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GESTAÇÃO/LACTAÇÃO HIV-AIDS PROFESSORA AMANDA ALCARAZ DA SILVA CONCEITO DA DOENÇA É uma síndrome caracterizada pela disfunção grave do sistema imunológico do indivíduo infectado pelo vírus HIV. Caracteriza-se pela destruição progressiva de linfócitos T CD4+, sendo vírus HIV o responsável pela deficiência imunológica 1) Infecção aguda • Primeiras semanas da infecção com aparecimento dos anticorpos (soroconversão) • Febre, adenopatia, faringite, exantema, mialgia e cefaleia • Sintomas digestivos, como náuseas, vômitos, diarreia, perda de peso e úlceras orais 2) Latência clínica e fase sintomática • Linfadenopatia, plaquetopenia, anemia (normocrômica e normocítica), leucopenia leve, LT CD4+ > 350 céls/mm3, infecções respiratórias, candidíase oral marcador de imunossupressão grave 3) Síndrome da Imunodeficiência Adquirida • O aparecimento de infecções e oportunistas e malignidade definem a AIDS • Pneumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, meningite criptocócica e retinite por citomegalovírus. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA TRANSMISSÃO VERTICAL Contato com sangue e secreções vaginais Durante a gestação (últimas semanas) No trabalho de parto Pós-parto- lactação No parto Os recém-nascidos de mães infectadas pelo HIV podem apresentar anticorpos anti-HIV circulantes transferidos pela mãe durante a gestação (via placentária). Os anticorpos anti-HIV podem persistir até 18 meses, sem que eles tenham sido infectados PORTA DE ENTRADA PARA DETECÇÃO DO HIV EM GESTANTES ATENDIDAS PELO SUS CAPTAÇÃO PARA TESTAGEM Unidades Básicas de Saúde UBS Programa de Saúde da Família PSF Centro de Testagem e Aconselhamento CTA-COAS • 1ª consulta pré- natal 1° teste • Tempo de contágio e a detecção dos anticorpos (6 a 12 semanas) Janela Imunológica • Início do 3° trimestre 2° teste TESTAGEM EM GESTANTES Maior risco de transmissão do vírus HIV ao feto TESTAGEM POSITIVA Utilizar a TARV Evitar amamentação Contagem de linfócitos T CD4+ e carga viral PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL Notificação obrigatória Estágio inicial Contagem de células CD4 > 500 células/mm3 Sintomatologia: dermatites e linfadenopatia Declínio da contagem de CD4 de 50 células/mm3 por ano Estágio intermediário Contagem de células CD4 entre 200 e 500 células/mm3 Sintomatologia: candidíase oral e vaginal, neuropatia periférica, displasia cervical, herpes zoster e febre Estágio final Contagem de células CD4 < 200 células/mm3 Sintomatologia: infecções oportunistas, doenças neurológicas, tumores etc. DADOS LABORATORIAIS CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA OU FATORES QUE AUMENTAM O RISCO DE TRANSMISSÃO DO VÍRUS HIV DA MÃE PARA O FETO VIRAIS: carga viral elevada, genótipo e fenótipo viral MATERNO: estado clínico e imunológico comprometido, presença de outras DST e outras co-infecções, estado nutricional deficiente COMPORTAMENTAIS: reinfecção, seja por reexposição sexual ou compartilhamento de seringas OBSTÉTRICOS: trabalho de parto prolongado e tempo de ruptura das membranas amnióticas,via de parto, presença de hemorragia intra parto e parto instrumentalizado INERENTE AO RECÉM-NASCIDO: prematuridade, baixo peso ao nascer e tempo de aleitamento CLASSES DE MEDICAMENTOS ANTIRETROVIRAIS • Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa - atuam na enzima transcriptase reversa, incorporando-se à cadeia de DNA que o vírus cria. Tornam essa cadeia defeituosa, impedindo que o vírus se reproduza. Ex: Abacavir, Didanosina, Estavudina, Lamivudina, Tenofovir e Zidovudina . • Inibidores Não Nucleosídeos da Transcriptase Reversa - bloqueiam diretamente a ação da enzima e a multiplicação do vírus. Ex: Efavirenz, Nevirapina e Etravirina. • Inibidores de Protease – atuam na enzima protease, bloqueando sua ação e impedindo a produção de novas cópias de células infectadas com HIV. Ex: Atazanavir, Indinavir, Nelfinavir, Ritonavir, Saquinavir etc. • Inibidores de fusão - impedem a entrada do vírus na célula e, por isso, ele não pode se reproduzir. Ex: Enfuvirtida. • Inibidores da Integrase – bloqueiam a atividade da enzima integrase, responsável pela inserção do DNA do HIV ao DNA humano (código genético da célula). Ex: Raltegravir. O tratamento antirretroviral específico deve ter, no mínimo, três drogas “coquetel” (consenso) CLASSES DE MEDICAMENTOS ANTIRETROVIRAIS PUERPÉRIO IMEDIATO Enfaixamento das mamas com ataduras ou top Medicamento para supressão da lactação – cabergolina 0,5mg, vo, em dose única Entregar fórmula infantil para 2 semanas, após a orientação para o uso RECÉM-NASCIDO EXPOSTO AO HIV APÓS A ALTA Consulta no serviço de referência HIV-AIDS após 2 semanas do nascimento Dispensação mensal da fórmula infantil com acompanhamento do crescimento e desenvolvimento ALOJAMENTO CONJUNTO Favorecer o vínculo mãe-filho, não amamentar Hemograma (anemia causada pelo AZT), função hepática, sorologia para rubéola, citomegalovírus etc. NA SALA DE PARTO Lavagem do bebê com água e sabão Uso de zidovudina (AZT) após o parto ou nas duas primeiras horas de vida • Redução da morbimortalidade no Brasil e no mundo • Efeitos colaterais indesejáveis, intoleráveis e até mesmo contraindicados – Gastrintestinais: náuseas, vômitos, desconforto abdominal – Neurológicas: neuropatias periféricas, tonturas • Persistência no uso – Obesidade, diabetes, dislipidemia (aumento do LDL- colesterol e triglicerídeos), lipodistrofia TRATAMENTO • Podem ser causadas por bactérias, fungos, protozoários ou vírus • Desencadeiam diarreia, má absorção, perda de peso etc. INFECÇÕES OPORTUNISTAS Das necessidades nutricionais Do consumo alimentar Perda de peso/Desnutrição ❖Evitar ou reverter a desnutrição e fornecer aporte adequado de energia, macro e micronutrientes ❖Minimizar os efeitos colaterais da terapia antirretroviral ❖Diminuir os sintomas da má absorção ❖Preservar a massa magra ❖ Promover qualidade de vida OBJETIVOS DA TERAPIA NUTRICIONAL Histórico clínico Estágio da doença, presença de ingestão oral, sintomas gastrintestinais, uso de medicamentos Anamnese nutricional Inquérito nutricional (recordatório alimentar de 24h, questionário de frequência alimentar, registro alimentar de 3 dias) Dados antropométricos (peso pré-gestacional, peso atual, estatura, ganho de peso de acordo com a semana gestacional, cálculo e classificação do IMC) Exame físico Pele, unhas, cabelo, olhos, dentes, língua AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL EXAMES BIOQUÍMICOS ▪Albumina, pré-albumina, proteína ligadora do retinol, transferrina, ferritina ▪Glicemia de jejum, insulina de jejum, teste de tolerância à glicose, triglicerídeos, colesterol total e frações ▪Contagem total de linfócitos T CD4+, carga viral ▪Função hepática e renal SÍNDROME DE CAQUEXIA ASSOCIADA À AIDS DEFINIÇÃO Perda ponderal involuntária de > 10% do peso corporal Diarreia crônica: pelos 2 evacuações semi-sólidas por dia durante ≥ 1 mês Fraqueza crônica e febre durante ≥ 1 mês intermitente ou constante na ausência de qualquer doença associada, além da infecção pelo HIV(tuberculose, criptosporidiose etc.) É INDICATIVO DE ESTÁGIO AVANÇADO DA DOENÇA • Anorexia, vômitos, náusea, diarreia, dispneia, doença neurológica, alterações na boca e esôfago redução da ingestão alimentar • Trato gastrintestinal afetado redução da absorção de nutrientes • Infecção e febre aumento das necessidades nutricionaisCARACTERÍSTICAS QUE COMPROMETEM O ESTADO NUTRICIONAL NECESSIDADE DE ENERGIA E PROTEÍNAS CICLO DA VIDA ENERGIA PROTEÍNAS GESTAÇÃO EER da adolescente ou adulta + acréscimo de energia de acordo com o trimestre gestacional 1,1 g/kg/dia LACTAÇÃO Não há cálculo, não é recomendada a lactação DRIs, 2010 CARBOIDRATOS E LIPÍDIOS • Carboidratos - 45 a 65% do VET • Lipídios – 20 a 35% do VET (Gordura saturada < 10%, Gordura poliinsaturada 10%, restante monoinsaturados, colesterol < 300 mg/ dia) – Diarreia evitar alimentos e preparações com alto teor de gordura, hiperfermentativos e prescrever triglicerídeos de cadeia média (TCM) – Aumento de TG e redução de HDL-c (agravada pela utilização dos inibidores de protease) ácidos graxos ômega 3 NECESSIDADE DE MACRONUTRIENTES FATORES QUE COMPROMETEM A INGESTÃO DE ALIMENTOS E COMO TRATÁ-LOS • NÁUSEAS ➢ Fazer pequenas refeições, várias vezes ao dia ➢ Não ingerir líquidos durante a refeição ➢ Evitar alimentos quentes ➢ Evitar alimentos gordurosos, bebidas gasosas, leite, café e excesso de condimentos ➢ Evitar ingerir alimentos muito doces • VÔMITOS ➢ Ao primeiro sinal de vômito, tomar pequenas quantidades de soro caseiro ou soro de rehidratação oral ou bebidas isotônicas. Utilizar a bebida gelada ➢ Não deitar após a refeição ➢ Estimular a alimentação regular, dando prioridade a alimentos mais cozidos, de sabor mais brando FATORES QUE COMPROMETEM A INGESTÃO DE ALIMENTOS E COMO TRATÁ-LOS • DIARREIA ➢Consumir alimentos cozidos, evitando os alimentos crus e fibras ➢Evitar o consumo de doces e gorduras ➢Realizar pequenas refeições, com aumento gradativo da frequência ➢Consumir alimentos ricos em potássio (banana, batata, carnes brancas) ➢Aumentar a ingestão de líquidos ➢Ingerir soro caseiro, soro de reidratação oral, bebidas isotônicas ou água de coco ➢Evitar leite (coalhadas, iogurtes e queijos podem ser consumidos) ➢Indicar alimentos probióticos (leites fermentados com lactobacilos) FATORES QUE COMPROMETEM A INGESTÃO DE ALIMENTOS E COMO TRATÁ-LOS • Dificuldade de deglutição, inflamação na boca e/ou esôfago por infecções ➢Consumir alimentos da preferência na forma líquida, pastosa ou de consistência macia, evitar os alimentos crus ➢Ingerir os alimentos frios ou a temperatura ambiente ➢Evitar alimentos ácidos, condimentados, picantes, com muito sal e pimenta ➢Evitar gorduras ➢Evitar chocolates, álcool e bebidas com cafeína ➢Realizar pequenas refeições, várias vezes ao dia ➢ Higienização regular da boca e enxague com mais delicadeza ➢ Em caso de xerostomia, consumir alimentos úmidos ou com molhos e caldos e beber muito líquido durante (caso não apresente náuseas) • PALADAR ALTERADO ➢Utilizar produtos mais condimentados com ervas e temperos, sem aumentar a quantidade de sal habitual ➢Em caso de “gosto metálico”, indicar a substituição de carnes vermelhas por aves, peixes ou ovos ➢Muitos alimentos têm sabor mais agradável frios ou a temperatura ambiente FATORES QUE COMPROMETEM A INGESTÃO DE ALIMENTOS E COMO TRATÁ-LOS SILVA, S. M. C. S; MURA, J. D. P. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. São Paulo: Roca, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST/AIDS. Manual clínico de alimentação e nutrição na assistência a adultos infectados pelo HIV / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST/Aids. Brasília : Ministério da Saúde, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional DST e AIDS. Protocolo para a prevenção de transmissão vertical de HIV e sífilis. Manual de Bolso. Brasília, 2007. PATTON, N.I.; GASSULL, M.A.; CABRÉ, E. In: GIBNEY, M.J. et al. Nutrição Clínica, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005, p.295-306. REFERÊNCIAS
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