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Direito civil família aula 3 (UNIÃO ESTÁVEL)

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Aula 3- 20/02/17
UNIÃO ESTÁVEL (artigos 1723 a 1727, CC)
Evolução dos termos união estável e concubinato 
"A união prolongada entre o homem e a mulher, sem casamento, foi chamada, durante longo período histórico, de concubinato. O código civil de 1916 continha alguns dispositivos que faziam restrições a esse modo de convivência, proibindo, por exemplo, doações ou benefícios testamentários do homem casado à concubina, ou a inclusão desta como beneficiária de contrato de seguro de vida." 
"Aos poucos, no entanto, a começar pela legislação previdenciária, alguns direitos da concubina foram sendo reconhecidos, tendo a jurisprudência admitido outros, como o direito à meação dos bens adquiridos pelo esforço comum."
A realidade é que o julgador brasileiro passou a compreender que a ruptura de longo concubinato, de forma unilateral ou por mútuo consentimento, acabava criando uma situação extremamente injusta para um dos concubinos, porque em alguns casos, por exemplo, os bens amealhados com o esforço comum haviam sido adquiridos somente em nome do varão (homem)." 
SÚMULA 380, STF: "Comprovada a existência de sociedade de fato entre concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum." 
"Constatada a contribuição indireta da ex-companheira na constituição do patrimônio amealhado durante o período de convivência 'more uxorio', contribuição consistente na realização das tarefas necessárias ao regular gerenciamento da casa, aí incluída a prestação de serviços domésticos, admissível o reconhecimento da existência de sociedade de fato e consequente direito à partilha proporcional." 
"As restrições existentes no código civil passaram a ser aplicadas somente aos casos de concubinato adulterino, em que o homem vivia com a esposa e, concomitantemente, mantinha concubina. Quando, porém, encontrava-se separado de fato da esposa e estabelecia com a concubina um relacionamento more uxorio, isto é, de marido e mulher, tais restrições deixavam de ser aplicadas, e a mulher passava a ser chamada de companheira."
"O STF entendeu que o cônjuge adúltero pode manter convívio no lar com a esposa e, fora, com outra mulher, como pode também separar-se de fato da esposa, ou desfazer desse modo a sociedade conjugal, para viver more uxorio com a outra. Na primeira hipótese, o que se configura é um concubinato, segundo o seu conceito moderno; mas, na segunda hipótese, o que se concretiza é uma união de fato (assim chamada por lhe faltarem as justas nuptiae) e a mulher é companheira. Assim, no primeiro caso, o homem tem duas mulheres, a legítima e a outra; no segundo, ele convive apenas com a companheira, porque se afastou da mulher legítima, rompeu de fato a vida conjugal." 
"Também começou a ser utilizada a expressão "concubinato impuro", para fazer referência ao adulterino, envolvendo pessoa casada em ligação amorosa com terceiro, ou para apontar os que mantêm mais de uma união de fato. 'Concubinato puro' ou companheirismo seria a convivência duradoura, como marido e mulher, sem impedimentos decorrentes de outra união (caso dos solteiros, viúvos, divorciados ou que tiveram o casamento anulado." 
A partir do artigo 226, 3º da CF a relação familiar nascida fora do casamento passou a denominar-se união estável, ganhando novo status dentro do nosso ordenamento.
Artigo 226, §3º, CF. Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
É o Estado que reconhece a união estável como entidade familiar. Há interesse público e os interesses de união estável perpassam o direito civil. 
União estável pode ser convertida em casamento. 
UNIÃO ESTÁVEL. CONCEITO: 
SOCIEDADE DE FATO X FAMÍLIA 
Sociedade de fato: remonta-se a um cenário da família oriunda do período romano, com o marco histórico do Código de Napoleão, que se pautava no individualismo e no patrimonialismo. Assim, quando falamos em sociedade de fato, atrelamos a noção de direito de família anterior. Competência da vara cível, sobre critérios contratuais, societários, obrigacionais. Patrimônio: avalia o quanto cada pessoa contribuiu. 
	Sociedade de fato, hoje, não comporta mais o cenário do direito de família. 
Família: o eixo norteador é o princípio da dignidade da pessoa humana. Não se fala em patrimônio, direito obrigacional, contrato. Além desse princípio, há o princípio da socioafetividade. Competência da vara de família. Patrimônio: avalia o que foi constituído na constância da união. 
 
Artigo 1723, CC. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
obs.: não há hierarquia entre casamento e união estável. 
obs.: não há exigência de prole comum para caracterização da união estável 
REQUISITOS PARA A CONFIGURAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL: 
"Uma das características da união estável é a ausência de formalismo para a sua constituição. Enquanto o casamento é precedido de um processo de habilitação, a união estável, ao contrário, independe de qualquer solenidade, bastando o fato da vida em comum." (dificuldade de prova) 
Assim, embora não seja exigível instrumentação escrita, seria bom formalizar a constituição da união estável 'por meio de um contrato de convivência entre as partes', o que serviria como um marco de sua existência, além de propiciar a regulamentação do regime de bens que venham a ser adquiridos no seu curso. 
Há diversos requisitos para a configuração da união estável, desdobrando-se em subjetivos e objetivos. Subjetivos: convivência more uxorio; affectio maritalis: ânimo ou objetivo de constituir família. Objetivos: diversidade de sexos; notoriedade; estabilidade ou duração prolongada; continuidade; inexistência de impedimentos matrimoniais; relação monogâmica. 
CONVIVÊNCIA MORE UXORIO: comunhão de vidas, no sentido material e imaterial, em situação similar à de pessoas casadas. Envolve a mútua assistência material, moral e espiritual, a troca e soma de interesses da vida em conjunto, atenção e gestos de carinho, o que alicerça as relações afetivas inerentes à entidade familiar. Embora o artigo 1723 do CC não se refira expressamente à coabitação ou vida em comum sob o mesmo teto, tal elemento constitui uma das mais marcantes características da união estável. 
Pode acontecer, todavia, que os companheiros, excepcionalmente não convivam sob o mesmo teto por motivo justificável, ou seja, por necessidade profissional ou contingência pessoal ou familiar. Nesse caso, desde que, apesar do distanciamento físico, haja entre eles a affectio societatis, a efetiva convivência, representada por encontros frequentes, mútua assistência e vida social comum, não há como se negar a existência da entidade familiar. 
ENTENDIMENTO DO STJ: "Não exige a lei específica (lei 9278/96) a coabitação como requisito essencial para caracterizar a união estável. Na realidade, a convivência sob o mesmo teto pode ser um dos fundamentos a demonstrar a relação comum, mas a sua ausência não afasta, de imediato, a união estável. Diante da alteração dos costumes, além das profundas mudanças pelas quais tem passado a sociedade, não é raro encontrar cônjuges ou companheiros residindo em locais diferentes. O que se mostra indispensável é que a união se revista de estabilidade, ou seja, que haja aparência de casamento." 
Assim, não se exige que os companheiros ou conviventes vivam sob o mesmo teto, o que consta da remota súmula 382 do STF, que trata do concubinato e que era aplicada à união estável. A jurisprudência atual continua aplicando essa súmula. 
AFFECTIO MARITALIS: "ânimo ou objetivo de constituir família." Muitas vezes é difícil provar esse ânimo, mas como indícios temos: lar comum, frequência conjunta a eventos familiares e sociais, eventual casamento religioso, existência de filhos havidos dessa união, mútua dependênciaeconômica, empreendimentos em parceria, conta conjunta etc. 
DIVERSIDADE DE SEXOS: entendia-se, até recentemente, que a união estável só poderia decorrer de relacionamento entre pessoas de sexo diferente. 
A CF no §3º do artigo 126 deixa bem claro o posicionamento de que a união estável seria a união entre o homem e a mulher. Desse modo, a união entre duas pessoas do mesmo sexo (união homoafetiva), por si só, não gerava direito algum para qualquer delas. Haveria, assim, apenas uma sociedade de fato entre eles, tendo apenas efeitos de caráter obrigacional. 
Aos poucos, no entanto, eminentes doutrinadores começaram a colocar em evidência a necessidade de atribuir a existência de uniões estáveis homoafetivas. À falta de legislação específica, os casais que viviam em união homoafetiva buscavam seus direitos junto ao judiciário e os tribunais reconheciam: o direito de inclusão do companheiro como dependente no plano de saúde; de recebimento de pensão pelo INSS ou em plano de previdência privada em caso de morte; de guarda de filho, em caso de um dos parceiros ser pai ou mãe biológico da criança; de adoção por casal formado por duas pessoas do mesmo sexo; de participação no patrimônio formado pelo esforço comum de ambos. 
A partir da ADIn 4.277 e da ADPF 132, o STF reconheceu a união homoafetiva como entidade familiar, regida pelas mesmas regras que se aplicam à união estável dos casais heterossexuais. O não reconhecimento da união homoafetiva contrariaria preceitos fundamentais como igualdade, liberdade e o princípio da dignidade da pessoa humana. 
Observação: A partir da Resolução 175 de 2013 não é mais possível restringir o casamento civil. Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo.
PARECER PGFN/CAT/Nº 1503/2010: Requerimento administrativo de servidora federal para inclusão de dependente homoafetiva para efeitos fiscais. Pautou-se nos princípios da não discriminação e dignidade da pessoa humana. 
Há muito a família do século XVIII deixou de ser o único núcleo econômico e de reprodução. Atualmente sujeitam-se à proteção do Estado outras formas de família, significando, teoricamente, o rompimento com uma moral sexual que não tem mais espaço com o declínio do patriarcalismo.
Uniões menos legítimas entre pessoas do mesmo sexo passaram a receber as influências do interdito à discriminação sexual (art. 3, IV, CF), aliado ao princípio da liberdade, do pluralismo e do reconhecimento da dignidade humana como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil.
NOTORIEDADE: a união deve ser pública, não podendo permanecer em segredo, desconhecida no meio social. Assim, os companheiros devem apresentar-se à coletividade como se fossem marido e mulher (more uxorio). 
	
ESTABILIDADE OU DURAÇÃO PROLONGADA: o relacionamento dos companheiros deve ser duradouro, estendendo-se no tempo e estável. 
"Não há prazo determinado, ou seja, não há lapso temporal específico para a determinação de uma união estável. No entanto, há um prazo implícito, sem dúvida, a ser verificado diante de cada situação concreta. Assim, o juiz deve verificar, em cada caso concreto, se a união perdura por tempo suficiente para o reconhecimento da estabilidade familiar." 
CONTINUIDADE: a solidez da união estável é atestada pelo caráter contínuo do relacionamento. A instabilidade causada por constantes rupturas desse relacionamento poderá provocar insegurança a terceiros, nas suas relações jurídicas com os companheiros. 
Observação: se os companheiros, depois de estabelecida a união estável, se casam ou a convertem em casamento, o tempo anterior de convivência permanecerá valendo como união estável, com natural sujeição às normas da legislação correspondente, em especial quanto à divisão dos bens havidos em comum durante esse período. 
INEXISTÊNCIA DE IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS: 
§1º. A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
Os impedimentos do casamento se aplicam a união estável, mas não são impedidos de constituírem união estável as pessoas que mantiveram seu estado civil de casadas, mas que estão separadas de fato ou judicialmente.
Assim, não podem constituir união estável: I- os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
RELAÇÃO MONOGÂMICA: o vínculo entre os companheiros deve ser único, em face do caráter monogâmico da relação. Não se admite que pessoa casada, não separada de fato, venha a constituir união estável, nem que aquela que convive com um companheiro venha a constituir outra união estável. 
Assim, o vínculo entre os companheiros deve ser único (exclusividade de vínculo). Pode acontecer, todavia, que um dos conviventes esteja de boa-fé, na ignorância de que o outro é casado e vive concomitantemente com seu cônjuge, ou mantém outra união estável. Tem-se, nesse caso, uma união estável putativa, com os respectivos efeitos para este parceiro inocente. 
Quais são as pessoas, tecnicamente, DESIMPEDIDAS para um casamento? Solteiros, viúvos, divorciados. 
OBSERVAÇÃO: No casamento é regra a exclusividade de vínculo? Sim, artigo 1521, CC. Os impedimentos para o casamento são normas públicas. Dentre esses impedimentos não podem casar as pessoas casadas. 
Obs.: não podem: questão de interesse público; não devem: questão de interesse privado. 
Art. 1.724, CC. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.
obs.: em face da equiparação do referido instituto ao casamento, aplicam-se-lhe os mesmos princípios e normas atinentes a alimentos entre cônjuges.
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.
Art. 1.726, CC. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.
OBSERVAÇÃO. CONTRATO DE NAMORO 
Trata-se de um negócio celebrado por duas pessoas que mantém relacionamento amoroso – namoro, em linguagem comum – e que pretendem, por meio da assinatura de um documento, a ser arquivado em cartório, afastar os efeitos da união estável.
Quando a Lei n. 8971 de 1994 regulamentou a união estável no Brasil, exigiu, para a sua configuração, uma convivência superior a cinco anos ou a existência de prole comum. Em outras palavras, utilizou referenciais objetivos para o reconhecimento da união concubinária e os seus efeitos. Acontece que a Lei n. 9278 de 1996 operou a revogação parcial da lei anterior, colocando por terra os critérios objetivos supra mencionados, passando a admitir a existência da união estável pelo simples fato de um homem e uma mulher conviverem de forma pública e duradoura, com o objetivo de constituir família. Com isso, a diferença do simples namoro para a união estável tornou-se tênue, passando a depender sobremaneira do juízo de convencimento do magistrado. Diante disso, o reconhecimento de que a relação converteu-se em companheirismo geraria efeitos jurídicos de alta significação: direito aos alimentos, direito à herança, partilha de bens, deveres recíprocos de convivência.
Nesse contexto, o denominado "contrato de namoro" poderia ser considerado como uma alternativa para aqueles casais que pretendessem manter a sua relação fora do âmbito de incidência das regras da união estável?Não, pois esse contrato é completamente desprovido de validade jurídica.
Esse contrato vem, portanto, apenas como uma tentativa de evitar o "inevitável". 
ATENÇÃO (PESSOA CASADA PODE MANTER UNIÃO ESTÁVEL?) 
Se houver uma união de casamento entre A e B e uma união paralela entre B e C. B e C podem manter uma união estável? Ou seja, uma pessoa casada pode manter uma união estável com outra? Sim. Mas o requisito da exclusividade de vínculo é um requisito da união estável? Sim. 
Diante disso, pode-se achar que há uma contradição: como que uma pessoa casada pode manter união estável com outra, se um dos requisitos da união estável é a exclusividade de vínculo? Não seria caso de concubinato? 
Existindo uma separação de fato ou judicial entre pessoas casadas (A e B), haveria o requisito da exclusividade de vínculo entre B e C e, portanto, seria união estável (concubinato puro). 
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato.
A união estável é uma relação não eventual? Sim, ela é continua, duradoura. 
Diante disso, há uma discussão acerca dos artigos 1723, 1º, CC (união estável) X 1727, CC (concubinato): 
	
UNIÃO ESTÁVEL: forma família. 
CONCUBINATO: forma sociedade de fato. 
Além disso, para evitar conflitos que eram constantes, a doutrina subdividiu o concubinato em puro e impuro. Puro: há preservação da exclusividade de vínculo. Equipara-se à união estável. Impuro: não há preservação da exclusividade de vínculo; há relações concomitantes. 
PROVA: A e B são casados. B mora em BsB, é advogado e acompanha processos no interior de GO. De início B passa 1 semana acompanhando os processos em GO e 3 em BsB. Com o tempo, aumenta o número de processos e ele passa a ficar 2 semanas em cada lugar. Em GO, ele se apresenta como uma pessoa solteira. Ele passa a ter uma união com C (terceiro de boa fé) em GO (união esta que é pública, duradoura). O pai de C busca saber as intenções de B com sua filha e é realizada uma promessa de casamento; faz-se um enxoval de casamento, uma festa de noivado. Na união entre B e C há união estável? NÃO, é concubinato, pois B era impedido de casar. Cabe a C o ressarcimento por danos materiais e danos morais; não há requisito de boa fé na união estável. 
Caso B e C tenha tido filhos: Art.227, CF. § 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. 
Se B casar-se com um terceiro que não é de boa fé: pode haver repercussão na esfera patrimonial para evitar enriquecimento ilícito. 
Observação geral: O casamento nominado casamento putativo tem efeitos até o dia da sentença anulatória; ele é considerado inválido. Resguarda os direitos do terceiro de boa fé e dos filhos. PERGUNTA: Dois irmãos podem contrair casamento putativo. Verdadeiro. 
STF: RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
883168: Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos artigos 201, V, e 226, § 3º, da Constituição Federal, a possibilidade, ou não, de reconhecimento de direitos previdenciários (pensão por morte) à pessoa que manteve, durante longo período e com aparência familiar, união com outra casada
669465: COMPANHEIRA E CONCUBINA - DISTINÇÃO. Sendo o Direito uma verdadeira ciência, impossível é confundir institutos, expressões e vocábulos, sob pena de prevalecer a babel. UNIÃO ESTÁVEL - PROTEÇÃO DO ESTADO. A proteção do Estado à união estável alcança apenas as situações legítimas e nestas não está incluído o concubinato. PENSÃO - SERVIDOR PÚBLICO - MULHER - CONCUBINA - DIREITO. A titularidade da pensão decorrente do falecimento de servidor público pressupõe vínculo agasalhado pelo ordenamento jurídico, mostrando-se impróprio o implemento de divisão a beneficiar, em detrimento da família, a concubina.
QUESTÃO PATRIMONIAL NA UNIÃO ESTÁVEL: 
Lei 8971/94 (artigo 3º): Art. 3º Quando os bens deixados pelo(a) autor(a) da herança resultarem de atividade em que haja colaboração do(a) companheiro, terá o sobrevivente direito à metade dos bens.
Lei 9278/96 (artigo 5º, caput e 1º): Art. 5° Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na constância da união estável e a título oneroso, são considerados fruto do trabalho e da colaboração comum, passando a pertencer a ambos, em condomínio e em partes iguais, salvo estipulação contrária em contrato escrito. § 1° Cessa a presunção do caput deste artigo se a aquisição patrimonial ocorrer com o produto de bens adquiridos anteriormente ao início da união.
Art. 1.725, CC. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. 
PERGUNTA: Eu posso fazer um contrato estabelecendo regras para uma união estável, pactuando regras patrimoniais? No casamento temos o pacto pré-nupcial. Na união estável, há uma possibilidade de se fazer o mesmo, um contrato pré união estável. Não se faz pelo plano cultural, mas juridicamente é uma possibilidade. 
O regime de comunhão parcial de bens é idêntico ao do casamento. 
Seguro de vida: posso colocar como beneficiária minha esposa, minha companheira? Sim. E a concubina? 
ASPECTOS DA LEI 9.278/96- ART.2º QUE REGULAMENTA O § 3º DO ARTIGO 226 DA CF/88:
Regulamentação da união estável antes do CC/2002
"A primeira regulamentação foi com a Lei 8.971/94 que definiu como "companheiros" o homem e a mulher que mantenham união comprovada, na qualidade de solteiros, separados judicialmente, divorciados ou viúvos, por mais de 5 anos, ou com prole (concubinato puro)." 
"A Lei 9.278/96 alterou esse conceito, omitindo os requisitos de natureza pessoal, tempo mínimo de convivência e existência de prole. Usou-se a expressão "conviventes" em substituição a "companheiros"." 
Art. 1º, Lei 9.278/96 . É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família.
"Embora esse artigo não aludisse expressamente à união estável pura, ou seja, não incestuosa e não adulterina, inegavelmente se aplicava a ela. "É certo que o §3º do artigo 226 da CF também não especifica nesse sentido; contudo, ambos os dispositivos legais apontam o objetivo de constituição familiar, o que impede que exista concubinato impuro (contra o casamento pré-existente de um dos concubinos ou em situação incestuosa) ou concubinato desleal (em concorrência com outro concubinato puro)."
Conclui-se, assim, que não era possível, no sistema da lei 9.278/96, a simultaneidade de casamento e união estável, ou de mais de uma união estável. 
Essa lei foi revogada em face da inclusão da matéria no âmbito do código civil. 
CONCUBINATO
Houve uma dificuldade do legislador na feitura do dispositivo. Hoje, não é interessante usar o termo concubinato na seara de família, é um termo que nasce com carga discriminatória. 
A doutrina subdividiu o concubinato em puro e impuro. 
Puro: há preservação da exclusividade de vínculo. Equipara-se à união estável. 
Impuro: não há preservação da exclusividade de vínculo; há relações concomitantes. 
Como está essa realidade hoje? Não se usa mais essa classificação. Ou falo união estável, ou concubinato. Quando referir-me ao concubinato, estou falando do impuro. O concubinato ocorre quando um dos conviventes possui um impedimento a contrair casamento. 
Concubinato: "A união prolongada entre o homem e a mulher, sem casamento, foi chamada, durante longo período histórico de concubinato." 
Termos concubinos X companheiros: 
Concubinos: partes no concubinato. Formam uma sociedade de fato.
Companheiros: partes na união estável. Formam uma família. 
Concubinato e convivência sob o mesmo teto– súmula 382 STF: A vida em comum sob o mesmo teto, more uxorio, não é indispensável à caracterização do concubinato.
Não é indispensável morar sobre o mesmo teto.
 c) Alguns aspectospertinentes ao concubinato (períodos anteriores e posteriores à CF/88)
Cotas desiguais
Pagamentos por serviços domésticos 
Acórdãos no sentido do espólio do concubino, pagar somente o valor relativo a serviços domésticos.
Seguro de vida– decisões dos tribunais– artigo 793 do NCCB e 1474 do CC/16
Art. 793. É válida a instituição do companheiro como beneficiário, se ao tempo do contrato o segurado era separado judicialmente, ou já se encontrava separado de fato.(código civil de 2002)
Art. 1.474.Não se pode instituir beneficiário pessoa que for legalmente inibida de receber a doação do segurado.(código civil de 16)
Doação
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.
Herança testamentária
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários:
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos;
II - as testemunhas do testamento;
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos;
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento.
Concubinato e investigação de paternidade: filhos não podem ser diferenciados; não há restrição. 
Art.227, CF. § 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
Direito ao patronímico	
Assim, havendo doação, seguro de vida e testamento em favor do concubinato, pela margem legal, não há permissão para a validade desses atos.

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