição no Museu de 
Arte Moderna e Museu de Belas Artes do Rio de 
Janeiro, em outubro. Depoimento sobre o artista 
no Museu da Imagem e do Som (MIS), São Paulo, 
de 30 de novembro a 3 de dezembro. Exposição 
Di Cavalcanti: 100 obras do acervo no Museu de 
Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. 
A Prefeitura de São Paulo, em novembro, muda o 
nome da rua 4, Alto da Mooca, para rua Emiliano 
Di Cavalcanti. No Rio de Janeiro existe a Avenida Di 
Cavalcanti, na Barra da Tijuca, e a Rua Di Cavalcanti, 
em Niterói.
1972
Comemora seus 75 anos com uma grande festa 
em seu apartamento no Catete. Recebe o prêmio 
Moinho Santista. Em Salvador, realiza uma série de 
obras e publica o álbum 7 xilogravuras de Emiliano 
Di Cavalcanti, pela Editora Chile (apresentação de 
Luiz Martins). Participa da exposição Arte/Brasil/
Hoje: 50 anos depois, na Galeria Collectio (SP).
1973
Recebe o título de Doutor Honoris Causa pela 
Universidade Federal da Bahia. Expõe na Galeria de 
Arte Copacabana Palace, com apresentação de Walmir 
Ayala e José Roberto Teixeira Leite. Viaja para Paris.
1974
A Bolsa de Arte inaugura uma exposição com suas 
obras mais recentes. Em julho é internado na Casa 
de Saúde São Lucas e operado. O quadro Cinco 
moças de Guaratinguetá é reproduzido em selos 
pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. 
Participa da exposição Tempo dos Modernistas, no 
Masp (SP).
1975
Publica E. di Cavalcanti, álbum com texto de Jorge 
Amado. Novamente operado na Benefi cência 
Portuguesa. Participa da Exposição do Acervo do 
Grupo Sul América Seguros.
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106
1985
Di Cavalcanti na Coleção do MAC (180 desenhos), 
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de 
São Paulo, curadoria de Aracy Amaral.
1988
Galeria Millan (SP)
1992
Espaço de Arte José Duarte Aguiar e Ricardo 
Camargo (29 obras);
Di Cavalcanti 70 Anos da Semana de Arte Moderna 
(desenhos da coleção MAC-USP), Universidade do 
Estado do Rio de Janeiro.
1994
Galeria Grifo (63desenhos), introdução de Olívio 
Tavares de Araújo.
1995
Emiliano Di Cavalcanti: desenhos restaurados, na 
Galeria Sinduscon (SP), com introdução Raul Antelo 
e Murilo Mendes (1945).
1997
O Traçado Modernista (desenhos da coleção 
MAC-USP), Museu de Arte Contemporânea da 
Universidade de São Paulo, curadoria