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Sebenta de Fiscalidade Elaborado por: Professora Sandra da Costa Professor Paulo Quimbango Índice 1. Introdução ............................................................................................................. 4 2. Actividade Financeira do Estado na Economia de Mercado ............................... 5 Necessidades Activas e Necessidade Passivas............................................................ 5 Direito Financeiro, Direito Fiscal e Direito Tributário ............................................... 6 A natureza e a autonomia do direito fiscal. ................................................................ 7 Natureza do Direito Fiscal ......................................................................................... 7 3. Fontes do Direito Fiscal......................................................................................... 8 A Lei.......................................................................................................................... 8 Os Regulamentos ....................................................................................................... 8 Os tratados, Convenções e Acordos Internacionais ................................................... 9 4. Objectivo e finalidade da fiscalidade .................................................................... 9 5. O Imposto ............................................................................................................ 10 Momentos da obrigação de imposto ......................................................................... 11 6. Tipologia dos Impostos ....................................................................................... 12 7. Imposto sobre os rendimentos de trabalho (IRT). ............................................. 14 Incidência ................................................................................................................ 14 Grupos de tributação................................................................................................ 14 Taxas ....................................................................................................................... 14 8. Imposto Industrial (II) ........................................................................................ 15 Incidência ................................................................................................................ 15 Grupos de tributação................................................................................................ 15 Taxas ....................................................................................................................... 15 9. Imposto sobre Aplicação de Capitais (IAC) ....................................................... 16 Incidência ................................................................................................................ 16 Taxa ........................................................................................................................ 16 Isenções................................................................................................................... 16 10. Imposto de Selo (IS) ............................................................................................ 17 Incidência ................................................................................................................ 17 Isenções................................................................................................................... 17 11. Imposto Predial Urbano ...................................................................................... 18 Caracterização ......................................................................................................... 18 Prédio arrendado ..................................................................................................... 18 Incidência ............................................................................................................ 18 Prédio não arrendado ............................................................................................... 18 Incidência ............................................................................................................ 18 Taxa ........................................................................................................................ 18 12. Imposto de Consumo (IC) ................................................................................... 19 Caracterização ......................................................................................................... 19 Incidência ................................................................................................................ 19 Valor tributável e Taxa ............................................................................................ 19 13. Exercícios ............................................................................................................. 20 14. Referencias Bibliográficas .................................................................................. 23 Introdução O estudo desta disciplina é de grande importância, pelo que a sua actuação não é observada simplesmente no campo jurídico, ao longo do nosso estudo poderemos perceber que a fiscalidade está em quase todo momento de nossa vida quotidiana (pessoal e empresarial), sendo ela uma ciência que estudo o conjunto dos impostos existentes numa sociedade, bem como os conjuntos de técnicas a ela associada. A fiscalidade tem relação com diferentes campos das ciências econômicas e empresariais, como, Gestão, contabilidade, finanças, recursos humanos e outros. Ao longo do nosso estudo acerca dos impostos, perceberemos que este não é a única figura tributária que existe, pois além dos impostos existem as taxas e as contribuições, estes que são considerados tributos bilaterais, contrariamente dos impostos que são tributos unilaterais. Os impostos como receita fiscal ordinária do Orçamento de Estado (OE) têm diversas classificações conforme a óptica de abordagem. O Orçamento de Estado separa-os em dois grandes capítulos, directos e indirectos. A óptica económica classifica os impostos em função da fonte tributada, e por isso os categoriza de impostos sobre o rendimento, sobre a despesa ou sobre património. Os Estados fiscais, como é o caso do nosso, sobrevivem essencialmente das receitas proveniente dos impostos, sendo assim o imposto a principal fonte de financiamento dos Estados fiscais, estudaremos ainda que os impostos podem ser fiscais ou extrafiscais, este último quando não têm por finalidade a arrecadação de receitas, mas a proteção de indústria nacional. Actividade Financeira do Estado na Economia de Mercado A actividade financeira do Estado desdobra-se na obtenção de meios necessários à satisfação das necessidades colectivas de satisfação passiva, bem como na coordenação entre os meios e as necessidades a satisfazer. A actividade financeira do Estado é a actividade que integra um conjunto de fenómenos de natureza heterogénea que por se situarem no domínio da actuação e emprego de meios económicos adequados à satisfação de necessidades públicas, se identifiquem como fenómenos económicos. É a actividade que se circunscreve no desenvolvimento de um conjunto de fenómenos de âmbito e natureza financeira, proposto a satisfação de necessidades públicas e que se concretiza através da cobrança de receitas e da realização de despesas públicas. Nota Importante: A actividade financeira do Estado é uma actividade instrumental,pois visa a arrecadação de receitas para a satisfação das necessidades públicas. Apesar de não ser o único tipo de receitas públicas (para além do imposto existem igualmente as taxas, multas, coimas, os empréstimos públicos e os proveitos dos bens patrimoniais do Estado), o imposto assume, de entre os meios que suportam a actividade financeira, uma primordial importância devido a duas razões: - Quantitativamente, uma vez que o seu peso no total de receitas do Estado é muito grande; - Qualitativamente, porque se revela um instrumento cujas funções excedem as meramente fiscais. O imposto é um privilegiado meio de política económica (ex. medidas deflaccionárias, políticas de incentivos fiscais, protecção a indústrias nacionais) e de política social (ex. o efeito distribuidor de riqueza). Necessidades Activas e Necessidade Passivas As necessidades podem ser de satisfação activa ou individual e de satisfação passiva ou colectiva. No primeiro caso, exigem para a sua satisfação, um comportamento ou actividade por parte do consumidor, aqui o preço funciona como elemento de exclusão, o que nos permite afirmar que neste caso vigora o princípio da exclusão ou a exclusividade, essas necessidades são satisfeitas por bens divisíveis e rivais; e no segundo caso, incluiremos as necessidades cuja satisfação não exige qualquer actividade do consumidor, essas necessidades são satisfeitas com bens cujo consumo é inexcluível, e cuja produção tem de ser empreendida por uma colectividade, normalmente uma colectividade pública. Existem bens que simultaneamente satisfazem necessidades activas e necessidades passivas, dado que, existem bens que satisfazem necessidades activas, havendo uma externalidade. Há externidade sempre que um acto de produção ou de consumo origina benefício (externidade positiva) ou prejuízo (externidade negativa) para outras pessoas que não adquirentes dos bens. A produção de bens pelo Estado implica a realização de despesas as quais carecem de cobertura por receitas, isto é por dinheiro ou meios de financiamento. Do ponto de vista jurídico os meios de financiamento do Estado podem apresentar a seguinte classificação: a) Meios de financiamento voluntaristas Inclui os preços negocialmente estabelecidos que o Estado recebe pela venda de seu património privado ou pela prestação de serviços e pela venda de bens semi-públicos e os empréstimos somas que o Estado obtém através do recurso ao crédito. A actividade financeira do estado porém não visa apenas a arrecadação de receitas pode visar a produção de outros bens públicos, como a defesa da indústria nacional e a estabilidade económica. b) Meios de financiamento autoritarista Incluímos nesta classe as prestações que o Estado cobra sem dar especificamente nada em troca a quem as paga (Impostos) e as que implicam uma contrapartida a quem as paga que pode retirar determinada utilidade relacionada com o funcionamento de um serviço ou a utilização de um bem (Taxas). Direito Financeiro, Direito Fiscal e Direito Tributário Direito financeiro é o conjunto de normas jurídicas que disciplinam a actividade financeira do Estado. É o complexo de normas jurídicas que disciplinam a obtenção e distribuição do dinheiro necessário ao funcionamento dos entes públicos e à gestão dos bens propriedade desses mesmos entes. Este ramo de Direito regula as receitas (patrimoniais, creditícias e tributárias), despesas e administração ou gestão financeira públicas. Direito Tributário é o direito das receitas tributárias, isto é, o direito das receitas coactivas do Estado e demais entidades públicas nomeadamente das taxas e dos impostos. O Direito Fiscal é o ramo de Direito Tributário que disciplina a o sector das receitas coactivas unilaterais, isto é, é o Direito dos impostos. Direito Financeiro ou direito financeiro público – é um conjunto de normas jurídicas que disciplinam a actividade financeira do Estado e demais entes públicos, entendendo como sendo um ramos do direito que disciplina a obtenção e distribuição do dinheiro necessário ao funcionamento dos entes públicos por meio de normas jurídicas. (NABAIS, 2012) O direito financeiro conforma normas que disciplinam a arrecadação de receitas, por um lado, e normas que regulam a realização das despesas públicas, por outro. Sendo o direito financeiro o conjunto de normas que regulam a actividade financeira do Estado, estas actividades consistem em realização de despesas públicas no interesse da colectividade, e a consequente promoção da arrecadação das receitas para a cobertura dessas despesas. Normas que regulam a arrecadação de receitas públicas. O direito financeiro é configurado por três tipos de normas: a) Normas que regulam a arrecadação de receitas coactivas ou coercitivas; b) Normas que regulam a arrecadação de receitas voluntárias; c) Normas que regulam a realização de despesas públicas. A natureza e a autonomia do direito fiscal. A fiscalidade estuda, é certo, questões tradicionais do Direito Fiscal, mas é também o resultado da transposição das fronteiras estritas desse direito e consequente o alargamento a questões do domínio de outras áreas do direito, da economia e da gestão empresarial. Assim, fruto da natureza que o processo de tributação assume, da sua abrangência e implicações, a fiscalidade ultrapassa largamente os limites tradicionais do direito fiscal, estabelecendo fortes relações tanto com os diversos ramos do direito (Público e Privado), como com as disciplinas de Economia, Finanças, Gestão e Contabilidade. Em consequência, os estudos de fiscalidade são actualmente desenvolvidos de forma conjugada com essas matérias tendo ganho, sobretudo a partir da década de 70 do século passado, enquadramento curricular obrigatório na maioria dos cursos superiores de Gestão e Administração de Empresas. Natureza do Direito Fiscal A abordagem da natureza do Direito Fiscal levanta a questão do seu enquadramento nos dois grandes domínios do direito: o Público e o Privado. Para responder a essa questão, costumam eleger-se dois critérios importantes: a) O critério dos interesses tutelados: as normas do Direito Fiscal visam tutelar interesses da colectividade, já que o imposto de destina à satisfação das necessidades colectivas, por via das despesas públicas realizadas pelo Estado. Como veremos as despesas públicas visam não só a preservação da colectividade, mas também a melhoria das suas condições de vida. Por esse critério, o enquadramento do Direito Fiscal no Direito Público não parece oferecer dúvidas: o Direito Fiscal integra-se no Direito Público. b) O Critério da relação jurídica: a relação jurídica do imposto comporta dois sujeitos, em extremos opostos: num deles, estão o Estado e outros entes públicos na qualidade de sujeito Activo; no outro, encontram-se os cidadãos, contribuintes, como sujeitos passivos da relação. A actuação dos outros entes públicos, que não o Estado, situa-se igualmente a um nível superior ao dos sujeitos particulares, assumindo, de certo modo, algumas das prerrogativas do Estado: perseguem fins públicos, sendo igualmente credores de determinados tributos cujo ónus recai sobre os contribuintes. Ora, vistas as coisas por este prisma, também se enquadrará o Direito Fiscal, sem grandes contestações, no Direito Público. Pode então dizer-se que o Direito Fiscal integra, por natureza própria, o domínio do Direito Público. Fontes do Direito Fiscal A Lei Ás fontes do Direito Fiscal, como de qualquer outro ramos de direito, tratam de esclarecer onde nasce, como se forma e revela aos particulares esse direito.É importante compreender que os impostos só podem ser criados e extintos por lei, que determina os seus principais elementos: incidência, taxas, benefícios fiscais e garantias dos contribuintes. A lei é, pois, a principal fonte de Direito Fiscal. A lei ordinária, em sentido amplo, portanto, manifesta-se através da lei propriamente dita, emanada da Assembleia Nacional e do Decreto-Lei, emanado do Governo, expressamente autorizado pela Assembleia Nacional. Os Regulamentos São diplomas emanados do Governo para conveniente execução das leis, estando a elas hierarquicamente subordinados: não podem contrariar o disposto na lei nem disciplinar matérias a elas reservadas. No que respeita aos impostos, não podem regular os seus elementos fundamentais, como sejam a incidência, as taxas, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes. Podem apenas cuidar do lançamento, a liquidação e a cobrança, bem como a organização do contencioso, excepto a parte relativa às reclamações e recursos admitidos a favor do contribuinte. Os tratados, Convenções e Acordos Internacionais A ratificação por um Estado de qualquer desses instrumentos de Direito Internacional por um Estado, torna-os vigentes, e por conseguinte aplicáveis, nos seu espaço territorial. Assim, a legislação fiscal tem de levar em linha de conta essa realidade no seu ordenamento jurídico, sob pena da sua violação, com ónus de sancionamento nos termos do preceituado naqueles instrumentos. Objectivo e finalidade da fiscalidade O Estado está presente em todas as sociedades politicamente organizadas e precisa, obviamente, de receitas para a realização dos fins públicos tais como a defesa do território, a garantia da soberania, a manutenção da segurança e ordem pública, a administração da justiça, etc. O enfoque principal da fiscalidade é sobre os impostos, principal fonte das receitas públicas. Assim se depreende que o objectivo tradicional da fiscalidade tenha um carácter marcadamente financeiro: a obtenção de receitas para a cobertura das despesas públicas é o primeiro dos objectivos da fiscalidade e consubstancia as suas finalidades fiscais. Com o desenvolvimento das sociedades, entretanto, foram-se manifestando novos problemas a que o Estado é chamado a dar resposta. Novas funções foram sendo agregadas ao Estado, incluindo as de natureza e social como a promoção da eficiência, da equidade e da estabilidade dos ciclos económicos. Além de estabelecer a enquadramento legal para a economia de mercado, o Estado tem também funções de natureza alocativa (ou atributiva), distributiva e estabilizadora. Este conjunto, que enquadra as finalidades ditas extrafiscais, corresponde ao grupo de objectivos que visa dinamizar a economia e o alcance do bem-estar social. Essas funções, evidenciadas pelo economista americano R. Musgrave, configuram os objectivos de Política Económica e visam, respectivamente, a criação de condições mais favoráveis ao crescimento e ao desenvolvimento económicos, a correcção da repartição inequitativa primária dos rendimentos e a regulação conjuntural da actividade económica. Em função disso, a fiscalidade, até pelas suas implicações, passou a ter objectivos de intervenção na economia: através dela o Estado procura intervir, de forma deliberada, na dinâmica da economia e do bem-estar social dos cidadãos. Essa intervenção deliberada configura a Política fiscal, consubstanciada, como manipulação dos impostos e das despesas públicas com o objectivo fundamental de neutralizar as tendências à depressão económica e a inflação. Portanto, além dos objectivos financeiros a fiscalidade conforma também objectivos económicos e sociais. O Imposto Podemos definir imposto como uma prestação coactiva, pecuniária, definitiva, unilateral, estabelecida pela lei, a favor de entidades que exerçam funções públicas, para satisfação de fins públicos, que não constitui sanção de um acto ilícito, nem depende de qualquer vínculo anterior. A definição contém notas distintivas do imposto, que permitem distingui-lo de figuras afins, isto é, de receitas públicas não fiscais. Prestação coactiva O imposto é uma prestação coactiva, porque a obrigação de pagar imposto impõe-se ao particular e é independente da sua vontade, no sentido de que não resulta de qualquer acordo ou contrato existente entre ele e o Estado. Pecuniária Traduz-se numa obrigação de pagar uma quantia em dinheiro (ou equivalente em dinheiro), característica esta que permite distinguir o imposto de outras prestações coactivas que o Estado, por vezes exige dos cidadãos, mas que não se analisam numa entrega em dinheiro. É o caso, por exemplo, da prestação de serviço militar, ou das requisições administrativas, que não vêm pois classificadas como impostos. Definitiva Não tem o prestador do imposto direito à sua restituição ou reembolso do imposto devido. Por isso, se distingue imposto de empréstimo público, onde existe sempre reembolso. Esta característica não é prejudicada com o reembolso do imposto que tiver sido pago em excesso, ou daquele que resultou de um acto tributário que veio posteriormente a ser anulado. O imposto anulado, ou pago em excesso é um imposto indevido. Unilateral A natureza unilateral do imposto reside na inexistência de uma contrapartida individualizada por parte do credor do imposto (Estado) para com o devedor (contribuinte). Afasta-se pois, o imposto da taxa (onde existe uma contrapartida individualizada) e do empréstimo público (a contraprestação assume a forma de juro). Estabelecida por lei A obrigação tributária decorre da verificação de um facto (conjugação de pressupostos tributários) a que a lei e só ela como consequência a sujeição a imposto. A favor de entidades que exercem funções públicas Esta característica é uma consequência directa do facto de o imposto ser inerente à actividade financeira: uma actividade de natureza política. Para satisfação de fins públicos O imposto destina-se a realizar fins públicos. Não é inteiramente correcto dizer-se que os impostos destina-se a cobrir as despesas públicas ou se destinam a obter receitas. Assim, existem impostos em que a finalidade de obtenção de receitas está de todo ausente, pretendo-se com eles, tão-somente, satisfazer mediante a sua cobrança necessidades colectivas. É o caso dos impostos extra-fiscais de que se costuma dar o exemplo dos direitos alfandegários protectores. A sua finalidade é a protecção da indústria de um país. Outro exemplo será o dos impostos com finalidades ambientais, cujo objectivo é obter a redução de certas produções a que se atribuem danos ambientais que se pretendem controlar. Se o problema fosse o de cobrir as despesas públicas, sem mais considerações, não seriam necessários impostos. Dispondo o Estado de soberania sobre os cidadãos, um meio fácil de “financiamento” seria atribuir poder ao “soberano” de requisitar dos cidadãos o que precisasse. Esta situação conduziria a uma intolerável arbitrariedade, pois os que dispusessem ou produzissem bens que mais interessam ao Estado seriam sobrecarregados relativamente àqueles que dispusessem ou produzissem bens que ao Estado não interessam. O meio de financiamento requisição seria intolerável pelo que toca à forma como os encargos se distribuem pelos membros de uma colectividade política. O mesmo se diria de um outro meio de financiamento, bem fácil e expedito – a emissão de notas. Claro que esse financiamento geraria inflação e esta opera uma redistribuição dos rendimentos a dano dos titulares de rendimentos fixos ou pouco variáveis e a benefício dos titulares de rendimentos variáveisou especulativos. “Os impostos são então o meio escolhido para financiar as despesas públicas porque, com eles se consegue uma distribuição dos encargos com os bens públicos que surge como mais justa do que a resultante dos meios alternativos. Momentos da obrigação de imposto Os momentos que cronologicamente se sucedem, desde a ocorrência do facto gerador do imposto até à sua cobrança, são frequentemente designados por fases do imposto. Estas são reguladas através de um conjunto de normas jurídicas que se podem classificar de acordo com a fase do imposto a que respeitam. Incidência: O primeiro momento a considerar é o do preenchimento dos pressupostos necessários à geração do facto tributário. Tais pressupostos encontram-se tipificados nas normas de incidências e dividem-se em pressupostos de natureza real e pressuposto de natureza pessoal. O conjunto dos primeiros define as normas de incidência real ou objectiva, que são quem define os factos ou situações a que se liga a obrigação de pagar o imposto – designados factos geradores ou pressupostos de facto do imposto (salários, juros, lucros, rendas...). O conjunto de pressupostos de natureza pessoal definidos pelas normas de incidência pessoal ou subjectiva que são as que identificam os obrigados tributários ou sujeitos passivos do imposto. Lançamentos: É o conjunto de operações de natureza administrativa que visam a identificação do sujeito passivo e a determinação da matéria colectável. As normas que regulam tais operações são designadas de normas de lançamento. Liquidação: Em sentido restrito, a liquidação é uma mera operação aritmética de aplicação da taxa à matéria colectável, a fim de se apurar a colecta do imposto. Contudo é comum a utilização do sentido lato do vocábulo liquidação subsumindo nele as operações de lançamento e liquidação em sentido restrito. Tipologia dos Impostos Impostos estaduais e impostos não estaduais Esta é uma classificação que atende à natureza da entidade credora do imposto. Serão não estaduais os impostos em que o credor do imposto não é o Estado. Entre nós as Regiões Autónomas e as Autarquias são titulares de um direito próprio a impostos. Impostos directos e impostos indirectos Esta é uma das mais relevantes classificações e a que preside à classificação orçamental dos impostos. Têm sido vários e de diferente natureza os critérios (jurídicos e económicos) adoptados para a estabelecer. São directos os impostos que tributam manifestações directas ou mediatas de riqueza. Estas traduzem-se através do rendimento, capital ou património, ex. IRT, II. São indirectos os impostos que tributam manifestações indirectas ou mediatas de riqueza, as quais se evidenciam através do acto de consumir, ex. IS e os impostos sobre o consumo. Um segundo critério tem por base a diferente estabilidade das faculdades contributivas. Assim, serão impostos directos aqueles em que a matéria colectável possui carácter de permanência. Ao contrário serão impostos indirectos aqueles em que a matéria colectável é intermitente, revestindo natureza transitória. Impostos sobre o rendimento, sobre o património e sobre a despesa Trata-se de uma classificação de cariz meramente económico, no entanto não deixa de ser uma classificação muito importante. Imposto sobre o rendimento Tem vindo a evoluir e a alargar-se o conceito de rendimento adoptado na técnica fiscal. Também entre nós, a teoria da fonte, qualificando como rendimento o produto imputável de modo regular e durante certo período, a uma fonte durável, sem amputação desta fonte produtora, veio dar lugar, com a reforma fiscal de 1989, a uma clara adopção da teoria do acréscimo patrimonial. Segundo a teoria do acréscimo patrimonial, rendimento é a diferença entre o património inicial e o final. Este conceito de rendimento possui um conteúdo mais amplo, legitimando a tributação em imposto sobre o rendimento, nomeadamente das mais- valias, dos ganhos do jogo, e dos proveitos de actos isolados. São impostos sobre o rendimento o IRT e o II. Imposto sobre o património Definem-se como impostos sobre o património, os que incidem sobre a riqueza adquirida, como é o caso do IPU. Imposto sobre o consumo ou despesa Caracterizam-se por tributar a riqueza despendida no momento da aquisição de bens ou serviços. Impostos regressivos – estes impostos são caracterizados pela diminuição da taxa do imposto sempre que aumenta a matéria colectável. Em Angola, não existem estes tipos de impostos. Normalmente, distingui – se quatro fases ou momentos na vida do imposto: Incidência – é a caracterização em abstracto dos elementos costitutivo da obrigação do imposto. A incidência pode ser: Pessoal ou subjectiva- determinação das categorias de sujeitos a impostos com diferentes tratamentos fiscais. Real ou objectiva - difinição dos bens ou elemento do património que servem de base a determinação do imposto a pagar. Imposto sobre os rendimentos de trabalho (IRT). Código do Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho (aprovado pela Lei n.º 18/14, de 22 de Outubro); Incidência IRT é devido pelas pessoas singulares independentemente da respectiva residência – cujos rendimentos decorram de serviços prestados (directa ou indirectamente) a pessoas singulares ou colectivas com domicílio, sede, direcção efectiva ou estabelecimento estável em Angola. Grupos de tributação Os rendimentos passam a estar segmentados em três grupos de tributação: Grupo A – compreende as remunerações dos trabalhadores por conta de outrem (e pagas por uma entidade patronal ao abrigo de vínculo laboral celebrado nos termos da Lei Geral do Trabalho), bem como os rendimentos dos trabalhadores enquadrados no regime da função pública; Grupo B – inclui as remunerações auferidas pelos trabalhadores por conta própria que desempenhem alguma das actividades constantes da lista de profissões anexa do Código do IRT, bem como os rendimentos auferidos pelos titulares de cargos de gerência ou administração ou outros órgãos sociais de sociedades; Grupo C – engloba todas as remunerações auferidas pelo desempenho de actividades industriais e comerciais, conforme disposto na Tabela de Lucros Mínimos Taxas Grupo A – taxas progressivas de IRT constantes da tabela anexa ao Código, com o máximo de 17%; Grupo B – taxa única de 15%; Grupo C – taxa de 30% nos casos em que o rendimento colectável corresponda ao constante da Tabela dos Lucros Mínimos e, nos restantes casos, a taxa de 6,5% (harmonização com as regras do Imposto Industrial). Imposto Industrial (II) Código do Imposto Industrial (aprovado pela Lei n.º 19/14, de 22 de Outubro); Incidência Prevê-se expressamente que devem ser considerados como lucros derivados do exercício de actividades de natureza comercial ou industrial e, dessa forma, sujeitos a Imposto Industrial, os lucros gerados pelo exercício das actividades reguladas pela Entidade de Supervisão de Jogos, pelo Banco Nacional de Angola e pela Comissão do Mercado de Capitais. Actividades desenvolvidas por sociedades cuja actividade consista na mera gestão de uma carteira de imóveis, participações sociais ou outros títulos, assim como actividades de fundações, fundos autónomos, cooperativas e associações de beneficência. Grupos de tributação O Codigo do Imposto Industrial contempla dois grandes grupos de tributação, nomeadamente: Grupo A – a tributação neste grupo incide sobre os lucros efetivamente obtidos pelos contribuintes e determinados através da sua contabilidade. Grupo B - para este grupo a tributação incide sobre os lucrosefetivamente obtidos pelos contribuintes e determinados através da sua contabilidade ou sobre os lucros que presumivelmente os contribuintes obtiveram, quando não directamente apuráveis através dos elementos contabilísticos disponibilizados pelo contribuintes. Taxas A taxa de imposto de industrial é de 30%, tratando-se de rendimentos provenientes de actividades, exclusivamente a actividade das explorações agrícolas, aquícolas, avícolas, pecuárias, piscatórias e silvícolas aplica-se a taxa única de 15% Nota: Sobre os rendimentos das sociedades que fazem parte do grupo B do Imposto Industrial e não satisfaçam as condições necessárias para serem tributadas conforme o grupo A, é a plicada uma taxa de 6,5% sobre os total dos rendimento dos exercício. Liquidação e pagamento provisório Os contribuintes dos grupos A e B, devem efectuar autoliquidação provisória e pagamento o imposto devido, até ao final dos meses de Agosto e Julho, respectivamente, por referencia ao próprio exercício fiscal em que a actividade tenha lugar. Esta liquidação é efectuada mediante a aplicação de uma taxa de 2 % sobre o volume total das vendas, efectuadas pelo contribuinte, nos primeiros 6 meses do exercício. No caso das prestações de serviço é feita a retenção na fonte à taxa de 6,5% do valor do serviço, a liquidação e entrega do imposto devido é da responsabilidade da pessoa colectiva pagadora do serviço. Imposto sobre Aplicação de Capitais (IAC) Código do Imposto sobre a Aplicação de Capitais (aprovado pelo Decreto Legislativo Presidencial n.º 2/14, de 20 de Outubro); Incidência Atribuição de lucros aos sócios ou accionistas e repatriamento de lucros imputáveis a estabelecimentos estáveis de não residentes. Passam a estar compreendidos na base de incidência do IAC, para além dos lucros atribuídos aos sócios ou accionistas, o repatriamento de lucros imputáveis a estabelecimentos estáveis em Angola de entidades não residentes. Taxa À semelhança dos lucros atribuídos aos sócios ou accionistas de sociedades comerciais ou civis sobre a forma comercial, a taxa aplicável no repatriamento de lucros imputáveis a estabelecimentos estáveis de não residentes é de 10%. Prevê-se a aplicação de uma taxa de 5% na atribuição de lucros quando as participações sociais a que digam respeito os lucros se encontrem admitidas à negociação em mercado regulamentado (taxa reduzida aplicável apenas durante cinco anos.) Isenções A Associação Angolana de Bancos (ABANC) deixa de se pronunciar perante a Direcção Nacional dos Impostos relativamente à aprovação de instrumentos que se destinem a fomentar a poupança, cujos juros beneficiam de uma isenção de IAC (sendo apenas ouvido o Banco Nacional de Angola). Imposto de Selo (IS) Código do Imposto do Selo (aprovado pelo Decreto Legislativo Presidencial n.º 3/14, de 21 de Outubro). Incidência Arrendamento e subarrendamento Nos contratos de arrendamento e subarrendamento, o sujeito passivo do imposto passa a ser o locador e o sublocador, respectivamente, recaindo sobre estes a responsabilidade pela liquidação e entrega do imposto nos cofres do Estado. Esta responsabilidade pertencia anteriormente ao arrendatário e subarrendatário. Isenções Clarifica-se que os juros provenientes de obrigações de tesouro se encontram isentos de Imposto do Selo. Os contratos de trabalho passam a estar isentos de Imposto do Selo. Passam a estar isentas de Imposto do Selo as transmissões gratuitas de direito de propriedade que se operem entre pais e filhos. Imposto Predial Urbano Caracterização Imposto predial Urbano no regime fiscal angolano é regulado pelo diploma legislativo n.º 4044 e pelo decreto legislativo presidencial n.º 18/11, de 21 de abril- lei de alteração ao código do imposto predial urbano e ao código do imposto industrial. O imposto predial urbano pode ser tributado como um imposto directo (prédio arrendado) e como um imposto indirecto (prédio não arrendado). Sendo o imposto directo pelos recibos de quitação do arrendamento do imóvel e o indirecto através do usufruto do imóvel. Prédio arrendado Incidência Conforme a interpretação do disposto no n.º 1 do artigo 2.º do decreto legislativo presidencial em causa, o imposto predial urbano incide sobre os valores pagos pelas rendas dos imóveis em território Angolano. Determinação da matéria colectável e Taxa MC = Valor da renda mensal × Número de meses Prédio não arrendado Incidência Conforme a interpretação do disposto no n.º 1, do artigo 2.º, do decreto legislativo presidencial em causa, o imposto predial urbano incide no valor do património, sem prejuízo de não estar a residir nele. Determinação da matéria colectável MC = Valor patrimonial que conste na matriz – 5.000.000,00 de Kwanza. Se o resultado for negativo não se tributa. Taxa No imposto predial urbano sobre os prédios não arrendado a taxa é de 0,5% sobre o excesso de 5.000.000,00 Kwanza, conforme consta na tabela apresentada no n.º 3 do artigo 98.º, do decreto legislativo presidencial em referência. Imposto de Consumo (IC) Caracterização Regulado pelo decreto legislativo presidencial n.º3/14, de 24 de Outubro. Trata-se de um imposto plurifásico, porque é liquidado em todas as fases do circuito económico, desde o produtor ao retalhista. Sendo plurifásico, não é cumulativo, pois o seu pagamento é fraccionado. Incidência Para que exista incidência de IC, é necessário que o sujeito que efectua determinada transmissão de bens ou prestação de serviços seja sujeito passivo de IC, nos termos do art. 1.º. São sujeitos passivos do imposto as pessoas singulares ou colectivas que, de modo independente e com carácter de habitualidade, realizem actividades de produção, comércio ou prestação de serviços; e ainda aquelas que, também de modo independente, pratiquem um acto isolado. Valor tributável e Taxa Salvo algumas excepções, o valor tributável (sobre o qual incide a taxa) é o valor da contra prestação obtida ou a obter do adquirente, do destinatário ou de um terceiro. Existe a obrigação de pagar imposto a partir do momento em que os bens são disponibilizados ou é realizada a prestação de serviços. A taxa normal de IC é de 5% ou 10¨% mediante o facto gerador de imposto, conforme o previsto no anexo III da tabela 22 de imposto de consumo de serviço Exercícios Exercício Nº 1 Manuel Andrade estudante da IMETRO Funcionário da Empresa A.S Lda. Desempenha a função de atendente de balcão, auferindo um salário base de 35.000,00 Akz, tem um subsidio de alimentação no montante de 15.000,00 Akz. Qual a matéria colectável para o cálculo do IRT? Qual é o Grupo de Tributação? Qual é a taxa a ser aplicada? Exercício Nº 2 O Sr. António Martins funcionário do Banco SOU FELIZ, S.A é licenciado em Gestão Bancária e Especialista em Finanças, tem um contrato a tempo determinado, renovável de 6 em 6 meses, aufere um salário base no montante de 150.000,00 Akz, subsidio de transporte de 50.000,00 Akz. Fora das suas actividades laborais no sector bancário presta serviço de contabilidade a um restaurante, onde cobra um montante de 100.000,00 Akz mensal. Qual é o Grupo de Tributação? Qual a material colectável para o cálculo do IRT? Qual é a taxa a ser aplicada? Exercício Nº 3 Mateus de Almeida funcionário da fábrica XPTO, Lda., desempenha a função de motorista, aufere um saláriobase de 70.000,00 Akz, por ter uma boa avaliação nos últimos 2 anos a entidade empregadora decidiu aumentar o seu salário base numa ordem de 5%, atribuiu ao mesmo um subsídio de alimentação de 30% do salário base e um abono de família de 25.000,00 Akz. Pretende-se: a) Identificar o Grupo de Tributação; b) Determinar a matéria colectável para o cálculo do IRT; c) Identificar a taxa a ser aplicada; d) Cálculo do Salário Liquido. Exercício Nº 5 A Consultoria de Negócios e Finanças DOCECONTAS, Lda. Contratou por tempo determinado o Sr. Mavinga Filipe, para ocupar o cargo de coordenador de projectos, o mesmo que actualmente vive na Maxinde, deverá arrendar uma casa em Luanda para facilmente deslocar-se ao seu posto de trabalho, onde pagará um montante de 40.000,00 mês, de acordo o contrato o seu salário base de 150.000,00, Subsidio de transporte de 15.000,00, subsídio de renda de casa no montante de 35.000,00 e abono de família na ordem de 10% do salário base. Pretende-se: a) Identificar o Grupo de Tributação; b) Cálculo do Salário Liquido. Exercício Nº 6 António de Sousa, trabalhador da empresa MEU CORAÇÃO, Lda., desempenha a função de Jardineiro e aufere um salário base de 40.000,00, por ter completado 65 anos de idade a entidade empregadora decidiu dar uma gratificação no montante de 25.000,00 para apagar a vela. Pretende-se: a) Identificar o Grupo de Tributação; b) Determinar a matéria colectável para o cálculo do IRT; c) Identificar a taxa a ser aplicada; d) Cálculo do Salário Líquido. Exercício Nº 7 A empresa X MEGA, é uma empresa Sediada no Lobito, desenvolve actividade de comércio de materiais elétricos, a mesma apresenta uma contabilidade organizada, tem o capital social no montante de 100.000,00, no ano de 2015 teve uma venda a pronto no montante de 50.000.000,00 e venda a crédito de 3.000.000,00. Pretende-se: Identificar o Grupo de Tributação Identificar a taxa a ser aplicada Cálculo do Imposto Industrial Provisório Exercício Nº 8 A B-SK, Lda. Empresa fundada no ano de 1997, desenvolve actividade de comércio e prestação de serviços, a empresa foi constituída com um capital social de 500.000,00, no ano de 2015 os sócios decidiram aumentar o capital social numa margem 60%, neste mesmo ano a entidade obteve um total de venda no montante de 100.000.000,00 onde, 30% foram provenientes de prestações de serviços de manutenção de Ar condicionado. Pretende-se: Identificar o Grupo de Tributação; Identificar a taxa a ser aplicada; Cálculo de Imposto Industrial Provisório. Exercício Nº 9 O Restaurante P.C.U & Filhos, Lda. Localizado na zona do Km 30 em Luanda, tem o capital social de 55.000,00, no exercício económico de 2016 a entidade disponibilizou as seguintes informações: Venda total ------------------------------------------------- 565.500.000,00 Pagamentos aos funcionários ------------------------------ 12.000.000,00 Pagamentos a fornecedores ------------------------------- 150.000.000,00 CMVMC-------------------------------------------------------20.000.000,00 Pagamento de IPU referente a renda do Imóvel ------------- 150.000,00 Bilhete de Viagem da Esposa -----------------------------------175.000,00 Despesas Bancária ------------------------------------------------- 20.000,00 Renda do Escritório -------------------------------------------- 1.000.000,00 Pretende-se: Identificar o Grupo de Tributação; Identificar a taxa a ser aplicada; Cálculo de Imposto Industrial Provisório. Cálculo do Imposto Industrial de acordo a DRE Referências Bibliográficas NABAIS, José Casalta (2016) “Direito Fiscal” 9ª Edição, Almedina. GONÇALVES, Fernando (2009) “Fiscalidade para contabilistas” 1º Edição; Texto Editores FREITAS, Fátima (2016) “Legislação Fiscal” 4º Edição; Plural editores
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