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Literatura Infantojuvenil
Autoria: Ausdy Naza
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Tema 03
O Fenômeno Literário – Matéria e Forma
Tema 03
O Fenômeno Literário – Matéria e Forma
Autoria: Ausdy Nazareth Castros dos Santos
Como citar esse documento:
SANTOS, Ausdy Nazareth Castros dos. Literatura Infantojuvenil: O Fenômeno Literário – Matéria e Forma. Caderno de Atividades. Valinhos: 
Anhanguera Educacional, 2015.
Índice
© 2015 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua 
portuguesa ou qualquer outro idioma.
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O Fenômeno Literário – Matéria e Forma
É através da leitura que a criança entra em contato com o fruto de todo um contexto histórico que fará parte da 
formação de sua consciência como homem – a história dentro de um livro. E é por essa abordagem histórico-cultural 
mediada pelo livro que se dá o diálogo da criança com o autor, o que Bakhtin (1995) chama de formação do discurso 
interior, ou seja, a apreensão apreciativa da voz do outro. A criança que, pela leitura, apreende a enunciação do outro 
não é um ser mudo, alguém privado da palavra, mas sim um ser que está começando a formar suas palavras interiores 
a partir da junção do seu pensar com o discurso exterior. De acordo com o autor: “[...] É no quadro do discurso interior 
que se efetua a apreensão da enunciação de outrem, sua compreensão e sua apreciação, isto é, a orientação ativa do 
falante.” (BAKHTIN, 1995, p. 147-48). 
Neste tema você compreenderá que é importante fazer a criança tomar contato com textos cuja história seja real 
ou plausível, vendo o quanto é maravilhoso atuar como elemento formador do caráter, criatividade e espírito do jovem 
leitor. Verá que a literatura infantil, assim como qualquer criação literária, é determinada por alguns preceitos, sofrendo 
influência de fatores estruturantes, a partir dos quais surgirão os mais variados textos literários (escritos ou orais). 
Você também verá que a linguagem da literatura infantil, tanto das obras fantasistas quanto realistas, deve despertar 
primeiramente para o prazer da leitura, enriquecendo e contribuindo para a formação de um leitor consciente e crítico, 
capaz de não se deixar influenciar. 
Você perceberá que os fatores elencados neste tema o ajudarão nessa formação. É importante que você saiba identificar 
esses fatores e a influência de cada um deles sobre as obras da literatura infantil que irá adotar para que seus alunos 
leiam em sala de aula.
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Desde as origens, a literatura aparece ligada a essa função essencial: atuar sobre as mentes, as vontades, as ações; 
expandindo os espíritos, nos quais se ampliam também as emoções, as paixões, os desejos e os sentimentos de toda 
ordem. Segundo Coelho (2000),
[...] no encontro com a literatura (ou com a arte em geral) os homens têm a oportunidade de ampliar, transformar 
ou enriquecer sua própria experiência de vida, em um grau de intensidade não igualada por nenhuma outra 
atividade. (COELHO, 2000, p. 29)
O texto literário se vincula a um universo sociocultural e a dimensões ideológicas que permitem que sua natureza mude 
no tempo e no espaço. Sua linguagem é ao mesmo tempo partida e chegada, seus valores acompanham as mudanças 
culturais, de acordo com as transformações dos tempos, das vontades, das pessoas, dos povos, etc., ou seja, a literatura 
acompanha as mudanças da cultura da sociedade que integra e representa. 
É devido a esse aspecto mutável que a literatura traz a impressão de uma variabilidade específica, seja nos discursos 
individuais, seja na sua representatividade cultural. Desse modo, a fala comum possui uma transparência que não se 
encontra no discurso literário, já que este está sempre a serviço da criação artística. O texto literário, por sua capacidade 
de mediar a representação de realidades físicas, sociais e emocionais, configura-se como um objeto estético que 
incorpora elementos dessa dimensão ao repertório cultural do homem, enquanto receptor/usuário de um saber comum.
Pela sua essência em apresentar uma linguagem eminentemente conotativa, o texto literário resulta de um arranjo 
especial das palavras nessa modalidade de discurso de que emerge o sentido múltiplo que a caracteriza. Daí que a 
palavra literária, à luz da arte do escritor, revela-se carregada de traços significativos agregados a partir de um contexto 
de verossimilhança, apresentando uma imagem do real ligada estreitamente a outros elementos que fazem o texto. 
Atente para o fato de que, apesar de representar essa dimensão denotativa, não é este seu traço dominante, já que sua 
característica principal reside na conotação, que é o verdadeiro “segredo do valor poético de um texto”.
Estrutura do Texto Literário
A matéria literária constitui-se de elementos que tornam a palavra o corpo verbal do qual se constitui o texto. 
O texto que tem a intenção de narrar alguns fatos apresenta como especificidade uma sequência de ações que 
se relacionam a determinados acontecimentos, que podem ser reais ou fictícios, arranjados numa sequência 
de fatos na qual as personagens se movimentam num determinado espaço à medida que o tempo passa. 
São conhecidos como textos narrativos os contos, as novelas, os romances, algumas crônicas, os poemas narrativos, as 
histórias em quadrinhos, as piadas, as letras musicais, entre outros. Esse tipo de texto apresenta algumas características 
que Nelly Novaes Coelho (2000, p. 66) chamou de “dez fatores estruturantes”, a saber:
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1. Personagem
Do latim persona (máscara), as personagens são simulacros de pessoas reais, que vivem as situações dentro da 
narrativa, não podendo ser confundidas com pessoas reais, já que as primeiras são seres somente no papel, tendo 
existência real apenas na narrativa, e as segundas são de carne e osso, tendo sua existência no mundo real e não no 
da ficção. 
Logo, as personagens são os seres fictícios que interagem com o leitor, compondo o quadro dos elementos que participam 
da história e representando uma pessoa imaginada pelo autor da obra, adquirindo vida quando posta em ação durante os 
acontecimentos. Toda informação que se sabe de uma personagem é dada pelo narrador que, em estreita conexão com 
as personagens da história, tem o papel de nomear, descrever características físicas e psicológicas, fazer comentários 
a respeito delas e, principalmente, colocá-las em ação.
1.1 Algumas personagens, por se tratarem de pessoas que ocupam lugar de destaque e que apresentam papel 
significativo para o desenvolvimento da história, são chamadas de protagonistas. Geralmente, uma obra fictícia 
apresenta protagonistas fortes, virtuosos, inteligentes e corajosos, denominados heróis. Mas isso não é praxe, caso 
o protagonista não apresente as qualidades de um herói e seja exatamente o contrário, é chamado de anti-herói.
1.2 As protagonistas geralmente trazem vinculadas ao seu papel na história outras personagens que lhes opõem 
às ideias, criando conflitos e, muitas vezes, sendo a causa de problemas das mais diversas ordens, impedindo-as 
de alcançar seus objetivos. A essas personagens opostas aos protagonistas, dá-se o nome de antagonistas. 
1.3 As demais personagens recebem o nome de secundárias ou coadjuvantes, que também são importantes para 
que se mantenha o enredo da história.
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Figura 3.1 Personagem.
Fonte: Elaborada pela autora.
2. Narrador
Chamamos de narrador a voz que medeia a relação entre a narrativa e o leitor (ou ouvinte), sendo fundamental para 
a constituição da história, já que a sua maneira de organizar o que narra, sob o seu ponto de vista e sua perspectiva, é 
decisiva para o entendimento da mensagem daobra pelo leitor. 
2.1 Chama-se foco narrativo a maneira pela qual o narrador se situa em relação ao que está narrando, constituindo-
se, basicamente, de três tipos:
a. Narrador em 1ª pessoa: também chamado de narrador-personagem, adquire essa nomeação porque participa 
da história, estando perto do universo que está sendo transcrito, relatando os fatos sob sua ótica. Nesse caso, há 
predomínio de impressões pessoais do narrador e visão parcial na narração dos fatos, ou seja, esse tipo de narrador 
não possui cem por cento de credibilidade, já que sua familiaridade com a história que está narrando permeia-se de 
contextos que um narrador mais distante jamais teria condições de apreender. Daí a narrativa muitas vezes adquirir 
uma visão totalmente partidária, que sofre a interferência das posturas, conceitos e pareceres do narrador diante 
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da vida, não deixando que o leitor fique diretamente a par das ideias e emoções presentes no interior das outras 
personagens. É o caso, por exemplo, da personagem Bentinho, em Dom Casmurro, clássico de Machado de Assis, 
que não permite que o leitor se comunique ou saiba das verdades e intenções presentes no íntimo da personagem 
Capitu. 
b. Narrador em 3ª pessoa: quando o narrador revela ao leitor somente o que consegue observar direta ou 
indiretamente. Esse tipo de narrador pode ser:
• Narrador-observador: objetivo e restrito, esse narrador apresenta ao leitor somente o que pode ver e analisar, 
exatamente como quem capta imagens em uma câmera, com uma boa dose de imparcialidade, sem analisar nada 
que esteja inserido na psique das personagens.
• Narrador-onisciente: observa e revela tudo sobre o enredo e as personagens - seus pensamentos mais 
íntimos e detalhes que até mesmo elas não sabem. Como está presente em toda parte, é também chamado de 
onipresente, já que pode observar o desenrolar dos acontecimentos em qualquer espaço que ocorram. 
3. Tempo
A estrutura narrativa denominada tempo representa o momento em que ocorrem os acontecimentos (manhã, tarde, 
noite, presente, passado, futuro, etc.). 
3.1 Tempo cronológico: é aquele determinado por horas e datas, revelado por acontecimentos dispostos numa 
ordem sequencial e linear (início, meio e fim).
3.2 Tempo psicológico: é aquele ligado às emoções e sentimentos, caracterizado pelas lembranças das personagens 
e reveladas por momentos confusos, em que se fundem presente, passado e futuro.
3.3 Tempo do discurso: é o que resulta do tratamento ou elaboração do tempo da história pelo narrador, que pode 
escolher narrar os acontecimentos a partir da:
- ordem linear em que aparecem (começo, meio e fim).
- alteração da ordem temporal, recorrendo à antecipação de acontecimentos futuros (fim, começo, meio).
- cadência dos acontecimentos, recorrendo ao resumo ou sumário, à elipse ou à pausa.
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4. Espaço
O espaço determina o lugar onde se passa toda a trama. Algumas vezes ajuda a caracterizar as personagens, 
outras vezes é sugerido no intuito de aguçar a mente do leitor, sendo determinante para o entendimento da história. 
Dependendo do enredo, a caracterização do espaço torna-se de fundamental importância, como ocorre, por exemplo, 
nos romances regionalistas, nas histórias de terror, etc. Pode ser registrado a partir de dois tipos de perspectiva: 1) 
ambiente fechado, quando se refere a recortes de locais em que a vista encontra os limites (uma sala, um quarto, um 
celeiro, etc.) e 2) ambiente aberto ou paisagem (quando não impõe limites à visão do observador - campos, montanhas, 
mar aberto, etc.). Há vários tipos de espaço numa narrativa: 
4.1 O espaço ou ambiente físico: utilizado como a cena onde acontecem as atuações das personagens ou a 
paisagem na qual elas se movimentam.
4.2 O espaço ou ambiente social: configurado pelo universo social em que se encontram inseridas as personagens 
secundárias, totalmente decorativas.
4.3 O espaço ou ambiente psicológico: definido como a esfera interna dos seres fictícios, abrangendo as experiências, 
os pensamentos e as emoções das personagens.
4.4 O espaço trans-real: o lugar que só existe na imaginação do homem, ou seja, não é localizável na realidade, é 
o espaço utilizado para as descrições do maravilhoso nas fábulas e nos mitos, bem como na ficção científica.
Veja a seguir um exemplo de espaço físico/ambiente fechado retirado do conto Missa do galo, de Machado de Assis:
A família recolheu-se à hora do costume; eu meti-me na sala da frente, vestido e pronto. [...] Tinha comigo um 
romance, Os Três Mosqueteiros, velha tradução creio do Jornal do Comércio. Sentei-me à mesa que havia no 
centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene, enquanto a casa dormia, trepei ainda uma vez ao cavalo 
magro de D’Artagnan e fui-me às aventuras. Dentro em pouco estava completamente ébrio de Dumas. Os minutos 
voavam, ao contrário do que costumam fazer, quando são de espera; ouvi bater onze horas, mas quase sem dar 
por elas, um acaso. Entretanto, um pequeno rumor que ouvi dentro veio acordar-me da leitura. Eram uns passos 
no corredor que ia da sala de visitas à de jantar; levantei a cabeça; logo depois vi assomar à porta da sala o vulto 
de Conceição. (ASSIS, 1994)
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5. Enredo
A estrutura denominada enredo possui o sentido essencial de arranjo de uma história, ou seja, é a apresentação/
representação das situações, das personagens nelas envolvidas e das contínuas transformações que vão ocorrendo 
entre elas, a ponto de criar novas situações até alcançar, finalmente, o desfecho. Essencialmente, o enredo comporta 
a história: ele é o corpo de uma narrativa. O foco principal de todo enredo é prender a atenção do leitor a partir da 
criação de um clima de tensão organizado em torno dos fatos. Na maioria das vezes o conflito gerado pelo enredo é 
representado pelas seguintes partes:
5.1 Introdução: início e apresentação da história, em que já aparecem os fatos iniciais, algumas personagens, e, na 
maioria das vezes, o tempo e o espaço.
5.2 Complicação ou imbróglio: parte em que se desenvolve um conflito que deverá ser resolvido (ou não) ao longo 
da narrativa.
5.3 Clímax: ponto culminante de toda a trama, em que se notam os momentos de maior tensão. Parte ou partes em 
que o conflito atinge o auge.
5.4 Conclusão ou desfecho final: solução do conflito construído pelo autor e que pode apresentar variados desfechos 
(trágico, cômico, triste, surpreendente). 
A Linguagem na Narrativa
Segundo Coelho (2000, p. 82), a linguagem utilizada nas obras literárias depende de sua intencionalidade, podendo 
ser mimética ou simbólica. Essas linguagens eram utilizadas separadamente em algumas obras, principalmente as da 
Antiguidade, sendo que a simbólica era a preferida na narração religiosa, além de ser aclamada por Bettelheim (1980) 
por auxiliar no desenvolvimento infantil. A mimética era utilizada para se referir às situações concretas, muitas vezes, 
com caráter moralizante. 
Posteriormente, a ficção contemporânea uniu a linguagem real e metafórica originando disso o realismo mágico ou o 
realismo absurdo em que o elemento maravilhoso presente no texto é visto de modo natural. A autora Nelly Novaes 
Coelho deixa claro que “nenhuma dessas formas é melhor ou pior, literariamente. São apenas diferentes e dependem 
das relações de conhecimento que se estabelecem entre os homens e o mundo em que eles vivem” (COELHO, 2000, 
p. 52).
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Desse modo, acreditamos que tanto as obras fantasistas quanto as verossímeis à realidade permitem a visualização 
de configurações estéticas que as qualificam como objetos de arte literária. As obras contemporâneas, que apresentam 
textos mais modernos e variadas ilustrações, enriquecem o imaginário infantil, despertam para o prazer pela leitura e 
também contribuem para o processo de aquisição da linguagemna criança.
Os Processos Narrativos
Ainda no que tange à linguagem narrativa utilizada nas obras da literatura infantil, podemos observar alguns textos 
característicos, como:
A descrição: relato de um objeto, pessoa, cena ou situação estática, ou seja, não depende do tempo. Descrever 
é desenhar com palavras determinada imagem, de modo que ela possa ser visualizada pelo leitor em sua mente. 
Apresenta as características peculiares abaixo:
- Uso de verbos de ligação.
- Presença de adjetivos ou locuções adjetivas.
- O texto descritivo não é dinâmico, o que o deixa um pouco tedioso, sendo cansativo para o leitor lê-lo.
- As imagens desse tipo de texto são semelhantes a um retrato, só que ao invés de imagens são utilizadas palavras, 
daí o nome imagem verbal.
- Pela riqueza de detalhes e clareza de informações que esse tipo de texto apresenta a imagem vai se tornando 
nítida e acessível ao leitor, o que deve ser o principal objetivo de uma boa descrição. Segundo Coelho (2000, p. 83) 
“na literatura para crianças desempenha uma função muito importante [...]: ensina a criança a ver as coisas através 
da representação mental realizada pelas palavras”.
A narração: pode ser definida como um relato de acontecimentos que remetem para o conhecimento 
do ser humano e das suas realizações no mundo. Na narrativa literária há uma expressão do mundo 
exterior e objetivo que é, em geral, enunciado na terceira pessoa (por vezes, na primeira pessoa, quando o 
narrador assume o papel de personagem), predominando a função referencial ou informativa da linguagem. 
O texto narrativo permite uma comunicação através do discurso do narrador e da história recriada, apresentando um 
discurso múltiplo e complexo que recorre, essencialmente, à narração, à descrição, ao diálogo e ao monólogo.
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A dissertação: série concatenada de ideias, opiniões ou juízos; tomada de posição frente a um determinado assunto que 
procura convencer o leitor de alguma coisa, explicar a ele um ponto de vista a respeito de um assunto, ou simplesmente 
interpretar uma ideia. Pode-se contar uma história (narração) ou apontar características fundamentais de um ambiente 
(descrição) sem se envolver diretamente no relato. Tudo o que for exposto, todavia, principalmente no campo político e 
religioso, deve ser acompanhado de argumentações e provas fundamentais.
O diálogo: modo de expressão cuja função varia sob vários aspectos: a situação comunicativa, a tipologia textual, a 
intenção do autor. Na ficção, pode ter as seguintes funções: contribuir para a construção da verossimilhança; caracterizar 
a personagem, pela exposição de seus pontos de vista através do discurso utilizado; fornecer informações sobre 
acontecimentos, situações, personagens, etc.; fazer progredir a ação. Encontra-se esse tipo de linguagem em textos 
dramáticos e na generalidade das obras narrativas.
O monólogo: variante do diálogo, é um tipo de diálogo interiorizado, em que o “eu” se desdobra em dois, um que fala 
e outro que escuta. Na ficção assume duas funções: revelar o mundo interior da personagem em causa e fornecer 
informações sobre acontecimentos anteriores cujo conhecimento é necessário para a compreensão da situação 
presente. Algumas narrativas apresentam uma forma de monólogo interior, que representa a corrente de consciência 
da personagem, assumindo a função de revelar pensamentos, recordações, emoções, contribuindo também para a 
caracterização indireta da personagem.
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Conhecendo mais sobre Literatura
• Visite o site Brasil Escola e conheça diversos assuntos relativos à Literatura Infantil, à Arte 
Literária, bem como tome conhecimento de alguns artigos que traduzem as ideias da autora do 
seu PLT, Nelly Novaes Coelho, sobre a Literatura para crianças. 
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/literatura>. Acesso em: 20 jan. 2015.
Foco Narrativo com Pedro Bandeira
• Assista ao vídeo O foco narrativo na Literatura infantil e juvenil, em que o autor dos mais lindos 
livros infanto-juvenis, Pedro Bandeira, faz uma apresentação bem-humorada e interessante 
sobre o foco narrativo em literatura infantil. 
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=3N9u_aqAw44>. Acesso em: 20 jan. 2015.
Tempo: 8:37
Mundo Educação – um site para conhecer mais
• Visite o site Mundo Educação e acesse vários artigos e explicações sobre o mundo da literatura 
e as especificidades da literatura infantil, como os contos fantásticos, as fábulas e os contos 
policiais. Imprescindível para futuros professores de literatura. 
Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com/redacao/os-elementos-texto-narrativo.htm>. Acesso em: 20 
jan. 2015.
Conheça a Coleção Itaú de Livros Infantis
• Criada pela Fundação Itaú Social, essa é uma coleção que todos podemos acessar e que 
pode nos ajudar a despertar desde cedo o prazer pela leitura. Peça a sua coleção gratuitamente.
Disponível em: <http://www.itau.com.br/itaucrianca>. Acesso em: 20 jan. 2015.
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Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla 
escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
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Questão 1
Você estudou que, em relação à pessoa gramatical, o narrador de uma obra pode escolher falar em primeira ou terceira pessoa. 
Quais os efeitos de sentido obtidos a partir dessa escolha?
Questão 2
(FUVEST) A narração dos acontecimentos com que o leitor se defronta no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, se faz 
em primeira pessoa, portanto, do ponto de vista da personagem Bentinho. Seria, pois, correto dizer que ela se apresenta:
a) Fiel aos fatos e perfeitamente adequada à realidade.
b) Viciada pela perspectiva unilateral assumida pelo narrador.
c) Perturbada pela interferência de Capitu que acaba por guiar o narrador.
d) Isenta de quaisquer formas de interferência, pois visa à verdade.
e) Indecisa entre o relato dos fatos e a impossibilidade de ordená-los.
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Questão 3 
Sobre um texto do tipo descritivo, é correto afirmar que:
a) Sua principal característica é narrar um fato, fictício ou não, com tempo e espaço bem definidos e personagens que executam 
as ações que movimentam o enredo.
b) Sua principal característica é explicar um assunto e discorrer sobre ele. Tem como intenção expor um argumento e defendê-
lo.
c) Sua principal característica é completar os elementos da narrativa com a caracterização de personagem e de ambiente para 
transmitir ao leitor dados significativos sobre as personagens.
d) Sua principal característica é indicar como realizar uma ação, com linguagem simples e objetiva, além de predomínio do 
modo imperativo.
e) Sua principal característica é fazer uma defesa de ideias ou de um ponto de vista do autor do texto. A linguagem é 
predominantemente persuasiva e denotativa.
Questão 4
Qual é relação existente entre as funções do narrador e a personagem?
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Questão 5 
Classifique os trechos a seguir, de acordo com a legenda:
(A) Narração 
(B) Descrição 
(C) Dissertação
 
1. ( ) Ocorreu um pequeno incêndio na noite de ontem em um apartamento de propriedade do Sr. Marcos da Fonseca. No 
local habitavam o proprietário, sua esposa e seus dois filhos. O fogo despontou em um dos quartos que, por sorte, ficava 
na frente do prédio. 
2. ( ) O mundo moderno caminha atualmente para sua própria destruição, pois tem havido inúmeros conflitos internacio-
nais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico e, além do mais, permanece o perigo de 
uma catástrofe nuclear. 
3. ( ) Qualquer pessoa que o visse, quer pessoalmente ou através dos meios de comunicação, era logo levada a sentir 
que dele emanava uma serenidade e autoconfiança próprias daqueles que vivem com sabedoria e dignidade.4. ( ) De baixa estatura, magro, calvo, tinha a idade de um pai que cada pessoa gostaria de ter e de quem a nação tanto 
precisava naquele momento de desamparo. 
5. ( ) Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar na possibilidade de estarmos a caminho do nosso 
próprio extermínio. É desejo de todos nós que algo possa ser feito no sentido de conter essas diversas forças destrutivas, 
para podermos sobreviver às adversidades e construir um mundo que, por ser pacífico, será mais facilmente habitado 
pelas gerações vindouras. 
6. ( ) O homem, dono da barraca de tomates, tentava, em vão, acalmar a nervosa senhora. Não sei por que brigavam, 
mas sei o que vi: a mulher imensamente gorda, mais do que gorda, monstruosa, erguia os enormes braços e, com os 
punhos cerrados, gritava contra o feirante. Comecei a me assustar, com medo de que ela destruísse a barraca — e talvez 
o próprio homem — devido à sua fúria incontrolável. Ela ia gritando e se empolgando com sua raiva crescente e ficando 
cada vez mais vermelha, assim como os tomates, ou até mais.
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Neste tema, você pôde aprender que uma das funções da literatura é atuar sobre as mentes, as vontades, as ações 
dos homens, de modo a expandir-lhes o espírito, ampliando as emoções, as paixões, os desejos e os sentimentos a fim 
de capacitar-lhes para a resolução de seus conflitos mais íntimos até aprenderem a lidar com o mundo que os cerca. 
Você viu também que a literatura, por apresentar um aspecto mutável, tem um discurso mutável, que acha eco na 
representatividade cultural à qual se agrega. Viu ainda as diferenças entre o discurso da fala comum e o discurso literário, 
que está sempre a serviço da criação artística. Percebeu que a narração é um dos tipos de textos que mais se aproveita 
dessa mutabilidade da literatura, já que apresenta a intenção de narrar fatos a partir de uma sequência de ações, reais 
ou fictícias, num determinado espaço à medida que o tempo passa. Dessa maneira, percebeu detalhadamente cada um 
dos elementos constituintes desse tipo de texto, bem como de outros, suas especificidades e usos. 
Conheça mais sobre o assunto visitando os links sugeridos e amplie seu conhecimento.
FINALIZANDO
ASSIS, Machado de. Missa do galo. In: Obra completa de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. v. III. 
Disponível em: <http://machado.mec.gov.br/images/stories/pdf/contos/macn006.pdf>. Acesso em: 29 maio 2015.
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1995.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
BRASIL ESCOLA. Conhecendo mais sobre Literatura. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/literatura>. Acesso em: 20 
jan. 2015.
CANDIDO, Antônio. A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 1968.
COADJUVANTES. In: WIKIPÉDIA, 2015. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Personagem_secund%C3%A1ria>. Acesso 
em: 20 jan. 2015.
REFERÊNCIAS
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COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000.
EDITORA MODERNA LITER. Vídeo aula com o autor Pedro Bandeira 2/6 – Tema: Ângulo emocional do observador. Disponível 
em: <http://www.youtube.com/watch?v=3N9u_aqAw44>. Acesso em: 20 jan. 2015.
ENUNCIAÇÃO. In: DICIONÁRIO Priberam da Língua Portuguesa, 2015. Disponível em: <http://www.priberam.pt/DLPO/
enuncia%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 20 jan. 2015.
PROENÇA FILHO, Domício. A Linguagem Literária. São Paulo: Ática, 1986. (Série Princípios) 
FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL. Itaú Criança. Disponível em: <http://www.itau.com.br/itaucrianca>. Acesso em: 20 jan. 2015.
LUKÁCS, Georg. A teoria do romance. São Paulo: Duas cidades; Ed. 34, 2000. (Coleção Espírito Crítico)
MOISÉS, Massaud. A criação literária: prosa I. São Paulo: Cultrix, 2006. MUIR, Edwin. A estrutura do romance. Porto Alegre: 
Globo, 1970.
MUNDO EDUCAÇÃO. Literatura. Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com/literatura/>. Acesso em: 20 jan. 2015.
NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. São Paulo: Ática, 1999. ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São 
Paulo: Global, 2003.
REFERÊNCIAS
Enunciação: manifestação, afirmação oral ou por escrito. “Produção individual, através da língua, de um texto ou enun-
ciado, em determinado contexto, dirigido a um interlocutor.” (PRIBERAM, 2015)
Concatenada: concatenar é encadear, ligar ideias e pensamentos.
Coadjuvantes: ajudantes, colaboradores, aqueles que não são protagonistas, nome genérico de outros personagens 
de menor importância. Na literatura há tipos de personagens coadjuvantes, como os que desempenham um papel au-
xiliar contínuo aos personagens principais, os que surgem apenas ocasionalmente ou irregularmente, os que aparecem 
apenas uma vez em uma cena, os que têm pouco envolvimento com a história e aparecem com certa frequência. No 
caso em que grandes atores exercem o papel de um personagem coadjuvante, este pode receber o nome de “ator 
GLOSSÁRIO
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convidado”. Entretanto, como há casos em que um artista pode ser convidado para uma situação de emergência, os 
grandes atores em papéis coadjuvantes podem também ser chamados de “convidado especial” ou serem tratados como 
“participação especial”. Em filmes, novelas e peças de teatro, dificilmente o personagem principal atuará sozinho, pri-
meiramente haverá a organização de presença de personagens coadjuvantes em torno do personagem principal para 
destacá-lo. (WIKIPÉDIA, 2015) 
Verossimilhança: é a qualidade daquilo que parece verdadeiro, isto é, o que é atribuído a uma realidade com aparên-
cia de verdade, na relação ambígua que pode ser estabelecida entre a imagem e a ideia. Para a literatura, o termo 
representa a ideia de que aquilo que está sendo narrado se assemelha ao fato real. É, no geral, aquilo que possui se-
melhança com a realidade, com o dia a dia, podendo ser tomada como a impressão da verdade que a ficção consegue 
provocar no leitor, facilmente reconhecida em cenas de filmes, novelas, livros por apresentar os fatos à semelhança ao 
que acontecem na realidade vivida.
GLOSSÁRIO
GABARITO
Questão 1
Resposta: Quando há um narrador em 1ª pessoa, chamado de narrador-personagem, temos mais uma personagem que 
narra a história participando dela e relatando os fatos sob sua ótica. Esse tipo de narrador não possui credibilidade, pois 
suas impressões estarão sempre cheias das suas posturas, conceitos e pareceres diante da vida. Quando o narrador 
está na 3ª pessoa, a análise dos fatos é mais verídica, já que este apenas observa e retrata o que vê, sem interferir na 
história e nos fatos.
Questão 2
Resposta: Alternativa B.
A visão do narrador é em primeira pessoa, logo, de acordo com o que foi estudado, não é fiel aos fatos, podendo estar 
viciada pelas suas crenças e opiniões.
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Questão 3
Resposta: Alternativa C.
Nos textos descritivos, a linguagem é utilizada para construir imagens que representem seres, objetos ou cenas. 
Descrever é empregar os sentidos para captar uma realidade circunscrita em um texto.
Questão 4
Resposta: A principal função do narrador é ser a voz que media a relação entre a narrativa e o leitor (ou ouvinte). Por 
isso sua presença é de fundamental importância para a constituição da história, já que a sua maneira de organizar o 
que narra, sob o seu ponto de vista e sua perspectiva, é decisiva para o entendimento da mensagem da obra pelo leitor. 
Questão 5
Resposta: 
1. A. 
2. C.
3. B. 
4. A e B. 
5. C. 
6. A e B.

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